JUSTIFICADO PELA FÉ
“Seria porventura o homem mais justo do que
Deus?” Job 4:17
Perguntou o patriarca Job. Esta pergunta
encerra em si a mais pungente das interrogações que o homem jamais tenha feito,
desde o dia em que Adão pecou e perdeu o direito à vida. Eis a resposta das
Escrituras:
“Tendo
sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo” (Romanos 5:1; “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto
não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”;
(Efésios 2:8,9).
A vida
e inocência primitivas eram um dom de Deus. Só o Criador as podia conferir ao
homem. Por isso, depois de perdidas só o Criador as pode restaurar.
O Homem por si não se pode justificar
Declara
a Lei de Deus que todos os homens são pecadores. Sendo nós filhos e filhas de
Adão, não somente herdámos dêle uma natureza perversa, como também todos, por
causa desta mesma natureza, cometemos pecado.
Portanto,
como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também
a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. (Romanos 5:12).
“Porquanto
não há diferença entre judeu e grego;” “Porque todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus;” (Romanos 10:12; 3:23).
Condenado
à morte por uma lei santa, o pecador aproxima-se dela dizendo consigo mesmo: “Farei
o que ela diz, obedecerei aos seus preceitos, e assim escaparei à condenação e
à morte.” Mas não pode colocar de parte o facto que violou esta lei e que ela
clama: “Culpado! Culpado!” A lei proclama o dever, ela não pode
absolver; proclama justiça, não pode dar. As Escrituras dizem-nos:
“Ora,
nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para
que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
Por
isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela
lei vem o conhecimento do pecado.” Romanos “: 19,20.
Existe
culpabilidade humana. Nenhuma obra humana pode anular o pecado e colocar o
homem ao abrigo de uma lei justa. Ainda há mais: o pecador descobre que a
justiça que a Lei reclama está absolutamente acima das suas forças. Exige obras
de tal ordem que natureza humana, no seu estado de decadência, não pode de modo
algum executar. Ao fazer este doloroso exame, o apóstolo Paulo exclamava: “Porque
bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado”
Romanos 7:14.
Ora, o
que é carnal não pode produzir o que é espiritual; e a Lei exige uma obra de
Justiça que seja espiritual; mas esta obra espiritual não a pode o coração
carnal realizar. Dizem as Escrituras:
“Porquanto
a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de
Deus, nem, em verdade, o pode ser”.
“Portanto,
os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7,8).
O
pecador, mesmo despertado, ainda se encontra na carne. Ouve sempre ribombos de
trovão da Lei, a qual repreende o seu pecado e o condena à morte. Não pode
lavar o seu passado, nem escondê-lo; ele não pode obedecer à Lei de Deus com um
coração carnal, porém, não tem outro. Perdido, impotente, suspira pela
libertação, e solta o grito de desespero de que Paulo nos conservou o eco
tirado da sua própria experiência. “Miserável homem que eu sou! quem me livrará
do corpo desta morte? “ Romanos 7:24.
Graças
a Deus, há uma resposta para todo o pecador que faz ouvir este clamor.
O dom da graça de Deus
Esta resposta, tinha-a ouvido o apóstolo Paulo: o grito de
desespero que soltou é seguido imediatamente do grito jubiloso do livramento: “Dou
graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (Romanos 7:25.) O grande Libertador,
é o que “O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do
presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai. (Gálatas 1:4).
Foi o
amor de Deus que nos abriu o caminho da salvação. “Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16).
Nenhum
pecador necessita de rogar a Deus que lhe perdoe. È o próprio Deus quem, no seu
íntimo amor, este amor que o levou a entregar o Seu Filho à morte, suplica ao
pecador de acreditar e aceitar a salvação.
O
filho de Deus, para se tornar o Salvador dos homens, teve que tomar o lugar do
pecador em face da Lei violada. Ele próprio teve de observar esta lei, embora
estivesse revestido duma carne humana e degenerado de todas as suas fraquezas.
Teve, para isso, de viver uma vida de fé, o único meio de cumprir perfeitamente
a Lei divina. “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma” (João 5:30),
dizia Jesus. O que não conhecera pecado, levou em seu corpo, para a cruz, os
pecados dos homens. “..O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos”.(Isaías
53:6) Morreu pelos pecados dos homens, para que Ele pela graça de Deus, provasse
a morte por todos. Porém, o Seu sacrifício foi o sacrifício de um inocente.
Cristo “pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus”
Hebreus 9:14 A morte não o pode, pois, conservar em seu poder: Ressuscitou
pelo poder do Espírito eterno para ser Advogado e Sacerdote da humanidade
crente e derramar os frutos do seu sacrifício e da justiça sobre todos os que
queiram recebê-los.
Ele
anseia agora por comunicar a todos os corações a justiça que Ele obteve vivendo
na nossa carne humana. Pelo seu Espírito Santo, Ele quer viver hoje em nós –
como viveu outrora na Judea – uma vida de santidade e perfeição. Significa
isto: perdão, libertação do poder da
carne, uma vida nova eficaz, justiça e justificação operadas pelo Salvador,
habitando no coração humano. Mas como podemos receber Cristo e a sua grande
salvação? – Pela fé; crendo nas promessas; permitindo-lhe que “habite pela
fé nos nossos corações.” (Efésios 3:17).
Jesus
Cristo habitando com toda a sua plenitude nos nossos corações – tal é a maravilha
e mistério do Evangelho, “que é Cristo em vós a esperança da glória.” Isto
significa que temos no céu um Salvador vivendo eternamente o qual está sempre presente
e é capaz de salvar todos os homens sem excepção.
Ó inesperada
e inevitável salvação!
Aprendamos
isto nas próprias expressões das Escrituras.
O
perdão – “Se confessarmos os nossos pecados. Ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1:9).
A
vitória sobre a carne – A purificação dos nossos pecados coincide
com a efusão de um poder que subjuga o mal na nossa carne. “O nosso homem
velho foi com Ele crucificado.” (Romanos 6:6). “Vós, porém, não estais na
carne, mas no espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós..E , se
Cristo está em vós, o corpo na verdade, está morto por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça.” (Romanos (:9,10).
Um
novo coração - “E dar-vos-ei um coração novo, e porei
dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e
vos darei um coração de carne.” Ezequiel 36:26).
Uma
nova vida – “E vos renoveis no espírito da vossa mente; “E vos
revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e
santidade.” Efésios 4:23,24. Esta nova vida não é pois outra coisa senão a
feliz presença de Jesus Cristo no coração do crente, realizando esta
experiência do apóstolo Paulo:
“Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e
se entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 2:20)
A
justiça e a justificação – “Nos seus dias Judá será salvo, e
Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O
SENHOR JUSTIÇA NOSSA. (Jeremias 23:6)
è pela fé que recebemos Cristo e é pela fé que
sua justiça nos é atribuída ou imputada. A vida perfeita e de obediência de
Jesus é lançada como um manto sobre a vida passada do crente, assim que encobre
toda a sua vida presente, de tal modo que aos olhos de Deus ele é considerado
como justificado de todo o pecado. Tal é o triunfo d’Aquele que não somente se
entregou por causa dos nossos pecados, mas também “ressuscitou para nossa
justificação.” Romanos 4:25.
“Pois
assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os
homens para justificação de vida.
“Porque,
como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim
pela obediência de um muitos serão feitos justos. Romanos 5:18,19.
Jesus
Cristo morreu e ressuscitou para trazer esta ditosa libertação aos pecadores
que gemem sob o jugo do pecado e da condenação. As escrituras dizem o seguinte
acerca daqueles que recebem cheios de fé a justiça de Deus: “Portanto, agora
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo
a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8:1.
Louvado
seja Deus! A salvação vem de Jesus e de modo nenhum de qualquer obra que façamos.
É tão certa com um juramento ou uma promessa de Deus. E esta felicidade só nos
pode ver arrebatada desde o momento em que deixemos de ter connosco a presença
de Jesus Cristo por falta de vigilância de nossa parte. Tratemos de evitar este
perigo a todo o custo. E se, por infelicidade, nos acontecesse ficar despojados
do manto da sua justiça, devíamo-nos apressar a voltar atrás, confessar a nossa
negligência e alcançar novo o nosso Libertador.
A
justiça de Cristo é necessariamente a mesma que a justiça exigida pela Lei de
Deus. É esta mesma lei que Jesus pratica no coração do crente. Tal é a
verdadeira significação da justificação. “Porque os que ouvem a lei não são
justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.” (Romanos
2:13). O homem é pois levado, pela justificação, a praticar a Lei de Deus,
porque a sua vida é substituída pela vida de Jesus Cristo, a qual faz que ele
pela fé opere todos os preceitos da Lei divina. A morte do Salvador só teve por
fim tornar possível ao pecador a obediência que lhe é impossível sem essa
morte.
“Porquanto
o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus,
enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o
pecado na carne;
“Para
que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito.”( Romanos :3,4).
É,
pois, uma justiça perfeita e uma verdadeira salvação que Jesus traz a todo o
pecador que n’Ele crê. “Porque n’Ele habita corporalmente toda a plenitude
da divindade; e estais perfeitos n’Ele.” (Colossenses 2:9,10.)
Este
maravilhoso plano de salvação é tão profundo que só “nos séculos vindouros” nos
poderá Deus mostrar “as abundantes riquezas da sua graça, pela sua
benignidade para connosco em Cristo Jesus.” Efésios 2:7). Porém, graças a
Deus, os pecadores salvos pela graça poderão, mesmo neste sentido mundo, “conhecer
o amor de Cristo, que excede todo o entendimento,” (Efésios 3:19).
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