Translate

sexta-feira, 20 de junho de 2014

CRISTO O LEGISLADOR



CRISTO O LEGISLADOR






 

 

     “Porque o Senhor é o nosso Juíz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei; Ele nos Salvará.” (Is. 33:22).

Agora temos que considerar Cristo num outro aspecto, se bem que não seja mais um.

É o que resulta naturalmente da Sua posição como Criador, porque Aquele que criou deve certamente ter autoridade para guiar e controlar. Lemos em João as palavras de Cristo, que:

“O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; para que todos honrem o Filho, como honram o Pai.” (João 5:22-23) Tal como Cristo é a manifestação do pai na Criação, assim é Ele a manifestação do Pai em dar e executar a lei. Alguns textos da Escritura serão suficientes para provar isto.

    Em Números temos um relato parcial de um incidente que teve lugar enquanto os filhos de Israel estavam no deserto. Leiamo-lo:

“Então partiram do monte de Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se muito por causa do caminho. E o povo falou contra Deus, e contra Moisés. porque nos fizeste subir da terra do Egipto para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam o povo; e morreu muito povo de Israel.” (Números 21: 4-6) (Trad. K.J.)

O povo falou contra Deus e contra Moisés, dizendo; porque nos fizeste subir a este deserto? Eles não confiaram no seu Guia. Por causa disto é que eles foram destruídos pelas serpentes. Seguidamente lemos as palavras do apóstolo Paulo acerca do mesmo acontecimento:

E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes.” (1Cor.10:9).

O que é que isto prova? Que o Guia contra quem eles murmuraram era Cristo. Isto é a seguir demonstrado pelo facto que quando Moisés lançou o seu destino com Israel, recusando ser chamado filho da filha do Faraó, considerou a vergonha de Cristo mais preciosa do que os tesouros do Egipto.  

“Tendo por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egipto; porque tinha em vista a recompensa.” (Heb. 11:26).

 Lede também Coríntios onde Paulo diz que os pais “beberam todos duma mesma bebida espiritual; porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo”. (1Cor.10:4).  

Portanto, nesse tempo, Cristo era o Guia de Israel desde o Egipto.

O terceiro capítulo de Hebreus explica este mesmo facto. Aqui está escrito para considerar o Apóstolo e Sumo-sacerdote da nossa profissão, Cristo Jesus, que foi fiel em toda a Sua casa, não como um servo, mas como um Filho sobre a Sua própria casa.

3:1  Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,

  3:2  como ele foi fiel ao que o constituiu, assim como também o foi Moisés em toda a casa de Deus.

  3:3  Pois ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.

  3:4  Porque toda casa é edificada por alguém, mas quem edificou todas as coisas é Deus.

  3:5  Moisés, na verdade, foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar;

 3:6  mas Cristo o é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da esperança. “ (Hebreus 3: 1-6).

 Em seguida diz-nos que somos a Sua casa se tão somente conservamos firme a confiança até ao fim. Portanto, somos exortados pelo Espírito Santo a ouvir a Sua voz e a não endurecer os corações, como fizeram os pais no deserto.

Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a Sua (de Cristo) voz, não endureçais os vossos corações, como na provação. Porque, havendo a alguns ouvido, O provocaram; mas não todos os que saíram do Egipto por meio de Moisés. Mas com quem se indignou Ele (Cristo) durante 40 anos? Não por ventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?” (Hebreus 3:14-17).

Outra vez é Cristo colocado aqui como Guia e Comandante de Israel durante os 40 anos de jornada no deserto.

A mesma coisa é mostrada em Josué, onde está escrito que o homem que Josué viu perto de Jericó, tendo uma espada nas suas mãos, em resposta à pergunta de Josué,

 “És tu dos nossos ou dos nossos inimigos?” Disse “Não; mas venho agora como Capitão do exército do Senhor.” Na verdade, ninguém se encontrará que ponha em dúvida que Cristo era o Guia de Israel, ainda que invisível. Moisés o guia visível de Israel “ficou firme como vendo o invisível.” (Josué 5:13-15)

Foi Cristo que comissionou Moisés para ir e libertar o Seu povo.

Seguidamente lemos:  “Então falou Deus todas estas coisas, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei na terra do Egipto, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim.” (Ex. 20: 1-3)

Quem disse estas palavras? Aquele que os trouxe do Egipto. E quem foi o Guia de Israel desde o Egipto? Foi Cristo. Então quem proclamou a lei no monte Sinai? Foi Cristo, o brilho da glória do Pai, e a expressa imagem da Sua pessoa. O qual é a manifestação de Deus para o homem. Foi o Criador de todas as coisas, e Aquele a quem foi dado todo o julgamento.

Este assunto pode ser provado de outra maneira.

Quando o Senhor vier será com alarido:

(Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.) (1Tess. 4:16)

Que penetra as sepulturas e ressuscita os mortos lemos em Jeremias:

 (5:28  Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: 

5:29  os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.)  (João 5:28,29).

 “O Senhor desde o alto bramirá, e fará ouvir a Sua voz desde a morada da Sua santidade; terrivelmente bramirá contra a Sua habitação; com um grito de alegria, como aqueles que pisam as uvas, contra todos os habitantes da terra. Chegará o estrondo até à extremidade da terra; porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo com toda a carne; os ímpios entregará a espada, diz o Senhor.” (Jer. 25:30,31).

 Comparando isto em Apocalipse:

(19:11  E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga a peleja com justiça.

   19:12  Os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. 

19:13  Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus. 

19:14  Seguiam-no os exércitos que estão no céu, em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. 

19:15  Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. 

19:16  No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores. 

19:17  E vi um anjo em pé no sol; e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, ajuntai-vos para a grande ceia de Deus, 

19:18  para comerdes carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e dos que neles montavam, sim, carnes de todos os homens, livres e escravos, pequenos e grandes. 

19:19  E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos para fazerem guerra àquele que estava montado no cavalo, e ao seu exército. 

19:20  E a besta foi presa, e com ela o falso profeta que fizera diante dela os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e os que adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. 

19:21  E os demais foram mortos pela espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo; e todas as aves se fartaram das carnes deles.) (Apoc. 19:11-21).

Onde Cristo é o Comandante dos exércitos dos Céus, a Palavra de Deus, Rei dos reis, e o Senhor dos senhores, o que pisará o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso, destruindo todos os ímpios, verificamos que é Cristo que brama da Sua habitação contra os habitantes da terra, quando tem a Sua contenda com as nações. Joel junta outro ponto, em que ele diz:

O Senhor bramará de Sião, e dará a Sua voz de Jerusalém, e os Céus e a terra tremerão”, (Joel 3:16).

Deste texto, aos quais outros se podiam juntar, aprendemos que em ligação com a vinda do Senhor para libertar o Seu povo, Ele fala com uma voz que sacudirá a terra e os céus:

“De todo vacilará a terra como o ébrio, e será movida e removida como a choça de noite” (Is. 24:20).

“No qual os céus passarão com grande estrondo” (Pe.11 3:10).

Em seguida vamos ler em Hebreus 12:

“ Vede que não rejeiteis ao que fala; se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que falou dos céus; a voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra, senão também o céu”. (Heb. 12:25, 26) Versão K.J.

A altura em que a voz falando na terra a fez tremer, foi quando a lei era proferida no Sinai:

 “19:18  Nisso todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia fortemente. 

19:19  E, crescendo o sonido da buzina cada vez mais, Moisés falava, e Deus lhe respondia por uma voz. 

19:20  E, tendo o Senhor descido sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu.” Ex. 19:18-20;

“12:18  Pois não tendes chegado ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, 

12:19  e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram rogaram que não se lhes falasse mais; 

12:20  porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado.”Heb. 12:18-20)

 Um acontecimento que de assombroso nunca tinha tido paralelo, e nunca terá até que o Senhor venha com todos os anjos do Céu, para salvar o Seu povo. Porém notai: A mesma voz que nessa altura estremeceu a terra, no tempo vindouro, estremecerá não só a terra, como também o céu; e vimos que é a voz de Cristo que soará com tal intensidade que os céus e a terra tremerão quando Ele tiver a Sua contenda com as nações. Portanto está demonstrado que foi a voz de Cristo que se ouviu no Sinai, proclamando os dez mandamentos. Isto não é mais do que naturalmente teríamos concluído daquilo que aprendemos acerca de Cristo como Criador, e Autor do Sábado.

Na realidade, o facto que Cristo é uma parte da Divindade, possuindo todos os atributos da Divindade em todos os aspectos, como Criador e Legislador, é a única força que há na expiação. É somente isto que torna possível a Redenção.

 Cristo morreu: para que pudesse levar-nos a Deus”. (1Pe. 3:18);

Mas se lhe faltasse um jota para ser igual a Deus, não podia levar-nos a Ele? Divindade significa ter os atributos Divinos. Se Cristo não fosse Divino, então teríamos apenas um sacrifício humano. Não importa, ainda que se admitisse que Cristo era a mais elevada inteligência criada no Universo; nesse caso Ele seria um súbdito, devendo obediência à lei, sem capacidades para fazer mais do que o Seu próprio dever. Ele podia não ter justiça para conceder aos outros. Há uma distância infinita entre o mais elevado anjo jamais criado por Deus, e Deus; portanto o mais elevado anjo não podia levantar o homem perdido, e fazê-lo participante da natureza Divina.

Os anjos podem ministrar; só Deus pode redimir. Agradeçamos a Deus porque somos salvos “pela redenção que está em Cristo Jesus,” em quem mora corporalmente toda a plenitude da Divindade, e que por esse motivo, é capaz de salvar todos aqueles que vão a Deus através d’Ele.

Esta verdade ajuda para uma mais perfeita compreensão da razão por que Cristo é chamado a Palavra de Deus. Ele é Aquele por quem a vontade Divina e o poder Divino se torna conhecido dos homens. Ele é, por assim dizer, o porta-voz da Divindade, a manifestação do Divino. Ele declara ou faz conhecer Deus ao homem. É do agrado do Pai que n’Ele habite toda a plenitude; e por isso o Pai não O colocou numa posição secundária, como alguns pensam, quando Cristo é exaltado como Criador e Legislador; porque a glória do Pai brilha através do Filho. Visto que Deus é conhecido apenas através de Cristo, é evidente que o Pai não pode ser honrado como deve ser, por aqueles que não exaltam Cristo.

Tal como o próprio Cristo disse: “quem não honra o Filho, não honra o Pai que O enviou.” (João 5:23).

Pergunta-se como podia Cristo ser Mediador entre Deus e o homem e também o Legislador? Não temos que explicar como podia isso ser mas simplesmente aceitar o relato da Escritura que diz ser assim. E o facto de que é assim é aquele que dá força à doutrina da expiação. a certeza para o pecador do total e livre perdão assenta no facto de que o próprio Legislador, Aquele contra quem ele se revelou e a quem tem desafiado, é o que se deu a Si mesmo por nós. Como é possível para qualquer um duvidar do honesto propósito de Deus, ou da Sua perfeita boa-vontade para com a humanidade, quando se deu a Si mesmo para sua redenção? Não imagineis que o Pai e o Filho estavam separados nesta realização. Eles eram um nisto como em tudo o mais.

 

 Conselho de paz haverá entre Eles ambos:

 “6:12  e fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor. 

“6:13  Ele mesmo edificará o templo do Senhor; receberá a honra real, assentar-se-á no seu trono, e dominará. E Josué, o sacerdote, ficará à sua direita; e haverá entre os dois o conselho de paz.” (Zac. 6:12,13),

e mesmo aqui na terra o Unigénito-Filho estava no seio do Pai.

Que maravilhosa manifestação de amor! O Inocente sofreu pelo culpado; o Justo, pelo injusto; o Criador, pela Criatura; o Autor da lei pelo transgressor; o Rei pelos súbditos rebeldes. Visto que Deus não poupou o Seu próprio Filho, antes livremente O entregou por todos nós; Desde então Cristo voluntariamente se deu a Si mesmo por todos nós.

Quando mais não nos dará Ele todas as coisas? O Infinito amor não podia dar uma maior manifestação de si mesmo.

Bem pode o Senhor dizer, “O que mais se podia fazer à minha vinha que Eu não lhe tivesse feito.”