Um pastor religioso tinha em vão trabalhado para encaminhar algumas almas extraviada, mas elas eram muito obstinadas e não o olhavam de frente. Ele tinha na realidade feito o seu melhor para que elas vissem o seu erro, mas agora todos os seus meios estavam esgotados, finalmente perdeu a paciência. Muitos de nós temos testemunhado e experimentado situações como esta. Muitas pessoas pensam que irar-se é semelhança com Cristo, pois não há limite mesmo para a paciência de Deus? Para muitos cristãos irar-se de vez em quando é justificado se for por uma causa justa. Para eles é essa “ira santa” que Deus também expressa de tempos a tempos.
A longa corrente de mal que circulou através dos séculos
desta corrupta fonte – um falso conceito da ira de Deus – tem sido um efeito
intrínseco na raça humana e no povo de Deus em particular. Agora chegou a
altura de purificar esta fonte corrupta. A verdade liberta. É a verdade da
compreensão da ira de Deus que libertará o povo de Deus dos últimos traços de
intolerância e que também irá desmascarar as falsas reivindicações de uma ira
santa que é usada para executar e disfarçar temperamentos não cristãos.
Existe um a coisa como ira justificada. É um tributo do carácter
de Deus que é revelado nas Escrituras pelo Espírito Santo, Para aqueles que
aceitarem a mensagem da justiça de Cristo e têm uma vida de vitória, uma coisa
é certa: ira Santa não pode ser revelação emocional de forte sentimento nem esse
temperamento irracional ao qual todos fomos submetidos em tempos passados quando
andávamos de acordo com o caminho deste mundo e do diabo, quando eramos ainda
por natureza “filhos da ira”. Efésios 2:1,2
Vendo que há uma indignação que é justificável, uma ira
nascida de sensibilidades morais que não é pecaminosa (DTN 292, Salmos 103:8,
Jonas 4:2), e sobretudo, vendo que os gloriosos atributos do carácter de Deus,
incluindo ira divina, nunca foram totalmente compreendidos, fazemos a pergunta:
O que é ira santa? Esta não é uma pergunta vã como pode parecer a alguns que,
olhando para o mau temperamento da sua própria experiência instável, pensam que
sabem o que é a ira de Deus. “Ira é ira”, eles simplificam, esquecendo que Deus
não é homem, esquecendo que a palavra de Deus e não a vida do homem pecaminoso
nos deve dizer o que é ira de Deus.
Isaías 40:5 fala da última mensagem de Deus ao mundo: “e a
glória do Senhor se manifestará e toda a carne juntamente verá.” O que quer
isto dizer e exactamente? O versículo seguinte diz-nos: “Voz que diz: clama; e
alguém disse: Que hei-de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como
as flores do campo. “Seca-se a erva, e caem as flores, mas, a palavra de nosso
Deus subsiste eternamente.” Podemos saber dos versículos 3-5 que esta “voz no
deserto” prega a mensagem do evangelho da glória do carácter de Deus como vista
no carácter de Cristo. Dos versículos 6-8 onde o homem é simbolizado como erva
que seca sob o Espírito de Deus, podemos ver que esta mensagem é também de
julgamento.
Devemos ser proclamadores dos terríveis juízos de Deus.
Devemos ser essa voz no deserto, portanto devemos estar totalmente
familiarizados com a verdadeira natureza destes juízos. É por isto que estamos
a estudar a natureza da ira de Deus.
Há outro lugar na Bíblia em que a erva é usada como um símbolo
apropriado para descrever a vida do homem. Aqui encontramos valiosa informação
quanto à natureza da ira de Deu. Começamos a ler em Salmos 90:3-6: “Tu reduzes
o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque mil anos
são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu
os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva
que cresce. De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca.”
Duas escolas de pensamento estão sempre presentes na grande
controvérsia entre o erro e a verdade. A coisa perplexa para aqueles que não
investigam pessoalmente as Escrituras, é que ambos os lados se apoiam nas
Escritura! O inimigo da verdade sempre usou a Bíblia para a promover a sua
causa. Como é que uma pessoa pode saber quem está certo sob tais confusas
circunstâncias? Por este princípio: O inimigo da verdade apenas usará alguns textos
para explicar a sua teologia enquanto que os defensores da verdade usarão todos
os textos que podem para encontrar para formas a compreensão da sua teologia.
Um exemplo típico disto encontra-se no Salmo 90:3-7. “Tu
reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque
mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da
noite. Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são
como a erva que cresce. De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca.
Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados.”
A questão controversa a ser respondida é: Destrói Deus o
homem na Sua santa ira? Apontando para os versículos 3 e 7, Satanás proclama
que Deus certamente o faz. Muitas pessoas acreditam nisso porque a afirmação
está baseada na Escritura. Passam por alto o facto que o inimigo, como quando
tentou Cristo no deserto, apenas usou alguma coisa, mas nunca tudo das
Escrituras. A fim de combater a verdade, alguma importante palavra, palavras,
ou textos são deixados fora da apresentação. Se se lê apenas o Salmo 90:3-7,
pensar-se-ia certamente da ira de Deus e da destruição do homem do modo satânico.
Isto nunca acontecerá, se estudar não apenas os textos que parecem defender as
nossas ideias preconcebidas, mas todos os textos que podemos encontrar que
dizem respeito ao assunto.
O versículo 9 repete o pensamento da ira de Deus: “Pois
todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos
como um conto que se conta.” Então vêm as bem conhecidas palavras no versículo
10 “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua
robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo
se corta e vamos voando.”
Que espantoso! A Bíblia é o seu próprio interprete. Ela
explica como Deus torna o homem em destruição e como somos consumidos pela ira
de Deus. A não ser que insistamos em guardar a nossa própria interpretação,
estas palavras são uma descrição da ira e destruição de Deus: Ele deixa-nos morrer
depois de setenta anos. Ele deixa-nos morrer, não nos mata, pois “pela sua
robustez” alguns chegam a oitenta anos. E então o Senhor deixa-os morrer
também. Se Deus está irado (e é um destruidor) no modo escriturístico no qual o
homem supões que Ele está, esta robustez” do homem, razão pela qual continua a
viver, teria que ser tão grande que o homem pudesse prevalecer uma considerável
quantidade de tempo contra a fúria de um irado, mas apesar de tudo, fraco Deus.
Esta é uma teologia impossível, portanto devemos voltar-nos para a Palavra da
verdade, onde está a única acurada interpretação exacta da ira divina.
Em todo o contexto do Salmo 90, esta é a ira de Deus: Ele
permite o mal, deixa o homem morrer. Mas quem acredita que isto é a ira de
Deus? “Quem conhece o poder da Tua ira?” versículo 11. Dificilmente alguém
diferente. O Deus do homem está formado de acordo com a sua própria imagem, Um
que se enfurece como o diabo quando está irado, não um como está ilustrado
nesta Escritura cuja ira é algo muito diferente. “ensina-nos a contar os nossos
dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” “Pois todos os nossos
dias vão passando na Tua indignação.” Versículo 12.
A ira de Deus deve ser essa disposição divina em que Ele
permite o mal – não – alegremente, não com desprezo, enfurecido ou ressentido,
mas tristemente – sabendo que foi feito tudo quanto podia ter sido feito para o
impedir todo o mal, deixa-o vir. Ao estudarmos o modo pelo qual a Bíblia que é
sempre a mesma coisa. A Bíblia fala dos israelitas durante o reinado de Nabucodonosor
como mortos na ira de Deus: “Porque para a minha ira e para o meu furor me tem
sido esta cidade, desde o dia em que a edificaram, e até ao dia de hoje, para
que a tirasse da minha presença; Por causa de toda a maldade dos filhos de
Israel, e dos filhos de Judá, que fizeram, para me provocarem à ira, eles e os
seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes, e os seus profetas, como
também os homens de Judá e os moradores de Jerusalém.
“Porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca das
casas desta cidade, e das casas dos reis de Judá, que foram derrubadas com os
aríetes e à espada. Eles entraram a pelejar contra os caldeus, mas isso é para
os encher de cadáveres de homens, que feri na minha ira e no meu furor; porquanto
escondi o meu rosto desta cidade, por causa de toda a sua maldade.” Jeremias
33:4,5.
Deus permitiu aos cruéis Babilónicos que destruíssem os
israelitas afastando a Sua face deles. Isto é ira de Deus. Isto é como Ele os matou.
Exactamente a mesma coisa aconteceu com o rei Saul: “Assim morreu Saul por
causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da palavra do
Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a
consultar. E não buscou ao Senhor, que por isso o matou, e transferiu o reino a
Davi, filho de Jessé.” 1Crónicas
10:13,14.
Como podemos saber com certeza, que Deus matou Saul apenas
afastando Sua face dele? Do mesmo modo pelo qual a Bíblia se interpreta a si
mesma. A palavra de Deus diz-nos que Saul se matou a si mesmo! “Então disse
Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ela; para que
porventura não venham estes incircuncisos e escarneçam de mim. Porém o seu
escudeiro não quis, porque temia muito; então tomou Saul a espada, e se lançou
sobre ela.” Versículo 4 De novo, Deus apenas o permitiu. Como nestes dois
exemplos, assim acontece com todos os pecadores em todos os tempos.
O pecado é a causa de toda a doença e da morte do homem
viva ele até aos setenta ou oitenta anos. Deus gostaria de impedir a morte, mas
Ele apenas o pode fazer indo à raiz do problema e isso é redimindo o homem do
pecado. Apenas quando isto estiver totalmente feito, pode Ele impedir a doença
e a morte.
Se os cristãos aceitassem completamente a justiça de Cristo
pela fé e também deixassem totalmente de pecar, Deus levá-los-ia para a
eternidade. Seriam transladados tal como Enoque que andava com Deus. O problema
é que o povo de Deus em geral, não alcança este elevado fim. Têm sido vagarosos
em pôr de lado o pecado conhecido e consequentemente não reconheceram os seus
pecados desconhecidos que também têm que ser postos de lado. Esta é a razão
para a ira de Deus – a razão porque Deus não pode impedir a morte.
Notai as palavras “Pois somos consumidos pela tua ira, e
pelo teu furor somos angustiados. Diante de ti puseste as nossas iniquidades,
os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto. Pois todos os nossos dias vão
passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta.”
Salmos 90:7-9.
Lutero traduz “pecados ocultos” como unerkannte Sunde – pecado
desconhecido. Quando todos os pecados conhecidos e desconhecidos forem
compreendidos e postos de lado pela fé, o povo de Deus será transladado sem ver
a morte. Enquanto o pecado desconhecido estiver presente há uma igual
quantidade de ira de Deus presente; “ensina-nos a contar os nossos dias.”
O Salmo 90 fala do povo de Deus em particular: “somos
consumidos”, “as nossas Iniquidades”, “os nossos dias vão passando”, “ensina-nos”,
“apareça a Tua obra aos teus servos”.
De modo que pode ser dito que os filhos de Deus são
consumidos pela ira de Deus? Não contradiz isto Romanos 8:1 “Portanto, agora
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo
a carne, mas segundo o Espírito.” Não há condenação porque todos os seus
pecados conhecidos e a sua pecamonisidade estão cobertos pela justiça imputada de
Cristo e correspondentemente a justiça de Cristo é-lhes imputada, para os
guardar de caírem de novo nos seus velhos caminhos.
Os seus pecados desconhecidos e pecamonisidade não incorrem
em condenação por causa da justiça imputada de Cristo. Mas a ira de Deus ou
indignação, no sentido do Salmo 90, permite-nos morrer na idade determinada e
durará enquanto o pecado -seja conhecido ou não, estiver presente. Ele permite
a morte, não porque a deseje, mas porque, como vimos no estudo das primícias da
ressurreição, não há outro modo; têm que esperar nas sepulturas até que os
144.000. as primícias com Cristo, estejam perfeitos e sem pecado – conhecido e
desconhecido. Não são perfeitos pela sua própria força, mas pela verdade. (João
17:17). E qual é a Última mensagem de verdade dada ao mundo para trazer os
filhos de Deus à perfeição? “Os últimos raios da luz misericordiosa, a última
mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do carácter do amor
divino”.” Parábolas de Jesus 415.
Isto é o que lemos exactamente no Salmo 90:16. “Apareça a
tua obra aos teus servos, e a tua glória sobre seus filhos.” Quando a “Luz da
Sua glória” – o Seu carácter brilhar totalmente sobre os seus seguidores, não
haverá mais “pecado oculto (desconhecido)”, nem mais ira, nem mais morte. Oh,
que essa condição possa ser adquirida em breve pelos servos de Deus! “Sacia-nos de madrugada com a Tua benignidade”
que lágrimas, doença e morte não existem mais – “e nos alegremos todos os
nossos dias.” Versículo 14. “Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e
pelos anos em que vimos o mal.” Versículo 15. Nós queremos sair deste maligno
vale de morte agora. Pela luz do carácter de Deus, todo o pecado ainda segurando
o povo de Deus aqui, não importa quão desconhecido possa ser, será revelado e
posto de parte. Portanto, “seja sobre n´s a graça do Senhor, nosso Deus.” Salmo
90:17
Esta ilustração da ira de Deus é a única ilustração
perfeitamente harmonizada com a maior revelação do carácter de Deus jamais dada
ao homem – a luz que flui da cruz do Calvário. Toda a gente compreende estas
palavras: “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades;
o castigo que nos trás a paz estava sobre Ele: e pelas Suas pisaduras fomos
sarados.” “Todavia , ao Senhor agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar .” Isaías 5:10
“Ele, o que leva sobre Si os pecados, sofre a ira da
Justiça divina …” O DTN 726. Caiu alguém tão baixo que compreenda a ira de Deus
nestes exemplos como a fúria do Pai virando-se contra o Filho? Não, nunca! Na
cruz, mesmo o mais fraco de nós pode aprender a compreender Deus e Sua ira de
um modo diferente. A Ira santa de Deus aqui, é a mesma ilustrada no Salmo 90.
Ele permite que o mal aconteça. Essa é a Sua ira, mas, “quem deu crédito á
nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor?” Isaías 53:1, e “quem conhece o poder da Tua
ira?” Salmo 90:11. Possa o povo de Deus acreditar agora. Possam conhecê-lo e
dá-lo a conhecer ao mundo de modo que “a glória do Senhor se manifestará, e
toda a carne juntamente verá que foi a boca do Senhor que isto disse.” Isaías
40:5.
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