Porquê Um Quarto Anjo Separado?
F.T. Wright
Publicado em: The
Messenger and News Review, Novembro de 1977
Tradução
JFernandes
2021
Conteúdo
O |
livro do Apocalipse é um livro de setes – sete igrejas, sete selos, sete trombetas, sete pragas e sete anjos. Mas enquanto que, nos casos das igrejas, dos selos, das trombetas e pragas, cada um dos sete vem em ordem directa de sequência na apresentação, não é assim com os sete anjos. Os três primeiros são apresentados em Apocalipse 14. O quarto encontra-se no capítulo 18, depois do que é necessário regressar ao capítulo 14 para encontrar os últimos três.
Coloca-se então uma
questão natural sobre o porquê disto ser assim. Na medida em que nada nas
Escrituras é feito sem significado e propósito, não é acidental. Há uma boa
razão para isso e compreender que a razão ajudará muito na preparação para o
conflito final.
Ela também removerá um
certo mal-estar decorrente de estar ciente de que aqui está algo um pouco
diferente do padrão do resto do Apocalipse. Esse mal-estar será
substituído pela garantia de que a obra de Deus está muito perto da conclusão e
que o Senhor tem tudo a decorrer conforme a Sua sabedoria e padrão divinos.
Será visto que Ele previu e fez provisão para todas as exigências.
A compreensão da razão
pela qual o quarto anjo está separado dos outros seis é obtida pela busca do
propósito específico pretendido por Deus em cada um dos três primeiros anjos em
particular. Deus enviou-os para realizar individual e colectivamente uma obra
em que o grande conflito poderia ser levado ao fim. Isto deve ser claramente
conhecido pelo povo de Deus que se dedicou à realização desse maravilhoso
propósito.
A Plenitude do Tempo
O tempo do fim começou em
1798. Foi nesse ano, de acordo com Daniel 12:6-12, que aquelas coisas a
que o revelador celestial se referiu como o “fim destas maravilhas” chegaram ao
fim. Como mostra um estudo cuidadoso de Daniel e outras partes das
Escrituras, estas maravilhas eram a capacidade do homem do pecado para:
·
Tirar o sacrifício
contínuo,
·
Derrubar o lugar do santuário,
e
·
Pisar aos pés o povo de
Deus.
Isto nunca deveria ter
acontecido, pois o poderoso poder de Deus está disponível para o Seu povo.
Enquanto isto continuasse de século em século, a obra de Deus certamente não
podia ser terminada e não foi.
Mas chegou o tempo em que
Babilónia não mais será capaz de derrubar o santuário, tirar o sacrifício
contínuo e pisar o povo de Deus. Uma vez alcançado isso em 1798, então estavam
lançadas as condições para finalizar a obra. O fim destas maravilhas começou o tempo
do fim.
Por isso Deus enviou, por
sua vez, os anjos dos quais até agora chegaram os quatro primeiros para fazer a
sua obra. Os restantes três não podem aparecer até que o trabalho destes quatro
primeiros tenha terminado. Esta última obra final envolve a completa derrota do
homem do pecado em quem está o espírito do mistério da iniquidade. As armas
pelas quais essa vitória será obtida é a revelação do evangelho de Jesus
Cristo, que é o poder de Deus.
Para esse efeito veio o
primeiro anjo com aquele evangelho tal como está escrito:
“E vi outro anjo voar pelo
meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre
a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo.” Apocalipse 14:6.
Este primeiro anjo
vem tendo o evangelho eterno e que ele por sua vez prega ao mundo inteiro.
Nesse evangelho está toda a mensagem para a humanidade. Não há outra e não pode
haver outra.
É um erro grave segmentar
as Escrituras em áreas temáticas: história, doutrina, profecia, genealogia, lei
e evangelho. Tudo é o evangelho. Portanto, se a profecia fosse ensinada como
Deus pretendia que fosse, então, seria apenas o ensinamento do evangelho de
Cristo.
Assim é com história,
doutrina e qualquer outro tipo de revelação bíblica. O cristão, como Paulo, não
tem mais nada para pregar a não ser o evangelho. Ele disse aos coríntios:
“Porque nada me propus
saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” 1 Coríntios
2:2.
Ele limitou a sua
pregação por causa da natureza da sua comissão, dando testemunho da sua vocação
nestas palavras:
“Porque Cristo
enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de
palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.” 1 Coríntios
1:17.
Cristo não tinha
recomendado a Paulo que pregasse o evangelho juntamente com outras coisas. Ele
mandou-o pregar o evangelho e nada mais. Não há dúvida quanto a isto, pois ele
testemunhou aos coríntios que só pregaria o evangelho. Ao fazê-lo, estava a
cumprir de forma exacta e fiel a sua comissão, sem acrescentar nem diminuir
aquilo que tinha sido chamado a fazer.
A comissão dada a Paulo é
exactamente a mesma comissão dada a todos os cristãos. Foi expressa em termos
explícitos por Cristo pouco antes da Sua partida desta Terra.
“E disse-lhes: Ide por
todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15.
Este é o trabalho que
o Senhor tem dado a cada um dos Seus filhos. É pregar o evangelho e nada mais
além disso. Como Paulo, estamos determinados a não saber nada entre aqueles que
nos ouvem, a não ser Cristo e Ele crucificado. Este ponto é fortemente e
claramente apresentado por E.J. Waggoner em Estudos Bíblicos Sobre o Livro
dos Romanos, 47-49 (Capítulo 16). Recomenda-se que seja dado tempo a
estudar esta referência em ligação com este estudo.
Então, Porquê o Segundo Anjo?
A razão para realçar que a
única mensagem que o povo de Deus tem de pregar nestes últimos dias ou em
qualquer outro, é mostrar a importância de perguntar por que o segundo anjo
seguiu o primeiro. É tão importante compreender a verdadeira natureza e o
trabalho do segundo anjo como conhecer o primeiro. Caso contrário,
verificaremos que pregamos outra coisa que não é o evangelho.
Por isso, coloca-se a
questão:
“Se o primeiro anjo traz o evangelho e este é tudo o que
temos que pregar, então o que traz o segundo anjo?”
Não pode ser outro
evangelho, ou simplesmente uma repetição do que trouxe o primeiro, nem pode ser
qualquer outra mensagem para além do evangelho. O facto de o primeiro anjo ter
trazido o evangelho, que é a única coisa que devemos pregar, deixa claro que o
primeiro trouxe a mensagem final à humanidade e que nenhum outro anjo é
necessário.
Ainda assim, é necessário
o segundo anjo. Deus nunca enviaria um anjo adicional a menos que fosse
necessário. Portanto, o facto de Deus ter enviado outro anjo é a prova de que
ele era necessário. Qual a razão para ele ser necessário? O que é que o segundo
anjo traz que é tão essencial para terminar a obra sem ser uma mensagem adicional
ao evangelho?
Para responder à pergunta
simplesmente deve dizer-se que o segundo anuncia o resultado da pregação do
primeiro. Isto não devia realmente ser necessário e não seria não fosse a
lentidão das perceções do povo de Deus. Mas ele precisava de confirmação e
orientação, pois a pregação do evangelho traz certos resultados que o povo tem
dificuldade em compreender e aceitar.
Uma simples pesquisa dos
resultados da obra do primeiro anjo mostrará a necessidade para a vinda do
segundo. Quando o primeiro anjo veio ao povo das igrejas em 1833 e depois, encontrou-o
num estado de apostasia. Tinham perdido a sua ligação vital com Deus, embora
ainda professassem ser o Seu povo e O venerassem. Fizeram das aparências
exteriores, uma profissão bastante convincente. Mas dentro deles estava o
espírito de Babilónia que é o espírito do mistério da iniquidade.
É preciso sublinhar que
Babilónia não passou a existir como resultado da rejeição da mensagem do
primeiro anjo. O segundo anjo diz que Babilónia cai. Portanto, ela já tinha que
ali estar para depois cair. Então, o que é Babilónia?
A esta pergunta muitos
responderiam:
•
No tempo de Daniel era uma
grande cidade nas margens do Eufrates;
•
Nos dias de João era Roma
pagã;
•
No tempo de Lutero era o
papado;
•
E hoje, ela inclui todas
as igrejas de denominacionais caídas.
Nesta resposta, está a ser
feita referência a grandes organizações e é verdade que elas são Babilónia. Mas
um exame mais profundo e mais perceptivo revelará que estas organizações são
apenas a combinação dos esforços de milhares de pessoas que possuem o espírito
de Babilónia. Dentro delas estão certas ambições, impulsos, e o compromisso com
determinadas formas de concretizar essas aspirações. Esta é a verdadeira
Babilónia.
Onde quer que esse
espírito seja encontrado, aí se encontra a Babilónia, seja num único indivíduo
ou em dez mil vezes dez mil que estejam unidos para efectuar o domínio mundial.
Tão subtil é este espírito que pode estar presente mesmo dentro daqueles que
saíram dessas organizações e se juntam ao verdadeiro povo de Deus.
O primeiro em que o espírito de Babilónia se desenvolveu
foi Lúcifer enquanto ainda estava no Céu e ela surgiu desta forma:
1.
A verdade, que “o justo
viverá pela fé”, é tão verdadeira no Céu como na Terra. Portanto, os justos no
Céu vivem pela fé nas promessas de Deus, da mesma maneira como os justos na
Terra vivem pelas promessas de Deus.
2.
Uma dessas promessas para
Lúcifer era que lhe seria atribuído um lugar no governo do Universo
proporcional ao seu desenvolvimento espiritual, físico, mental e social. Com
certeza infalível, ele havia confirmado o cumprimento dessa promessa até ocupar
o lugar mais elevado disponível para um anjo.
3.
Todavia, o orgulho deu-lhe
uma visão aumentada do seu valor levando-o a esperar que Deus lhe desse um
lugar ainda mais elevado, acima do possível a um anjo. Deus não podia fazer
isto. Mas a promessa não tinha falhado. Lúcifer estava a pedir a Deus que
fizesse mais do que tinha prometido.
4.
No entanto, Lúcifer
esperou na expectativa de que Deus o fizesse até que o passar do tempo o levou
a duvidar, e depois a perder totalmente a esperança de que Ele o faria.
5.
A fé em Deus foi então
substituída pela fé em si mesmo. Já não podia acreditar que o Senhor se
importasse com ele. Acreditava que agora devia fazer por si a obra que Deus
prometera fazer por ele.
6.
Deste modo, a criatura
tirou das mãos de Deus o trabalho que só Deus podia fazer e começou a
manifestação do mistério da iniquidade.
Logo que Satanás ganhou
acesso a Adão e Eva no Jardim, trabalhou para incutir o mesmo espírito neles. Ele
argumentou a Eva que o Senhor nunca cumpriria a promessa de os tornar
semelhantes a Ele porque os próprios meios pelos quais isso devia ser realizado
lhes foi negado – aquela árvore do conhecimento do bem e do mal.
Isto era uma mentira, mas
Eva acreditou. Assim, ela perdeu a fé em Deus e respondeu às sugestões do diabo
de que o Senhor não o faria por ela e, em vez disso, ela tinha de o fazer por
si mesma. Ela colocou-se no lugar de Deus, tomando ela própria o trabalho de
Deus para si mesma, e o mistério da iniquidade foi estabelecido nesta Terra.
Saul, o primeiro rei de
Israel, exibiu o mesmo espírito quando perdeu a paciência enquanto esperava que
Samuel viesse oferecer o sacrifício, oferecendo-o ele mesmo.
Semelhantemente, Judas
que, convencido de que Cristo deveria ser o Messias, mas frustrado porque
Cristo não usou o enorme poder que tinha para Se tornar rei, decidiu tomar a
obra nas suas próprias mãos. Ele traiu Cristo entregando-O aos judeus,
convencido de que isso criaria uma situação que obrigaria Jesus confirmar a realeza.
Foi porque o plano falhou que Judas se enforcou em desespero.[1]
Este é o caminho do homem
do pecado. É colocar o homem no lugar de Deus, simplesmente porque ele tem mais
fé em si mesmo do que no Deus que o criou. É sempre o mistério da iniquidade e sempre
leva ao sofrimento, à enfermidade, à violência, à morte e à separação total de
Deus. É o mal do princípio ao fim, no entanto, é o caminho universal do homem
não convertido e das igrejas apóstatas em particular.
O Evangelho é a Resposta
O evangelho é a revelação
do mistério de Deus. Esta é a completa e única resposta para o mistério da
iniquidade. As igrejas em1833 estavam num triste estado de apostasia em que o
espírito de Babilónia estava presente. Os homens tinham-se colocado no lugar de
Deus e precisavam desesperadamente de um regresso a Deus. Então, Deus
enviou-lhes o primeiro anjo com a revelação do evangelho de Cristo. A grande
maioria recusou-se a desviar-se dos seus caminhos de incredulidade e
autossuficiência e, consequentemente, sofreu uma queda moral de consequências
terríveis.
Mas houve os que atenderam
ao convite da misericórdia e neles foi feito uma maravilhosa obra. O evangelho
trouxe a queda da Babilónia de dentro deles, de modo que o mistério da
iniquidade deixou de reinar neles e passaram a viver pela simples confiante fé
em Deus. Tinha-se operado uma grande mudança neles, uma mudança maior do que
eles eram verdadeiramente capazes de apreciar.
Ao mesmo tempo, aqueles
que recusaram a mensagem sofreram uma queda terrível. Mas como caíram mais
ainda nos caminhos da incredulidade, que já era o padrão familiar nas suas
vidas, nem sequer sabiam que tinham caído. Pelo contrário, estavam inclinados a
pensar que tinham crescido naquilo que acreditavam ser os caminhos de Deus.
Este é o pernicioso e
insidioso engano dos caminhos do mistério da iniquidade, pois ele leva os
homens que se colocaram no lugar de Deus, a pensar que estão a trabalhar
poderosamente por Deus. Portanto, embora pensem que se aproximaram de Deus, na
verdade separaram-se ainda mais d’Ele.
Assim, em 1844, tinha sido
criado um grande abismo entre aqueles que tinham aceitado a mensagem e de
dentro de quem Babilónia tinha sido destronada, e aqueles que tinham rejeitado
a mensagem e tinham caído com Babilónia num estado ainda mais triste de
apostasia.
Era agora impossível
qualquer possibilidade de comunhão ou de uma relação de trabalho entre estes
dois grupos como a comunhão que haviam conhecido durante os anos anteriores. A
separação era a única saída para cada um deles. Mas foi difícil para o povo de
Deus entender isto. Não compreenderam todas as implicações de tudo o que lhes
tinha acontecido, tanto a eles como aos que rejeitaram a mensagem. Além disso,
tinha-lhes sido ensinado toda a vida que “o bom navio estava a passar com
sucesso” e que o pior tipo de pecado era separar-se dele.
Portanto, o povo de Deus
precisava de instrução para abrir os olhos para a verdadeira natureza da
situação que agora se tinha desenvolvido e informá-los de que a vontade de Deus
era eles se separarem das igrejas caídas.
Esta é a tarefa do segundo
anjo. Ele não traz uma mensagem adicional para além da primeira. Ele
simplesmente diz ao povo de Deus o que o primeiro tinha realizado e o que eles
deviam agora fazer com a mensagem do primeiro, uma vez que ele ainda não havia
acabado a sua obra. O primeiro continua enquanto o segundo se junta a ele.
Um Trabalho Progressivo
O primeiro anjo não
completou o seu trabalho e depois deixou o campo para o segundo. Mesmo apesar
de ser dito que o espírito do mistério da iniquidade saiu de dentro deles,
todos os vestígios desse espírito ainda não tinham sido retirados.
Além disso, há uma
constante tentação de voltar a ela, uma tentação à qual muitos sucumbem. Um
exemplo esplêndido é encontrado nas de Abraão e Moisés.
Abraão e Sara moravam
inicialmente na terra de Ur dos caldeus, que era na altura a sede do mistério
da iniquidade. Portanto, o Senhor literalmente chamou-o para sair de Babilónia
e pela fé ele assim fez. Fiel e submissamente, ele seguiu Deus nos anos
seguintes com a promessa de Deus soando aos seus ouvidos de que teria um filho.
Mas o tempo tardou e o Senhor não mostrava disposição, assim parecia, de fazer
da promessa mais do que palavras apesar de Abraão abertamente dizer ao Senhor:
“… Eis que não me tens
dado filhos.” Génesis 15:3.
Em resposta, Deus
apenas repetiu a promessa, depois foi-se embora e aparentemente não fez nada.
Passaram-se mais anos até abraão e Sara decidirem que já não podiam esperar que
o Senhor o fizesse, pois parecia evidente que Ele ou não o podia fazer ou não o
faria. Portanto, deviam eles fazê-lo, conforme fizeram.
Assim, Ismael nasceu e
tanto Abraão como a sua esposa ficaram muito satisfeitos por terem feito uma
grande obra para Deus quando, na verdade, tinham feito um grande trabalho para
o diabo. Deus nunca poderia aceitar Ismael como filho da promessa. Quando o
tempo certo de Deus veio com o nascimento da fé viva em Abraão e Sara, então o
verdadeiro filho apareceu.
Assim foi com Moisés:
“Os anciãos de Israel foram instruídos pelos anjos de que
o tempo para o seu libertamento estava próximo, e que Moisés era o homem que
Deus empregaria para realizar esta obra.” {PP 171}, Patriarcas e Profetas, 245.
Mas Moisés chegou ao
ponto em que sentiu que o Senhor estava a esperar demasiado tempo, por isso
tomou a obra nas suas próprias mãos. Matou o egípcio à espera que isto
precipitasse a crise e obrigasse o Senhor a fazer o trabalho. Em vez disso,
Deus tirou-o do Egipto para desaprender os caminhos do mistério da iniquidade e
aprender os caminhos do mistério de Deus.
Quando foi, por esse meio,
completamente limpo das atitudes e do espírito errados, foi enviado de volta a
fim de os fazer sair. Todavia, chegou outra vez o momento em que ele cedeu à
pressão de tomar a obra do Senhor para si mesmo e bateu na rocha com ira
dizendo:
“Porventura tiraremos água
desta rocha para vós?” Números 20:10.
Estas ilustrações
demonstram que, apesar de termos saído de Babilónia e Babilónia ter caído de
dentro de nós, a obra ainda não está completa, pois pode haver em nós resíduos
desse velho espírito e a constante tentação de deixar o caminho da fé e seguir
o caminho da incredulidade, onde substituímos a direcção e bênção divinas pelo
poder e sabedoria humanos.
Portanto, o primeiro anjo
que só por si pode destronar Babilónia deve continuar a sua obra enquanto o
segundo anjo o ajuda explicando o que o primeiro está a fazer.
A obra do primeiro conduz
assim aos seus objetivos finais e à sua realização. Isto é, o abandono total de
todos os vestígios do espírito e dos caminhos do mistério da iniquidade na vida
do povo de Deus por um lado e a queda total e completa da própria Babilónia do
outro. É a tarefa do terceiro anjo explicar e anunciar estes objetivos finais.
De um lado, ela é descrita nestas palavras:
· Esta é uma paciência que nunca lhes permitirá desistir da
sua crença em Deus e tomar a obra sobre si mesmos.
· É uma observância dos mandamentos perfeita e não permite
substituição alguma dos caminhos de Deus pelos caminhos do mistério da
iniquidade.
· É a fé de Jesus e não apenas a fé n’Ele. É
uma fé tão absoluta que, seja qual for a pressão exercida para tomar a tarefa
de Deus nas nossas próprias mãos, recusamo-nos absolutamente a fazê-lo, mesmo
que tal recusa possa parecer causar grande prejuízo à obra de Deus.
Por isso, o terceiro anjo instrui-nos sobre qual será o
resultado final do ensino do primeiro anjo, no que diz respeito aos que o
aceitam.
Mas há também o outro lado da questão. Em 1844, as
igrejas não caíram totalmente.
“Continuando a rejeitar as verdades especiais para este
tempo, têm elas caído mais e mais.” O Grande Conflito, 389.
Virá o tempo quando essa queda está completa como
resultado da sua resistência ao evangelho pregado com grande poder. Então terão
formado a manifestação completa da besta e da sua imagem que, por sua vez, é a
manifestação total de Babilónia e o espírito do mistério da iniquidade.
Mantende em mente que a última vasta organização é apenas a união daqueles
dentro dos quais o espírito de Babilónia está presente. Eles são apenas o todo
daquilo que está em cada pessoa individualmente.
Então, Porquê um Quarto Anjo?
Do exposto atrás, é
evidente que as mensagens dos três anjos são a completa e total provisão para a
finalização da obra. É impossível levar a obra de Deus para além do previsto
pelo terceiro anjo. Não podemos ir além da fé de Jesus. Esta é a suma de tudo,
e todos os que têm essa fé certamente não terão nada do espírito do mistério da
iniquidade neles. Isso seria uma impossibilidade.
Entretanto, temos outro
anjo, o quarto. Por que foi enviado adicionalmente aos outros? E por que está
ele localizado à parte dos outros? Certamente, se os três primeiros trazem tudo
o que é necessário para terminar a obra, então o quarto devia ser
desnecessário.
Mas ele é necessário, caso
contrário não teria sido enviado, pois Deus não faz nada desnecessário para pôr
fim a esta miséria. Isto já está a ter um custo muito alto.
A adição do quarto anjo
tornou-se necessária não por causa de qualquer insuficiência nos outros três,
mas porque a geração a quem foram pregados pela primeira vez não permitiu que
essas mensagens fizessem todo o seu trabalho neles. Foi dito a essa geração
repetidamente e várias vezes que só poderiam estar no reino se aproveitassem as
provisões que lhes foram oferecidas. Estamos familiarizados com os testemunhos
no Espírito de Profecia para este efeito. Estudai as primeiras páginas da nossa
publicação “A Vinda de Cristo Retardada-Porquê?” para refrescar a memória,
se necessário.
Quando essa geração falhou
em passar, foi declarado à seguinte que tinha afundado numa condição laodiceana
de mornidão e ineficácia. Nessa condição, certamente não podiam e não entrariam
no reino.
Entre estas duas gerações,
há uma diferença muito interessante no que diz respeito à receção das
mensagens. A primeira geração recebeu as mensagens frescas e vivas dos anjos
através de certos mensageiros escolhidos por Deus para o propósito. Porém, a
geração seguinte recebeu-as não dos anjos, mas dos seus pais, que ensinaram aos
filhos o que os anjos lhes tinham dado. Uma mensagem chegada por estes canais
secundários nunca poderia ter a mesma frescura, poder e eficácia, por isso,
esta geração não podia ver a obra toda. A geração seguinte, compreensivelmente,
estaria numa situação ainda pior.
O que era necessário era
uma nova apresentação dada por outro anjo directamente ao povo mais uma vez.
Assim, o quarto anjo foi encarregado de trazer todas as três mensagens antigas
com luz e poder reforçados directamente ao povo do advento. Isto não deveria
ter sido necessário e não teria sido se o povo tivesse recebido tudo o que os
três primeiros já lhes tinham oferecido.
Uma simples comparação
mostrará que o quarto anjo repete as mensagens completas dos três primeiros. O
primeiro anjo vem tendo o evangelho eterno. O quarto vem tendo “grande poder”.
Este só pode ser o poder de Deus que é o mesmo evangelho trazido pelo primeiro
anjo. Por conseguinte, o quarto certamente apresenta tudo o que o primeiro anjo
apresentou. Como já foi mostrado, esta é a mensagem completa.
O segundo e o terceiro
anjos anunciam os desenvolvimentos na sua plenitude tanto na aceitação como na
rejeição do evangelho conforme trazido pelo primeiro. O quarto também cobre o
mesmo terreno, anunciando que Babilónia, a grande, caiu até ao ponto em que
está total e finalmente exposta às pragas que vêm como a colheita de anos de
sementeira da semente do mal.
Portanto, o quarto anjo
veio ao vivo ao povo de Deus em 1888, trazendo toda a luz e poder das mensagens
dos três anjos. É por esta razão que ele é descrito como “o clamor do terceiro
anjo”. The SDA Bible Commentary 7:984; Primeiros Escritos, 271.
Essa geração também podia
ter entrado no reino, mas declarou que não queria o que o anjo lhe ofereceu.
Queria em seu lugar o que os pais lhes tinham transmitido. Que lamentável troca
que foi essa, porque o melhor que os seus pais lhes podiam oferecer era a lei
sob a forma do ministério de morte. Eles tinham-no pregado até se tornarem tão
secos como as colinas de Gilboa sem orvalho ou chuva.
Com esta recusa da luz que
o anjo tinha para lhes oferecer fecharam a porta da oportunidade a si mesmos de
entrar no reino sem ver a morte.
Todavia hoje, o anjo
regressou com a luz gloriosa das mensagens destes três anjos. O alto clamor
dessas mensagens voltou, mas a igreja de hoje declarou novamente que não quer
receber o que o anjo lhe está a oferecer. Em vez disso, escolheu ter o que a própria
Babilónia ofereceu. A igreja verificou que a mensagem trazida pelos evangélicos
muito mais ao seu gosto do que o alto clamor do terceiro anjo.
Mas, louvado seja o Senhor
por haver um pequeno piedoso grupo de pessoas espalhado pela Terra que estão
aceitando com alegria a luz do anjo quando ele vem até nós hoje. E é claro que
a mensagem vem do anjo. Não o obtemos de nenhuma fonte, excepto directamente do
Céu através da Bíblia, do Espírito da Profecia, e dos escritos de Waggoner e
Jones – os mensageiros nomeados pelo Senhor para transmitir a mensagem ao povo.
De tudo isto, deve ser
evidente que aquela geração que recebe a mensagem directamente do anjo é a que
vai experimentar a trasladação. Portanto, nós, que hoje estamos a receber essa
luz directamente do anjo, somos o povo que verá a obra chegar ao fim e seguir
em frente para a trasladação. Isto deve vir como um grande conforto e, ao mesmo
tempo, um tremendo desafio para nós. Não podemos, por um momento, descansar em
falsas garantias de que chegaremos ao fim automaticamente. Poderíamos falhar
como todos os outros antes de nós.
Não deixemos que isto
aconteça. Que cada um decida elevar-se à plenitude da glória desta mensagem
para que o mistério da iniquidade seja completamente e totalmente destronado
dos nossos corações para sempre.
A deslocação da mensagem e
movimento do quarto anjo de Apocalipse 14 para Apocalipse 18, é
para nos mostrar que este anjo não era inicialmente necessário. Foi apenas por
causa da apostasia da geração a que as mensagens dos três anjos foram pregadas
pela primeira vez que ele se tornou necessário. Porque teve que ser adicionado
mais tarde, está localizado mais tarde no livro.
No entanto, o Apocalipse
foi escrito séculos antes do aparecimento de qualquer um dos anjos. Há muito
tempo atrás, Deus previu a rejeição e providenciou a vinda do quarto. Ele não tinha
que dar a revelação da vinda desse outro anjo quando a geração de 1844 falhou. Ele
previu o fracasso e tomou providências muito antes de surgir a necessidade.
Daí resulta que hoje
precisamos de uma compreensão muito mais precisa e mais profunda do que são as
mensagens dos três anjos e do que elas se destinam a realizar. Quando tivermos
isso, estaremos mais bem preparados para aceitar e entrar na plenitude da obra que
o Senhor deseja realizar com o regresso destas mensagens com maior luz e poder
proporcionados na sua apresentação pelo quarto e último anjo como uma obra a fazer
antes do fim da provação.
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