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quarta-feira, 25 de março de 2015

MAIS PENSAMENTOS SOBRE O CARÁCTER DE DEUS - A BONDADE DE DEUS DEMONSTRADA NO FOGO SOBRE O MONTE CARMELO

 

MAIS PENSAMENTOS

SOBRE O

CARÁCTER DE DEUS

A BONDADE DE DEUS DEMONSTRADA NO FOGO SOBRE O MONTE CARMELO

f.t. Wright

Monte Carmelo

 

Vamos abrir em Actos do Apóstolos pág 36 e aqui está o registo o modo como os discípulos passaram o seu tempo esperando o derramamento da chuva temporã. Diz que “Ao esperarem os discípulos pelo cumprimento da promessa, humilharam o coração em verdadeiro arrependimento e confessaram sua incredulidade.” Precisamos compreender o que é na realidade o arrependimento, e como isto é produzido no indivíduo. Vamos a Romanos “:1-4: “Portanto és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.

“E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.

“E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?

“Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?”

Quero dar ênfase ao ponto que é a bondade de Deus que leva ao arrependimento. O arrependimento é um passo vital no modo como alcançar justiça eterna. O primeiro passo é o conhecimento. Devemos conhecer a Palavra de Deus, a lei de Deus, nossa grande necessidade pessoal, o poder de Cristo para salvar o pecador, e a Sua capacidade para nos proteger do pecado. Isto levar-nos-á à profunda convicção do pecado. Vemo-nos tal como somos exactamente, odiamo-nos a nós mesmos por causa daquilo que somos, e desejamos ser tal qual o Salvador. Somos assim levados ao dom do arrependimento. Lembrai que, arrependimento é dom de Deus. Não é algo que podereis gerar por vós mesmos.

Por isso, Paulo diz que a bondade de Deus leva ao arrependimento. Portanto, não é a severidade de Deus; não é a punição imposta pelo pecado; mas é a bondade de Deus, que leva ao arrependimento. Esta é a razão pela qual durante as sete últimas pragas, os sofrimentos dos ímpios não os leva ao arrependimento.

“E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para Lhe darem glória.

“E por causa das suas dores, e por causa das chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras”. Apocalipse 16:9, 11.

Este será o mais intenso sofrimento jamais conhecido pelos homens. Portanto, se o sofrimento produzisse arrependimento, certamente seria produzido nesta altura, mas em vez disso, os homens tornam-se cada vez mais rebeldes. Quando os homens mordem as suas línguas de dor estão realmente sofrendo. Isto descreve a dor extrema, mas não produzirá arrependimento.

A punição poderá parecer que produz arrependimento, mas de facto não produzirá. Produzirá apenas uma obediência forçada que durará enquanto a ameaça de punição permanecer. Quão frequentemente vemos pais punindo seus filhos a fim de fazer com que eles se arrependam, mas isto é um erro. Assim do mesmo modo, os poderes civis procuram levar os criminosos ao arrependimento através de multas e aprisionamento, mas estas medidas não têm sucesso. Porém o verdadeiro arrependimento é trazido apenas pela revelação da bondade de Deus.

Todo o filho de Deus procura ganhar a verdadeira experiência no arrependimento até certo grau. Necessitamos de um estabelecimento interior do ódio ao pecado, e um profundo desejo de refletir a imagem de Jesus Cristo. Podemos estar certos que de cada vez que vemos uma mais completa revelação da bondade de Deus, seremos levados a um mais profundo arrependimento.

Por exemplo, as vidas dos discípulos de Cristo ilustram isto. Antes de vir o Pentecostes, eles tinham visto a glória de Deus no sacrifício de Jesus.  Consequentemente, à medida que eles se aproximavam do derramamento do Espírito Santo, humilharam os seus corações em verdadeiro arrependimento, e confessaram a sua incredulidade. Ora, o que é que produziu este arrependimento neste ponto de tempo? Eles tinham passado os anteriores quarenta dias com Jesus Cristo. Durante esse período, os seus olhos foram abertos. Eles tinham visto a bondade de Deus levou-os ao profundo arrependimento alcançado neles antes do Pentecostes.

Quando o Espírito Santo foi derramado, uma revelação mais rica da bondade de Deus foi dada como está relatado em Actos do Apóstolos, pág. 38.

“O Espírito veio sobre os discípulos, que expectantes oravam, com uma plenitude que alcançou cada coração. O Ser infinito revelou-Se em Poder a Sua igreja.”

Notai aquelas palavras outras vez: “O Ser infinito revelou-se em poder a Sua igreja.”

O que é Deus? Deus é bondade; Deus é justiça.

Recordemos a revelação de Deus a Moisés quando Deus proclamou a Sua bondade. “Pensando, pois, o Senhor perante a sua face, clamou: Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade;” Êxodo 34:6.

Por isso quando vedes Deus, vedes bondade – pura e perfeita bondade. Vedes bondade que leva ao arrependimento. Assim, quando no Pentecostes, Deus Se revelou a Si mesmo em poder à Sua igreja, revelou a Sua bondade. Isto apenas podia ter levado ao arrependimento. E assim foi.

Leiamos um pouco mais em Actos do Apóstolos: “Era como se por séculos esta influência estivesse sendo reprimida, e agora o Céu se regozijasse em poder derramar sobre a igreja as riquezas da graça do Espírito.”

Nesta experiência, a bondade de Deus não foi meramente colocada perante eles, mas foi uma obra feita neles, porque foram derramadas neles as riquezas da graça do Espírito. Ora, o que é a graça de Deus? A Ellen White diz em o Grande Conflito, 392, é o “poder do Espírito Santo, que regenera e alumia,” Assim aqueles homens encontraram-se cheios da graça de Deus no dia de Pentecostes. Por outras palavras, Deus derramou Sua bondade sobre eles, e eles viram a Sua bondade em si mesmos. Qual foi o resultado? Aqui está a resposta.

“E sob a influência do Espírito, palavras de penitência e confissão misturavam-se com cânticos de louvor por pecados perdoados.” Actos dos Apóstolos, Pág. 38. “Soube a influência do Espírito, palavras de penitência e confissão misturavam-se com cânticos de louvor por pecados perdoados. Eram ouvidas palavras de gratidão e de profecia. Todo o Céu se inclinou na contemplação da sabedoria do incomparável e incompreensível amor.”

Ora é o amor de Deus a bondade de Deus? Absolutamente! É a maior manifestação da bondade de Deus. Porque Ele nos ama, Ele é bom para nós. Nós merecemos morrer. Não temos o direito à salvação, mas Deus na Sua incrível bondade estendeu a Sua mão para nos salvar. Os anjos conhecem e compreendem a bondade de Deus, mas eles se maravilham pela forma como Deus nos ama. Mas eles amam aquilo que vêem. Eles apreciam a bondade de Deus. Estão contentes por Deus salvar a humanidade, e eles estão felizes por participarem na maravilhosa obra de salvar o perdido.

Estes anjos que conheciam e admiravam o incomparável amor de Deus, “inclinaram-se para contemplar e adorar a sabedoria do incomparável e incompreensível amor.” Assim o interesse e atenção dos anjos foram completamente cativados no dia do Pentecostes quando testemunharam uma manifestação do amor e bondade de Deus que ultrapassou tudo o que jamais haviam conhecido. E, acerca dos discípulos? Absorveram-se em admiração!

“Absortos em admiração, os apóstolos exclamaram: ‘Nisto está a caridade’!

Que experiência eles certamente tiveram naquele dia! Que nós na nossa imaginação tentemos reviver a cena. Aqui estavam os homens simples.  Agora, eles compreendiam a mensagem da salvação; e podiam regozijar-se nas maravilhas da graça salvadora de Deus. Então sobre desceu a plenitude do poder do Espírito Santo. Isto abriu os seus olhos para contemplarem o amor de Deus como nunca haviam feito antes. A revelação foi tão poderosa, maravilhosa, e completa, que eles se acharam sem palavras com admiração. Eles adoraram o que viram. Eles admiraram-se e maravilharam-se perante isso. As palavras são inadequadas para descreverem essa experiência. Nós nunca saberemos o que eles sentiram e viram até que nós mesmos passemos pelo mesmo terreno.

A chuva temporã foi muito abundante, mas a chuva serôdia, será muito mais ainda. Assim, uma experiência ainda maior espera por nós. Devemos desejá-la e, orar por ela, e asseguremos-vos que ela virá no tempo devido. Assim, a ilustração neste capítulo é muito clara. Quanto mais homens viram a bondade de Deus, mais profundamente entraram no arrependimento. Assim será sempre. Então, se desejamos ter profundo arrependimento, que certamente devemos ter se desejarmos introduzir a justiça eterna, devemos obter visões muito claras acerca da bondade de Deus. Necessitamos de um arrependimento que examinará os nossos corações até ao mais profundo das profundidades. Todo o pecado deve ser encontrado, confessado e afastado. Portanto, devemos ter mais e mais largas visões da bondade de Deus. Como é que obtemos isso? Há apenas uma forma e essa através da comunhão. É pela contemplação que somos transformados. Há uma história no Antigo Testamento que ensina esta verdade poderosamente. É a história de Elias no Monte Carmelo. Nós descreveremos a história no livro Profetas e Reis desde altura em que ele anunciou a seca até à confrontação no Monte.

Israel era uma terra onde manava leite e mel, uma terra maravilhosa e produtiva, mas eles separaram-se das divinas bênçãos por causa das suas persistentes transgressões. Para os salvar dos resultados dos seus pecados, o Senhor enviou uma advertência através do Seu mensageiro, Elias. Com grande fé na Palavra de Deus, Elias marchou para o palácio do rei em Samaria, entrou directamente à presença do rei, sem desafio ou oposição, e entregou a mensagem de que não haveria mais chuva até que eles se arrependessem.

A seca começou imediatamente e desenvolveu-se numa terrível situação. Mas isto não era visível quando Elias ia para Samaria. Foi somente pelo exercício de forte fé no infalível poder da palavra de Deus que Elias apresentou sua mensagem. Não possuísse ele implícita confiança n’Aquele a quem servia, e jamais teria aparecido perante Acabe. Em sua viagem para Samaria, Elias havia passado por correntes sempre a fluírem, montes cobertos de verdura, majestosas florestas que pareciam estar além do alcance da seca. Tudo em que seus olhos repousavam estava coberto de beleza. O profeta podia ter sido levado a duvidar de como poderiam essas fontes que jamais cessaram de fluir tornaram-se secas, ou esses montes e vales serem calcinados pela sequidão. Mas ele não deu lugar à incredulidade. Cris plenamente que Deus humilharia o apóstata Israel, e que mediante juízos eles seriam levados ao arrependimento.” Profetas e Reis, págs, 121,122.

A menos que tenhais vivido numa terra sujeita a secas, nunca podeis imaginar quão terríveis as coisas se podem tornar. Durante esta semana de reuniões por exemplo, nós temos tido bastante chuva. O país está verde, o ar está limpo, e todas as coisas parecem prósperas, mas imaginai se não houvesse chuva durante um mês, depois durante dois messes, seis meses, um ano. Onde estaria então a erva verde, ou o ar fresco, e a prosperidade?

Tudo teria desaparecido!

Nada mais haveria do que solo nu e o ar estaria cheio de poeira. Ventos escaldantes varreriam o país, e fogos violentos arrasariam florestas. O sol seria feio vermelho e apagado, e a terra antes bela tornar-se-ia como um deserto. O gado e ovelhas morreriam aos milhares, as espigas não nasceriam e o sofrimento seria intenso, vasto e terrível.

Eu vim da Austrália, onde temos severas secas, e temos ouvido falar de tremendas secas em África, mas em nada se comparam como que Israel sofreu nos dias de Elias.  Nós não compreendemos quão más as coisas se tornaram em Israel quando foram afligidos por essa seca. Depois de três meses, eles estavam a sofrer, mas não se arrependeram. Passado seis messes, estavam a sofrer muito mais, mas continuaram a não se arrepender. Depois de um ano, dois anos, o seu sofrimento tornou-se cada vez maior, porém continuariam a não se arrepender.

O rei não se arrependeria. A rainha estava mais desafiadora do que nunca. Os sacerdotes de Baal continuaram a rebelar-se contra Deus. O povo em silêncio segui-o na sua impenitência. Não salienta isto o ponto que sofrimento não produz arrependimento? Pode produzir um comportamento controlado, mas não esse arrependimento que afasta o pecado para longe.

Durante alguns meses, ele esteve escondido junto ao ribeiro, em seguida foi para a viúva de Sarepta, onde permaneceu até chegar ao Monte de Carmelo. Quando esse dia fatídico chegou, Elias desafiou os sacerdotes de Baal para que erigissem um altar e fizessem descer fogo para consumir o sacrifício. Todo o dia, tentaram produzir fogo, mas falharam.

Isto podia parecer surpreendente pois Satanás, com certeza tinha poder para enviar fogo para consumir o holocausto, teria gostado de o enviar. “Alegremente Satanás teria vindo em socorro desses a quem havia enganado, e que eram devotados a seu serviço. Alegremente ele teria enviado o fogo para queimar o sacrifício. Mas Jeová havia fixado limites a Satanás- restringira seu poder – e nem todos os artifícios do inimigo podiam lançar sobre o altar de Baal uma única centelha” Profetas e Reis, Pág. 150.

Eu creio que houve uma boa razão para Deus limitar o poder de Satanás na altura. Foi porque Ele tinha ao Seu dispor, um homem de justiça na pessoa de Elias. Eu estou grandemente impressionado com esta facto. Deus nunca faz grande obra neste mundo a menos que tenha sob Seu comando um homem dedicado, de perfeita justiça. Por exemplo, Deus fez coisas maravilhosas em Babilónia porque Daniel tinha a justiça eterna e que não podia cometer um único erro. Por causa do incrível poder em si, ele podia enfrentar o rei.

Semelhantemente, Elias veio ao Monte Carmelo, e é-nos dada alguma ideia do tremendo poder que estava nele, quando ele foi capaz de ficar firme perante o rei e os sacerdotes todo o dia. Se ele não tivesse sido o homem que era, Satanás poderia ter enviado o fogo sobre o altar de Baal, e a causa de Deus teria enfrentado um fracasso. Uma vez mais nós vemos que apenas um homem foi necessário.

Em Babilónia, quatro jovens ficaram firmes contra todo o poder de Babilónia, mas isso foi o suficiente. Eles não puderam ser derrotados. No Monte Carmelo, houve apenas um homem contra toda a nação, mas foi o suficiente. Quando David foi contra Golias, ele levou cinco pedras, mas isso foi mais que suficiente. Uma pedra derrubou o gigante. Ele tinha quatro pedras suplementares. Realmente em Babilónia, quatro jovens foram mais que suficientes. Um teria chegado. Nos últimos dias, se Deus tivesse unicamente um verdadeiro crente, Ele continuaria a ganhar a vitória. Mas, nesse crente o pecado teria acabado, a transgressão finalizada, e a justiça eterna introduzida. E nós com certeza sabemos que nos últimos dias, haverá um pequeno grupo mantendo-se firme na luz, um aqui, dois ali, e outro mais além. Assim será em todo o mundo. Cada crente encontrar-se-á a si mesmo lançado contra aparentes impossibilidades. Ele desejará apoiantes e seguidores que trabalhem consigo. Parecerá que não haverá soldados suficientes do lado de Deus, mas será mais do que suficiente. Como Elias triunfou, assim triunfará o povo final de Deus.

Consideremos agora como Deus podia controlar Satanás de modo que este não podia enviar fogo sobre o altar de Baal como ele gostaria de ter feito. Muitas pessoas vêem na confrontação no Monte Carmelo uma contestação acerca de quem tinha maior poder físico, Deus ou Satanás. Mas o acontecimento no grande conflito não é se Deus é ou não mais forte do que Satanás. A batalha está a ser travada sobre outras questões que não estas. Satanás sabe, tal como nós, que Deus é muito mais forte do que ele. Além disso, Deus não usa as armas da força quando vai fazer uma guerra. Recordemos um ou dois testemunhos confirmando este facto.

“Deus podia haver destruído Satanás e seus adeptos tão facilmente, como se pode atirar um seixo à terra; assim não fez, porém. A rebelião não seria vencida pela força.” O Desejado de Todas as Nações, Pág. 728.

Antes de continuarmos a ler, consideremos o facto que, no Monte de Carmelo nesse dia estavam incontáveis rebeldes. Os seiscentos sacerdotes eram de todos os piores rebeldes. O povo que se juntou ali não estava arrependido. Portanto, eles também estavam em rebelião. Todos estes deviam ser vencidos pelo Senhor. Mas na Sua obra, rebelião não deve ser vencida pela força. Portanto se vemos uma exibição de força da parte de Deus no Monte Carmelo, temos lido mal a história. Tão cedo quanto somos tentados a pensar assim, a palavra de Deus deve salvar-nos da tentação pois o Senhor diz que rebelião não deve ser vencida pela força.

Agora continuamos a ler:

“Poder compulsor só se encontra sob o governo de Satanás. Os princípios do Senhor não são dessa ordem. Sua autoridade baseia-se na bondade, na misericórdia e no amor; e a apresentação desses princípios é o meio a ser empregado.” O Desejado de Todas as Nações, pág 728.

Isto significa que onde quer que vejamos o exercício do poder compulsor vemos Satanás a operar, pois a palavra de Deus diz que “Poder compulsor só se encontra sob o governo de Satanás. Os princípios do Senhor não são dessa ordem. Sua autoridade baseia-se na bondade, na misericórdia e no amor; e a apresentação desses princípios é o meio a ser empregado. O governo de Deus é moral, e verdade e amor devem ser o poder predominante.”

A verdade e o amor devem ser o poder predominante – o poder conquistador. Ora, no Monte Carmelo quem prevaleceu, quem venceu? Foi Deus ou Satanás? Foi Deus que venceu! Foi uma maravilhosa vitória para o Senhor. Na vitória que armas é que Deus usou?  A resposta é: Verdade e amor. “O governo de Deus é moral, e a verdade e amor devem ser o poder predominante.”

Assim, onde quer que vejamos a vitória de Deus, sabemos que Ele não usou poder compulsor ou força, mas a verdade e amor têm sido as Suas armas. O que é verdade e amor? A resposta é: A bondade de Deus, que leva ao arrependimento, que, por sua vez, leva à vitória sobre o pecado.

Portanto, no Monte Carmelo, verdade e amor prevaleceram. Não foi uma disputa entre o poder de Satanás e o poder de Deus, no que diz respeito ao poder físico. Por conseguinte, se Deus não usou a Força no Monte Carmelo, como controlou ele Satanás de modo que o impediu de queimar o sacrifício? Parece que Deus realmente usou poder compulsor para restringir o diabo. Parece com se Deus atasse Satanás de maneira que ele não podia fazer o que desejava. Mas isso não podia ser pois Deus não usa o poder compulsor.

Nós sabemos que Satanás foge da presença de Deus. Ele não pode permanecer onde as forças da justiça estão presentes como estavam na pessoa de Elias nesse dia. Quando Deus protege o Seu povo, o diabo é incapaz de enviar as suas forças destruidoras contra ele. Esta foi a razão pela qual ele não podia enviar fogo contra Sodoma e Gomorra enquanto houvesse ali algumas pessoas justas.

Onde quer que o povo de Deus esteja, está protegido por poderosos anjos. Quando Elizeu estava em Dotã, o seu servo ficou bastante assustado quando viu que a cidade estava cercada pelos soldados inimigos, mas quando os seus olhos foram abertos, ele viu um exército de anjos protegendo-os. Era impossível a Satanás penetrar esta companhia de anjos.

Quando Elias estava no Monte Carmelo cheio de Justiça, um poderoso exército de anjos o assistiam. Eles ocupavam a área, e Satanás não podia penetrar este exército, celestial. Assim Satanás não podia controlar os elementos suficientemente perto para enviar um raio que incendiasse o sacrifício que estava no altar de Baal.

Para esta perfeita protecção ser mantida, Elias tinha que preservar a sua fé tivesse vacilado, as forças das trevas teriam triunfado, e nenhuma vitória teria sido ganha para Deus.

“Foi porque Elias era um homem de grande fé que Deus pôde usá-lo nesta grave crise na história de Israel”. Profetas e Reis Pág,156.

Um homem de grande fé é um homem que tem grande justiça. Elias era um homem assim. Por causa disto, Deus podia usá-lo nesta grave crise em Israel. Durante esse longo dia, ele não ousava perder a sua fé ou a sua justiça, porque, se o fizesse, Satanás teria penetrado na montanha e assim ganharia a vitória. Então Elias teria perdido tanto a batalha como a sua vida.

Agora consideremos o fogo que desceu e consumiu o sacrifício. Elias construiu o altar, colocou a madeira e o sacrifício, então ordenou que tudo fosse saturado com água. Lemos agora em 1 de Reis 18:30-39.

“Então Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; e reparou o altar do Senhor, que estava quebrado.

“Elias tomou doze pedras, conforme ao número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual veio a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o teu nome.

“E com aquelas pedras edificou o altar em nome do Senhor; depois fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente.

“Então armou a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o pôs sobre a lenha.

“E disse: Enchei de água quatro cântaros, e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez;

“De maneira que a água corria ao redor do altar; e até o rego ele encheu de água.

“Sucedeu que, no momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou, e disse: Ó Senhor Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme à tua palavra fiz todas estas coisas.

“Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que tu és o Senhor Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração.

“Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.

“O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!

Por fim, o arrependimento foi alcançado. Perguntamos novamente, O que produziu o arrependimento? A resposta é a bondade de Deus! Assim, o que foi demonstrado nesse dia? A resposta tem que ser, a bondade de Deus! Eles viram-na revelada no fogo e no consumir o sacrifício e do altar.

Geralmente uma pessoa crê que Deus enviou o fogo. Elas crêem que Deus pessoalmente controlou e dirigiu as chamas contra o sacrifício. Pensemos acerca das implicações de acreditar isto. O sacrifício representa a morte de Jesus Cristo. O altar simboliza a cruz do Calvário, o instrumento do sacrifício.

Se esse fogo foi enviado por Deus, temos a falsa ilustração de Deus a destruir o Seu próprio Filho. Deus o Pai, não destruiu Jesus Cristo! Foi o pecado que tirou a vida do Filho de Deus.

Deus é o Deus da verdade. Portanto, não nos seria dada uma falsa ilustração no Monte Carmelo. Ele não Se mostraria como um destruidor de Jesus Cristo quando, de facto, Ele não é o destruidor.

Eu sei que Deus não é destruidor. A prova mais forte disto é encontrada no facto que Jesus permaneceu no lugar do homem sobre a mesma punição. “No instante em que o homem aceitou as tentações de Satanás, e fez aquelas coisas que Deus havia dito que não fizesse, o Filho de Deus, colocou-Se entre a vida e a morte, dizendo, ‘que a punição caia sobre Mim. Eu ficarei no lugar do homem. Ele terá outra oportunidade.’”S.D.A. Bible Comentary 1:1085.

Assim disse Jesus, “Eu tomarei a punição do homem. E ficarei no seu lugar.” Portanto, no Calvário, Cristo sofreu a punição do homem. Ele morreu como o não arrependido morre, apenas tenho que olhar para a cruz para ver como jesus morreu. Eu sei que o mistério da cruz explica todos os outros mistérios. Quando Jesus tomou o lugar do homem, então o Pai tinha que tratá-Lo precisamente da mesma maneira como trata todo o perdido pecador. Portanto, se é Deus que destrói o pecador, então foi Deus que destrui Cristo. Mas Deus não destruiu Cristo, então Deus não destrói o pecador.

O que aconteceu realmente no Calvário? Todo o peso de todos os pecados foi colocado sobre Ele. Ele tornou-se desse modo o maior pecador que jamais viveu e, e como tal, atraiu a Si a punição do pecado como nenhum outro jamais atraiu. Isto não foi assim por causa do Seu pecado, pois Ele nenhum tinha que fosse propriamente Seu. Mas, quando Ele tomou os nossos pecados, tomou-os como se fossem cometidos por Si. Por isso, na cruz, Cristo tornou-Se o maior de todos os pecadores, e Deus não tinha escolha senão relacionar-Se com Ele como tal. Por conseguinte, na forma como Deus Se relacionou com Cristo, o maior de todos os pecadores, está a revelação do modo como Deus Se relaciona com todos os pecadores.

Deus não destrui Cristo, pois “Deus não fica em relação ao pecador como executor da sentença contra a transgressão; mas deixa entregues a si mesmos os que rejeitam Sua misericórdia, para colherem aquilo que semearam.” O grande Conflito, pág.33.

Assim, Deus não é o executor. Em vez disso, Ele deixa o pecador entregue a si mesmo para colher aquilo que semeou. Deste modo o pecador não arrependido é deixado exposto ao sofrimento e morte que ele próprio trouxe sobre si mesmo. Na realidade Deus não deixa o pecador, mas é o pecador que O deixa. Nós próprios nos separamos da Sua misericórdia e protecção, em seguida nada há que nos possa salvar do poder destruidor do pecado. Mas embora reconheçamos a nossa necessidade de salvação, e arrependimento dos nossos pecados, Cristo morreu a morte que nós merecemos. Isto é o que o povo viu no Monte de Carmelo. Eles viram que o fogo devia consumi-los. Eles eram pecadores, tinham-se rebelado contra Deus e mereciam morrer. Mas eles viram o fogo destruidor o sacríficio. Esta ra uma verdadeira ilustração do plano da salvação, no qual a bondade de Deus é revelada no seu brilho mais radiante.

Nós sabemos que o povo viu a bondade de Deus nesse dia porque se arrependeu. Eles devem ter visto o evangelho revelado quando o fogo desceu e queimou o bezerro, a lenha, as pedras, o pó, e a água, sem apesar disso lhes tocar, à ordem de Elias, eles tinham que se aproximar do altar.

Voltemos a nossa atenção para o fogo e reconheçamos que foi um fogo extraordinário. Temos visto fogos suficientemente fortes para queimar corpos e madeira molhada, mas nunca vimos um fogo com a capacidade para completamente queimar as pedras em poucos minutos. Tão totalmente esse fogo consumiu tudo, que nem mesmo pó restou. O sacrifício desapareceu, a lenha estava queimada, as pedras desapareceram, a água dissipou-se, e mesmo o pó havia sido queimado.

Já alguma vez viste um tal tipo de fogo? Eu não vi!

Esse deve ser o fogo que arderá no final do milénio. Suponhamos que o povo tinha sido queimado nesse dia, tal como merecia. O que é que teria restado deles: A resposta é: Nada! Não teria havido corpos, nem mesmo cinzas. Nenhum traço de qualquer espécie teria restado.

Eu tenho visto fotografias dos resultados de fogos florestais em que pessoas foram queimadas até morrerem. Aqueles fogos são extremamente violentos, mas eles não consomem os corpos que continuam a ser reconhecidos como corpos. Mas se o fogo do Monte Carmelo tivesse queimado aquelas pessoas, não teria deixado qualquer traço, nem mesmo cinzas. Teria sido inteira, completa, e total destruição. Teria sido como se nunca tivesse existido.

Mas o fogo não lhes tocou, mas consumiu o sacrifício em seu lugar, e nesse dia, experimentaram uma salvação pessoal da morte. Viram Deus como seu Salvador e não como seu destruidor. Viram-n’O morrer no seu lugar, e na ferocidade do fogo, obtiveram um novo conceito da intensidade dos sofrimentos de Cristo em seu favor. Assim contemplaram a bondade de Deus e arrependeram-se.

Donde veio então o fogo se não veio de Deus? Alguns podem dizer que deve ter vindo de Satanás porque ele é o destruidor. Mas não veio dele directamente, nem, tal como vimos, veio directamente de Deus também. Veio de Deus num certo sentido. Veio no sentido em que Ele é o Criador do fogo. Vejamos Apocalipse 20:9. “Mas desceu fogo de Deus e os devorou.”

Algumas pessoas compreendem estas palavras como significando que Deus pessoalmente envia fogo o fogo dos ímpios. Mas, Deus não é o destruidor, assim nós necessitamos de compreender em que sentido o fogo vem d’Ele.

Que o problema seja ilustrado do seguinte modo. Um homem é um fabricante de facas as quais vende para utilização útil. Porém, um assassino toma uma destas facas e mata alguém com ela. Pode ser dito que a faca que veio do fabricante matou o homem, mas isto não faz o fabricante um homicida.

Semelhantemente, o fogo vem de Deus. Não pde vir de outra fonte porque Deus é o Único Criador. Nós não podemos viver sem fogo. Um fogo arde continuamente nos nossos corpos. Quando o fogo irrompe nós morremos. O fogo mantém os vossos automóveis em movimento, faz as árvores crescer, e nós temos que ter um sol escaldante para promover o nosso crescimento e manter-nos quentes. Ora, Deus não fez esse fogo de Deus consumirá os ímpios no final. Podemos dizer isto no sentido que Deus o criou, e, portanto, vem d’Ele. Mas ele sairá do Seu controlo por causa dos pecados dos homens, e então tornar-se-á um destruidor.

Assim o fogo do Monte Carmelo veio indirectamente de Deus. Nem veio ele diretamente de Satanás. Não podia ter vindo porque, devido à presença de divina, Satanás não era capaz de estar presente na cena. Além disso não teria servido o propósito de Satanás trazer fogo ao altar que mostrava o plano da salvação. O único fogo que ele teria enviado seria para o altar de Baal, e não para o altar de Deus.

Em que sentido trouxe ele o fogo indirectamente? Quando Satanás levou Adão e Eva ao pecado, grandes, apesar de invisíveis mudanças ocorreram na natureza. A única razão porque elas não podiam ser vistas foi porque Deus mantinha a natureza sob controlo. Aparentemente, toda a natureza está preparada para explodir em chamas em qualquer momento e fá-lo-ia se não fosse o poder controlador de Deus. No Monte Carmelo, ao pedido de Elias, e para fornecer uma ilustração do evangelho, Deus libertou o Seu poder controlador numa pequena área. Assim Ele deu uma pequena demonstração do que teria acontecido a todo o mundo.

Esse fogo foi uma ilustração do nosso pecado fazendo a sua obra de destruição. O povo viu do que estava sendo salvo e isso levou-os ao arrependimento.

 

 

 



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