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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A ELIMINAÇÃO DO PECADO - WAGGONER

A ELIMINAÇÃO DO PECADO

E. J. Waggoner

          É parte da decaída natureza humana fazer com que a religião consista de formas e cerimônias, fórmulas e doutrinas. O sacerdotalismo não é peculiar a certas denominações; é inerente à decaída natureza humana, e em tal extensão que a pessoa perde a Deus de vista, que o formalismo se manifestará até naqueles que são mais sinceros. Há exatamente tantas almas sinceras entre aqueles cuja religião consiste de formas como entre qualquer pessoa sobre a Terra. Tenho visto entre católicos romanos tanta sinceridade devota como entre quaisquer outros religio­sos. Nosso perigo jaz em pensar que a verdade consiste entre verdade e a declaração da verdade. Há exatamente tanta diferença entre esses dois como há entre e lei e a redação da lei. A lei real é viva; a escrita dela no livro é somente uma sombra. Estamos em perigo de fazer um credo, e pensar que é a verdade.          Nenhuma palavra humana pode expressar a verdade de Deus. "O olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem entrou no coração do homem, as coisas que Deus tem preparado pela aqueles que O amam. Mas Deus no-las revelou por Seu Espírito". A integridade da verdade de Deus não pode ser declarada em linguagem humana; doutro modo, poderia ser ouvida com o ouvido. Não pode ser estruturada em pensamento humano; doutro modo poderia entrar no coração do homem. A verdade pode ser revelada ao homem somente pelo dom do Espirito de verdade.
          "Ora, a mensagem que da parte d'Ele temos ouvido e vos anunciamos, é esta: que Deus é luz, e não há Nele treva nenhuma. Se dissermos que mantende comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não pra­ticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado". I João 1:5-7.
          Esqueça por um pouco a divisão desta epístola em capítulos, com o que João nada teve a ver. Esta era uma carta, contendo somente umas poucas sentenças, não tão longa como as que às vezes temos escrito. No início da carta ele faz esta declaração do que é sua mensagem, e pouco depois escreve a respeito do fim do mundo: "Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente". Esta, portanto, é exatamente a mensagem para os últimos dias, a que fará as pessoas permanecerem firmes quando o mundo passar.
          A seguir o apóstolo fala da "unção que vem do Santo", de modo que "não tendes necessidade de que al­guém vos ensine". Nenhum homem pode ensinar-lhe a verdade; as coisas que Deus preparou estão reveladas so­mente para os ungidos do Espírito Santo. "Mas, como a Sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permaneceu n'Ele, como também ela vos ensinou. Filhinhos, agora, pois, permanecei n'Ele, para que, quando Ele se manifestar, tenhamos confiança e d'Ele não nos afastemos envergonhados na Sua vinda". Assim, essa é a mensagem que dará ao povo ousadia por ocasião da vinda do Senhor, de modo que podem olhar para o alto e dizer: "Eis que este é nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará".
          Esta, pois, é a mensagem, de que Deus é luz, e se andarmos na luz, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado, elimina toda a iniquidade. A prova de termos ou não a verdade está no efeito que esta exerce sobre a nossa vida. Purifica-nos ela da iniqüidade? Se andarmos na luz, então o sangue de Jesus Cristo nos purifica. A luz é a vida de Deus fluída, que purifica e elimina o pecado.
          Precisamos ser nosso próprio guardião contra a idéia de que a eliminação do pecado é meramente o passar uma esponja sobre uma superfície lisa, ou um lançamento no livro de contabilidade para equilibrar a conta. Isso não constitui eliminação do pecado. Um homem ignorante que viu um termômetro pela primeira vez pensou que poderia abaixar a temperatura quebrando-o. Mas que efeito isso teve sobre o clima? Exatamente tanto quanto o mero apagar do registro do pecado tem sobre o pecador. O rasgar de uma folha de um livro, ou mesmo a quei­ma do livro contendo o registro, não elimina o pecado. O pecado não é eliminado por apagar-se o seu registro, mais do que o atirar minha Bíblia dentro do fogo torna sem efeito a Palavra de Deus. Houve um tempo quando todas as Biblias que pudessem ser encontradas deveriam ser destruídas; mas a Palavra de Deus a verdade permaneceu exatamente a mesma, porque a verdade é o próprio Deus.
          A verdade está implantada nos céus e na Terra; ela enche as estrelas, e mantêm-nas em seus lugares; é aquilo por meio de que as plantas crescem, e os pássaros edificam seus ninhos; é aquilo por meio de que sabemos como encontrar nosso rumo em alto mar. Quando Moisés quebrou as tábuas de pedra, a lei permaneceu tão válida quanto antes. Do mesmo modo, embora todo o registro de nossos pecados, conquanto escritos com o dedo de Deus, fossem apagados, o pecado permaneceria, porque o pecado está em nós. Ainda que o registro de nossos pecados estivessem gravados na rocha, e esta fosse despedaçada e tornada em pó,--mesmo isso não eliminaria o nosso pecado.
          A eliminação do pecado é o apagá-lo da natureza, do ser do homem. O sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado. Nossos corpos são meros canais, a fronteira, a areia sobre a praia do rio da vida. Impressões têm-nos sido feitas pelo pecado. Na praia, quando você vê um suave trecho de areia, seu primeiro impulso é deixar ali uma marca, escrever alguma coisa. Então vem o mar, e cada onda que passa sobre a marca a oblitera até desfa­zer-se inteiramente. Desse modo o rio da vida que procede do trono de Deus lavará as impressões do pecado so­bre nós.
          A eliminação do pecado é sua erradicação de nossa natureza, de modo que não mais o conheceremos. "Os adoradores uma vez purificados"--na verdade purificados pelo sangue de Cristo "não mais têm consciência do pecado", porque para eles o pecado se foi para sempre. Sua iniqüidade pode ser procurada, mas não será en­contrada. Para sempre se desfez, é estranha à sua nova natureza, e conquanto possam ser capazes de recordar o fato de que cometeram certos pecados, esqueceram-se do pecado em si e não pensam em cometê-lo de novo. Esta é a obra de Cristo no verdadeiro santuário, que o Senhor levantou, e não o homem,--o santuário não feito por mãos, mas trazido à existência pelo pensamento de Deus.



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