O EVANGELHO DO
REINO
POR
WOLFGANG
MAYER
“Este evangelho do reino será pregado em todo o
mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.” Mateus 24:14.
Todos estamos esperando que venha o fim. Muitos de nós têm
esperado durante anos, até décadas, desejando saber porque tem levado tanto
tempo para que se cumpra esta profecia. Alguns desencorajaram-se e deixaram
completamente o caminho da verdade.
Ao olhar para o texto acima, vimos que há uma condição para
a vinda do fim, isto é que “este evangelho do reino será pregado em todo o
mundo, em testemunho a todas as gentes.”
Enquanto este específico evangelho não for pregado a todas as nações
o fim não pode vir. Mas não tem sido este evangelho pregado durante anos?
Obviamente que não. Tem sido pregada uma mensagem, mas ela não pode ser “este
evangelho do reino.” Quão importante é então, investigar e ver exactamente o
que é este evangelho do reino.
Como já atrás mencionadas, as palavras de Cristo “este
evangelho do reino, será pregado….” Devem referir-se a um evangelho específico,
diferente de todos os outros falsos evangelhos ensinados por outras religiões.
Nós não somos deixados sós a descobrir o que isto é. A
bíblia é a sua própria intérprete. A inspiração diz-nos o que é o evangelho do
reino. Isto é muito confortante e consolador para nós no tempo em que todo o
vento de doutrina está soprando. Tudo o que temos a fazer é compreender e
teremos encontrado a última mensagem a ser proclamada. Que certeza tão
abençoada! “Então virá o fim.”
João Baptista pregou o evangelho do reino: “Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos céus.” Mateus 3:2 Os doze apóstolos
pregaram-no “é chegado o reino dos céus.” Mateus 10:7, e o próprio
Cristo pregou o mesmo. “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho! “ DTN 210.
O evangelho do Reino de Cristo era a mensagem mais
maravilhosa, uma mensagem tão poderosa que poderia ter operado uma grande
reforma entre os Judeus, de tal modo que o mundo nunca havia testemunhado
antes, se os sacerdotes e rabis se não tivessem interposto e impedido. (DTN 184).
Como é que eles impediram o evangelho do reino que era pregado por Cristo?
Quando nós compreendermos os argumentos dos sacerdotes no tempo de Cristo,
estaremos muito mais aptos para compreender os argumentos dos falsos
ensinadores do nosso tempo.
A fim de impedir o completo reavivamento e reforma que a
mensagem do reino de Cristo teria trazido, Satanás inspirou os chefes judeus a
pregar também uma mensagem do reino. Contudo, a sua mensagem do reino nunca
poderia ser “este evangelho do reino”. Era “outro evangelho” cujos
princípios eram distintamente opostos ao verdadeiro evangelho. Nós lemos: “Que
contraste entre, Seu reino a respeito do novo reino e o que tinham ouvido dos
anciãos!” A próxima frase mostra-nos “Jesus nada dissera quanto ao
libertá-los dos Romanos.” DTN 215 e 216. Como podia Ele ter estabelecido um reino sem
lutar com o Império Romano? Os romanos nunca teriam tolerado outro reino
independente enquanto o deles existisse. A única maneira óbvia teria sido
guiá-los pela força. Mas no Sermão da Montanha, Jesus proibiu o uso da força.
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o
reino dos céus;”
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a
terra;”
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão
chamados filhos de Deus;”
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus;”
“Para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;
porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre
justos e injustos.” Mateus 5: 3, 5, 9,10, 38, 39, 41, 44, 45.
O povo judeu na realidade gostava da ideia do reino vindouro
de Deus. Cristo teria sido alegremente aceite como rei se Ele concordasse com
as condições de força deles. Esta falsa concepção foi tornada plausível pela
manipulação de um grande número de versículos do Velho Testamento para
satisfazer o âmago natural. “No serviço regular diário, o ancião lia dos
profectas, e exortava o povo a esperar ainda por Aquele que havia de vir, o
qual introduziria um glorioso reino e banira toda a opressão. Ele buscava
animar os ouvintes pela repetição dos testemunhos de que o Advento do Messias
estava próximo. Descrevia a glória de Sua vinda, salientando sempre o
pensamento de que aparecia à testa de exércitos para libertar Israel.” DNT,
214.
O contraste entre os ensinos de Cristo acerca do reino e a
concepção humana a respeito de reinos, está correctamente descrita nas visões
dos profetas, onde os reinos do mundo são representados por bestas de
destruição violentas e cruéis, ao passo que o reino de Cristo é representado
por um cordeiro que nunca destrói os seus inimigos. “A Daniel foi dada uma
visão de bestas violentas, representando os poderes da terra. Mas a insígnia do
reino do Messias é um cordeiro. Enquanto que os reinos terrestres governam pela
ascendência do poder físico. Cristo está a banir toda a arma carnal, todo
instrumento de violência. O seu reino devia ser estabelecido para levantar e
exaltar a humanidade caída.” S.D.A. Bible Commentary 4:1171.
O falso evangelho exposto pelos contemporâneos de Cristo,
que o reino de Deus era estabelecido pelo fogo e pela força, foi o grande
argumento que persuadiu as massas a voltarem-se contra a verdade e contra o
verdadeiro Messias. Por causa das suas más interpretações do Velho Testamento,
eles acreditavam que Deus usava de facto seus inimigos como escabelo (uma
prática usada pelos conquistadores da antiguidade)., e que o Messias e rei
deles faria o mesmo. Isto certamente, refletia os seus sentimentos para com os
seus inimigos. Para os orgulhosos corações humanos, esta mensagem fazia
sentido. Eles consideram que um reino que não use armas nem a força será extremamente
fraco e não duraria muito. Tais são os pensamentos daqueles que esquecem que a
loucura e a fraqueza de Deus são mais fortes do que as armas carnais de Seus
inimigos. (1 Coríntios 1:23-27).
Não se deve supor que os antagonistas de Cristo não tinham
textos bíblicos para apoiar os seus ensinos. A profecia predizia que o Messias
se sentaria no trono de David. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos
deu; e o principado está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será: Maravilhoso,
Conselheiro; Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz.”
“Do incremento deste principado e da paz não
haverá fim, sobre o trono de David e no seu reino, para o firmar e o fortificar
em Juízo e em justiça, desde agora para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos
fará isto.” Isaías 9: 6, 7.
O reinos de Davi e Salomão sobressaiam
como a experiência máxima da história dos judeus. Eles foram os tempos
gloriosos de uma nação agora oprimida e menosprezada. As profecias como
ensinavam diariamente na sinagoga apontavam para um tempo da sua geração em que
Israel seria restaurado para uma glória ainda maior, eram aceites como uma
expectativa cheia de contentamento.
David
foi grande, mas o novo Messias seria ainda maior. Seus inimigos seriam
totalmente destruídos e o seu reino duraria para sempre. O tempo tinha chegado!
Quando os discípulos pregavam nas cidades e aldeias que o reino de Deus estava próximo,
os espíritos exaltavam-se.
A princípio, Cristo atraiu completamente uma
entusiástica multidão de seguidores. O
povo e os rabis também, estavam certos de que o novo reino seria estabelecido
ao fio da espada. Até os mais próximos seguidores de Cristo, sinceros como eram,
não podiam compreender de outra forma. Entre
os seguidores de Cristo e aqueles que O odiavam havia uma diferença. Os
primeiros acreditavam que Ele apenas faria guerra contra os seus inimigos. Nunca
toleraria a fraude ou o suborno. Daria aos que estavam sobre privilégio uma
justa oportunidade. Sua justa espada garantiria a paz a todo Israel e outorgaria
terrível temor sobre os seus ímpios inimigos. Esta era a honesta crença e expectativa dos
pobres e oprimidos de Israel. Este Rabi de Nazaré cheio de poder e operador
milagres, era justamente o homem que lhes convinha. Não eram demasiado
orgulhosos para aceitar este humilde filho de carpinteiro, de origem e
nascimento humilde, como seu guia. Davi tinha sido um rapaz pastor. Se as bênçãos e a aprovação de Jeová repousassem
sobre este homem, o que evidentemente aconteceu, podia ser o Rei predestinado.
As classes mais elevadas, os
orgulhosos fariseus e os aristocráticos saduceus, também acreditavam que o
Messias iria usar a força para estabelecer o Seu reino, mas Ele tinha que ter o
espírito e a educação deles. Ele tinha que aclamar e as obras deles, aprovar as
suas posições, e autorizar os seus métodos de suborno e intriga. Jesus não se
ajusta a esta ilustração, e ainda antes que fossem bem claro para eles nunca
usaria a força, rejeitaram-n’O. Apenas alguns dos grandes homens O aceitaram.
A multidão seguia-O entusiasticamente
ainda que parecesse sempre tão lento em tomar a Sua justa posição à cabeça do
movimento de revolta. Mas fá-lo-ia, as profecias assim o diziam, e elas em
breve seriam cumpridas. O tempo estava pronto.
Três anos passaram e nada
aconteceu. Nenhuma vez Cristo tinha usado Seu poder miraculoso para destruir
até o menor dos seus inimigos ou para forcá-los à sujeição. O povo estava
desapontado, e muitos deixaram-n’O. Até os Seus discípulos foram
individualmente provados. Finalmente o dia chegou, em que Cristo entrou
vitoriosamente em Jerusalém num jumento. Vozes gritavam “Hossana ao filho de
David”. A profecia estava cumprida. “Alegra-te muito ó filha de Sião;
exulta, ó filha de Jerusalém: eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador,
pobre, montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta.” Zacarias 9:9.
Sabemos bem o resto da
história. O povo estava certamente desapontado porque Cristo não exerceu o Seu
poder nem asseverou o Seu direito como Rei. Em vez disto Ele foi levado em
cativeiro e retirado do Seu caminho sem oferecer a menor resistência. Seus mais
fiéis seguidores escaparam-se por suas vidas. Era demasiado para eles. Os
fariseus tomaram tudo isto como prova de que Cristo não era o verdadeiro
Messias. Eles queriam um Rei que lutasse por eles. Como se explicavam então
muitos textos bíblicos que diziam que o Messias reinaria como David? Leiamos Isaías
9: 2-7. “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre
os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.”
“Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste;
todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando
se repartem os despojos.”
“Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do
seu ombro, e a vara do seu opressor, como no dia dos midianitas.”
“Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto
da batalha, e todo o manto revolvido em sangue, serão queimados, servindo de
combustível ao fogo.”
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o
principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
“Do aumento deste principado e da paz não haverá fim,
sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e
com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará
isto.”
Onde é que Jesus de Nazaré
quebrou o cetro do seu opressor, governo Romano? Onde é que estavam as
armaduras daqueles que pelejavam, o ruído, sangue, etc.?
Vamos tomar outra profecia
no que diz respeito à primeira vinda de Cristo e tentar compreender os judeus.
Eles foram educados e ensinados a compreender estas profecias duma falsa
maneira. É fácil condená-los por terem interpretado estes textos duma maneira
humana, mas teríamos nós feito algo melhor nesse tempo?
“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares
de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Miqueias 5:2. Sem
dúvida este texto é uma profecia do estabelecimento do reino do Messias. As
próximas frases do contexto dizem: “Portanto os entregará até ao tempo em
que a que está de parto tiver dado à luz; então o restante de seus irmãos
voltará aos filhos de Israel.”
“E ele permanecerá, e apascentará ao povo na força do
Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque
agora será engrandecido até aos fins da terra.”
“E este será a nossa paz; quando a Assíria vier à nossa
terra, e quando pisar em nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores
e oito príncipes dentre os homens.”
“Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra
de Ninrode nas suas entradas. Assim nos livrará da Assíria, quando vier
à nossa terra, e quando calcar os nossos termos.”
“E o remanescente de Jacó estará no meio de muitos
povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não
espera pelo homem, nem aguarda a filhos de homens.
“E o restante de
Jacó estará entre os gentios, no meio de muitos povos, como um leão entre os
animais do bosque, como um leãozinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual,
quando passar, pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre.”
“A tua mão se exaltará sobre os teus adversários; e
todos os teus inimigos serão exterminados.” Miqueias 5: 3-9.
Imaginem se tivessem vivido no tempo da primeira vinda de
Cristo e ouvido o Seu sermão da montanha e outras ilustrações que deu, dizendo
como Seus servos não lutariam, mas seriam perseguidos, e através da perseguição
se tornariam maiores no Seu reino. O que teríeis pensado? Não teria parecido
que Cristo está distorcendo as Escrituras? Quando Ele mencionou o trono de
David, e Ele queria dizer algo diferente daquilo que nos teriam ensinado. “Um
Rei” é um rei de justiça. “Uma
batalha” é a batalha contra as tentações de Satanás. “Derramamento de
sangue”, é o Seu sacrifício. “Lutar com a espada” é a espada da
verdade. “Libertação da opressão” é a libertação do pecado. “Destruir
os inimigos” é destruí-los com Sua humildade e morte. Ver Hebreus 2:14).
Alguns dizem, Ele é um homem bom. Outros clamam que enganou
o povo! Distorceu as Escrituras, não seguiu a Palavra escrita. Ele tem uma
maneira enganadora de interpretar todas as Palavras do Reino do Messias. Se Ele
está certo, então tudo o que temos aprendido está errado.
Quando Cristo interpretou as profecias relacionando-as com
o reino do Messias, nada disse acerca de punir os Romanos, mas de punir o pecado,
o verdadeiro opressor, na cruz.
“…. Que contraste entre Seu ensino a respeito
do novo reino e o que tinham ouvido dos anciãos! Jesus nada dissera quanto a
libertá-los dos Romanos.” DTN 215,216.
“E
fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome
é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor.”
“Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e ele
levará a glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu
trono, e conselho de paz haverá entre ambos os ofícios.” Zacarias: 12,13
“E tu,
Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá;
Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu povo de Israel.” Mateus
2:6 Cristo
não era um enganador e deturpador das Escrituras. As interpretações do povo
eram lógicas para eles porque não conheciam quaisquer outros reinos baseados a
não ser na força.
As
interpretações de Cristo não tinham nada a ver com estes modos tradicionais. A
interpretação de “assim está escrito” é clara e bela, quando estudada sistematicamente.
Só a Palavra deve permanecer, os nossos sentidos tradicionais acerca daquilo
que as coisas querem dizer devem acabar. Sim, Cristo julgaria na terra de
Israel, sem repousar na autoridade de um grande exército, mas “julgará com justiça”.
Ele feriria os Seus inimigos, não de acordo com a compreensão do modo pervertido
tradicional, mas “com vara da sua boca”. Mataria os ímpios, “com o
sopro dos seus lábios.” (Isaías 11:14). Certamente carne e sangue não
podiam herdar um Reino construído sob princípios que afoguentam as armas
carnais
Os
Judeus deviam ter compreendido os princípios da interpretação bíblica. Ela
abunda por toda a parte e é fácil de alcançar. “Olha, ponho-te neste dia
sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para
destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.”
Jeremias 1:10 Apesar disso por decreto do próprio Deus “…nenhum dos
ímpios entenderá, mas os sábios entenderão”. Daniel 12. 10 A bíblia é
compreendida apenas por aqueles que desejam sinceramente ser participantes do
reino de Deus. Antes da morte de Cristo as profecias concernentes ao Seu Reino
eram apenas imperfeitamente compreendidas, mas após a Sua morte os Seus
seguidores viram as palavras proféticas completamente numa nova luz.
Realizando-se o tempo, o significado, e cumprimento destas profecias, eles
tornaram-se finalmente grandes pregadores do evangelho do Reino. Com confiança
proclamaram “Encontramos o Messias”! Para compreendermos a nossa
presente, situação na pregação do carácter de Deus como princípio do evangelho
do Reino. É importante compreender que Cristo e os apóstolos apareceram, aos
olhos dos Judeus, como deturpadores das Escrituras, porque eles interpretaram a
Bíblia dum modo inteiramente novo. Hoje estamos na mesma situação. Nossa
opinião a cerca do carácter de Deus é diferente de qualquer pregação que antes
tinha sido feita. Nós somos acusados de deturpar a Bíblia, porque nós não
acreditamos que o Reino de Deus use a força para destruir os seus inimigos. É suficientemente
verdade que, tradicional e humanamente interpretados, quaisquer textos da
primeira vinda de Cristo Sua segunda vinda e ao estabelecimento do reino da
glória. O evangelho do Reino obtém seus princípios de interpretação na própria
palavra escrita, e não nas escolas de aprendizagem e tradição- As
interpretações de Cristo e dos apóstolos depois de compreenderem toda a
profecia, são a maravilhosa evidência que a nossa presente compreensão do
evangelho do Reino está correcta.
Um
exemplo muito interessante relacionado com este problema é a relação do reino
com a vida de João Baptista. Os homens de Deus da antiguidade viram o reino de
Cristo numa visão profética. João foi o primeiro a vê-lo na realidade.
Oito
dias depois de ter nascido, “E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito
Santo, e profetizou” acerca do trabalho de João. “
“E tu,
ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do
Senhor, a preparar os seus caminhos;”
“Para
dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados;”
“Pelas
entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;”
“Para
iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; A fim de
dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.” Lucas 1: 67, 76-79.
Pela
pregação do conhecimento do pecado e salvação, João era o preparador directo do
caminho para Cristo. O termo “prepara os seus caminhos” tem origem num
costume antigo de preparação para a visita de um rei terrestre. As estradas
sobre as quais ele iria viajar eram preparadas de modo que ele pudesse
prosseguir sem obstáculos.
Isto
mostra-nos quão perto João está relacionado com as boas novas do novo reino e
seu Rei vindouro. Foi por isso que ele pregou a mensagem “Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos céus.” Mateus 3:2 Naquele tempo o seu ensino
era a verdade presente. “Com novo e estranho poder sacudia o povo. Os
profetas haviam predito a vinda de Cristo como um acontecimento que se achava
às portas.” DTN 91. Com perspicácia profética João reconheceu Jesus na
multidão como Rei do Reino predito, e a pedido de Cristo, ele baptizou-O. “João
ficara profundamente comovido ao ver Jesus curvado como suplicante, rogando com
lágrimas a aprovação do Pai. Ao ser Ele envolto na glória de Deus, e ouvir-se a
voz do Céu, reconheceu o Baptista o sinal que lhe fora prometido por Deus. Sabia
ter baptizado o Redentor do mundo. O Espírito Santo repousou sobre Ele, e,
estendendo a mão, apontou Jesus e exclamou: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo.” DTN 98.
João
foi a primeira pessoa a reconhecer a missão de Cristo e a anunciá-la. Foi por
isso que Cristo avaliou tão altamente o seu trabalho. “E, partindo eles,
começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto?
uma cana agitada pelo vento?”
“Sim,
que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas
casas dos reis.”
“Mas,
então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que
profeta;”
“Porque
é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que
preparará diante de ti o teu caminho.”
“Em
verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém
maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior
do que ele.” Mateus 11: 7-11.
Todavia
Jesus disse algo estranho acerca de João. “….mas aquele que é o menor no
reino dos céus é maior do que ele.” O significado destas palavras pode ser
claramente compreendido na luz dos princípios do reino.
Ainda
que João tenha sido o pregador mais chegado ao verdadeiro Reino de Deus – mais chegado
que quaisquer outros antes dele – não compreendeu totalmente os seus
princípios. “Esperava que Israel fosse libertado de seus inimigos nacionais;
mas a vinda de um Rei em justiça, e o estabelecimento de Israel como nação
santa, era grande objectivo de sua esperança. Assim acreditava se viesse a
cumprir a profecia dada em seu nascimento, -
‘Para
lembrar-se do Seu Santo concerto;…..
Que libertados
da mão dos nossos inimigos.
O
serviríamos sem temor, em santidade e justiça perante Ele todos os dias da
nossa vida.” DTN 90
A
profecia de Zacarias pai de João, foi erradamente compreendida por João. Os
judeus tinham certo entendimento de restauração do reino, e João partilhava
deste entendimento. Compreensivelmente, era difícil entender as palavras de
Zacarias doutra maneira. Para sermos salvos dos nossos inimigos e da mão de
todos os que nos odeiam significava para os Judeus e para a libertação dos
Romanos por um rei que usa a força e a opressão. O tempo para a libertação
tinha chegado. Pela vida e morte do seu rei, veriam com Ele conquistaria todos
os Seus inimigos, mas João não viveria para ver isto.
“E
João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus
discípulos,”
“A
dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?” Mateus 11: 2,3. Aqui
temos o tão bem conhecido incidente de João pelos seus discípulos, perguntando
a Jesus se Ele era realmente o Messias. Porque é que ele perguntou depois de o
haver pregado tão convincentemente?
João tinha sido aprisionado por algum tempo.
Ele tinha esperado, como as profecias declaravam, por Cristo para o libertar. O
Messias iria apregoar liberdade aos cativos a pôr em liberdade os oprimidos. Cristo
tinha cumprido a Sua missão durante quase dois anos, e ainda assim não havia
sinal de que Ele destronaria os poderes que haviam e iniciar o Seu próprio
reino. Desalento e dúvida moviam-se nele. “Como os discípulos do Salvador,
João Batista não compreendia a natureza do reino de Cristo. Esperava que Jesus
tomasse o trono de Davi; e, ao passar o tempo, e o Salvador não reclamar
nenhuma autoridade real, João ficou perplexo e turbado. Declarara ao povo que,
a fim de o caminho ser preparado diante do Senhor, a profecia de Isaías devia
ser cumprida, os montes e os outeiros se deviam abaixar, endireitar os caminhos
tortuosos, e os lugares ásperos ser aplainados. Esperava que as elevações do
orgulho e do poder humanos fossem derribadas. Apresentara o Messias como Aquele
cuja pá estava em Sua mão, e que limparia inteiramente Sua eira, ajuntaria o
trigo no celeiro, e queimaria a palha com fogo que não se apagaria. Como o
profeta Elias, em cujo espírito e poder ele próprio viera a Israel, esperava
que o Senhor Se revelasse como um Deus que responde por fogo. O Batista fora,
em sua missão, um destemido reprovador da iniquidade, tanto nos lugares
elevados como nos humildes. Ousara enfrentar o rei Herodes com a positiva
repreensão do pecado. Não tivera a vida por preciosa, contanto que cumprisse a
missão que lhe fora designada. E agora, de sua prisão, aguardava que o Leão da
tribo de Judá abatesse o orgulho do opressor, e libertasse o pobre e o que
clamava. Mas Jesus parecia contentar-Se com reunir discípulos em volta de Si,
curar e ensinar o povo. Comia à mesa dos publicanos, ao passo que dia a dia
mais pesado se tornava o jugo romano sobre Israel, o rei Herodes e a vil amante
faziam sua vontade, e o clamor do pobre e sofredor subia ao Céu. Ao profeta do
deserto tudo isso se afigurava um mistério além de sua penetração. Havia horas
em que os cochichos dos demônios lhe torturavam o espírito, e a sombra de um terrível
temor, dele se apoderava. Poder-se-ia dar que o longamente esperado Libertador
ainda não houvesse aparecido?” DTN 173
A
tentação que João enfrentou não foi que ele hesitasse perante o pensamento de
sacrificar a sua vida. Ele era um bom soldado do Reino, não era uma cana
abanando ao vento das circunstâncias. Ele daria alegremente a sua vida pelo seu
Rei. A razão para as suas dúvidas e dos seus discípulos era a sua má
compreensão da natureza do reino.
Era
Cristo Aquele por quem eles tinham esperado? Ele não usava a força, Ele não
lutava. Para responder a esta questão, Cristo deixou os dois mensageiros de
João testemunhar a Sua obra de libertação do povo de suas doenças e demónios.
Depois de observar estas coisas eles tiveram uma melhor compreensão da natureza
do Seu reino e estavam convencidos de que Ele era o Messias.
“Todavia
Jesus disse: ‘Aquele que é o menor no reino dos Céus é maior do que ele.’ O princípio
da própria vida do Baptista, a abnegação, era o princípio do Reino do Messias,”
DTN 200,198. Porque
devia o menor no reino do céu ser maior do que ele?
Jesus
explica: “E, desde os dias de João Baptista até agora se faz violência ao
reino dos céus, e pela força se apoderam dele.” Mateus 11: 12. Quase três
anos tinham passado desde que João, os discípulos e seguidores acreditavam que
o reino seria estabelecido pela força. Todos que testemunharam as humilhações
de Cristo, provação e morte viram mais do verdadeiro reino do que João ou qualquer
dos profetas tinham visto. Naquela altura eles não compreenderam isto. Pelo contrário, a morte de Cristo pareceu
destruir para sempre qualquer esperança. Mas quando Ele ressuscitou do túmulo,
a grande verdade acorreu a todos eles. Providencialmente uma nova época de
interpretação profética começou. As Escrituras pareciam novas. A vida de
Cristo, provações e morte tinham estabelecido o Reino! Tinha sido cumprido. Que
tropeço para os Judeus. Que loucura para os gregos. Mas que poder para aqueles
que acreditavam. Portanto aqueles que vieram depois da morte de João e
acreditaram na morte e ressurreição de Cristo, são maiores no reino do que ele,
simplesmente porque compreenderam mais do reino do que Ele. No reino de Deus a
posição não é destruída pelo favoritismo ou suborno como nos reinos mundanos.
Em vez disso cada pessoa serve alegremente na posição para a qual serve melhor.
A nossa capacidade para servir aumenta com a nossa compreensão do carácter. De Deus
e natureza do Seu Reino. Antes da cruz do Calvário o reino de Deus sofreu de
força. Daí em diante todos os que Vêm e aceitam a luz irão compreendê-la
diferentemente. Deste modo eles irão ser “maiores do que ele”. Um paralelo extraordinário
pode ser visto no nosso tempo. Não há muito tempo nós, como os apóstolos e João
Baptista, tínhamos sérias más interpretações acerca do reino e carácter de
Deus. Nosso ponto de vista, como o dos apóstolos, foi corrigido através da
cruz. A cruz mostra-nos a única ira, a única cólera, o único julgamento a única
punição contra os pecadores que é bíblica – pressionando sobre o substituto dos
pecadores, Jesus Cristo. Todas estas coisas que nos são mostradas à luz da
cruz, são largamente diferentes de qualquer coisa que dantes tenhamos aprendido
em relações ao carácter de Deus. Deus na realidade tem ira, julgamentos e
punições, mas Ele não destruiu Cristo nem destrói os pecadores. Afasta-se
deles.
Qual será
o próximo acontecimento nos acontecimentos dos últimos dias? Depois dos
apóstolos compreenderem o Reino de Deus a chuva temporã veio. Quando nós compreendermos
correctamente o carácter de Deus a chuva serôdia virá. Como podiam os apóstolos
ter pregado a mensagem com más interpretações tão sérias? E como podemos nós, enquanto ainda
acreditarmos como os Babilonianos que Deus destrói, pregar o evangelho?
É
agora que, este evangelho do reino será pregado em todo o mundo para testemunho
de todas as nações e então virá o fim.
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