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domingo, 30 de novembro de 2014

ACEITAR CRISTO CRUCIFICADO


 



 

ACEITAR CRISTO CRUCIFICADO

 

Como podemos fazer isto?

Devemos seguir o Salvador até a cruz. Subir o monte do calvário. Sentir a terra tremer sob os pés. Ver o Sol escurecer. Ouvir o brado: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mat. 27:46. Ao acompanharmos os passos de Jesus de Nazaré desde a Galileia até Jerusalém, eles nos conduzem inevitavelmente ao Calvário, lugar de rejeição, vergonha, sofrimento e morte, mas lugar de nossa vitória, esperança e vida eterna. O comprimento, a largura, a altura e a profundidade de tão assombroso amor, não podemos sondar. A contemplação das incomparáveis profundidades do amor do Salvador, deve encher a mente, tocar e enternecer a alma, refinar e enobrecer as afeições, transformando inteiramente todo o caráter.

Cristo não cedeu no mínimo ao torturante inimigo, nem mesmo em Sua mais cruel agonia. Legiões de anjos maus estavam ao redor do Filho de Deus, todavia não foi ordenado aos santos anjos que rompessem as fileiras e se empenhassem em conflito com o insultante, injurioso inimigo. Os anjos celestes não tiveram permissão de ministrar ao angustiado espírito do Filho de Deus. Foi nessa terrível hora de treva, oculta a face de Seu Pai, legiões de anjos maus a circundá-Lo, pesando sobre Ele os pecados do mundo, que Lhe foram arrancadas dos lábios as palavras: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Mat. 27:46.

Devemos ouvir a exclamação de triunfo: “Está consumado!” Seu braço trouxe salvação. Foi pago o preço para comprar a redenção do homem, quando, no derradeiro conflito de alma, foram proferidas as benditas palavras que pareceram ressoar através da criação: “Está consumado

Devemos ter visões mais amplas e profundas da vida, sofrimentos e morte do querido Filho de Deus. Ao ser a expiação devidamente considerada, a salvação de almas será reconhecida de infinito valor. Em comparação com os empreendimentos da vida eterna, todos os outros imergem na insignificância. Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 230-234.

  Devemos ser pessoas que vêem o Senhor sair do sepulcro, na manhã da ressurreição e crer que Ele é a ressurreição e a vida (João 11:25).

 Lentamente passara a noite do primeiro dia da semana. Havia soado a hora mais escura, exatamente antes do raiar da aurora. Cristo continuava prisioneiro em Seu estreito sepulcro. A grande pedra estava em seu lugar; intato, o selo romano; a guarda, de sentinela. Vigias invisíveis ali estavam também. Hostes de anjos maus se achavam reunidas em torno daquele lugar. Houvesse sido possível, e o príncipe das trevas, com seu exército de apóstatas, teria mantido para sempre fechado o túmulo que guardava o Filho de Deus. Uma hoste celeste, porém, circundava o sepulcro. Anjos magníficos em poder o guardavam, esperando o momento de saudar o Príncipe da Vida.

 “E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do Céu, chegou”. Mateus 28:2. Vestido com a armadura de Deus, deixou este anjo as cortes celestiais. Os brilhantes raios da glória divina o precediam, iluminando-lhe o caminho. “E o seu aspecto era como um relâmpago, e o seu vestido branco como a neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como mortos”. Mateus 28:3, 4.

  Onde está, sacerdotes e príncipes, o poder de vossa guarda? — Bravos soldados que nunca se atemorizaram diante do poder humano, são agora como cativos aprisionados sem espada nem lança. O rosto que contemplam não é o de um guerreiro mortal; é a face do mais poderoso das hostes do Senhor. Este mensageiro é o que ocupa a posição da qual caiu Satanás. Fora aquele que nas colinas de Belém proclamara o nascimento de Cristo. A terra treme à sua aproximação, fogem as hostes das trevas, e enquanto ele rola a pedra, dir-se-ia que o Céu baixara à Terra. Os soldados o vêem removendo a pedra como se fora um seixo, e ouvem-no exclamar: Filho de Deus, ressurge! Teu Pai Te chama. Vêem Jesus sair do sepulcro, e ouvem-nO proclamar sobre o túmulo aberto: “Eu sou a ressurreição e a vida.” Ao ressurgir Ele em majestade e glória, a hoste angélica se prostra perante o Redentor, em adoração, saudando-O com hinos de louvor.

 Um terremoto assinalara a hora em que Jesus depusera a vida; outro terremoto indicou o momento em que a retomou em triunfo. Aquele que vencera a morte, e a sepultura, saiu do túmulo com o passo do vencedor, por entre o cambalear da terra, o fuzilar dos relâmpagos e o ribombar dos trovões. Quando vier novamente à Terra, comoverá “não só a Terra, senão também o céu”. Hebreus 12:26. “De todo vacilará a Terra como o bêbado, e será movida e removida como a choça”. Isaías 24:20. “E os céus se enrolarão como um livro” (Isaías 34:4); “os elementos, ardendo, se desfarão, e a Terra, e as obras que nela há se queimarão”. 2 Pedro 3:10. “Mas o Senhor será o refúgio do Seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel”. Joel 3:16. DTN; 512,513.

A primeira obra de Cristo na Terra, depois de Sua ressurreição, foi convencer os discípulos de Seu inalterável amor e terna solicitude para com eles. Para lhes dar testemunho de que era seu Salvador vivo, de que quebrara as cadeias do túmulo, e não mais podia ser retido pelo inimigo, a morte; para revelar que tinha o mesmo coração de amor de quando andava com eles como seu amado Mestre, apareceu-lhes por várias vezes. Queria estreitar ainda mais em torno deles os laços de amor. Ide, dizei a Meus irmãos, disse Ele, que Me encontrem na Galileia.

Ao ouvirem essa combinação, feita de maneira tão positiva, os discípulos começaram a pensar nas palavras de Cristo, predizendo-lhes Sua ressurreição. Mesmo então, no entanto, não se regozijaram. Não podiam expulsar de si as dúvidas e perplexidades. Mesmo quando as mulheres declararam haver visto o Senhor, os discípulos não queriam crer. Julgavam-nas sob a influência de uma ilusão.

Parecia que se acumulava aflição sobre aflição. No sexto dia da semana tinham presenciado a morte do Mestre; no primeiro dia da semana seguinte, viram-se privados de Seu corpo, e eram acusados de O haver roubado para enganar o povo. Desesperavam de poder desfazer as falsas impressões que ganhavam terreno contra eles. Temiam a inimizade dos sacerdotes e a ira do povo. Anelavam a presença de Jesus, que os ajudara em toda perplexidade.

Repetiam muitas vezes as palavras: “E nós esperávamos que fosse Ele o que remisse Israel”. Lucas 24:21. Sentindo-se tão sós e tão repassados de dor, lembraram as Suas palavras: “Se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco?” Lucas 23:31. Reuniram-se no cenáculo e fecharam bem as portas, sabendo que a sorte de seu amado Mestre poderia a qualquer momento ser a deles mesmos.

E todo esse tempo se poderiam estar regozijando no conhecimento de um Salvador ressuscitado! No horto, Maria estivera chorando, quando Jesus Se achava mesmo junto dela. Tão cegados tinha os olhos pelas lágrimas, que O não distinguira. E o coração dos discípulos estava tão cheio de pesar, que não creram na mensagem do anjo, nem nas palavras do próprio Cristo.

Quantos estão a fazer ainda o que fizeram esses discípulos! Quantos se fazem eco do desalentado lamento de Maria: “Levaram o Senhor, [...] e não sabemos onde O puseram!” A quantos se poderiam dirigir as palavras do Senhor: “Por que choras? Quem buscas?” João 20:13, 15. Ele lhes está tão próximo, mas seus olhos cegos pelo pranto O não distinguem. Fala-lhes, mas não compreendem.

Oh! Se a pendida cabeça se erguesse, se os olhos se abrissem para vê-Lo, se os ouvidos Lhe escutassem a voz! “Ide pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou”. Mateus 28:7. Convidai-os a olhar, não ao sepulcro novo de José, fechado com uma grande pedra, e selado com o selo romano. Cristo não está ali. Não olheis ao sepulcro vazio. Não vos lamenteis como os que se acham sem esperança e desamparados. Jesus vive, e porque Ele vive, nós também viveremos. De corações agradecidos, de lábios tocados com o fogo sagrado, ressoe o alegre cântico: Cristo ressurgiu! Ele vive para fazer intercessão por nós. Apegai-vos a essa esperança, e ela vos firmará a alma qual âncora segura e provada. Crede, e vereis a glória de Deus. DTN, 560, 561.

Como podemos ver e sentir tudo isso?  Através do estudo e meditação do evangelho.

Apenas as pessoas que estudam e crêem em Cristo crucificado, em Cristo que morreu pelos pecados do mundo, podem aceitar e compreender esta declaração. O Evangelho de Cristo é um evangelho de carne e sangue. É uma mensagem carregada de paixão e que decreta a morte do pecador. O Evangelho deixa bem claro, que a única sentença para o pecador é a morte de cruz. Todos nós sabemos que o ser humano é pecador. Que o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23). Todos nós temos uma sentença de morte. De si mesmo o homem nada pode fazer para se livrar dela – não pode se lavar dos pecados já cometidos, não pode se tornar santo. Não pode se livrar do pecado e da condenação até que Alguém por ele morra, tomando o seu lugar; até ver, pela fé, o Cristo por ele crucificado. A essência da mensagem do Evangelho de Cristo é: que Cristo morreu pelos nossos pecados. Segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras. 1 Coríntios 15.3-4. O Evangelho também afronta o pecador, pois denuncia a sua transgressão e pronuncia a sua sentença. O Evangelho também é a única mensagem de vida e poder.

Deus não quer que morramos, mas sim que vivamos. Ele não tem “prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho, e viva” (Ezequiel 33:11).

O apóstolo Paulo dizia: “A mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos é o poder de Deus”. 1 Coríntios 1.18. 

A cruz apresenta três grandes verdades do evangelho:

1- Em primeiro lugar, ela nos diz que o pecado é uma realidade – uma realidade espiritual grave. O apóstolo Tiago escreveu que “o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tiago 1:5). A cruz do calvário, onde o Filho de Deus derramou Sua vida na morte, por haver assumido os pecados do mundo, foi a suprema demonstração disto. ( Porque não havia outro solução para este problema.)

2- Em segundo lugar, a cruz proclama que a morte de Cristo providenciou expiação do pecado, plena e definitiva. A nossa dívida foi cancelada. “Nessa vontade”, diz o autor sagrado, “é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados. Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10:10-14).

3- Em terceiro lugar, a cruz revela o amor de Deus pelo pecador. Paulo escreveu que “Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). O amor de Deus, demonstrado na cruz, está acima das dúvidas e sustenta a fé nas horas escuras da vida. Hoje, Jesus está perguntando: Sabes que estás em pecado? Lembra-te que eu morri por ti. Estás oprimido, perseguido e aflito por minha causa e por causa do evangelho? Lembra-te do meu amor ao dar a minha vida por ti. Quando os deveres parecem duros e severos, lembra-te que por amor suportei a cruz, desprezando a vergonha.” Infelizmente este tipo de mensagem tem se tornado rara nos nossos dias. A preferência é pela mensagem que trata das necessidades dos homens e como Deus pode satisfazê-las. Uma mensagem enfocada no homem e não em Deus. Porém, o Evangelho trata da vitória de Deus sobre o pecado e da glória do seu Reino. O Evangelho é a descrição dos fatos realizados por Deus por meio de Cristo, para que fossemos reconciliados com Ele. Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo... ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens. Coríntios 5.18-19. Se os sermões e as mensagens estão vazias dos eventos salvíficos, onde mais os ouvintes poderão depositar a sua fé a não ser em questões referentes aos seus próprios interesses? Por esta razão cabe aos que tem conhecido o Evangelho da graça de Deus, aprofundarem no inesgotável significado da nossa crucificação com Cristo.

A vida é curta e incerta. Devemos crer em Jesus como nosso todo-suficiente Salvador. Não há outro caminho para a verdadeira vida. Não há outro caminho para o céu.

Na época do Império Romano, quando alguém era condenado à crucificação significava que havia perdido o direito de existir. A cruz era um instrumento utilizado pelo Império Romano para expor à humilhação os seus piores inimigos. Era o símbolo máximo da vexação. Era um sinal do que aconteceria aos demais que desafiassem o poder de Roma. Normalmente a pena era imposta aos transgressores mais vis do Estado Romano: criminosos, rebeldes e estrangeiros. Um homem ao colocar a cruz sobre os ombros sabia que era o seu fim. Não haveria mais retorno à vida. Foi esta a forma que Deus encontrou para por fim à vida de Adão. Jesus dizia que se o grão de trigo cair na terra e não morrer, continuará só. Mas se morrer, dará muito fruto. João 12.24. Jesus falava que sem morte do velho homem do pecado não há manifestação do novo homem em Cristo. Assim vemos dois aspectos, o fim e o começo, ou seja o aspecto negativo e o aspecto positivo.  Estar crucificado com Cristo implica em experienciar estes dois lados:

1) Morto para o poder do pecado. Significa que o pecado não tem mais domínio sobre nossa vida. Pois a nossa natureza de pecado foi crucificada e morta com Cristo. Pois, sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse destruído, e não mais sejamos mais escravos do pecado; pois quem morreu, foi justificado do pecado. Romanos 6.6-7. O corpo do pecado foi golpeado na cruz. Por causa dos feitos do corpo do pecado, Jesus sofreu com uma coroa de espinhos, as suas mãos e seu lado esquerdo foram perfurados e os pés pregados na cruz. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele.

2) Morto para a ação da Lei. Somos  aceites por Deus não pelo cumprimento da Lei, mas pela fé no sacrifício de Cristo, que satisfez toda justiça de Deus. “Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a Lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerem a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que venhamos dar fruto para Deus.” Romanos 7.4 A Lei que agia como um intransigente marido sempre insatisfeito, perdeu o seu cônjuge. Ao passar pela cruz, um novo companheiro foi dado ao crente, cujo nome é Jesus. As coisas não são deixadas de lado. Pelo contrário, tudo é feito muito bem, pois a motivação é o amor.

3) Morto para a influência do mundo. Podemos viver na contra mão da história. Não temos necessidade de nos adequarmos aos seus valores, pelo contrário, devemos colocá-los de cabeça para baixo com a pregação do Evangelho. “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.” Gálatas 6.14. Por meio da cruz de Cristo estamos separados do mundo e dos seus valores anti-Deus. Este já não tem mais o poder de nos transformar em apenas um número do seu sistema. Quer seja económico, social ou mediático.

4) Recriados para uma vida nova. Aqui entra o aspecto positivo da cruz. “Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Romanos 6.4. A partir da revelação da nossa morte e ressurreição com Cristo não temos necessidade de ficarmos presos aos fatores que marcaram a nossa vida sem Cristo. O passado e suas influências ficaram para trás. Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” 2 Coríntios 5.17. Fazemos parte de uma nova criação!

5) Recriado para a justiça. “A injustiça é uma das características marcantes de uma natureza não regenerada: Ele mesmo levou em seu corpo, os nossos pecados sobre a cruz, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça.” 1Pedro 2:24. A energia que era usada outrora para a prática do pecado é voltada para a prática da justiça. E libertos do pecado,  fostes feitos escravos da justiça. Romanos 6.18. Agora a justiça pode ser praticada em todas as dimensões da vida humana. Nas relações com os nossos irmãos em Cristo, nas relações familiares e pessoais a justiça do Reino prevalece. Frente as injustiças sociais, minha atitude não precisa ser de indiferença, pois posso dar minha pequena contribuição. “Todas as relações sociais exigem o exercício do domínio próprio, paciência e simpatia. Diferimos tanto uns dos outros em disposições, hábitos e educação, que variam entre si nossas maneiras de ver as coisas. Julgamos diferentemente. Nossa compreensão da verdade, nossas idéias em relação à conduta de vida não são idênticas sob todos os pontos de vista. Não há duas pessoas cuja experiência seja igual em cada particular. As provas de uma não são as provas de outra. Os deveres que para uma se apresentam como leves são para outra mais difíceis e inquietantes. Tão fraca, ignorante e sujeita ao erro é a natureza humana que todos devemos ser cautelosos na maneira de julgar o próximo. Pouco sabemos da influência de nossos atos sobre a experiência dos outros. O que fazemos ou dizemos pode parecer-nos de pouca importância, quando, se nossos olhos se abrissem, veríamos que daí resultam as mais importantes consequências para o bem ou para o mal.”  (A Ciência do Bom Viver, p. 483)

6) Recriado para viver por fé. A jornada do crente é pelo caminho da fé, como também todo o seu progresso. “O justo viverá pela fé”. Romanos 1.17b. Somente pela fé é que o regenerado se apropria do inesgotáveis tesouros escondidos em Cristo Jesus. N’Ele encontramos tudo o que precisamos até completarmos a nossa carreira. O círculo da vida vitoriosa começa com fé: Fé – Palavra – Cristo - Vida Abundante. E assim sucessivamente. Era por esta razão que o apóstolo Paulo não se cansava de dizer: “Estou crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Gálatas 2.19-20.

7) Recriado para expressar Cristo. Deus quer fazer-se conhecido ao mundo através da manifestação da vida de Cristo em nós. “Porque neste mundo somos como ele.” 1 João 4.17. O segredo para exalarmos o bom perfume de Cristo é simples: “Trazendo sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo.” 2 Coríntios 4.10. Somos vasos de barro contendo um precioso tesouro. Ao levarmos a nossa crucificação a sério, a vida do Senhor é vista pelos olhos dos que nos cercam. Isso acontece porque saímos da jogada e quem entra em cena é o Senhor dos Senhores e Reis dos Reis. Aquele que é Excelso.

Um cristão não pode perder a salvação. Nada pode separar um cristão do amor de Deus (Romanos 8:38-39). Nada pode remover um cristão da mão de Deus (João 10:28-29).   “Portanto nada se compara ao Evangelho da Graça de Deus. Visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agradar aos homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração.” 1Tessalonicenses 2.4

Deus está disposto e é capaz de garantir e manter a salvação que nos prometeu. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e para vos apresentar imaculados  e com grande júbilo diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos,  agora, e por o sempre. Amém!” Judas 24-25

Estudo feito em 30/11/2013

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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A VIDA EM JUSTIÇA E O SÁBADO DE DEUS - F T WRIGHT

A Vida em Justiça e o Sábado de Deus

Por

 F.T. Wright






Ilustração da Foto
O infinito universo está cheio de maravilhas do poder criador de Deus. Complexos sistemas galáxicos a prodigiosas velocidades através do espaço são mantidos nas rotas e tempos estabelecidos mais precisos. Ninguém pode contemplar estas maravilhas sem ser profundamente impressionado com a magnitude da omnipotência de Jeová. Aqui está o Ser Completo, tão infinitamente completo e totalmente perfeito que nunca necessita de modificar os Seus pensamentos, propósitos ou procedimentos em qualquer aspecto.
À plenitude da Sua total sabedoria, Ele juntou o valiosíssimo dom do Seu Sábado ao Seu poder. Sempre que um esteja presente o outro também lá se encontrará.
Portanto, quando pela Sua omnipotência estabelece a Sua justiça dentro do crente, também coloca ali o Sábado, porque os dois são eternamente inseparáveis. É por esta razão que, "… resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus.” Hebreus 4:9 (leitura da margem).

Assuntos:

1.      O Símbolo do Poder de Deus
2.      Três Dias e Três Noites
3.      A Ressurreição e o Sábado
4.      O Repouso de Deus
5.      Um Novo Corpo e um Novo Lar
6.      A Bandeira de Deus e a Bandeira de Satanás
7.      O Selo de Deus
8.      O Conflito Final


Capitulo 1

O Símbolo do Poder de Deus

Antes de dizer o que é este livro, será bom explicar o que ele não é.
Durante o século passado ou mais, numerosos escritores e pregadores proclamaram a importância, perpetuidade e obrigação da observância do Sábado. O tipo e carácter dos argumentos usados, eram uma verdadeira reflexão da religião que conheciam. Enquanto, por um lado, muitos eram convencidos por eles, outros reagiram chamando ao Sábado um jugo de servidão imposto aos judeus durante a dispensação da lei. Intensos e vivos debates foram assim gerados entre estes dois grupos, sem que qualquer dos lados obtivesse a vantagem.
Este livro não é uma repetição daqueles antigos argumentos legais, nem uma nova aproximação original. Ele representa uma abordagem completamente nova, nascida de uma vida e mensagem religiosa que, tendo fugido daquela justiça que é da lei, aceitou a justiça de Deus que é pela fé. Emergindo da glória de uma verdade viva e eficaz, brilha sobre o Sábado que não é visível aos que se limitam a provas académicas e legais para observar um dia em particular contra outro.
Deste modo não é uma revisão ou mesmo uma melhoria das propostas do passado. É uma revelação inteiramente nova, iluminada por uma gloriosa experiência e sustentada pelos vivos princípios que compõem o carácter de Deus de infinito amor.
Foi aos pioneiros do grande segundo Movimento do Advento que a verdade acerca do Sábado foi restaurada depois de séculos de opressão papal, durante os quais o primeiro dia foi mantido como o dia do repouso e de festa. Aqueles homens conheceram e experimentaram o evangelho de Jesus Cristo, o poder de Deus para salvar do pecado. Eles conheciam a ligação entre a omnipotência de Deus e o seu símbolo contido no Sábado. Quando pregaram acerca do grande sinal de Deus, era a verdadeira pregação do evangelho que atraía os corações dos espiritualmente dotados.
Mas, as gerações seguintes permitiram que se tornassem destituídos do evangelho vivo. Na década de 1850, este testemunho foi escrito para eles:
"Foi-me mostrado que o testemunho aos laodicenses se aplica ao povo de Deus do presente,..." Testimonies 1:186. Esta é uma revelação lógica da destituição a que tinham chegado tão rapidamente depois da abertura da mensagem do terceiro anjo. Os laodicenses não têm o ouro que é a fé que opera pelo amor e purifica a alma; o vestido branco que simboliza a justiça de Cristo; nem o colírio do discernimento espiritual. Se têm falta destas coisas, então não têm o evangelho de Cristo, porque é impossível ter o evangelho e ser um laodicense. Terem caído neste triste estado já é mau. O que foi realmente grave foi o facto que não só ignoraram a sua verdadeira condição, mas consideraram-se ainda possuidores do vivo evangelho da salvação.
Portanto, eles não deixaram de ser religiosos. Todas as formas foram mantidas, as regras exteriores cuidadosamente observadas. Mas a justiça de Deus que é pela fé foi substituída com a justiça que é pela lei. É isso que é simbolizado pelo gerar Ismael em vez de Isaque, como Paulo declara em Gálatas 4. É a religião que Paulo conhecia como fariseu, mas da qual fugiu como duma praga quando os seus olhos foram abertos para ver a genuína e viva verdade em Jesus.
Antes desta experiência, Paulo, bem como os judeus, conheciam o Sábado apenas como uma obrigação fria e morta, um aborrecido fardo de servidão e restrição. Assim acontecia com os laodicenses. Eles também o conheciam apenas como um ponto da lei e argumentavam em favor dele a partir deste ponto. Isto não foi inteiramente ineficaz. Provas indubitáveis foram apresentadas e aceites por aqueles que tinham uma mente a quem esses argumentos apelavam.
Mas rapidamente chegou o tempo em que as provas apresentadas dentro de um quadro legalista estavam esgotadas. O único recurso dentro destas limitações é fazer uma repetição consecutiva das mesmas evidências, lutando sempre para injectar nelas alguma renovação e vida pela invenção de formas novas e originais de dizer as mesmas coisas antigas.
Deus nunca permite que o Seu povo continue para sempre nesta triste situação sem lhe dar a oportunidade de ver e regressar a esta liberdade, renovação e vitalidade do evangelho vivo, a justiça que é de Deus pela fé. Isto traz sempre uma crise à igreja, porque a maioria prefere permanecer onde está, enquanto a minoria, por ver a glória de um novo dia, está desejosa de alcançar e segurar firme o inestimável tesouro. A separação torna-se inevitável, mas para a última classe, o Sábado então toma um aspecto totalmente diferente. As antigas provas legalistas são esquecidas. Elas morrem com a religião a que pertencem.
Vivemos hoje no limiar de um novo dia como esse. Deus restaurou para aqueles que o recebem, o vivo, salvador evangelho de Jesus Cristo, o verdadeiro poder de Deus para a salvação do pecado. Ele restabeleceu a jóia do Sábado, fê-lo um objecto de maravilha e admiração e encheu-o de alegria, repouso e recriação. É para transmitir alguma coisa desta luz que este pequeno volume é produzido.
Isto não é uma afirmação que tudo aquilo que deve ser compreendido acerca do Sábado está escrito nestas páginas. Longe disso. É apenas o lançamento de alguns princípios básicos de compreensão, aceitação e aplicação que tornará o estudante capaz de ir mais além da luz aqui apresentada. Permiti que isto seja uma porta aberta para maravilhosas e vastas explorações da verdade.


As Razões Apresentadas

Deus deu o Sábado aos Seus filhos e leva-os a observar o Seu santo dia, mas não convida a fazê-lo sem dar razões válidas para isso. A instrução mais frequentemente citada para este efeito é encontrada em Êxodo 20:8-11. Esta, juntamente com outras referências serão reexaminadas, não para repetir as provas obtidas anteriormente destes textos, mas para ver a maior e mais espiritual luz que eles contêm.
"Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar.
"Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra;
"Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas."
Até agora, foi dada explícita instrução dando pormenor à observância do dia. As razões para o fazer são as seguintes:
"Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia, descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do Sábado, e o santificou."
A declaração de Deus aqui é muito clara, mas pode ser muito seriamente mal compreendida. Há os que interpretariam as palavras do seguinte modo:
Por causa de Deus ser o supremo governador do universo em virtude de lhe ter dado existência, tem o perfeito direito de exigir a adoração dos seres que criou. A fim de lhes dar meios para expressarem essa reverência, exigiu que observassem um certo dia da semana. O Sábado, então, é um dispositivo pelo qual Deus impõe aos Seus súbditos uma expressão da sua aliança. Assim aqueles que respeitam e adoram Deus distinguem-se daqueles que não o fazem.
Mas, os que compreendem o carácter de Deus, conhecendo-O como um Deus de infinito e imutável amor, vêem esta opinião como uma ilustração de um Deus egoísta, que pensa só em si, que faz as coisas para Sua própria satisfação. De acordo com isto, rejeitam uma tal visão, crendo que há um significado mais profundo e mais belo para as palavras do que aquele que parece ser imediatamente visível. Não é possível entender isto considerando apenas os textos acima citados. Tem que haver uma cuidadosa comparação de Escritura com Escritura.
Em Deuteronómio 5:6-21, os dez mandamentos são apresentados tão completa e claramente como em Êxodo 20. O quarto mandamento ou mandamento do Sábado está registado nos versículos 12-15 e lê-se como em Êxodo, excepto que não há instrução para o guardar por causa do Senhor dos céus e da terra. Em vez disso diz:
"Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egipto, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de Sábado."
Agora parece que Deus está a usar o Sábado como um meio pelo qual o Seu povo deve exprimir a sua gratidão pela poderosa libertação da escravidão egípcia. Isto levou alguns a concluírem que, em virtude de nunca terem sido escravos no Egipto, o Sábado não é para eles. Argumentam que foi uma ordem apenas para os judeus.
Mas, no Antigo Testamento é dada ainda outra razão para a observância do Sábado.
"E também lhes dei os Meus Sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles; para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica....
"Eu sou o Senhor vosso Deus; andai nos Meus estatutos, e guardai os Meus juízos, e executai-os.
"E santificai os Meus Sábados, e servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus." Ezequiel 20:12, 19, 20.
Aqui então parece haver uma terceira razão para a observância do Sábado. Ela difere das outras duas, declarando claramente que o Sábado é o símbolo ou sinal do dom da santificação dado por Deus.


Não Três, Mas Uma

Três Escrituras diferentes foram citadas do Antigo Testamento. Cada uma delas dá uma razão para a observância do dia de Sábado, contudo, nenhuma delas diz o que as outras dizem. Portanto, parece haver três razões diferentes para a observância do Sábado. Mas estas diferenças não são reais. Elas são apenas aparentes, pois quando forem correctamente compreendidas será visto que não há três — mas apenas uma.
É assim por causa do Sábado ser o símbolo destes acontecimentos somente quando eles, por sua vez, forem a manifestação de algo comum a todos eles. Portanto, o olho da fé e a percepção espiritual devem olhar para além e para cima do acontecimento histórico do qual o Sábado é apresentado como sinal, para ver do que o Sábado é realmente um memorial.
 Qual é então esse denominador comum?
Em cada um destes grandes acontecimentos estava a viva presença do poder de Deus, sem o que eles nunca podiam ter acontecido. Unicamente d'Ele podia fluir essa imensa quantidade de vida, amor e poder pelo qual os mundos e tudo o que neles há, podiam ser chamados à existência. Nos dias do cativeiro israelita no Egipto, não havia nação na face da Terra que pudesse igualar o poderoso Faraó, nem havia algum que quisesse sequer tentar. Os filhos de Abraão não podiam olhar para qualquer fonte humana em busca de ajuda. Somente em Deus repousavam as suas esperanças. Do mesmo modo, está para além dos poderes dados ao homem mudar o coração e santificar a alma. Isto apenas pode ser realizado pelo derramamento da própria vida de Deus em cada pessoa individualmente. O melhor que o homem pode realizar é uma reduzida melhoria do comportamento exterior que para alguns passa como sendo uma coisa real.
Contudo, não é suficiente ver que estes três acontecimentos têm em comum o facto que cada um deles é uma manifestação do altíssimo poder de Deus. Não só é isto assim, como ainda mais do que isso, são três exemplos da mesma obra. Deus podia muito bem fazer muitas coisas com o Seu poder, mas isto não é verdade nos casos que estamos a estudar aqui. Eles são a mesma obra executada pelo mesmo poder. Isto é muito importante em relação à nossa investigação da genuína verdade da vida em justiça e o Sábado de Deus.


O Novo Testamento — A Continuação da Revelação

Preenchendo o espaço total do tempo eterno está o poderoso e infinito poder de Deus. É a posse e exercício dele em absoluta justiça que O coloca proeminentemente acima e aparte de todas as Suas criaturas e obras criadas, Ele é a Fonte e elas os recebedores e canais. Sem isso nunca podia ter havido uma Terra ou Céu ou qualquer outra coisa. Não só chamou Ele os mundos à existência pela palavra desse poder, porque "falou, e tudo se fez, mandou, e logo tudo apareceu", mas momento a momento as mantém "sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder". Salmo 33:9; Hebreus 1:3.
As primeiras revelações desse poder ao homem estão registadas no Antigo Testamento, três dos exemplos mais salientes são os que já citámos neste livro — a criação, a libertação do Egipto e a santificação da alma. Cada uma destas maravilhas apenas puderam ser alcançadas pelo poder de Deus e o Sábado é o símbolo da operação desse poder em cada caso. Por este meio o Senhor nos ensina que onde quer que o poder de Deus esteja presente, o Sábado seguramente se segue, porque o segundo foi tornado o símbolo ou memorial do primeiro, eles são eternamente inseparáveis. Porque para o Sábado desaparecer, o poder de Deus teria que deixar de existir. Se isso acontecesse, então todo o universo de Deus desapareceria.
Alguns podem argumentar que o Sábado não está especificamente ligado a toda a manifestação do poder de Deus tal como na separação das águas do Mar Vermelho e do Jordão, na paragem do Sol nos dias de Josué e outros maravilhosos acontecimentos. Portanto, pode ser dito em contrário que, o argumento, onde quer que o poder de Deus seja encontrado o Sábado de Deus ali estará, é negado pelo facto que não há elo especificamente declarado nestes casos como nos já mencionados — a criação, a libertação do Egipto e a obra da santificação.
Mas, não é o método de Deus repetir-Se incessantemente. Ele apresenta os princípios numa linguagem clara e em seguida deixa que entendamos a aplicação do princípio nas outras situações semelhantes. Todas as outras manifestações do poder de Deus no Antigo Testamento são apenas uma repetição da mesma obra encontrada nas outras três. Foi pelo Seu poder criador, por exemplo, que as águas do Mar Vermelho e do Jordão foram separadas. Pelo mesmo poder criador o Sol parou nos céus. Tal como os tirou do Egipto, assim os libertou dos seus opressores nos dias dos Juízes e mais tarde de Babilónia.
Portanto, se tivessem que guardar o Sábado por causa do Senhor ter feito os céus e a Terra, seguramente teriam que o observar por Ele ter detido as águas do Mar Vermelho e do Jordão e ter feito parar o Sol. Outra vez, se tivessem que guardar o Sábado em virtude d'Ele os ter libertado do Egipto, certamente deviam fazê-lo por causa d'Ele os libertar dos moabitas, edomitas e babilónios. Não há necessidade de dizer isto repetidamente a respeito de cada uma das situações porque, uma vez estabelecido o princípio, este deve ser reconhecido como tendo a mesma ligação em cada um dos acontecimentos posteriores.
Esta é a grande verdade de Deus como se encontra no Antigo Testamento, que onde quer que se encontre o poder Deus, o Sábado aí estará sempre. É uma verdade estabelecida na eterna justiça de Deus, e, tão seguramente como Deus é o imutável e inalterável Deus, ela não pode morrer.
Por causa disto ser assim, deve ser esperado que o Novo Testamento seja uma revelação adicional das mesmas verdades e princípios. O poder de Deus durante o tempo que se seguiu depois do final do Antigo Testamento, continua ainda a ser o mesmo. Ele não mudou nem diminuiu o que é muito bom. Tal como isto é assim, o Sábado no Novo Testamento deve permanecer como o símbolo do poder e memorial das suas obras.


Redenção É a Repetição da Criação


O Novo Testamento é a continuação da revelação do evangelho de Jesus Cristo. Isto é geralmente reconhecido por todos, apesar de haver muitos que consideram o Antigo Testamento como sendo apenas a era da lei durante a qual a salvação era para os que faziam as obras da lei. Correctamente compreendido, o Antigo Testamento é uma manifestação tão verdadeira do evangelho como o Novo. Portanto, o Sábado deve manter a mesma posição e relação tanto no Novo como no Antigo Testamento.
O Novo Testamento é o evangelho de Cristo e o evangelho de Cristo é o poder de Deus. Paulo declarou isto muito claramente.
"Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego." Romanos 1:16.
Paulo podia ter descrito o evangelho como sendo as "boas novas", "uma doutrina", "um credo", ou um sem número de outras coisas, mas não usou qualquer definição destas. Pelo contrário, declarou-o como "o poder de Deus". Nem sequer disse que é um dos poderes de Deus, um destacamento do seu exército, mas que era o poder do próprio Deus. É o mesmo poder pelo qual a criação foi executada, Israel liberto do Egipto e o povo da era do Antigo Testamento foi santificado. É a fonte e a suma de todas as poderosas forças do universo e é de tal magnitude que está para além da capacidade da compreensão humana. É o poder pelo qual, no início, este mundo foi chamado à existência e que agora é usado para salvar o arrependido do pecado.
A obra da salvação não é outra obra ou uma obra diferente da criação original. Não é mais do que a repetição do original. Isto tornou-se necessário por causa da destruição da primeira, não em virtude de ter qualquer imperfeição ou falha, mas devido à introdução do destruidor, o pecado. Deus não fez uma criação indestrutível, porque isso é impossível. Nem a perfeição dá qualquer imunidade contra a destruição. Pelo contrário, quanto mais perfeito, delicado e belo um artigo é, mais rapidamente se quebrará. Por exemplo, uma perfeita peça de porcelana fina despedaçar-se-á apenas com um pequeno sopro, ao passo que o vaso de aço suportará um impacto muito maior.
Por causa da primeira criação ser perfeita no sentido absoluto, não podia ser melhorada. Qualquer modificação, mudança, adição, ou subtracção, seria admitir que tinha havido qualquer falha no original que necessitava ser rectificada na restauração. Portanto, a segunda criação é a perfeita e completa restauração da primeira. O mesmo poder e processos são usados para a efectuar do mesmo modo como foram usados no original. Isto tem que ser compreendido porque não será possível doutra maneira reconhecer o que é a salvação, nem entender o que Satanás procura insinuar contra Deus quando ele, o demónio, exige alterações nos métodos de Deus.
Quando Deus planeou a criação desta Terra, sua vegetação e seus habitantes, começou a partir do nada. Onde Deus planeou colocar a Terra havia um negro vazio e os materiais para a sua construção não existiam.
Este é o mesmo ponto de partida que Ele estabelece para efectuar uma nova criação. Não toma o que já existe e reconstrói, repara, ou modifica numa forma de vida aceitável para o reino eterno. Este não é o método de Deus, nem esse ensinamento encontra qualquer fundamento nas Escrituras.
No início, o Senhor primeiramente criou um belo lar na forma desta Terra. Depois de completado isto, voltou-se para a tarefa de criar um corpo para o homem, depois do que lhe transmitiu o poder físico, mental e espiritual que transformou a forma inerte num inteligente ser humano vivo, que respirava e pensava. Assim a obra da criação pode ser dividida em três fases separadas e progressivas. Isto ajuda grandemente no discernimento do crescente desenvolvimento na restituição do original porque também nisto há três passos.
A única diferença é que o original foi realizado no curto espaço de uma semana, a restauração ocupa um período de tempo muito mais longo. Acontece assim, não porque cada processo se torne um procedimento demorado, mas porque o tempo que passa entre cada um dos passos é grandemente alongado. Assim, enquanto a recriação da imagem de Deus no homem é a obra realizada no ponto de tempo em que a alma arrependida confia em Cristo como seu Salvador do pecado, o dom de um novo corpo composto de carne e sangue imortal sem pecado tem que esperar até ao segundo advento de Cristo, ao passo que a criação de novos Céus e de nova Terra não acontecerá senão no final do milénio. Desde o ponto em que Adão confessou o seu pecado e recebeu um novo coração até à obra da segunda criação estar por fim completa em todos os aspectos, perto de sete mil anos terão passado. Progressivamente para outros durante o caminho, o tempo necessário será abreviado, mas em todos os casos, tem que ser mais longo do que no Éden.
A extensão de tempo entre cada obra de criação não faz qualquer diferença à própria obra. Quando Deus chamar a Nova Terra à existência, fá-lo-á exactamente como fez na primeira criação. O mesmo é verdade acerca da criação dos corpos imortais com que os santos estarão eternamente vestidos e os novos corações que são recebidos enquanto estamos nesta Terra.
Sem dúvida que ver-se-á isto melhor ao examinar em primeiro lugar a nova criação da Terra. No final do milénio, Cristo descerá à Terra, seguir-se-á a Santa Cidade e os ímpios serão ressuscitados para cercarem a cidade a fim de batalharem onde terão a sua prova final em que não terão opção senão confessar a sua culpa. Isto será acompanhado pelo derramamento do fogo terrível descrito em Apocalipse 20 que reduzirá a Terra a um lugar tão vazio e desabitado como no primeiro dia da semana da criação.
Será quando, e somente quando as coisas velhas tiverem passado, que o Senhor criará o novo como está escrito:
"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe." Apocalipse 21:1.
Esta Escritura prova que o velho morre primeiro porque é por causa do velho ter passado que o Senhor cria o novo. Quando Ele o fizer, então uma vez mais como "falou, e tudo se fez;" como "mandou, e logo tudo apareceu," Salmos 33:9, assim Ele falará e tudo se fará; mandará e tudo aparecerá.
Nenhum de nós esteve presente na primeira criação, mas todos os remidos estarão a assistir quando o Senhor efectuar a obra da restauração. Com que admiração e solenidade estaremos e veremos a Terra à ordem de Deus, ficar com a sua forma perfeita, recebendo as suas verdejantes vestes de plantas e árvores, observando os animais, aves e peixes aparecerem, sabendo que nunca mais isso pode ser destruído. Será um espectáculo extraordinário.
Mas o que é verdade a respeito da criação dos Novos Céus e da Nova Terra é igualmente verdade quanto ao dom do novo corpo. Quando Deus começou esta obra no Jardim do Éden, começou-a com o pó da terra do qual formou o corpo do primeiro homem. Aqueles corpos, excepto para os que forem trasladados, terão regressado ao pó. Terão desaparecido completamente quando Cristo aparecer na manhã da ressurreição. Então, exactamente como Deus criou o corpo do homem do pó da terra no Éden, chamará de novo do pó da terra, os santos que dormem. Nos casos dos que forem trasladados, a velha carne e sangue que nunca pode herdar o reino (vede 1Coríntios 15:40; 2Coríntios 5:1), é instantaneamente substituído pelo novo. Isto acontece "num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta:" 1Coríntios 15:52.
Apesar disto ser executado instantaneamente, continua ainda o facto que o velho desaparece antes do novo ser efectuado. Isto confirma que o Senhor começa no mesmo ponto tanto na criação original como na restaurada.
Na obra da conversão quando o Senhor cria de novo a Sua imagem na alma, é seguido o mesmo procedimento. "A vida cristã não é uma modificação ou melhoramento da antiga, mas uma transformação da natureza. Tem lugar a morte do eu e do pecado, e uma vida toda nova." O Desejado de Todas as Nações, 175.
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; e as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." 2Coríntios 5:17.
Infelizmente, muitos falham em compreender o facto que ser renascido não é uma modificada melhoria do que já existe. Como resultado há os que crêem que justiça é uma questão de acção correcta da vontade para fazer voltar a presente vida e poder do homem ao serviço de Deus. Mas não é assim. A vida que agora existe tem que ser exterminada e substituída com a nova criação. Redenção é nada menos do que isto.
O facto que depois do renascimento há terríveis batalhas a travar com a velha carne e sangue da natureza humana, assim como também correcções a serem feitas à educação, faz com que um largo número de crentes creiam que afinal não houve qualquer nova criação. É verdade que não houve, no que diz respeito ao corpo. Esse não será criado de novo senão na segunda vinda de Cristo. Mas a natureza espiritual no homem é criada de novo no início da experiência cristã. É fazer de novo no homem aquilo que foi feito na primeira criação. É a substituição e restauração.
É muito interessante notar que naquelas organizações onde o evangelho não é claramente ensinado como sendo uma obra de verdadeira criação nova — a substituição do velho pelo novo — o Sábado não é defendido e observado, excepto em certas igrejas onde permanece como uma instituição formal alimentada desde os dias em que a organização religiosa realmente compreendia o evangelho e verdadeiramente guardava o Sábado.
Da grande verdade que o Novo Testamento é uma revelação do evangelho de Cristo que é o poder de Deus para criar de novo a vida espiritual, o corpo físico e o lar Edénico do homem, apenas pode ser concluído que o Novo Testamento defende o Sábado tão enfática e maravilhosamente como o Antigo. Não pode haver mudança na transição de uma era para a seguinte. Isso é impossível.
Para confirmar isto, estudemos agora algumas evidências do Novo Testamento que ensinam e confirmam isto.


A Cruz e o Sábado

Foi o Criador original que veio à Terra para remir o homem. As Escrituras são muito claras a respeito disto.
"No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus.
"Ele estava no princípio com Deus.
"Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez." João 1:1-3.
"Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele." Colossenses 1:16.
"E havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,
"A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo." Hebreus 1:1, 2.
Jesus Cristo então, foi clara e seguramente Aquele que executou a obra da criação para o Seu Pai. Este é o lugar atribuído a Cristo e por causa do Senhor nada fazer na restauração que não tenha feito na criação original, Cristo deve ocupar a mesma posição na redenção que teve na criação. Portanto, exclusivamente Ele podia aparecer e apareceu nesta Terra para trazer a salvação aos homens.
A cruz do Calvário é o centro dessa obra. Ali, pagou Ele o preço da redenção pelo qual garantiu que a obra da nova criação seria realizada. Ali, acabou Ele a Sua obra e confirmou-a com o anúncio, "Está feito". João 19:30.
Nesta obra de redenção, por ser a repetição da perfeita criação, não pode haver desvio do original. Se houvesse, Satanás exultaria porque o seu argumento que a obra de Deus era imperfeita e exigia reforma, era válido. Ele apontaria essas modificações, não importa quão diminutas fossem, como uma aceitação que a obra tinha espaço para melhoramentos.
No original, Cristo estabeleceu o padrão que no sexto dia da semana terminou a Sua obra e repousou no sétimo dia. Portanto, sem alteração, Ele tem que seguir o mesmo procedimento na segunda criação. É por esta razão que Ele terminou a Sua obra redentora na Sexta-feira, o sexto dia da semana e repousou na sepultura durante as horas de Sábado, para ressuscitar para uma nova obra no primeiro dia da semana.
Não houve realizações pela metade no que se alcançou na cruz. Ali, o pecado apareceu no seu pior. Nunca antes ele se tinha manifestado tão malévolo, cruel, maligno, odioso e de modo tão total como na crucifixão. Reconhecendo que era uma situação em que o vencedor ganhava tudo, Satanás e o pecado juntaram todos os seus recursos e lançaram-se com toda a fúria dos seus poderes em ilimitada barbaridade contra o Filho de Deus e do homem. O único poder que podia defrontar e vencer esta poderosa força é o poder criador de Deus. Deste modo, onde o pecado apareceu no seu pior, a justiça foi capaz de brilhar no seu glorioso melhor.
Comparado com a criação, o Calvário realmente dá uma revelação superior do poder de Deus. No princípio, Deus operou livremente, sem restrições e sem opositores, mas não foi assim no Calvário. Foram na verdade os poderes de Deus voltados contra Ele. Para aumentar a dificuldade da luta estava a condição de estar revestido da fraca e frágil natureza humana em que Cristo tinha que defrontar o inimigo. Apesar desta enorme desvantagem, Jesus venceu pelo grandioso poder de Deus.
Foi um extraordinário acontecimento colocando a cruz como o tempo e lugar onde a maior obra do poder de Deus foi jamais demonstrada. Acerca dessa omnipotência, o Sábado é o símbolo. Onde quer que esse poder apareça, o Sábado é o memorial do que ele realiza. Portanto, o Sábado é o memorial da vitória obtida na cruz e o símbolo do poder pelo qual essa vitória foi alcançada.
Se Cristo tivesse anunciado, "Está feito", em qualquer dia da semana diferente da Sexta-feira, teria então agido de modo diferente na obra da redenção e do Seu procedimento na criação inicial. Se tivesse feito isto, não teria sido um argumento válido para a continuação do Sábado no tempo do Novo Testamento. Aqueles que declaram que o dia foi mudado na cruz, teriam um caso encerrado.
Mas não foi assim. Exactamente como na primeira criação, Ele concluiu a Sua obra criadora no sexto dia da semana e repousou no sétimo, assim fez na obra da salvação. No sexto dia acabou a Sua obra, anunciou que estava terminada e repousou na sepultura durante as horas sagradas.
Se ao fazer isso estabeleceu o Sábado como o dia do repouso e adoração para todos os Seus filhos, então a repetição deste procedimento em ligação com a obra da nova criação confirma isto, tornando para sempre mentira qualquer ensinamento que reclame mudança do sétimo para qualquer outro dia da semana.
Assim o Sábado está ligado à obra da redenção tão seguramente como estava à obra da criação. Imediatamente alguns se oporão afirmando contrariamente que, enquanto temos em Êxodo um mandamento específico que reclama a observância do Sábado porque o Senhor fez os céus e a Terra em seis dias e repousou no sétimo, no Novo Testamento não há qualquer ordem declarando que devemos adorar no Sábado por Cristo ter finalizado a Sua obra redentora no sexto dia da semana e repousado no sétimo.
É verdade que não há qualquer testemunho desses. A questão é que também não devia haver qualquer um no Antigo Testamento. A única razão para os dez mandamentos terem sido escritos foi que o contínuo afastamento de Deus roubou aos israelitas qualquer conceito da Sua verdade e justiça. A clara verdade espiritual tinha que ser escrita doutro modo para eles nas letras da lei. Mas nunca devia ter sido assim e nunca teria sido necessário se tivessem caminhado à luz que lhes era oferecida continuamente.
Paulo confirma esta verdade assim: "Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade, a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro." Gálatas 3:19.
"Se o homem houvesse guardado a lei de Deus conforme fora dada a Adão depois de sua queda, preservada por Noé e observada por Abraão; não teria havido necessidade de se ordenar a circuncisão. E, se os descendentes de Abraão houvessem guardado o concerto, do qual a circuncisão era um sinal, nunca teriam sido induzidos à idolatria; tampouco lhes teria sido necessário sofrer vida de cativeiro no Egipto; teriam conservado na mente a lei de Deus, e não teria havido necessidade de que ela fosse proclamada no Sinai, nem gravada em tábuas de pedra. E, se o povo houvesse praticado os princípios dos Dez Mandamentos, não teria havido necessidade das instruções adicionais dadas a Moisés." Patriarcas e Profetas, 378.
Para a mente espiritual que não entrou num estado de apostasia, é suficiente ver o procedimento de Deus na criação. Ele criou durante seis dias e repousou no sétimo. Abençoou e santificou o sétimo como o dia do repouso. Tivessem os filhos de Israel permanecido em ligação espiritual com Ele, teriam visto o significado das acções de Deus e teriam guardado o Sábado sem questão ou problema. Apenas em virtude de terem perdido a iluminação celestial se tornou necessário para eles Deus descer e em linguagem muito clara lhes dizer que, por causa de ter feito os céus e a terra, ter trabalhado durante seis dias e repousado no sétimo, deviam eles santificar o Sábado também.
Quando Cristo veio efectuar a nova criação, seguiu exactamente os mesmos procedimentos da primeira. Trabalhou seis dias, mas descansou sempre no Sábado, de acordo com o exemplo que Ele próprio tinha estabelecido no Éden. Quando por fim na cruz terminou a obra que tinha vindo fazer, então outra vez levou-a até ao fim do sexto dia da semana e repousou durante o Sábado.
Para o verdadeiro filho de Deus que mantém uma íntima ligação com Ele, é suficiente. Ele não precisa de o ter escrito na forma do quarto mandamento. Se assim fosse, então teria sido devido ao facto de se ter afastado como aconteceu com os judeus, necessitando que alguma coisa fosse feita por ele que nunca tinha sido feito antes. Portanto, em toda a humildade, cada leitor devia estar preparado para reconhecer que, se descobre em si a necessidade de ter um testemunho no Novo Testamento para confirmar a ligação entre a cruz e o Sábado tal como o testemunho do quarto mandamento no Antigo Testamento confirma a ligação entre a criação e o Sábado, então não está em melhor condição espiritual do que os israelitas desse tempo. Que essa aceitação seja seguida por um profundo exame de coração e confissão com a oração que os olhos sejam ungidos com o colírio espiritual. Rica e valiosa será a bênção resultante, ao passo que, falhar em fazer isto trará unicamente tristeza e perda.


Capítulo 2

Três Dias e Três Noites

Satanás compreende o imenso poder e bênção dados por Deus no dom do Sábado. Quando os homens dão ao Sábado o mesmo valor que Satanás lhe atribui e se equipam com as suas poderosas provisões, terão uma experiência que ainda não conhecem. Tão intensamente quanto deviam amá-lo, Satanás o receia e opera com toda a sua capacidade para destruir a sua influência.
Um modo eficaz de fazer isto é através do falso ensinamento que parece realmente elevar o Sábado mas, na verdade, o destrói. Um desses ensinamentos que está a ganhar terreno actualmente, é a teoria que data a crucifixão um dia antes do sexto dia da semana. Esta teoria baseia-se na compreensão daqueles que a defendem acerca das palavras de Cristo quando disse:
"Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra." Mateus 12:40.
A expressão, "seio da terra", é compreendida e interpretada por eles como significando a sepultura, de modo que no seu ponto de vista, o tempo real que Cristo passou no túmulo de José foi um total de setenta e duas horas. Não há dúvida quanto ao facto que no primeiro dia da semana Ele estava novamente vivo, embora alguns neguem que a ressurreição tivesse lugar nas primeiras horas desse dia.
Mas o raciocínio é que, se Cristo foi crucificado na Sexta-feira e em seguida tivesse que permanecer na sepultura setenta e duas horas, com certeza não teria ressuscitado no Domingo seguinte. Portanto, como Ele ressuscitou nesse dia, deve ter sido crucificado antes de Sexta-feira. Alguns deles antecipam o dia até Quarta-feira.
Deve ser salientado que não será feita tentativa nesta publicação para expor pessoas. A preocupação não é acerca de quem ensina estas coisas mas acerca do que é ensinado. É a doutrina, não a pessoa, que está a ser examinada aqui.
Muito simplesmente, o erro está numa má compreensão do que "o seio da terra" é. Geralmente assume-se que é a sepultura, embora nenhuma Escritura seja apresentada para apoiar esta suposição. A omissão é compreensível para aqueles que conhecem as evidências escriturísticas que definem o que Cristo queria dizer quando disse, "o seio da terra". Se aqueles que defendem a interpretação que isto é a sepultura, compreendessem estas evidências, alterariam a sua mensagem. Nunca mais ensinariam uma crucifixão na Quarta-feira mas saberiam que Cristo morreu no sexto dia e ressuscitou no primeiro.
Antes destas verdades serem apresentadas, examinemos as Escrituras que confirmam que Cristo na verdade morreu na Sexta-feira e ressuscitou no Domingo.
Já foram apresentadas as evidências mais poderosas de que o Senhor finalizou a Sua obra no sexto dia da semana, repousou no sétimo e começou a fase seguinte do Seu ministério no primeiro dia. Ninguém que verdadeiramente compreenda o evangelho de Cristo — o poder de Deus pelo qual a criação é repetida — terá algum problema em ver isso. Verificará que é incapaz de aceitar qualquer doutrina que separe o Sábado da cruz. Saberá que o único dia no qual Cristo podia ter morrido era o sexto e o único dia no qual Ele podia ter ressuscitado era o primeiro. A manifestação do poder de Deus tanto na primeira como na segunda criação é absolutamente inseparável da instituição do sétimo-dia o Sábado. Esta verdade está para sempre estabelecida na justiça de Deus; aquela justiça que é de eternidade em eternidade.
Mas há outras evidências para confirmar este facto, e para estas voltaremos agora a nossa atenção.


O Tempo e o Tipo

A espantosa precisão da profecia bíblica é verdadeiramente impressionante. Em Daniel por exemplo, Deus predisse o — aparecimento de quatro grandes impérios mundiais, começando com Babilónia, nem mais nem menos. Na história, exactamente quatro são encontrados, apesar de homens notáveis e ambiciosos terem lutado para alcançarem o ceptro do domínio mundial uma e outra vez desde que o último desapareceu. Eles não puderam quebrar a profecia.
Ainda mais especificamente, foram previstos longos períodos de tempo aos quais foram dados exactos pontos de partida. Cada um foi cumprido exactamente no tempo devido.
Uma dessas profecias está em Daniel 9:24-27, desde o ponto de partida da ordem para restaurar e reconstruir Jerusalém, setenta semanas proféticas ou quatrocentos e noventa anos literais se estenderiam até ao final do período que restava aos judeus como peculiar povo de Deus. Esse período começou em 457 a.C., e terminou em 34 d.C. No meio dos últimos sete anos deste período, o Messias foi tirado. Com suficiente certeza, três anos e meio depois de ter começado o Seu ministério, morreu na cruz exactamente como foi predito.
O Antigo Testamento é rico em específicas profecias bíblicas a respeito do advento do Messias, Sua missão, sofrimentos, morte e ressurreição. Jesus disse, "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam." João 5:39.
"Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste;
"Holocaustos e oblações pelo pecado não Te agradaram;
"Então disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade." Hebreus 10:5-7.
O livro aqui referido é o Antigo Testamento, as únicas Escrituras que tinham nessa altura. As profecias ali contidas têm pelo menos duas formas. Umas eram testemunhos directos, a outra tipos e símbolos. Estas últimas incluíam em particular os sacrifícios da manhã e da tarde, a Páscoa, a festa dos pães asmos, e as primícias.
"A morte do Cordeiro pascal era sombra da morte de Cristo. Diz Paulo: 'Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.' 1Coríntios 5:7. O molho das primícias, que por ocasião da Páscoa era movido perante o Senhor, simbolizava a ressurreição de Cristo. Falando da ressurreição do Senhor e de todo o Seu povo, diz Paulo: 'Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na Sua vinda.' 1Coríntios 15:23. Semelhantemente ao molho que era agitado, constituído pelos primeiros grãos amadurecidos que se colhiam antes da ceifa, Cristo é as primícias da ceifa imortal de resgatados que, por ocasião da ressurreição futura, serão recolhidos ao celeiro de Deus." O Grande Conflito, 321.
A Páscoa era a primeira de uma série de festas típicas que Deus tinha colocado perante os israelitas como profecias dos acontecimentos futuros. Ela apontava especificamente para a morte de Cristo enquanto as outras indicavam acontecimentos que deviam ter lugar na história da igreja e na experiência dos seus membros individuais depois do grande sacrifício. Indicavam não somente o que devia acontecer mas quando devia acontecer.
"Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao tempo. No dia catorze do primeiro mês judaico, no mesmo dia e mês em que, durante quinze longos séculos, o cordeiro pascal havia sido morto, Cristo, tendo comido a Páscoa com os discípulos, instituiu a solenidade que deveria comemorar Sua própria morte como o 'Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.' Naquela mesma noite Ele foi tomado por mãos ímpias, para ser crucificado e morto. E, como o antítipo dos molhos que eram agitados, nosso Senhor ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, como — 'as primícias dos que dormem' (1Coríntios 15:20), exemplo de todos os ressuscitados justos, cujo 'corpo abatido' será transformado, 'para ser conforme o Seu corpo glorioso.' Filipenses 3:21." O Grande Conflito, 321.
Isto significa que Cristo tinha que ser crucificado no dia da Páscoa e ressuscitar no dia das primícias. Também significa que Ele tinha que ser crucificado à hora do sacrifício da manhã nesse dia e expirar à hora do sacrifício da tarde. Juntai a tudo isto o facto que a Sua morte, a fim de confirmar a ligação entre o Sábado, a obra da criação e a nova criação, tinha que ocorrer no sexto dia da semana e a Sua ressurreição tinha que ser no primeiro dia.
O que torna isto difícil é o facto que a Páscoa não ocorria no mesmo dia da semana todos os anos. Mudava no dia da semana ligada a uma certa data, exactamente como os aniversários hoje. A Páscoa estava indicada para o décimo quarto dia do primeiro mês, esta data recaía em vários dias da semana à medida que os anos passavam. Portanto, o ano em que Cristo devia ser crucificado tinha que ser um ano em que a Páscoa fosse no sexto dia da semana.
Deus é o mestre da precisão. Ele nada faz de forma ocasional. Portanto, cada um dos eventos profetizados tinham que acontecer quando Deus, na profecia, havia indicado. Por exemplo, cinquenta dias depois das primícias, vinha a festa das semanas, que se tornou conhecida como Pentecostes. Esta era a altura que o Senhor tinha escolhido para o derramamento do Espírito Santo. É impressionante ver como a promessa se cumpriu nem um dia mais cedo nem um dia mais tarde, como está escrito: "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
"E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
"E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." Actos 2:1-4.
Do mesmo modo, Cristo morreu por altura do sacrifício da tarde no dia de Páscoa. Ele tinha comido a Páscoa com os Seus discípulos na altura correcta, que era na tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. No dia seguinte, tinha que ser pendurado na cruz à hora do sacrifício da manhã e morrer à hora do sacrifício da tarde a fim de completar o tipo do diário. Tão precisamente na hora Ele morreu, que o momento da Sua morte coincidiu com o sacrifício da tarde no templo. O cordeiro escolhido para a ocasião estava debaixo do cutelo levantado pelo sacerdote cujos músculos já estavam tensos para o acto de lhe tirar a vida. Nesse instante, Cristo morreu, o véu do templo rompeu-se e o cordeiro escapou com vida.
"Ao irromper dos lábios de Cristo o grande brado: 'Está consumado', oficiavam os sacerdotes no templo. Era a hora do sacrifício da tarde. O cordeiro, que representava Cristo, fora levado para ser morto. Trajando o significativo e belo vestuário, estava o sacerdote com o cutelo erguido, qual Abraão quando prestes a matar o filho. Vivamente interessado, o povo acompanhava a cena. Mas eis que a Terra treme e vacila; pois o próprio Senhor Se aproxima. Com ruído rompe-se de alto a baixo o véu interior do templo, rasgado por mão invisível, expondo aos olhares da multidão um lugar dantes pleno da presença divina.…
"Tudo é terror e confusão. O sacerdote está para matar a vítima; mas o cutelo cai-lhe da mão paralisada, e o cordeiro escapa. O tipo encontrara o antítipo por ocasião da morte do Filho de Deus. Foi feito o grande sacrifício." O Desejado de Todas as Nações, 726, 727.
Isto é precisão de tempo. Nenhum cumprimento mais exacto da profecia podia ser alcançado. Isto devia ser suficiente para impressionar todas as mentes com a compreensão que a mesma porção de tempo especificada na profecia deve ser cumprida no antítipo. "Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao tempo." O Grande Conflito, 398.
Para ser capaz de comparar os acontecimentos da morte e ressurreição de Cristo, é necessário conhecer o tempo da própria profecia. Isto está registado em Levítico 23:4-21. Estes versículos mostram que a Páscoa devia ser celebrada na tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. Por causa dos judeus serem ensinados a observar os seus dias religiosos e o Sábados a partir do pôr-do-sol, a festa seria celebrada na primeira parte do dia, não no final do dia. Por outras palavras, o resto da noite e todo o período da luz do dia que restava depois da festa da Páscoa ter sido comida. Estudai cuidadosamente o diagrama que acompanha esta página.
O dia que se seguia era a festa dos pães asmos que durava sete dias. Este dia era um Sábado cerimonial, um dia dedicado à santa convocação e no qual nenhum trabalho servil devia ser feito. Vede Levítico 23:7; Números 28:17, 18.
O dia a seguir, o décimo sexto do primeiro mês, era a festa das primícias, cinquenta dias depois chegava o Pentecostes.
Essa é a simples e facilmente compreendida sequência dos acontecimentos típicos. É igualmente simples comparar os acontecimentos da vida de Cristo com eles.
Na tarde da Páscoa, Jesus reuniu-Se com os discípulos no cenáculo.
"E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a Páscoa,
"E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze." Mateus 26:19-20.
Depois disso saiu com eles para o Jardim do Getsêmane, versículos 36-46, foi traído por Judas e preso, versículos 47-56, passou por vários julgamentos que ocuparam o resto das horas da noite, e na manhã seguinte, versículo 57 — capítulo 27:1-25. Foi crucificado à terceira hora, Marcos 15:25, e entregou a Sua vida à nona, Mateus 27:46-50.
Isto aconteceu cerca das três da tarde do décimo quarto dia. Antes do pôr-do-sol estava sepultado no túmulo de José onde repousou durante o Sábado. Às primeiras horas do dia seguinte, o primeiro da semana, o anjo do Senhor desceu do Céu, rolou a pedra, e sentou-se nela enquanto Jesus ressuscitava dos mortos e saiu do túmulo. Os relatos de Mateus e Marcos tornam isto muito claro.
"E, no fim do Sábado quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena, e a outra Maria foram ver o sepulcro.
"E, eis que houvera um grande terramoto, porque um anjo do Senhor, descendo do Céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela." Mateus 28:1, 2.
"E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios." Marcos 16:9.
Assim Jesus morreu e ressuscitou precisamente em harmonia com o tipo, embora seja claro que não passaram três dias e três noites completos entre a crucifixão no sexto dia e a ressurreição no primeiro. De facto, estão envolvidas apenas duas noites. Elas são o que chamaríamos as noites de Sexta e Sábado de acordo com a terminologia moderna ocidental. Para os judeus, segundo o que a Bíblia reconhece, foi a noite de Sábado e do primeiro dia da semana. Semelhantemente, estavam envolvidos apenas dois dias. Foram as horas do sexto dia que restavam e toda a porção de luz diurna do sétimo dia. Nenhuma parte do primeiro dia da semana foi passada na sepultura, porque Ele ressuscitou antes do Sol romper nesse dia.
A conformidade da história deste final de semana com a profecia mostra na verdade que todas as coisas foram cumpridas segundo o tempo e o tipo. Se assim não fosse, então a profecia não teria significado. Pior ainda, a Palavra de Deus ficaria desacreditada e não se poderia confiar nela. Quando isto acontece, ficamos numa posição em que a verdade não mais pode ser conhecida, não se pode confiar em Deus e a nossa eterna condenação está garantida. Dai graças por Deus não ser assim. A profecia é de confiança, porque ela foi cumprida à letra. Cristo morreu na tarde do dia da Páscoa, no décimo quarto dia do primeiro mês, repousou durante o dia que se seguiu que era o Sábado e ressuscitou como primícias no primeiro dia da semana. Não podia ser de outra maneira, tanto do ponto de vista da profecia como pelo facto de ser a repetição da obra da criação.


O Terceiro Dia

Na tarde de Domingo, dois discípulos caminhavam pela longa estrada para Emaús, quando Jesus, sem ser reconhecido, Se aproximou e os acompanhou. Eles não falavam profeticamente, nem pela inspiração, mas simplesmente contavam o que eles próprios tinham visto. Eles diziam: "E nós esperávamos que fosse Ele que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram." Lucas 24:21.
Ora se Cristo tivesse sido crucificado na Quarta-feira, como alguns defendem, então quando este testemunho foi feito, o primeiro dia da semana teria sido o quinto desde que essas coisas tinham acontecido. Mas uma vez que o primeiro dia da semana era designado como o terceiro dia, então o primeiro dos três apenas podia ser o anterior sexto dia da semana.
Paulo confirma a verdade acerca disto quando escreve, "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras.
"E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." 1Coríntios 15:3, 4.
O terceiro dia a partir do sexto é definitivamente o primeiro. O que é mais significativo é que Paulo afirma que a ressurreição no terceiro dia estava de acordo com as Escrituras e portanto um cumprimento delas. Ninguém compreendeu melhor do que o grande apóstolo, as profecias contidas nos serviços típicos do Antigo Testamento. Além do mais, compreendeu quão precisamente a morte e a ressurreição de Cristo tinha cumprido aqueles tipos.
Em harmonia com isto, Cristo que também tinha compreendido a sequência do tempo trazido à luz naqueles mesmos símbolos proféticos, predisse que ressuscitaria ao terceiro dia. Vede Mateus 16:21; 17:23; 20:19; Marcos 9:31; 10:34; Lucas 9:22; 18:33; 24:7, 46.
Nestes versículos, Cristo muito especificamente, declarou em cada um deles que seria morto e desde esse momento seria no terceiro dia que ressuscitaria.
"Porque ensinava os Seus discípulos, e lhes dizia: O filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e, morto Ele, ressuscitará ao terceiro dia." Marcos 9:31. Isto claramente testifica que depois de ter sido morto no primeiro dos três dias, ressuscitaria no último deles.


 O Grande Dia

Não há possibilidade de dúvida quanto à ocorrência da morte de Cristo ter sido no dia da Páscoa, porque Ele comeu-a com os Seus discípulos na tarde anterior. O dia que se seguiu seria o primeiro dos sete dias da festa dos pães asmos, que era um sábado cerimonial. Certas instruções eram dadas quanto ao modo de o observar.
"E aos quinze dias deste mês, é a festa dos asmos do Senhor; sete dias comereis asmos.
"No primeiro dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis;
"Mas sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis." Levítico 23:6, 7. vede também Números 28:17, 18.
Este dia não recaía sempre no mesmo dia da semana em cada ano, porque estava ligado a uma data do calendário. Portanto, era celebrado em diferentes dias da semana conforme os anos passavam. Ele era coincidente aproximadamente de sete em sete anos com Sábado do sétimo dia, que significava que o Sábado cerimonial e o Sábado do repouso semanal ocorriam no mesmo dia. Quando isto acontecia então era chamado um "Grande dia".
Se Jesus morreu no dia da Páscoa e sexto dia da semana, o dia que se seguia era o Sábado semanal e o cerimonial. Portanto teria que ser um dia de santa convocação e pode ser esperado que exista nas Escrituras um testemunho para este efeito. Assim está escrito:
"Os judeus, pois, para que no Sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era a preparação (pois era grande o dia de Sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados." João 19:31.
Isto prova irrefutavelmente que o dia a seguir à crucifixão de Cristo era de facto um dia de santa convocação que devia ser um Sábado semanal e também cerimonial.


Nenhuma Obra Servil

Uma significativa distinção adicional entre os Sábados regulares e os cerimoniais é encontrada no facto que, enquanto no sétimo dia absolutamente nenhuma obra era permitida, nos dias típicos apenas era proibida a realização de obra servil. Comparai o relato da lei dado a respeito de um em contraste com o outro. Do sétimo dia o Sábado está escrito: "Não farás nenhuma obra," nenhuma obra fareis." Êxodo 20:10; Levítico 23:3.
A respeito da instrução do primeiro dia da festa dos pães asmos lê-se: "Nenhuma obra servil fareis." Levítico 23:7. O mesmo se aplica à festa do Pentecostes, das Trombetas e das Primícias. Vede versículos 21, 25, 36. Somente no grande da expiação eram proibidas quaisquer obras. Versículo 31.
As diferenças entre as formas como que estes dois Sábados deviam ser observados, tornam-se importantes à luz do comportamento dos seguidores do Salvador no dia em que Ele repousou no túmulo. As mulheres que acompanharam o corpo de Jesus ao sepulcro, tinham regressado a casa com tempo suficiente para preparar as especiarias e os unguentos antes do pôr-do-sol e depois repousaram no Sábado conforme o mandamento.
"E as mulheres, que tinham vindo com Ele da Galileia, seguiram, também, e viram o sepulcro, e como foi posto o Seu corpo.
"E, voltando elas, preparam especiarias e unguentos; e no Sábado repousaram, conforme o mandamento." Lucas 23:55, 56.
A pergunta a ser feita neste ponto é: qual o mandamento, o que se refere à observância do sétimo dia, ou o que respeita ao Sábado cerimonial? Se fosse o primeiro, não trabalhariam nesse dia de Sábado. Elas não viriam ao sepulcro para ungirem o corpo de Jesus, mas esperariam até findar o dia e o primeiro dia da nova semana tivesse começado.
Por outro lado, ungir um corpo morto não era uma obra servil. Isto elas podiam fazer e fariam no Sábado cerimonial.
Portanto, o facto que não fizeram qualquer obra nesse Sábado em particular, conforme o mandamento, prova para além de qualquer sombra de dúvida que era o Sábado do sétimo dia.
A ideia que uma crucifixão à Quarta-feira tal como ensinada por alguns é completamente desacreditada pela acção das mulheres. Se Cristo tivesse sido crucificado nesse dia, as mulheres nesse mesmo dia teriam preparado as especiarias e os unguentos para ungirem o Seu corpo, porque esperariam até à manhã de Domingo para irem ao túmulo? Teriam ido na primeira oportunidade, que seria o mais tardar na Sexta-feira.
Se Ele tivesse morrido na Quarta-feira, então esse era o dia da Páscoa, fazendo da Quinta-feira o primeiro dia da festa dos pães asmos. Nada havia no mandamento que as impedisse de irem nesse dia, mas mesmo se o fizessem, então Sexta-feira era o dia das primícias que não era considerado um dia de santa convocação em que não podiam fazer qualquer obra servil. Mesmo que não pudessem fazê-lo na Quinta-feira, certamente o fariam na Sexta, e teriam aproveitado a oportunidade em vez de esperarem até Domingo altura em que a decomposição do corpo já se teria iniciado. Nada na acção das mulheres dá fundamento à ideia de uma crucifixão na Quarta-feira. Tudo confirma que Ele morreu na Sexta-feira e ressuscitou no Domingo.
O clima na Palestina é bastante quente assegurando que se Cristo tivesse sido colocado no túmulo durante três dias e três noites completos, a decomposição ficaria bastante avançada, quebrando assim a palavra de Deus que dizia não ser assim. Na manhã do Pentecostes, Pedro apontou o facto de Cristo ter ressuscitado tão rapidamente depois da morte excluindo a possibilidade do Seu corpo sofrer corrupção, era prova suficiente que Ele era o Messias. O Altíssimo, através de David, tinha registado a promessa que o corpo de Cristo não sofreria corrupção como no caso daqueles que não experimentam uma rápida ressurreição.
"Porque d'Ele disse David: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está a Minha direita, para que Eu não seja comovido;
"Por isso se alegrou o Meu coração, e a Minha língua exultou; e ainda a Minha carne há-de repousar em esperança;
"Pois não deixarás a Minha alma no Hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;" Actos 2:25-27.
Nos dias de Pedro havia quem pudesse ter pensado que a profecia se referia a David, mas o apóstolo tornou claro que estas palavras foram escritas acerca de Cristo. Ele recordou que David ainda estava na sepultura, assim, ao contrário de Cristo que tinha tido uma rápida ressurreição a fim de evitar que a corrupção tivesse lugar, o corpo de David tinha-se decomposto completamente.
"Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente, acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está, até hoje, a sua sepultura.
"Sendo, pois, ele, profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido, com juramento, que do fruto dos seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para O assentar sobre o Seu trono.
"Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo; que a Sua alma não seria deixada no Hades, nem o Seu corpo veria a corrupção." Actos 29-31.
Assim Pedro confirma sob inspiração que a profecia feita através de David foi cumprida literalmente, porque a carne de Cristo não viu a corrupção.
Esta evidência defende a posição geral das Escrituras que Cristo morreu no sexto dia, repousou na sepultura durante o sétimo, e ressuscitou no primeiro dia.


Três Dias e Três Noites

Contra todas estas evidências há uma que parece testificar o contrário, apontando para um período mais longo no túmulo. O mesmo Jesus que declarou uma e outra vez que seria morto mas ressuscitaria ao terceiro dia, também disse que "Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três e três noites no seio da terra." Mateus 12:40.
Cristo não se contradiz. Contudo, se Ele tivesse passado três dias e três noites na sepultura, então certamente não podia ter ressuscitado no terceiro dia. Pelo contrário seriam quatro dias.
Mas, em que base se afirma que a expressão, "no seio da terra", significa estar na sepultura? Não há autoridade escriturística para isto. Pelo contrário, a evidência é que não significa isso. As próprias palavras de Cristo provam que elas significam outra coisa, porque Ele disse que depois de ser morto, ressuscitaria no terceiro dia, indicando desse modo um período mais longo para a Sua permanência no seio da terra.
Deve ser salientado que nesta e também noutras publicações nossas, "que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação". 2 Pedro 1:20. Ninguém deve simplesmente assumir o que esta ou outra expressão na Palavra de Deus quer dizer. A Bíblia deve ser o seu próprio dicionário. Em algum lugar nas suas páginas está um testemunho paralelo ou uma explicação que revela o mistério da passagem difícil em consideração.
No Antigo Testamento, "o rolo do livro", há uma profecia que prediz a experiência de Cristo quando estava no seio da terra. Ela encontra-se no Salmo 40.
Não pode haver dúvida que esta é uma profecia acerca de Cristo, porque Paulo trata-a como tal, citando-a directamente em Hebreus 10:5-7 nos seus ensinos a respeito de Cristo.
"Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste;
"Holocaustos e oblações pelo pecado não Te agradaram.
"Então disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade.
"Como acima diz, Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei)." Hebreus 10:5-7.
Esta é uma citação directa de Salmo 40:6-8. Em todo o Salmo do qual é tirado este extracto, não há mudança da pessoa do sujeito. Portanto, tão seguramente como estes versículos são uma profecia de Cristo, também os restantes são. De interesse prático na ligação com este estudo são os primeiros três:
"Esperei com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para Mim, e ouviu o Meu clamor.
"Tirou-Me de uma cova horrível, de um charco de lodo, pôs os Meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos;
"E pôs um novo cântico na Minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor." Salmos 40:1-3. (tradução da Bíblia K. James.)
Isto descreve uma experiência pela qual o Salvador passou durante algum tempo da Sua vida na Terra. Não se pretende transmitir a ideia que Ele passou um período no fundo duma cova literal a qual era um charco de lodo. A linguagem é obviamente figurativa ou simbólica, o lago, a rocha, e o lodo representam elementos espirituais.
Na Bíblia, uma cova descreve um buraco no solo, e refere-se à sepultura, também descreve as profundidades em que o pecado nos tem degradado. Portanto, neste sentido final é um símbolo do pecado, de modo que estar na cova é estar carregado com um grande e esmagador peso de pecado.
"É-nos impossível, por nós mesmos, sair do abismo de pecado em que estamos mergulhados." Aos Pés de Cristo, 16.
O universo verá através do ministério de Cristo, "a raça caída, elevada do abismo em que o pecado a imergira.…" Testemunhos Selectos 2:342.
"Cristo é capaz de tirar o maior pecador do abismo de degradação, e colocá-lo onde será reconhecido como filho de Deus, herdeiro com Cristo numa herança imortal." Testimonies 7:229.
Como Cristo nunca esteve literalmente num abismo com os Seus pés num charco de lodo, é óbvio que foi o abismo de pecado em que foi colocado e do qual esperou pacientemente até o Senhor ouvir o Seu clamor e elevar os Seus pés para uma sólida rocha. A expressão do Novo Testamento, "o seio da terra", é o paralelo da que se encontra em Salmo 40, uma horrível cova. O tempo em que Jesus esteve nesse horrível abismo foi o mesmo tempo em que esteve no seio da terra.
Alguns podem argumentar em contrário que Jesus nunca esteve no abismo do pecado como os homens estão e portanto nunca necessitou de ser elevado dele, mas isto é compreender mal a profundidade da Sua condescendência e extensão da Sua identificação com o homem caído. As únicas diferenças entre Ele e nós são que nós encontramo-nos num abismo feito por nós próprios e, enquanto sofremos unicamente o charco de lodo e treva dos nossos próprios pecados, Ele tomou sobre Si os pecados de toda a humanidade.
Mas, apesar deles não serem os Seus pecados, sofreu-os tão completamente que sentiu a sua treva e horror como se fossem propriamente Seus. Sofreu sob o seu peso como se eles tivessem sido cometidos por Si. Conhecia verdadeiramente, pela experiência pessoal, o que significava estar no abismo desse horrível charco, o seio da terra, no charco de lodo.
"Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e nós o reputámos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
"Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados." Isaías 53:4, 5.
Tal como os pecadores com quem Ele tão totalmente se identificou, foi também incapaz de salvar-se a Si próprio desse charco de lodo, do seio da terra. Ele tinha que clamar ao Seu Pai para o salvar e em seguida esperar pacientemente até essa salvação poder ser efectuada exactamente como qualquer pecador tem que fazer, como está escrito:
"Esperei com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para Mim, e ouviu o Meu clamor.
"Tirou-Me de uma cova horrível, de um charco de lodo, pôs os Meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos;
"E pôs um novo cântico na Minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor." Salmo 40:1-3. (tradução da Bíblia K. James.)
Paulo do mesmo modo declara acerca da experiência de Cristo quando do fundo do abismo Ele clamou a Deus que O salvasse:
"O qual, nos dias da Sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas, ao que O podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia;" Hebreus 5:7.
Estas Escrituras confirmam a grande verdade salvadora que Cristo esteve verdadeiramente no abismo e conhecia por Si próprio a treva, o horror, o desencorajamento, a depressão, miséria, desamparo, desespero, e agonia que isso traz. Tal como qualquer pecador perdido, Ele tinha que se agarrar com interminável fé ao Pai para O elevar a terreno firme, à sólida rocha. Esta é a experiência a que Cristo se referiu quando falou acerca de estar três dias e três noites no seio da terra. Deve ser compreendido que Ele nunca disse que estaria na sepultura durante esse período, mas no seio da terra. Quando falou em estar na sepultura, especificou que ao terceiro dia ressuscitaria, dando assim um período de tempo menor.
As perguntas que faltam agora são acerca de quando foi Ele para o abismo e quanto tempo esteve ali? As próprias palavras de Cristo tornam claro que Ele não passou todo o tempo da Sua jornada terrestre ali, porque falou disso como uma experiência futura em Mateus 12:40. "Assim estará o Filho do homem três e três noites no seio da terra."
Mas a experiência já não era futura quando Ele entrou no Jardim do Getsêmane. Então, todo o peso do pecado da humanidade estava sobre Ele, abatendo-O até ao seio da terra, ao abismo horrível, e ao charco de lodo. Até essa altura, Ele caminhara à luz da presença de Deus mas em seguida uma grande mudança ocorreu quando se tornou o portador dos pecados em favor da família humana. Esta transição é muito claramente expressa no seguinte testemunho:
"Jesus estivera conversando animadamente com os discípulos, instruindo-os; mas ao aproximar-Se do Getsêmane, tornou-Se estranhamente mudo. Muitas vezes lá estivera, para meditar e orar; mas nunca com o coração tão cheio de tristeza como nessa noite de Sua última agonia. Durante Sua vida na Terra, andara à luz da presença de Deus. Quando em conflito com homens que eram inspirados pelo próprio espírito de Satanás, podia dizer: 'Aquele que Me enviou está comigo; o Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada.' João 8:29." O Desejado de Todas as Nações, 658.
Até aqui o testemunho está a falar da situação de Cristo como se ela fosse anterior a este momento. Não é com certeza uma ilustração de um homem abatido ao abismo do pecado, mas pelo contrário daquele que caminha à luz do amor e aprovação de Deus. Agora o testemunho continua descrevendo a mudança que teve lugar na situação de Cristo.
"Agora, porém, parecia excluído da luz da mantenedora presença de Deus. Era então contado entre os transgressores. Devia suportar a culpa da humanidade caída. Sobre Aquele que não conheceu pecado, devia pesar a iniquidade da raça caída. Tão terrível Lhe parece o pecado, tão grande o peso da culpa que deve levar sobre Si, que é tentado a temer que ele O separe para sempre do amor do Pai. Sentindo quão terrível é a ira de Deus contra a transgressão, exclama: 'A Minha alma está profundamente triste até à morte.'" O Desejado de Todas as Nações, 658.
Neste ponto Ele foi contado com os transgressores. Onde é que eles se encontram? No abismo do pecado, no seio da terra, e no charco de lodo. Portanto, se Ele é contado com eles, então aí é onde tem que estar ao mesmo tempo, no abismo.
Quando aconteceu isto?
Foi na Quinta-feira à noite segundo a nossa contagem, ou nas horas da tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. É a partir desse ponto que os cálculo dos três dias e três noites devem começar. Isto não precisa que passem setenta e duas horas, porque Jesus não contou o tempo dessa maneira. Se apenas uma parte do dia estivesse envolvida, continuava a contar por um dia neste tipo de cálculo. Este sistema é chamado método da inclusão.
Os sofrimentos de Cristo continuaram durante toda a noite e todo o dia seguinte até ao momento em que morreu na cruz. Os sofrimentos físicos foram verdadeiramente terríveis durante esse tempo, mas em nada se compararam com a agonia mental e espiritual experimentada em virtude do peso do pecado que estava sobre Ele. Com pressão sempre crescente aproximou-se rapidamente d'Ele, enchendo-O com o temor da eterna separação do Seu Pai, e encontrando expressão final no terrível clamor profeticamente proferido no Salmo 22.
"Deus Meu, Deus Meu, porque Me desamparaste? Porque Te alongas das palavras do Meu bramido, e não Me auxilias?
"Deus Meu, Eu clamo de dia, e Tu não Me ouves; de noite, e não tenho sossego.
"Porém Tu és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel.
"Em Ti confiaram nossos pais; confiaram, e Tu os livraste.
"A ti clamaram e escaparam: em Ti confiaram, e não foram confundidos.
"Mas Eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
"Todos os que Me vêem zombam de Mim, estendem os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:
"Confiou no Senhor, que O livre: livre-O, pois n'Ele tem prazer.
"Mas Tu és o que Me tiraste do ventre: o que preservaste, estando ainda aos seios de minha mãe.
"Sobre Ti fui lançado desde a madre; Tu és o Meu Deus desde o ventre de Minha mãe.
"Não te alongues de Mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.
"Muitos touros Me cercaram; fortes touros de Bazan Me rodearam.
"Abriram contra Mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.
"Como água Me derramei, e todos os Meus ossos se desconjuntaram; o Meu coração é como cera, derreteu-se no meio das Minhas entranhas.
"A Minha força se secou como um caco, e a língua se Me pega ao paladar, e Me puseste no pó da morte.
"Pois Me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores Me cercou, traspassaram-Me as mãos e os pés.
"Poderia contar todos os Meus ossos: eles vêem e Me contemplam.
"Repartem entre si os Meus vestidos, e lançam sortes sobre a Minha túnica.
"Mas tu, Senhor, não Te alongues de Mim: força Minha, apressa-Te em socorrer-Me.
"Livra a Minha alma da espada, e a Minha predilecta da força do cão.
"Salva-Me da boca do leão, sim, ouve-Me, desde as pontas dos unicórnios."
Embora os escritores do evangelho não citassem Cristo a expressar estes pensamentos desesperados, este Salmo revela que Ele o fez, de facto, assim foi. Foi uma inexplicável prova física a que passou. Deste ponto em diante, o tom do Salmo muda. Pela fé e unicamente pela fé, Cristo se elevou do testemunho das trevas da vista e das circunstâncias, e, apesar da pressão do pecado que pesava sobre Ele mais do que nunca, viu a vitória final e regozijou-Se em tudo o que seria realizado por esse meio.
No momento da morte de Cristo, já tinha estado no abismo, o seio da terra, uma noite e um dia. Mas a sua morte não O libertou. Quando foi para a sepultura, continuava a transportar o terrível peso do pecado sobre Si. Portanto, enquanto esteve no túmulo, ainda estava no abismo, o seio da terra. Deve contudo ficar claro que a Sua ida para a sepultura não foi a Sua ida para o seio da terra, porque Ele já tinha entrado nesta situação antes de morrer.
Nem a Sua saída do túmulo na manhã de Domingo O libertou da carga que carregava em lugar da raça humana. Não foi senão quando subiu ao Pai e recebeu a confirmação pessoal que o Seu sacrifício pelos pecados fora aceite por Deus que foi liberto desse tremendo peso. Somente então foi Ele por fim e completamente elevado das profundas trevas e estabelecido na Rocha.
Quando Maria se aproximou d'Ele pouco depois da Sua ressurreição e antes de ter ido ao Pai, advertiu-a para não tocar n'Ele. Isto não seria permitido até ter sido liberto dessa terrível responsabilidade.
"Disse-lhe Jesus: Não Me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai: mas vai para os Meus irmãos, e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus." João 20:17.
"Jesus recusou receber a homenagem de Seu povo até haver obtido a certeza de estar Seu sacrifício aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais, e ouviu do próprio Deus a afirmação de que Sua expiação pelos pecados dos homens fora ampla, de que por meio de Seu sangue todos poderiam obter a vida eterna." O Desejado de Todas as Nações, 759.
Se o período de tempo desde o momento que os pecados do mundo foram colocados sobre Cristo no Jardim até Ele receber a libertação do Seu Pai for contado, será verificado que passaram três dias e três noites. Foram as noites do décimo quarto, décimo quinto, e décimo sexto, ou como diríamos na moderna terminologia, noites de Quinta, Sexta e Sábado. Isto soma três noites.
Envolvidos estavam também os períodos diurnos das mesmas datas que na moderna terminologia são chamados Sexta, Sábado e Domingo. Estes foram os três dias que Ele esteve no seio da terra.
Assim, é um facto que Cristo esteve em baixo no horrível abismo do pecado durante três dias e três noites, embora não estivesse na sepultura durante todo esse tempo. Embora a profecia necessitasse que Ele estivesse no seio da terra durante três dias e três noites, não precisava que fosse para o túmulo durante tanto tempo. Pelo contrário, a predição foi que ressuscitaria ao terceiro dia, o que Ele fez. Não há contradição entre estas especificações, nem qualquer enfraquecimento do princípio que Cristo tinha que morrer no sexto dia e ressuscitar no primeiro a fim de viver pelos princípios da Sua obra criadora estabelecidos desde a eternidade e fielmente seguidos na criação do mundo e seus habitantes.
Com maravilhosa precisão, todas as profecias, tipos, símbolos e princípios se juntam num perfeito foco na cruz e subsequente ressurreição. Isto é em si mesmo uma obra-prima do planeamento divino que nos deixa maravilhados perante a sua perfeição e beleza.
Bastante curiosamente, os principais defensores da crucifixão na Quarta-feira e ressurreição no Sábado são observadores do Sábado do sétimo dia e fortemente ensinam esta obrigação. Portanto, parece que estão a construir esta grande e maravilhosa verdade. Mas a aparência é enganadora. Em vez disso, os ensinamentos destroem-na porque, quando o Sábado é separado do poder de Deus, é tirado do seu lugar e é inteiramente ineficaz.
Mas como é que a teoria da ressurreição ao Sábado separa o Sábado do evangelho?
No primeiro caso, fá-lo substituindo a verdade de Deus acerca do Sábado e da crucifixão, com a teoria dos homens acerca destas coisas. É novamente uma tentativa de construir o reino de Deus à maneira do homem.
Mas não é tudo. O mesmo padrão da obra da criação deve operar na obra da redenção, porque esta é uma repetição pela restauração do reino original. O padrão é que o Senhor completa a Sua obra da criação no sexto dia, repousa durante o Sábado e começa a Sua obra seguinte no primeiro dia. Portanto, Cristo tinha que morrer na Sexta-feira, repousar durante o Sábado e ressuscitar no primeiro dia.
Significa isto que outros milagres de ressurreições, tal com a de Lázaro, tivessem que ter lugar no primeiro dia da semana? Definitivamente que não! Elas podiam ser realizadas, tal como foram, em qualquer dia da semana incluindo o Sábado.
Qual é a diferença?
Somente a morte e ressurreição de Cristo finalizariam a obra da criação e começaria uma outra. Portanto, somente Ele tinha que morrer na Sexta-feira e ressuscitar no Domingo. Todos os outros podiam morrer e ser curados ou ressuscitados em qualquer dia da semana.
No evangelho então, Cristo tinha que morrer na Sexta-feira e ressuscitar no Domingo. Ensinar outra coisa rouba ao Sábado o seu poder criador.
Ensinar que Cristo adoptou um princípio de operação diferente na obra da segunda criação é dar apoio à mentira de Satanás que a original era imperfeita e portanto tinha que ser modificada e melhorada quando fosse restaurada. Fazer isto é colocar-se ao lado do arqui-enganador e contra Cristo e Sua obra.



Capítulo 3

A Ressurreição e o Sábado


A ressurreição de Cristo confirma e dá beleza ao Sábado do mesmo modo como a cruz do Calvário o faz. O princípio que garante esta verdade é que a obra de Cristo ao vir para morrer pelo homem e voltar de novo à vida, foi a obra da repetição da criação do homem e do mundo. Por causa da primeira criação ser uma obra perfeita, que não precisava de modificações ou melhoramentos, o Senhor Jesus, Aquele que é imutável e não tem variação, faria coincidir essa perfeição fazendo a segunda obra exactamente como havia feito a primeira. Se Ele de alguma maneira se tivesse desviado dos procedimentos adoptados na primeira, seria admitir, para imensa satisfação de Satanás, que a primeira não havia sido, de facto, absolutamente perfeita.
No início então, Cristo estabeleceu o sexto dia como o dia para a finalização da Sua obra e o primeiro como o dia para novos começos. O sétimo dia foi instituído como o memorial da manifestação do Seu poder tanto naqueles dias, como nos outros entre eles. Esta é a Sua forma de trabalhar. Ele tinha revelado isto claramente ao Seu povo em todas as Escrituras e é responsabilidade nossa aceitar simplesmente e crer nesse facto. Ele tem dado ênfase adicional que nunca muda ou modifica os Seus caminhos. Portanto, estes princípios de operação estão estabelecidos para sempre. Deste modo eles tornaram-se o padrão de medição pelo qual os ensinos apresentados podem ser julgados como sendo a verdade ou algo diferente.
Por exemplo, qualquer que apresente a ideia que Cristo não finalizou o Seu ministério terrestre de morrer pelo pecado e revelar o carácter de Deus no dia da finalização, o sexto, é obviamente ensinar o contrário à verdade de Deus. A sua mensagem não lhe foi dada pelo Senhor e não há obrigação para ouvir tais erros.
Se, por outro lado, pudesse ser provado para além de qualquer dúvida razoável que Cristo não morreu no sexto dia, nem ressuscitou no primeiro, então Ele não era o verdadeiro Messias e os judeus estavam certos ao rejeitá-l'O. Para louvor de Deus pode ser claramente dito que essas provas não existem. Pelo contrário, a prova é que Ele morreu realmente no sexto dia e ressuscitou no primeiro dia da semana.
Nenhum traço de desvio pode ser detectado entre a actuação de Cristo, o Criador, na criação original e a criação que a substituiu. Com tanta certeza é isto assim, que o Sábado continua a ter o mesmo lugar e permanência em ligação com a segunda criação como teve na primeira. Portanto, assim como o Sábado foi o memorial daquilo que Deus fez no primeiro dia da semana juntamente com os outros cinco, assim continua a ser o poder de Deus manifestado na ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana. Não pode ser doutro modo.
Numerosas têm sido na verdade as tentativas e astutas razões pelas quais os homens, ao serviço do príncipe das trevas, têm procurado obliterar o Sábado de Deus. Mas, apesar de milhões terem sido persuadidos por estes enganos, o Sábado em si mesmo permanece ainda e permanecerá para sempre. Ele sai de qualquer ataque, brilhando com luz ainda maior, embora pareça algumas vezes ter sido fatalmente derrotado.
O mais comum e aparentemente bem sucedido devastador ataque é realmente baseado na sólida verdade, porque é um facto que a ressurreição, sendo um maravilhoso e memorável acontecimento, necessita de um dia especial que o comemore. Mas isto não dá ao homem autoridade para prosseguir com a escolha desse dia. Somente Deus tem o direito de fazer isto. Contudo, o argumento em defesa do Domingo é que os homens o observam como um dia de respeito e alegre memorial da ressurreição de Jesus, ao passo que, ao mesmo tempo, admitem que não têm justificação escriturística para o fazerem.
A igreja Católica Romana é a principal voz nisto. John A. O'Brien no seu livro, The Faith of Millions, que é descrito como uma autoridade na igreja Católica Romana e tem o selo da igreja, escreve o seguinte:
"Porque foi o Domingo escolhido? Porque nesse dia Cristo ressuscitou da morte e o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos. A ressurreição foi o maior milagre que Cristo operou e demonstrou duma forma notável a divindade de Cristo e Sua Igreja. No Pentecostes o Espírito Santo entrou na Igreja para ser a fonte da sua vida divina e habitar com ela para sempre.
"A Igreja recebeu, do Seu Fundador, Jesus Cristo, a autoridade para fazer tais alterações. Ele solenemente conferiu à Sua Igreja o poder, para legislar, governar e administrar…. O poder das chaves. Deve ser notado que a Igreja não mudou a lei divina que obriga os homens a adorar, mas apenas alterou o dia em que essa adoração pública devia ser feita; assim a lei em causa era simplesmente uma lei cerimonial.
"Mas uma vez que o Sábado, não o Domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não-católicos que professam receber a sua religião directamente da Bíblia e não da Igreja, observem o Domingo em vez do Sábado? Sim, evidentemente, isto é inconsistente; mas esta mudança foi efectuada há cerca de quinze séculos antes do Protestantismo nascer e nessa altura o costume era universalmente observado. Eles continuaram o costume, embora o seu fundamento seja a autoridade da Igreja Católica e não um específico texto da Bíblia." The Faith of Millions, 543, 544.
Há algumas declarações verdadeiras neste testemunho que são dignas de atenção. É notado primeiramente que a igreja Católica Romana abertamente admite que foi ela quem instituiu o Domingo como um memorial da ressurreição, em segundo lugar, que não há um único texto na Bíblia que autorize a alteração e em terceiro lugar, que o mundo Protestante seguiu a suas instruções e reconheceu a sua autoridade em que também argumenta que o Domingo é o memorial da ressurreição.
Há verdade inegável na afirmação que "a ressurreição foi o maior milagre que Cristo operou e demonstrou duma forma notável a divindade de Cristo."
Foi na verdade uma manifestação desse mesmo poder pelo qual o Senhor deu existência aos mundos e pelo qual obteve a vitória na cruz. Paulo declara acerca disto:
"E qual a sobre-excelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder,
"Que manifestou em Cristo, ressuscitando-O dos mortos, e pondo-O à Sua direita nos céus,
"Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;
"E sujeitou todas as coisas a Seus pés, e colocou-o como Cabeça sobre todas as coisas na igreja.
"Que é o Seu corpo, a plenitude d'Aquele que cumpre tudo em todos." Efésios 1:19-23.
O Deus eterno estabeleceu na eterna justiça um memorial das Suas poderosas obras, seja na criação original, na libertação da escravidão do Egipto, na vitória da cruz, ou na ressurreição de Cristo. Esse memorial é o Sábado.
Quando um acontecimento de grande significado ocorre na experiência humana tal como a libertação de uma nação da servidão de um despotismo anterior, os homens designam um dia para ser observado desde então como uma recordação do acontecimento. O dia escolhido será na mesma data em que ocorreu o acontecimento. Por exemplo, em 14 de Julho de 1789, um grupo de parisienses armados tomou a Bastilha, a famosa prisão que se tinha tornado o símbolo da tirania nacional. Desde 1880, o 14 de Julho tem sido observado como um feriado nacional em que a vitória é de novo celebrada. Em todas as nações da Terra, esta prática é seguida quando honram alguma data de grande significado do seu passado.
Mas Deus nem sempre fez isto no passado. Por exemplo, Deus procurou que a verdadeira data para o nascimento de Cristo nunca fosse registada no compêndios de história ou nas sagradas Escrituras. Apenas uma coisa é certa. Cristo não nasceu em 25 de Dezembro. Nesse período frio do ano, os pastores não se encontravam em campo aberto porque nem os rebanhos nem os pastores podiam suportar as difíceis condições. 25 de Dezembro é em seu lugar o dia do nascimento de Tamuz, o filho ilegítimo de Semiramus que foi rainha de Babilónia. Este filho tornou-se a divindade terrestre nos mistérios de Babilónia e é a pessoa que formou o centro dessa religião que, durante o Antigo Testamento, foi o anticristo. O facto do dia de adoração semanal ligado com este sistema religioso ser o primeiro dia da semana tem um significado mais do que passageiro.
Assim o Antigo Testamento teve uma organização religiosa na qual foi colocado como divindade, um homem para quem não havia qualquer suporte escriturístico. Ele era uma escolha e eleição feita pelo homem. Isto já era suficientemente grave, mas o que o torna muito pior é o facto que foi colocado pelo homem, como um homem no lugar de Deus. A somar a isto, colocaram um dia de adoração escolhido pelo homem no lugar do dia designado por Deus.
Porque durante seis dias da semana, Deus manifestou o Seu poder criador ao fazer a Terra, sua cobertura de vegetação e sua população viva. Mas não escolheu fazer de qualquer destes dias o memorial daquilo que tinha sido feito neles. Escolheu outro dia, o Sábado, para cumprir este papel.
Mais tarde, demonstrou o Seu poder ao libertar os israelitas da escravidão egípcia. As Escritura não nos dizem em que dia da semana isto aconteceu. Nada há para sugerir que foi no Sábado, nem teria sido consistente com Deus levá-los a sair nesse dia. Qualquer que tenha sido o dia da semana, Deus com certeza não o apontou como dia santo entre eles. Em vez disso, informou-os que o Sábado, à medida que este se repetia em cada semana, devia ser a lembrança das poderosas obras de Deus nesse outro dia.
A experiência individual da santificação chegou a pessoas diferentes em diferentes dias da semana. Deus não instruiu o homem que experimentou a conversão no terceiro dia para escolher esse dia como lembrança da operação do poder de Deus nele. Nem o homem convertido no primeiro dia, ou outro dia, recebeu instrução para escolherem esses dias com esse propósito. A cada um foi dito que o Sábado devia ser o dia em que lembrariam aquilo que Deus havia feito neles.
Quando é feita a transição para o Novo Testamento, não há testemunhos de Deus para indicar que Ele mudou a Sua forma de agir. Mas há testemunhos que confirmam que Ele não muda os Seus procedimentos e métodos.
Aquele que no Antigo Testamento havia testemunhado, "Eu, o Senhor, não mudo;" Malaquias 3:6, no Novo Testamento continua a declarar sobre Si mesmo que é o "Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação". Tiago 1:17.
Tivesse Deus, no tempo do Novo Testamento, alterado a Sua forma de comemorar um acontecimento, isto teria sido uma enorme modificação, mas o testemunho declara que não há sequer uma sombra de mudança. Portanto, podemos repousar na certeza que Deus "é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente." Hebreus 13:8.
É mais simples quando temos algo em que possamos confiar absolutamente. Não há necessidade de nos preocuparmos em acompanhar esta ou aquela mudança à medida que ela se desenvolva. Esta confiança lança fora todo o receio.
Na base destes grandes princípios de um imutável e invariável Deus, há uma comparação valiosa feita entre a obra de Deus no primeiro dia da criação e a ressurreição de Cristo.
Na obra original, pelo Seu grandioso poder, Ele falou e houve luz. Quando esta brilhou e desfez as trevas, foi uma coisa maravilhosa, trazendo uma bênção ao homem digna de incessante comemoração e gratidão. Foi com certeza um acontecimento que ultrapassou em muito a libertação obtida no Dia da Bastilha, a vitória americana na luta pela independência, ou o triunfo na Segunda Grande Guerra. Se estes acontecimentos são dignos de serem lembrados, então a criação da luz foi muito mais. Ela abriu aos homens maravilhosas bênçãos; ela é um elemento essencial tanto na sobrevivência como no avanço em todas as áreas da vida e enche a terra, o mar, e o céu com uma beleza doutro modo fechada em impenetráveis trevas.
Deus foi capaz de avaliar este valioso dom e viu-o digno de ser comemorado. Ao designar o dia em que o acontecimento devia ser recordado, não seguiu os métodos dos homens. Eles escolhem uma data no calendário e marcam-na para observância anual, mas Deus não fez isto. Em vez disso, escolheu um dia que deve ser observado, não numa base anual mas semanal. O dia escolhido não foi o mesmo dia em que o acontecimento ocorreu. Era um dia completamente separado. Para comemorar o que aconteceu no primeiro dia da semana, Deus escolheu o sétimo, como um memorial. Este dia memorial não é apenas o dia especial para recordar a obra criadora de Deus no primeiro dia, mas do que Ele realizou também em cada um dos outros dias dessa primeira semana.
Assim Deus dividiu a semana em duas partes. A primeira parte ocupada pelos seis dias, foi a porção em que Ele trabalhou, enquanto a outra, o sétimo dia, que foi escolhido como o memorial daquilo que tinha sido feito durante o primeiro e mais longo período.
Ninguém pode com sucesso argumentar que isto não é assim, pois Deus declarou que foi isto que fez. No primeiro capítulo de Génesis, o Espírito Santo descreve as progressivas obras feitas em cada sucessivo dia da criação. Na primeira parte do capítulo seguinte isto é descrito de forma diferente no qual Deus tratou do sétimo dia.
"Assim os céus, e a terra e todo o seu exército foram acabados,
"E havendo Deus acabado no dia sétimo a Sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a Sua obra, que tinha feito.
"E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua obra, que Deus criara e fizera." Génesis 2:1-3.
Deus não faz as coisas numa base temporária. Portanto, o que Ele estabeleceu ali foi para a eternidade. Desde esse ponto em diante, Ele pretendia que ele fosse a aceite e inquestionada instituição entre o Seu povo. Mas este esqueceu as Suas obras e os Seus caminhos necessitando que Ele lhes recordasse a distinção divinamente instituída entre os primeiros seis dias e o sétimo.
Por esta razão, quando Israel chegou ao Sinai, o momento oportuno tinha chegado para repetir os princípios do governo de Deus. Isto nunca devia ter sido necessário, mas tornou-se necessário porque as suas mentes se tinham obscurecido pela transgressão ao ponto de terem esquecido a distinção entre os primeiros seis dias e o sétimo.
Assim Deus recordou-lhes que Ele lhes havia dado seis dias para fazerem a sua obra mas que o sétimo dia fora dado numa base diferente. Ele pessoalmente o tinha santificado como um memorial da sua obra criadora. Havia um abençoado propósito de amor ao fazer assim. À medida que este estudo se desenvolva, a sabedoria da Sua acção tornar-se-á cada vez mais clara.
Quando Deus proclamou a lei no Monte Sinai, não disse algo diferente daquilo que havia dito anteriormente em Génesis. Comparai cuidadosamente relato de Génesis citado atrás com as palavras escritas em Êxodo.
"Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar.
"Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra;
"Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
"Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia, descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do Sábado, e o santificou." Êxodo 20:8-11.
A comparação do relato de Génesis com este, confirma que não há o mais pequeno desvio entre aquilo que Deus havia estabelecido no Éden e o que reafirmou no deserto. Tanto antes do pecado ter aparecido como depois dele, as obras de Deus eram as mesmas.
Deve ser esperado então, que à medida que os séculos passassem, nunca deveria haver qualquer desvio nos caminhos de Deus. Um acontecimento comparável ao chamamento da luz no primeiro dia da semana, foi a ressurreição de Cristo, que, como luz do mundo, foi chamado das trevas para a luz nessa maravilhosa manhã. Enquanto as horas anteriores a este acontecimento passavam, a escuridão que O envolvia era de igual intensidade às horas antes de Deus ter feito a luz. Nenhum homem na Terra, incluindo os discípulos que O amavam e desejavam vê-l'O ressuscitar, tinham poder para dispersar esse manto negro. Apenas pelo poder de Deus e nenhum outro seria isso realizado.
Assim tinha sido na manhã do primeiro dia da criação.
Portanto, Deus fez a mesma coisa na ressurreição de Cristo tal como tinha feito quando disse, "Haja luz" e aconteceu exactamente o que Ele disse. Muitos considerariam mesmo o chamamento de Cristo para a Terra dos vivos, como sendo mais digno de nota e comemoração do que qualquer outro. Não há dúvida que este é um dos maiores acontecimentos da eternidade e é mais digno de ser lembrado para sempre, como na verdade será.
Quando qualquer ser humano que experimente o poder salvador da graça de Deus, vê e aprecia o significado da ressurreição de Cristo, terá naturalmente um grande entusiasmo por um memorial do acontecimento. Mas ninguém se renda à tentação de criar um memorial desses, porque isto não deve ser feito pelos homens. Deus determina isto. Ao fazê-lo, Ele agirá de harmonia com os eternos conselhos da Sua infinita sabedoria e amor. Ali, Ele determinou que os primeiros seis dias não são dias usados como memoriais de qualquer manifestação do Seu poder. Outro dia, o sétimo, foi apontado por Ele para este propósito.
Cristo foi perfeito ao fazer a vontade do Pai. Ele não veio introduzir inovações aos caminhos do Seu Pai, mas conformar-se com eles em todo o pormenor, desse modo estabelecendo um exemplo para nós. Assim Ele repousou no sétimo dia e ressuscitou para participar nas maravilhosas obras de Deus no primeiro dia da semana.
Portanto conclui-se que o sétimo dia da semana é o memorial da ressurreição de Cristo e nenhum outro. É verdade que não temos uma declaração específica de Deus para este efeito comparável ao Seu claro testemunho em Génesis. Mas não é preciso qualquer confirmação. No início, Deus deu os primeiros seis dias com um certo propósito e o sétimo com outro. Não há necessidade que Ele repita isto consecutivamente. Uma vez é suficiente. Foi apenas repetido no deserto porque o povo estava tão espiritualmente cego que tinham perdido completamente o seu caminho e não podia encontrá-lo de novo. Mas nós vivemos num século iluminado em que nenhuma desculpa pode ser apresentada para não ver estes princípios vitais.
O que temos é o testemunho de Cristo. Ele demonstrou que o único caminho que conhecia era o de Seu Pai. Ele sabia o que o Ser Eterno tinha feito com os dias da semana e agiu, viveu, morreu, repousou e ressuscitou em exacta harmonia com estes princípios.
Se Deus, através de Cristo, tivesse considerado uma mudança tão radical como a alteração do que Ele pessoalmente havia estabelecido nesse ponto, com certeza tê-lo-ia comunicado aos Seus filhos na Terra em palavras claras. Podemos estar certos disso porque Ele pessoalmente disse que assim faria.
"Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas." Amós 3:7.
Não houve falta de profetas nos dias que se sucederam à ascensão de Cristo, o próprio período durante o qual se afirma que a mudança do sétimo para o primeiro dia da semana foi feita. Contudo, Deus não deu a missão a qualquer deles para declarar que essa mudança tinha sido feita. Se o Senhor na verdade fizesse alguma alteração, mas não o dissesse aos Seus profetas, então verificar-se-ia que Ele seria uma pessoa que não cumpre as Suas promessas. Seria um Deus imperfeito, que, em virtude de cometer um erro, não se poderia confiar que cumprisse a Sua palavra. Pensai nas terríveis implicações que essa inconsistência da parte de Deus teria para nós. Verdadeira e viva fé seria uma impossibilidade prática, porque apenas podíamos crer quando víssemos isso acontecer realmente. Para a fé ter uma base, Deus tem que ser de absoluta e infinita confiança. Não pode haver um único exemplo em que Ele falhe em fazer o que disse que faria. Portanto, quando diz que nada fará a menos que revele o Seu segredo aos Seus servos os profetas, então não pode fazer coisa alguma sem fazer esta revelação. Se Ele tivesse decidido alterar o dia de comemoração do Sábado para o Domingo, então tê-lo-ia dito através dos profetas. A falta dessa comunicação, especialmente quando havia muitos profetas de quem se servir para falar, é a confirmação absoluta que o Senhor não muda, que o padrão que divide a semana em duas partes ainda se mantém. Os primeiros seis dias foram apontados por Deus para trabalhar, ao passo que o último é o memorial do que Deus fez nos primeiros seis dias. Assim ele foi estabelecido no princípio, confirmado no Sinai, obedecido por Cristo na morte e ressurreição e assim será eternamente.
O principal defensor da transferência da santificação do Sábado para o Domingo é a Igreja Católica Romana. Estas pessoas não fazem qualquer tentativa para exigir a existência de um mandamento ou instrução de Deus que anuncie semelhante mudança. Abertamente admitem que não existe. Isto devia ser suficiente, mas o homem está tão determinado a estabelecer os seus caminhos no lugar de Deus que esta organização encontra milhões de pessoas que estão prontas a aceitar as suas instituições no lugar de Deus.
Contudo, o papado está consciente da sua necessidade de remover toda a aparência de rebelião contra Deus. Ele está desejoso e determinado para que todos os homens acreditem que ele é a expressão da vontade de Deus e o único canal verdadeiro através de quem as bênçãos de Deus fluem para os homens. Para alcançar isto afirma que embora Deus não tenha feito a alteração, deu autoridade à igreja para o fazer. Aqui estão as suas próprias palavras para este efeito:
"A Igreja recebeu a autoridade para efectuar tal mudança do seu Fundador, Jesus Cristo. Ele solenemente conferiu à Sua Igreja o poder, para legislar, governar e administrar... o poder das chaves. " The Faith of Millions, 543.
Esta não é a única ocasião em que esta afirmação foi feita. Repetidamente, esta ideia tem sido mantida perante o povo. Aqui está uma ou duas mais.
"Podeis ler a Bíblia de Génesis a Apocalipse, e não encontrareis uma única linha autorizando a santificação do Domingo. As Escrituras reforçam a observância do Sábado." James Cardinal Gibbons, The Faith of Our Fathers, 89, 88ª edição.
"Agradou à igreja de Deus, que a celebração religiosa do dia de Sábado fosse transferida para 'o dia do Senhor.'" Catechism of the Council of Trent, Parte III, Capítulo 4, página 347 do Rev. J. Donovan, D.C.
"Nós observamos o Domingo em vez do Sábado porque a igreja Católica, no concílio de Laodiceia (336 d.C.[?]) transferiu a solenidade do Sábado para o Domingo." The Convert's Catechism of Catholic Doctrine, 50, 7ª edição.
De facto, a igreja Católica está a afirmar que não há necessidade adicional de Deus anunciar através dos profetas aquilo que fará, porque a igreja tomou tão completamente o lugar d'Ele que ela declará-lo-á em seu lugar. Isto é, com certeza, o pecado máximo. Deus nunca colocou a igreja na Sua posição. Isso não é possível. Portanto, a igreja tem assumido a posição por si própria, não só procurando desse modo substituir Deus mas quebrando por esse meio a sua ligação com Ele.
Ao colocar-se no lugar de Deus, ela naturalmente coloca os seus caminhos no lugar dos caminhos de Deus. Enquanto para Deus há apenas duas espécies de dias, aqueles em que Ele fez a Sua obra e o que foi separado para comemorar essa obra, para os homens o dia em que a obra é feita e o dia de comemoração dessa obra são os mesmos.
A questão que se coloca perante a pessoa é se ela aceitará e seguirá os caminhos de Deus ou do homem. Se for o primeiro, então reconhecerá o Sábado como o único dia destinado à comemoração da ressurreição. Se o último, então observará o Domingo para esse propósito.
Não é difícil determinar que categoria se aplica ao dia da ressurreição. Ele é o primeiro dia da semana, um dia designado por Deus para trabalhar, realizar e agir, não um dia de comemoração. Outro dia, o sétimo, foi apontado para este fim.
Nunca o primeiro dia da semana foi usado por Deus, ou pelos que estavam sob a Sua direcção pessoal para qualquer outro propósito que não o trabalho. Nunca, uma única vez, Deus o separou como memorial dum acontecimento. Mesmo a igreja Católica Romana admite isso. Portanto, o símbolo para a manifestação do poder de Deus na ressurreição nunca podia ser, pelo verdadeiro raciocínio, o primeiro dia da semana. O Sábado é o único dia que alguma vez podia ser guardado pelo verdadeiro povo de Deus como comemoração da ressurreição do Salvador. Rejeitar o Sábado para esse efeito, é rejeitar os princípios da Palavra de Deus e seguir o falso raciocínio dos homens de quem Jesus disse: "Mas em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens." Mateus 15:9.


Capítulo 4

O Repouso de Deus


"E também lhes dei os Meus Sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles: para que soubessem que sou o Senhor que os santifica." Ezequiel 20:12.
Este é o único testemunho de Deus no Antigo Testamento em que o Sábado é o símbolo do Seu poder criador na transformação do pecador num homem santo.
O imutável e invariável Deus não alterou esta relação entre a manifestação do Seu poder e o Sábado quando começou a era do Novo Testamento. Têm sido avançados muitos argumentos para explicar o que Ele fez, mas as Escrituras não defendem essas posições. Falando através do apóstolo Paulo anos depois da morte e ressurreição de Cristo, Deus confirmou que o Sábado continuava ainda a ser o seu precioso dom para o Seu povo. Este relato encontra-se em Hebreus 3 e 4.
A verdade mais fortemente salientada nesta Escritura é a relação entre conhecer e seguir os caminhos de Deus e entrar no Seu repouso. Deus solenemente declarou que para aqueles que não conheciam os Seus caminhos, não havia repouso. Este é um resultado final muito grave, porque ele envolve não apenas a privação do repouso de Deus nesta vida mas também a perda da vida eterna. Aqueles que seguem os caminhos dos homens em lugar dos caminhos de Deus, nunca verão o reino do Céu.
Para demonstrar a verdade sobre isto, é feita referência à experiência dos israelitas quando se aproximaram das fronteiras de Canaã pela primeira vez. Ali, depois de lhes ter sido mostrado o caminho de Deus constantemente desde que saíram do Egipto, de modo que não tivessem causa nem motivo para deixarem de lado esses caminhos, voltaram-se para procedimentos de sua própria invenção. Eles fizeram isto ao pedirem com muita insistência a escolha e o envio dos doze espiões. Assim demonstraram que, mesmo apesar de terem testemunhado os caminhos de Deus, não os tinham aprendido verdadeiramente. Assim Deus falou-lhes conforme se segue:
"Por isso Me indignei contra esta geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não conheceram os Meus caminhos.
"Assim jurei na Minha ira, que não entrarão no Meu repouso." Hebreus 3:10, 11.
É importante que a força deste versículo não seja perdida. Há uma positiva relação entre o testemunho e a conclusão tirada. "... e não conheceram os Meus caminhos. Assim jurei na Minha ira que não entrarão no Meu repouso."
Este não é um julgamento arbitrário da parte de Deus, a expressão de um espírito vingativo contra aqueles que não Lhe obedecem e não fazem as coisas à maneira d'Ele. Este não é o carácter de Deus. O fracasso do povo em entrar no repouso de Deus foi devido ao resultado natural do caminho que escolheram. Somente Deus tinha a sabedoria e poder para os libertar da falta de repouso e estabelecê-los na terra prometida. Quando se desviaram daquele poder e procedimentos para os seus, apenas podiam obter aquilo que procuravam. Com inexprimível tristeza de coração, Deus viu que não tinha escolha senão deixá-los colher os resultados da sua própria loucura. A história relata que ninguém dessa geração entrou na terra prometida. Pelo contrário, cada dia lhes trouxe a monótona cansativa caminhada através dos estéreis desertos da Península do Sinai. Quanto os seus corações devem ter desejado e chorado por repouso da sua incessante e desnecessária marcha.
A sua necessidade imediata era repouso físico, mas a sua verdadeira e básica necessidade era repouso espiritual. Somente à medida que tomassem posse do último podiam experimentar o primeiro. Mas para obter o repouso de Deus requeria-se que alcançassem fé viva e este era o problema. Repetidamente Paulo resume que "... não puderam entrar por causa da sua incredulidade." Hebreus 3:19.
Os caminhos de Deus são tão diferentes dos caminhos do homem que não é possível a humanidade compreender e aceitá-los excepto pela fé. Quando o faz, então para sua surpresa eles provam ser perfeitos e eficientes. Verifica que está na situação tranquila de problemas resolvidos, caminhos errados tornados rectos e planos sabiamente feitos e executados. Quando a fé na sabedoria e poder de Deus está ausente, então os homens voltar-se-ão sempre para as suas próprias obras e ao fazerem isso, privam-se do repouso e da paz de Deus. Isto é por seu lado perder a bênção do dia de Sábado. Isto não significa que a pessoa necessariamente desiste da observância do Sábado. Pelo contrário, é normal as pessoas que perderam o verdadeiro repouso de Deus continuarem a observância exterior daquilo que é um símbolo ou memorial do dia. Mas, por causa do poder e presença de Deus já não estar na vida, então o Sábado também já ali não está. Quando o poder e o repouso de Deus vão embora, então o Sábado também desaparece. A mera observância de um dia não é guardar o Sábado.
Este é o triste relato da história. Deus deu ao Seu povo a bem-aventurada oportunidade de entrar no Seu repouso, e, durante algum tempo, estiveram prontos para seguir os caminhos de Deus. Mas em seguida afastaram-se dos caminhos de Deus, voltando aos seus com as trágicas consequências da perda da ligação com Deus e subsequente derrota às mãos dos seus inimigos. Assim demonstraram que os caminhos de Deus não se tinham tornado uma natureza construída dentro deles. Não se tinham submetido à sabedoria superior do seu Pai Celestial. O seu espírito orgulhoso e rebelde continuou desafiando o chamamento e orientações de Deus. A mesma triste loucura foi repetida geração após geração de modo que nenhuma delas entrou no repouso de Deus.
Tudo o que Deus podia dizer era, "... e não conheceram os Meus caminhos. Assim ... não entrarão no Meu repouso." Hebreus 3:10, 11.
Portanto, para entrar no repouso de Deus, é essencial que os caminhos de Deus sejam conhecidos e seguidos com inamovível fidelidade. Esta é a regra que não pode ser quebrada. Deus não decretou arbitrariamente que seria dessa maneira. É assim porque unicamente Deus tem a sabedoria e o acesso à necessária informação para fazer planos que são infalivelmente perfeitos. Com a Sua total acessibilidade como guia, planeador e solucionador de problemas, não há necessidade que tenhamos as capacidades que Ele tem para desempenhar essas funções. Ao mesmo tempo não é possível os homens terem acesso a toda a informação porque isso infringiria os direitos privados dos outros. Portanto, o melhor é Deus ser o planeador e cada um reconhecer e segui-l'O como tal. É muito simples. Segui os caminhos de Deus e o perfeito repouso estará assegurado agora e na eternidade. Ignorai esses caminhos, escolhendo seguir em seu lugar os vossos e sereis privados do repouso tanto nesta vida como na futura. Portanto, o objectivo mais importante das nossas vidas deve ser chegar à compreensão de quais são os caminhos de Deus, porque apenas aqueles que o fazem, entrarão no repouso de Deus.
Isto não é meramente um alívio de dificuldades e problemas físicos. É apenas um resultado secundário. Em primeiro lugar, tem que se entrar numa experiência espiritual de unidade com Deus que apenas pode ser alcançada pelo exercício do poder de Deus que é o evangelho de Cristo. Esta tem de ser uma condição que não está limitada apenas a um dia da semana, mas deve ser um permanente repouso perpétuo em todos os sete dias de todas as semanas desde agora até à eternidade. Isto não quer dizer que todos os dias são guardados como um Sábado. Unicamente um dia foi destinado para este propósito e é o sétimo dia da semana. Mas Deus separou este dia como um dia especial de comunhão espiritual entre Ele pessoalmente e os Seus filhos, dando assim novas revelações da Sua sabedoria e poder à medida que seja estimulada a fé viva no Seu amor e sabedoria. Quando a alma alcança segurança nestes dons, a entrada no repouso aprofunda-se e alarga e a alma experimenta um caminho mais positivo e bem sucedido com Deus.
Quão poucos em toda a história entraram nisto. Uma e outra vez o povo de Deus avançou com muito sucesso no início, para em pouco tempo voltar aos seus próprios caminhos. Terríveis então foram as perdas que sofreram.
"Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no Seu repouso, pareça que alguns fiquem para trás." Hebreus 4:1.
Não havia necessidade de falharem mais do que qualquer de nós, "Porque, também, a nós foram apresentadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram." Hebreus 4:2.
O evangelho é o poder de Deus para salvação do pecado como Paulo testemunha em Romanos 1:16. É o meio pelo qual somos santificados ou tornados santos. Esta é a obra da nova criação que apenas pode ser realizada por Deus. É por esta razão que na justiça de Cristo não deve ser encontrado um único traço de planeamento humano.
No Antigo Testamento o sinal da santificação da alma é o sétimo-dia o Sábado. Paulo agora imediatamente liga a presença do poder de Deus na vida para renovar o coração com a grande verdade do Sábado.
"Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na Minha ira se entrarem no Meu repouso, embora as obras estejam acabadas desde a fundação do mundo.
"Porque, em certo lugar, disse assim, do dia sétimo: E repousou Deus de todas as Suas obras, no sétimo dia.
"E, outra vez, neste lugar, se entrarem no Meu repouso." Hebreus 4:3-5. (tradução da Bíblia K. James.)
Nunca houve na história da humanidade um tempo em que estas bênçãos não estivessem acessíveis. O poder criador de Deus completou a obra de fazer este mundo e os seus habitantes em seis dias. O Senhor estabeleceu o Sábado no sétimo dia como testemunho desse poder e nem o poder de Deus ou o Sábado de Deus foi anulado desde então. A contínua presença do Sábado como possuído fielmente pelo remanescente do povo de Deus algures na Terra é o testemunho do facto que o poder nunca foi anulado. Portanto, em qualquer altura que alguém escolhesse crer no poder de Deus, entrava no repouso ficando assim na posse do Sábado. O poder nunca mudou, o Sábado nunca mudou e portanto a oportunidade nunca se alterou.
Paulo reconheceu que o povo do tempo de Josué falhou em aproveitar as misericordiosas e poderosas provisões oferecidas no evangelho de Cristo. Mas isto não impediu que fosse dado outro dia de oportunidade nos dias de David. Quando por sua vez eles falharam, nenhuma mudança foi feita, nenhuma anulação foi efectuada por Deus. Paulo, nos seus próprios dias, podia ainda testificar que, "resta ainda um repouso para o povo de Deus" Hebreus 4:9.
Como Paulo consistentemente fala do repouso de Deus através deste completo argumento, tão distinto de qualquer outro repouso, é importante que o tipo de repouso referido nestes versículos seja reconhecido. A palavra "sabatismos", que significa um repouso de Sábado, é usada no lugar das palavras gregas que simplesmente significam um repouso do trabalho ou problemas físicos.
É por este motivo que a leitura da margem destes versículos as traduzem como segue: "Portanto resta a observância do Sábado ao povo de Deus." (margem da nova versão King James).
Este testemunho inspirado foi feito aproximadamente trinta anos depois da crucifixão e ressurreição de Cristo. Nesta altura, o Sábado de Deus mantinha-se para o povo de Deus. Portanto, ele nunca havia sido abolido. Foi concluído antes que "Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas." Amós 3:7. Foi argumentado que o Senhor não podia mudar o Sábado sem o declarar aos Seus profetas dos quais havia muitos depois da crucifixão. Não só Deus não havia feito qualquer declaração de mudança, como declara aqui o contrário através do Seu profeta. Ele diz que o Sábado, que estava longe de ser abolido, se mantinha para o povo de Deus. Se Deus afirma que ele se mantém, então ele mantém-se. A sua continuada permanência é o caminho de Deus, ao passo que quaisquer mudanças são afastamentos dos procedimentos de Deus e a certeza da introdução da falta de repouso e dificuldades.
Mas, exactamente como o evangelho é o poder de Deus apenas para os que crêem e para mais ninguém, assim o Sábado se mantém, não para todos, mas para os filhos de Deus. Portanto, Paulo não podia dizer e não disse que ele se mantinha para os judeus, mesmo apesar deles serem cuidadosos observadores do sétimo dia. Eles tinham perdido o Sábado quando falharam em manter o evangelho na sua posse. De facto, por causa de muitos deles nunca terem experimentado o poder transformador do evangelho, nunca tinham possuído o Sábado. Portanto, este não podia manter-se para os que à partida nunca o tinham possuído.
Mas para o povo de Deus ele mantinha-se. Para eles não era mais do que o símbolo do poder de Deus como havia sido nos dias de Moisés ou de Elias.
Como podia ser de outra maneira?
Não tinha havido mudança no poder de Deus, no evangelho, nos caminhos e princípios de Deus, procedimentos, Seus métodos de criar, Sua misericórdia, amor e graça, ou noutra coisa que venha do Altíssimo.
Se não houve mudanças em qualquer uma das coisas simbolizadas pelo Sábado, então não pode haver alterações no símbolo. Se o símbolo tiver que ser mudado, então tem que haver em primeiro lugar uma mudança nas coisas simbolizadas. O antigo tem que ser abandonado e uma nova ordem tomar o seu lugar.
Os caminhos de Deus são estabelecidos em eterna e perfeita justiça. Eles não podem ser melhorados e alterá-los seria apenas admitir que havia imperfeição na primeira criação e era preciso haver modificações na segunda. Deus está acima dessas coisas. Ele não é homem para aprender pela experiência. O Seu conhecimento é infinito desde o princípio. Portanto, Ele é infalivelmente livre de erros. Ele nunca cometeu um erro e nunca o fará. Ele não nos ofereceu a melhor duma escolha entre diversos caminhos da vida. O Seu é o único.
Por conseguinte, quando a perfeita criação de Deus foi manchada e destruída pela entrada do pecado, a sua reconstrução para ter igual perfeição ao original tinha que ser uma imagem exacta do original.
Satanás acusa Deus de ter feito uma criação imperfeita e exige que sejam feitas alterações. Durante quase seis mil anos tem lutado incansavelmente para efectuar estas alterações. Infelizmente, a maioria das famílias humanas apoiam os seus esforços. Mas Deus não pode aceder a estas exigências em nenhuma circunstância. Se o fizesse, então seria responsável por estabelecer no universo um caminho de coisas que destruiria para sempre a paz e a prosperidade. Os efeitos das modificações planeadas por Satanás estão manifestas perante nós em guerras, doença, morte e milhares de outras misérias. Deus não está preparado para impor essas condições aos Seus amados filhos. Ele ama-nos demais para fazer isso.
Deus não pode mudar. Ele é a perfeição da sabedoria cujas obras não deixam espaço para melhoramentos. É impossível qualquer criatura que Deus tenha criado ser mais sábia do que Ele. Contudo, sob a direcção de Satanás, milhões estão a pedir que Deus mude. Ao fazer isso, estão a afirmar que são mais sábios do que o seu Criador. Esta é uma afirmação absurda. Se fosse verdadeira, significaria que o pecado afinal era justificado e que Deus fora injusto ao expulsar Satanás do Céu. Pelo contrário, Ele deveria estar grato a Satanás por Lhe mostrar onde é que as coisas podiam ser melhoradas. Também significaria que Deus é um mentiroso quando com firmeza insiste que não é necessário mudanças.
Tudo isto significaria que Deus não era realmente Deus, mas um ser de grande inferioridade.
Os que insistem que sejam feitas mudanças no governo de Deus estão a dizer todas estas coisas contra Ele. Não compreendem as implicações das suas acções, mas isto não altera a gravidade daquilo que estão a fazer. Completamente se colocaram do lado de Satanás procurando com ele colocar a sabedoria e poder da criatura acima do seu Criador.
Mas, apesar dos esforços de Satanás, o poder, os caminhos e o Sábado de Deus permanecem. Portanto, todas estas coisas continuam a estar na posse do povo de Deus, distinguindo assim os Seus seguidores dos filhos de Satanás que não têm qualquer destas coisas com eles. Assim estas duas classes são claramente identificadas. Os que activamente defendem mudanças nos caminhos de Deus, envolvendo a instituição do Domingo no lugar do Sábado de Deus, não podem ser Seus filhos, porque para eles o Sábado não se mantém. Pelo contrário, é dito acerca dos filhos de Deus, "Portanto resta ainda um Sábado para o povo de Deus."



Capítulo 5


Um Novo Corpo e um Novo Lar


"Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados,
"Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
"Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.
"E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória?" 1Coríntios 15:51-55.
Assim é descrito pela Inspiração essa maravilhosa manhã da ressurreição em que os santos que dormem ressurgirão para saudar o seu Libertador.
"Porque o mesmo Senhor descerá do Céu, com alarido, com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
"Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." 2Tessalonicenses 4:16, 17.
Este será o segundo dos três grandes actos da restauração onde será devolvido ao homem o que lhe foi tirado pelo pecado.
No princípio, Deus criou para o homem um lar perfeito na antecipação da subsequente formação a partir do pó de um perfeito templo corporal no qual colocou uma natureza espiritualmente perfeita. Com estes três dons, o homem estava completo. Era tudo quanto necessitava. Tudo o que lhe restava era desenvolver a ininterrupta felicidade que Deus designou que ele tivesse eternamente.
No momento em que o pecado entrou, ele perdeu a sua natureza espiritual que foi substituída pela natureza e espírito de Satanás. Se Cristo não Se tivesse colocado instantaneamente entre o pecador e o toque da morte, o homem teria perdido o templo corporal e o maravilhoso lar nesse mesmo dia. Mas tempos de provação lhe foram concedidos tornando-o assim capaz de continuar a usar o seu corpo e lar, embora ambos fossem progressivamente corrompidos pelo pecado.
Por fim, o corpo morre e volta ao pó. Assim o homem perde o segundo destes dons fundamentais. O último a desaparecer será a Terra ou aquilo que for deixado dela depois dos efeitos da erosão de seis mil anos de pecado. Então, à medida que a mão de Deus se retira completamente do controlo dos elementos de acordo com a decisão e pedido do homem, o fogo completamente consumirá este planeta e deixá-lo-á tal como era no início, "sem forma e vazia".
Através do plano da salvação, Deus pretende devolver ao homem tudo o que foi perdido e ainda mais. Os dons originais foram dados numa certa ordem e foram perdidos na sequência inversa. Durante a restauração, aquilo que primeiramente foi perdido será a primeira coisa a ser criada de novo, a segunda será devolvida em segundo lugar e a última a ser perdida será a última a ser devolvida. Assim a nova criação espiritual será a primeira a ter lugar, seguida do segundo advento pelo dom da carne e sangue imortais, seguido por fim pela criação de novos céus e nova Terra no final do milénio.
É óbvio que haverá um grande espaço de tempo entra cada uma destas progressivas restaurações, muito mais do que foi no original. Nessa altura tudo foi realizado em seis dias, mas serão precisos sete mil anos para completar a obra da restituição. Isto será assim não devido a qualquer limitação da parte de Deus. Os homens têm que desempenhar um determinado papel antes de Deus estar livre para anunciar o milagre. Em virtude de sermos tão lentos a aprender aquilo que devemos fazer e nos tornamos voluntários para o fazer, aparece a morosidade. A obra de Deus estaria terminada há muito tempo se não fosse isto.
Mas, apesar de haver uma demora, Deus executará a Sua obra da nova criação exactamente como fez na criação original. Não haverá diferença excepto no tempo que decorre em cada restauração. No original Deus começou do nada. Assim será na nova criação. Só quando aquilo que foi danificado pelo pecado desaparecer completamente, colocará Deus o novo no seu lugar.
Ninguém terá qualquer dificuldade em ver isto no que respeita ao dom do novo corpo e da nova Terra. Na grande manhã da ressurreição os corpos dos santos que estão na sepultura terão regressado ao pó tão completamente que não haverá diferença entre a condição de Adão quando era pó da terra antes de Deus o ter criado e a sua condição na manhã da ressurreição antes da voz do Arcanjo o chamar de novo à vida.
Assim também, no final do milénio, os fogos finais terão reduzido a Terra à mesma condição de vazio e desolação como ela era no primeiro dia da criação. Somente quando ela estiver de novo nessa condição, começará o Senhor a reconstruir a perfeita criação. O ponto de partida em ambas as criações é o mesmo. Em nenhum caso há uma modificação ou melhoramento das coisas já existentes, excepto o chamamento à existência onde anteriormente nada havia das maravilhosas obras criadas por Deus. Deus fará na substituição daquilo que se perdeu, exactamente o que fez na primeira criação.
Embora ninguém tenha qualquer dificuldade em ver que Deus não começa a nova criação tanto da Terra como do ser humano enquanto o velho não tenha desaparecido completamente, muito poucos vêem e crêem completamente que a antiga natureza espiritual tem que ser totalmente arrancada antes que o renascimento possa ter lugar. Contudo, isto é também claramente ensinado nas Escrituras tal como a mesma verdade a respeito da substituição desta carne pecaminosa e este velho mundo. A preparação para o Céu nunca poder ser adquirida pela modificação ou melhoramento da velha natureza. Por isso está escrito:
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." 2Coríntios 5:17.
Para muitos, a verdadeira força deste versículo perde-se porque não fazem a distinção entre o corpo carnal e a natureza espiritual que vive nesse corpo. Portanto, sabendo muito bem que quando uma pessoa se torna um verdadeiro filho de Deus, nenhuma das coisas velhas do seu corpo desapareceram, consideram este versículo como sendo uma forma de falar e não a realidade.
Quando se compreende que a obra da nova criação não diz respeito a esta fase do corpo do homem mas apenas à natureza espiritual, então não é difícil compreender que todas as coisas passaram de facto e foram substituídas por uma vida absolutamente nova. Essa vida é a única vida espiritual que alguma vez receberemos, porque Deus não dá uma vida temporária até ao dia da ressurreição e depois dá-nos a vida eterna. Nessa altura, Ele simplesmente nos dá um corpo imortal como uma nova e eterna residência na qual a vida espiritual deverá viver e através do qual funcionará. No intervalo entre a verdadeira conversão e a morte da carne pecaminosa, a mesma nova vida espiritual deve habitar e encontrar expressão através da carne caída. Isto significa, evidentemente, que todo o potencial da natureza espiritual não se desenvolverá até à ressurreição.
Mas, embora em limitadas manifestações, é apesar de tudo vida eterna. Jesus reafirmou esta verdade no debate com aqueles que, no dia anterior, tinham sido alimentados milagrosamente com os pães e peixes e O tinham seguido até Cafarnaum para descobrirem por fim a verdadeira natureza da Sua missão.
"Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim tem a vida eterna.…
"Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia." João 6:47, 54.
Mais tarde, a mesma verdade foi repetida através do mesmo escritor do evangelho.
"E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.
"Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.
"Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus." 1João 5:11-13.
Nenhum destes testemunhos que saíram dos lábios de Cristo falam duma vida eterna possuída apenas no futuro quando Cristo regressar. Ele falou dela como sendo uma posse presente bem como uma bênção experimentada futuramente no Seu reino eterno. Obviamente, Ele não estava a referir-Se ao corpo humano quando disse estas palavras, porque a imortalidade nunca será encontrada na caída carne do pecado, nem nós possuiremos carne santa sem pecado antes do regresso do Salvador. Pelo contrário, Ele referia-Se à vida espiritual que habita na carne caída do verdadeiro convertido, exactamente como a presença de Deus habitou no santuário. Quando a vida eterna do céu entra no templo terrestre do homem, o crente adquire a vida eterna que estará com ele por toda a eternidade desde que mantenha a justiça de Cristo e assim passe o julgamento. Embora, durante esta vida, essa força eterna deva operar no interior e através da carne pecaminosa caída, quando Jesus voltar ela será unida à incorruptível carne imortal.
É por um milagre do poder criador de Deus que o dom é transmitido ao crente. Deus fala e é feito; Ele ordena e aparece. Desde esse momento, o processo de santificação desenvolve-se até à maturidade das forças da vida colocadas no interior do filho de Deus, enquanto ao mesmo tempo reeduca a mente com os princípios do céu. Deus é a única força dessa vida, porque só pelo Seu poder pode ela ser implantada.
Semelhantemente, só Deus tem o poder de dar ao homem um novo corpo e num novo lar. Quando Cristo regressar, olhará para os lugares onde se encontra o Seu povo e verá exactamente o que viu no sexto dia da criação — pó. Mas, nesse pó, reconhecerá o Seu povo. Tal como deu existência a Adão, assim de novo chamará o povo do pó. Falará e será feito. Não haverá diferença dos procedimentos usados no Éden.
Se não há diferença no exercício do poder omnipotente e dos procedimentos pelos quais este foi e será de novo aplicado na criação do Éden e na ressurreição no advento, então não pode haver diferença no símbolo. Tão certo como o Sábado é o memorial do poder de Deus por Ele apontado na obra da formação do homem no Éden, assim seguramente deve ele ser o memorial da nova criação do homem quando Ele voltar. É o mesmo poder pelos mesmos procedimentos, realizando a mesma obra. Portanto, mantém-se o mesmo memorial. Assim será com certeza.
Depois desta vibrante realização, os santos habitarão no Céu durante mil anos. O eterno espírito da vida recebido na experiência do novo nascimento será unido a um corpo imortal e incorruptível. Tudo aquilo que resta é a reconstrução da própria Terra. Isto esperará até ao final do milénio. Os fogos pelos quais a Terra será levada ao ponto de desolação e vazio, condição necessária para a obra criadora de Deus, é descrita em Malaquias 4:1.
"Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno: todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo."
Então daquelas cinzas, desse grande vazio e total desolação, o Senhor, começando onde começou na primeira criação, chamará à existência um Novo Céu e uma Nova Terra.
"Porque, eis" declara o Senhor, "que Eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão." Isaías 65:17.
As palavras desta Escritura confirmam a importante verdade que isto não será uma remodelação do antigo e não pode ser, porque o anterior terá desaparecido para não mais ser conhecido ou lembrado. Portanto, a Nova Terra será verdadeiramente uma nova Terra. Para formar esta nova Terra será preciso exercer o mesmo poder criador necessário para dar existência à primeira Terra. Foi dado a João o privilégio de testemunhar esta poderosa obra antecipadamente e descreve aquilo que veremos quando a obra for por fim executada.
"E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe." Apocalipse 21:1.
Quando Deus fez os mundos há cerca de seis mil anos, nenhum ser humano testemunhou qualquer coisa desta obra criadora. Outros seres como os anjos e os habitantes de outros mundos, viram e alegraram-se por testemunharem a maravilhosa demonstração de poder necessário para tão grande obra. Mas na altura em que Adão e Eva entraram em cena toda a obra estava feita, eles foram o elemento final no plano a serem chamados à vida.
Contudo, quando os novos céus e a nova Terra forem criados, todos os remidos estarão ali para testemunhar Deus fazendo a obra que só Ele pode fazer. Que indizível e inesquecível experiência para os justos será essa. Está para além da capacidade da imaginação humana apreciar neste momento a admiração, maravilha, apreciação, respeito e amor que nos inundará à medida que vemos esta obra acontecer. À ordem de Deus veremos as águas dividirem-se para ocupar os seus lugares tanto no céu como na terra. Enquanto Ele fala, a Terra aparecerá vestida de erva, flores, árvores e arbustos. Os rios e os lagos tornar-se-ão vivos com miríades de peixes de toda a espécie e cores. Aves e insectos adornarão o ar e animais de porte magnificente partilharão com alegria e paz a Terra com os santos.
Enquanto testemunhamos a reprodução da criação original, compreenderemos como nunca o que Deus fez no passado. Todo o significado do lugar e singularidade do poder e sabedoria de Deus tornar-se-á visível e o Sábado receberá o seu legítimo lugar como memorial, apontado por Deus, das Suas omnipotentes obras.
Esta é uma obra criada que nunca desaparecerá. Nunca mais os caminhos dos homens se apressarão para substituírem os caminhos de Deus. Não haverá inimigo cruel e mau para nos tentar ao mal. Destruição e morte nunca mais farão as suas terríveis incursões para reduzir a perfeita glória da Terra e Céu à desolação.
"Porque, como os céus novos, e a terra nova, que hei-de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim há-de estar a vossa posteridade e o vosso nome." Isaías 66:22.
Por isso não há mudança no poder de Deus entre a altura em que o pecado apareceu e quando ele fizer a sua saída definitiva do universo. O pecado não mudou, diminuiu, ou enfraqueceu Deus sob qualquer forma. Ele ainda é e continuará a ser o mesmo. Portanto, o símbolo desse carácter e a operação do Seu poder também não podem mudar. O Sábado será tanto uma parte da vida na nova Terra como sempre no Jardim do Éden e com o verdadeiro povo de Deus em todas as gerações desde então. Porque abolir o Sábado da nova Terra seria indicar que o poder de Deus também tinha sido removido, pois os dois são inseparáveis. Onde um está, sempre estará o outro. Mas, se o poder de Deus for removido, então não pode haver nova Terra, nem vida eterna, nada daquilo que o consagrado filho de Deus deseja e espera. Oh! Se aqueles que procuram abolir o Sábado pudessem apenas compreender todas as implicações do que estão a tentar fazer e as privações em que elas consequentemente incorreriam.
Felizmente para os que servem Deus, eles não conseguirão o seu intento. Certamente, conseguirão realizar os seus desejos até onde podem ir, porque, à medida que procuram acabar com a presença e operação do poder de Deus, conseguirão isto para si próprios. O resultado será óbvio, porque ninguém pode existir sem Deus.
Mas o verdadeiro observador do Sábado encontrará essa preciosa instituição tão presente no Céu como antes e depois do primeiro advento de Cristo, como está escrito:
"E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um Sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante Mim, diz o Senhor." Isaías 66:23.
Esta Escritura descreve as coisas como elas serão depois dos novos céus e da nova Terra serem criados. Portanto, confirma que o Sábado será fielmente observado no Éden restaurado. Não podia ser de outra forma, porque o poder de Deus está ali tal como estava no Éden original, na travessia do Mar Vermelho, na crucifixão e morte de Cristo e em todos os acontecimentos onde o poder de Deus foi manifestado.


Um Povo Observador do Sábado


Deus manifestou o Seu inimitável poder para dar ao homem um lar, um corpo e uma natureza espiritual perfeitos. Depois de ter feito isto, ordenou ao primeiro homem e à primeira mulher justos e obedientes para observassem o Sábado — e eles obedeceram.
Não pode haver dúvida que eles o fizeram porque está escrito; "O Sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado." Marcos 2:27. Ele foi feito para o homem antes de haver pecado. Portanto, foi feito para Adão, o homem sem pecado, e, tal como aceitou e obedeceu a todas as coisas que o Senhor fez por ele até se afastar dos caminhos de Deus, então com certeza aceitou e observou o Sábado que Deus fez para ele.
Quando pelo Seu poder, tirou os israelitas do Egipto, ordenou-lhes que mantivessem o Sábado santo. Os que eram os verdadeiros filhos de Deus fizeram exactamente isso.
Quando Ele os santificou, ordenou-lhes que mantivessem o Sábado como um sinal do grande dom que lhes concedeu e eles assim fizeram.
Quando Jesus veio a esta Terra, conhecia o poder de Deus, possuía-o e mostrou-o. Portanto, deve esperar-se que onde Ele estivesse com este poder, o Sábado aí teria que estar, e estava. Ele observou-o fielmente todas as semanas da Sua vida na Terra.
Seria de esperar que Aquele que criou a Terra em seis dias, finalizou a Sua obra no sexto e repousou no sétimo, quando veio para restaurar o que se havia perdido, de novo completaria a Sua obra no sexto dia, repousaria no sétimo e ressuscitaria para começar a fase seguinte das Suas responsabilidades no primeiro dia da semana. Assim fez.
Deve ser esperado que um homem que conhecia o poder de Deus como Paulo, não visse luz em qualquer mudança do Sábado para o Domingo, mas em vez disso confirmasse que ainda restava um repouso do Sábado para o povo de Deus. Assim foi.
Nestes últimos dias, o Senhor está a chamar um povo poderoso através de quem dará a última demonstração do Seu carácter. Eles conhecerão a Sua força. Portanto, será um povo observador do Sábado. Assim será.
E na eternidade que em breve se abrirá perante nós, a Terra e os céus serão criados de novo na maior demonstração do poder de Deus jamais testemunhado pela humanidade. Não pode haver outra maneira senão que o Sábado será observado nesse ambiente e contexto.
Deus nunca muda. Nem o Seu poder nem as obras desse poder. Portanto, o Sábado também não pode mudar. Nem mudará. Permanecerá por toda a eternidade como um abençoado dia de doce comunhão com os santos e com o Senhor.


Capítulo 6


A Bandeira de Deus e a Bandeira de Satanás


Em toda esta publicação, tem sido feito o esforço para dar ênfase à inseparável ligação entre a presença do poder de Deus e o Sábado de Deus. Dos dois, a presença crucial é do poder de Deus, porque somente quando este estiver presente pode o Sábado lá estar. Permiti que esse poder seja introduzido e o Sábado vem com ele, mas quando esse poder desaparece assim desaparece o Sábado.
Um cuidadoso estudo dos registos da humanidade mostram a verdade acerca disto. Não há dúvida que os nossos arrependidos pais, Adão e Eva, tendo recebido o poder de Deus, eram observadores do Sábado. Assim foram todos os patriarcas e aqueles que, juntamente com eles, se mantiveram leais a Deus. A respeito desse período que mediou entre a queda e o dilúvio, existem apenas alguns registos. Sabemos que a vasta maioria escolheu voltar as suas costas a Deus e depender dos seus próprios recursos. Quando o fizeram, deixaram de ser observadores do Sábado porque é regra que aqueles que perdem o poder de Deus perdem o Sábado de Deus.
Depois do dilúvio, Satanás trabalhou arduamente para roubar aos filhos de Deus a Sua presença e o Seu poder. Ele foi muito bem sucedido com a maior parte. Encontrou em Nimrod e a sua mulher Semiramus poderosos aliados. Foi "Cush" que "gerou Nimrod: e começou a ser poderoso na terra.
 “E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor; pelo que se diz: Como Nimrod, poderoso caçador diante do Senhor.” Génesis 10:8, 9.
O sentido em que ele foi poderoso perante o Senhor, foi que tomou o lugar de Deus e viveu independente d'Ele. Foi completamente auto-suficiente exibindo todos os maus característicos de um espírito humano totalmente independente, lançando assim os fundamentos para a construção de Babilónia.
Acerca da sua morte prematura, é geralmente aceite ter havido um sacrifício para salvação de Babilónia, ele foi deificado como o deus do Sol e o Domingo, o primeiro dia da semana, foi escolhido em sua honra. Desde esse dia até hoje, sempre que, em religião, os homens colocam os seus caminhos no lugar dos caminhos de Deus, o Domingo mantém-se como o dia associado a essas organizações.
Assim a transição ali no passado aconteceu em três fases. No primeiro caso, os homens eram adoradores do verdadeiro Deus, eram dependentes do Seu poder e guardavam o dia de Sábado. Em seguida deixaram-se cair na apostasia. Ao fazerem isso perderam a presença do poder de Deus, deixaram a observância do Sábado e em seu lugar voltaram-se para a observância do Domingo.
O mesmo desenvolvimento progressivo da justiça para o mal teve lugar na história da Igreja Apostólica. Jesus Cristo foi cheio do poder de Deus. Portanto, foi um perfeito observador do Sábado. Os discípulos por seu lado eram observadores do Sábado, sem que algum deles tivesse sido um canal através de quem Deus anunciasse que tinha havido qualquer mudança nesta sagrada observância. Paulo claramente declara que a observância do Sábado continuava para o povo de Deus, enquanto João em Apocalipse falou de um grupo no fim dos tempos que guardaria os mandamentos de Deus e teria a fé de Jesus. Nenhum destes homens pensou em termos de qualquer abolição do Sábado com a sua substituição por outro símbolo, o primeiro dia da semana. Obviamente eles não o fizeram, porque eram homens em quem estava o vivo poder de Deus. Portanto, o Sábado também fazia parte das suas vidas. Mas eles de igual modo reconheceram as sementes da apostasia em desenvolvimento na igreja. O Espírito de Deus previu isso e informou a igreja da sua vinda através de Paulo.
"Ninguém, de maneira alguma, vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição.
"O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, e se adora, de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.
"Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?
"E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.
"Porque já o mistério da injustiça opera: somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado." 2Tessalonicenses 2:3-7.
Gradualmente no início e depois com rapidez, o Espírito e o poder de Deus foram separados da igreja apostólica. No princípio os membros continuaram a observância do Sábado, mas apenas como uma actividade legalista, a luz e a vida tinham partido dele. Depois repousavam tanto no Sábado como no Domingo com o último a ganhar cada vez maior ascendência, até que por fim somente este era observado. Uma vez mais havia uma específica relação entre a partida do poder de Deus e a perda do Sábado e a exaltação do Domingo. Assim será sempre, pois estas relações estão estabelecidas por Deus e não podem ser alteradas.
Pode ser argumentado que quando os grandes movimentos reformadores começaram, não retomaram o Sábado mas continuaram a ser observadores do Domingo. Todavia, estes homens certamente estavam, mesmo tempo, cheios do Espírito e poder de Deus e fizeram coisas maravilhosas pelas quais, de outro modo nunca podiam ter sido realizadas. Na verdade podia ser argumentado que o facto deles não se tornarem observadores do Sábado é prova que a linha de argumentação atrás descrita é falsa.
Wycliffe, Huss e Jerónimo, Lutero e muitos outros saíram de tremendas trevas de modo que não foram capazes de compreender toda a verdade de uma só vez. A depressão espiritual em que o mundo mergulhou durante a era do domínio papal foi uma treva muito profunda e negra. Fugir a isto levou tempo. A mente humana é lenta a compreender os princípios do reino de Deus depois de longos períodos de servidão.
Mas, enquanto não descobriram a verdade a respeito do sétimo dia da semana, esses homens foram observadores do Sábado no coração e no espírito. Quando observavam o Domingo, pensando em toda a sinceridade que era o dia de repouso do Senhor, guardaram-no como o sétimo dia devia ser guardado.
À medida que o tempo passava e os seus descendentes perdiam o poder e a presença de Deus, não só chegaram ao ponto em que nem mesmo o Domingo guardavam como um Sábado, mas tornaram-se enérgicos na negação do Sábado e na defesa do Domingo como a Igreja Católica Romana contra a qual os primeiros reformadores se tinha levantado em protesto. Assim na realidade não havia diferença entre o processo de decadência experimentada por outros movimentos no passado e o declínio da Reforma Protestante. Apesar do sétimo dia não figurar na apostasia até a verdadeira continuação da reforma na forma do grande segundo movimento do advento chamar ao completo regresso ao Sábado, os princípios e os desenvolvimentos eram os mesmos. Primeiro tinham o poder de Deus e guardavam o Sábado em espírito, apesar de não compreenderem qual era o dia correcto. Depois afastaram-se do Senhor, perderam o Seu poder, perdendo assim o Sábado. Tornaram-se os campeões do Domingo, o símbolo em que o homem se coloca no lugar de Deus.
Foi em 1844, depois da segunda mensagem ter sido proclamada durante 10 anos ou mais, que as igrejas Protestantes sofreram uma queda moral em consequência da sua rejeição desta grande luz que lhes fora enviada do Céu.
"A mensagem do segundo anjo de Apocalipse, capítulo 14, foi primeiramente pregada no Verão de 1844, e teve naquele tempo uma aplicação mais directa às igrejas dos Estados Unidos, onde a advertência do juízo tinha sido mais amplamente proclamada e em geral rejeitada, e onde a decadência das igrejas mais rápida havia sido. A mensagem do segundo anjo, porém, não alcançou o completo cumprimento em 1844. As igrejas experimentaram então uma queda moral, em consequência de recusarem a luz da mensagem do advento; mas essa queda não foi completa. Continuando a rejeitar as verdades especiais para este tempo, têm elas caído cada vez mais." O Grande Conflito, 313.
Foi para longe de Deus, não para perto d’Ele que elas caíram. Separaram-se deste modo a si mesmas d'Ele e do Seu poder. Foi quando tinham chegado a esta lamentável condição que o terceiro anjo seguiu o segundo, chamando os homens a adorar Deus no sétimo dia da semana, o verdadeiro dia de Sábado. Por causa de estarem destituídos do poder de Deus que deve estar presente para que o Sábado possa estar, era estritamente impossível eles aceitarem, defender, ou viver a verdade do Sábado. Eles apenas podiam levantar-se em oposição a ele, o que fizeram. Fizeram-no tão fortemente que se tornaram defensores do Domingo ainda mais poderosos do que a igreja Católica que havia instituído esse dia. Que espantosa transformação! As igrejas Protestantes que tinham adquirido este mesmo nome em virtude do seu intransigente protesto contra os princípios do romanismo, tinham tão completamente voltado as costas que se tornaram mesmo mais vigorosos e hábeis defensores do símbolo papal do poder, o Domingo, do que os próprios papistas.
Mas a queda experimentada em 1844 não foi então completa. Nos anos que se sucederam, caíram cada vez mais e continuarão a cair até a crise final se desenvolver. Satanás trabalhará através deles com crescente eficácia e, em proporção, tornar-se-ão mais e mais enfáticos e vigorosos na sua exaltação do Domingo no lugar do Sábado. Eventualmente, lançarão a culpa dos problemas do mundo na profanação do seu dia sagrado, e farão leis de grande severidade para forçar todos a reverenciar o dia da sua escolha. Estas forças perseguidoras procurarão especialmente aqueles que, tendo o poder de Deus em si, defendem o verdadeiro repouso do Sábado.
Quando esse tempo vier, a última grande batalha dos séculos será travada. Não será uma luta entre um conjunto de poderes políticos contra outro, mas entre os que têm o poder de Deus por um lado e o poder de Satanás por outro.
"Dois grandes poderes opositores são revelados na última grande batalha. Dum lado está o Criador dos Céus e da Terra. Todos os que estão do Seu lado têm o Seu sinal. São obedientes aos Seus mandamentos. Do outro lado está o príncipe da trevas, com os que escolheram a apostasia e a rebelião." Review and Herald, 7 de Maio de 1901.
Acima de tudo, o Sábado identificará o povo em quem o poder de Deus está presente. Será a brilhante bandeira que flutuará sobre este grupo. Semelhantemente, o Domingo será a bandeira desfraldada sobre aqueles que, destituídos do poder de Deus, estarão sob o controlo de Satanás. A questão de quem estará sob a bandeira do Sábado ou do Domingo será determinada pelo poder que estiver presente em cada indivíduo.
Esta situação é ilustrada de modo simples na oposição sustentada pela bandeira de qualquer nação. A bandeira de um país flutuará apenas onde o poder da nação estiver estabelecido. Por exemplo, durante a segunda guerra mundial a bandeira americana flutuou nas Filipinas enquanto as forças dos Estados Unidos ali estiveram. Mas chegou a altura em que o avanço dos japoneses expulsou os americanos. Como o poder americano foi afastado, a bandeira foi descida e o poder japonês e a sua bandeira tomaram o seu lugar. Não podia ter sido de outra maneira porque não era possível ser  de outra maneira.
Na devida altura, os americanos regressaram e desta vez com forças superiores expulsaram os japoneses das Filipinas. Uma vez que restabeleceram o seu poder, a sua bandeira foi uma vez mais içada na área. Primeiro vem o poder e depois a bandeira. Por outras palavras, somente onde está o poder da nação aí flutuará a sua bandeira. Assim é com Deus e Satanás. Somente onde o poder de cada um estiver estabelecido flutuará a respectiva bandeira.
Isto significa que no conflito final, não será suficiente compreender os argumentos que tecnicamente provam que o sétimo dia é o dia correcto de repouso. É preciso muito mais do que isto para ter e defender o Sábado e tornar-se seu defensor. É para o povo de Deus que o Sábado se mantém. É o sinal dos santos.
"Nenhuma outra das instituições dadas aos judeus contribuía para distingui-los tão completamente das nações circunvizinhas, como o Sábado. Era intenção do Senhor que a sua observância os caracterizasse como Seus adoradores. Devia ser um sinal da sua separação da idolatria e da sua ligação com o verdadeiro Deus. Mas para poderem santificar o Sábado, os homens precisam de ser eles próprios santos. Devem, pela fé, tornar-se participantes da justiça de Cristo. Quando o mandamento foi dado a Israel: 'Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar', o Senhor disse-lhe também: 'E ser-Me-eis homens santos.' Êxodo 20:8; 22:31. Só assim podia o Sábado distinguir Israel como os adoradores de Deus." O Desejado de Todas as Nações, 299.
Nenhum homem, então, pode guardar o Sábado em santidade a menos que ele mesmo seja santo. Para estar nessa condição é necessária a operação do grandioso poder de Deus, o evangelho de Jesus Cristo. Muitos acham que é impossível crer que um homem pode ser santificado nesta vida, mas Deus não só o ordena; prometeu-o. Essa santidade não é da carne mas da natureza divina que habita nessa carne. Se Deus promete fazer-nos santos cabe-nos a nós crer no que Ele diz, pois Deus possui todo o poder necessário para realizar o que prometeu. O facto que Ele declarou que fará isso no coração do reino do pecado não diminui de qualquer forma a certeza que Ele o pode fazer e fará, porque o pecado não tem poder para frustrar a obra de Deus desde que o recebedor tenha fé para aceitar o dom de Deus.
"Porque Eu sou o Senhor vosso Deus: portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque Eu sou santo; e não contaminareis as vossas almas por nenhum réptil que se arrasta sobre a terra;
"Porque Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egipto, para que Eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque Eu sou santo." Levítico 11:44, 45.
"Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus." Mateus 5:48.
"Não podeis expiar os vossos pecados passados, nem podeis mudar o vosso coração e santificá-lo. Mas Deus promete fazer tudo isto por vós, mediante Cristo. Crede nesta promessa." Aos Pés de Cristo, 54.
"Não há desculpas para pecar. Uma santa disposição, uma vida cristã, são acessíveis a todo filho de Deus, arrependido e crente." O Desejado de Todas as Nações, 293.
Assim falou Deus. Portanto, a questão se o homem pode ser santo no carácter nesta vida está esclarecida. Deus declarou que pode e essa é a última palavra sobre o assunto. Em face deste irrefutável testemunho do Eterno, é vulgar as pessoas exigirem um sinal. Elas pedem a apresentação de homens e mulheres dentro dos quais este milagre tenha tomado lugar, com a afirmação que crerão nestas palavras quando virem vidas perfeitas. Mas a crença na Palavra de Deus não é baseada naquilo que a Palavra alcançou noutras vidas. Ela é fundamentada na própria Palavra de Deus. A verdadeira fé não pede outra evidência senão essa.
Se a aceitação individual da pessoa da verdade que qualquer homem que se apega à vida e poder de Deus pode viver uma vida sem pecado depende doutra pessoa tê-lo feito antes, então a salvação dessa pessoa depende em parte da experiência doutro. Onde, então, estariam aqueles que não tinham esses exemplos perante si? Há muitos que têm sido forçados a ficar firmes sozinhos depois de terem sido libertados por Deus dos grilhões do pecado. Não havia outros à sua volta para quem pudessem olhar em busca duma garantia. Agarraram-se às promessas pela fé e pela fé somente.
Não só é inteiramente possível ao homem viver uma vida sem pecado neste mundo, mas também se pede isso aos que forem os instrumentos de Deus no último conflito contra o pecado. Essa batalha não será meramente um aspecto técnico acerca de qual é o verdadeiro Sábado. Será o confronto entre os poderes da justiça e das trevas. Não há problema em ver que aqueles que se mantêm firmes sob a bandeira do Domingo estarão destituídos do poder e presença de Deus. Portanto, serão cheios e controlados pelo poder do pecado. A fim de enfrentar e vencer este poder, o justo deve possuir um poder maior. Esse único poder é o poder de Deus.
Ele apenas pode ser transmitido e implantado neles pelo acto criador de Deus. Não há outra fonte. Nada menos do que isto colocará uma pessoa sob a bandeira do Sábado.
O maior perigo que ameaça qualquer um é a satisfação com o formalismo no lugar da realidade. Um homem pode ser um ministro de religião e ainda assim estar destituído do poder de Deus. Embora pregue os mais fortes argumentos em favor do sétimo dia como sendo o dia do repouso e convença muitos que deviam servir a Deus nesse dia, pode estar tão privado da presença interior do poder de Deus como o pagão ou o ateísta.
"Todas as pessoas, quer de origem elevada quer humilde, se não estão convertidas, estão no mesmo pé de igualdade. Podem os homens volver-se de uma doutrina para outra. Isto está sendo feito e sê-lo-á. Podem os papistas abandonar o catolicismo pelo protestantismo; sem que, porém, nada saibam do significado das palavras, 'Eu vos darei um coração novo'. A aceitação de teorias novas, e a filiação a uma igreja, não produzem em pessoa alguma uma vida nova, embora a igreja a que se une assente sobre o alicerce verdadeiro. A ligação a uma igreja não substitui a conversão. A aceitação do credo de uma igreja não tem valor algum para quem quer que seja se o coração não estiver verdadeiramente transformado.
"Esta é uma questão séria, e o seu significado deve ser totalmente compreendido. Os homens podem ser membros da igreja, e podem aparentemente trabalhar diligentemente, realizando um ciclo de deveres ano após ano, e contudo não serem convertidos. Eles podem escrever em defesa do cristianismo, e apesar disso não serem convertidos. Um homem pode ter uma pregação que agrada, fazer sermões agradáveis, e mesmo assim estar afastado de Cristo no que respeita à experiência religiosa. Ele pode ser exaltado aos pináculos da grandeza humana, contudo, nunca ter experimentado a obra interior da graça que transforma o carácter. Esse está enganado pela ligação e familiaridade com as sagradas verdades do evangelho, que alcançaram o intelecto, mas não foram trazidas ao santuário interior da alma.
"Precisamos ter mais do que uma crença intelectual na verdade. Muitos dos judeus estavam convencidos de que Jesus era o Filho de Deus, mas eram orgulhosos e ambiciosos demais para render-se. Decidiram resistir à verdade, e mantiveram sua posição. Não receberam no coração a verdade tal qual é em Jesus. Quando a verdade é aceite como verdade unicamente pela consciência; quando o coração não é estimulado e tornado receptivo, apenas a mente é influenciada. Mas quando a verdade é recebida como verdade pelo coração, passou pela consciência e cativou a alma com seus princípios puros. É posta no coração pelo Espírito Santo que revela à mente a sua beleza, para que a sua força transformadora se manifeste no carácter." The Review and Herald, 14 de Fevereiro de 1899.
Por conseguinte, embora não exista diferença real entre os mundanos e os religiosos, há um grande contraste entre estas duas classes e o verdadeiro filho de Deus. Não é preciso qualquer transformação de carácter para deixar a igreja Católica e tornar-se um protestante ou um comunista ou um pagão. A prova cabal disto é dada na vida do rei Henrique VIII de Inglaterra. Antes da sua separação de Roma, era um cruel perseguidor daqueles que se lhe opunham. Depois da sua separação, continuou o mesmo padrão de crueldade na exterminação dos seus inimigos.
Semelhantemente, quando a França mudou do catolicismo para o ateísmo, não houve mudança de carácter. O povo não se tornou pior. Simplesmente deram ilimitada libertação ao selvagem espírito de vingança que haviam aprendido sob o domínio de Roma. Aquilo que os sacerdotes e governantes lhes tinham feito, fizeram-lhes eles em troca. Não havia diferença entre o carácter do povo de França depois da revolução começar e o que eram antes dela.
Do mesmo modo não é preciso uma transformação de carácter para se tornar um membro da igreja, especialmente naquelas comunidades onde o planeamento humano, eleição e organização tomaram o lugar da direcção divina. Apenas é preciso apenas uma mudança de lealdade e conformação com certas normas de comportamento exterior. A presença visível destas coisas convence o observador que houve de facto uma transformação de carácter. Este engano é suficientemente grave para o observador, mas é ainda mais perigoso para a própria pessoa que não pretendia enganar ou ser enganada. Contente por ser tão verdadeiramente cristão como qualquer um que o rodeia, não faz esforços para procurar a justiça de Cristo pela qual uma mudança interior de carácter será efectuada. Embora não convertido fora do alcance das mudanças das suas convicções pessoais e práticas exteriores, pode ser muito religioso, experiente em argumentos da Escritura e desempenhar os mais altos cargos na igreja. Está confiante que quando a crise vier, será um hábil defensor da verdade de Deus.
Mas, embora não saiba, permanece o facto que o Sábado está apenas onde o poder de Deus estiver. Portanto, quando o último grande confronto vier sobre ele, verificará que não tem o equipamento necessário com que enfrentar e vencer o homem do pecado.
Manter-se-á eternamente a verdade que unicamente onde estiver o poder de Deus aí se encontrará o Sábado. Portanto, está escrito que a observância do Sábado se mantém para o povo de Deus, o santificado, o renascido, o verdadeiro religioso, aqueles em quem a vida de Deus foi implantada. Encontrai esse povo e tendes encontrado os verdadeiros observadores do Sábado.


A Bandeira de Satanás


Tão seguramente como se encontrará o Sábado onde se encontra o poder de Deus, assim onde quer que Satanás tenha estabelecido o seu domínio, o Domingo é observado. É preciso poder para fazer isto.
Imaginai por exemplo, que um grupo de pessoas decide que o mundo devia escolher a Quarta-feira como o dia de adoração universal. Seria uma questão simples tomar a decisão; apenas seria necessário algum dinheiro para anunciar o decreto, mas pensai no poder necessário para persuadir ou obrigar todo o mundo a fazê-lo!
No entanto Satanás, através dos vários agentes de Babilónia, tem sido bem sucedido em afastar o mundo das específicas instruções de Deus para manter o Sábado santo, a fim de dar reverência ao Domingo no seu lugar. Isto é de algum modo notável e o seu sucesso a este respeito é a marca e a medida do seu poder. Ele sabe isto, e, através dos escritores católicos romanos, tem-se vangloriado que a mudança do Sábado para o Domingo sem qualquer autoridade escriturística é a marca do seu poder e assim é.
"Pergunta. Tendes vós alguma outra maneira de provar que a Igreja tem poder para instituir as festas dos preceitos?
"Resposta. Se ela tivesse esse poder, podia ter feito aquilo em que todo o moderno religioso concorda com ela — não podia ter substituído a observância do Sábado o sétimo dia pela observância do Domingo, o primeiro dia da semana, uma mudança para a qual não há autoridade escriturística." Keenan, A Doctrinal Catechism, pág. 174. 3ª ed. Americana, Nova Iorque: Kenedy & Sons.
"Mas uma vez que o Sábado, não o Domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não-católicos que professam tirar a sua religião directamente da Bíblia e não da Igreja, observem o Domingo em vez do Sábado? Sim, evidentemente, isto é inconsistente: mas esta mudança foi feita cerca de quinze séculos antes do Protestantismo ter nascido, e nessa altura a tradição era universalmente observada. Eles continuaram a tradição apesar dela assentar sobre a autoridade da Igreja Católica e não sobre um específico texto da Bíblia. Essa observância permanece como uma lembrança da Igreja Mãe da qual a secção não católica se separou — tal como um rapaz que se afasta de casa mas continua a transportar no bolso uma fotografia da sua mãe ou uma madeixa do seu cabelo." John A. O'Brien, The Faith of Millions, 543, 544. Londres, W. H. Allen, 1962.
"O Sábado dos judeus ou o dia do repouso, era o Sábado, mantido sagrado porque Deus na criação repousou no sétimo dia e porque eles desejavam assim comemorar a sua libertação do Egipto. A Igreja, usando o poder que o nosso Senhor lhe deu, alterou a observância do Sábado para a observância do Domingo, a fim de comemorar a ressurreição do nosso Senhor no Domingo de Páscoa e a descida do Espírito Santo no Pentecostes. Há evidência no Novo Testamento (Actos 20:7; 1Coríntios 16:2) que os apóstolos tinham começado a observar o Domingo como um dia de adoração assim como o Sábado; mas os apóstolos não fizeram leis quanto ao assunto, e a completa transferência do Sábado para o Domingo foi um processo gradual, sob a autoridade da Igreja. Os cristãos que crêem na Bíblia e apenas na Bíblia devem ter alguma dificuldade em explicar porque é que guardam o Domingo como um dia santo e não o Sábado." Canon Cafferata, The Catechism Simply Explained, pág. 84. Londres, Burns, Oates, & Washbourne Ltd., 1954.
Assim, não só é a instituição da adoração no Domingo a marca do poder papal, mas a jactância de que assim é. Alguém podia perguntar porque é que o mundo tem aceite tão prontamente esta instituição papal. É assim porque, na realidade, há apenas duas religiões no mundo. Há a verdadeira adoração de Deus em que os caminhos de Deus são cuidadosamente estudados e fielmente seguidos tão rapidamente quanto se tornem claros à compreensão em desenvolvimento. Para essas pessoas, quando Deus indica um  dia específico de adoração, não há discussão ou objecção. Se Deus o apontou, então ele permanece.
Depois há os inúmeros membros das falsas religiões em todo o mundo incluindo aquelas organizações que geralmente não se consideram como religiões, tal como os comunistas, materialistas e outras. Contudo, apesar destes vários grupos terem diferentes ênfases e várias posições doutrinais, em todas elas há um único factor de união que as reduz a uma simples igualdade. É o princípio de fazer do homem a sua fonte no lugar de Deus. É a dependência do dinheiro e do poder dos números. Todos os que pertencem a estas organizações vão por este caminho e não conhecem outro.
Ao seguir este procedimento de colocar o homem no lugar de Deus, privam-se a si mesmos da Sua presença e do Seu poder e portanto não podem ser observadores do Sábado. Assim como o Domingo foi o símbolo estabelecido para substituir os caminhos de Deus pelos caminhos do homem, é simplesmente natural que estas várias organizações aceitem esse dia. Apesar de algumas se agarrarem à observância do Sábado num nível legal, quando for altura de sofrer a pressão final será uma questão simples fazerem as alterações exteriores da transição daquilo que mesmo agora já aconteceu.
Se tiverdes determinado que permanecereis inabaláveis sob a bandeira do Sábado no conflito que se aproxima, precisareis de compreender que será necessário muito mais do que uma mera convicção que o sétimo dia é o Sábado juntamente com os argumentos necessários para provarem que o sétimo dia é o dia escolhido por Deus, antes de poderdes manter essa posição. Tudo isso é bom mas insuficiente. Não descanseis enquanto a presença do poder de Deus não estiver estabelecida e em desenvolvimento diário na vida. Sem isso, não será possível resistir mais ao poder de Satanás e do pecado do que acabar com o ocaso do sol no céu poente. Não importa quão resolutos podeis ser para não o fazerdes, mantém-se o facto que vos curvareis perante o inimigo e ficareis sob a bandeira do Domingo.
"A única defesa contra o mal, é Cristo habitar no coração mediante a fé na Sua justiça. Se não nos unirmos vitalmente a Deus, nunca poderemos resistir aos efeitos não santificados do amor próprio, da condescendência connosco mesmos e da tentação de pecar. Podemos deixar muitos hábitos maus, podemos durante algum tempo separar-nos de Satanás; mas sem uma ligação vital com Deus, mediante a entrega de nós mesmos a Ele, momento a momento, seremos vencidos. Sem um conhecimento pessoal com Cristo e uma comunhão contínua achamo-nos à mercê do inimigo, e acabaremos por fazer-lhe a vontade." O Desejado de Todas as Nações, 345.


Alta Traição


Ao deitar a bandeira do Sábado abaixo, pisando-a a pés, substituindo-a com a bandeira do Domingo, os homens têm mostrado o maior desprezo pelo grande Dador da Lei. Têm declarado que são mais sábios do que Ele e possuem mais poder. Para tornar as coisas ainda piores, os que fazem isto, pretendem ser súbditos leais do Rei dos reis, o Criador do universo. Ingenuamente imaginam que Deus tem mesmo aprovado o seu procedimento. Quão mais enganados é possível eles estarem?
Pensai na reacção duma nação se um jovem soldado vestido com o uniforme do seu país descesse a bandeira, a pusesse debaixo dos pés e em seguida levantasse a bandeira da nação dos piores inimigos da nação em seu lugar. Um desprezo assim não seria tolerado. O soldado seria expulso das fileiras e seria castigado muito severamente. Se isso acontecesse em tempo de guerra, seria executado como traidor.
Nem por um momento penseis que Deus considera levemente a afronta mostrada à Sua autoridade e governo, a desonra da Sua bandeira, o símbolo do Seu poder e força. Ele reconhece todo o significado das acções dos homens, contudo não é pessoalmente ofendido pelo que é feito. Pelo contrário, compreende que por estas acções os homens se colocam a si próprios acima de Deus e no lugar de Deus. Assim eles desligam-se a si mesmos da Fonte da luz e poder e privam-se assim da vida eterna. Deus não terá alternativa senão deixá-los à sorte que escolheram.
Quando o soldado desce a bandeira do seu país e a substitui pela do inimigo, que está ele a dizer com esta acção? Que amplas mudanças está ele a pedir?
Está a demonstrar que deseja que o poder do seu país seja derrubado e que a outra nação seja colocada no seu lugar. Esta seria a única mensagem caso uma acção dessas tivesse lugar.
Semelhantemente, aqueles que desprezam o dia do Sábado de Deus e dão respeito à adoração do Domingo, estão desse modo a confirmar que é o seu desejo que o poder de Deus seja abolido e o de Satanás instituído no seu lugar. Eles podem não compreender as implicações do que estão a fazer e podem estar enganados ao pensar que a sua acção é uma acção que Deus prontamente aprovará, mas isto não altera o significado da acção. Contudo, Deus verdadeiramente reconhece o factor ignorância e dá a devida tolerância para ele ao passo que trabalha sempre para tornar claro a verdadeira realidade destas coisas. À medida que o fim se aproxima, as questões estarão mais nítida e claramente definidas de modo que ninguém estará em trevas quanto ao que se está a passar. Então, como nunca antes, a contínua rejeição do Sábado e a adesão ao Domingo transportará um peso de condenação terrível nas suas proporções.
Rejeitar o Sábado é rejeitar o poder de Deus que é desdenhar o evangelho de Cristo, que, quando rejeitado, não deixa caminho para a libertação da escravidão do pecado e o seu salário é a morte. Permiti que estes princípios sejam totalmente compreendidos e o Sábado seja acalentado como planeado, a fim de trazer por seu lado as maravilhosas bênçãos espirituais que Deus transmitirá aos que Lhe são fiéis através do dom do Sábado.
Justiça e o Sábado de Deus


Capítulo 7


O Selo de Deus


O Sábado é o selo de Deus. As Escrituras dão ênfase a isto e nenhum estudo acerca do Sábado estaria completo sem considerar este aspecto. É o selo de Deus em contraste com a marca de Satanás, o Domingo.
O Apocalipse ilustra para nós o final e conclusivo conflito na longa controvérsia entre o bem e o mal. Dum lado estarão os que têm o selo de Deus. Colocados contra eles estarão os que têm a marca da besta e da sua imagem. No capítulo 13 é exposta a natureza opressora do poder que usará os métodos coercivos para obrigar que todos adorem a besta e a sua imagem e recebam a sua marca. Maravilhosos milagres serão realizados para deslumbrar os sentidos, seguidos por crescente severa perseguição sobre aqueles que recusam prestar-lhe homenagem. Quando isto fracassar serão proibidos de comprar ou vender e por fim será decretada a sua morte.
"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão.
"E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada.
"E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens.
"E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia.
"E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.
"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas;
"Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.
"Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis." Apocalipse 13:11-18.
Enquanto estas forças opressoras estão a avançar para fazer a sua obra de sujeitar o mundo, a vontade do Senhor, através dos Seus servos fiéis, estará advertindo o mundo das desastrosas consequência de receber a marca da besta.
"E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão.
"Também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.
"E o fumo do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome." Apocalipse 14:9-11.
Esta é uma linguagem extremamente clara. Deus não atenua ou esconde no mínimo grau as terríveis consequências de ceder à tremenda pressão imposta por estes poderes ímpios. Não haverá esperança ou clemência por aqueles que tiverem a marca nesta altura.
Será impossível ocupar uma posição neutra na hora de crise que se aproxima. Todos serão forçados a tomar uma decisão quanto à sua posição. Por um lado, os poderes confederados de toda a Terra, apoiado pelas multidões, ilimitados fundos, toda a tecnologia que terá sido desenvolvida nessa altura e as armas da força, aproximar-se-ão ameaçadoramente de todos os homens, mulheres, e crianças a fim de assegurar que todos reconheçam e adorem a marca do seu poder. Estes poderes não tolerarão qualquer pessoas que tenha a coragem de resistir às suas exigências e recuse adorar a besta e a sua imagem ou receba a sua marca e número.
Por outro lado, Deus não só estará advertindo para os resultados de seguir o caminho recomendado, mas também estará a fazer um grande apelo espiritual ao mundo para rejeitar estes caminhos destruidores e entregar tudo a Ele. Todos sentirão estas poderosas contra-pressões. Um será o poder do amor, o outro as ameaçadoras forças que provocam o medo. A implacável exigência destes dois apelos em adição ao contexto em que falam, tornará impossível a qualquer pessoa fugir a uma decisão. Todos devem lançar a sua sorte dum lado ou do outro. Será uma questão de obediência aos caminhos de Deus ou do homem.
Não pode haver dúvida então quanto aos lados envolvidos nesta batalha, nem os assuntos sobre os quais a contenda será travada. Será o poder de Satanás simbolizado pela marca da besta, a adoração do Domingo, contra o poder de Deus simbolizado pelo selo de Deus, o Sábado. A marca da besta é o instrumento de Satanás, porque ela opõe-se a Deus e a tudo o que é de Deus. Toda a invenção de Satanás é uma imitação da verdade do governo de Deus, pelo que estamos alertados para saber que para tudo o que é falso deve haver a sua contrapartida na verdade. Por outras palavras, Satanás está a oferecer um sinal como substituição daquele que Deus quereria que nós recebêssemos. As Escrituras não deixam dúvidas quanto ao que é este número oposto, lançando assim ainda mais luz acerca da marca e da sua natureza.
Foi mostrado a João na visão profética um certo pequeno grupo de pessoas nos últimos dias "... que saíram vitoriosas da besta, e da sua imagem, e do sinal, e do número do seu nome ..." Apocalipse 15:2.
João viu este grupo junto ao mar de vidro, sendo assim informados que eles viveram até ao fim dos dias quando a imagem for estabelecida e a marca imposta com a ameaça de morte, mas, tendo resistido a esta provação da sua fé, saíram vitoriosos, e, na sua imaculada pureza, estão em pé junto ao mar de vidro. Há apenas um grupo que pode estar qualificado para essa honra e é o grupo dos cento e quarenta e quatro mil. Eles revelarão a diferença da sua experiência ao cantarem um cântico que mais ninguém pode aprender ou cantar.
"E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra." Apocalipse 14:3.
Todos os remidos cantarão as glórias do plano da salvação de Deus até à profundidade da experiência que passaram na obtenção e defesa do inestimável dom de Deus, mas nenhum deles cantará como os cento e quarenta e quatro mil. Eles, tendo passado vivos pela luta final, terão ganho uma experiência que somente uma batalha como essa pode dar. Cantarão a história da salvação com uma amplidão, profundidade e intensidade que farão ela parecer um hino completamente novo.
Tal como está escrito que aqueles que se opõem a Deus nos últimos dias terão a marca da besta, assim está escrito que os cento e quarenta e quatro mil terão o selo de Deus.
"E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel." Apocalipse 7:4.
O que é então o selo de Deus que os justos possuirão em contraste com a marca da besta que devem rejeitar a fim de receber e reter o selo de Deus?
A palavra grega sphragis, que significa impressão ou inscrição, é a palavra usada no original do versículo citado. A mente é dirigida para o selo usado pelos reis e potentados para fazerem impressões e inscrições no lacre do selamento de documentos importantes. Quando o documento fosse fechado, era aplicado o lacre quente a fim de o fechar e fazia-se pressão com o selo no lacre para indicar o poder e autoridade que o tinha selado. Depois, ninguém abria o documento a menos que fosse o destinatário, ou alguém cujo poder fosse maior do que o poder do dono do selo que o tinha fechado. Assim há dois aspectos do selo que são importantes como ilustrações da contrapartida espiritual no selo de Deus. O primeiro é a inscrição que define a autoridade e poder do dono do selo e o segundo é o facto que sela as coisas no interior, que não podem ser mexidas ou removidas por um poder não autorizado. Aquilo que é verdadeiro quanto ao selo terrestre é semelhantemente verdadeiro acerca do celestial.
Para o selo de um governante terrestre ser válido, deve conter três elementos — o nome, o título, e o território sobre o qual o governante tem autoridade. Estes elementos eram gravados no instrumento conhecido como o selo de modo que a impressão era feita no lacre quente, esta informação era transferida e guardada pelo lacre.
Deus não usa um instrumento mecânico feito de ouro ou outro metal para imprimir o Seu selo na pessoa. Os Seus caminhos são mais elevados do que os caminhos dos homens e o Seu selo é portanto mais puro e espiritual. Contudo, o Seu selo contém realmente os elementos acima descritos. Devemos encontrar onde nas Escrituras Deus combinou os três num lugar. No quarto mandamento, o Sábado, todos esses três elementos podem ser encontrados num lugar, numa ordenança.
O Seu nome: O Senhor teu Deus;
O Seu título: Autor ou Criador;
O Seu território: O Céu e a Terra.
Assim o mandamento do Sábado contém todos os elementos necessários para tornar um selo completo. Esta verdade é ainda mais confirmada em Ezequiel 20:12.
"E também lhes dei os Meus Sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles; para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica."
Um sinal ou selo contém autoridade igual ao poder de quem tem o selo. Por exemplo, se um documento que vos não é endereçado chegar às vossas mãos selado com o grande selo do Estados Unidos, não teríeis coragem para abri-lo a menos que estivésseis preparados para vos tornardes objecto do implacável julgamento dessa nação. Através desse selo, o governo dos Estados Unidos declara que o documento está hermeticamente fechado para qualquer um excepto aquele a quem foi escrito. Semelhantemente, o Sábado é o selo que o Senhor coloca sobre o Seu povo e Ele quer que todos saibam que o Seu povo não pode ser violado impunemente.
Mas, apesar deste aspecto do selo ser verdadeiro, ele é apenas o início das poderosas verdades ali contidas. Deus é um Deus vivo. Portanto, o Sábado é uma verdade viva e um selo vivo. Por conseguinte, é um poder e, como tal, tem a missão de efectuar certos resultados desejáveis. Assim, enquanto o selo de Deus no primeiro exemplo é uma impressão que leva a marca da autoridade divina, é também uma protecção e defesa para o povo de Deus. Ele tem o poder de impedir a entrada ao pecado e reter a justiça no interior.
Uma ilustração simples disto é o processo comum da embalagem de comida. Todos os que fazem isto sabem que é vital que um selamento eficaz seja efectuado a fim de evitar completamente a invasão de qualquer elemento corruptor. Enquanto o selo permanecer intacto é impossível a comida putrefazer-se.
Assim é com o selo de Deus. Ele é o poder destinado a evitar a entrada de qualquer forma de corrupção espiritual. Como o seu poder é imensamente maior do que o poder do pecado, é completamente eficaz neste papel. É impossível à alma verdadeiramente selada com o selo de Deus ser corrompida pelo pecado. Semelhantemente, se o selo não estiver ali, então é impossível não ser corrompido.
Apesar deste selo ser o poder de Deus, é contudo o Espírito Santo que o aplica onde é necessário. Paulo confirma isto na sua carta aos Efésios.
"Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperámos em Cristo;
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa." Efésios 1:12, 13.
O Espírito Santo não passa pelo povo de Deus com um carimbo na mão, imprimindo um selo mecânico nas testas dos santos. Em vez disso, Ele implanta uma vida, um poder, dentro dos filhos de Deus. É esta comunicação da vida de Cristo através do ministério do Espírito Santo que torna a alma imune ao pecado.
Cristo "veio para destruir as obras do diabo e tomou providências para que o Espírito Santo fosse comunicado a toda alma arrependida, para guardá-la de pecar". O Desejado de Todas as Nações, 330.
"Uma alma assim protegida pelos seres celestes é inexpugnável aos assaltos de Satanás." O Desejado de Todas as Nações, 344.
O selo eficaz contra o pecado exterior é a presença do Espírito Santo no interior do crente. Esta presença é o poder de Deus do qual o Sábado é o sinal. Portanto, o Sábado é o grande baluarte contra a determinação de Satanás de infectar a alma com o pecado.
Cristo tinha esta experiência e foi portanto um verdadeiro observador do Sábado.
"Agora, enquanto o nosso grande Sumo Sacerdote está a fazer expiação por nós, devemos procurar tornar-nos perfeitos em Cristo. Nem mesmo por um pensamento poderia o nosso Salvador ser levado a ceder ao poder da tentação. Satanás encontra nos corações humanos algum ponto em que pode obter apoio; algum desejo pecaminoso é acariciado, por meio do qual suas tentações asseguram a sua força. Mas Cristo declarou de Si mesmo: 'Aproxima-se o príncipe deste mundo, e nada tem em Mim.' João 14:30. Satanás nada pôde achar no Filho de Deus que o habilitasse a alcançar a vitória. Tinha guardado os mandamentos de Seu Pai, e não havia n'Ele pecado que Satanás pudesse usar para a sua vantagem. Esta é a condição em que devem encontrar-se os que subsistirão no tempo de angústia." O Grande Conflito, 500.
Isto é o que significa ser selado com o Espírito Santo da promessa. É estar possuído e cheio do poder de Deus para o qual as tentações de Satanás não têm poder sobre nós.
Isto é bem ilustrado por uma fortaleza. Um factor que sempre preocupa o Senhor do castelo é a possível presença de qualquer agente inimigo no interior. Ele sabe que pode confiar nas paredes de alvenaria, nas portas de ferro, no largo e profundo fosso protector, mas se alguém do inimigo estivesse no interior para atraiçoar e destrancar as portas no silêncio da noite, então o castelo seguramente cairia nas mãos do inimigo. Mas, se todos no interior forem leais e verdadeiros, não há qualquer problema. A cidadela está segura. Semelhantemente, Satanás trabalha para implantar no interior do coração a fraqueza e respostas que atendam às suas tentações exteriores. A nossa tarefa é aceitar a presença interior do poder de Deus de modo que não exista eco de resposta no interior.
Esta obra de selamento é progressiva. Se qualquer pessoa cuidadosamente examinar a sua própria experiência, rapidamente reconhecerá que há áreas onde está selada contra a tentação. Por exemplo, muito dos que lêem esta publicação foram educados contra o uso do tabaco. Outros, uma vez habituados a esta droga, experimentam o poder de Deus a expulsar o próprio desejo do corpo e a substituí-lo com aversão e repulsa. Tão firmemente a mente e o corpo foram seguros contra esta tentação que nenhuma atracção, argumento, ou pressão fará surgir dentro da pessoa qualquer desejo de participar da planta venenosa. Assim a pessoa possui o selo contra o hábito do tabaco.
A mesma experiência pode e deve ser mantida em todo o caso de tentação. Por exemplo, o ódio de uma pessoa pode ser tão completamente removido e substituído pelo amor de Deus que não importa o que o inimigo possa fazer, apenas haverá resposta de amor em troca. À medida que a obra de purificação prossegue passo a passo, o crente é trazido cada vez mais próximo do ponto em que não resta qualquer elo ao pecado, nenhum desejo pecaminoso é acariciado e o inimigo nada encontra para o que possa apelar. Quando essa obra estiver por fim completa, então o crente está total e finalmente equipado com o poder de Deus, possui o Sábado em verdade e será capaz de se manter firme e ser um instrumento através de quem Deus derrotará e destruirá a besta e a sua imagem, o seu número e a sua marca.
Isto confirma mais o facto que a mera crença que o sétimo dia é o Sábado de Deus combinado com a abstenção de toda a obra nesse dia, não constitui a posse do Sábado ou significa que a pessoa tem o selo de Deus. Somente aqueles em quem o Espírito Santo implantou a vida e o carácter de Cristo são santos, guardam o Sábado e têm o selo. Nada menos do que isto dá estas qualificações a uma pessoa.
o de Deus


Capítulo 8


O Conflito Final


Embora o grande conflito tenha estado em movimento com inflexível intensidade durante quase seis mil anos, ainda não houve um momento em que todo o mundo fosse agrupado num lado contra outro. O tempo em que isto esteve próximo foi no dilúvio. Nessa altura, todos excepto oito estavam do lado de Satanás sem possibilidade de inverterem a sua posição. Mas não pode ser dito que os oito eram tão completa e irresistivelmente dedicados a Deus como o restante era a Satanás. Apenas pouco tempo depois do dilúvio, um dos filhos mostrou grande simpatia pelos princípios de Satanás e tornou-se o progenitor de gerações que entraram na mais negra impiedade.
Hoje, há os que estão completamente do lado de Satanás. Eles ultrapassaram o ponto de retorno, mas dificilmente seria verdade dizer que qualquer dos filhos de Deus está completamente seguro contra o regresso aos caminhos de Satanás. Entre o povo de Deus e os perversos, há a vasta maioria de homens e mulheres que ainda não tomaram a sua decisão final por qualquer dos lados. Muitos deles tacteiam na ignorância, desprovidos de qualquer conceito real acerca do que trata o grande conflito. A maior parte nem sequer sabe que ele está em progresso.
Mas está a chegar um tempo em que todo o mundo estará dividido entre os que adorarão a Deus para sempre e os que nunca se submeterão ao Seu amor e direcção. A divisão proporcional será tal que apenas alguns na verdade ficarão com Deus. A vasta maioria servirá o pecado e a Satanás.
"E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." Apocalipse 13:8.
Esta profecia prevê apenas duas classes de pessoas: aquelas cujos nomes estão escritos no livro da vida e as que adoram a besta e a sua imagem. A última classe estará ligada numa confederação universal de desafio contra o Criador do Céu e da Terra. Eles serão enganados ao seguirem o destruidor pela vil obra dos demónios, "... os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-poderoso....
"E os congregaram num lugar que em hebreu se chama Armagedom." Apocalipse 16:14, 16.
"Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta.
"Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos, e fiéis." Apocalipse 17:13, 14.
Há muitos que acalentarão o conceito que a batalha de Armagedom será uma luta entre os poderes políticos do ocidente e os do oriente. Por outras palavras, verão metade das nações em frente da outra metade. Mas este não é o caso. Todos os governos da Terra estarão confederados numa vasta força para colocar a sua determinada posição e ambições apostatadas contra o Rei dos reis. Eles evidentemente, usarão quaisquer medidas que os seus corações maus conceberão. Com eles, qualquer meio é justificado para chegar aos fins. Será a expressão final de como os caminhos dos homens diferem dos caminhos de Deus.
Por outro lado, Deus fará guerra apenas em justiça. Isto significa que Ele lutará sob definidas limitações, contudo provará que a justiça é mesmo assim mais poderosa do que a pecaminosidade.
Inspirados com confiança quando vêem as vastas multidões do seu lado e cheios de escárnio ao avaliar quão poucos estão firmes pela verdade de Deus, os ímpios corajosamente desfraldam a bandeira do Domingo perante todo o mundo, flutuando nas faces de Deus e dos santos.
Mas os justos não se impressionarão com os números, nem desanimarão pela falta deles. Medem todas as coisas pelo poder de Deus do qual o seu amado Sábado é o símbolo vivo. À luz desse poder, todas as forças contrárias são como nada para eles.
Em toda a vitória ganha pela causa de Deus até agora, o Seu povo, foi abençoado com amplas visões do Seu altíssimo poder, foi capaz de avaliar com precisão o poder do inimigo. À medida que via quão pequena era a oposição em comparação com as imensas capacidades do seu divino Guia, forte fé nascia dentro de si e era armado para fazer coisas maravilhosas. É triste que estes triunfos foram excepções em vez da regra, tendo como consequência que o fim do grande conflito tenha sido seriamente adiado. Contudo cada vitória obtida, é um tipo e uma certeza que quando o povo de Deus por fim avançar consistentemente no Seu poder, a obra será feita.
A vitória de David sobre o poderoso Golias é um excelente exemplo disto. Antes da sua chegada à frente de batalha para levar provisões aos seus irmãos, ele havia olhado para além do céu no alto e dali para a terra em baixo até ver alguma coisa do poder criador de Deus e ter aprendido a medir todas as coisas por estes padrões. Consequentemente, quando o leão e o urso atacaram os seus rebanhos, foi capaz de ir contra eles no poder do Senhor e ganhar.
Estas experiências não foram partilhadas por Saul e seus soldados. Eles conheciam apenas a força das armas. Portanto, quando o gigante filisteu se apresentava perante eles desafiando-os a descerem e lutarem, ninguém estava preparado para ir. Conhecendo tão pouco, se alguma coisa, do poder de Jeová, eles apenas comparavam Golias consigo próprios. Não tinham dificuldade em ver que não havia quem igualasse o inimigo. Assim dia após dias passava e a questão permanecia por resolver.
Era uma situação embaraçadora a de Saul e dos seus súbditos que professavam ser invencíveis seguidores do Criador dos Céus e da Terra. Eles tinham um nome e uma reputação pelas quais viver, mas parecia que apesar dos maravilhosos feitos do passado que tinham honrado Deus, a Sua glória e presença tinham agora partido deles. As promessas estavam nas Escrituras tão claras e brilhantes como nunca, mas não havia evidência que seriam cumpridas nesta situação difícil.
Então David, cheio de brilhante fé nascida de um consciente sentido do poder e presença de Deus, entrou em cena. Inspirado por Deus, ofereceu-se como resposta aos insultos de Golias, e, depois de recusar a pesada armadura que o rei lhe oferecera, saiu vestido apenas com uma leve túnica de pastor e levando como arma apenas cinco simples pedras.
Golias, na sua total ignorância do poder de Deus, nada sabia da verdadeira força que caminhava contra ele. David não parecia ser mais do que um inexperiente e evidentemente muito audacioso, confiante jovem que estava preparado para desperdiçar a sua vida numa aventura sem esperança. Golias portanto, avançou para o jovem, zangado por lhe ser exigido que enfrentasse um opositor tão "pouco digno" e determinou exibir o seu desprezo por este insulto derrotando rapidamente o jovem. Grande foi a surpresa de todos quando o resultado foi, em vez disso, a morte de Golias e a total derrota dos filisteus.
Tanto David como o resto de Israel que estiveram presentes nesse dia, eram observadores do sétimo dia o Sábado, mas, enquanto David tinha o poder de Deus em si, em grande parte o resto não tinha. Esta era a prova da sua completa inaptidão para vencer o campeão filisteu. Portanto o Sábado, como eles o observavam, estava separado do poder de Deus e assim não podia ser o Sábado como o Senhor o deu. O verdadeiro Sábado é encontrado apenas onde o poder de Deus está estabelecido, porque, tal como foi explicado nesta publicação, o Sábado é o símbolo da omnipotência de Deus. Portanto, nesse triunfante dia, David apenas demonstrou a posse do Sábado de Deus e apenas através dele foi a vitória ganha.
Esta história será repetida. Presentemente, há muitíssimas organizações evangélicas que defendem o sétimo dia o Sábado e estão devotadas à finalização do reino do pecado e à restauração do reino. Em oposição a elas estão poderosas forças babilónicas entre as quais estão gigantes intelectuais que, tal como Golias, desafiam o professo povo de Deus a enfrentá-los em combate. Uma vez mais, em virtude da viva presença de Deus estar separada dos que defendem o sétimo dia, não têm capacidade para enfrentar e vencer estes inimigos. O resultado, tal como nos dias de David, é um manter à distância, adiando o termo da obra e o estabelecimento do reino.
Esta situação não continuará indefinidamente. Tal como Deus preparou David para a sua importante missão futura, assim, presentemente, está Ele a preparar um povo para derrubar o gigante babilónico. A preparação de novo envolve a revelação do poder de Deus de modo que o Seu povo terá um padrão pelo qual avaliar a capacidade de todas as outras forças. Quanto mais claramente conhecerem a omnipotência infinita de Jeová, mais pequena aos seus olhos aparecerá a confederação do mal.
Durante o tempo em que Israel e os filisteus se defrontaram, David era um factor desconhecido não sendo levado em conta por ambos os lados. Saul esperava, de algum modo, obter ele próprio a vitória, enquanto os filisteus estavam seguros que a vantagem dada pela presença de Golias lhes asseguraria a supremacia.
Do mesmo modo, o pequeno grupo que o Senhor está a preparar para o conflito que se aproxima é desconhecido e não é considerado por ambos os lados. Os que propõem o sétimo dia tem lido as declarações de Deus sobre um povo observador do Sábado que finalizará a obra. Confiante que o seu respeito pelo dia correcto de adoração os identifica como essa organização, estão certos que a promessa se aplica a eles e que apenas eles usarão a coroa da vitória.
Mas este grande número de observadores do sétimo dia têm falhado em compreender que, sem a presença do poder de Deus, a mera observância do dia correcto não os identifica como sendo o exército de Jeová. Ficarão surpreendidos um dia quando verificarem que um pequeno grupo de verdadeiros observadores do Sábado surgirá da obscuridade tal como fez David, para ganhar a vitória pela qual eles futilmente têm lutado durante tanto tempo e será galardoado com a coroa que eles tão zelosamente desejaram. Então, demasiado tarde, compreenderão que falharam em obter a verdadeira qualificação para a sua obra. O seu desapontamento transformar-se-á em fúria vingativa tal como o ciúme de Saul foi despertado contra David até se decidirem a destruí-lo. O verdadeiro povo de Deus verificará no final que aqueles que estavam mais perto de si serão os seus piores inimigos.
Para aqueles que sacrificaram muito pela causa e estão confiantes na certeza de um lugar no Céu, será um dia de grande tristeza quando verificarem que estão desqualificados porque tinham apenas a aparência mas não a realidade da verdade do Sábado.
Cristo estava profundamente preocupado com este problema. Ele desejou que ninguém fosse enganado pela falsa religião mas que todos vissem tão claramente a diferença que não descansassem enquanto não encontrassem a verdadeira. Numa linguagem muito clara, Ele avisou que a maioria, apesar disso, chegaria ao dia de contas final e estaria perdida esperando ser salvos. disse Ele:
"Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsámos demónios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?
"E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade." Mateus 7:22, 23.
Obviamente então, aqueles que seriam campeões do Sábado nos últimos dias deviam compreender o que envolve a verdadeira observância do Sábado. Não é suficiente ser capaz de debater todas as provas que o sétimo dia é o dia correcto. A questão vai mais fundo do que isso. O conflito final será o último confronto entre os poderes espirituais de Deus e de Satanás — o sistema divino contra o satânico.
Portanto, apenas aqueles que, como David, têm o poder de Deus implantado em si serão usados como instrumentos de Deus para vencer os poderes das trevas. Eles poderão ser poucos em número, jovens no desenvolvimento, mas tão poderosos em Deus que serão invencíveis. Ninguém será capaz de resistir perante eles.
Todo o verdadeiro filho deseja ser um membro daquele ilustre grupo. Esta é uma digna ambição mas não será alcançada a menos que existam almas diligentes que investiguem a fim de determinar a verdadeira natureza da nossa observância do Sábado. Somente quando se verifica que o poder de Deus está presente com a observância do sétimo dia pode uma pessoa estar certa de ser um verdadeiro adorador.
É agora o tempo de começar esta profunda obra. Amanhã será demasiado tarde.
O povo de Deus são aquelas pessoas em quem está a vida, a justiça, e o poder de Deus.
Para esses há ainda um repouso do Sábado.
Eles serão aqueles através de quem o Senhor vencerá Babilónia e em cujas cabeças as coroas da vitória serão colocadas.
Possa esta publicação ter clarificado de tal modo o que a verdadeira observância do Sábado é que todos os que a leiam sejam capazes de entrar no Seu repouso agora e eternamente.

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