A
Vida em Justiça e o Sábado de Deus
Por
F.T. Wright
Ilustração
da Foto
O
infinito universo está cheio de maravilhas do poder criador de Deus. Complexos
sistemas galáxicos a prodigiosas velocidades através do espaço são mantidos nas
rotas e tempos estabelecidos mais precisos. Ninguém pode contemplar estas
maravilhas sem ser profundamente impressionado com a magnitude da omnipotência
de Jeová. Aqui está o Ser Completo, tão infinitamente completo e totalmente
perfeito que nunca necessita de modificar os Seus pensamentos, propósitos ou
procedimentos em qualquer aspecto.
À
plenitude da Sua total sabedoria, Ele juntou o valiosíssimo dom do Seu Sábado
ao Seu poder. Sempre que um esteja presente o outro também lá se encontrará.
Portanto,
quando pela Sua omnipotência estabelece a Sua justiça dentro do crente, também
coloca ali o Sábado, porque os dois são eternamente inseparáveis. É por esta
razão que, "… resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus.”
Hebreus 4:9 (leitura da margem).
Assuntos:
1. O Símbolo do Poder de Deus
2. Três Dias e Três Noites
3. A Ressurreição e o Sábado
4. O Repouso de Deus
5. Um Novo Corpo e um Novo Lar
6. A Bandeira de Deus e a Bandeira de Satanás
7. O Selo de Deus
8. O Conflito Final
Capitulo
1
O
Símbolo do Poder de Deus
Antes
de dizer o que é este livro, será bom explicar o que ele não é.
Durante
o século passado ou mais, numerosos escritores e pregadores proclamaram a
importância, perpetuidade e obrigação da observância do Sábado. O tipo e
carácter dos argumentos usados, eram uma verdadeira reflexão da religião que
conheciam. Enquanto, por um lado, muitos eram convencidos por eles, outros
reagiram chamando ao Sábado um jugo de servidão imposto aos judeus durante a
dispensação da lei. Intensos e vivos debates foram assim gerados entre estes
dois grupos, sem que qualquer dos lados obtivesse a vantagem.
Este
livro não é uma repetição daqueles antigos argumentos legais, nem uma nova
aproximação original. Ele representa uma abordagem completamente nova, nascida
de uma vida e mensagem religiosa que, tendo fugido daquela justiça que é da
lei, aceitou a justiça de Deus que é pela fé. Emergindo da glória de uma
verdade viva e eficaz, brilha sobre o Sábado que não é visível aos que se
limitam a provas académicas e legais para observar um dia em particular contra
outro.
Deste
modo não é uma revisão ou mesmo uma melhoria das propostas do passado. É uma
revelação inteiramente nova, iluminada por uma gloriosa experiência e
sustentada pelos vivos princípios que compõem o carácter de Deus de infinito
amor.
Foi
aos pioneiros do grande segundo Movimento do Advento que a verdade acerca do
Sábado foi restaurada depois de séculos de opressão papal, durante os quais o
primeiro dia foi mantido como o dia do repouso e de festa. Aqueles homens
conheceram e experimentaram o evangelho de Jesus Cristo, o poder de Deus para
salvar do pecado. Eles conheciam a ligação entre a omnipotência de Deus e o seu
símbolo contido no Sábado. Quando pregaram acerca do grande sinal de Deus, era
a verdadeira pregação do evangelho que atraía os corações dos espiritualmente
dotados.
Mas,
as gerações seguintes permitiram que se tornassem destituídos do evangelho
vivo. Na década de 1850, este testemunho foi escrito para eles:
"Foi-me
mostrado que o testemunho aos laodicenses se aplica ao povo de Deus do
presente,..." Testimonies 1:186. Esta é uma revelação lógica da
destituição a que tinham chegado tão rapidamente depois da abertura da mensagem
do terceiro anjo. Os laodicenses não têm o ouro que é a fé que opera pelo amor
e purifica a alma; o vestido branco que simboliza a justiça de Cristo; nem o
colírio do discernimento espiritual. Se têm falta destas coisas, então não têm
o evangelho de Cristo, porque é impossível ter o evangelho e ser um laodicense.
Terem caído neste triste estado já é mau. O que foi realmente grave foi o facto
que não só ignoraram a sua verdadeira condição, mas consideraram-se ainda
possuidores do vivo evangelho da salvação.
Portanto,
eles não deixaram de ser religiosos. Todas as formas foram mantidas, as regras
exteriores cuidadosamente observadas. Mas a justiça de Deus que é pela fé foi
substituída com a justiça que é pela lei. É isso que é simbolizado pelo gerar
Ismael em vez de Isaque, como Paulo declara em Gálatas 4. É a religião que
Paulo conhecia como fariseu, mas da qual fugiu como duma praga quando os seus
olhos foram abertos para ver a genuína e viva verdade em Jesus.
Antes
desta experiência, Paulo, bem como os judeus, conheciam o Sábado apenas como
uma obrigação fria e morta, um aborrecido fardo de servidão e restrição. Assim
acontecia com os laodicenses. Eles também o conheciam apenas como um ponto da
lei e argumentavam em favor dele a partir deste ponto. Isto não foi
inteiramente ineficaz. Provas indubitáveis foram apresentadas e aceites por aqueles
que tinham uma mente a quem esses argumentos apelavam.
Mas
rapidamente chegou o tempo em que as provas apresentadas dentro de um quadro
legalista estavam esgotadas. O único recurso dentro destas limitações é fazer
uma repetição consecutiva das mesmas evidências, lutando sempre para injectar
nelas alguma renovação e vida pela invenção de formas novas e originais de
dizer as mesmas coisas antigas.
Deus
nunca permite que o Seu povo continue para sempre nesta triste situação sem lhe
dar a oportunidade de ver e regressar a esta liberdade, renovação e vitalidade
do evangelho vivo, a justiça que é de Deus pela fé. Isto traz sempre uma crise
à igreja, porque a maioria prefere permanecer onde está, enquanto a minoria,
por ver a glória de um novo dia, está desejosa de alcançar e segurar firme o
inestimável tesouro. A separação torna-se inevitável, mas para a última classe,
o Sábado então toma um aspecto totalmente diferente. As antigas provas
legalistas são esquecidas. Elas morrem com a religião a que pertencem.
Vivemos
hoje no limiar de um novo dia como esse. Deus restaurou para aqueles que o
recebem, o vivo, salvador evangelho de Jesus Cristo, o verdadeiro poder de Deus
para a salvação do pecado. Ele restabeleceu a jóia do Sábado, fê-lo um objecto
de maravilha e admiração e encheu-o de alegria, repouso e recriação. É para
transmitir alguma coisa desta luz que este pequeno volume é produzido.
Isto
não é uma afirmação que tudo aquilo que deve ser compreendido acerca do Sábado
está escrito nestas páginas. Longe disso. É apenas o lançamento de alguns
princípios básicos de compreensão, aceitação e aplicação que tornará o
estudante capaz de ir mais além da luz aqui apresentada. Permiti que isto seja
uma porta aberta para maravilhosas e vastas explorações da verdade.
As
Razões Apresentadas
Deus
deu o Sábado aos Seus filhos e leva-os a observar o Seu santo dia, mas não
convida a fazê-lo sem dar razões válidas para isso. A instrução mais
frequentemente citada para este efeito é encontrada em Êxodo 20:8-11. Esta,
juntamente com outras referências serão reexaminadas, não para repetir as
provas obtidas anteriormente destes textos, mas para ver a maior e mais
espiritual luz que eles contêm.
"Lembra-te
do dia do Sábado, para o santificar.
"Seis
dias trabalharás e farás toda a tua obra;
"Mas
o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem
teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal,
nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas."
Até
agora, foi dada explícita instrução dando pormenor à observância do dia. As
razões para o fazer são as seguintes:
"Porque
em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao
sétimo dia, descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do Sábado, e o
santificou."
A
declaração de Deus aqui é muito clara, mas pode ser muito seriamente mal
compreendida. Há os que interpretariam as palavras do seguinte modo:
Por
causa de Deus ser o supremo governador do universo em virtude de lhe ter dado
existência, tem o perfeito direito de exigir a adoração dos seres que criou. A
fim de lhes dar meios para expressarem essa reverência, exigiu que observassem
um certo dia da semana. O Sábado, então, é um dispositivo pelo qual Deus impõe
aos Seus súbditos uma expressão da sua aliança. Assim aqueles que respeitam e
adoram Deus distinguem-se daqueles que não o fazem.
Mas,
os que compreendem o carácter de Deus, conhecendo-O como um Deus de infinito e
imutável amor, vêem esta opinião como uma ilustração de um Deus egoísta, que
pensa só em si, que faz as coisas para Sua própria satisfação. De acordo com
isto, rejeitam uma tal visão, crendo que há um significado mais profundo e mais
belo para as palavras do que aquele que parece ser imediatamente visível. Não é
possível entender isto considerando apenas os textos acima citados. Tem que
haver uma cuidadosa comparação de Escritura com Escritura.
Em
Deuteronómio 5:6-21, os dez mandamentos são apresentados tão completa e
claramente como em Êxodo 20. O quarto mandamento ou mandamento do Sábado está
registado nos versículos 12-15 e lê-se como em Êxodo, excepto que não há
instrução para o guardar por causa do Senhor dos céus e da terra. Em vez disso
diz:
"Porque
te lembrarás que foste servo na terra do Egipto, e que o Senhor teu Deus te
tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te
ordenou que guardasses o dia de Sábado."
Agora
parece que Deus está a usar o Sábado como um meio pelo qual o Seu povo deve
exprimir a sua gratidão pela poderosa libertação da escravidão egípcia. Isto
levou alguns a concluírem que, em virtude de nunca terem sido escravos no
Egipto, o Sábado não é para eles. Argumentam que foi uma ordem apenas para os
judeus.
Mas,
no Antigo Testamento é dada ainda outra razão para a observância do Sábado.
"E
também lhes dei os Meus Sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles;
para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica....
"Eu
sou o Senhor vosso Deus; andai nos Meus estatutos, e guardai os Meus juízos, e
executai-os.
"E
santificai os Meus Sábados, e servirão de sinal entre Mim e vós, para que
saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus." Ezequiel 20:12, 19, 20.
Aqui
então parece haver uma terceira razão para a observância do Sábado. Ela difere
das outras duas, declarando claramente que o Sábado é o símbolo ou sinal do dom
da santificação dado por Deus.
Não
Três, Mas Uma
Três
Escrituras diferentes foram citadas do Antigo Testamento. Cada uma delas dá uma
razão para a observância do dia de Sábado, contudo, nenhuma delas diz o que as
outras dizem. Portanto, parece haver três razões diferentes para a observância
do Sábado. Mas estas diferenças não são reais. Elas são apenas aparentes, pois
quando forem correctamente compreendidas será visto que não há três — mas
apenas uma.
É
assim por causa do Sábado ser o símbolo destes acontecimentos somente quando
eles, por sua vez, forem a manifestação de algo comum a todos eles. Portanto, o
olho da fé e a percepção espiritual devem olhar para além e para cima do
acontecimento histórico do qual o Sábado é apresentado como sinal, para ver do
que o Sábado é realmente um memorial.
Qual é então esse denominador comum?
Em
cada um destes grandes acontecimentos estava a viva presença do poder de Deus,
sem o que eles nunca podiam ter acontecido. Unicamente d'Ele podia fluir essa
imensa quantidade de vida, amor e poder pelo qual os mundos e tudo o que neles
há, podiam ser chamados à existência. Nos dias do cativeiro israelita no
Egipto, não havia nação na face da Terra que pudesse igualar o poderoso Faraó,
nem havia algum que quisesse sequer tentar. Os filhos de Abraão não podiam
olhar para qualquer fonte humana em busca de ajuda. Somente em Deus repousavam
as suas esperanças. Do mesmo modo, está para além dos poderes dados ao homem
mudar o coração e santificar a alma. Isto apenas pode ser realizado pelo
derramamento da própria vida de Deus em cada pessoa individualmente. O melhor
que o homem pode realizar é uma reduzida melhoria do comportamento exterior que
para alguns passa como sendo uma coisa real.
Contudo,
não é suficiente ver que estes três acontecimentos têm em comum o facto que
cada um deles é uma manifestação do altíssimo poder de Deus. Não só é isto
assim, como ainda mais do que isso, são três exemplos da mesma obra. Deus podia
muito bem fazer muitas coisas com o Seu poder, mas isto não é verdade nos casos
que estamos a estudar aqui. Eles são a mesma obra executada pelo mesmo poder.
Isto é muito importante em relação à nossa investigação da genuína verdade da
vida em justiça e o Sábado de Deus.
O
Novo Testamento — A Continuação da Revelação
Preenchendo
o espaço total do tempo eterno está o poderoso e infinito poder de Deus. É a
posse e exercício dele em absoluta justiça que O coloca proeminentemente acima
e aparte de todas as Suas criaturas e obras criadas, Ele é a Fonte e elas os
recebedores e canais. Sem isso nunca podia ter havido uma Terra ou Céu ou
qualquer outra coisa. Não só chamou Ele os mundos à existência pela palavra
desse poder, porque "falou, e tudo se fez, mandou, e logo tudo apareceu",
mas momento a momento as mantém "sustentando todas as coisas pela palavra
do Seu poder". Salmo 33:9; Hebreus 1:3.
As
primeiras revelações desse poder ao homem estão registadas no Antigo
Testamento, três dos exemplos mais salientes são os que já citámos neste livro
— a criação, a libertação do Egipto e a santificação da alma. Cada uma destas
maravilhas apenas puderam ser alcançadas pelo poder de Deus e o Sábado é o
símbolo da operação desse poder em cada caso. Por este meio o Senhor nos ensina
que onde quer que o poder de Deus esteja presente, o Sábado seguramente se
segue, porque o segundo foi tornado o símbolo ou memorial do primeiro, eles são
eternamente inseparáveis. Porque para o Sábado desaparecer, o poder de Deus
teria que deixar de existir. Se isso acontecesse, então todo o universo de Deus
desapareceria.
Alguns
podem argumentar que o Sábado não está especificamente ligado a toda a
manifestação do poder de Deus tal como na separação das águas do Mar Vermelho e
do Jordão, na paragem do Sol nos dias de Josué e outros maravilhosos
acontecimentos. Portanto, pode ser dito em contrário que, o argumento, onde
quer que o poder de Deus seja encontrado o Sábado de Deus ali estará, é negado
pelo facto que não há elo especificamente declarado nestes casos como nos já
mencionados — a criação, a libertação do Egipto e a obra da santificação.
Mas,
não é o método de Deus repetir-Se incessantemente. Ele apresenta os princípios
numa linguagem clara e em seguida deixa que entendamos a aplicação do princípio
nas outras situações semelhantes. Todas as outras manifestações do poder de
Deus no Antigo Testamento são apenas uma repetição da mesma obra encontrada nas
outras três. Foi pelo Seu poder criador, por exemplo, que as águas do Mar
Vermelho e do Jordão foram separadas. Pelo mesmo poder criador o Sol parou nos
céus. Tal como os tirou do Egipto, assim os libertou dos seus opressores nos
dias dos Juízes e mais tarde de Babilónia.
Portanto,
se tivessem que guardar o Sábado por causa do Senhor ter feito os céus e a
Terra, seguramente teriam que o observar por Ele ter detido as águas do Mar
Vermelho e do Jordão e ter feito parar o Sol. Outra vez, se tivessem que
guardar o Sábado em virtude d'Ele os ter libertado do Egipto, certamente deviam
fazê-lo por causa d'Ele os libertar dos moabitas, edomitas e babilónios. Não há
necessidade de dizer isto repetidamente a respeito de cada uma das situações
porque, uma vez estabelecido o princípio, este deve ser reconhecido como tendo
a mesma ligação em cada um dos acontecimentos posteriores.
Esta
é a grande verdade de Deus como se encontra no Antigo Testamento, que onde quer
que se encontre o poder Deus, o Sábado aí estará sempre. É uma verdade
estabelecida na eterna justiça de Deus, e, tão seguramente como Deus é o
imutável e inalterável Deus, ela não pode morrer.
Por
causa disto ser assim, deve ser esperado que o Novo Testamento seja uma
revelação adicional das mesmas verdades e princípios. O poder de Deus durante o
tempo que se seguiu depois do final do Antigo Testamento, continua ainda a ser
o mesmo. Ele não mudou nem diminuiu o que é muito bom. Tal como isto é assim, o
Sábado no Novo Testamento deve permanecer como o símbolo do poder e memorial
das suas obras.
Redenção
É a Repetição da Criação
O
Novo Testamento é a continuação da revelação do evangelho de Jesus Cristo. Isto
é geralmente reconhecido por todos, apesar de haver muitos que consideram o
Antigo Testamento como sendo apenas a era da lei durante a qual a salvação era
para os que faziam as obras da lei. Correctamente compreendido, o Antigo
Testamento é uma manifestação tão verdadeira do evangelho como o Novo.
Portanto, o Sábado deve manter a mesma posição e relação tanto no Novo como no
Antigo Testamento.
O
Novo Testamento é o evangelho de Cristo e o evangelho de Cristo é o poder de
Deus. Paulo declarou isto muito claramente.
"Porque
não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação
de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego." Romanos
1:16.
Paulo
podia ter descrito o evangelho como sendo as "boas novas", "uma
doutrina", "um credo", ou um sem número de outras coisas, mas
não usou qualquer definição destas. Pelo contrário, declarou-o como "o
poder de Deus". Nem sequer disse que é um dos poderes de Deus, um
destacamento do seu exército, mas que era o poder do próprio Deus. É o mesmo
poder pelo qual a criação foi executada, Israel liberto do Egipto e o povo da
era do Antigo Testamento foi santificado. É a fonte e a suma de todas as
poderosas forças do universo e é de tal magnitude que está para além da
capacidade da compreensão humana. É o poder pelo qual, no início, este mundo
foi chamado à existência e que agora é usado para salvar o arrependido do
pecado.
A
obra da salvação não é outra obra ou uma obra diferente da criação original.
Não é mais do que a repetição do original. Isto tornou-se necessário por causa
da destruição da primeira, não em virtude de ter qualquer imperfeição ou falha,
mas devido à introdução do destruidor, o pecado. Deus não fez uma criação
indestrutível, porque isso é impossível. Nem a perfeição dá qualquer imunidade
contra a destruição. Pelo contrário, quanto mais perfeito, delicado e belo um
artigo é, mais rapidamente se quebrará. Por exemplo, uma perfeita peça de
porcelana fina despedaçar-se-á apenas com um pequeno sopro, ao passo que o vaso
de aço suportará um impacto muito maior.
Por
causa da primeira criação ser perfeita no sentido absoluto, não podia ser
melhorada. Qualquer modificação, mudança, adição, ou subtracção, seria admitir
que tinha havido qualquer falha no original que necessitava ser rectificada na
restauração. Portanto, a segunda criação é a perfeita e completa restauração da
primeira. O mesmo poder e processos são usados para a efectuar do mesmo modo
como foram usados no original. Isto tem que ser compreendido porque não será
possível doutra maneira reconhecer o que é a salvação, nem entender o que
Satanás procura insinuar contra Deus quando ele, o demónio, exige alterações
nos métodos de Deus.
Quando
Deus planeou a criação desta Terra, sua vegetação e seus habitantes, começou a
partir do nada. Onde Deus planeou colocar a Terra havia um negro vazio e os
materiais para a sua construção não existiam.
Este
é o mesmo ponto de partida que Ele estabelece para efectuar uma nova criação.
Não toma o que já existe e reconstrói, repara, ou modifica numa forma de vida
aceitável para o reino eterno. Este não é o método de Deus, nem esse
ensinamento encontra qualquer fundamento nas Escrituras.
No
início, o Senhor primeiramente criou um belo lar na forma desta Terra. Depois
de completado isto, voltou-se para a tarefa de criar um corpo para o homem,
depois do que lhe transmitiu o poder físico, mental e espiritual que
transformou a forma inerte num inteligente ser humano vivo, que respirava e
pensava. Assim a obra da criação pode ser dividida em três fases separadas e
progressivas. Isto ajuda grandemente no discernimento do crescente
desenvolvimento na restituição do original porque também nisto há três passos.
A
única diferença é que o original foi realizado no curto espaço de uma semana, a
restauração ocupa um período de tempo muito mais longo. Acontece assim, não
porque cada processo se torne um procedimento demorado, mas porque o tempo que
passa entre cada um dos passos é grandemente alongado. Assim, enquanto a
recriação da imagem de Deus no homem é a obra realizada no ponto de tempo em
que a alma arrependida confia em Cristo como seu Salvador do pecado, o dom de
um novo corpo composto de carne e sangue imortal sem pecado tem que esperar até
ao segundo advento de Cristo, ao passo que a criação de novos Céus e de nova
Terra não acontecerá senão no final do milénio. Desde o ponto em que Adão
confessou o seu pecado e recebeu um novo coração até à obra da segunda criação
estar por fim completa em todos os aspectos, perto de sete mil anos terão
passado. Progressivamente para outros durante o caminho, o tempo necessário
será abreviado, mas em todos os casos, tem que ser mais longo do que no Éden.
A
extensão de tempo entre cada obra de criação não faz qualquer diferença à
própria obra. Quando Deus chamar a Nova Terra à existência, fá-lo-á exactamente
como fez na primeira criação. O mesmo é verdade acerca da criação dos corpos
imortais com que os santos estarão eternamente vestidos e os novos corações que
são recebidos enquanto estamos nesta Terra.
Sem
dúvida que ver-se-á isto melhor ao examinar em primeiro lugar a nova criação da
Terra. No final do milénio, Cristo descerá à Terra, seguir-se-á a Santa Cidade
e os ímpios serão ressuscitados para cercarem a cidade a fim de batalharem onde
terão a sua prova final em que não terão opção senão confessar a sua culpa.
Isto será acompanhado pelo derramamento do fogo terrível descrito em Apocalipse
20 que reduzirá a Terra a um lugar tão vazio e desabitado como no primeiro dia
da semana da criação.
Será
quando, e somente quando as coisas velhas tiverem passado, que o Senhor criará
o novo como está escrito:
"E
vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe." Apocalipse 21:1.
Esta
Escritura prova que o velho morre primeiro porque é por causa do velho ter
passado que o Senhor cria o novo. Quando Ele o fizer, então uma vez mais como
"falou, e tudo se fez;" como "mandou, e logo tudo
apareceu," Salmos 33:9, assim Ele falará e tudo se fará; mandará e tudo
aparecerá.
Nenhum
de nós esteve presente na primeira criação, mas todos os remidos estarão a
assistir quando o Senhor efectuar a obra da restauração. Com que admiração e
solenidade estaremos e veremos a Terra à ordem de Deus, ficar com a sua forma
perfeita, recebendo as suas verdejantes vestes de plantas e árvores, observando
os animais, aves e peixes aparecerem, sabendo que nunca mais isso pode ser
destruído. Será um espectáculo extraordinário.
Mas
o que é verdade a respeito da criação dos Novos Céus e da Nova Terra é
igualmente verdade quanto ao dom do novo corpo. Quando Deus começou esta obra
no Jardim do Éden, começou-a com o pó da terra do qual formou o corpo do
primeiro homem. Aqueles corpos, excepto para os que forem trasladados, terão
regressado ao pó. Terão desaparecido completamente quando Cristo aparecer na manhã
da ressurreição. Então, exactamente como Deus criou o corpo do homem do pó da
terra no Éden, chamará de novo do pó da terra, os santos que dormem. Nos casos
dos que forem trasladados, a velha carne e sangue que nunca pode herdar o reino
(vede 1Coríntios 15:40; 2Coríntios 5:1), é instantaneamente substituído pelo
novo. Isto acontece "num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a
última trombeta:" 1Coríntios 15:52.
Apesar
disto ser executado instantaneamente, continua ainda o facto que o velho
desaparece antes do novo ser efectuado. Isto confirma que o Senhor começa no
mesmo ponto tanto na criação original como na restaurada.
Na
obra da conversão quando o Senhor cria de novo a Sua imagem na alma, é seguido
o mesmo procedimento. "A vida cristã não é uma modificação ou melhoramento
da antiga, mas uma transformação da natureza. Tem lugar a morte do eu e do
pecado, e uma vida toda nova." O Desejado de Todas as Nações, 175.
"Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; e as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo." 2Coríntios 5:17.
Infelizmente,
muitos falham em compreender o facto que ser renascido não é uma modificada
melhoria do que já existe. Como resultado há os que crêem que justiça é uma
questão de acção correcta da vontade para fazer voltar a presente vida e poder
do homem ao serviço de Deus. Mas não é assim. A vida que agora existe tem que
ser exterminada e substituída com a nova criação. Redenção é nada menos do que
isto.
O
facto que depois do renascimento há terríveis batalhas a travar com a velha
carne e sangue da natureza humana, assim como também correcções a serem feitas
à educação, faz com que um largo número de crentes creiam que afinal não houve
qualquer nova criação. É verdade que não houve, no que diz respeito ao corpo.
Esse não será criado de novo senão na segunda vinda de Cristo. Mas a natureza
espiritual no homem é criada de novo no início da experiência cristã. É fazer
de novo no homem aquilo que foi feito na primeira criação. É a substituição e
restauração.
É
muito interessante notar que naquelas organizações onde o evangelho não é
claramente ensinado como sendo uma obra de verdadeira criação nova — a
substituição do velho pelo novo — o Sábado não é defendido e observado, excepto
em certas igrejas onde permanece como uma instituição formal alimentada desde
os dias em que a organização religiosa realmente compreendia o evangelho e
verdadeiramente guardava o Sábado.
Da
grande verdade que o Novo Testamento é uma revelação do evangelho de Cristo que
é o poder de Deus para criar de novo a vida espiritual, o corpo físico e o lar
Edénico do homem, apenas pode ser concluído que o Novo Testamento defende o
Sábado tão enfática e maravilhosamente como o Antigo. Não pode haver mudança na
transição de uma era para a seguinte. Isso é impossível.
Para
confirmar isto, estudemos agora algumas evidências do Novo Testamento que
ensinam e confirmam isto.
A
Cruz e o Sábado
Foi
o Criador original que veio à Terra para remir o homem. As Escrituras são muito
claras a respeito disto.
"No
princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus.
"Ele
estava no princípio com Deus.
"Todas
as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez."
João 1:1-3.
"Porque
nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele." Colossenses 1:16.
"E
havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais,
pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,
"A
quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo." Hebreus
1:1, 2.
Jesus
Cristo então, foi clara e seguramente Aquele que executou a obra da criação
para o Seu Pai. Este é o lugar atribuído a Cristo e por causa do Senhor nada
fazer na restauração que não tenha feito na criação original, Cristo deve
ocupar a mesma posição na redenção que teve na criação. Portanto,
exclusivamente Ele podia aparecer e apareceu nesta Terra para trazer a salvação
aos homens.
A
cruz do Calvário é o centro dessa obra. Ali, pagou Ele o preço da redenção pelo
qual garantiu que a obra da nova criação seria realizada. Ali, acabou Ele a Sua
obra e confirmou-a com o anúncio, "Está feito". João 19:30.
Nesta
obra de redenção, por ser a repetição da perfeita criação, não pode haver
desvio do original. Se houvesse, Satanás exultaria porque o seu argumento que a
obra de Deus era imperfeita e exigia reforma, era válido. Ele apontaria essas
modificações, não importa quão diminutas fossem, como uma aceitação que a obra
tinha espaço para melhoramentos.
No
original, Cristo estabeleceu o padrão que no sexto dia da semana terminou a Sua
obra e repousou no sétimo dia. Portanto, sem alteração, Ele tem que seguir o
mesmo procedimento na segunda criação. É por esta razão que Ele terminou a Sua
obra redentora na Sexta-feira, o sexto dia da semana e repousou na sepultura
durante as horas de Sábado, para ressuscitar para uma nova obra no primeiro dia
da semana.
Não
houve realizações pela metade no que se alcançou na cruz. Ali, o pecado
apareceu no seu pior. Nunca antes ele se tinha manifestado tão malévolo, cruel,
maligno, odioso e de modo tão total como na crucifixão. Reconhecendo que era
uma situação em que o vencedor ganhava tudo, Satanás e o pecado juntaram todos
os seus recursos e lançaram-se com toda a fúria dos seus poderes em ilimitada
barbaridade contra o Filho de Deus e do homem. O único poder que podia
defrontar e vencer esta poderosa força é o poder criador de Deus. Deste modo,
onde o pecado apareceu no seu pior, a justiça foi capaz de brilhar no seu
glorioso melhor.
Comparado
com a criação, o Calvário realmente dá uma revelação superior do poder de Deus.
No princípio, Deus operou livremente, sem restrições e sem opositores, mas não
foi assim no Calvário. Foram na verdade os poderes de Deus voltados contra Ele.
Para aumentar a dificuldade da luta estava a condição de estar revestido da
fraca e frágil natureza humana em que Cristo tinha que defrontar o inimigo.
Apesar desta enorme desvantagem, Jesus venceu pelo grandioso poder de Deus.
Foi
um extraordinário acontecimento colocando a cruz como o tempo e lugar onde a
maior obra do poder de Deus foi jamais demonstrada. Acerca dessa omnipotência,
o Sábado é o símbolo. Onde quer que esse poder apareça, o Sábado é o memorial
do que ele realiza. Portanto, o Sábado é o memorial da vitória obtida na cruz e
o símbolo do poder pelo qual essa vitória foi alcançada.
Se
Cristo tivesse anunciado, "Está feito", em qualquer dia da semana
diferente da Sexta-feira, teria então agido de modo diferente na obra da
redenção e do Seu procedimento na criação inicial. Se tivesse feito isto, não
teria sido um argumento válido para a continuação do Sábado no tempo do Novo
Testamento. Aqueles que declaram que o dia foi mudado na cruz, teriam um caso
encerrado.
Mas
não foi assim. Exactamente como na primeira criação, Ele concluiu a Sua obra
criadora no sexto dia da semana e repousou no sétimo, assim fez na obra da
salvação. No sexto dia acabou a Sua obra, anunciou que estava terminada e
repousou na sepultura durante as horas sagradas.
Se
ao fazer isso estabeleceu o Sábado como o dia do repouso e adoração para todos
os Seus filhos, então a repetição deste procedimento em ligação com a obra da
nova criação confirma isto, tornando para sempre mentira qualquer ensinamento
que reclame mudança do sétimo para qualquer outro dia da semana.
Assim
o Sábado está ligado à obra da redenção tão seguramente como estava à obra da
criação. Imediatamente alguns se oporão afirmando contrariamente que, enquanto
temos em Êxodo um mandamento específico que reclama a observância do Sábado
porque o Senhor fez os céus e a Terra em seis dias e repousou no sétimo, no
Novo Testamento não há qualquer ordem declarando que devemos adorar no Sábado
por Cristo ter finalizado a Sua obra redentora no sexto dia da semana e
repousado no sétimo.
É
verdade que não há qualquer testemunho desses. A questão é que também não devia
haver qualquer um no Antigo Testamento. A única razão para os dez mandamentos
terem sido escritos foi que o contínuo afastamento de Deus roubou aos
israelitas qualquer conceito da Sua verdade e justiça. A clara verdade
espiritual tinha que ser escrita doutro modo para eles nas letras da lei. Mas
nunca devia ter sido assim e nunca teria sido necessário se tivessem caminhado
à luz que lhes era oferecida continuamente.
Paulo
confirma esta verdade assim: "Logo, para que é a lei? Foi ordenada por
causa das transgressões, até que viesse a posteridade, a quem a promessa tinha
sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro." Gálatas
3:19.
"Se
o homem houvesse guardado a lei de Deus conforme fora dada a Adão depois de sua
queda, preservada por Noé e observada por Abraão; não teria havido necessidade
de se ordenar a circuncisão. E, se os descendentes de Abraão houvessem guardado
o concerto, do qual a circuncisão era um sinal, nunca teriam sido induzidos à
idolatria; tampouco lhes teria sido necessário sofrer vida de cativeiro no
Egipto; teriam conservado na mente a lei de Deus, e não teria havido
necessidade de que ela fosse proclamada no Sinai, nem gravada em tábuas de
pedra. E, se o povo houvesse praticado os princípios dos Dez Mandamentos, não
teria havido necessidade das instruções adicionais dadas a Moisés."
Patriarcas e Profetas, 378.
Para
a mente espiritual que não entrou num estado de apostasia, é suficiente ver o
procedimento de Deus na criação. Ele criou durante seis dias e repousou no
sétimo. Abençoou e santificou o sétimo como o dia do repouso. Tivessem os
filhos de Israel permanecido em ligação espiritual com Ele, teriam visto o
significado das acções de Deus e teriam guardado o Sábado sem questão ou
problema. Apenas em virtude de terem perdido a iluminação celestial se tornou
necessário para eles Deus descer e em linguagem muito clara lhes dizer que, por
causa de ter feito os céus e a terra, ter trabalhado durante seis dias e
repousado no sétimo, deviam eles santificar o Sábado também.
Quando
Cristo veio efectuar a nova criação, seguiu exactamente os mesmos procedimentos
da primeira. Trabalhou seis dias, mas descansou sempre no Sábado, de acordo com
o exemplo que Ele próprio tinha estabelecido no Éden. Quando por fim na cruz
terminou a obra que tinha vindo fazer, então outra vez levou-a até ao fim do
sexto dia da semana e repousou durante o Sábado.
Para
o verdadeiro filho de Deus que mantém uma íntima ligação com Ele, é suficiente.
Ele não precisa de o ter escrito na forma do quarto mandamento. Se assim fosse,
então teria sido devido ao facto de se ter afastado como aconteceu com os
judeus, necessitando que alguma coisa fosse feita por ele que nunca tinha sido
feito antes. Portanto, em toda a humildade, cada leitor devia estar preparado
para reconhecer que, se descobre em si a necessidade de ter um testemunho no
Novo Testamento para confirmar a ligação entre a cruz e o Sábado tal como o
testemunho do quarto mandamento no Antigo Testamento confirma a ligação entre a
criação e o Sábado, então não está em melhor condição espiritual do que os
israelitas desse tempo. Que essa aceitação seja seguida por um profundo exame
de coração e confissão com a oração que os olhos sejam ungidos com o colírio
espiritual. Rica e valiosa será a bênção resultante, ao passo que, falhar em
fazer isto trará unicamente tristeza e perda.
Capítulo
2
Três
Dias e Três Noites
Satanás
compreende o imenso poder e bênção dados por Deus no dom do Sábado. Quando os
homens dão ao Sábado o mesmo valor que Satanás lhe atribui e se equipam com as
suas poderosas provisões, terão uma experiência que ainda não conhecem. Tão
intensamente quanto deviam amá-lo, Satanás o receia e opera com toda a sua
capacidade para destruir a sua influência.
Um
modo eficaz de fazer isto é através do falso ensinamento que parece realmente
elevar o Sábado mas, na verdade, o destrói. Um desses ensinamentos que está a
ganhar terreno actualmente, é a teoria que data a crucifixão um dia antes do
sexto dia da semana. Esta teoria baseia-se na compreensão daqueles que a
defendem acerca das palavras de Cristo quando disse:
"Pois,
como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o
Filho do homem três dias e três noites no seio da terra." Mateus 12:40.
A
expressão, "seio da terra", é compreendida e interpretada por eles
como significando a sepultura, de modo que no seu ponto de vista, o tempo real
que Cristo passou no túmulo de José foi um total de setenta e duas horas. Não
há dúvida quanto ao facto que no primeiro dia da semana Ele estava novamente
vivo, embora alguns neguem que a ressurreição tivesse lugar nas primeiras horas
desse dia.
Mas
o raciocínio é que, se Cristo foi crucificado na Sexta-feira e em seguida
tivesse que permanecer na sepultura setenta e duas horas, com certeza não teria
ressuscitado no Domingo seguinte. Portanto, como Ele ressuscitou nesse dia,
deve ter sido crucificado antes de Sexta-feira. Alguns deles antecipam o dia
até Quarta-feira.
Deve
ser salientado que não será feita tentativa nesta publicação para expor
pessoas. A preocupação não é acerca de quem ensina estas coisas mas acerca do
que é ensinado. É a doutrina, não a pessoa, que está a ser examinada aqui.
Muito
simplesmente, o erro está numa má compreensão do que "o seio da
terra" é. Geralmente assume-se que é a sepultura, embora nenhuma Escritura
seja apresentada para apoiar esta suposição. A omissão é compreensível para
aqueles que conhecem as evidências escriturísticas que definem o que Cristo
queria dizer quando disse, "o seio da terra". Se aqueles que defendem
a interpretação que isto é a sepultura, compreendessem estas evidências,
alterariam a sua mensagem. Nunca mais ensinariam uma crucifixão na Quarta-feira
mas saberiam que Cristo morreu no sexto dia e ressuscitou no primeiro.
Antes
destas verdades serem apresentadas, examinemos as Escrituras que confirmam que
Cristo na verdade morreu na Sexta-feira e ressuscitou no Domingo.
Já
foram apresentadas as evidências mais poderosas de que o Senhor finalizou a Sua
obra no sexto dia da semana, repousou no sétimo e começou a fase seguinte do
Seu ministério no primeiro dia. Ninguém que verdadeiramente compreenda o
evangelho de Cristo — o poder de Deus pelo qual a criação é repetida — terá
algum problema em ver isso. Verificará que é incapaz de aceitar qualquer
doutrina que separe o Sábado da cruz. Saberá que o único dia no qual Cristo
podia ter morrido era o sexto e o único dia no qual Ele podia ter ressuscitado
era o primeiro. A manifestação do poder de Deus tanto na primeira como na
segunda criação é absolutamente inseparável da instituição do sétimo-dia o
Sábado. Esta verdade está para sempre estabelecida na justiça de Deus; aquela
justiça que é de eternidade em eternidade.
Mas
há outras evidências para confirmar este facto, e para estas voltaremos agora a
nossa atenção.
O
Tempo e o Tipo
A
espantosa precisão da profecia bíblica é verdadeiramente impressionante. Em
Daniel por exemplo, Deus predisse o — aparecimento de quatro grandes impérios
mundiais, começando com Babilónia, nem mais nem menos. Na história, exactamente
quatro são encontrados, apesar de homens notáveis e ambiciosos terem lutado
para alcançarem o ceptro do domínio mundial uma e outra vez desde que o último
desapareceu. Eles não puderam quebrar a profecia.
Ainda
mais especificamente, foram previstos longos períodos de tempo aos quais foram
dados exactos pontos de partida. Cada um foi cumprido exactamente no tempo
devido.
Uma
dessas profecias está em Daniel 9:24-27, desde o ponto de partida da ordem para
restaurar e reconstruir Jerusalém, setenta semanas proféticas ou quatrocentos e
noventa anos literais se estenderiam até ao final do período que restava aos
judeus como peculiar povo de Deus. Esse período começou em 457 a.C., e terminou
em 34 d.C. No meio dos últimos sete anos deste período, o Messias foi tirado.
Com suficiente certeza, três anos e meio depois de ter começado o Seu
ministério, morreu na cruz exactamente como foi predito.
O
Antigo Testamento é rico em específicas profecias bíblicas a respeito do
advento do Messias, Sua missão, sofrimentos, morte e ressurreição. Jesus disse,
"Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e
são elas que de Mim testificam." João 5:39.
"Pelo
que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me
preparaste;
"Holocaustos
e oblações pelo pecado não Te agradaram;
"Então
disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de Mim), para fazer,
ó Deus, a Tua vontade." Hebreus 10:5-7.
O
livro aqui referido é o Antigo Testamento, as únicas Escrituras que tinham
nessa altura. As profecias ali contidas têm pelo menos duas formas. Umas eram
testemunhos directos, a outra tipos e símbolos. Estas últimas incluíam em
particular os sacrifícios da manhã e da tarde, a Páscoa, a festa dos pães
asmos, e as primícias.
"A
morte do Cordeiro pascal era sombra da morte de Cristo. Diz Paulo: 'Cristo,
nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.' 1Coríntios 5:7. O molho das primícias,
que por ocasião da Páscoa era movido perante o Senhor, simbolizava a
ressurreição de Cristo. Falando da ressurreição do Senhor e de todo o Seu povo,
diz Paulo: 'Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na Sua vinda.'
1Coríntios 15:23. Semelhantemente ao molho que era agitado, constituído pelos
primeiros grãos amadurecidos que se colhiam antes da ceifa, Cristo é as
primícias da ceifa imortal de resgatados que, por ocasião da ressurreição
futura, serão recolhidos ao celeiro de Deus." O Grande Conflito, 321.
A
Páscoa era a primeira de uma série de festas típicas que Deus tinha colocado
perante os israelitas como profecias dos acontecimentos futuros. Ela apontava
especificamente para a morte de Cristo enquanto as outras indicavam acontecimentos
que deviam ter lugar na história da igreja e na experiência dos seus membros
individuais depois do grande sacrifício. Indicavam não somente o que devia
acontecer mas quando devia acontecer.
"Aqueles
símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao
tempo. No dia catorze do primeiro mês judaico, no mesmo dia e mês em que,
durante quinze longos séculos, o cordeiro pascal havia sido morto, Cristo,
tendo comido a Páscoa com os discípulos, instituiu a solenidade que deveria
comemorar Sua própria morte como o 'Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo.' Naquela mesma noite Ele foi tomado por mãos ímpias, para ser
crucificado e morto. E, como o antítipo dos molhos que eram agitados, nosso
Senhor ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, como — 'as primícias dos que
dormem' (1Coríntios 15:20), exemplo de todos os ressuscitados justos, cujo
'corpo abatido' será transformado, 'para ser conforme o Seu corpo glorioso.'
Filipenses 3:21." O Grande Conflito, 321.
Isto
significa que Cristo tinha que ser crucificado no dia da Páscoa e ressuscitar
no dia das primícias. Também significa que Ele tinha que ser crucificado à hora
do sacrifício da manhã nesse dia e expirar à hora do sacrifício da tarde.
Juntai a tudo isto o facto que a Sua morte, a fim de confirmar a ligação entre
o Sábado, a obra da criação e a nova criação, tinha que ocorrer no sexto dia da
semana e a Sua ressurreição tinha que ser no primeiro dia.
O
que torna isto difícil é o facto que a Páscoa não ocorria no mesmo dia da
semana todos os anos. Mudava no dia da semana ligada a uma certa data,
exactamente como os aniversários hoje. A Páscoa estava indicada para o décimo
quarto dia do primeiro mês, esta data recaía em vários dias da semana à medida
que os anos passavam. Portanto, o ano em que Cristo devia ser crucificado tinha
que ser um ano em que a Páscoa fosse no sexto dia da semana.
Deus
é o mestre da precisão. Ele nada faz de forma ocasional. Portanto, cada um dos
eventos profetizados tinham que acontecer quando Deus, na profecia, havia
indicado. Por exemplo, cinquenta dias depois das primícias, vinha a festa das
semanas, que se tornou conhecida como Pentecostes. Esta era a altura que o
Senhor tinha escolhido para o derramamento do Espírito Santo. É impressionante
ver como a promessa se cumpriu nem um dia mais cedo nem um dia mais tarde, como
está escrito: "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar;
"E
de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu
toda a casa em que estavam assentados.
"E
foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram
sobre cada um deles.
"E
todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." Actos 2:1-4.
Do
mesmo modo, Cristo morreu por altura do sacrifício da tarde no dia de Páscoa.
Ele tinha comido a Páscoa com os Seus discípulos na altura correcta, que era na
tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. No dia seguinte, tinha que ser
pendurado na cruz à hora do sacrifício da manhã e morrer à hora do sacrifício
da tarde a fim de completar o tipo do diário. Tão precisamente na hora Ele
morreu, que o momento da Sua morte coincidiu com o sacrifício da tarde no
templo. O cordeiro escolhido para a ocasião estava debaixo do cutelo levantado
pelo sacerdote cujos músculos já estavam tensos para o acto de lhe tirar a
vida. Nesse instante, Cristo morreu, o véu do templo rompeu-se e o cordeiro
escapou com vida.
"Ao
irromper dos lábios de Cristo o grande brado: 'Está consumado', oficiavam os
sacerdotes no templo. Era a hora do sacrifício da tarde. O cordeiro, que
representava Cristo, fora levado para ser morto. Trajando o significativo e
belo vestuário, estava o sacerdote com o cutelo erguido, qual Abraão quando
prestes a matar o filho. Vivamente interessado, o povo acompanhava a cena. Mas
eis que a Terra treme e vacila; pois o próprio Senhor Se aproxima. Com ruído
rompe-se de alto a baixo o véu interior do templo, rasgado por mão invisível,
expondo aos olhares da multidão um lugar dantes pleno da presença divina.…
"Tudo
é terror e confusão. O sacerdote está para matar a vítima; mas o cutelo cai-lhe
da mão paralisada, e o cordeiro escapa. O tipo encontrara o antítipo por
ocasião da morte do Filho de Deus. Foi feito o grande sacrifício." O
Desejado de Todas as Nações, 726, 727.
Isto
é precisão de tempo. Nenhum cumprimento mais exacto da profecia podia ser
alcançado. Isto devia ser suficiente para impressionar todas as mentes com a
compreensão que a mesma porção de tempo especificada na profecia deve ser
cumprida no antítipo. "Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto
ao acontecimento mas também quanto ao tempo." O Grande Conflito, 398.
Para
ser capaz de comparar os acontecimentos da morte e ressurreição de Cristo, é
necessário conhecer o tempo da própria profecia. Isto está registado em
Levítico 23:4-21. Estes versículos mostram que a Páscoa devia ser celebrada na
tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. Por causa dos judeus serem
ensinados a observar os seus dias religiosos e o Sábados a partir do
pôr-do-sol, a festa seria celebrada na primeira parte do dia, não no final do
dia. Por outras palavras, o resto da noite e todo o período da luz do dia que
restava depois da festa da Páscoa ter sido comida. Estudai cuidadosamente o
diagrama que acompanha esta página.
O
dia que se seguia era a festa dos pães asmos que durava sete dias. Este dia era
um Sábado cerimonial, um dia dedicado à santa convocação e no qual nenhum
trabalho servil devia ser feito. Vede Levítico 23:7; Números 28:17, 18.
O
dia a seguir, o décimo sexto do primeiro mês, era a festa das primícias,
cinquenta dias depois chegava o Pentecostes.
Essa
é a simples e facilmente compreendida sequência dos acontecimentos típicos. É
igualmente simples comparar os acontecimentos da vida de Cristo com eles.
Na
tarde da Páscoa, Jesus reuniu-Se com os discípulos no cenáculo.
"E
os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a Páscoa,
"E,
chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze." Mateus 26:19-20.
Depois
disso saiu com eles para o Jardim do Getsêmane, versículos 36-46, foi traído
por Judas e preso, versículos 47-56, passou por vários julgamentos que ocuparam
o resto das horas da noite, e na manhã seguinte, versículo 57 — capítulo
27:1-25. Foi crucificado à terceira hora, Marcos 15:25, e entregou a Sua vida à
nona, Mateus 27:46-50.
Isto
aconteceu cerca das três da tarde do décimo quarto dia. Antes do pôr-do-sol
estava sepultado no túmulo de José onde repousou durante o Sábado. Às primeiras
horas do dia seguinte, o primeiro da semana, o anjo do Senhor desceu do Céu,
rolou a pedra, e sentou-se nela enquanto Jesus ressuscitava dos mortos e saiu
do túmulo. Os relatos de Mateus e Marcos tornam isto muito claro.
"E,
no fim do Sábado quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena,
e a outra Maria foram ver o sepulcro.
"E,
eis que houvera um grande terramoto, porque um anjo do Senhor, descendo do Céu,
chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela." Mateus 28:1, 2.
"E
Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu
primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios."
Marcos 16:9.
Assim
Jesus morreu e ressuscitou precisamente em harmonia com o tipo, embora seja
claro que não passaram três dias e três noites completos entre a crucifixão no
sexto dia e a ressurreição no primeiro. De facto, estão envolvidas apenas duas
noites. Elas são o que chamaríamos as noites de Sexta e Sábado de acordo com a
terminologia moderna ocidental. Para os judeus, segundo o que a Bíblia
reconhece, foi a noite de Sábado e do primeiro dia da semana. Semelhantemente,
estavam envolvidos apenas dois dias. Foram as horas do sexto dia que restavam e
toda a porção de luz diurna do sétimo dia. Nenhuma parte do primeiro dia da
semana foi passada na sepultura, porque Ele ressuscitou antes do Sol romper
nesse dia.
A
conformidade da história deste final de semana com a profecia mostra na verdade
que todas as coisas foram cumpridas segundo o tempo e o tipo. Se assim não
fosse, então a profecia não teria significado. Pior ainda, a Palavra de Deus
ficaria desacreditada e não se poderia confiar nela. Quando isto acontece,
ficamos numa posição em que a verdade não mais pode ser conhecida, não se pode
confiar em Deus e a nossa eterna condenação está garantida. Dai graças por Deus
não ser assim. A profecia é de confiança, porque ela foi cumprida à letra.
Cristo morreu na tarde do dia da Páscoa, no décimo quarto dia do primeiro mês,
repousou durante o dia que se seguiu que era o Sábado e ressuscitou como
primícias no primeiro dia da semana. Não podia ser de outra maneira, tanto do
ponto de vista da profecia como pelo facto de ser a repetição da obra da
criação.
O
Terceiro Dia
Na
tarde de Domingo, dois discípulos caminhavam pela longa estrada para Emaús,
quando Jesus, sem ser reconhecido, Se aproximou e os acompanhou. Eles não
falavam profeticamente, nem pela inspiração, mas simplesmente contavam o que
eles próprios tinham visto. Eles diziam: "E nós esperávamos que fosse Ele
que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde
que essas coisas aconteceram." Lucas 24:21.
Ora
se Cristo tivesse sido crucificado na Quarta-feira, como alguns defendem, então
quando este testemunho foi feito, o primeiro dia da semana teria sido o quinto
desde que essas coisas tinham acontecido. Mas uma vez que o primeiro dia da
semana era designado como o terceiro dia, então o primeiro dos três apenas
podia ser o anterior sexto dia da semana.
Paulo
confirma a verdade acerca disto quando escreve, "Porque primeiramente vos
entreguei o que também recebi; que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras.
"E
que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras." 1Coríntios 15:3, 4.
O
terceiro dia a partir do sexto é definitivamente o primeiro. O que é mais significativo
é que Paulo afirma que a ressurreição no terceiro dia estava de acordo com as
Escrituras e portanto um cumprimento delas. Ninguém compreendeu melhor do que o
grande apóstolo, as profecias contidas nos serviços típicos do Antigo
Testamento. Além do mais, compreendeu quão precisamente a morte e a
ressurreição de Cristo tinha cumprido aqueles tipos.
Em
harmonia com isto, Cristo que também tinha compreendido a sequência do tempo
trazido à luz naqueles mesmos símbolos proféticos, predisse que ressuscitaria
ao terceiro dia. Vede Mateus 16:21; 17:23; 20:19; Marcos 9:31; 10:34; Lucas
9:22; 18:33; 24:7, 46.
Nestes
versículos, Cristo muito especificamente, declarou em cada um deles que seria
morto e desde esse momento seria no terceiro dia que ressuscitaria.
"Porque
ensinava os Seus discípulos, e lhes dizia: O filho do homem será entregue nas
mãos dos homens, e matá-lo-ão; e, morto Ele, ressuscitará ao terceiro
dia." Marcos 9:31. Isto claramente testifica que depois de ter sido morto
no primeiro dos três dias, ressuscitaria no último deles.
O Grande Dia
Não
há possibilidade de dúvida quanto à ocorrência da morte de Cristo ter sido no
dia da Páscoa, porque Ele comeu-a com os Seus discípulos na tarde anterior. O
dia que se seguiu seria o primeiro dos sete dias da festa dos pães asmos, que
era um sábado cerimonial. Certas instruções eram dadas quanto ao modo de o
observar.
"E
aos quinze dias deste mês, é a festa dos asmos do Senhor; sete dias comereis
asmos.
"No
primeiro dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis;
"Mas
sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia, haverá santa
convocação; nenhuma obra servil fareis." Levítico 23:6, 7. vede também
Números 28:17, 18.
Este
dia não recaía sempre no mesmo dia da semana em cada ano, porque estava ligado
a uma data do calendário. Portanto, era celebrado em diferentes dias da semana
conforme os anos passavam. Ele era coincidente aproximadamente de sete em sete
anos com Sábado do sétimo dia, que significava que o Sábado cerimonial e o Sábado
do repouso semanal ocorriam no mesmo dia. Quando isto acontecia então era
chamado um "Grande dia".
Se
Jesus morreu no dia da Páscoa e sexto dia da semana, o dia que se seguia era o
Sábado semanal e o cerimonial. Portanto teria que ser um dia de santa convocação
e pode ser esperado que exista nas Escrituras um testemunho para este efeito.
Assim está escrito:
"Os
judeus, pois, para que no Sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era
a preparação (pois era grande o dia de Sábado), rogaram a Pilatos que se lhes
quebrassem as pernas, e fossem tirados." João 19:31.
Isto
prova irrefutavelmente que o dia a seguir à crucifixão de Cristo era de facto
um dia de santa convocação que devia ser um Sábado semanal e também cerimonial.
Nenhuma
Obra Servil
Uma
significativa distinção adicional entre os Sábados regulares e os cerimoniais é
encontrada no facto que, enquanto no sétimo dia absolutamente nenhuma obra era
permitida, nos dias típicos apenas era proibida a realização de obra servil.
Comparai o relato da lei dado a respeito de um em contraste com o outro. Do
sétimo dia o Sábado está escrito: "Não farás nenhuma obra," nenhuma
obra fareis." Êxodo 20:10; Levítico 23:3.
A
respeito da instrução do primeiro dia da festa dos pães asmos lê-se:
"Nenhuma obra servil fareis." Levítico 23:7. O mesmo se aplica à
festa do Pentecostes, das Trombetas e das Primícias. Vede versículos 21, 25,
36. Somente no grande da expiação eram proibidas quaisquer obras. Versículo 31.
As
diferenças entre as formas como que estes dois Sábados deviam ser observados,
tornam-se importantes à luz do comportamento dos seguidores do Salvador no dia
em que Ele repousou no túmulo. As mulheres que acompanharam o corpo de Jesus ao
sepulcro, tinham regressado a casa com tempo suficiente para preparar as
especiarias e os unguentos antes do pôr-do-sol e depois repousaram no Sábado
conforme o mandamento.
"E
as mulheres, que tinham vindo com Ele da Galileia, seguiram, também, e viram o
sepulcro, e como foi posto o Seu corpo.
"E,
voltando elas, preparam especiarias e unguentos; e no Sábado repousaram,
conforme o mandamento." Lucas 23:55, 56.
A
pergunta a ser feita neste ponto é: qual o mandamento, o que se refere à
observância do sétimo dia, ou o que respeita ao Sábado cerimonial? Se fosse o
primeiro, não trabalhariam nesse dia de Sábado. Elas não viriam ao sepulcro
para ungirem o corpo de Jesus, mas esperariam até findar o dia e o primeiro dia
da nova semana tivesse começado.
Por
outro lado, ungir um corpo morto não era uma obra servil. Isto elas podiam
fazer e fariam no Sábado cerimonial.
Portanto,
o facto que não fizeram qualquer obra nesse Sábado em particular, conforme o
mandamento, prova para além de qualquer sombra de dúvida que era o Sábado do
sétimo dia.
A
ideia que uma crucifixão à Quarta-feira tal como ensinada por alguns é
completamente desacreditada pela acção das mulheres. Se Cristo tivesse sido
crucificado nesse dia, as mulheres nesse mesmo dia teriam preparado as
especiarias e os unguentos para ungirem o Seu corpo, porque esperariam até à
manhã de Domingo para irem ao túmulo? Teriam ido na primeira oportunidade, que
seria o mais tardar na Sexta-feira.
Se
Ele tivesse morrido na Quarta-feira, então esse era o dia da Páscoa, fazendo da
Quinta-feira o primeiro dia da festa dos pães asmos. Nada havia no mandamento
que as impedisse de irem nesse dia, mas mesmo se o fizessem, então Sexta-feira
era o dia das primícias que não era considerado um dia de santa convocação em
que não podiam fazer qualquer obra servil. Mesmo que não pudessem fazê-lo na
Quinta-feira, certamente o fariam na Sexta, e teriam aproveitado a oportunidade
em vez de esperarem até Domingo altura em que a decomposição do corpo já se
teria iniciado. Nada na acção das mulheres dá fundamento à ideia de uma
crucifixão na Quarta-feira. Tudo confirma que Ele morreu na Sexta-feira e
ressuscitou no Domingo.
O
clima na Palestina é bastante quente assegurando que se Cristo tivesse sido
colocado no túmulo durante três dias e três noites completos, a decomposição
ficaria bastante avançada, quebrando assim a palavra de Deus que dizia não ser
assim. Na manhã do Pentecostes, Pedro apontou o facto de Cristo ter
ressuscitado tão rapidamente depois da morte excluindo a possibilidade do Seu
corpo sofrer corrupção, era prova suficiente que Ele era o Messias. O Altíssimo,
através de David, tinha registado a promessa que o corpo de Cristo não sofreria
corrupção como no caso daqueles que não experimentam uma rápida ressurreição.
"Porque
d'Ele disse David: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está a Minha
direita, para que Eu não seja comovido;
"Por
isso se alegrou o Meu coração, e a Minha língua exultou; e ainda a Minha carne
há-de repousar em esperança;
"Pois
não deixarás a Minha alma no Hades, nem permitirás que o teu Santo veja a
corrupção;" Actos 2:25-27.
Nos
dias de Pedro havia quem pudesse ter pensado que a profecia se referia a David,
mas o apóstolo tornou claro que estas palavras foram escritas acerca de Cristo.
Ele recordou que David ainda estava na sepultura, assim, ao contrário de Cristo
que tinha tido uma rápida ressurreição a fim de evitar que a corrupção tivesse
lugar, o corpo de David tinha-se decomposto completamente.
"Varões
irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente, acerca do patriarca David, que ele
morreu e foi sepultado, e entre nós está, até hoje, a sua sepultura.
"Sendo,
pois, ele, profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido, com juramento, que
do fruto dos seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para O assentar
sobre o Seu trono.
"Nesta
previsão, disse da ressurreição de Cristo; que a Sua alma não seria deixada no
Hades, nem o Seu corpo veria a corrupção." Actos 29-31.
Assim
Pedro confirma sob inspiração que a profecia feita através de David foi
cumprida literalmente, porque a carne de Cristo não viu a corrupção.
Esta
evidência defende a posição geral das Escrituras que Cristo morreu no sexto
dia, repousou na sepultura durante o sétimo, e ressuscitou no primeiro dia.
Três
Dias e Três Noites
Contra
todas estas evidências há uma que parece testificar o contrário, apontando para
um período mais longo no túmulo. O mesmo Jesus que declarou uma e outra vez que
seria morto mas ressuscitaria ao terceiro dia, também disse que "Pois,
como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o
Filho do homem três e três noites no seio da terra." Mateus 12:40.
Cristo
não se contradiz. Contudo, se Ele tivesse passado três dias e três noites na
sepultura, então certamente não podia ter ressuscitado no terceiro dia. Pelo
contrário seriam quatro dias.
Mas,
em que base se afirma que a expressão, "no seio da terra", significa
estar na sepultura? Não há autoridade escriturística para isto. Pelo contrário,
a evidência é que não significa isso. As próprias palavras de Cristo provam que
elas significam outra coisa, porque Ele disse que depois de ser morto,
ressuscitaria no terceiro dia, indicando desse modo um período mais longo para
a Sua permanência no seio da terra.
Deve
ser salientado que nesta e também noutras publicações nossas, "que nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação". 2 Pedro 1:20.
Ninguém deve simplesmente assumir o que esta ou outra expressão na Palavra de
Deus quer dizer. A Bíblia deve ser o seu próprio dicionário. Em algum lugar nas
suas páginas está um testemunho paralelo ou uma explicação que revela o
mistério da passagem difícil em consideração.
No
Antigo Testamento, "o rolo do livro", há uma profecia que prediz a
experiência de Cristo quando estava no seio da terra. Ela encontra-se no Salmo
40.
Não
pode haver dúvida que esta é uma profecia acerca de Cristo, porque Paulo
trata-a como tal, citando-a directamente em Hebreus 10:5-7 nos seus ensinos a
respeito de Cristo.
"Pelo
que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me
preparaste;
"Holocaustos
e oblações pelo pecado não Te agradaram.
"Então
disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de Mim), para fazer,
ó Deus, a Tua vontade.
"Como
acima diz, Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não
quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei)." Hebreus
10:5-7.
Esta
é uma citação directa de Salmo 40:6-8. Em todo o Salmo do qual é tirado este
extracto, não há mudança da pessoa do sujeito. Portanto, tão seguramente como
estes versículos são uma profecia de Cristo, também os restantes são. De
interesse prático na ligação com este estudo são os primeiros três:
"Esperei
com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para Mim, e ouviu o Meu clamor.
"Tirou-Me
de uma cova horrível, de um charco de lodo, pôs os Meus pés sobre uma rocha,
firmou os meus passos;
"E
pôs um novo cântico na Minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e
temerão, e confiarão no Senhor." Salmos 40:1-3. (tradução da Bíblia K.
James.)
Isto
descreve uma experiência pela qual o Salvador passou durante algum tempo da Sua
vida na Terra. Não se pretende transmitir a ideia que Ele passou um período no
fundo duma cova literal a qual era um charco de lodo. A linguagem é obviamente
figurativa ou simbólica, o lago, a rocha, e o lodo representam elementos
espirituais.
Na
Bíblia, uma cova descreve um buraco no solo, e refere-se à sepultura, também
descreve as profundidades em que o pecado nos tem degradado. Portanto, neste
sentido final é um símbolo do pecado, de modo que estar na cova é estar
carregado com um grande e esmagador peso de pecado.
"É-nos
impossível, por nós mesmos, sair do abismo de pecado em que estamos
mergulhados." Aos Pés de Cristo, 16.
O
universo verá através do ministério de Cristo, "a raça caída, elevada do
abismo em que o pecado a imergira.…" Testemunhos Selectos 2:342.
"Cristo
é capaz de tirar o maior pecador do abismo de degradação, e colocá-lo onde será
reconhecido como filho de Deus, herdeiro com Cristo numa herança imortal."
Testimonies 7:229.
Como
Cristo nunca esteve literalmente num abismo com os Seus pés num charco de lodo,
é óbvio que foi o abismo de pecado em que foi colocado e do qual esperou
pacientemente até o Senhor ouvir o Seu clamor e elevar os Seus pés para uma
sólida rocha. A expressão do Novo Testamento, "o seio da terra", é o
paralelo da que se encontra em Salmo 40, uma horrível cova. O tempo em que
Jesus esteve nesse horrível abismo foi o mesmo tempo em que esteve no seio da
terra.
Alguns
podem argumentar em contrário que Jesus nunca esteve no abismo do pecado como
os homens estão e portanto nunca necessitou de ser elevado dele, mas isto é
compreender mal a profundidade da Sua condescendência e extensão da Sua identificação
com o homem caído. As únicas diferenças entre Ele e nós são que nós
encontramo-nos num abismo feito por nós próprios e, enquanto sofremos
unicamente o charco de lodo e treva dos nossos próprios pecados, Ele tomou
sobre Si os pecados de toda a humanidade.
Mas,
apesar deles não serem os Seus pecados, sofreu-os tão completamente que sentiu
a sua treva e horror como se fossem propriamente Seus. Sofreu sob o seu peso
como se eles tivessem sido cometidos por Si. Conhecia verdadeiramente, pela
experiência pessoal, o que significava estar no abismo desse horrível charco, o
seio da terra, no charco de lodo.
"Verdadeiramente
Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e
nós o reputámos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
"Mas
Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos
sarados." Isaías 53:4, 5.
Tal
como os pecadores com quem Ele tão totalmente se identificou, foi também
incapaz de salvar-se a Si próprio desse charco de lodo, do seio da terra. Ele
tinha que clamar ao Seu Pai para o salvar e em seguida esperar pacientemente
até essa salvação poder ser efectuada exactamente como qualquer pecador tem que
fazer, como está escrito:
"Esperei
com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para Mim, e ouviu o Meu clamor.
"Tirou-Me
de uma cova horrível, de um charco de lodo, pôs os Meus pés sobre uma rocha,
firmou os meus passos;
"E
pôs um novo cântico na Minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e
temerão, e confiarão no Senhor." Salmo 40:1-3. (tradução da Bíblia K.
James.)
Paulo
do mesmo modo declara acerca da experiência de Cristo quando do fundo do abismo
Ele clamou a Deus que O salvasse:
"O
qual, nos dias da Sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações
e súplicas, ao que O podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que
temia;" Hebreus 5:7.
Estas
Escrituras confirmam a grande verdade salvadora que Cristo esteve
verdadeiramente no abismo e conhecia por Si próprio a treva, o horror, o
desencorajamento, a depressão, miséria, desamparo, desespero, e agonia que isso
traz. Tal como qualquer pecador perdido, Ele tinha que se agarrar com
interminável fé ao Pai para O elevar a terreno firme, à sólida rocha. Esta é a
experiência a que Cristo se referiu quando falou acerca de estar três dias e
três noites no seio da terra. Deve ser compreendido que Ele nunca disse que
estaria na sepultura durante esse período, mas no seio da terra. Quando falou
em estar na sepultura, especificou que ao terceiro dia ressuscitaria, dando
assim um período de tempo menor.
As
perguntas que faltam agora são acerca de quando foi Ele para o abismo e quanto
tempo esteve ali? As próprias palavras de Cristo tornam claro que Ele não
passou todo o tempo da Sua jornada terrestre ali, porque falou disso como uma
experiência futura em Mateus 12:40. "Assim estará o Filho do homem três e
três noites no seio da terra."
Mas
a experiência já não era futura quando Ele entrou no Jardim do Getsêmane.
Então, todo o peso do pecado da humanidade estava sobre Ele, abatendo-O até ao
seio da terra, ao abismo horrível, e ao charco de lodo. Até essa altura, Ele
caminhara à luz da presença de Deus mas em seguida uma grande mudança ocorreu
quando se tornou o portador dos pecados em favor da família humana. Esta
transição é muito claramente expressa no seguinte testemunho:
"Jesus
estivera conversando animadamente com os discípulos, instruindo-os; mas ao
aproximar-Se do Getsêmane, tornou-Se estranhamente mudo. Muitas vezes lá
estivera, para meditar e orar; mas nunca com o coração tão cheio de tristeza
como nessa noite de Sua última agonia. Durante Sua vida na Terra, andara à luz
da presença de Deus. Quando em conflito com homens que eram inspirados pelo
próprio espírito de Satanás, podia dizer: 'Aquele que Me enviou está comigo; o
Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada.' João
8:29." O Desejado de Todas as Nações, 658.
Até
aqui o testemunho está a falar da situação de Cristo como se ela fosse anterior
a este momento. Não é com certeza uma ilustração de um homem abatido ao abismo
do pecado, mas pelo contrário daquele que caminha à luz do amor e aprovação de
Deus. Agora o testemunho continua descrevendo a mudança que teve lugar na
situação de Cristo.
"Agora,
porém, parecia excluído da luz da mantenedora presença de Deus. Era então
contado entre os transgressores. Devia suportar a culpa da humanidade caída.
Sobre Aquele que não conheceu pecado, devia pesar a iniquidade da raça caída.
Tão terrível Lhe parece o pecado, tão grande o peso da culpa que deve levar
sobre Si, que é tentado a temer que ele O separe para sempre do amor do Pai.
Sentindo quão terrível é a ira de Deus contra a transgressão, exclama: 'A Minha
alma está profundamente triste até à morte.'" O Desejado de Todas as
Nações, 658.
Neste
ponto Ele foi contado com os transgressores. Onde é que eles se encontram? No
abismo do pecado, no seio da terra, e no charco de lodo. Portanto, se Ele é
contado com eles, então aí é onde tem que estar ao mesmo tempo, no abismo.
Quando
aconteceu isto?
Foi
na Quinta-feira à noite segundo a nossa contagem, ou nas horas da tarde do
décimo quarto dia do primeiro mês. É a partir desse ponto que os cálculo dos
três dias e três noites devem começar. Isto não precisa que passem setenta e
duas horas, porque Jesus não contou o tempo dessa maneira. Se apenas uma parte
do dia estivesse envolvida, continuava a contar por um dia neste tipo de
cálculo. Este sistema é chamado método da inclusão.
Os
sofrimentos de Cristo continuaram durante toda a noite e todo o dia seguinte
até ao momento em que morreu na cruz. Os sofrimentos físicos foram
verdadeiramente terríveis durante esse tempo, mas em nada se compararam com a
agonia mental e espiritual experimentada em virtude do peso do pecado que
estava sobre Ele. Com pressão sempre crescente aproximou-se rapidamente d'Ele,
enchendo-O com o temor da eterna separação do Seu Pai, e encontrando expressão
final no terrível clamor profeticamente proferido no Salmo 22.
"Deus
Meu, Deus Meu, porque Me desamparaste? Porque Te alongas das palavras do Meu
bramido, e não Me auxilias?
"Deus
Meu, Eu clamo de dia, e Tu não Me ouves; de noite, e não tenho sossego.
"Porém
Tu és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel.
"Em
Ti confiaram nossos pais; confiaram, e Tu os livraste.
"A
ti clamaram e escaparam: em Ti confiaram, e não foram confundidos.
"Mas
Eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
"Todos
os que Me vêem zombam de Mim, estendem os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:
"Confiou
no Senhor, que O livre: livre-O, pois n'Ele tem prazer.
"Mas
Tu és o que Me tiraste do ventre: o que preservaste, estando ainda aos seios de
minha mãe.
"Sobre
Ti fui lançado desde a madre; Tu és o Meu Deus desde o ventre de Minha mãe.
"Não
te alongues de Mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.
"Muitos
touros Me cercaram; fortes touros de Bazan Me rodearam.
"Abriram
contra Mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.
"Como
água Me derramei, e todos os Meus ossos se desconjuntaram; o Meu coração é como
cera, derreteu-se no meio das Minhas entranhas.
"A
Minha força se secou como um caco, e a língua se Me pega ao paladar, e Me
puseste no pó da morte.
"Pois
Me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores Me cercou, traspassaram-Me as
mãos e os pés.
"Poderia
contar todos os Meus ossos: eles vêem e Me contemplam.
"Repartem
entre si os Meus vestidos, e lançam sortes sobre a Minha túnica.
"Mas
tu, Senhor, não Te alongues de Mim: força Minha, apressa-Te em socorrer-Me.
"Livra
a Minha alma da espada, e a Minha predilecta da força do cão.
"Salva-Me
da boca do leão, sim, ouve-Me, desde as pontas dos unicórnios."
Embora
os escritores do evangelho não citassem Cristo a expressar estes pensamentos
desesperados, este Salmo revela que Ele o fez, de facto, assim foi. Foi uma
inexplicável prova física a que passou. Deste ponto em diante, o tom do Salmo
muda. Pela fé e unicamente pela fé, Cristo se elevou do testemunho das trevas
da vista e das circunstâncias, e, apesar da pressão do pecado que pesava sobre
Ele mais do que nunca, viu a vitória final e regozijou-Se em tudo o que seria
realizado por esse meio.
No
momento da morte de Cristo, já tinha estado no abismo, o seio da terra, uma
noite e um dia. Mas a sua morte não O libertou. Quando foi para a sepultura,
continuava a transportar o terrível peso do pecado sobre Si. Portanto, enquanto
esteve no túmulo, ainda estava no abismo, o seio da terra. Deve contudo ficar
claro que a Sua ida para a sepultura não foi a Sua ida para o seio da terra,
porque Ele já tinha entrado nesta situação antes de morrer.
Nem
a Sua saída do túmulo na manhã de Domingo O libertou da carga que carregava em
lugar da raça humana. Não foi senão quando subiu ao Pai e recebeu a confirmação
pessoal que o Seu sacrifício pelos pecados fora aceite por Deus que foi liberto
desse tremendo peso. Somente então foi Ele por fim e completamente elevado das
profundas trevas e estabelecido na Rocha.
Quando
Maria se aproximou d'Ele pouco depois da Sua ressurreição e antes de ter ido ao
Pai, advertiu-a para não tocar n'Ele. Isto não seria permitido até ter sido
liberto dessa terrível responsabilidade.
"Disse-lhe
Jesus: Não Me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai: mas vai para os
Meus irmãos, e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso
Deus." João 20:17.
"Jesus
recusou receber a homenagem de Seu povo até haver obtido a certeza de estar Seu
sacrifício aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais, e ouviu do próprio Deus
a afirmação de que Sua expiação pelos pecados dos homens fora ampla, de que por
meio de Seu sangue todos poderiam obter a vida eterna." O Desejado de
Todas as Nações, 759.
Se
o período de tempo desde o momento que os pecados do mundo foram colocados
sobre Cristo no Jardim até Ele receber a libertação do Seu Pai for contado,
será verificado que passaram três dias e três noites. Foram as noites do décimo
quarto, décimo quinto, e décimo sexto, ou como diríamos na moderna
terminologia, noites de Quinta, Sexta e Sábado. Isto soma três noites.
Envolvidos
estavam também os períodos diurnos das mesmas datas que na moderna terminologia
são chamados Sexta, Sábado e Domingo. Estes foram os três dias que Ele esteve
no seio da terra.
Assim,
é um facto que Cristo esteve em baixo no horrível abismo do pecado durante três
dias e três noites, embora não estivesse na sepultura durante todo esse tempo.
Embora a profecia necessitasse que Ele estivesse no seio da terra durante três
dias e três noites, não precisava que fosse para o túmulo durante tanto tempo.
Pelo contrário, a predição foi que ressuscitaria ao terceiro dia, o que Ele
fez. Não há contradição entre estas especificações, nem qualquer
enfraquecimento do princípio que Cristo tinha que morrer no sexto dia e
ressuscitar no primeiro a fim de viver pelos princípios da Sua obra criadora
estabelecidos desde a eternidade e fielmente seguidos na criação do mundo e
seus habitantes.
Com
maravilhosa precisão, todas as profecias, tipos, símbolos e princípios se
juntam num perfeito foco na cruz e subsequente ressurreição. Isto é em si mesmo
uma obra-prima do planeamento divino que nos deixa maravilhados perante a sua
perfeição e beleza.
Bastante
curiosamente, os principais defensores da crucifixão na Quarta-feira e
ressurreição no Sábado são observadores do Sábado do sétimo dia e fortemente
ensinam esta obrigação. Portanto, parece que estão a construir esta grande e
maravilhosa verdade. Mas a aparência é enganadora. Em vez disso, os
ensinamentos destroem-na porque, quando o Sábado é separado do poder de Deus, é
tirado do seu lugar e é inteiramente ineficaz.
Mas
como é que a teoria da ressurreição ao Sábado separa o Sábado do evangelho?
No
primeiro caso, fá-lo substituindo a verdade de Deus acerca do Sábado e da
crucifixão, com a teoria dos homens acerca destas coisas. É novamente uma
tentativa de construir o reino de Deus à maneira do homem.
Mas
não é tudo. O mesmo padrão da obra da criação deve operar na obra da redenção,
porque esta é uma repetição pela restauração do reino original. O padrão é que
o Senhor completa a Sua obra da criação no sexto dia, repousa durante o Sábado
e começa a Sua obra seguinte no primeiro dia. Portanto, Cristo tinha que morrer
na Sexta-feira, repousar durante o Sábado e ressuscitar no primeiro dia.
Significa
isto que outros milagres de ressurreições, tal com a de Lázaro, tivessem que
ter lugar no primeiro dia da semana? Definitivamente que não! Elas podiam ser
realizadas, tal como foram, em qualquer dia da semana incluindo o Sábado.
Qual
é a diferença?
Somente
a morte e ressurreição de Cristo finalizariam a obra da criação e começaria uma
outra. Portanto, somente Ele tinha que morrer na Sexta-feira e ressuscitar no
Domingo. Todos os outros podiam morrer e ser curados ou ressuscitados em
qualquer dia da semana.
No
evangelho então, Cristo tinha que morrer na Sexta-feira e ressuscitar no
Domingo. Ensinar outra coisa rouba ao Sábado o seu poder criador.
Ensinar
que Cristo adoptou um princípio de operação diferente na obra da segunda
criação é dar apoio à mentira de Satanás que a original era imperfeita e
portanto tinha que ser modificada e melhorada quando fosse restaurada. Fazer
isto é colocar-se ao lado do arqui-enganador e contra Cristo e Sua obra.
Capítulo
3
A
Ressurreição e o Sábado
A
ressurreição de Cristo confirma e dá beleza ao Sábado do mesmo modo como a cruz
do Calvário o faz. O princípio que garante esta verdade é que a obra de Cristo
ao vir para morrer pelo homem e voltar de novo à vida, foi a obra da repetição
da criação do homem e do mundo. Por causa da primeira criação ser uma obra
perfeita, que não precisava de modificações ou melhoramentos, o Senhor Jesus, Aquele
que é imutável e não tem variação, faria coincidir essa perfeição fazendo a
segunda obra exactamente como havia feito a primeira. Se Ele de alguma maneira
se tivesse desviado dos procedimentos adoptados na primeira, seria admitir,
para imensa satisfação de Satanás, que a primeira não havia sido, de facto,
absolutamente perfeita.
No
início então, Cristo estabeleceu o sexto dia como o dia para a finalização da
Sua obra e o primeiro como o dia para novos começos. O sétimo dia foi
instituído como o memorial da manifestação do Seu poder tanto naqueles dias,
como nos outros entre eles. Esta é a Sua forma de trabalhar. Ele tinha revelado
isto claramente ao Seu povo em todas as Escrituras e é responsabilidade nossa
aceitar simplesmente e crer nesse facto. Ele tem dado ênfase adicional que
nunca muda ou modifica os Seus caminhos. Portanto, estes princípios de operação
estão estabelecidos para sempre. Deste modo eles tornaram-se o padrão de
medição pelo qual os ensinos apresentados podem ser julgados como sendo a verdade
ou algo diferente.
Por
exemplo, qualquer que apresente a ideia que Cristo não finalizou o Seu
ministério terrestre de morrer pelo pecado e revelar o carácter de Deus no dia
da finalização, o sexto, é obviamente ensinar o contrário à verdade de Deus. A
sua mensagem não lhe foi dada pelo Senhor e não há obrigação para ouvir tais
erros.
Se,
por outro lado, pudesse ser provado para além de qualquer dúvida razoável que
Cristo não morreu no sexto dia, nem ressuscitou no primeiro, então Ele não era
o verdadeiro Messias e os judeus estavam certos ao rejeitá-l'O. Para louvor de
Deus pode ser claramente dito que essas provas não existem. Pelo contrário, a
prova é que Ele morreu realmente no sexto dia e ressuscitou no primeiro dia da
semana.
Nenhum
traço de desvio pode ser detectado entre a actuação de Cristo, o Criador, na
criação original e a criação que a substituiu. Com tanta certeza é isto assim,
que o Sábado continua a ter o mesmo lugar e permanência em ligação com a
segunda criação como teve na primeira. Portanto, assim como o Sábado foi o
memorial daquilo que Deus fez no primeiro dia da semana juntamente com os
outros cinco, assim continua a ser o poder de Deus manifestado na ressurreição
de Cristo no primeiro dia da semana. Não pode ser doutro modo.
Numerosas
têm sido na verdade as tentativas e astutas razões pelas quais os homens, ao
serviço do príncipe das trevas, têm procurado obliterar o Sábado de Deus. Mas,
apesar de milhões terem sido persuadidos por estes enganos, o Sábado em si
mesmo permanece ainda e permanecerá para sempre. Ele sai de qualquer ataque,
brilhando com luz ainda maior, embora pareça algumas vezes ter sido fatalmente
derrotado.
O
mais comum e aparentemente bem sucedido devastador ataque é realmente baseado
na sólida verdade, porque é um facto que a ressurreição, sendo um maravilhoso e
memorável acontecimento, necessita de um dia especial que o comemore. Mas isto
não dá ao homem autoridade para prosseguir com a escolha desse dia. Somente
Deus tem o direito de fazer isto. Contudo, o argumento em defesa do Domingo é
que os homens o observam como um dia de respeito e alegre memorial da
ressurreição de Jesus, ao passo que, ao mesmo tempo, admitem que não têm
justificação escriturística para o fazerem.
A
igreja Católica Romana é a principal voz nisto. John A. O'Brien no seu livro,
The Faith of Millions, que é descrito como uma autoridade na igreja Católica
Romana e tem o selo da igreja, escreve o seguinte:
"Porque
foi o Domingo escolhido? Porque nesse dia Cristo ressuscitou da morte e o
Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos. A ressurreição foi o maior milagre
que Cristo operou e demonstrou duma forma notável a divindade de Cristo e Sua
Igreja. No Pentecostes o Espírito Santo entrou na Igreja para ser a fonte da
sua vida divina e habitar com ela para sempre.
"A
Igreja recebeu, do Seu Fundador, Jesus Cristo, a autoridade para fazer tais
alterações. Ele solenemente conferiu à Sua Igreja o poder, para legislar,
governar e administrar…. O poder das chaves. Deve ser notado que a Igreja não
mudou a lei divina que obriga os homens a adorar, mas apenas alterou o dia em
que essa adoração pública devia ser feita; assim a lei em causa era
simplesmente uma lei cerimonial.
"Mas
uma vez que o Sábado, não o Domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso
que os não-católicos que professam receber a sua religião directamente da
Bíblia e não da Igreja, observem o Domingo em vez do Sábado? Sim,
evidentemente, isto é inconsistente; mas esta mudança foi efectuada há cerca de
quinze séculos antes do Protestantismo nascer e nessa altura o costume era
universalmente observado. Eles continuaram o costume, embora o seu fundamento
seja a autoridade da Igreja Católica e não um específico texto da Bíblia."
The Faith of Millions, 543, 544.
Há
algumas declarações verdadeiras neste testemunho que são dignas de atenção. É
notado primeiramente que a igreja Católica Romana abertamente admite que foi
ela quem instituiu o Domingo como um memorial da ressurreição, em segundo
lugar, que não há um único texto na Bíblia que autorize a alteração e em
terceiro lugar, que o mundo Protestante seguiu a suas instruções e reconheceu a
sua autoridade em que também argumenta que o Domingo é o memorial da
ressurreição.
Há
verdade inegável na afirmação que "a ressurreição foi o maior milagre que
Cristo operou e demonstrou duma forma notável a divindade de Cristo."
Foi
na verdade uma manifestação desse mesmo poder pelo qual o Senhor deu existência
aos mundos e pelo qual obteve a vitória na cruz. Paulo declara acerca disto:
"E
qual a sobre-excelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, segundo
a operação da força do Seu poder,
"Que
manifestou em Cristo, ressuscitando-O dos mortos, e pondo-O à Sua direita nos
céus,
"Acima
de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se
nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;
"E
sujeitou todas as coisas a Seus pés, e colocou-o como Cabeça sobre todas as
coisas na igreja.
"Que
é o Seu corpo, a plenitude d'Aquele que cumpre tudo em todos." Efésios
1:19-23.
O
Deus eterno estabeleceu na eterna justiça um memorial das Suas poderosas obras,
seja na criação original, na libertação da escravidão do Egipto, na vitória da
cruz, ou na ressurreição de Cristo. Esse memorial é o Sábado.
Quando
um acontecimento de grande significado ocorre na experiência humana tal como a
libertação de uma nação da servidão de um despotismo anterior, os homens
designam um dia para ser observado desde então como uma recordação do
acontecimento. O dia escolhido será na mesma data em que ocorreu o
acontecimento. Por exemplo, em 14 de Julho de 1789, um grupo de parisienses
armados tomou a Bastilha, a famosa prisão que se tinha tornado o símbolo da
tirania nacional. Desde 1880, o 14 de Julho tem sido observado como um feriado
nacional em que a vitória é de novo celebrada. Em todas as nações da Terra,
esta prática é seguida quando honram alguma data de grande significado do seu
passado.
Mas
Deus nem sempre fez isto no passado. Por exemplo, Deus procurou que a
verdadeira data para o nascimento de Cristo nunca fosse registada no compêndios
de história ou nas sagradas Escrituras. Apenas uma coisa é certa. Cristo não
nasceu em 25 de Dezembro. Nesse período frio do ano, os pastores não se
encontravam em campo aberto porque nem os rebanhos nem os pastores podiam
suportar as difíceis condições. 25 de Dezembro é em seu lugar o dia do
nascimento de Tamuz, o filho ilegítimo de Semiramus que foi rainha de
Babilónia. Este filho tornou-se a divindade terrestre nos mistérios de
Babilónia e é a pessoa que formou o centro dessa religião que, durante o Antigo
Testamento, foi o anticristo. O facto do dia de adoração semanal ligado com
este sistema religioso ser o primeiro dia da semana tem um significado mais do
que passageiro.
Assim
o Antigo Testamento teve uma organização religiosa na qual foi colocado como
divindade, um homem para quem não havia qualquer suporte escriturístico. Ele
era uma escolha e eleição feita pelo homem. Isto já era suficientemente grave,
mas o que o torna muito pior é o facto que foi colocado pelo homem, como um
homem no lugar de Deus. A somar a isto, colocaram um dia de adoração escolhido
pelo homem no lugar do dia designado por Deus.
Porque
durante seis dias da semana, Deus manifestou o Seu poder criador ao fazer a
Terra, sua cobertura de vegetação e sua população viva. Mas não escolheu fazer
de qualquer destes dias o memorial daquilo que tinha sido feito neles. Escolheu
outro dia, o Sábado, para cumprir este papel.
Mais
tarde, demonstrou o Seu poder ao libertar os israelitas da escravidão egípcia.
As Escritura não nos dizem em que dia da semana isto aconteceu. Nada há para
sugerir que foi no Sábado, nem teria sido consistente com Deus levá-los a sair
nesse dia. Qualquer que tenha sido o dia da semana, Deus com certeza não o
apontou como dia santo entre eles. Em vez disso, informou-os que o Sábado, à
medida que este se repetia em cada semana, devia ser a lembrança das poderosas
obras de Deus nesse outro dia.
A
experiência individual da santificação chegou a pessoas diferentes em
diferentes dias da semana. Deus não instruiu o homem que experimentou a
conversão no terceiro dia para escolher esse dia como lembrança da operação do
poder de Deus nele. Nem o homem convertido no primeiro dia, ou outro dia, recebeu
instrução para escolherem esses dias com esse propósito. A cada um foi dito que
o Sábado devia ser o dia em que lembrariam aquilo que Deus havia feito neles.
Quando
é feita a transição para o Novo Testamento, não há testemunhos de Deus para
indicar que Ele mudou a Sua forma de agir. Mas há testemunhos que confirmam que
Ele não muda os Seus procedimentos e métodos.
Aquele
que no Antigo Testamento havia testemunhado, "Eu, o Senhor, não
mudo;" Malaquias 3:6, no Novo Testamento continua a declarar sobre Si
mesmo que é o "Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de
variação". Tiago 1:17.
Tivesse
Deus, no tempo do Novo Testamento, alterado a Sua forma de comemorar um
acontecimento, isto teria sido uma enorme modificação, mas o testemunho declara
que não há sequer uma sombra de mudança. Portanto, podemos repousar na certeza
que Deus "é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente." Hebreus 13:8.
É
mais simples quando temos algo em que possamos confiar absolutamente. Não há
necessidade de nos preocuparmos em acompanhar esta ou aquela mudança à medida
que ela se desenvolva. Esta confiança lança fora todo o receio.
Na
base destes grandes princípios de um imutável e invariável Deus, há uma
comparação valiosa feita entre a obra de Deus no primeiro dia da criação e a
ressurreição de Cristo.
Na
obra original, pelo Seu grandioso poder, Ele falou e houve luz. Quando esta
brilhou e desfez as trevas, foi uma coisa maravilhosa, trazendo uma bênção ao
homem digna de incessante comemoração e gratidão. Foi com certeza um
acontecimento que ultrapassou em muito a libertação obtida no Dia da Bastilha,
a vitória americana na luta pela independência, ou o triunfo na Segunda Grande
Guerra. Se estes acontecimentos são dignos de serem lembrados, então a criação
da luz foi muito mais. Ela abriu aos homens maravilhosas bênçãos; ela é um
elemento essencial tanto na sobrevivência como no avanço em todas as áreas da
vida e enche a terra, o mar, e o céu com uma beleza doutro modo fechada em
impenetráveis trevas.
Deus
foi capaz de avaliar este valioso dom e viu-o digno de ser comemorado. Ao
designar o dia em que o acontecimento devia ser recordado, não seguiu os
métodos dos homens. Eles escolhem uma data no calendário e marcam-na para
observância anual, mas Deus não fez isto. Em vez disso, escolheu um dia que
deve ser observado, não numa base anual mas semanal. O dia escolhido não foi o
mesmo dia em que o acontecimento ocorreu. Era um dia completamente separado.
Para comemorar o que aconteceu no primeiro dia da semana, Deus escolheu o
sétimo, como um memorial. Este dia memorial não é apenas o dia especial para
recordar a obra criadora de Deus no primeiro dia, mas do que Ele realizou
também em cada um dos outros dias dessa primeira semana.
Assim
Deus dividiu a semana em duas partes. A primeira parte ocupada pelos seis dias,
foi a porção em que Ele trabalhou, enquanto a outra, o sétimo dia, que foi
escolhido como o memorial daquilo que tinha sido feito durante o primeiro e
mais longo período.
Ninguém
pode com sucesso argumentar que isto não é assim, pois Deus declarou que foi
isto que fez. No primeiro capítulo de Génesis, o Espírito Santo descreve as
progressivas obras feitas em cada sucessivo dia da criação. Na primeira parte
do capítulo seguinte isto é descrito de forma diferente no qual Deus tratou do
sétimo dia.
"Assim
os céus, e a terra e todo o seu exército foram acabados,
"E
havendo Deus acabado no dia sétimo a Sua obra, que tinha feito, descansou no
sétimo dia de toda a Sua obra, que tinha feito.
"E
abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua
obra, que Deus criara e fizera." Génesis 2:1-3.
Deus
não faz as coisas numa base temporária. Portanto, o que Ele estabeleceu ali foi
para a eternidade. Desde esse ponto em diante, Ele pretendia que ele fosse a
aceite e inquestionada instituição entre o Seu povo. Mas este esqueceu as Suas
obras e os Seus caminhos necessitando que Ele lhes recordasse a distinção
divinamente instituída entre os primeiros seis dias e o sétimo.
Por
esta razão, quando Israel chegou ao Sinai, o momento oportuno tinha chegado
para repetir os princípios do governo de Deus. Isto nunca devia ter sido
necessário, mas tornou-se necessário porque as suas mentes se tinham
obscurecido pela transgressão ao ponto de terem esquecido a distinção entre os
primeiros seis dias e o sétimo.
Assim
Deus recordou-lhes que Ele lhes havia dado seis dias para fazerem a sua obra
mas que o sétimo dia fora dado numa base diferente. Ele pessoalmente o tinha
santificado como um memorial da sua obra criadora. Havia um abençoado propósito
de amor ao fazer assim. À medida que este estudo se desenvolva, a sabedoria da
Sua acção tornar-se-á cada vez mais clara.
Quando
Deus proclamou a lei no Monte Sinai, não disse algo diferente daquilo que havia
dito anteriormente em Génesis. Comparai cuidadosamente relato de Génesis citado
atrás com as palavras escritas em Êxodo.
"Lembra-te
do dia do Sábado, para o santificar.
"Seis
dias trabalharás e farás toda a tua obra;
"Mas
o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem
teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal,
nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
"Porque
em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao
sétimo dia, descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do Sábado, e o
santificou." Êxodo 20:8-11.
A
comparação do relato de Génesis com este, confirma que não há o mais pequeno
desvio entre aquilo que Deus havia estabelecido no Éden e o que reafirmou no
deserto. Tanto antes do pecado ter aparecido como depois dele, as obras de Deus
eram as mesmas.
Deve
ser esperado então, que à medida que os séculos passassem, nunca deveria haver
qualquer desvio nos caminhos de Deus. Um acontecimento comparável ao chamamento
da luz no primeiro dia da semana, foi a ressurreição de Cristo, que, como luz
do mundo, foi chamado das trevas para a luz nessa maravilhosa manhã. Enquanto
as horas anteriores a este acontecimento passavam, a escuridão que O envolvia
era de igual intensidade às horas antes de Deus ter feito a luz. Nenhum homem
na Terra, incluindo os discípulos que O amavam e desejavam vê-l'O ressuscitar,
tinham poder para dispersar esse manto negro. Apenas pelo poder de Deus e
nenhum outro seria isso realizado.
Assim
tinha sido na manhã do primeiro dia da criação.
Portanto,
Deus fez a mesma coisa na ressurreição de Cristo tal como tinha feito quando
disse, "Haja luz" e aconteceu exactamente o que Ele disse. Muitos
considerariam mesmo o chamamento de Cristo para a Terra dos vivos, como sendo
mais digno de nota e comemoração do que qualquer outro. Não há dúvida que este
é um dos maiores acontecimentos da eternidade e é mais digno de ser lembrado
para sempre, como na verdade será.
Quando
qualquer ser humano que experimente o poder salvador da graça de Deus, vê e
aprecia o significado da ressurreição de Cristo, terá naturalmente um grande
entusiasmo por um memorial do acontecimento. Mas ninguém se renda à tentação de
criar um memorial desses, porque isto não deve ser feito pelos homens. Deus
determina isto. Ao fazê-lo, Ele agirá de harmonia com os eternos conselhos da
Sua infinita sabedoria e amor. Ali, Ele determinou que os primeiros seis dias
não são dias usados como memoriais de qualquer manifestação do Seu poder. Outro
dia, o sétimo, foi apontado por Ele para este propósito.
Cristo
foi perfeito ao fazer a vontade do Pai. Ele não veio introduzir inovações aos
caminhos do Seu Pai, mas conformar-se com eles em todo o pormenor, desse modo
estabelecendo um exemplo para nós. Assim Ele repousou no sétimo dia e
ressuscitou para participar nas maravilhosas obras de Deus no primeiro dia da
semana.
Portanto
conclui-se que o sétimo dia da semana é o memorial da ressurreição de Cristo e
nenhum outro. É verdade que não temos uma declaração específica de Deus para
este efeito comparável ao Seu claro testemunho em Génesis. Mas não é preciso
qualquer confirmação. No início, Deus deu os primeiros seis dias com um certo
propósito e o sétimo com outro. Não há necessidade que Ele repita isto
consecutivamente. Uma vez é suficiente. Foi apenas repetido no deserto porque o
povo estava tão espiritualmente cego que tinham perdido completamente o seu
caminho e não podia encontrá-lo de novo. Mas nós vivemos num século iluminado
em que nenhuma desculpa pode ser apresentada para não ver estes princípios vitais.
O
que temos é o testemunho de Cristo. Ele demonstrou que o único caminho que
conhecia era o de Seu Pai. Ele sabia o que o Ser Eterno tinha feito com os dias
da semana e agiu, viveu, morreu, repousou e ressuscitou em exacta harmonia com
estes princípios.
Se
Deus, através de Cristo, tivesse considerado uma mudança tão radical como a
alteração do que Ele pessoalmente havia estabelecido nesse ponto, com certeza
tê-lo-ia comunicado aos Seus filhos na Terra em palavras claras. Podemos estar
certos disso porque Ele pessoalmente disse que assim faria.
"Certamente
o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus
servos, os profetas." Amós 3:7.
Não
houve falta de profetas nos dias que se sucederam à ascensão de Cristo, o
próprio período durante o qual se afirma que a mudança do sétimo para o
primeiro dia da semana foi feita. Contudo, Deus não deu a missão a qualquer
deles para declarar que essa mudança tinha sido feita. Se o Senhor na verdade
fizesse alguma alteração, mas não o dissesse aos Seus profetas, então
verificar-se-ia que Ele seria uma pessoa que não cumpre as Suas promessas.
Seria um Deus imperfeito, que, em virtude de cometer um erro, não se poderia
confiar que cumprisse a Sua palavra. Pensai nas terríveis implicações que essa
inconsistência da parte de Deus teria para nós. Verdadeira e viva fé seria uma
impossibilidade prática, porque apenas podíamos crer quando víssemos isso
acontecer realmente. Para a fé ter uma base, Deus tem que ser de absoluta e
infinita confiança. Não pode haver um único exemplo em que Ele falhe em fazer o
que disse que faria. Portanto, quando diz que nada fará a menos que revele o
Seu segredo aos Seus servos os profetas, então não pode fazer coisa alguma sem
fazer esta revelação. Se Ele tivesse decidido alterar o dia de comemoração do
Sábado para o Domingo, então tê-lo-ia dito através dos profetas. A falta dessa
comunicação, especialmente quando havia muitos profetas de quem se servir para
falar, é a confirmação absoluta que o Senhor não muda, que o padrão que divide
a semana em duas partes ainda se mantém. Os primeiros seis dias foram apontados
por Deus para trabalhar, ao passo que o último é o memorial do que Deus fez nos
primeiros seis dias. Assim ele foi estabelecido no princípio, confirmado no Sinai,
obedecido por Cristo na morte e ressurreição e assim será eternamente.
O
principal defensor da transferência da santificação do Sábado para o Domingo é
a Igreja Católica Romana. Estas pessoas não fazem qualquer tentativa para
exigir a existência de um mandamento ou instrução de Deus que anuncie
semelhante mudança. Abertamente admitem que não existe. Isto devia ser
suficiente, mas o homem está tão determinado a estabelecer os seus caminhos no
lugar de Deus que esta organização encontra milhões de pessoas que estão
prontas a aceitar as suas instituições no lugar de Deus.
Contudo,
o papado está consciente da sua necessidade de remover toda a aparência de
rebelião contra Deus. Ele está desejoso e determinado para que todos os homens
acreditem que ele é a expressão da vontade de Deus e o único canal verdadeiro
através de quem as bênçãos de Deus fluem para os homens. Para alcançar isto
afirma que embora Deus não tenha feito a alteração, deu autoridade à igreja
para o fazer. Aqui estão as suas próprias palavras para este efeito:
"A
Igreja recebeu a autoridade para efectuar tal mudança do seu Fundador, Jesus
Cristo. Ele solenemente conferiu à Sua Igreja o poder, para legislar, governar
e administrar... o poder das chaves. " The Faith of Millions, 543.
Esta
não é a única ocasião em que esta afirmação foi feita. Repetidamente, esta
ideia tem sido mantida perante o povo. Aqui está uma ou duas mais.
"Podeis
ler a Bíblia de Génesis a Apocalipse, e não encontrareis uma única linha
autorizando a santificação do Domingo. As Escrituras reforçam a observância do
Sábado." James Cardinal Gibbons, The Faith of Our Fathers, 89, 88ª edição.
"Agradou
à igreja de Deus, que a celebração religiosa do dia de Sábado fosse transferida
para 'o dia do Senhor.'" Catechism of the
Council of Trent, Parte III, Capítulo 4, página 347 do Rev. J. Donovan, D.C.
"Nós
observamos o Domingo em vez do Sábado porque a igreja Católica, no concílio de
Laodiceia (336 d.C.[?]) transferiu a solenidade do Sábado para o Domingo."
The Convert's Catechism of Catholic Doctrine, 50, 7ª edição.
De
facto, a igreja Católica está a afirmar que não há necessidade adicional de
Deus anunciar através dos profetas aquilo que fará, porque a igreja tomou tão
completamente o lugar d'Ele que ela declará-lo-á em seu lugar. Isto é, com
certeza, o pecado máximo. Deus nunca colocou a igreja na Sua posição. Isso não
é possível. Portanto, a igreja tem assumido a posição por si própria, não só
procurando desse modo substituir Deus mas quebrando por esse meio a sua ligação
com Ele.
Ao
colocar-se no lugar de Deus, ela naturalmente coloca os seus caminhos no lugar
dos caminhos de Deus. Enquanto para Deus há apenas duas espécies de dias,
aqueles em que Ele fez a Sua obra e o que foi separado para comemorar essa
obra, para os homens o dia em que a obra é feita e o dia de comemoração dessa
obra são os mesmos.
A
questão que se coloca perante a pessoa é se ela aceitará e seguirá os caminhos
de Deus ou do homem. Se for o primeiro, então reconhecerá o Sábado como o único
dia destinado à comemoração da ressurreição. Se o último, então observará o
Domingo para esse propósito.
Não
é difícil determinar que categoria se aplica ao dia da ressurreição. Ele é o
primeiro dia da semana, um dia designado por Deus para trabalhar, realizar e
agir, não um dia de comemoração. Outro dia, o sétimo, foi apontado para este
fim.
Nunca
o primeiro dia da semana foi usado por Deus, ou pelos que estavam sob a Sua
direcção pessoal para qualquer outro propósito que não o trabalho. Nunca, uma
única vez, Deus o separou como memorial dum acontecimento. Mesmo a igreja
Católica Romana admite isso. Portanto, o símbolo para a manifestação do poder
de Deus na ressurreição nunca podia ser, pelo verdadeiro raciocínio, o primeiro
dia da semana. O Sábado é o único dia que alguma vez podia ser guardado pelo
verdadeiro povo de Deus como comemoração da ressurreição do Salvador. Rejeitar
o Sábado para esse efeito, é rejeitar os princípios da Palavra de Deus e seguir
o falso raciocínio dos homens de quem Jesus disse: "Mas em vão Me adoram,
ensinando doutrinas que são preceitos de homens." Mateus 15:9.
Capítulo
4
O
Repouso de Deus
"E
também lhes dei os Meus Sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles:
para que soubessem que sou o Senhor que os santifica." Ezequiel 20:12.
Este
é o único testemunho de Deus no Antigo Testamento em que o Sábado é o símbolo
do Seu poder criador na transformação do pecador num homem santo.
O
imutável e invariável Deus não alterou esta relação entre a manifestação do Seu
poder e o Sábado quando começou a era do Novo Testamento. Têm sido avançados
muitos argumentos para explicar o que Ele fez, mas as Escrituras não defendem
essas posições. Falando através do apóstolo Paulo anos depois da morte e
ressurreição de Cristo, Deus confirmou que o Sábado continuava ainda a ser o
seu precioso dom para o Seu povo. Este relato encontra-se em Hebreus 3 e 4.
A
verdade mais fortemente salientada nesta Escritura é a relação entre conhecer e
seguir os caminhos de Deus e entrar no Seu repouso. Deus solenemente declarou
que para aqueles que não conheciam os Seus caminhos, não havia repouso. Este é
um resultado final muito grave, porque ele envolve não apenas a privação do
repouso de Deus nesta vida mas também a perda da vida eterna. Aqueles que
seguem os caminhos dos homens em lugar dos caminhos de Deus, nunca verão o
reino do Céu.
Para
demonstrar a verdade sobre isto, é feita referência à experiência dos
israelitas quando se aproximaram das fronteiras de Canaã pela primeira vez.
Ali, depois de lhes ter sido mostrado o caminho de Deus constantemente desde
que saíram do Egipto, de modo que não tivessem causa nem motivo para deixarem
de lado esses caminhos, voltaram-se para procedimentos de sua própria invenção.
Eles fizeram isto ao pedirem com muita insistência a escolha e o envio dos doze
espiões. Assim demonstraram que, mesmo apesar de terem testemunhado os caminhos
de Deus, não os tinham aprendido verdadeiramente. Assim Deus falou-lhes
conforme se segue:
"Por
isso Me indignei contra esta geração, e disse: Estes sempre erram em seu
coração, e não conheceram os Meus caminhos.
"Assim
jurei na Minha ira, que não entrarão no Meu repouso." Hebreus 3:10, 11.
É
importante que a força deste versículo não seja perdida. Há uma positiva relação
entre o testemunho e a conclusão tirada. "... e não conheceram os Meus
caminhos. Assim jurei na Minha ira que não entrarão no Meu repouso."
Este
não é um julgamento arbitrário da parte de Deus, a expressão de um espírito
vingativo contra aqueles que não Lhe obedecem e não fazem as coisas à maneira
d'Ele. Este não é o carácter de Deus. O fracasso do povo em entrar no repouso
de Deus foi devido ao resultado natural do caminho que escolheram. Somente Deus
tinha a sabedoria e poder para os libertar da falta de repouso e estabelecê-los
na terra prometida. Quando se desviaram daquele poder e procedimentos para os
seus, apenas podiam obter aquilo que procuravam. Com inexprimível tristeza de
coração, Deus viu que não tinha escolha senão deixá-los colher os resultados da
sua própria loucura. A história relata que ninguém dessa geração entrou na
terra prometida. Pelo contrário, cada dia lhes trouxe a monótona cansativa
caminhada através dos estéreis desertos da Península do Sinai. Quanto os seus
corações devem ter desejado e chorado por repouso da sua incessante e
desnecessária marcha.
A
sua necessidade imediata era repouso físico, mas a sua verdadeira e básica
necessidade era repouso espiritual. Somente à medida que tomassem posse do
último podiam experimentar o primeiro. Mas para obter o repouso de Deus
requeria-se que alcançassem fé viva e este era o problema. Repetidamente Paulo
resume que "... não puderam entrar por causa da sua incredulidade."
Hebreus 3:19.
Os
caminhos de Deus são tão diferentes dos caminhos do homem que não é possível a
humanidade compreender e aceitá-los excepto pela fé. Quando o faz, então para
sua surpresa eles provam ser perfeitos e eficientes. Verifica que está na
situação tranquila de problemas resolvidos, caminhos errados tornados rectos e
planos sabiamente feitos e executados. Quando a fé na sabedoria e poder de Deus
está ausente, então os homens voltar-se-ão sempre para as suas próprias obras e
ao fazerem isso, privam-se do repouso e da paz de Deus. Isto é por seu lado
perder a bênção do dia de Sábado. Isto não significa que a pessoa
necessariamente desiste da observância do Sábado. Pelo contrário, é normal as
pessoas que perderam o verdadeiro repouso de Deus continuarem a observância
exterior daquilo que é um símbolo ou memorial do dia. Mas, por causa do poder e
presença de Deus já não estar na vida, então o Sábado também já ali não está.
Quando o poder e o repouso de Deus vão embora, então o Sábado também
desaparece. A mera observância de um dia não é guardar o Sábado.
Este
é o triste relato da história. Deus deu ao Seu povo a bem-aventurada
oportunidade de entrar no Seu repouso, e, durante algum tempo, estiveram
prontos para seguir os caminhos de Deus. Mas em seguida afastaram-se dos
caminhos de Deus, voltando aos seus com as trágicas consequências da perda da
ligação com Deus e subsequente derrota às mãos dos seus inimigos. Assim
demonstraram que os caminhos de Deus não se tinham tornado uma natureza
construída dentro deles. Não se tinham submetido à sabedoria superior do seu
Pai Celestial. O seu espírito orgulhoso e rebelde continuou desafiando o
chamamento e orientações de Deus. A mesma triste loucura foi repetida geração
após geração de modo que nenhuma delas entrou no repouso de Deus.
Tudo
o que Deus podia dizer era, "... e não conheceram os Meus caminhos. Assim
... não entrarão no Meu repouso." Hebreus 3:10, 11.
Portanto,
para entrar no repouso de Deus, é essencial que os caminhos de Deus sejam
conhecidos e seguidos com inamovível fidelidade. Esta é a regra que não pode
ser quebrada. Deus não decretou arbitrariamente que seria dessa maneira. É
assim porque unicamente Deus tem a sabedoria e o acesso à necessária informação
para fazer planos que são infalivelmente perfeitos. Com a Sua total
acessibilidade como guia, planeador e solucionador de problemas, não há
necessidade que tenhamos as capacidades que Ele tem para desempenhar essas
funções. Ao mesmo tempo não é possível os homens terem acesso a toda a
informação porque isso infringiria os direitos privados dos outros. Portanto, o
melhor é Deus ser o planeador e cada um reconhecer e segui-l'O como tal. É muito
simples. Segui os caminhos de Deus e o perfeito repouso estará assegurado agora
e na eternidade. Ignorai esses caminhos, escolhendo seguir em seu lugar os
vossos e sereis privados do repouso tanto nesta vida como na futura. Portanto,
o objectivo mais importante das nossas vidas deve ser chegar à compreensão de
quais são os caminhos de Deus, porque apenas aqueles que o fazem, entrarão no
repouso de Deus.
Isto
não é meramente um alívio de dificuldades e problemas físicos. É apenas um
resultado secundário. Em primeiro lugar, tem que se entrar numa experiência
espiritual de unidade com Deus que apenas pode ser alcançada pelo exercício do
poder de Deus que é o evangelho de Cristo. Esta tem de ser uma condição que não
está limitada apenas a um dia da semana, mas deve ser um permanente repouso
perpétuo em todos os sete dias de todas as semanas desde agora até à
eternidade. Isto não quer dizer que todos os dias são guardados como um Sábado.
Unicamente um dia foi destinado para este propósito e é o sétimo dia da semana.
Mas Deus separou este dia como um dia especial de comunhão espiritual entre Ele
pessoalmente e os Seus filhos, dando assim novas revelações da Sua sabedoria e
poder à medida que seja estimulada a fé viva no Seu amor e sabedoria. Quando a
alma alcança segurança nestes dons, a entrada no repouso aprofunda-se e alarga
e a alma experimenta um caminho mais positivo e bem sucedido com Deus.
Quão
poucos em toda a história entraram nisto. Uma e outra vez o povo de Deus
avançou com muito sucesso no início, para em pouco tempo voltar aos seus
próprios caminhos. Terríveis então foram as perdas que sofreram.
"Temamos,
pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no Seu repouso, pareça que
alguns fiquem para trás." Hebreus 4:1.
Não
havia necessidade de falharem mais do que qualquer de nós, "Porque,
também, a nós foram apresentadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da
pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles
que a ouviram." Hebreus 4:2.
O
evangelho é o poder de Deus para salvação do pecado como Paulo testemunha em
Romanos 1:16. É o meio pelo qual somos santificados ou tornados santos. Esta é
a obra da nova criação que apenas pode ser realizada por Deus. É por esta razão
que na justiça de Cristo não deve ser encontrado um único traço de planeamento
humano.
No
Antigo Testamento o sinal da santificação da alma é o sétimo-dia o Sábado.
Paulo agora imediatamente liga a presença do poder de Deus na vida para renovar
o coração com a grande verdade do Sábado.
"Porque
nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na
Minha ira se entrarem no Meu repouso, embora as obras estejam acabadas desde a
fundação do mundo.
"Porque,
em certo lugar, disse assim, do dia sétimo: E repousou Deus de todas as Suas obras,
no sétimo dia.
"E,
outra vez, neste lugar, se entrarem no Meu repouso." Hebreus 4:3-5.
(tradução da Bíblia K. James.)
Nunca
houve na história da humanidade um tempo em que estas bênçãos não estivessem
acessíveis. O poder criador de Deus completou a obra de fazer este mundo e os
seus habitantes em seis dias. O Senhor estabeleceu o Sábado no sétimo dia como
testemunho desse poder e nem o poder de Deus ou o Sábado de Deus foi anulado
desde então. A contínua presença do Sábado como possuído fielmente pelo
remanescente do povo de Deus algures na Terra é o testemunho do facto que o
poder nunca foi anulado. Portanto, em qualquer altura que alguém escolhesse
crer no poder de Deus, entrava no repouso ficando assim na posse do Sábado. O
poder nunca mudou, o Sábado nunca mudou e portanto a oportunidade nunca se
alterou.
Paulo
reconheceu que o povo do tempo de Josué falhou em aproveitar as misericordiosas
e poderosas provisões oferecidas no evangelho de Cristo. Mas isto não impediu
que fosse dado outro dia de oportunidade nos dias de David. Quando por sua vez
eles falharam, nenhuma mudança foi feita, nenhuma anulação foi efectuada por
Deus. Paulo, nos seus próprios dias, podia ainda testificar que, "resta
ainda um repouso para o povo de Deus" Hebreus 4:9.
Como
Paulo consistentemente fala do repouso de Deus através deste completo
argumento, tão distinto de qualquer outro repouso, é importante que o tipo de
repouso referido nestes versículos seja reconhecido. A palavra
"sabatismos", que significa um repouso de Sábado, é usada no lugar
das palavras gregas que simplesmente significam um repouso do trabalho ou
problemas físicos.
É
por este motivo que a leitura da margem destes versículos as traduzem como
segue: "Portanto resta a observância do Sábado ao povo de Deus."
(margem da nova versão King James).
Este
testemunho inspirado foi feito aproximadamente trinta anos depois da crucifixão
e ressurreição de Cristo. Nesta altura, o Sábado de Deus mantinha-se para o
povo de Deus. Portanto, ele nunca havia sido abolido. Foi concluído antes que
"Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu
segredo aos Seus servos, os profetas." Amós 3:7. Foi argumentado que o
Senhor não podia mudar o Sábado sem o declarar aos Seus profetas dos quais
havia muitos depois da crucifixão. Não só Deus não havia feito qualquer
declaração de mudança, como declara aqui o contrário através do Seu profeta.
Ele diz que o Sábado, que estava longe de ser abolido, se mantinha para o povo
de Deus. Se Deus afirma que ele se mantém, então ele mantém-se. A sua
continuada permanência é o caminho de Deus, ao passo que quaisquer mudanças são
afastamentos dos procedimentos de Deus e a certeza da introdução da falta de
repouso e dificuldades.
Mas,
exactamente como o evangelho é o poder de Deus apenas para os que crêem e para
mais ninguém, assim o Sábado se mantém, não para todos, mas para os filhos de
Deus. Portanto, Paulo não podia dizer e não disse que ele se mantinha para os
judeus, mesmo apesar deles serem cuidadosos observadores do sétimo dia. Eles
tinham perdido o Sábado quando falharam em manter o evangelho na sua posse. De
facto, por causa de muitos deles nunca terem experimentado o poder
transformador do evangelho, nunca tinham possuído o Sábado. Portanto, este não
podia manter-se para os que à partida nunca o tinham possuído.
Mas
para o povo de Deus ele mantinha-se. Para eles não era mais do que o símbolo do
poder de Deus como havia sido nos dias de Moisés ou de Elias.
Como
podia ser de outra maneira?
Não
tinha havido mudança no poder de Deus, no evangelho, nos caminhos e princípios
de Deus, procedimentos, Seus métodos de criar, Sua misericórdia, amor e graça,
ou noutra coisa que venha do Altíssimo.
Se
não houve mudanças em qualquer uma das coisas simbolizadas pelo Sábado, então
não pode haver alterações no símbolo. Se o símbolo tiver que ser mudado, então
tem que haver em primeiro lugar uma mudança nas coisas simbolizadas. O antigo
tem que ser abandonado e uma nova ordem tomar o seu lugar.
Os
caminhos de Deus são estabelecidos em eterna e perfeita justiça. Eles não podem
ser melhorados e alterá-los seria apenas admitir que havia imperfeição na
primeira criação e era preciso haver modificações na segunda. Deus está acima
dessas coisas. Ele não é homem para aprender pela experiência. O Seu
conhecimento é infinito desde o princípio. Portanto, Ele é infalivelmente livre
de erros. Ele nunca cometeu um erro e nunca o fará. Ele não nos ofereceu a
melhor duma escolha entre diversos caminhos da vida. O Seu é o único.
Por
conseguinte, quando a perfeita criação de Deus foi manchada e destruída pela
entrada do pecado, a sua reconstrução para ter igual perfeição ao original
tinha que ser uma imagem exacta do original.
Satanás
acusa Deus de ter feito uma criação imperfeita e exige que sejam feitas
alterações. Durante quase seis mil anos tem lutado incansavelmente para
efectuar estas alterações. Infelizmente, a maioria das famílias humanas apoiam
os seus esforços. Mas Deus não pode aceder a estas exigências em nenhuma
circunstância. Se o fizesse, então seria responsável por estabelecer no
universo um caminho de coisas que destruiria para sempre a paz e a
prosperidade. Os efeitos das modificações planeadas por Satanás estão
manifestas perante nós em guerras, doença, morte e milhares de outras misérias.
Deus não está preparado para impor essas condições aos Seus amados filhos. Ele
ama-nos demais para fazer isso.
Deus
não pode mudar. Ele é a perfeição da sabedoria cujas obras não deixam espaço
para melhoramentos. É impossível qualquer criatura que Deus tenha criado ser
mais sábia do que Ele. Contudo, sob a direcção de Satanás, milhões estão a
pedir que Deus mude. Ao fazer isso, estão a afirmar que são mais sábios do que
o seu Criador. Esta é uma afirmação absurda. Se fosse verdadeira, significaria
que o pecado afinal era justificado e que Deus fora injusto ao expulsar Satanás
do Céu. Pelo contrário, Ele deveria estar grato a Satanás por Lhe mostrar onde
é que as coisas podiam ser melhoradas. Também significaria que Deus é um
mentiroso quando com firmeza insiste que não é necessário mudanças.
Tudo
isto significaria que Deus não era realmente Deus, mas um ser de grande
inferioridade.
Os
que insistem que sejam feitas mudanças no governo de Deus estão a dizer todas
estas coisas contra Ele. Não compreendem as implicações das suas acções, mas
isto não altera a gravidade daquilo que estão a fazer. Completamente se
colocaram do lado de Satanás procurando com ele colocar a sabedoria e poder da
criatura acima do seu Criador.
Mas,
apesar dos esforços de Satanás, o poder, os caminhos e o Sábado de Deus
permanecem. Portanto, todas estas coisas continuam a estar na posse do povo de
Deus, distinguindo assim os Seus seguidores dos filhos de Satanás que não têm
qualquer destas coisas com eles. Assim estas duas classes são claramente
identificadas. Os que activamente defendem mudanças nos caminhos de Deus,
envolvendo a instituição do Domingo no lugar do Sábado de Deus, não podem ser
Seus filhos, porque para eles o Sábado não se mantém. Pelo contrário, é dito
acerca dos filhos de Deus, "Portanto resta ainda um Sábado para o povo de
Deus."
Capítulo
5
Um
Novo Corpo e um Novo Lar
"Eis
aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados,
"Num
momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta
soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
"Porque
convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto
que é mortal se revista da imortalidade.
"E,
quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é
mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está
escrita: Tragada foi a morte na vitória?" 1Coríntios 15:51-55.
Assim
é descrito pela Inspiração essa maravilhosa manhã da ressurreição em que os
santos que dormem ressurgirão para saudar o seu Libertador.
"Porque
o mesmo Senhor descerá do Céu, com alarido, com voz de arcanjo, e com a trombeta
de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
"Depois
nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas
nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o
Senhor." 2Tessalonicenses 4:16, 17.
Este
será o segundo dos três grandes actos da restauração onde será devolvido ao
homem o que lhe foi tirado pelo pecado.
No
princípio, Deus criou para o homem um lar perfeito na antecipação da
subsequente formação a partir do pó de um perfeito templo corporal no qual
colocou uma natureza espiritualmente perfeita. Com estes três dons, o homem
estava completo. Era tudo quanto necessitava. Tudo o que lhe restava era
desenvolver a ininterrupta felicidade que Deus designou que ele tivesse
eternamente.
No
momento em que o pecado entrou, ele perdeu a sua natureza espiritual que foi
substituída pela natureza e espírito de Satanás. Se Cristo não Se tivesse
colocado instantaneamente entre o pecador e o toque da morte, o homem teria
perdido o templo corporal e o maravilhoso lar nesse mesmo dia. Mas tempos de
provação lhe foram concedidos tornando-o assim capaz de continuar a usar o seu
corpo e lar, embora ambos fossem progressivamente corrompidos pelo pecado.
Por
fim, o corpo morre e volta ao pó. Assim o homem perde o segundo destes dons
fundamentais. O último a desaparecer será a Terra ou aquilo que for deixado
dela depois dos efeitos da erosão de seis mil anos de pecado. Então, à medida
que a mão de Deus se retira completamente do controlo dos elementos de acordo
com a decisão e pedido do homem, o fogo completamente consumirá este planeta e
deixá-lo-á tal como era no início, "sem forma e vazia".
Através
do plano da salvação, Deus pretende devolver ao homem tudo o que foi perdido e
ainda mais. Os dons originais foram dados numa certa ordem e foram perdidos na
sequência inversa. Durante a restauração, aquilo que primeiramente foi perdido
será a primeira coisa a ser criada de novo, a segunda será devolvida em segundo
lugar e a última a ser perdida será a última a ser devolvida. Assim a nova
criação espiritual será a primeira a ter lugar, seguida do segundo advento pelo
dom da carne e sangue imortais, seguido por fim pela criação de novos céus e
nova Terra no final do milénio.
É
óbvio que haverá um grande espaço de tempo entra cada uma destas progressivas
restaurações, muito mais do que foi no original. Nessa altura tudo foi
realizado em seis dias, mas serão precisos sete mil anos para completar a obra
da restituição. Isto será assim não devido a qualquer limitação da parte de
Deus. Os homens têm que desempenhar um determinado papel antes de Deus estar
livre para anunciar o milagre. Em virtude de sermos tão lentos a aprender
aquilo que devemos fazer e nos tornamos voluntários para o fazer, aparece a
morosidade. A obra de Deus estaria terminada há muito tempo se não fosse isto.
Mas,
apesar de haver uma demora, Deus executará a Sua obra da nova criação
exactamente como fez na criação original. Não haverá diferença excepto no tempo
que decorre em cada restauração. No original Deus começou do nada. Assim será
na nova criação. Só quando aquilo que foi danificado pelo pecado desaparecer
completamente, colocará Deus o novo no seu lugar.
Ninguém
terá qualquer dificuldade em ver isto no que respeita ao dom do novo corpo e da
nova Terra. Na grande manhã da ressurreição os corpos dos santos que estão na
sepultura terão regressado ao pó tão completamente que não haverá diferença
entre a condição de Adão quando era pó da terra antes de Deus o ter criado e a
sua condição na manhã da ressurreição antes da voz do Arcanjo o chamar de novo
à vida.
Assim
também, no final do milénio, os fogos finais terão reduzido a Terra à mesma
condição de vazio e desolação como ela era no primeiro dia da criação. Somente
quando ela estiver de novo nessa condição, começará o Senhor a reconstruir a
perfeita criação. O ponto de partida em ambas as criações é o mesmo. Em nenhum
caso há uma modificação ou melhoramento das coisas já existentes, excepto o
chamamento à existência onde anteriormente nada havia das maravilhosas obras
criadas por Deus. Deus fará na substituição daquilo que se perdeu, exactamente
o que fez na primeira criação.
Embora
ninguém tenha qualquer dificuldade em ver que Deus não começa a nova criação
tanto da Terra como do ser humano enquanto o velho não tenha desaparecido
completamente, muito poucos vêem e crêem completamente que a antiga natureza
espiritual tem que ser totalmente arrancada antes que o renascimento possa ter
lugar. Contudo, isto é também claramente ensinado nas Escrituras tal como a
mesma verdade a respeito da substituição desta carne pecaminosa e este velho
mundo. A preparação para o Céu nunca poder ser adquirida pela modificação ou
melhoramento da velha natureza. Por isso está escrito:
"Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo." 2Coríntios 5:17.
Para
muitos, a verdadeira força deste versículo perde-se porque não fazem a
distinção entre o corpo carnal e a natureza espiritual que vive nesse corpo.
Portanto, sabendo muito bem que quando uma pessoa se torna um verdadeiro filho
de Deus, nenhuma das coisas velhas do seu corpo desapareceram, consideram este
versículo como sendo uma forma de falar e não a realidade.
Quando
se compreende que a obra da nova criação não diz respeito a esta fase do corpo
do homem mas apenas à natureza espiritual, então não é difícil compreender que
todas as coisas passaram de facto e foram substituídas por uma vida
absolutamente nova. Essa vida é a única vida espiritual que alguma vez
receberemos, porque Deus não dá uma vida temporária até ao dia da ressurreição
e depois dá-nos a vida eterna. Nessa altura, Ele simplesmente nos dá um corpo
imortal como uma nova e eterna residência na qual a vida espiritual deverá
viver e através do qual funcionará. No intervalo entre a verdadeira conversão e
a morte da carne pecaminosa, a mesma nova vida espiritual deve habitar e encontrar
expressão através da carne caída. Isto significa, evidentemente, que todo o
potencial da natureza espiritual não se desenvolverá até à ressurreição.
Mas,
embora em limitadas manifestações, é apesar de tudo vida eterna. Jesus
reafirmou esta verdade no debate com aqueles que, no dia anterior, tinham sido
alimentados milagrosamente com os pães e peixes e O tinham seguido até
Cafarnaum para descobrirem por fim a verdadeira natureza da Sua missão.
"Na
verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim tem a vida eterna.…
"Quem
come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei
no último dia." João 6:47, 54.
Mais
tarde, a mesma verdade foi repetida através do mesmo escritor do evangelho.
"E
o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu
Filho.
"Quem
tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.
"Estas
coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que
creiais no nome do Filho de Deus." 1João 5:11-13.
Nenhum
destes testemunhos que saíram dos lábios de Cristo falam duma vida eterna
possuída apenas no futuro quando Cristo regressar. Ele falou dela como sendo
uma posse presente bem como uma bênção experimentada futuramente no Seu reino
eterno. Obviamente, Ele não estava a referir-Se ao corpo humano quando disse
estas palavras, porque a imortalidade nunca será encontrada na caída carne do
pecado, nem nós possuiremos carne santa sem pecado antes do regresso do
Salvador. Pelo contrário, Ele referia-Se à vida espiritual que habita na carne
caída do verdadeiro convertido, exactamente como a presença de Deus habitou no
santuário. Quando a vida eterna do céu entra no templo terrestre do homem, o
crente adquire a vida eterna que estará com ele por toda a eternidade desde que
mantenha a justiça de Cristo e assim passe o julgamento. Embora, durante esta
vida, essa força eterna deva operar no interior e através da carne pecaminosa
caída, quando Jesus voltar ela será unida à incorruptível carne imortal.
É
por um milagre do poder criador de Deus que o dom é transmitido ao crente. Deus
fala e é feito; Ele ordena e aparece. Desde esse momento, o processo de
santificação desenvolve-se até à maturidade das forças da vida colocadas no
interior do filho de Deus, enquanto ao mesmo tempo reeduca a mente com os
princípios do céu. Deus é a única força dessa vida, porque só pelo Seu poder
pode ela ser implantada.
Semelhantemente,
só Deus tem o poder de dar ao homem um novo corpo e num novo lar. Quando Cristo
regressar, olhará para os lugares onde se encontra o Seu povo e verá
exactamente o que viu no sexto dia da criação — pó. Mas, nesse pó, reconhecerá
o Seu povo. Tal como deu existência a Adão, assim de novo chamará o povo do pó.
Falará e será feito. Não haverá diferença dos procedimentos usados no Éden.
Se
não há diferença no exercício do poder omnipotente e dos procedimentos pelos
quais este foi e será de novo aplicado na criação do Éden e na ressurreição no
advento, então não pode haver diferença no símbolo. Tão certo como o Sábado é o
memorial do poder de Deus por Ele apontado na obra da formação do homem no
Éden, assim seguramente deve ele ser o memorial da nova criação do homem quando
Ele voltar. É o mesmo poder pelos mesmos procedimentos, realizando a mesma
obra. Portanto, mantém-se o mesmo memorial. Assim será com certeza.
Depois
desta vibrante realização, os santos habitarão no Céu durante mil anos. O
eterno espírito da vida recebido na experiência do novo nascimento será unido a
um corpo imortal e incorruptível. Tudo aquilo que resta é a reconstrução da
própria Terra. Isto esperará até ao final do milénio. Os fogos pelos quais a
Terra será levada ao ponto de desolação e vazio, condição necessária para a
obra criadora de Deus, é descrita em Malaquias 4:1.
"Porque
eis que aquele dia vem ardendo como forno: todos os soberbos, e todos os que
cometem impiedade, serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz
o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo."
Então
daquelas cinzas, desse grande vazio e total desolação, o Senhor, começando onde
começou na primeira criação, chamará à existência um Novo Céu e uma Nova Terra.
"Porque,
eis" declara o Senhor, "que Eu crio céus novos e nova terra; e não
haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão." Isaías
65:17.
As
palavras desta Escritura confirmam a importante verdade que isto não será uma
remodelação do antigo e não pode ser, porque o anterior terá desaparecido para
não mais ser conhecido ou lembrado. Portanto, a Nova Terra será verdadeiramente
uma nova Terra. Para formar esta nova Terra será preciso exercer o mesmo poder
criador necessário para dar existência à primeira Terra. Foi dado a João o
privilégio de testemunhar esta poderosa obra antecipadamente e descreve aquilo
que veremos quando a obra for por fim executada.
"E
vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe." Apocalipse 21:1.
Quando
Deus fez os mundos há cerca de seis mil anos, nenhum ser humano testemunhou
qualquer coisa desta obra criadora. Outros seres como os anjos e os habitantes
de outros mundos, viram e alegraram-se por testemunharem a maravilhosa
demonstração de poder necessário para tão grande obra. Mas na altura em que
Adão e Eva entraram em cena toda a obra estava feita, eles foram o elemento
final no plano a serem chamados à vida.
Contudo,
quando os novos céus e a nova Terra forem criados, todos os remidos estarão ali
para testemunhar Deus fazendo a obra que só Ele pode fazer. Que indizível e
inesquecível experiência para os justos será essa. Está para além da capacidade
da imaginação humana apreciar neste momento a admiração, maravilha, apreciação,
respeito e amor que nos inundará à medida que vemos esta obra acontecer. À
ordem de Deus veremos as águas dividirem-se para ocupar os seus lugares tanto
no céu como na terra. Enquanto Ele fala, a Terra aparecerá vestida de erva,
flores, árvores e arbustos. Os rios e os lagos tornar-se-ão vivos com miríades
de peixes de toda a espécie e cores. Aves e insectos adornarão o ar e animais
de porte magnificente partilharão com alegria e paz a Terra com os santos.
Enquanto
testemunhamos a reprodução da criação original, compreenderemos como nunca o
que Deus fez no passado. Todo o significado do lugar e singularidade do poder e
sabedoria de Deus tornar-se-á visível e o Sábado receberá o seu legítimo lugar
como memorial, apontado por Deus, das Suas omnipotentes obras.
Esta
é uma obra criada que nunca desaparecerá. Nunca mais os caminhos dos homens se
apressarão para substituírem os caminhos de Deus. Não haverá inimigo cruel e
mau para nos tentar ao mal. Destruição e morte nunca mais farão as suas
terríveis incursões para reduzir a perfeita glória da Terra e Céu à desolação.
"Porque,
como os céus novos, e a terra nova, que hei-de fazer, estarão diante da minha
face, diz o Senhor, assim há-de estar a vossa posteridade e o vosso nome."
Isaías 66:22.
Por
isso não há mudança no poder de Deus entre a altura em que o pecado apareceu e
quando ele fizer a sua saída definitiva do universo. O pecado não mudou,
diminuiu, ou enfraqueceu Deus sob qualquer forma. Ele ainda é e continuará a
ser o mesmo. Portanto, o símbolo desse carácter e a operação do Seu poder
também não podem mudar. O Sábado será tanto uma parte da vida na nova Terra
como sempre no Jardim do Éden e com o verdadeiro povo de Deus em todas as
gerações desde então. Porque abolir o Sábado da nova Terra seria indicar que o poder
de Deus também tinha sido removido, pois os dois são inseparáveis. Onde um
está, sempre estará o outro. Mas, se o poder de Deus for removido, então não
pode haver nova Terra, nem vida eterna, nada daquilo que o consagrado filho de
Deus deseja e espera. Oh! Se aqueles que procuram abolir o Sábado pudessem
apenas compreender todas as implicações do que estão a tentar fazer e as
privações em que elas consequentemente incorreriam.
Felizmente
para os que servem Deus, eles não conseguirão o seu intento. Certamente,
conseguirão realizar os seus desejos até onde podem ir, porque, à medida que
procuram acabar com a presença e operação do poder de Deus, conseguirão isto
para si próprios. O resultado será óbvio, porque ninguém pode existir sem Deus.
Mas
o verdadeiro observador do Sábado encontrará essa preciosa instituição tão
presente no Céu como antes e depois do primeiro advento de Cristo, como está
escrito:
"E
será que desde uma lua nova até à outra, e desde um Sábado até ao outro, virá
toda a carne a adorar perante Mim, diz o Senhor." Isaías 66:23.
Esta
Escritura descreve as coisas como elas serão depois dos novos céus e da nova
Terra serem criados. Portanto, confirma que o Sábado será fielmente observado
no Éden restaurado. Não podia ser de outra forma, porque o poder de Deus está
ali tal como estava no Éden original, na travessia do Mar Vermelho, na
crucifixão e morte de Cristo e em todos os acontecimentos onde o poder de Deus
foi manifestado.
Um
Povo Observador do Sábado
Deus
manifestou o Seu inimitável poder para dar ao homem um lar, um corpo e uma
natureza espiritual perfeitos. Depois de ter feito isto, ordenou ao primeiro
homem e à primeira mulher justos e obedientes para observassem o Sábado — e
eles obedeceram.
Não
pode haver dúvida que eles o fizeram porque está escrito; "O Sábado foi
feito por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado." Marcos 2:27.
Ele foi feito para o homem antes de haver pecado. Portanto, foi feito para
Adão, o homem sem pecado, e, tal como aceitou e obedeceu a todas as coisas que
o Senhor fez por ele até se afastar dos caminhos de Deus, então com certeza
aceitou e observou o Sábado que Deus fez para ele.
Quando
pelo Seu poder, tirou os israelitas do Egipto, ordenou-lhes que mantivessem o
Sábado santo. Os que eram os verdadeiros filhos de Deus fizeram exactamente
isso.
Quando
Ele os santificou, ordenou-lhes que mantivessem o Sábado como um sinal do
grande dom que lhes concedeu e eles assim fizeram.
Quando
Jesus veio a esta Terra, conhecia o poder de Deus, possuía-o e mostrou-o.
Portanto, deve esperar-se que onde Ele estivesse com este poder, o Sábado aí
teria que estar, e estava. Ele observou-o fielmente todas as semanas da Sua
vida na Terra.
Seria
de esperar que Aquele que criou a Terra em seis dias, finalizou a Sua obra no sexto
e repousou no sétimo, quando veio para restaurar o que se havia perdido, de
novo completaria a Sua obra no sexto dia, repousaria no sétimo e ressuscitaria
para começar a fase seguinte das Suas responsabilidades no primeiro dia da
semana. Assim fez.
Deve
ser esperado que um homem que conhecia o poder de Deus como Paulo, não visse
luz em qualquer mudança do Sábado para o Domingo, mas em vez disso confirmasse
que ainda restava um repouso do Sábado para o povo de Deus. Assim foi.
Nestes
últimos dias, o Senhor está a chamar um povo poderoso através de quem dará a
última demonstração do Seu carácter. Eles conhecerão a Sua força. Portanto,
será um povo observador do Sábado. Assim será.
E
na eternidade que em breve se abrirá perante nós, a Terra e os céus serão
criados de novo na maior demonstração do poder de Deus jamais testemunhado pela
humanidade. Não pode haver outra maneira senão que o Sábado será observado
nesse ambiente e contexto.
Deus
nunca muda. Nem o Seu poder nem as obras desse poder. Portanto, o Sábado também
não pode mudar. Nem mudará. Permanecerá por toda a eternidade como um abençoado
dia de doce comunhão com os santos e com o Senhor.
Capítulo
6
A
Bandeira de Deus e a Bandeira de Satanás
Em
toda esta publicação, tem sido feito o esforço para dar ênfase à inseparável
ligação entre a presença do poder de Deus e o Sábado de Deus. Dos dois, a
presença crucial é do poder de Deus, porque somente quando este estiver
presente pode o Sábado lá estar. Permiti que esse poder seja introduzido e o
Sábado vem com ele, mas quando esse poder desaparece assim desaparece o Sábado.
Um
cuidadoso estudo dos registos da humanidade mostram a verdade acerca disto. Não
há dúvida que os nossos arrependidos pais, Adão e Eva, tendo recebido o poder
de Deus, eram observadores do Sábado. Assim foram todos os patriarcas e aqueles
que, juntamente com eles, se mantiveram leais a Deus. A respeito desse período
que mediou entre a queda e o dilúvio, existem apenas alguns registos. Sabemos
que a vasta maioria escolheu voltar as suas costas a Deus e depender dos seus
próprios recursos. Quando o fizeram, deixaram de ser observadores do Sábado
porque é regra que aqueles que perdem o poder de Deus perdem o Sábado de Deus.
Depois
do dilúvio, Satanás trabalhou arduamente para roubar aos filhos de Deus a Sua
presença e o Seu poder. Ele foi muito bem sucedido com a maior parte. Encontrou
em Nimrod e a sua mulher Semiramus poderosos aliados. Foi "Cush" que
"gerou Nimrod: e começou a ser poderoso na terra.
“E este foi poderoso caçador diante da face do
Senhor; pelo que se diz: Como Nimrod, poderoso caçador diante do Senhor.”
Génesis 10:8, 9.
O
sentido em que ele foi poderoso perante o Senhor, foi que tomou o lugar de Deus
e viveu independente d'Ele. Foi completamente auto-suficiente exibindo todos os
maus característicos de um espírito humano totalmente independente, lançando
assim os fundamentos para a construção de Babilónia.
Acerca
da sua morte prematura, é geralmente aceite ter havido um sacrifício para
salvação de Babilónia, ele foi deificado como o deus do Sol e o Domingo, o
primeiro dia da semana, foi escolhido em sua honra. Desde esse dia até hoje,
sempre que, em religião, os homens colocam os seus caminhos no lugar dos
caminhos de Deus, o Domingo mantém-se como o dia associado a essas
organizações.
Assim
a transição ali no passado aconteceu em três fases. No primeiro caso, os homens
eram adoradores do verdadeiro Deus, eram dependentes do Seu poder e guardavam o
dia de Sábado. Em seguida deixaram-se cair na apostasia. Ao fazerem isso
perderam a presença do poder de Deus, deixaram a observância do Sábado e em seu
lugar voltaram-se para a observância do Domingo.
O
mesmo desenvolvimento progressivo da justiça para o mal teve lugar na história
da Igreja Apostólica. Jesus Cristo foi cheio do poder de Deus. Portanto, foi um
perfeito observador do Sábado. Os discípulos por seu lado eram observadores do
Sábado, sem que algum deles tivesse sido um canal através de quem Deus
anunciasse que tinha havido qualquer mudança nesta sagrada observância. Paulo
claramente declara que a observância do Sábado continuava para o povo de Deus,
enquanto João em Apocalipse falou de um grupo no fim dos tempos que guardaria
os mandamentos de Deus e teria a fé de Jesus. Nenhum destes homens pensou em
termos de qualquer abolição do Sábado com a sua substituição por outro símbolo,
o primeiro dia da semana. Obviamente eles não o fizeram, porque eram homens em quem
estava o vivo poder de Deus. Portanto, o Sábado também fazia parte das suas
vidas. Mas eles de igual modo reconheceram as sementes da apostasia em
desenvolvimento na igreja. O Espírito de Deus previu isso e informou a igreja
da sua vinda através de Paulo.
"Ninguém,
de maneira alguma, vos engane; porque não será assim sem que antes venha a
apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição.
"O
qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, e se adora, de
sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.
"Não
vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?
"E
agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.
"Porque
já o mistério da injustiça opera: somente há um que agora resiste até que do
meio seja tirado." 2Tessalonicenses 2:3-7.
Gradualmente
no início e depois com rapidez, o Espírito e o poder de Deus foram separados da
igreja apostólica. No princípio os membros continuaram a observância do Sábado,
mas apenas como uma actividade legalista, a luz e a vida tinham partido dele.
Depois repousavam tanto no Sábado como no Domingo com o último a ganhar cada
vez maior ascendência, até que por fim somente este era observado. Uma vez mais
havia uma específica relação entre a partida do poder de Deus e a perda do
Sábado e a exaltação do Domingo. Assim será sempre, pois estas relações estão
estabelecidas por Deus e não podem ser alteradas.
Pode
ser argumentado que quando os grandes movimentos reformadores começaram, não
retomaram o Sábado mas continuaram a ser observadores do Domingo. Todavia,
estes homens certamente estavam, mesmo tempo, cheios do Espírito e poder de
Deus e fizeram coisas maravilhosas pelas quais, de outro modo nunca podiam ter
sido realizadas. Na verdade podia ser argumentado que o facto deles não se
tornarem observadores do Sábado é prova que a linha de argumentação atrás
descrita é falsa.
Wycliffe,
Huss e Jerónimo, Lutero e muitos outros saíram de tremendas trevas de modo que
não foram capazes de compreender toda a verdade de uma só vez. A depressão
espiritual em que o mundo mergulhou durante a era do domínio papal foi uma
treva muito profunda e negra. Fugir a isto levou tempo. A mente humana é lenta
a compreender os princípios do reino de Deus depois de longos períodos de
servidão.
Mas,
enquanto não descobriram a verdade a respeito do sétimo dia da semana, esses
homens foram observadores do Sábado no coração e no espírito. Quando observavam
o Domingo, pensando em toda a sinceridade que era o dia de repouso do Senhor,
guardaram-no como o sétimo dia devia ser guardado.
À
medida que o tempo passava e os seus descendentes perdiam o poder e a presença
de Deus, não só chegaram ao ponto em que nem mesmo o Domingo guardavam como um
Sábado, mas tornaram-se enérgicos na negação do Sábado e na defesa do Domingo
como a Igreja Católica Romana contra a qual os primeiros reformadores se tinha
levantado em protesto. Assim na realidade não havia diferença entre o processo
de decadência experimentada por outros movimentos no passado e o declínio da
Reforma Protestante. Apesar do sétimo dia não figurar na apostasia até a
verdadeira continuação da reforma na forma do grande segundo movimento do
advento chamar ao completo regresso ao Sábado, os princípios e os
desenvolvimentos eram os mesmos. Primeiro tinham o poder de Deus e guardavam o
Sábado em espírito, apesar de não compreenderem qual era o dia correcto. Depois
afastaram-se do Senhor, perderam o Seu poder, perdendo assim o Sábado.
Tornaram-se os campeões do Domingo, o símbolo em que o homem se coloca no lugar
de Deus.
Foi
em 1844, depois da segunda mensagem ter sido proclamada durante 10 anos ou
mais, que as igrejas Protestantes sofreram uma queda moral em consequência da
sua rejeição desta grande luz que lhes fora enviada do Céu.
"A
mensagem do segundo anjo de Apocalipse, capítulo 14, foi primeiramente pregada
no Verão de 1844, e teve naquele tempo uma aplicação mais directa às igrejas
dos Estados Unidos, onde a advertência do juízo tinha sido mais amplamente
proclamada e em geral rejeitada, e onde a decadência das igrejas mais rápida
havia sido. A mensagem do segundo anjo, porém, não alcançou o completo cumprimento
em 1844. As igrejas experimentaram então uma queda moral, em consequência de
recusarem a luz da mensagem do advento; mas essa queda não foi completa.
Continuando a rejeitar as verdades especiais para este tempo, têm elas caído
cada vez mais." O Grande Conflito, 313.
Foi
para longe de Deus, não para perto d’Ele que elas caíram. Separaram-se deste
modo a si mesmas d'Ele e do Seu poder. Foi quando tinham chegado a esta
lamentável condição que o terceiro anjo seguiu o segundo, chamando os homens a
adorar Deus no sétimo dia da semana, o verdadeiro dia de Sábado. Por causa de
estarem destituídos do poder de Deus que deve estar presente para que o Sábado
possa estar, era estritamente impossível eles aceitarem, defender, ou viver a
verdade do Sábado. Eles apenas podiam levantar-se em oposição a ele, o que
fizeram. Fizeram-no tão fortemente que se tornaram defensores do Domingo ainda
mais poderosos do que a igreja Católica que havia instituído esse dia. Que
espantosa transformação! As igrejas Protestantes que tinham adquirido este
mesmo nome em virtude do seu intransigente protesto contra os princípios do
romanismo, tinham tão completamente voltado as costas que se tornaram mesmo
mais vigorosos e hábeis defensores do símbolo papal do poder, o Domingo, do que
os próprios papistas.
Mas
a queda experimentada em 1844 não foi então completa. Nos anos que se
sucederam, caíram cada vez mais e continuarão a cair até a crise final se
desenvolver. Satanás trabalhará através deles com crescente eficácia e, em
proporção, tornar-se-ão mais e mais enfáticos e vigorosos na sua exaltação do
Domingo no lugar do Sábado. Eventualmente, lançarão a culpa dos problemas do
mundo na profanação do seu dia sagrado, e farão leis de grande severidade para
forçar todos a reverenciar o dia da sua escolha. Estas forças perseguidoras
procurarão especialmente aqueles que, tendo o poder de Deus em si, defendem o
verdadeiro repouso do Sábado.
Quando
esse tempo vier, a última grande batalha dos séculos será travada. Não será uma
luta entre um conjunto de poderes políticos contra outro, mas entre os que têm
o poder de Deus por um lado e o poder de Satanás por outro.
"Dois
grandes poderes opositores são revelados na última grande batalha. Dum lado
está o Criador dos Céus e da Terra. Todos os que estão do Seu lado têm o Seu
sinal. São obedientes aos Seus mandamentos. Do outro lado está o príncipe da
trevas, com os que escolheram a apostasia e a rebelião." Review and
Herald, 7 de Maio de 1901.
Acima
de tudo, o Sábado identificará o povo em quem o poder de Deus está presente.
Será a brilhante bandeira que flutuará sobre este grupo. Semelhantemente, o
Domingo será a bandeira desfraldada sobre aqueles que, destituídos do poder de
Deus, estarão sob o controlo de Satanás. A questão de quem estará sob a
bandeira do Sábado ou do Domingo será determinada pelo poder que estiver
presente em cada indivíduo.
Esta
situação é ilustrada de modo simples na oposição sustentada pela bandeira de
qualquer nação. A bandeira de um país flutuará apenas onde o poder da nação
estiver estabelecido. Por exemplo, durante a segunda guerra mundial a bandeira
americana flutuou nas Filipinas enquanto as forças dos Estados Unidos ali
estiveram. Mas chegou a altura em que o avanço dos japoneses expulsou os
americanos. Como o poder americano foi afastado, a bandeira foi descida e o
poder japonês e a sua bandeira tomaram o seu lugar. Não podia ter sido de outra
maneira porque não era possível ser de
outra maneira.
Na
devida altura, os americanos regressaram e desta vez com forças superiores
expulsaram os japoneses das Filipinas. Uma vez que restabeleceram o seu poder,
a sua bandeira foi uma vez mais içada na área. Primeiro vem o poder e depois a
bandeira. Por outras palavras, somente onde está o poder da nação aí flutuará a
sua bandeira. Assim é com Deus e Satanás. Somente onde o poder de cada um
estiver estabelecido flutuará a respectiva bandeira.
Isto
significa que no conflito final, não será suficiente compreender os argumentos
que tecnicamente provam que o sétimo dia é o dia correcto de repouso. É preciso
muito mais do que isto para ter e defender o Sábado e tornar-se seu defensor. É
para o povo de Deus que o Sábado se mantém. É o sinal dos santos.
"Nenhuma
outra das instituições dadas aos judeus contribuía para distingui-los tão
completamente das nações circunvizinhas, como o Sábado. Era intenção do Senhor
que a sua observância os caracterizasse como Seus adoradores. Devia ser um
sinal da sua separação da idolatria e da sua ligação com o verdadeiro Deus. Mas
para poderem santificar o Sábado, os homens precisam de ser eles próprios
santos. Devem, pela fé, tornar-se participantes da justiça de Cristo. Quando o
mandamento foi dado a Israel: 'Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar',
o Senhor disse-lhe também: 'E ser-Me-eis homens santos.' Êxodo 20:8; 22:31. Só
assim podia o Sábado distinguir Israel como os adoradores de Deus." O
Desejado de Todas as Nações, 299.
Nenhum
homem, então, pode guardar o Sábado em santidade a menos que ele mesmo seja
santo. Para estar nessa condição é necessária a operação do grandioso poder de
Deus, o evangelho de Jesus Cristo. Muitos acham que é impossível crer que um
homem pode ser santificado nesta vida, mas Deus não só o ordena; prometeu-o.
Essa santidade não é da carne mas da natureza divina que habita nessa carne. Se
Deus promete fazer-nos santos cabe-nos a nós crer no que Ele diz, pois Deus
possui todo o poder necessário para realizar o que prometeu. O facto que Ele
declarou que fará isso no coração do reino do pecado não diminui de qualquer forma
a certeza que Ele o pode fazer e fará, porque o pecado não tem poder para
frustrar a obra de Deus desde que o recebedor tenha fé para aceitar o dom de
Deus.
"Porque
Eu sou o Senhor vosso Deus: portanto vós vos santificareis, e sereis santos,
porque Eu sou santo; e não contaminareis as vossas almas por nenhum réptil que
se arrasta sobre a terra;
"Porque
Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egipto, para que Eu seja vosso
Deus, e para que sejais santos; porque Eu sou santo." Levítico 11:44, 45.
"Sede
vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus." Mateus
5:48.
"Não
podeis expiar os vossos pecados passados, nem podeis mudar o vosso coração e
santificá-lo. Mas Deus promete fazer tudo isto por vós, mediante Cristo. Crede
nesta promessa." Aos Pés de Cristo, 54.
"Não
há desculpas para pecar. Uma santa disposição, uma vida cristã, são acessíveis
a todo filho de Deus, arrependido e crente." O Desejado de Todas as
Nações, 293.
Assim
falou Deus. Portanto, a questão se o homem pode ser santo no carácter nesta
vida está esclarecida. Deus declarou que pode e essa é a última palavra sobre o
assunto. Em face deste irrefutável testemunho do Eterno, é vulgar as pessoas
exigirem um sinal. Elas pedem a apresentação de homens e mulheres dentro dos quais
este milagre tenha tomado lugar, com a afirmação que crerão nestas palavras
quando virem vidas perfeitas. Mas a crença na Palavra de Deus não é baseada
naquilo que a Palavra alcançou noutras vidas. Ela é fundamentada na própria
Palavra de Deus. A verdadeira fé não pede outra evidência senão essa.
Se
a aceitação individual da pessoa da verdade que qualquer homem que se apega à
vida e poder de Deus pode viver uma vida sem pecado depende doutra pessoa tê-lo
feito antes, então a salvação dessa pessoa depende em parte da experiência
doutro. Onde, então, estariam aqueles que não tinham esses exemplos perante si?
Há muitos que têm sido forçados a ficar firmes sozinhos depois de terem sido
libertados por Deus dos grilhões do pecado. Não havia outros à sua volta para
quem pudessem olhar em busca duma garantia. Agarraram-se às promessas pela fé e
pela fé somente.
Não
só é inteiramente possível ao homem viver uma vida sem pecado neste mundo, mas
também se pede isso aos que forem os instrumentos de Deus no último conflito
contra o pecado. Essa batalha não será meramente um aspecto técnico acerca de
qual é o verdadeiro Sábado. Será o confronto entre os poderes da justiça e das
trevas. Não há problema em ver que aqueles que se mantêm firmes sob a bandeira
do Domingo estarão destituídos do poder e presença de Deus. Portanto, serão
cheios e controlados pelo poder do pecado. A fim de enfrentar e vencer este
poder, o justo deve possuir um poder maior. Esse único poder é o poder de Deus.
Ele
apenas pode ser transmitido e implantado neles pelo acto criador de Deus. Não
há outra fonte. Nada menos do que isto colocará uma pessoa sob a bandeira do
Sábado.
O
maior perigo que ameaça qualquer um é a satisfação com o formalismo no lugar da
realidade. Um homem pode ser um ministro de religião e ainda assim estar
destituído do poder de Deus. Embora pregue os mais fortes argumentos em favor
do sétimo dia como sendo o dia do repouso e convença muitos que deviam servir a
Deus nesse dia, pode estar tão privado da presença interior do poder de Deus
como o pagão ou o ateísta.
"Todas
as pessoas, quer de origem elevada quer humilde, se não estão convertidas,
estão no mesmo pé de igualdade. Podem os homens volver-se de uma doutrina para
outra. Isto está sendo feito e sê-lo-á. Podem os papistas abandonar o
catolicismo pelo protestantismo; sem que, porém, nada saibam do significado das
palavras, 'Eu vos darei um coração novo'. A aceitação de teorias novas, e a
filiação a uma igreja, não produzem em pessoa alguma uma vida nova, embora a
igreja a que se une assente sobre o alicerce verdadeiro. A ligação a uma igreja
não substitui a conversão. A aceitação do credo de uma igreja não tem valor
algum para quem quer que seja se o coração não estiver verdadeiramente
transformado.
"Esta
é uma questão séria, e o seu significado deve ser totalmente compreendido. Os
homens podem ser membros da igreja, e podem aparentemente trabalhar diligentemente,
realizando um ciclo de deveres ano após ano, e contudo não serem convertidos.
Eles podem escrever em defesa do cristianismo, e apesar disso não serem
convertidos. Um homem pode ter uma pregação que agrada, fazer sermões
agradáveis, e mesmo assim estar afastado de Cristo no que respeita à
experiência religiosa. Ele pode ser exaltado aos pináculos da grandeza humana,
contudo, nunca ter experimentado a obra interior da graça que transforma o
carácter. Esse está enganado pela ligação e familiaridade com as sagradas
verdades do evangelho, que alcançaram o intelecto, mas não foram trazidas ao
santuário interior da alma.
"Precisamos
ter mais do que uma crença intelectual na verdade. Muitos dos judeus estavam
convencidos de que Jesus era o Filho de Deus, mas eram orgulhosos e ambiciosos
demais para render-se. Decidiram resistir à verdade, e mantiveram sua posição.
Não receberam no coração a verdade tal qual é em Jesus. Quando a verdade é
aceite como verdade unicamente pela consciência; quando o coração não é
estimulado e tornado receptivo, apenas a mente é influenciada. Mas quando a
verdade é recebida como verdade pelo coração, passou pela consciência e cativou
a alma com seus princípios puros. É posta no coração pelo Espírito Santo que
revela à mente a sua beleza, para que a sua força transformadora se manifeste
no carácter." The Review and Herald, 14 de Fevereiro de 1899.
Por
conseguinte, embora não exista diferença real entre os mundanos e os
religiosos, há um grande contraste entre estas duas classes e o verdadeiro
filho de Deus. Não é preciso qualquer transformação de carácter para deixar a
igreja Católica e tornar-se um protestante ou um comunista ou um pagão. A prova
cabal disto é dada na vida do rei Henrique VIII de Inglaterra. Antes da sua
separação de Roma, era um cruel perseguidor daqueles que se lhe opunham. Depois
da sua separação, continuou o mesmo padrão de crueldade na exterminação dos
seus inimigos.
Semelhantemente,
quando a França mudou do catolicismo para o ateísmo, não houve mudança de carácter.
O povo não se tornou pior. Simplesmente deram ilimitada libertação ao selvagem
espírito de vingança que haviam aprendido sob o domínio de Roma. Aquilo que os
sacerdotes e governantes lhes tinham feito, fizeram-lhes eles em troca. Não
havia diferença entre o carácter do povo de França depois da revolução começar
e o que eram antes dela.
Do
mesmo modo não é preciso uma transformação de carácter para se tornar um membro
da igreja, especialmente naquelas comunidades onde o planeamento humano,
eleição e organização tomaram o lugar da direcção divina. Apenas é preciso
apenas uma mudança de lealdade e conformação com certas normas de comportamento
exterior. A presença visível destas coisas convence o observador que houve de
facto uma transformação de carácter. Este engano é suficientemente grave para o
observador, mas é ainda mais perigoso para a própria pessoa que não pretendia
enganar ou ser enganada. Contente por ser tão verdadeiramente cristão como
qualquer um que o rodeia, não faz esforços para procurar a justiça de Cristo
pela qual uma mudança interior de carácter será efectuada. Embora não
convertido fora do alcance das mudanças das suas convicções pessoais e práticas
exteriores, pode ser muito religioso, experiente em argumentos da Escritura e
desempenhar os mais altos cargos na igreja. Está confiante que quando a crise
vier, será um hábil defensor da verdade de Deus.
Mas,
embora não saiba, permanece o facto que o Sábado está apenas onde o poder de
Deus estiver. Portanto, quando o último grande confronto vier sobre ele,
verificará que não tem o equipamento necessário com que enfrentar e vencer o
homem do pecado.
Manter-se-á
eternamente a verdade que unicamente onde estiver o poder de Deus aí se
encontrará o Sábado. Portanto, está escrito que a observância do Sábado se
mantém para o povo de Deus, o santificado, o renascido, o verdadeiro religioso,
aqueles em quem a vida de Deus foi implantada. Encontrai esse povo e tendes
encontrado os verdadeiros observadores do Sábado.
A
Bandeira de Satanás
Tão
seguramente como se encontrará o Sábado onde se encontra o poder de Deus, assim
onde quer que Satanás tenha estabelecido o seu domínio, o Domingo é observado.
É preciso poder para fazer isto.
Imaginai
por exemplo, que um grupo de pessoas decide que o mundo devia escolher a
Quarta-feira como o dia de adoração universal. Seria uma questão simples tomar
a decisão; apenas seria necessário algum dinheiro para anunciar o decreto, mas
pensai no poder necessário para persuadir ou obrigar todo o mundo a fazê-lo!
No
entanto Satanás, através dos vários agentes de Babilónia, tem sido bem sucedido
em afastar o mundo das específicas instruções de Deus para manter o Sábado
santo, a fim de dar reverência ao Domingo no seu lugar. Isto é de algum modo
notável e o seu sucesso a este respeito é a marca e a medida do seu poder. Ele
sabe isto, e, através dos escritores católicos romanos, tem-se vangloriado que
a mudança do Sábado para o Domingo sem qualquer autoridade escriturística é a
marca do seu poder e assim é.
"Pergunta.
Tendes vós alguma outra maneira de provar que a Igreja tem poder para instituir
as festas dos preceitos?
"Resposta.
Se ela tivesse esse poder, podia ter feito aquilo em que todo o moderno
religioso concorda com ela — não podia ter substituído a observância do Sábado
o sétimo dia pela observância do Domingo, o primeiro dia da semana, uma mudança
para a qual não há autoridade escriturística." Keenan, A Doctrinal
Catechism, pág. 174. 3ª ed. Americana, Nova Iorque: Kenedy & Sons.
"Mas
uma vez que o Sábado, não o Domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso
que os não-católicos que professam tirar a sua religião directamente da Bíblia
e não da Igreja, observem o Domingo em vez do Sábado? Sim, evidentemente, isto
é inconsistente: mas esta mudança foi feita cerca de quinze séculos antes do
Protestantismo ter nascido, e nessa altura a tradição era universalmente
observada. Eles continuaram a tradição apesar dela assentar sobre a autoridade
da Igreja Católica e não sobre um específico texto da Bíblia. Essa observância
permanece como uma lembrança da Igreja Mãe da qual a secção não católica se
separou — tal como um rapaz que se afasta de casa mas continua a transportar no
bolso uma fotografia da sua mãe ou uma madeixa do seu cabelo." John A. O'Brien, The Faith of Millions, 543, 544. Londres, W. H. Allen,
1962.
"O
Sábado dos judeus ou o dia do repouso, era o Sábado, mantido sagrado porque
Deus na criação repousou no sétimo dia e porque eles desejavam assim comemorar
a sua libertação do Egipto. A Igreja, usando o poder que o nosso Senhor lhe
deu, alterou a observância do Sábado para a observância do Domingo, a fim de
comemorar a ressurreição do nosso Senhor no Domingo de Páscoa e a descida do
Espírito Santo no Pentecostes. Há evidência no Novo Testamento (Actos 20:7;
1Coríntios 16:2) que os apóstolos tinham começado a observar o Domingo como um
dia de adoração assim como o Sábado; mas os apóstolos não fizeram leis quanto
ao assunto, e a completa transferência do Sábado para o Domingo foi um processo
gradual, sob a autoridade da Igreja. Os cristãos que crêem na Bíblia e apenas
na Bíblia devem ter alguma dificuldade em explicar porque é que guardam o
Domingo como um dia santo e não o Sábado." Canon Cafferata, The Catechism Simply Explained, pág. 84. Londres,
Burns, Oates, & Washbourne Ltd., 1954.
Assim,
não só é a instituição da adoração no Domingo a marca do poder papal, mas a
jactância de que assim é. Alguém podia perguntar porque é que o mundo tem
aceite tão prontamente esta instituição papal. É assim porque, na realidade, há
apenas duas religiões no mundo. Há a verdadeira adoração de Deus em que os
caminhos de Deus são cuidadosamente estudados e fielmente seguidos tão
rapidamente quanto se tornem claros à compreensão em desenvolvimento. Para
essas pessoas, quando Deus indica um dia
específico de adoração, não há discussão ou objecção. Se Deus o apontou, então
ele permanece.
Depois
há os inúmeros membros das falsas religiões em todo o mundo incluindo aquelas
organizações que geralmente não se consideram como religiões, tal como os comunistas,
materialistas e outras. Contudo, apesar destes vários grupos terem diferentes
ênfases e várias posições doutrinais, em todas elas há um único factor de união
que as reduz a uma simples igualdade. É o princípio de fazer do homem a sua
fonte no lugar de Deus. É a dependência do dinheiro e do poder dos números.
Todos os que pertencem a estas organizações vão por este caminho e não conhecem
outro.
Ao
seguir este procedimento de colocar o homem no lugar de Deus, privam-se a si
mesmos da Sua presença e do Seu poder e portanto não podem ser observadores do
Sábado. Assim como o Domingo foi o símbolo estabelecido para substituir os
caminhos de Deus pelos caminhos do homem, é simplesmente natural que estas
várias organizações aceitem esse dia. Apesar de algumas se agarrarem à
observância do Sábado num nível legal, quando for altura de sofrer a pressão
final será uma questão simples fazerem as alterações exteriores da transição
daquilo que mesmo agora já aconteceu.
Se
tiverdes determinado que permanecereis inabaláveis sob a bandeira do Sábado no
conflito que se aproxima, precisareis de compreender que será necessário muito
mais do que uma mera convicção que o sétimo dia é o Sábado juntamente com os
argumentos necessários para provarem que o sétimo dia é o dia escolhido por
Deus, antes de poderdes manter essa posição. Tudo isso é bom mas insuficiente.
Não descanseis enquanto a presença do poder de Deus não estiver estabelecida e
em desenvolvimento diário na vida. Sem isso, não será possível resistir mais ao
poder de Satanás e do pecado do que acabar com o ocaso do sol no céu poente.
Não importa quão resolutos podeis ser para não o fazerdes, mantém-se o facto
que vos curvareis perante o inimigo e ficareis sob a bandeira do Domingo.
"A
única defesa contra o mal, é Cristo habitar no coração mediante a fé na Sua
justiça. Se não nos unirmos vitalmente a Deus, nunca poderemos resistir aos
efeitos não santificados do amor próprio, da condescendência connosco mesmos e
da tentação de pecar. Podemos deixar muitos hábitos maus, podemos durante algum
tempo separar-nos de Satanás; mas sem uma ligação vital com Deus, mediante a
entrega de nós mesmos a Ele, momento a momento, seremos vencidos. Sem um
conhecimento pessoal com Cristo e uma comunhão contínua achamo-nos à mercê do inimigo,
e acabaremos por fazer-lhe a vontade." O Desejado de Todas as Nações, 345.
Alta
Traição
Ao
deitar a bandeira do Sábado abaixo, pisando-a a pés, substituindo-a com a
bandeira do Domingo, os homens têm mostrado o maior desprezo pelo grande Dador
da Lei. Têm declarado que são mais sábios do que Ele e possuem mais poder. Para
tornar as coisas ainda piores, os que fazem isto, pretendem ser súbditos leais
do Rei dos reis, o Criador do universo. Ingenuamente imaginam que Deus tem
mesmo aprovado o seu procedimento. Quão mais enganados é possível eles estarem?
Pensai
na reacção duma nação se um jovem soldado vestido com o uniforme do seu país
descesse a bandeira, a pusesse debaixo dos pés e em seguida levantasse a
bandeira da nação dos piores inimigos da nação em seu lugar. Um desprezo assim
não seria tolerado. O soldado seria expulso das fileiras e seria castigado
muito severamente. Se isso acontecesse em tempo de guerra, seria executado como
traidor.
Nem
por um momento penseis que Deus considera levemente a afronta mostrada à Sua
autoridade e governo, a desonra da Sua bandeira, o símbolo do Seu poder e
força. Ele reconhece todo o significado das acções dos homens, contudo não é
pessoalmente ofendido pelo que é feito. Pelo contrário, compreende que por
estas acções os homens se colocam a si próprios acima de Deus e no lugar de
Deus. Assim eles desligam-se a si mesmos da Fonte da luz e poder e privam-se
assim da vida eterna. Deus não terá alternativa senão deixá-los à sorte que
escolheram.
Quando
o soldado desce a bandeira do seu país e a substitui pela do inimigo, que está
ele a dizer com esta acção? Que amplas mudanças está ele a pedir?
Está
a demonstrar que deseja que o poder do seu país seja derrubado e que a outra
nação seja colocada no seu lugar. Esta seria a única mensagem caso uma acção
dessas tivesse lugar.
Semelhantemente,
aqueles que desprezam o dia do Sábado de Deus e dão respeito à adoração do
Domingo, estão desse modo a confirmar que é o seu desejo que o poder de Deus
seja abolido e o de Satanás instituído no seu lugar. Eles podem não compreender
as implicações do que estão a fazer e podem estar enganados ao pensar que a sua
acção é uma acção que Deus prontamente aprovará, mas isto não altera o
significado da acção. Contudo, Deus verdadeiramente reconhece o factor
ignorância e dá a devida tolerância para ele ao passo que trabalha sempre para
tornar claro a verdadeira realidade destas coisas. À medida que o fim se
aproxima, as questões estarão mais nítida e claramente definidas de modo que
ninguém estará em trevas quanto ao que se está a passar. Então, como nunca
antes, a contínua rejeição do Sábado e a adesão ao Domingo transportará um peso
de condenação terrível nas suas proporções.
Rejeitar
o Sábado é rejeitar o poder de Deus que é desdenhar o evangelho de Cristo, que,
quando rejeitado, não deixa caminho para a libertação da escravidão do pecado e
o seu salário é a morte. Permiti que estes princípios sejam totalmente
compreendidos e o Sábado seja acalentado como planeado, a fim de trazer por seu
lado as maravilhosas bênçãos espirituais que Deus transmitirá aos que Lhe são
fiéis através do dom do Sábado.
Justiça
e o Sábado de Deus
Capítulo
7
O
Selo de Deus
O
Sábado é o selo de Deus. As Escrituras dão ênfase a isto e nenhum estudo acerca
do Sábado estaria completo sem considerar este aspecto. É o selo de Deus em
contraste com a marca de Satanás, o Domingo.
O
Apocalipse ilustra para nós o final e conclusivo conflito na longa controvérsia
entre o bem e o mal. Dum lado estarão os que têm o selo de Deus. Colocados
contra eles estarão os que têm a marca da besta e da sua imagem. No capítulo 13
é exposta a natureza opressora do poder que usará os métodos coercivos para
obrigar que todos adorem a besta e a sua imagem e recebam a sua marca.
Maravilhosos milagres serão realizados para deslumbrar os sentidos, seguidos
por crescente severa perseguição sobre aqueles que recusam prestar-lhe
homenagem. Quando isto fracassar serão proibidos de comprar ou vender e por fim
será decretada a sua morte.
"E
vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um
cordeiro; e falava como o dragão.
"E
exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a primeira
besta, cuja chaga mortal fora curada.
"E
faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista
dos homens.
"E
engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em
presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à
besta que recebera a ferida da espada e vivia.
"E
foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a
imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem
a imagem da besta.
"E
faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja
posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas;
"Para
que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome
da besta, ou o número do seu nome.
"Aqui
há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é
o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis."
Apocalipse 13:11-18.
Enquanto
estas forças opressoras estão a avançar para fazer a sua obra de sujeitar o
mundo, a vontade do Senhor, através dos Seus servos fiéis, estará advertindo o
mundo das desastrosas consequência de receber a marca da besta.
"E
seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta e a
sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão.
"Também
o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice
da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e
diante do Cordeiro.
"E
o fumo do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia
nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal
do seu nome." Apocalipse 14:9-11.
Esta
é uma linguagem extremamente clara. Deus não atenua ou esconde no mínimo grau
as terríveis consequências de ceder à tremenda pressão imposta por estes
poderes ímpios. Não haverá esperança ou clemência por aqueles que tiverem a
marca nesta altura.
Será
impossível ocupar uma posição neutra na hora de crise que se aproxima. Todos
serão forçados a tomar uma decisão quanto à sua posição. Por um lado, os
poderes confederados de toda a Terra, apoiado pelas multidões, ilimitados
fundos, toda a tecnologia que terá sido desenvolvida nessa altura e as armas da
força, aproximar-se-ão ameaçadoramente de todos os homens, mulheres, e crianças
a fim de assegurar que todos reconheçam e adorem a marca do seu poder. Estes
poderes não tolerarão qualquer pessoas que tenha a coragem de resistir às suas
exigências e recuse adorar a besta e a sua imagem ou receba a sua marca e
número.
Por
outro lado, Deus não só estará advertindo para os resultados de seguir o
caminho recomendado, mas também estará a fazer um grande apelo espiritual ao
mundo para rejeitar estes caminhos destruidores e entregar tudo a Ele. Todos
sentirão estas poderosas contra-pressões. Um será o poder do amor, o outro as
ameaçadoras forças que provocam o medo. A implacável exigência destes dois
apelos em adição ao contexto em que falam, tornará impossível a qualquer pessoa
fugir a uma decisão. Todos devem lançar a sua sorte dum lado ou do outro. Será
uma questão de obediência aos caminhos de Deus ou do homem.
Não
pode haver dúvida então quanto aos lados envolvidos nesta batalha, nem os
assuntos sobre os quais a contenda será travada. Será o poder de Satanás
simbolizado pela marca da besta, a adoração do Domingo, contra o poder de Deus
simbolizado pelo selo de Deus, o Sábado. A marca da besta é o instrumento de
Satanás, porque ela opõe-se a Deus e a tudo o que é de Deus. Toda a invenção de
Satanás é uma imitação da verdade do governo de Deus, pelo que estamos
alertados para saber que para tudo o que é falso deve haver a sua contrapartida
na verdade. Por outras palavras, Satanás está a oferecer um sinal como
substituição daquele que Deus quereria que nós recebêssemos. As Escrituras não
deixam dúvidas quanto ao que é este número oposto, lançando assim ainda mais
luz acerca da marca e da sua natureza.
Foi
mostrado a João na visão profética um certo pequeno grupo de pessoas nos
últimos dias "... que saíram vitoriosas da besta, e da sua imagem, e do
sinal, e do número do seu nome ..." Apocalipse 15:2.
João
viu este grupo junto ao mar de vidro, sendo assim informados que eles viveram
até ao fim dos dias quando a imagem for estabelecida e a marca imposta com a
ameaça de morte, mas, tendo resistido a esta provação da sua fé, saíram
vitoriosos, e, na sua imaculada pureza, estão em pé junto ao mar de vidro. Há apenas
um grupo que pode estar qualificado para essa honra e é o grupo dos cento e
quarenta e quatro mil. Eles revelarão a diferença da sua experiência ao
cantarem um cântico que mais ninguém pode aprender ou cantar.
"E
cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e
dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta
e quatro mil que foram comprados da terra." Apocalipse 14:3.
Todos
os remidos cantarão as glórias do plano da salvação de Deus até à profundidade
da experiência que passaram na obtenção e defesa do inestimável dom de Deus,
mas nenhum deles cantará como os cento e quarenta e quatro mil. Eles, tendo
passado vivos pela luta final, terão ganho uma experiência que somente uma
batalha como essa pode dar. Cantarão a história da salvação com uma amplidão,
profundidade e intensidade que farão ela parecer um hino completamente novo.
Tal
como está escrito que aqueles que se opõem a Deus nos últimos dias terão a
marca da besta, assim está escrito que os cento e quarenta e quatro mil terão o
selo de Deus.
"E
ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil, de todas
as tribos dos filhos de Israel." Apocalipse 7:4.
O
que é então o selo de Deus que os justos possuirão em contraste com a marca da
besta que devem rejeitar a fim de receber e reter o selo de Deus?
A
palavra grega sphragis, que significa impressão ou inscrição, é a palavra usada
no original do versículo citado. A mente é dirigida para o selo usado pelos
reis e potentados para fazerem impressões e inscrições no lacre do selamento de
documentos importantes. Quando o documento fosse fechado, era aplicado o lacre
quente a fim de o fechar e fazia-se pressão com o selo no lacre para indicar o
poder e autoridade que o tinha selado. Depois, ninguém abria o documento a
menos que fosse o destinatário, ou alguém cujo poder fosse maior do que o poder
do dono do selo que o tinha fechado. Assim há dois aspectos do selo que são
importantes como ilustrações da contrapartida espiritual no selo de Deus. O
primeiro é a inscrição que define a autoridade e poder do dono do selo e o
segundo é o facto que sela as coisas no interior, que não podem ser mexidas ou
removidas por um poder não autorizado. Aquilo que é verdadeiro quanto ao selo
terrestre é semelhantemente verdadeiro acerca do celestial.
Para
o selo de um governante terrestre ser válido, deve conter três elementos — o
nome, o título, e o território sobre o qual o governante tem autoridade. Estes
elementos eram gravados no instrumento conhecido como o selo de modo que a
impressão era feita no lacre quente, esta informação era transferida e guardada
pelo lacre.
Deus
não usa um instrumento mecânico feito de ouro ou outro metal para imprimir o
Seu selo na pessoa. Os Seus caminhos são mais elevados do que os caminhos dos
homens e o Seu selo é portanto mais puro e espiritual. Contudo, o Seu selo
contém realmente os elementos acima descritos. Devemos encontrar onde nas
Escrituras Deus combinou os três num lugar. No quarto mandamento, o Sábado,
todos esses três elementos podem ser encontrados num lugar, numa ordenança.
O
Seu nome: O Senhor teu Deus;
O
Seu título: Autor ou Criador;
O
Seu território: O Céu e a Terra.
Assim
o mandamento do Sábado contém todos os elementos necessários para tornar um
selo completo. Esta verdade é ainda mais confirmada em Ezequiel 20:12.
"E
também lhes dei os Meus Sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles;
para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica."
Um
sinal ou selo contém autoridade igual ao poder de quem tem o selo. Por exemplo,
se um documento que vos não é endereçado chegar às vossas mãos selado com o
grande selo do Estados Unidos, não teríeis coragem para abri-lo a menos que
estivésseis preparados para vos tornardes objecto do implacável julgamento
dessa nação. Através desse selo, o governo dos Estados Unidos declara que o
documento está hermeticamente fechado para qualquer um excepto aquele a quem
foi escrito. Semelhantemente, o Sábado é o selo que o Senhor coloca sobre o Seu
povo e Ele quer que todos saibam que o Seu povo não pode ser violado
impunemente.
Mas,
apesar deste aspecto do selo ser verdadeiro, ele é apenas o início das
poderosas verdades ali contidas. Deus é um Deus vivo. Portanto, o Sábado é uma
verdade viva e um selo vivo. Por conseguinte, é um poder e, como tal, tem a
missão de efectuar certos resultados desejáveis. Assim, enquanto o selo de Deus
no primeiro exemplo é uma impressão que leva a marca da autoridade divina, é
também uma protecção e defesa para o povo de Deus. Ele tem o poder de impedir a
entrada ao pecado e reter a justiça no interior.
Uma
ilustração simples disto é o processo comum da embalagem de comida. Todos os
que fazem isto sabem que é vital que um selamento eficaz seja efectuado a fim
de evitar completamente a invasão de qualquer elemento corruptor. Enquanto o
selo permanecer intacto é impossível a comida putrefazer-se.
Assim
é com o selo de Deus. Ele é o poder destinado a evitar a entrada de qualquer
forma de corrupção espiritual. Como o seu poder é imensamente maior do que o
poder do pecado, é completamente eficaz neste papel. É impossível à alma
verdadeiramente selada com o selo de Deus ser corrompida pelo pecado.
Semelhantemente, se o selo não estiver ali, então é impossível não ser
corrompido.
Apesar
deste selo ser o poder de Deus, é contudo o Espírito Santo que o aplica onde é
necessário. Paulo confirma isto na sua carta aos Efésios.
"Com
o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperámos em
Cristo;
"Em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da promessa." Efésios 1:12, 13.
O
Espírito Santo não passa pelo povo de Deus com um carimbo na mão, imprimindo um
selo mecânico nas testas dos santos. Em vez disso, Ele implanta uma vida, um
poder, dentro dos filhos de Deus. É esta comunicação da vida de Cristo através
do ministério do Espírito Santo que torna a alma imune ao pecado.
Cristo
"veio para destruir as obras do diabo e tomou providências para que o
Espírito Santo fosse comunicado a toda alma arrependida, para guardá-la de
pecar". O Desejado de Todas as Nações, 330.
"Uma
alma assim protegida pelos seres celestes é inexpugnável aos assaltos de
Satanás." O Desejado de Todas as Nações, 344.
O
selo eficaz contra o pecado exterior é a presença do Espírito Santo no interior
do crente. Esta presença é o poder de Deus do qual o Sábado é o sinal.
Portanto, o Sábado é o grande baluarte contra a determinação de Satanás de
infectar a alma com o pecado.
Cristo
tinha esta experiência e foi portanto um verdadeiro observador do Sábado.
"Agora,
enquanto o nosso grande Sumo Sacerdote está a fazer expiação por nós, devemos
procurar tornar-nos perfeitos em Cristo. Nem mesmo por um pensamento poderia o
nosso Salvador ser levado a ceder ao poder da tentação. Satanás encontra nos
corações humanos algum ponto em que pode obter apoio; algum desejo pecaminoso é
acariciado, por meio do qual suas tentações asseguram a sua força. Mas Cristo
declarou de Si mesmo: 'Aproxima-se o príncipe deste mundo, e nada tem em Mim.'
João 14:30. Satanás nada pôde achar no Filho de Deus que o habilitasse a
alcançar a vitória. Tinha guardado os mandamentos de Seu Pai, e não havia n'Ele
pecado que Satanás pudesse usar para a sua vantagem. Esta é a condição em que
devem encontrar-se os que subsistirão no tempo de angústia." O Grande
Conflito, 500.
Isto
é o que significa ser selado com o Espírito Santo da promessa. É estar possuído
e cheio do poder de Deus para o qual as tentações de Satanás não têm poder
sobre nós.
Isto
é bem ilustrado por uma fortaleza. Um factor que sempre preocupa o Senhor do
castelo é a possível presença de qualquer agente inimigo no interior. Ele sabe
que pode confiar nas paredes de alvenaria, nas portas de ferro, no largo e
profundo fosso protector, mas se alguém do inimigo estivesse no interior para
atraiçoar e destrancar as portas no silêncio da noite, então o castelo
seguramente cairia nas mãos do inimigo. Mas, se todos no interior forem leais e
verdadeiros, não há qualquer problema. A cidadela está segura. Semelhantemente,
Satanás trabalha para implantar no interior do coração a fraqueza e respostas
que atendam às suas tentações exteriores. A nossa tarefa é aceitar a presença
interior do poder de Deus de modo que não exista eco de resposta no interior.
Esta
obra de selamento é progressiva. Se qualquer pessoa cuidadosamente examinar a
sua própria experiência, rapidamente reconhecerá que há áreas onde está selada
contra a tentação. Por exemplo, muito dos que lêem esta publicação foram
educados contra o uso do tabaco. Outros, uma vez habituados a esta droga,
experimentam o poder de Deus a expulsar o próprio desejo do corpo e a
substituí-lo com aversão e repulsa. Tão firmemente a mente e o corpo foram
seguros contra esta tentação que nenhuma atracção, argumento, ou pressão fará
surgir dentro da pessoa qualquer desejo de participar da planta venenosa. Assim
a pessoa possui o selo contra o hábito do tabaco.
A
mesma experiência pode e deve ser mantida em todo o caso de tentação. Por
exemplo, o ódio de uma pessoa pode ser tão completamente removido e substituído
pelo amor de Deus que não importa o que o inimigo possa fazer, apenas haverá
resposta de amor em troca. À medida que a obra de purificação prossegue passo a
passo, o crente é trazido cada vez mais próximo do ponto em que não resta
qualquer elo ao pecado, nenhum desejo pecaminoso é acariciado e o inimigo nada
encontra para o que possa apelar. Quando essa obra estiver por fim completa,
então o crente está total e finalmente equipado com o poder de Deus, possui o
Sábado em verdade e será capaz de se manter firme e ser um instrumento através
de quem Deus derrotará e destruirá a besta e a sua imagem, o seu número e a sua
marca.
Isto
confirma mais o facto que a mera crença que o sétimo dia é o Sábado de Deus
combinado com a abstenção de toda a obra nesse dia, não constitui a posse do
Sábado ou significa que a pessoa tem o selo de Deus. Somente aqueles em quem o
Espírito Santo implantou a vida e o carácter de Cristo são santos, guardam o
Sábado e têm o selo. Nada menos do que isto dá estas qualificações a uma
pessoa.
o
de Deus
Capítulo
8
O
Conflito Final
Embora
o grande conflito tenha estado em movimento com inflexível intensidade durante
quase seis mil anos, ainda não houve um momento em que todo o mundo fosse
agrupado num lado contra outro. O tempo em que isto esteve próximo foi no
dilúvio. Nessa altura, todos excepto oito estavam do lado de Satanás sem
possibilidade de inverterem a sua posição. Mas não pode ser dito que os oito
eram tão completa e irresistivelmente dedicados a Deus como o restante era a
Satanás. Apenas pouco tempo depois do dilúvio, um dos filhos mostrou grande
simpatia pelos princípios de Satanás e tornou-se o progenitor de gerações que
entraram na mais negra impiedade.
Hoje,
há os que estão completamente do lado de Satanás. Eles ultrapassaram o ponto de
retorno, mas dificilmente seria verdade dizer que qualquer dos filhos de Deus
está completamente seguro contra o regresso aos caminhos de Satanás. Entre o
povo de Deus e os perversos, há a vasta maioria de homens e mulheres que ainda
não tomaram a sua decisão final por qualquer dos lados. Muitos deles tacteiam
na ignorância, desprovidos de qualquer conceito real acerca do que trata o
grande conflito. A maior parte nem sequer sabe que ele está em progresso.
Mas
está a chegar um tempo em que todo o mundo estará dividido entre os que
adorarão a Deus para sempre e os que nunca se submeterão ao Seu amor e
direcção. A divisão proporcional será tal que apenas alguns na verdade ficarão
com Deus. A vasta maioria servirá o pecado e a Satanás.
"E
adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão
escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do
mundo." Apocalipse 13:8.
Esta
profecia prevê apenas duas classes de pessoas: aquelas cujos nomes estão
escritos no livro da vida e as que adoram a besta e a sua imagem. A última
classe estará ligada numa confederação universal de desafio contra o Criador do
Céu e da Terra. Eles serão enganados ao seguirem o destruidor pela vil obra dos
demónios, "... os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo, para os congregar
para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-poderoso....
"E
os congregaram num lugar que em hebreu se chama Armagedom." Apocalipse
16:14, 16.
"Estes
têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta.
"Estes
combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos
senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos,
e fiéis." Apocalipse 17:13, 14.
Há
muitos que acalentarão o conceito que a batalha de Armagedom será uma luta
entre os poderes políticos do ocidente e os do oriente. Por outras palavras,
verão metade das nações em frente da outra metade. Mas este não é o caso. Todos
os governos da Terra estarão confederados numa vasta força para colocar a sua
determinada posição e ambições apostatadas contra o Rei dos reis. Eles
evidentemente, usarão quaisquer medidas que os seus corações maus conceberão.
Com eles, qualquer meio é justificado para chegar aos fins. Será a expressão
final de como os caminhos dos homens diferem dos caminhos de Deus.
Por
outro lado, Deus fará guerra apenas em justiça. Isto significa que Ele lutará
sob definidas limitações, contudo provará que a justiça é mesmo assim mais
poderosa do que a pecaminosidade.
Inspirados
com confiança quando vêem as vastas multidões do seu lado e cheios de escárnio
ao avaliar quão poucos estão firmes pela verdade de Deus, os ímpios
corajosamente desfraldam a bandeira do Domingo perante todo o mundo, flutuando
nas faces de Deus e dos santos.
Mas
os justos não se impressionarão com os números, nem desanimarão pela falta
deles. Medem todas as coisas pelo poder de Deus do qual o seu amado Sábado é o
símbolo vivo. À luz desse poder, todas as forças contrárias são como nada para
eles.
Em
toda a vitória ganha pela causa de Deus até agora, o Seu povo, foi abençoado
com amplas visões do Seu altíssimo poder, foi capaz de avaliar com precisão o
poder do inimigo. À medida que via quão pequena era a oposição em comparação
com as imensas capacidades do seu divino Guia, forte fé nascia dentro de si e
era armado para fazer coisas maravilhosas. É triste que estes triunfos foram
excepções em vez da regra, tendo como consequência que o fim do grande conflito
tenha sido seriamente adiado. Contudo cada vitória obtida, é um tipo e uma
certeza que quando o povo de Deus por fim avançar consistentemente no Seu
poder, a obra será feita.
A
vitória de David sobre o poderoso Golias é um excelente exemplo disto. Antes da
sua chegada à frente de batalha para levar provisões aos seus irmãos, ele havia
olhado para além do céu no alto e dali para a terra em baixo até ver alguma
coisa do poder criador de Deus e ter aprendido a medir todas as coisas por
estes padrões. Consequentemente, quando o leão e o urso atacaram os seus
rebanhos, foi capaz de ir contra eles no poder do Senhor e ganhar.
Estas
experiências não foram partilhadas por Saul e seus soldados. Eles conheciam
apenas a força das armas. Portanto, quando o gigante filisteu se apresentava
perante eles desafiando-os a descerem e lutarem, ninguém estava preparado para
ir. Conhecendo tão pouco, se alguma coisa, do poder de Jeová, eles apenas
comparavam Golias consigo próprios. Não tinham dificuldade em ver que não havia
quem igualasse o inimigo. Assim dia após dias passava e a questão permanecia
por resolver.
Era
uma situação embaraçadora a de Saul e dos seus súbditos que professavam ser
invencíveis seguidores do Criador dos Céus e da Terra. Eles tinham um nome e
uma reputação pelas quais viver, mas parecia que apesar dos maravilhosos feitos
do passado que tinham honrado Deus, a Sua glória e presença tinham agora
partido deles. As promessas estavam nas Escrituras tão claras e brilhantes como
nunca, mas não havia evidência que seriam cumpridas nesta situação difícil.
Então
David, cheio de brilhante fé nascida de um consciente sentido do poder e
presença de Deus, entrou em cena. Inspirado por Deus, ofereceu-se como resposta
aos insultos de Golias, e, depois de recusar a pesada armadura que o rei lhe
oferecera, saiu vestido apenas com uma leve túnica de pastor e levando como
arma apenas cinco simples pedras.
Golias,
na sua total ignorância do poder de Deus, nada sabia da verdadeira força que
caminhava contra ele. David não parecia ser mais do que um inexperiente e
evidentemente muito audacioso, confiante jovem que estava preparado para
desperdiçar a sua vida numa aventura sem esperança. Golias portanto, avançou
para o jovem, zangado por lhe ser exigido que enfrentasse um opositor tão
"pouco digno" e determinou exibir o seu desprezo por este insulto
derrotando rapidamente o jovem. Grande foi a surpresa de todos quando o
resultado foi, em vez disso, a morte de Golias e a total derrota dos filisteus.
Tanto
David como o resto de Israel que estiveram presentes nesse dia, eram
observadores do sétimo dia o Sábado, mas, enquanto David tinha o poder de Deus
em si, em grande parte o resto não tinha. Esta era a prova da sua completa
inaptidão para vencer o campeão filisteu. Portanto o Sábado, como eles o
observavam, estava separado do poder de Deus e assim não podia ser o Sábado
como o Senhor o deu. O verdadeiro Sábado é encontrado apenas onde o poder de
Deus está estabelecido, porque, tal como foi explicado nesta publicação, o
Sábado é o símbolo da omnipotência de Deus. Portanto, nesse triunfante dia,
David apenas demonstrou a posse do Sábado de Deus e apenas através dele foi a
vitória ganha.
Esta
história será repetida. Presentemente, há muitíssimas organizações evangélicas
que defendem o sétimo dia o Sábado e estão devotadas à finalização do reino do
pecado e à restauração do reino. Em oposição a elas estão poderosas forças
babilónicas entre as quais estão gigantes intelectuais que, tal como Golias,
desafiam o professo povo de Deus a enfrentá-los em combate. Uma vez mais, em
virtude da viva presença de Deus estar separada dos que defendem o sétimo dia,
não têm capacidade para enfrentar e vencer estes inimigos. O resultado, tal
como nos dias de David, é um manter à distância, adiando o termo da obra e o
estabelecimento do reino.
Esta
situação não continuará indefinidamente. Tal como Deus preparou David para a
sua importante missão futura, assim, presentemente, está Ele a preparar um povo
para derrubar o gigante babilónico. A preparação de novo envolve a revelação do
poder de Deus de modo que o Seu povo terá um padrão pelo qual avaliar a
capacidade de todas as outras forças. Quanto mais claramente conhecerem a
omnipotência infinita de Jeová, mais pequena aos seus olhos aparecerá a
confederação do mal.
Durante
o tempo em que Israel e os filisteus se defrontaram, David era um factor
desconhecido não sendo levado em conta por ambos os lados. Saul esperava, de
algum modo, obter ele próprio a vitória, enquanto os filisteus estavam seguros
que a vantagem dada pela presença de Golias lhes asseguraria a supremacia.
Do
mesmo modo, o pequeno grupo que o Senhor está a preparar para o conflito que se
aproxima é desconhecido e não é considerado por ambos os lados. Os que propõem
o sétimo dia tem lido as declarações de Deus sobre um povo observador do Sábado
que finalizará a obra. Confiante que o seu respeito pelo dia correcto de
adoração os identifica como essa organização, estão certos que a promessa se
aplica a eles e que apenas eles usarão a coroa da vitória.
Mas
este grande número de observadores do sétimo dia têm falhado em compreender
que, sem a presença do poder de Deus, a mera observância do dia correcto não os
identifica como sendo o exército de Jeová. Ficarão surpreendidos um dia quando
verificarem que um pequeno grupo de verdadeiros observadores do Sábado surgirá
da obscuridade tal como fez David, para ganhar a vitória pela qual eles
futilmente têm lutado durante tanto tempo e será galardoado com a coroa que
eles tão zelosamente desejaram. Então, demasiado tarde, compreenderão que
falharam em obter a verdadeira qualificação para a sua obra. O seu desapontamento
transformar-se-á em fúria vingativa tal como o ciúme de Saul foi despertado
contra David até se decidirem a destruí-lo. O verdadeiro povo de Deus
verificará no final que aqueles que estavam mais perto de si serão os seus
piores inimigos.
Para
aqueles que sacrificaram muito pela causa e estão confiantes na certeza de um
lugar no Céu, será um dia de grande tristeza quando verificarem que estão
desqualificados porque tinham apenas a aparência mas não a realidade da verdade
do Sábado.
Cristo
estava profundamente preocupado com este problema. Ele desejou que ninguém
fosse enganado pela falsa religião mas que todos vissem tão claramente a
diferença que não descansassem enquanto não encontrassem a verdadeira. Numa
linguagem muito clara, Ele avisou que a maioria, apesar disso, chegaria ao dia
de contas final e estaria perdida esperando ser salvos. disse Ele:
"Muitos
me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome? e em
Teu nome não expulsámos demónios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?
"E
então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que
praticais a iniquidade." Mateus 7:22, 23.
Obviamente
então, aqueles que seriam campeões do Sábado nos últimos dias deviam
compreender o que envolve a verdadeira observância do Sábado. Não é suficiente
ser capaz de debater todas as provas que o sétimo dia é o dia correcto. A
questão vai mais fundo do que isso. O conflito final será o último confronto
entre os poderes espirituais de Deus e de Satanás — o sistema divino contra o
satânico.
Portanto,
apenas aqueles que, como David, têm o poder de Deus implantado em si serão
usados como instrumentos de Deus para vencer os poderes das trevas. Eles
poderão ser poucos em número, jovens no desenvolvimento, mas tão poderosos em
Deus que serão invencíveis. Ninguém será capaz de resistir perante eles.
Todo
o verdadeiro filho deseja ser um membro daquele ilustre grupo. Esta é uma digna
ambição mas não será alcançada a menos que existam almas diligentes que
investiguem a fim de determinar a verdadeira natureza da nossa observância do
Sábado. Somente quando se verifica que o poder de Deus está presente com a
observância do sétimo dia pode uma pessoa estar certa de ser um verdadeiro
adorador.
É
agora o tempo de começar esta profunda obra. Amanhã será demasiado tarde.
O
povo de Deus são aquelas pessoas em quem está a vida, a justiça, e o poder de
Deus.
Para
esses há ainda um repouso do Sábado.
Eles
serão aqueles através de quem o Senhor vencerá Babilónia e em cujas cabeças as
coroas da vitória serão colocadas.
Possa
esta publicação ter clarificado de tal modo o que a verdadeira observância do
Sábado é que todos os que a leiam sejam capazes de entrar no Seu repouso agora
e eternamente.
Mais livros deste autor consultar
https://jfernandesblog.wordpress.com/
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