A História da Recusa pela Liderança Adventista da Doutrina da Justificação pela Fé de Jones e Waggoner
"Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos, e
foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado". (I Coríntios 10:11)
PRESENTAÇÃO
A despretensiosa reunião de delegados à assemblEia de
1888 da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em Mineápolis tornou-se
o ponto crucial de intenso interesse na Igreja Adventista do Sétimo Dia em
amplitude mundial.
- O que realmente aconteceu em 1888?
- Quais eram as questões doutrinárias envolvidas?
- Quem eram as personalidades envolvidas?
- Quais foram os resultados que se seguiram?
Este livro aborda essas e outras indagações vitais.
Foi escrito originalmente como um documento confidencial para a Associação
Geral. Agora está actualizado e divulgado em resposta a numerosos pedidos por
todo o mundo. Em muitas declarações anteriormente não publicadas de Ellen G.
White esta obtém permissão de falar livre e francamente quanto aos temas de
1888 que são de soberano interesse. O cerne dessas declarações era desconhecido
à maioria de seus contemporâneos. O que ela diz se tornará uma surpresa a
muitos nesta geração.
Donald K. Short e Robert J. Wieland (foto) são
ministros ordenados com um total conjugado de quase 100 anos de serviço à
Igreja Adventista do Sétimo Dia, 62 como missionários em África. A publicação
deste livro foi iniciada pela Comissão de Estudo da Mensagem de 1888 composta
de leigos e ministros que desejam reviver aquela "preciosíssima
mensagem".
O ministério
pastoral de Robert J. Wieland inclui 25 anos na obra Adventista em África, como
departamental, fundador da Voz da Esperança na África Oriental, bem como autor
e editor da "Africa Herald Publishing House", e consultor da
"Adventist All Africa Editorial". Serve à igreja por mais de 55 anos,
vinte deles no Quênia e Uganda. É o fundador da Comissão para o Estudo da
Mensagem de 1888.
Abertura
Capítulos
- 1. Por Que
Examinar Nosso Passado Adventista?
- 2. O Pecado
de Deixarmos Nosso Primeiro Amor
- 3. O Alto
Clamor que Virá de Modo Surpreendente
- 4.
Aceitação ou Rejeição: Em Busca de um Enfoque Mais Nítido
- 5. O
Problema Fundamental: Como Avaliar a Mensagem de 1888
- 6. Rejeição
de Ellen G. White em 1888
- 7. Um Exame
Mais Detido das Confissões
- 8. Um Momento de Crise: A Assembléia da Associação Geral de 9.Uma Falsa Justificação Pela Fé: Semeando a Semente da Apostasia
- 10. Por Que Jones e Waggoner Perderam o Rumo
- 11. As
Crises Alfa e Ómega
- 12. A
Apostasia do Panteísmo
- 13.
Predições de Ellen White Sobre o Culto a Baal
- 14. De
1950 a 1971
- 15. De
1971 a 1987 e Depois
Prefácio
Os autores mantêm a firme convicção de que Deus
confiou aos adventistas do sétimo dia Sua última mensagem de graça mais
abundante para a humanidade. Esta mensagem deve suprir uma cura final para o
problema do pecado, demonstrar justiça na humanidade crente, e vindicar o sacrifício
de Cristo. Não pode entrar no reino do céu "coisa alguma contaminada, nem
o que pratica abominação e mentira".
Os autores também crêem que o Salvador tem um
imensurável anseio de que Seu povo prepare o caminho para o Seu retorno. A
mensagem que o Senhor enviou a este povo em 1888 teve o intento de completar
Sua obra de graça nos corações humanos de modo a que o grande conflito pudesse
ser trazido a um fim. Mas algo saiu errado um século atrás. O plano do Senhor
foi frustrado e retardado. O que aconteceu? Porquê esta longa demora?
As luzes do farol de um século atrás diminuíram de
intensidade e em muitos casos se extinguiram e desapareceram. Os pilares do
adventismo se tornaram maculados. Nosso povo não abandonou verbalmente a
confiança na segunda vinda de Cristo, mas a expectação de Seu próximo
retorno se abateu. Muitos estão desorientados e confusos. O mundo presente
atrai para as modas, divertimentos, e conforto egocêntrico.
Mesmo em iluminadas comunidades adventistas do sétimo
dia com uma rica herança histórica, o divórcio tem-se tornado quase epidêmico.
O beber socialmente é um problema em nossos colégios e universidades e em
muitos de nossos lares. A maioria dos adventistas na América do Norte não tem
uma clara concepção de um Dia da Expiação celestial ou de nossa singular
obrigação com respeito a temperança e domínio próprio em relação com isso. É
impressionante como numa época de conhecimento humano explosivo, nós como um
povo geralmente ainda temos somente um vago conceito do que Cristo está fazendo
como Sumo sacerdote neste Dia da Expiação final, e escassa simpatia com os Seus
objectivos. E aquilo que não compreendemos não podemos comunicar ao mundo.
É bem sabido que uma grande proporção de nossos jovens
se ressente de claras convicções da identidade adventista do sétimo dia. Uma
série de artigos na Adventist Review de junho de 1986 reconhece um novo
fenômeno: jovens adventistas estão se unindo a igrejas observadoras do domingo
(ver capítulo 13 deste livro).
Ministérios independentes e grupos divididos
proliferam. Escândalos financeiros e heresias fornecem material para os moinhos
dos críticos. Sérias indagações são suscitadas quanto a se a Igreja Adventista
do Sétimo Dia está destinada a se tornar outro segmento de Babilônia.
A "mais preciosa mensagem" que o Senhor
enviou a Seu povo quase um século atrás contém o "início" da solução
de todos esses problemas. Foi uma mensagem de graça muito mais abundante.
Nossas crescentes perplexidades são resultado directo, a colheita certa, de uma
descrença, passada e actual, daquela mensagem de 1888. Quando a verdade é
recusada, o erro sempre se precipita para preencher o vácuo. Mas nenhum
problema é demasiado grande para ser retificado mediante o arrependimento.
Sem maior delonga a igreja mundial deve conhecer a
história completa de nossa confrontação de um século com Cristo. Ellen White
frequentemente comparava nossa falta quanto a 1888 com a rejeição d’Ele dois
milênios atrás. Este livro reexaminará suas cartas e manuscritos, bem como
declarações publicadas. Deve-se-lhe permitir que fale francamente, sem
inibição. Quando a verdade plena for compreendida, declarem-na estes autores de
modo suficientemente claro, ou outros autores a ainda surgirem tendo nisso
maior êxito, o arrependimento e reforma terão lugar e um povo estará preparado
para a vinda do Senhor. A mensagem laodiceana não falhará, mas resultará em
cura e restauração.
A confiança de Ellen White é objectivamente sumariada
numa breve mensagem escrita por seu filho pouco antes de seu falecimento:
"Contei à Sra. Lida Scott como mamãe considerava a experiência da igreja
remanescente, e de seu ensino positivo de que Deus não permitiria que esta
denominação apostatasse tão completamente ao ponto de levantar-se outra
igreja" (Carta, 23 de maio de 1915). Esta declaração deixa implícito que
haveria na verdade apostasia bastante séria mas o Senhor não permitiria que se
tornasse total. Até sua morte ela abrigou a convicção de que o arrependimento
denominacional por fim se daria.
O que Dizia a Mensagem de 1888
Este livro não tem o objectivo de reproduzir a própria
mensagem em si. Vários outros trabalhos preparados pelos autores tentam fazê-lo
1. Mas
para aqueles que não têm acesso a tais publicações ou às fontes originais,
alistamos em forma bastante breve um resumo dos elementos singulares,
essenciais daquela mensagem. Os leitores reconhecerão que esses conceitos estão
em contraste com as idéias geralmente (ou oficialmente) tidas pelo nosso povo
hoje (a documentação está disponível nos livros citados na nota de rodapé):
(1) O sacrifício de Cristo não é meramente provisional
mas eficaz para o mundo inteiro, de modo que a única razão pela qual
alguém pode perder-se é preferir resistir à graça salvadora de Deus. Para
aqueles que por fim se salvarão, Deus foi quem tomou a iniciativa; no caso dos
que se perderem, eles é que tomaram a iniciativa. A salvação é pela fé; a
condenação é por descrença.
(2) Assim, o sacrifício de Cristo legalmente
justificou "todo homem", e literalmente salvou o mundo da destruição prematura.
Todos os homens devem-Lhe mesmo a sua vida física, crendo Nele ou não. Cada
fatia de pão está assinalada com Sua cruz. Quando o pecador ouve e crê no puro
evangelho, é justificado pela fé. Os perdidos deliberadamente negam a
justificação que Cristo já efectuou por eles.
(3) A justificação pela fé é, portanto, muito
mais do que uma declaração legal de absolvição; ela transforma o coração. O
pecador agora recebeu a expiação, que é reconciliação com Deus. Uma vez que é
impossível ser verdadeiramente reconciliado com Ele e não ser também
reconciliado com a Sua santa lei, segue-se que a verdadeira justificação pela fé
torna o crente obediente a todos os mandamentos de Deus.
(4) Essa maravilhosa obra é cumprida mediante o
ministério do novo concerto no qual o Senhor realmente escreve a Sua lei no
coração do crente. A obediência é amada, e a nova motivação
transcende o temor de estar perdido ou de espera de recompensa por estar salvo
(qualquer dessas motivações é o que Paulo quer dizer com a frase "debaixo
da lei"). O velho e o novo concerto não são questões de tempo, mas de
condição. A fé de Abraão capacitou-o a viver sob o novo concerto, enquanto
multidões de cristãos hoje vivem debaixo do velho concerto devido a que a
preocupação centralizada no eu é a sua motivação. O velho concerto era a
promessa do povo para ser fiel; sob o novo concerto a salvação vem de crer
nas promessas de Deus para nós, não de fazermos promessas a Ele.
(5) O amor de Deus é activo, não meramente passivo.
Como o Bom Pastor, Cristo está activamente em busca da ovelha perdida. Nossa
salvação não depende de buscarmos o Salvador, mas de crermos que Ele está à
nossa procura. Aqueles que estão perdidos finalmente continuam a resistir e
desprezar a atração de Seu amor. Esta é a essência da descrença.
(6) Assim, é difícil estar perdido e é fácil ser salvo
se se compreende e crê quão boas são as boas novas. O pecado é um
constante resistir a Sua graça. Uma vez que Cristo já pagou a penalidade do
pecado de todo homem, a única razão por que alguém pode ser condenado no final
é a persistente descrença, uma recusa em apreciar a redenção provida por Cristo
sobre a cruz e por ele ministrada como Sumo Sacerdote. O verdadeiro evangelho
traz ao lume essa descrença e conduz a um arrependimento efectivo que prepara o
crente para o retorno de Cristo. O orgulho humano e o louvor e lisonja a seres
humanos é incompatível com a verdadeira fé em Cristo, mas é um sinal seguro da
persistente descrença, mesmo dentro da igreja.
(7) Ao buscar a humanidade perdida, Cristo seguiu o
caminho completo, tomando sobre Si a natureza caída e pecaminosa do homem após
a queda. Isso Ele fez para que pudesse ser tentado em todos os pontos como nós,
e, contudo, demonstrar perfeita justiça "à semelhança de carne pecaminosa".
A mensagem de 1888 aceita o termo "semelhança" como tendo o seu
sentido óbvio, não o de dessemelhança. Justiça é uma palavra nunca
aplicada a Adão em seu estado não caído, nem aos anjos sem pecado. Somente pode
traduzir uma santidade que entrou em conflito com o pecado na decaída carne
humana, e sobre ele triunfou.
Assim, "a mensagem da justiça de Cristo" que
Ellen White endossou tão entusiasticamente na época de 1888 está enraizada
nessa única visão da natureza de Cristo. Se Ele tivesse assumido a natureza sem
pecado de Adão antes da queda, o termo "justiça de Cristo" seria uma
abstração sem sentido. Os mensageiros de 1888 reconheceram o ensino de que
Cristo tomou somente a natureza sem pecado de Adão antes da queda como um
legado do romanismo, a insígnia do mistério da iniquidade que O mantém
"afastado" e não "ao alcance da mão".
(8) Assim, nosso Salvador "condenou o pecado na
carne" da decaída humanidade. Isso significa que Ele superou o pecado pela
lei; o pecado tornou-se desnecessário à luz de Seu ministério. É impossível ter
a verdadeira fé neotestamentária em Cristo e continuar em pecado. Não podemos
escusar o contínuo pecar declarando que "somos apenas humanos" ou que
"o diabo me levou a fazê-lo". É a luz da cruz, o diabo não pode
forçar ninguém a pecar. Ser verdadeiramente humano é ser semelhante a
Cristo em carácter, pois Ele era e é plenamente humano, tanto quanto divino.
(9) Segue-se que o único elemento de que precisa o
povo de Deus a fim de preparar-se para o retorno de Cristo é aquela genuína fé
do Novo Testamento. Mas isto é precisamente o elemento de que carece a igreja.
Ela se imagina doutrinária e experimentalmente "rica", de nada tendo
falta, quando na verdade o seu pecado básico é uma patética descrença. A
justificação é pela fé; é impossível ter fé e não demonstrar justiça na vida,
porque a verdadeira fé opera pelo amor. As falhas morais e espirituais
são o fruto de perpetuar o antigo pecado de Israel de descrença hoje, mediante
a confusão de uma falsa justificação pela fé.
(10) A justificação pela fé desde 1844 é "a
terceira mensagem angélica em verdade". Assim ela é maior do que aquilo
que os reformadores ensinavam e as igrejas populares hoje entendem. É uma
mensagem de graça abundante compatível com a verdade adventista singular da
purificação do santuário celestial, uma obra contingente com a plena
purificação dos corações do povo de Deus sobre a terra.
Há outros aspectos da mensagem de 1888 tais como
reformas nos métodos de saúde e educação, mas nossa principal preocupação neste
livro é o coração, como reconhecido por Ellen White em Justificação pela fé.
Não é verdade que a mensagem de 1888 era oposta à organização eclesiástica (ver
capítulo 10).
Significação da Mensagem Hoje
A história e mensagem de 1888 propicía uma chave para
reconciliação com o Senhor Jesus. A grande "expiação final" se
tornará realidade. "Haverá uma fonte aberta à casa de David [a liderança
da igreja] e aos habitantes de Jerusalém [a igreja organizada] para pecado e
para a impureza". Alguns, talvez muitos, desprezarão e rejeitarão essa
fonte de que fala Zacarias, mas cremos que o cerne do coração do povo de Deus é
honesto. Quando conhecerem a verdade plena, responderão. "O teu povo
estará disposto no dia do Teu poder", declara o salmista. O gênio latente
do adventismo ainda perceberá e receberá verdades agora percebidas palidamente.
A despeito de oposição dentro da estrutura eclesiástica, a consciência
adventista ainda reconhecerá o testemunho de Ellen White sobre 1888 como sendo
uma genuína manifestação do espírito de profecia, "o testemunho de
Jesus". Em seu impacto sobre corações honestos, a verdade é invencível.
O mundo e o universo aguardam aquele outro anjo que
desce do céu "com grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua
glória". Se era plano do Senhor que a mensagem de 1888 fosse o
"começo" da obra daquele anjo e o "começo" da chuva
serôdia, poderia ser algo mais importante do que buscar a verdade plena a seu
respeito?
Que este livro possa ser lido com uma oração por
discernimento e um espírito de fé e arrependimento.
Os Autores.
3 de junho de 1987.
1. The 1888
Message--An Introduction [A Mensagem de 1888 -- Uma Introdução], Review and
Herald, 1980; Gold Tried in the Fire [Ouro provado no fogo], Pacific
Press, 1983; The Good News is Better Than You Think [As boas novas são
melhores do que você pensa], Pacific Press 1985; A Summary of the History
and Content of the 1888 Message [Um sumário da história e conteúdo da
mensagem de 1888], 1977, The 1888 Message Study Committee [Comissão de Estudo
da Mensagem de 1888].
1.
Por Que Examinar Nosso Passado Adventista?
O Movimento Adventista até aqui não fez progresso
compatível com sua missão profética. Tem havido progresso, mas não do modo como
a Escritura declara que deve ocorrer. Os três anjos de Apocalipse 14 ainda não
agitaram o mundo. Bilhões ainda conhecem pouco ou nada sobre esta mensagem de
vida ou morte.
Não podemos negar que o quarto anjo de Apocalipse 18
ainda não iluminou a terra com a glória de sua mensagem. O programa de Deus de
amorosa preocupação por este planeta tem sido impedido de certo modo. O longo
atraso aprofunda a perplexidade na igreja e assume proporções vexatórias.
Dizer que fracassamos em cumprir nosso dever é
meramente declarar o problema em termos diferentes: Por que não cumprimos o
nosso dever, e quando o cumpriremos? E dizer que Deus em breve agirá e fará
algo é declará-lo doutro modo ainda: Por que Ele já não fez aquilo que por fim
fará?
Não ousaríamos acusar a Deus de negligência no
cumprimento de Sua palavra. Sabemos que Ele tanto ama o mundo que deu o Seu
Filho para a sua redenção, e que tem estado pronto para conduzir o plano de
salvação a seu triunfo final há muito tempo. A cruz demonstra Sua total
dedicação ao problema humano. Tal amor nega qualquer possibilidade de
indiferença divina. Contudo, bilhões quase nada sabem a respeito de Sua
mensagem de graça. Devem eles ficar sem jamais saber, jamais ter oportunidade
de apreciar o preço da redenção que Ele pagou e de Seu ministério
sumo-sacerdotal em andamento? As perguntas demandam respostas: Qual é a razão
para o atraso, e como pode a dificuldade ser retificada?
Na maior parte de um século temos buscado respostas em
cada programa sucessivo, resoluções, praxes e estratégias evangelísticas. Se
somente algum poder sobrenatural levasse a efeito a propagação da mensagem
universalmente, de modo fenomenal, de modo que a população mundial pudesse ao
menos entender do que se trata, então o movimento seria vindicado, e seu
longamente esperado triunfo se concretizaria. Não haveria então necessidade de
reexaminar nossa história.
Mas Deus não pode vindicar um povo morno. Isso
anularia Sua insistência de um século para que siga princípios rectos
comunicados mediante uma mensageira inspirada. Tal renúncia corresponderia a
Sua admissão de derrota, englobando todo o plano da redenção, porque seu
verdadeiro sucesso depende desse momento final.
A Razão é Evidente
A esperança do povo de Deus em todas as eras tem sido
a primeira ressurreição. Por razões bíblicas, os adventistas do sétimo dia não
podem concordar com seus irmãos de outras comunhões que crêem que os salvos vão
imediatamente para sua recompensa por ocasião da morte. As Escrituras indicam
que "dormem em Jesus" até que retornem na primeira ressurreição. Mas
essa esperança é vã a menos que Cristo volte pela segunda vez, porque a Sua
presença pessoal somente pode tornar possível a ressurreição. "Esse mesmo
Jesus" deve retornar literal e pessoalmente. Nenhum espírito etéreo
substituto pode levantar os mortos.
Mas essa crença adventista apresenta um sério problema
que se confronta com teorias populares de justificação pela fé. Se a alma
humana é por natureza imortal e os salvos vão para o céu quando da morte,
nenhuma preparação especial de carácter para a segunda vinda se faz necessária.
Não há qualquer obra adicional que o "evangelho eterno" possa cumprir
além do que é cumprido por milhares de anos por aqueles que morreram. Assim, as
concepções populares de justificação pela fé não dão lugar a qualquer
preparação especial para uma segunda vinda.
Essa é a razão por que a maioria dos protestantes
não-adventistas concebem a justificação pela fé como limitada a uma
justificação legal. Segundo o seu ponto de vista, a obediência perfeita à santa
lei de Deus não é necessária nem possível. Uma preparação especial para a
segunda vinda de Cristo simplesmente está excluída de seu pensamento.
Mas a verdade bíblica da natureza do homem requer que
uma comunidade de crentes vivos esteja pronta para a segunda vinda de
Cristo de modo que uma ressurreição dos mortos tenha lugar. Ele é um Fazendeiro
que não pode vir para a Sua colheita até que esta esteja madura (Marcos
4:26-29). Mas suponha que o povo de Deus nunca se apronte, seja porque não
possa, seja porque não queira.
Cristo diz a Seu próprio respeito: "Eu venci…"
(Apocalipse 3:21), e Ele declara ao "anjo da igreja em Laodicéia" que
seus membros devem vencer "assim como também" Ele venceu.
Evidentemente uma preparação especial se faz necessária. Mas se essa preparação
especial nunca tiver lugar, deve Ele admitir por fim que o Seu povo não pode ou
não vencerá, que o Seu padrão para ele tem sido por demais elevado, que Ele
nunca esperou seriamente que pudesse ser alcançado? Entendemos errado a Cristo
por mais de um século, presumindo que Ele requer obediência a Sua lei quando a
obediência é impossível? Pode dar-se que nenhuma preparação especial é
necessária para o Seu povo?
Há sérias indagações. Um considerável segmento da
igreja e seu ministério se inclina na direção de concepções populares de que
não é possível vencer o pecado per se. Tais idéias foram adaptadas para
o adventismo, segundo o ponto de vista calvinista de que enquanto alguém
possuir uma natureza pecaminosa, a persistência em pecar é inevitável e,
portanto, escusável. (Isso logicamente nega a significação da idéia adventista
exclusiva do Dia de Expiação antitípico).
Rebaixar a expectativa de Deus a fim de vindicar um
povo descuidado e morno seria um insulto à divina justiça. Significaria
estabelecer a Velha Jerusalém na nova terra, continuamente se desviando, sem
arrependimento e desobediente, em lugar da espiritualmente triunfante e
plenamente arrependida Nova Jerusalém. Isso desapontaria as esperanças de
Abraão que "aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o
arquitecto e edificador". Essa "cidade" seria uma comunidade
finalmente vitoriosa de seus descendentes espirituais, não meramente uns poucos
indivíduos espalhados, sem coordenação (cf. Hebreus 11:10). A fé de Abraão não
ousaria ser em vão! Deve haver um povo que atinja essa maturidade de experiência
cristã e fé da qual ele foi o verdadeiro ancestral espiritual. Este é o clímax
em cuja direcção a história tem marchado.
E não somente Abraão exerceu tal fé. Lemos que o
próprio Cristo exerceu fé em Seu povo, a despeito do facto de que no passado eles
"não creram". Ele deu o Seu sangue pelos seres humanos e para a
completa redenção da raça humana. Esse é um investimento caro se o retorno se
revelar insatisfatório! No final, "a fidelidade de Deus" não se irá
"desfazer" (Romanos 3:3). Doutro modo, o evangelho eterno será
deixado em descrédito e Ele estará eternamente embaraçado por ter exercido uma
fé ingênua na humanidade.
Fracasso: Um Impensável Desenlace para o Programa de
Deus
Conquanto Cristo haja morrido por nós e tenha pago o
preço de todos os nossos pecados como nosso divino Substituto, deve haver
alguma resposta de fé de nossa parte. Sem um povo verdadeiramente
pronto para a segunda vinda de Cristo, e sem uma compreensão de sua missão
mundial, o Senhor não pode retornar. Ele não pode tomar a Sua poderosa foice
até que "a seara" esteja madura (Apocalipse 14:15, 16). O adventismo
está profundamente enraizado nessa óbvia verdade. Não há meio pelo qual
podemos afastar-nos disso e ainda permanecer adventistas.
Antes que o Senhor possa vindicar Sua igreja
remanescente, a geração presente deve de algum modo em princípio retificar todo
fracasso do povo de Deus em seguir a luz. Isso deve ser cumprido não por um
programa de obras, mas por sua fé desenvolvida amadurecidamente. Como Juiz,
Deus não pode aprovar o impenitente, sejam indivíduos ou seja um movimento.
As descobertas deste estudo sugerem que tem havido
algumas sérias incompreensões da história vital dos adventistas do sétimo dia.
Há evidência de que a verdade concernente à chuva serôdia do Espírito Santo e o
alto clamor de Apocalipse 18 tem sido distorcida e mesmo acobertada. Isso tem
acarretado trágicas consequências a nível mundial. A incompreensão de nosso
passado também tira de foco o nosso entendimento do presente e enfraquece a
confiança em nossa missão exclusiva. E isso pode nos tornar presas do desastre.
É impossível para qualquer pessoa em qualquer parte entender os acontecimentos
atuais corretamente se tem os factos de seu passado distorcidos.
A verdade nada perde por reexame detalhado. Seja uma
doutrina teológica ou uma asserção vital da história eclesiástica, Ellen White
indica que a isso tem-se que aferrar:
"Nenhuma verdadeira doutrina perderá algo por
rigorosa investigação. Estamos vivendo em tempos perigosos, e não nos convém
aceitar tudo que se reivindica ser verdade sem detido exame, nem podemos
dar-nos ao luxo de rejeitar algo que produza os frutos do Espírito de Deus; mas
devemos ser susceptíveis à instrução, mansos e humildes de coração… O Senhor
determina que nossas opiniões sejam postas a teste." (RH, 20 de dezembro de 1892).
"Se nós próprios não submetermos "a
teste" nossas opiniões concernentes a doutrinas e interpretações
históricas, mentes perspicazes entre nossos oponentes finalmente farão o
serviço por nós.
"Se Deus tem falado por meu intermédio, chegará o
tempo em que seremos levados perante conselhos e perante milhares por
causa do Seu nome, e cada um de nós terá
que dar as razões de sua fé. Então chegará a mais severa crítica sobre cada
posição que tem sido assumida pela verdade." (RH, 18 de dezembro de
1888).
Quando as palavras acima foram escritas, estavam em
andamento importantes factos da história denominacional. Hoje, certas
interpretações dela entre nós têm assumido quase a forma e autoridade de
"doutrina". Daí a necessidade de cuidadosa investigação, de modo que
a verdadeira história possa ser distinguida da "tradição dos
anciãos". Por razões a serem mais tarde explicitadas, envolvemos o
episódio 1888 de nossa história nas neblinas dessa tradição. Os fatos devem ser
separados da fantasia.
Arrependimento e o Dia da Expiação
A purificação do santuário nunca pode completar-se até
o incidente histórico de 1888 tornar-se plenamente entendido e o problema
espiritual subjacente resolvido. Esse segmento particular de nossa história é
especialmente significativo. Isso está implícito numa declaração escrita por
Ellen White ao presidente da Associação Geral, O. A. Olsen, quatro anos após a
assembléia de Mineápolis:
"O pecado cometido no que teve lugar em
Mineápolis permanece nos livros de registro do céu, assinalados contra os nomes
daqueles que resistiram à luz, e permanecerá nos registros até que se faça
plena confissão, e os transgressores se apresentem em total humildade perante
Deus." (Carta 019, 01.09.1892).
Escritos seus posteriores indicam que "plena
confissão" nunca foi feita e que a experiência de "total humildade
perante Deus" não se fez sentir na maioria deles. Aqueles irmãos morreram
todos, mas isso não significa que os "livros de registro do céu"
estejam automaticamente apagados. Eles registram o pecado colectivo, bem como o
pecado pessoal. A verdade fundamental que tem tornado os adventistas do sétimo
dia um povo único é o de que a morte não purifica os livros de registro
celestiais. A purificação deve ocorrer no "juízo investigativo", um
Dia de Expiação colectivo e final.
A questão em debate
não é a salvação das almas daqueles queridos líderes de um século atrás que
resistiram à mensagem. Eles descansam no Senhor, em paz, enquanto permanecem
prisioneiros em suas tumbas. A questão agora é a finalização da obra de Deus
sobre a terra, desenvolvendo uma empatia há muito necessária com o Senhor de
modo a que possamos verdadeiramente dar-Lhe "glória, porque vinda é a
hora do Seu juízo". Precisamos recobrar nesta geração a bênção
valiosíssima que nossos irmãos de um século atrás "sonegaram ao
mundo" e "ao nosso povo, em grande medida" (1SM, 234, 235).
Somos "um corpo" em Cristo, "uma cidade" ou uma comunidade
espiritual coletivamente envolvida com aqueles irmãos do passado. Os pecados
deles são o nosso pecado, à parte de arrependimento específico, inteligente.
O "corpo" está morno, afectado com
enfermidade espiritual que pode ter origens identificadas que remontam a 1888.
Uma nova geração deve agora interpretar corretamente o que ocorreu numa geração
passada devido a suas profundas implicações para nossa condição espiritual
hoje. A mensagem de Cristo para a Sua igreja dos últimos dias requer
implicitamente um reexame de nossa história que subjaza nosso complexo de
"rico estou, de nada tenho falta" (Apocalipse 3:14-21).
Uma falha em assim fazer acarreta sobre nós a culpa de
gerações passadas. Estamos sendo provados tão verdadeiramente quanto eles o
foram. A semelhança do Calvário, 1888 é mais do que um mero evento histórico. A
providência de Deus não permitirá que seja coberto pelo pó no sótão do
adventismo, esquecido por uma nova geração. Aquilo representa o desenvolvimento
de princípios que se aplicam novamente a cada geração até a vitória final da
verdade.
Num certo sentido
real, hoje estamos cada qual junto ao Calvário; também somos
"delegados" da Assembléia de 1888. Seremos chamados a cumprir o que
uma geração passada falhou em fazer. Uma profecia inspirada nos fala de como
1888 deve ser reexaminado:
"Deveríamos ser o último povo sobre a terra a
abrigar no grau mais ínfimo o espírito de perseguição contra aqueles que estão
levando a mensagem de Deus ao mundo. Esse é o mais terrível aspecto da falta de
espírito cristão que já se manifestou entre nós desde a reunião de Mineápolis. Algum tempo será visto em seu verdadeiro carácter,
com todo o peso dos ais que dele resultou. (GCB 1893, p.184; ênfase
adicionada).
Um ex-presidente da Associação Geral também reconheceu
que esta questão de 1888 deve permanecer um contínuo teste entre nós até que
finalmente vençamos de fato:
"Alguns podem sentir-se melindrados ante a
idéia de que Mineápolis seja citado [nestas reuniões, 1893]. Sei que alguns
sentiram-se ofendidos e melindrados ante qualquer alusão àquela assembléia, e à
situação ali. Mas tenhamos em mente que a razão porque alguém deva sentir-se
assim é um espírito insubmisso de sua parte. Tão logo nos submetamos
inteiramente, e humilhemos nosso coração perante Deus, a dificuldade se esvairá
completamente. A própria idéia de que alguém se melindra revela imediatamente a
semente da rebelião no coração… .
"Se falhamos numa ocasião, o Senhor nos lançará
ao chão novamente; e se nós falhamos pela segunda vez, Ele novamente nos
arrojará abaixo; e se falharmos uma terceira vez, o Senhor nos porá por
terra uma vez mais. . . . Em lugar de nos sentirmos
incomodados com a idéia de que o Senhor nos está arrojando ao mesmo chão,
sejamos-Lhe gratos, e louvemo-Lhe incessantemente, pois essa é a misericórdia e
compaixão de Deus. Qualquer outra coisa além disso é nossa ruína e destruição." (O. A. Olsen, Ibid., p. 188).
Hoje pode haver alguns que também se sentem
"ofendidos e melindrados" de que se proceda uma tal investigação da
nossa história. Por que prestar tanta atenção ao passado trágico? Por que não
esquecê-lo e ir "adiante" de onde agora estamos?
Segundo esse presidente da Associação Geral de 1893, sensíveis
sentimentos de ressentimento a respeito de 1888 indicam uma atitude de coração
em guerra com o Espírito Santo de Deus. Talvez o Senhor o impressionou a
dizer o que disse. E Ellen White também nos lembra que há terrível perigo de
esquecer o passado (VE 196). Uma predição feita por A. T. Jones na mesma sessão
de 1893 parece propositalmente assestada sobre esse alvo:
"Haverá coisas vindouras que serão mais
surpreendentes do que foi para aqueles que estavam em Mineápolis,--mais
surpreendentes do que qualquer coisa que já tenhamos
contemplado. E, irmãos, nos será requerido receber e pregar essa verdade. Mas a
menos que você e eu tenhamos toda fibra desses espírito enraizado em
nossos corações, trataremos essa mensagem e o mensageiro pela
qual for enviada, como Deus tem declarado que temos tratado esta outra mensagem
[de 1888]." (GCB 1893, p. 185).
"Em 1888 na Conferência Geral realizada em
Minneapolis, Minnesota, o anjo de Apocalipse 18 desceu para fazer sua obra, e
foi ridicularizado, criticado e rejeitado, e quando a mensagem que ele
trouxer novamente, alargar-se num alto clamor, será novamente ridicularizada,
criticada e rejeitada pela maioria." E.G.White in
Taking Up a Reproach. Também encontrado
em Some History, Some Experience, Some Facts,
p. 1, por A.T.Jones.
"Vi que Jones e Waggoner tiveram sua
contrapartida em Josué e Calebe. Como os filhos de Israel apedrejaram os espias
com pedras literais, vós apedrejastes esses irmãos com pedras de sarcarmo e
ridículo. Vi que vós voluntariamente rejeitastes o que sabíeis ser a
verdade. Apenas porque ela era por demais humilhante para a vossa dignidade.
Vi alguns de vós em vossas tendas arremedando e fazendo toda a sorte de
galhofas desses dois irmãos. Vi também que se tivéssemos aceito a mensagem
deles teríamos estado no reino após dois anos daquela data, mas agora temos de
retornar ao deserto e ficar 40 anos." E.G.White, Escrito de
Melbourne, Austrália, 09.05.1892.
Necessidade de Percepção, Mais do Que de Mais Palavras
Defrontar a verdade plena não é ser
"crítico". A verdade a respeito do passado não somente ilumina o
misterioso presente; transmite esperança pelo futuro desconhecido. As verdades
plenas são sempre boas novas. Quando a reconhecemos, nossas tentativas de
assegurar a prometida chuva serôdia e efectuar a colheita final terá êxito. O
caminho mais longo ao redor provar-se-á o mais curto para chegar ao lar. A
experiência de fé pressupõe um pleno reconhecimento da verdade. Mas até que
estejamos dispostos a defrontar a verdade, todo o nosso catálogo de obras deve
fracassar porque serão necessariamente destituídas daquela fé salvadora.
Sob a direcção de Deus, a história deve nos levar a um
confronto com a realidade:
(1) O amor de Deus requer que Sua mensagem de
"boas novas eternas" vá a todo
o mundo, proclamada com poder. Mas Ele tem declarado que não pode acrescentar
Suas bênçãos à confusão em nossos arraiais.
(2) O falso "Cristo" do mundo moderno é
impotente para segurar a igreja remanescente permanentemente em suas mãos. Ele
não pode conceder um poder sobrenatural sobre ela como um todo, como por fim
fará com outras corporações religiosas, por causa da presença em seu interior
de muitos milhares que insistirão na plena aceitação da verdade. São
adventistas do sétimo dia conscienciosos devido a profundas convicções baseadas
na Escritura. Não dobrarão seus joelhos a Baal. E não permitirão que Baal tenha
êxito em silenciá-los porque estão conscientes de serem membros do corpo de
Cristo. Permanecerão firmes como o fez Aquele solitário no templo, que
insistia: "Não façais da casa de meu Pai casa de negócio" (João
2:16).
(3) Assim, a Igreja Adventista do Sétimo Dia não
falhará, na crise final porque há um resíduo de força dos honestos de coração
que ainda constituem uma grande proporção de sua comunhão. Essa força torna
impotente a tentativa final de Baal de subjugar o Israel de Deus. Mesmo Baal
não pode adicionar suas falsas bênçãos a um povo dividido, hesitante entre duas
opiniões! O fator decisivo que assegura a vitória pela verdade é a pureza do
santuário celestial, um ministério sumo-sacerdotal do Salvador do mundo que
nunca teve lugar na história antes de 1844.
O próximo passo será para
aqueles que reivindicam acalentar "a bendita esperança" de decidir
seguir, no sentido de plena dedicação, um Senhor ou outro. As implicações de
tal decisão são tremendas para se contemplar.
2. O Pecado de Deixarmos Nosso Primeiro Amor
Ninguém pode
questionar a genuinidade da experiência espiritual daqueles que passaram pelo
movimento de 1844. Jesus era "precioso" aos crentes que esperavam a
Sua breve vinda, e seus corações estavam unidos em sincera e profunda devoção.
Reconheciam o Espírito Santo como inegavelmente presente naquele movimento.
Foi essa convicção
que transcendia a mero apego a correção teológica, que sustentou a confiança do
"pequeno rebanho" em meio ao Grande Desapontamento. A Igreja
Adventista do Sétimo Dia foi concebida numa experiência de genuíno amor e
nasceu como trabalho de parto da alma daqueles poucos que arriscaram tudo em
seu reconhecimento de uma obra genuína do Espírito Santo. Assim, ela foi bem
nascida, concebida na verdadeira fé e não no legalismo.
Em seus primeiros
anos ela amou o Senhor com um coração sincero, e apreciava a presença do
Espírito Santo. Suas dificuldades posteriores derivam de um trágico abandono
desse "primeiro amor", e uma falha conseqüente em reconhecer o
verdadeiro Espírito Santo.
Já em 1850, esse
calor de dedicação por Jesus começou a ser gradualmente substituído nos
corações de muitos por uma condição "insensata e dormente" e
"meio-desperta", segundo a jovem mensageira do Senhor. Um insidioso
amor do eu começou a tomar o lugar do verdadeiro amor pelo Salvador, produzindo
a mornidão. Orgulho e complacência em possuir um sistema de verdade
gradualmente sufocaram muito da fé simples em Jesus, de coração, que levou a
sua aceitação originalmente.
Desse modo, logo
após o Grande Desapontamento de 1844 e a reunião do "pequeno rebanho"
que manteve sua fé, desenvolveu-se uma deficiência em seu entendimento da
importância das três mensagens angélicas. A deficiência não era teológica, mas
espiritual. A igreja assemelhava-se a um adolescente que cresce fisicamente,
mas, por outro lado, permanece uma criança.
A
"verdade" logrou progresso fenomenal e era tida por invencível em
debate, mas "os servos do Senhor confiaram demasiadamente na força do
argumento", declarou Ellen White em 1855 (1T 113). Isso tornou difícil que
resistissem à tentação inconsciente e sutil de acolher um orgulho
espiritual--não encontraram e aceitaram a verdade, e por ela se sacrificaram?
Parecia haver mérito em tal sacrifício. Ministros e evangelistas ergueriam suas
tendas numa nova comunidade, agitando outros ministros e igrejas populares,
vencendo os argumentos e debates, arrebanhando seus "melhores"
membros, batizando-os e erguendo uma nova igreja, partindo daí para novas vitórias
quase em toda parte. Desfrutavam uma euforia de sucesso.
A oposição levou-os
a acariciar a esperança de vindicação pessoal e coletiva quando do segundo
advento mais do que a antecipação amorável de encontrar o Amado, incluísse esse
encontro vindicação ou não. A fé deles tornou-se-lhes mais um acto de
crença na verdade doutrinária e obediência a ela, motivada pelo preocupação
auto-orientada por renovação, antes que uma apreciação genuína da graça de
Cristo. Em lugar de caminhar humildemente em total dependência do Senhor,
"nós" começamos a caminhar orgulhosamente com nossa indisputável evidência
doutrinária da "verdade".
O resultado foi
inevitavelmente uma forma de legalismo. A mesma experiência tem-se repetido
frequentemente nas vidas individuais dos novos conversos adventistas.
Devidamente entendida, a história do movimento adventista é a história de
nossos próprios corações individuais. Cada um de nós é um microcosmo do todo,
como cada gota dágua incorpora a essência da chuva. Em tudo quanto dizemos a
respeito da experiência dos anos passados, lembramo-nos que não somos melhores
do que nossos antepassados. Como Paulo informou aos crentes de Roma,
"nós" fazemos as mesmas coisas (Romanos 2:1). Somente através de uma
percepção que reconhece a culpa coletiva podem as falhas de nossa história
denominacional ser resolvidas com valor positivo e encorajador.
Como Nossa
Mornidão Começou
Ellen White cedo
reconheceu que nosso problema era deixar o nosso "primeiro amor", uma
perda de intimidade com Cristo por não apreciarmos o Seu amor sacrificial. Ela
própria aparentemente nunca perdeu esse primeiro amor, pois estava sempre
pronta e disposta a reconhecer as manifestações do verdadeiro Espírito Santo.
Mas "nós" não estivemos tão prontamente perceptivos.
Poderíamos cantar
alegremente com W. H. Hyde: "Ouvimos da brilhante e santa pátria, ouvimos
e nossos corações se alegram", contudo houve uma constante tensão entre
reconhecer e apreciar o dom de profecia vivo, e nosso ressentimento humano
natural contra sua reprovação ou correção. Conquanto o poder do Espírito de
Deus que caracterizava o ministério de Ellen White muitas vezes forçava a
liderança da igreja a reconhecer a divina autoridade de sua mensagem, eles
raramente como um todo tinham uma verdadeira e sincera apreciação de seu
profundo desafio espiritual. Tal ressentimento íntimo não nos surpreende como
humanos. Era evidente por toda a antiga história israelita.
Esse quase
contínuo desprezo pelos apelos de Ellen White para nos volvermos a um contrito
"primeiro amor" resultou nos mais escuros momentos de nossa história.
Um crescente mas inconsciente amor próprio de ministros e crentes sufocou
a fé genuína, e, como consequência, a habilidade de discernir a operação do
Espírito Santo se extinguiu. Um episódio tão horrível, nunca imaginado pelos
pioneiros (e quase assim para nós hoje) finalmente veio a se passar. Chegaria o
tempo em 1888 em que aquela poderosa Terceira Pessoa da Divindade seria de fato
"insultada" pelos delegados responsáveis junto à Sessão da Associação
Geral (cf. Ms 24, 1892, Special Testimonies, Serie A, nº 7, p. 54; ver
capítulo seis). Como poderiam os adventistas do sétimo dia fazer isso?
Não fosse pelo
contínuo ministério de Ellen White, é de duvidar que o movimento pudesse ter
sobrevivido de modo diferente de uma seita legalista, à semelhança das
"testemunhas de Jeová" ou da Igreja de Deus Mundial. Isso por si só
-- geralmente reconhecido como verdade -- é um comentário impressionantemente
claro da natureza de nossa arraigada descrença. Estávamos repetindo em poucas
décadas da história o que o antigo Israel levou séculos para cumprir. Nenhum
adventista do sétimo dia negaria que a igreja era "Jerusalém". Mas
ela era ainda a velha cidade, não a Nova.
Falhamos em
perceber as três mensagens angélicas como o "evangelho eterno". As
doutrinas eram verdadeiras. Mas os ministros e membros estavam cegados quanto a
um apropriado discernimento da terceira mensagem angélica em verdade,
como a cegueira dos judeus os impediu de discernir a verdadeira mensagem do
Velho Testamento. Aquela verdade que os judeus não podiam discernir era o lugar
da cruz em seus rituais do santuário e no ministério de seu longamente esperado
Messias. Semelhantemente, o lugar da cruz na terceira mensagem angélica deixou
de ser percebido pelos nossos irmãos do final do século dezenove.
Já em 1867, Ellen
White falava do princípio da cruz (em lugar de reforma do vestuário) como o
motivo fundamental a inspirar todo o nosso compromisso e estilo de vida
adventista do sétimo dia:
"Temos
estado tão ligados ao mundo que perdemos de vista a cruz, e não sofremos pela
causa de Cristo….
"Na
aceitação da cruz somos distinguidos do mundo." (1T 525)
"Há
demasiada agitação e movimentação quanto a nossa religião, enquanto o Calvário
e a cruz são esquecidos." (5T 133)
Crescimento Vs.
Progresso
O que tornou a
nossa condição espiritual ainda mais difícil de entender foi o facto de que a
igreja desfrutava um próspero crescimento do ponto de vista numérico,
financeiro e em termos de prestígio. Isso se refletiu num firme aumento da
força institucional, financeira e organizacional. O movimento que nascera de
menos do que nada em face da zombaria mundana pós-1844, havia assumido a forma
de uma denominação permanentemente estabelecida e bem respeitada. Tínhamos o
que se reconhecia amplamente como a melhor instituição de saúde do mundo, e uma
das mais avançadas editoras eclesiásticas no "ocidente".
Logicamente, nada
havia de errado com tal progresso material. A maior parte dos avanços
conquistados ocorriam sob insistência do agente do dom de profecia. Era certo e
apropriado que instituições fossem estabelecidas, que a obra penetrasse novas
regiões e igrejas fossem levantadas por toda parte. Mas ministros e leigos
igualmente tomaram esse crescimento em lugar do verdadeiro fim e propósito do
movimento adventista -- uma preparação espiritual para o retorno de Cristo.
Disso resultou confusão, e a auto-estima e complacência começaram a vir à tona
nos relatórios semanais do "progresso da causa" como publicado na Review.
O espírito
evidente nesses relatórios de "progresso" contrasta-se com as
fervorosas mensagens de conselho que Ellen White enviava ao mesmo tempo. Muitos
dos irmãos expressavam quase incessante optimismo a respeito dos resultados de
seu trabalho. É verdade que Deus estava dirigindo, e o movimento Lhe pertencia.
Mas a inspiração e a história dão conta de que o aspecto mais impressionante da
"obra" não era o seu progresso material, mas sua falta de maturidade
espiritual.
O propósito
primário do movimento adventista tem sempre sido desenvolver o carácter
semelhante ao de Cristo de um remanescente que reivindica o Seu sacrifício.
Nenhuma outra comunidade de santos em toda a história acolheu tal maturidade de
experiência, simbolizada na Escritura como a Noiva que "se ataviou"
(Apocalipse 19:7). Este último remanescente se tornará a população de uma "Nova
Jerusalém", tendo vencido a apostasia de todas as gerações prévias. Em seu
carácter serão vistos os resultados práticos da purificação do santuário
celestial. O plano da salvação deve alcançar sua culminação, e as dúvidas e
objecções de Satanás e suas hostes devem ser para sempre respondidas. O próprio
universo não-caído deve reassegurar-se ao contemplar uma grandiosa demonstração
do completo êxito do plano de salvação em sua hora final. O evangelho deve
demonstrar-se "o poder de Deus para a salvação" (Romanos 1:16).
Relacionado com o
alcance desse objetivo primário está o reconhecimento de outro secundário: a
terminação do programa evangélico de missão mundial. O alcançar da meta
secundária é representado na Escritura como virtualmente assegurado, uma vez a
primária seja realizada (Marcos 4:26-29; Apocalipse 14:15; João 13:35).
Não tivéssemos
"nós" sido cegados pelo amor próprio, uma verdadeira compreensão da
verdade das três mensagens angélicas teria há muito tempo garantido o genuíno
progresso no rumo de alcançar essa meta primária de semelhança de carácter com
Cristo. Em lugar disso, tem havido um imaginado progresso no cumprimento da
meta secundária.
Mas um sério
problema se torna imediatamente evidente. Outras denominações estão logrando o
mesmo tipo de "progresso" institucional e numérico, em até maior
escala, o que sugere que tal crescimento significa pouco no que tange às reais
bênçãos celestiais sobre nossa obra. No processo temos perdido de vista em
grande medida a meta primária nesse ilusório cumprimento da meta secundária.
Relatórios oficiais atingem errôneas conclusões com base em progresso
estatístico e financeiro. Segue-se um exemplo, a ponta de um iceberg de
orgulho e complacência:
"O êxito
financeiro deste vasto empreendimento denominacional não pode ser maior do que
a fé e zelo que animam o povo escolhido de Deus. Esses recursos combinados, sob
o comando do Capitão das hostes do Senhor, conduzirão ao triunfo precoce do
grande Movimento do Segundo Advento em todo o mundo." (Thirty-seventh
Financial Report, General Conference [Trigésimo Sétimo Relatório Financeiro
da Associação Geral], 31 de dezembro de 1948, p. 9).
Em outras
palavras, a fé espiritual e zelo do povo escolhido de Deus são medidos por seus
registros estatísticos! Pode-se alegar que este é um exemplo extremo e
ultrapassado. Mas ilustra a mentalidade predominante da época, que se pode
reconhecer quase que por toda parte hoje. A linguagem de nossos corações
reivindica que somos "ricos e de nada temos falta". O Autor e
Consumador de nossa fé, contudo, diz o oposto.
Essa era a
condição espiritual da igreja na década que precedeu a Sessão da Associação
Geral de 1888. A mensageira do Senhor havia frequentemente deplorado o amor ao
eu que se tornou tão penosamente evidente em toda a sua difundida mornidão. Em
desesperados esforços para ajudar, ela enviou mensagens ardentes de admoestação
a "nós" nos anos que precediam a Assembléia de 1888, mensagens para
motivar ministros e povo a recobrarem o profundo e sincero amor por Jesus que
se havia quase tornado perdido. Ela trabalhou duro, mas por alguma razão os
apelos caíram maiormente em ouvidos moucos e não tiveram êxito.
O Remédio
Simples de Deus Para Um Sério
Problema Denominacional
Poderia alguma
mensagem dinâmica, alguma simples "palavra", penetrar o coração de
Laodicéia e cumprir pela igreja num curto período o que décadas de zeloso
ministério espiritual de Ellen White não conseguiram fazer?
A resposta é sim,
segundo o plano do Senhor. Ele quis enviar tal "palavra" mediante
humildes instrumentos em 1888, uma mensagem para ser o "início" da
chuva serôdia e do alto clamor. As circunstâncias de sua vinda seriam tão
humildes como o "verme" que provocou o secamento da vinha de Jonas, e
tão humilde como o nascimento no celeiro de Belém. Deus enviou dois jovens e
obscuros agentes com uma novel apresentação da verdade pura. Ellen White
sentiu-se deleitada com a mensagem deles. Viu como propiciava o elo que faltava
no adventismo, a motivação que transformava os pesados "deveres" do
legalismo em alegres imperativos de devoção apostólica.
Mas ela
revelava-se com justiça indignada com irmãos da liderança que não podiam ver o
que estava acontecendo e que reagiram negativamente. Assim se referiu ela aos
dois mensageiros:
"O
sacerdote tomou [o bebê Jesus] em seus braços, mas nada pôde ali divisar. Deus
não lhe falou e disse: "Esta é a consolação de Israel". Mas tão cedo
Simeão entrou, … ali viu o pequeno Bebê nos braços da mãe, . . . Deus lhe diz,
. . . "Este é a consolação de Israel"… Ali estava alguém que O reconheceu porque se
achava onde podia discernir as coisas espirituais.
"Não temos
dúvida de que o Senhor estava com o Irmão Waggoner enquanto falava ontem… A questão é, tem Deus enviado a verdade? Tem
Deus levantado estes homens para proclamar a verdade? Digo, sim, Deus enviou
homens para trazer-nos a verdade que não deveríamos ter tido a menos que Deus
houvesse enviado alguém para no-la trazer. . . Eu a aceito, e não mais ouso
erguer minha mão contra estas pessoas [do que] contra Jesus Cristo, que deve
ser reconhecido em Seus mensageiros … Temos estado em perplexidade, e temos
estado em dúvida, e as igrejas estão prontas para morrer. Mas agora aqui lemos
[citação de Apocalipse 18:1]."
(Ms. 2, 1890).
Nosso Problema
Hoje
Um século depois,
com uma maquinaria organizacional a nível mundial mais pesada, a dificuldade de
retificar a mesma condição de mornidão "pronta para morrer" parece
ainda mais perturbadora do que foi em 1890. O orgulho e a mornidão
denominacionais em muitas nações e culturas representam um problema enorme. Não
mais se pode esperar que a mera passagem do tempo propicie um remédio. Até
mesmo a paciência de Deus pode em breve esgotar-se. Os efeitos de nossa
mornidão não serão, não poderão ser tolerados pelo Senhor mesmo para sempre. É
Ele quem diz que O tornamos tão doentes que sente como que a ponto de
vomitar-nos (é isso o que a linguagem original deixa implícito em Apocalipse
3:16, 17).
A chave para
entender nossa actual situação vexatória jaz numa verdadeira apreciação do que
ocorreu na Sessão de 1888 e seus efeitos. Temos de reconhecer a realidade de
seus efeitos espirituais em nosso carácter denominacional por todo o mundo
hoje. A chuva serôdia e o alto clamor começaram entre nós como uma mensagem
simples, nada espectacular, de poder miraculoso, mas essas bênçãos de
incalculável valor foram impedidas porque o Espírito Santo foi
"insultado".
Como isso pôde
ocorrer devemos considerar em nosso próximo capítulo.
3. O Alto Clamor que Virá de Modo
Surpreendente
Por décadas, antes
de 1888, a igreja e sua liderança antecipavam ansiosamente os "tempos de
refrigério", quando a longamente esperada chuva serôdia viria. Essa era
uma expectação acariciada entre nós um século atrás, assim como a longamente
esperada vinda do Messias se dava entre os judeus ao tempo de João Batista.
Contudo, poucos
pareciam reconhecer que a chuva serôdia e o alto clamor seriam primariamente
uma compreensão mais clara do evangelho [ou seja, viriam com uma mensagem].
Esperava-se que o alto clamor fosse um barulho maior. Tomou-nos de surpresa o
facto de ser iluminação maior.
Esperávamos um
trovejante abalo da terra com uma mensagem de "Aprontai-vos, senão. .
.!" Não estávamos preparados para a pequena e suave voz de uma revelação
de graça como a verdadeira motivação da terceira mensagem angélica. O poder
sobrenatural que esperávamos deve ser consequência de nossa aceitação daquela luz
maior do evangelho. Essa deve iluminar a terra com glória.
Houve um terrível
perigo de que os líderes judeus pudessem rejeitar seu Messias quando viesse
"subitamente". E houve igual perigo de que os líderes responsáveis de
nossa igreja desprezassem o alto clamor quando começasse. Já em 1882 Ellen
White havia advertido de que poderiam algum dia ser incapazes de reconhecer o
verdadeiro Espírito Santo:
"Muitos
não podeis discernir a obra e presença de Deus... Há homens entre nós em postos
de responsabilidade que sustentam que . . . uma fé tal como a de Paulo, Pedro,
ou João, está . . . fora de moda, sendo impraticável em nossos dias. É
considerada absurda, mística, e indigna de uma mente inteligente." (5T
74, 79).
Um falso otimismo
prevalecia ("sei que muitos pensam bastante favoravelmente do tempo
atual"), e "no poderoso peneiramento a ter lugar em breve",
esses obreiros da liderança poderiam ser achados incompatíveis com a liderança
de um tempo crítico.
"Aqueles
que se têm fiado no intelecto, gênio ou talento, não poderão então permanecer à
cabeça do rebanho. Eles não se adequaram à luz. Os que se têm provado infiéis
não terão, então, a responsabilidade das ovelhas sob seus cuidados. Na última e
solene obra, poucos grandes homens estarão engajados." (5T 80).
Ellen White havia
antecipado o tempo em que o Senhor assumiria a liderança e suscitaria
instrumentalidades humanas em que pudesse confiar:
"Quando
tivermos homens tão dedicados como Elias, e possuindo a fé que ele possuía,
veremos que Deus Se revelará a nós como o fez aos homens santos do passado.
Quando tivermos homens que, conquanto reconhecendo suas deficiências, pleiteiem
com Deus em fé ardorosa, como fez Jacó, veremos os mesmos resultados."
(4T 402).
Especificamente, o
presidente da Associação Geral em 1885 foi advertido de que a menos que ele e
alguns outros
"...se
despertassem para um senso de seu dever, não reconhecerão a obra de Deus quando
o alto clamor do terceiro anjo for ouvido. Quando luz sair para iluminar a
terra, em vez de virem em auxílio do Senhor, desejarão amarrar Sua obra a fim
de ajustar-se a suas idéias limitadas. Permitam-me dizer-vos que o Senhor
operará nesta última obra de um modo bastante fora do comum e de maneira que
será contrária a qualquer planejamento humano… Os obreiros se surpreenderão com
os meios simples que Ele empregará para pôr em andamento e aperfeiçoar a Sua
obra de justiça." (1º de outubro de 1885; TM 300).
Essa carta foi
dirigida tanto a G. I. Butler quanto a S. N. Haskell. Haskell atendeu à
advertência e foi um dos poucos que tiveram o discernimento de reconhecer a
coisa misteriosa que estava acontecendo perante os seus olhos três anos depois.
Mas não Butler e muitos outros. O Senhor seria forçado em 1888 a passar por
alto ministros experientes a fim de empregar agentes mais jovens ou mais
obscuros:
"O Senhor
freqüentemente age onde menos esperamos; Ele nos surpreende por revelar o Seu
poder mediante instrumentos de Sua própria escolha, enquanto passa por alto
homens a quem temos considerado aqueles mediante os quais advirá a luz … .
"Muitos
rejeitarão as próprias mensagens que Deus envia a Seu povo, se esses irmãos da
liderança não as aceitarem. Mesmo que todos os nossos homens de liderança
recusarem a luz e a verdade, essa porta permanecerá aberta ainda. O Senhor
suscitará homens que darão ao povo a mensagem para este tempo." (OE, antiga edição, 126).
Novamente, em 1882
foi-nos dito:
"Pode
dar-se que sob um exterior rude e pouco atractivo é que o brilho puro de um
carácter cristão genuíno se revelará. . . .
"Elias
tomou a Eliseu do arado, e lançou sobre ele o manto de consagração. O chamado
para essa grande e solene obra foi apresentado aos homens de saber e posição;
houvessem esses homens sido pequenos a seus próprios olhos, e confiado
inteiramente no Senhor, Ele os teria honrado com o porte de Seu estandarte em
triunfo para a vitória. . . .
"Deus
empreenderá uma obra em nossos dias que somente poucos podem antecipar. Ele
suscitará e exaltará entre nós aqueles que são ensinados antes pela unção de
Seu Espírito, do que pela instrução externa de instituições científicas." (5T 81, 82).
Aqueles
testemunhos de 1882 revelam uma inspirada previsão. Era como se a pequena
senhora escrevesse a história de 1888 antecipadamente!
A Divina
Escolha de Mensageiros
Naquele mesmo ano,
1882, E. J. Waggoner iniciou um curso de treinamento que estava evidentemente
sob a guia especial do Espírito Santo. Ele estava sendo preparado para ser o
agente de uma obra especial. Mais tarde descreveu sua experiência:
"Iniciei
realmente meu estudo da Bíblia trinta anos atrás [1882]. Naquele tempo Cristo
foi apresentado diante de meus olhos "evidentemente crucificado" para
mim. Eu estava assentado um pouco à parte do corpo da congregação numa grande
tenda durante uma reunião campal em Healdsburg [Califórnia], em um sombrio
sábado à tarde. Não tenho idéia de qual era o tema do discurso. Não tinha
conhecimento de nenhuma palavra nem texto. Tudo quanto permanece comigo foi o
que eu vi. Subitamente uma luz brilhou ao meu redor, e a tenda estava-me muito
mais brilhantemente iluminada do que se o sol do meio-dia estivesse a brilhar,
e vi a Cristo dependurado na cruz, crucificado por mim. Naquele momento tive
meu primeiro conhecimento positivo, que me veio como um dilúvio avassalador, de
que Deus me amava, e que Cristo morrera por mim. Deus e eu éramos os únicos
seres de que tinha consciência no universo. Sabia, então, por ver de modo real,
que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo; eu era o mundo inteiro
com todos os seus pecados. Estou certo de que a experiência de Paulo no caminho
de Damasco não foi mais real do que a minha….
"Resolvi
imediatamente que estudaria a Bíblia à luz daquela revelação, a fim de que
pudesse ajudar outros a verem a mesma verdade. Sempre cri que toda parte da
Bíblia precisa estabelecer, com maior ou menor nitidez, essa gloriosa revelação
[Cristo crucificado]." (Carta,
16 de maio de 1916, escrita pouco antes de sua súbita morte).
Naqueles mesmos
anos anteriores a 1888 o Senhor estava preparando o seu colega. A mensagem da
verdade encontrou A. T. Jones como um soldado do Exército dos Estados Unidos.
Conquanto não fosse produto de escolas, ele estudava noite e dia, reunindo um
grande cabedal de conhecimento bíblico e histórico. J. S. Washburn, que o
conheceu pessoalmente, nos disse que ele era uma pessoa humilde, zelosa e de
profundos sentimentos, cujas orações eficazes davam testemunho de que conhecia
ao Senhor (entrevista de 4 de junho de 1950).
O agudo intelecto
do jovem Jones equilibrava-se com uma fé cálida, simples e infantil. Nos tempos
em que foi usado por Deus, ele era poderoso na pregação e no ministério
pessoal. Nos anos imediatamente seguintes a 1888, houve significativas
demonstrações do Espírito de Deus operando por seu intermédio, inclusive um
ministério especial em Washington no Senado dos Estados Unidos para derrotar a
lei dominical de Blair. De facto, esse quase um século de liberdade religiosa
que os americanos desfrutam é um legado dos esforços eficazes de Jones e
Waggoner, não reconhecidos e não honrados, ao oporem-se eles à intolerância
religiosa em seus dias.
O Espírito de Deus
estava verdadeiramente preparando esses dois jovens para serem os arautos à
igreja remanescente e ao próprio mundo do "começo" do longamente
esperado alto clamor:
"O Senhor
em Sua grande misericórdia enviou uma mensagem muito preciosa a Seu povo
mediante os Pastores Jones e Waggoner. Essa mensagem devia trazer mais
destacadamente perante o mundo o Salvador elevado, o sacrifício pelos pecados
do mundo inteiro... Deus deu a Seus mensageiros exatamente aquilo de que
carecia o povo." (1895; TM 91, 95).
Por oito anos após
1888, Ellen White frequentemente referia-se a esses dois jovens cavalheiros
como "os mensageiros do Senhor", endossando-os em palavras nunca
proferidas quanto a mais ninguém. Há entre 200 e 300 declarações entusiásticas
da parte dela. Em 1890 declarou:
"Suponde
que elimineis o testemunho que tem sido apresentado durante esses últimos dois
anos, proclamando a justiça de Cristo, a quem poderíeis apontar como trazendo
luz especial para o povo?" (RH, 18 de março de 1890).
Em 1888 ela tinha
dito:
"Deus está
apresentando às mentes de homens divinamente designados gemas preciosas de
verdade, apropriada para o nosso tempo." (MS. 8a, 1888, A. V. Olson, Through
Crisis to Victory, p. 279; doravante Olson).
"A
mensagem que nos é dada por A. T. Jones e E. J. Waggoner é a mensagem de Deus à
igreja laodiceana." (Carta S24, 1892).
Quando ela
primeiro ouviu a mensagem de Waggoner, imediatamente percebeu o seu verdadeiro
significado. Era uma revelação especial para a igreja e para o mundo:
"Tem-me
sido dirigida a indagação sobre o que eu penso dessa luz que esses homens estão
apresentando. Ora, tenho-a apresentado a vós pelos últimos quarenta e cinco
anos -- as incomparáveis belezas de Cristo. É isto que tenho estado tentando
apresentar perante vossas mentes. Quando o irmão Waggoner apresentou essas
idéias em Mineápolis, foi o primeiro ensino claro sobre esse assunto de
quaisquer lábios humanos que ouvi, excepto as conversas entre mim e meu esposo.
Disse a mim mesma que é porque Deus tem-na apresentado a mim em visão que eu a
vejo tão distintamente, e eles não podem vê-la porque não a tiveram apresentada
a eles como a mim tem sido, e quando outro a apresentou, toda fibra de meu
coração disse amém." (Ms. 5, 1889).
Em nossa moderna
terminologia, ela percebeu que a mensagem era uma transmissão que aplicaria
poder do motor para as rodas. Por "quarenta e cinco anos" ela tinha
estado girando o motor, mas o poder para completar a comissão evangélica não
estava passando adiante. Agora percebia como a nova mensagem suplementando a
velha realmente prepararia o povo daquela geração para a vinda do Senhor. Não
admira que estivesse tão feliz!
Como o Alto
Clamor Não Foi Reconhecido
Já em abril de
1890, Ellen White, tendo maior entendimento, aplicou a linguagem de Apocalipse
18 para a mensagem de 1888:
"Vários
têm-me escrito perguntando se a mensagem [de 1888] de justificação pela fé é a
terceira mensagem angélica, e tenho respondido: 'É a terceira mensagem angélica
em verdade'. O profeta declara: 'Depois destas coisas vi descer do céu outro
anjo que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória'
[Apoc. 18:1]." (RH, 1º de abril de 1890).
Em 1892, ela
estava pronta para declarar inequivocamente que a mensagem era realmente o
início do longamente aguardado alto clamor:
"O alto
clamor do terceiro anjo já se iniciou na revelação da justiça de Cristo, o
Redentor que perdoa o pecado. Este é o começo da luz do anjo cuja glória
encherá a terra toda." (RH, 22 de novembro de 1892).
Observem que o
"início" da obra desse anjo foi a mensagem, não sua presumível
aceitação pela liderança ou o povo. Veremos mais tarde como essa realidade
engloba um poderoso significado num tempo de crise.
O Pastor Butler, o
oficial mais responsável da igreja, destacou-se em sua oposição à preciosa luz
do alto clamor. Poucos outros eram espiritualmente capazes de transcender sua
influência negativa. Em sua cega oposição ao alto clamor podemos ver o trágico
cumprimento da advertência inspirada que lhe foi enviada em 1º de outubro de
1885 (cf. TM 300):
"Há alguns
que têm um desejo de tomar uma decisão de imediato sobre qual é a posição correcta
no ponto sob discussão. Como seria do gosto do Pastor Butler, é recomendável
que esta questão deva ser resolvida imediatamente. Mas estão as mentes
preparadas para tal decisão? Eu não poderia sancionar tal curso... Eles não
estão preparados para tomar decisões seguras... .
"Não vejo
razão para os sentimentos agitados que se criaram nesta reunião [Mineápolis,
1888]. . . . As mensagens procedentes de seu presidente em Battle Creek são
calculadas para agitar-vos a tomar uma decidida posição; mas eu vos advirto
contra o fazê-lo… Sentimentos excitados conduzirão a más decisões." (Ms 15, 1888; Olson, p. 295).
"Nunca me
esquecerei da experiência que tivemos em Mineápolis, ou das coisas que foram-me
então reveladas com respeito ao espírito que controlava homens, as palavras
proferidas, as acções praticadas em obediência aos poderes do maligno... Eles
eram movidos na reunião por outro espírito, e ignoravam que Deus havia enviado
esses jovens homens... para apresentarem-lhes uma mensagem especial que trataram
com ridicularia e desprezo, deixando de reconhecer que inteligências celestiais
estavam velando por elas... Eu sei que naquele tempo o Espírito de Deus foi
insultado." (Ct. 24, 1892).
Assim a liderança
desta igreja, ansiosamente esperando ser vindicada perante o mundo no
longamente esperado alto clamor, na verdade desdenhou o Espírito de graça e
desprezou as riquezas de Sua bondade.
Tornemos claro que
esse pecado de insultar o Espírito Santo não prendeu o corpo da igreja colectivamente
no pecado imperdoável. O pecado dos antigos judeus contra o Espírito Santo
consistiu em atribuir a Sua obra a Satanás (Marcos 3:22-30). Não queremos dizer
que os nossos irmãos em geral da era de 1888 foram a esse ponto,
conquanto alguns indivíduos possam tê-lo feito. (Insultá-Lo já foi
suficientemente mau!). Ellen White continuou a ministrar a esta igreja até sua
morte em 1915, assim indicando sua crença de que o perdão é possível, e de que
a solução ao nosso problema não é a desintegração ou abandono denominacional, mas
o arrependimento denominacional e a reconciliação com o Espírito Santo.
As Chamadas
"Falhas" dos Mensageiros Não
Desculpam a Rejeição da Mensagem Deles
A rejeição da luz
por aqueles que têm responsabilidade diante de Deus é inescusável. Não é nossa
função neste tempo final encontrar falhas; apenas podemos anotar os factos. Os
irmãos que se opuseram à luz pensavam sinceramente que estavam fazendo o certo
porque os agentes a quem o Senhor empregou pareciam falhos. O Senhor operou num
modo fora do ordinário e surpreendeu os irmãos. Ellen White descreveu o que
estava ocorrendo, empregando o tempo futuro para referir-se a eventos
presentes.
"Na
manifestação do poder que ilumina a terra com sua glória, eles verão somente
algo que em sua cegueira julgam ser perigoso, algo que despertará seus temores
e se postarão na oposição. Em vista de que o Senhor não age segundo suas
expectações e idéias, eles se oporão à obra." (RH Extra, 23 de
dezembro de 1890).
Anteriormente, ela
havia assinalado a dificuldade que os irmãos estavam tendo em suas próprias
almas. Podemos simpatizar com eles, pois a prova era bastante severa:
"Agora
desejo que sejais todos cautelosos com respeito a que posição tomais, se vos
envolverdes nas nuvens da descrença por notar imperfeições; vedes uma palavra
ou um pequeno ponto, talvez, que possa vir a ter lugar, e julgai-os [Jones e
Waggoner] por isso... Deveis observar é se Deus está operando com eles, e então
reconhecer o Espírito de Deus que é revelado neles. E se escolherdes resistir,
estareis agindo da mesma maneira como os judeus agiam." (Sermão, 9 de
março de 1890; MS. 2, 1890).
Irmãos mais velhos
e experientes estavam melindrados ante a perspectiva de Ellen White tão
decididamente apoiar dois homens comparativamente jovens e obscuros contra
praticamente o conjunto todo de obreiros. O Pastor A. G. Daniells mais tarde
declarou que ela teve que tomar posição "quase sozinha" contra quase
toda a Associação Geral (The Abiding Gift of Prophecy, p. 369). Robert
W. Olson relatou ao Concílio Anual no Rio de Janeiro em 1986 que ela fora
"publicamente desafiada" na assembléia de 1888 (Adventist Review,
30 de outubro de 1986). Se estivesse certa, parecia que Deus havia passado por
alto os irmãos da liderança, e isso era desconcertante:
"Aqueles a
quem Deus tem enviado com uma mensagem são tão-somente homens, mas qual é o
carácter da mensagem que levam? Ousaríeis dar as costas ou depreciar, as
advertências, em vista de que Deus não vos consultou quanto ao que seria
preferível?" (RH, 27 de maio de 1890).
"Deus...
deu oportunidade de apresentar-vos armados e equipados para o auxílio do
Senhor... Mas acaso vos aprontastes?... Sentaste-vos quietos, e nada fizestes.
Deixastes que a palavra do Senhor caísse ao chão sem ser ouvida; e agora o
Senhor tomou homens que eram meninos quando vos postáveis na frente da batalha,
e deu-lhes a mensagem e a obra que não quisestes assumir. . . Criticareis?
Direis, "Eles estão saindo de seu lugar?" Contudo não ocupastes o
lugar que eles agora são chamados a ocupar." (TM 413).
Sendo como é a
natureza humana, os opositores buscariam alguns ganchos sobre os quais
dependurar as dúvidas. O fato de que os mensageiros do Senhor era
"tão-somente" homens parecia suprir a necessidade:
"Aqueles a
quem Deus enviou com uma mensagem são tão-somente homens... Alguns têm-se
desviado da mensagem da justiça de Cristo para criticar os homens."
(RH, 27 de dezembro de 1890).
Falando
"àqueles em posições de responsabilidade", Ellen White perguntou:
"Por quanto tempo odiareis e desprezareis os mensageiros da justiça de
Deus?" (TM 96).
Um de nossos
apreciados autores denominacionais tenta demonstrar que a oposição de 1888 foi
justificável. Observem como ele realça as "faltas" de Jones e
Waggoner e os culpa por terem causado a rejeição de sua mensagem. Assim, de facto
perpetua o preconceito contra 1888 e atrasa o nosso relógio por cem anos:
"Não só
era ele [Jones] grosseiro por natureza, mas cultivava a singularidade de
oratória e maneiras,... era às vezes irritadiço, e propiciava motivos para
ressentimento. . .
“ [Jones e
Waggoner] ao gritarem, "Cristo é tudo"... davam evidência de que não
eram inteiramente santificados... [Incorretamente
cita a Sra. White como apoiando a idéia de que Jones e Waggoner contribuíram
com um espírito de contenda para a "terrível experiência durante a
Assembléia de Mineápolis"].
"Eles se
apegavam quase exclusivamente à fé como o factor na salvação, . . . não
revelavam disposição para considerar o outro lado calmamente. . . Não estavam
inteiramente isentos de faltas em seu próprio conceito e arrogância... .
"Falhavam
em revelar a humildade e amor que a justificação pela fé transmitem. . . O
ensinamento extremado de Jones e Waggoner é ainda perceptível nas declarações
místicas daqueles que tornam a fé tudo, e a as obras nada.
"... [Eles
eram] canais imperfeitos... Ao recapitularmos a controvérsia, percebemos que
foram os rancores suscitados pelas personalidades [de Jones e Waggoner], muito
mais do que as diferenças em crença, que provocaram a dificuldade." (A. W. Spalding, Captains of the Host, pp.
591-602).
Essa é uma análise
negativa dos homens a quem a inspiração atribuiu o papel de "mensageiros
do Senhor". Conquanto eles fossem "tão-somente homens", é
difícil entender por que o Senhor deveria escolher para uma obra tão especial homens
que eram notavelmente "canais imperfeitos", não-santificados (em
comparação com outros), despertando "ressentimento" e
"rancores", grosseiros e "místicos". O Senhor aborrece um
espírito de justiça própria e contenda. Mas Jones e Waggoner não tinham tal
espírito na época de 1888.
Embora seja
verdade que Ellen White repreendia A. T. Jones por ser em algumas ocasiões
"demasiado duro" sobre Urias Smith na controvérsia anterior à sessão
sobre os dez chifres, não obstante, defende os dois irmãos como "cristãos"
e "cavalheiros". E ela mais do que sugeriu que um número considerável
dos irmãos da oposição não evidenciavam tais "credenciais
celestiais".
Dispomos de
autores modernos que pintam a Jones e Waggoner em semelhantes termos de
descoberta de falhas, a exemplo de seus oponentes em 1888. Mas os dois
"mensageiros" desfrutavam do solidário endosso de Ellen White. É
verdade que após a era de 1888 ter-se findado, eles falharam e perderam o rumo.
Essa provavelmente é a razão por que os escritores modernos desejam culpá-los
pela tragédia de 1888. Mas julgam mal os fatos.
Ellen White predisse
que essa trágica consequência se daria caso a oposição à mensagem deles
prosseguisse. Contudo, acrescentou, a falha posterior da parte deles de
modo algum invalidaria a sua mensagem e ministério de 1888-1896, o período de
seu endosso (ver capítulo 10). Criticar esses "mensageiros" durante
aquela época do "início" do alto clamor significa endossar as
objeções de seus oponentes contemporâneos. Logicamente, isso justifica a rejeição
da bênção especial que procedeu do céu. É impressionante como após cem anos
ainda nos sentimos compelidos a culpar os mensageiros especiais do Senhor pelas
consequências de nossa própria descrença.
Ellen White
notavelmente considerou Jones e Waggoner como revelando um genuíno espírito
cristão durante e após a Assembléia de Mineápolis (testemunhas oculares
substanciam o seu julgamento):
"O doutor
Waggoner tem-nos falado de maneira bem directa... . De uma coisa estou certa,
como cristãos não tendes o direito de abrigar sentimentos de inimizade, falta
de cortesia e preconceito para com o Dr. Waggoner, que tem apresentado seus
pontos de vista de modo claro e de maneira objectiva e directa, como deve agir
um cristão… . Creio ser ele perfeitamente honesto em suas posições, e
respeitaria os seus sentimentos e nele confiaria como um irmão cristão, na
medida em que não haja evidência de que é indigno. O facto de que ele
honestamente sustenta alguns pontos de vista escriturísticos que diferem dos
vossos e meus não é razão por que devamos tratá-lo como um ofensor, como um
homem perigoso, e torná-lo objecto de crítica injusta." (Ms 15, 1888;
Olson, p. 294).
Um jovem pastor
que veio à assembléia de Mineápolis com uma mente preconceituosa contra ele
deixou em registro suas impressões do espírito que Waggoner demonstrava:
"Tendo
decididamente inclinação em favor do Pastor Butler, e contra E. J. Waggoner,
fui à reunião com uma mente predisposta.
"Com lápis
e caderno de anotações na mão eu ouvia em busca de heresias e estava pronto a
encontrar falhas e achar defeitos no que quer que fosse apresentado. Na medida
em que o Pastor Waggoner começou, parecia muito diferente daquilo que eu estava
à procura. Pelo fim de sua segunda lição eu estava pronto a reconhecer que ele
ia ser preciso e sua metodologia não revelava qualquer espírito de
controvérsia, nem mencionou qualquer oposição que eu estava antecipando. Muito
em breve sua maneira, e o puro evangelho que estava propondo muaram
materialmente minha mente e atitude, e passei a ser um atento ouvinte em busca
da Verdade. . . Ao final da quarta ou quinta lição do Pastor Waggoner eu era um
pecador arrependido e submisso.. .
"... Após
o Pastor Waggoner ter concluído seus onze estudos, a influência deles havia em
grande medida eliminado de muitos o espírito de debate. . ." (C. McReynolds, "Experiences While at the General
Conference in Minneapolis, Minn., in 1888" [Experiência Enquanto na
Assembléia da Associação Geral de Mineápolis, Minn., em 1888]. E. G. White
Estate, D File, 189).
Ellen White até
defendeu a metodologia ousada e espírito aparentemente iconoclasta dos jovens mensageiros:
"Homens
sairão no espírito e poder de Elias para preparar o caminho para o segundo
advento do Senhor Jesus Cristo. É sua obra tornar coisas tortuosas rectas.
Algumas coisas precisam ser derribadas; algumas coisas devem ser edificadas."
(Ms. 15, 1888; Olson, p. 300).
"Que
nenhuma alma se queixe dos servos de Deus que a eles foram com uma mensagem
enviada pelo céu. Não mais busqueis falhas neles, dizendo: "Eles são
demasiado positivos; eles falam de modo muito vigoroso". Eles podem falar
com vigor; mas não seria necessário? Deus fará com que os ouvidos dos ouvintes
reverberem se não derem atenção a Sua voz ou a Sua mensagem… .
"Pastores,
não desonreis a vosso Deus e agraveis o Seu Santo Espírito lançando reflexos
sobre os caminhos e maneiras dos homens que Ele escolheria. Deus sabe que
ninguém, a não ser homens ardorosos, firmes, determinados, de fortes
sentimentos considerarão esta obra como sendo de importância vital, e aplicarão
tal firmeza e decisão a seus testemunhos que despedaçarão as barreiras de
Satanás." (TM 410, 412, 413).
Um historiador
moderno descreve o grosseiro e supostamente inculto A. T. Jones como "um
homem alto e magro, com um jeito saltitante e posturas e gestos rudes"
(Spalding, op. cit., p. 591). Ellen White tinha uma opinião muito
diferente dele:
"Há
obreiros cristãos que não receberam uma educação superior porque foi-lhes
impossível obter tal vantagem; mas Deus tem oferecido evidência de que os tem
escolhido. . . Ele os tem tornado co-obreiros eficientes consigo próprio. Eles
têm um espírito pronto a aprender; sentem sua dependência de Deus, e o Espírito
Santo está com eles para ajudar em suas fraquezas... Ouve-se em sua voz o eco
da voz de Cristo.
"É
evidente que ele caminha com Deus, que tem estado com Jesus e aprendido Dele.
Tem trazido a verdade ao santuário interior da alma; é para ele uma realidade
viva, e apresenta a verdade na demonstração do Espírito e de poder. As pessoas
ouvem o alegre som. Deus fala a seus corações mediante o homem consagrado a Seu
serviço. . . Ele se torna realmente eloquente. É fervoroso e sincero, e amado
por aqueles por quem trabalha... Seus defeitos serão perdoados e esquecidos.
Seus ouvintes não se farão cansados e desgostosos, mas agradecerão a Deus pela
mensagem de graça a eles enviada por meio de Seu servo.
"Eles [os
oponentes] podem sustentar o átomo objectável sob lentes de aumento de sua
imaginação até que o átomo se torne como um mundo, e apague de sua vista a
preciosa luz do céu. . . Por que levar tanto em conta aquilo que possa
parecer-vos tão objetável no mensageiro, e descartar todas as evidências que
Deus tem oferecido para equilibrar a mente com respeito à verdade?" ("Cristian Education". 1893, citado
em FE 242, 243; RH, 18 de abril de 1893).
A própria Ellen
White, com toda sua respeitável experiência e idade, e consciente de sua
exaltada posição como mensageira especial do Senhor, julgou uma honra apoiar a
obra de Jones e Waggoner:
"Tenho viajado
de um lugar a outro, assistindo a reuniões onde a mensagem da justiça de Cristo
foi pregada. Considerei um privilégio permanecer ao lado de meus irmãos, e dar
o meu testemunho com a mensagem para o tempo." (RH, 18 de março de
1890).
A Verdadeira Razão
Por Que a Mensagem Foi Rejeitada
Ao relermos hoje
as inspiradas mensagens enviadas por anos após 1888, instando pela aceitação da
mensagem, não podemos compreender -- lendo sobre a superfície -- por que
poderia haver qualquer falha em fazê-lo. Temos, portanto, cometido o erro de
assumir que nossos irmãos realmente chegaram a aceitá-la de coração.
Não devemos passar
por alto um facto importante. Como poderia alguém aceitar a mensagem que Deus
enviou e "odiar e desprezar" os mensageiros que empregou? Eles eram
"tão-somente homens", muito positivos e ousados, e desafortunadamente
para o prestígio e paz dos irmãos, estavam certos. Isso fez com que as agências
escolhidas pelo Senhor de libertação se tornassem objecto de tropeço e uma
pedra de ofensa devido à prevalecente descrença. Aquilo que o Senhor tencionou
como um aroma de vida para vida tornou-se um aroma de morte para morte. Aquilo
que Ele enviou para a terminação de Sua obra tornou-se o início de um longo
atraso.
Aceitar a mensagem
era demasiada humilhação. As implicações eram de que Deus estava de algum modo
descontente com a condição espiritual daqueles que eram os "canais
apropriados" para a luz especial do céu. Observem a análise de Ellen White
quanto ao cerne do problema:
"Se os
raios de luz que brilharam em Mineápolis tivessem podido exercer o seu poder
convincente sobre aqueles que tomaram posição contra a luz, se todos tivessem
renunciado a seus caminhos e submetido sua vontade ao Espírito de Deus naquele
tempo, teriam recebido as mais ricas bênçãos, desapontado o inimigo, e
permanecido como homens fiéis, verdadeiros a suas convicções. Eles teriam tido
uma rica experiência; mas o eu declarou: "Não". O eu não estava
disposto a ser afectado; o eu lutou pelo predomínio, e todas aquelas almas
serão novamente provadas nos pontos em que falharam então. . . O eu e a paixão
desenvolveram características odiosas." (Carta 19, 1892).
"Alguns
têm estado cultivando ódio contra os homens a quem Deus tem comissionado para
levarem uma mensagem especial ao mundo. Eles começaram essa obra satânica em
Mineápolis. Posteriormente, quando viram e sentiram demonstração do Espírito
Santo testificando que a mensagem era de Deus, odiaram-na ainda mais, porque
era um testemunho contra eles." (TM 78, 80; 1895).
"O
Espírito Santo, de tempos em tempos, revelará a verdade mediante seus próprios
agentes; e nenhum homem, nem mesmo um sacerdote ou governante, tem o direito de
dizer, não dês publicidade a vossas opiniões, porque não creio nelas. Esse
maravilhoso "eu" pode tentar rebaixar o ensinamento do Espírito
Santo." (TM 70; 1896).
"Eles [os
oponentes] não ouviam, nem queriam entender. Por que?-- Para não se converterem
e terem de reconhecer que todas as suas idéias não estavam correctas. Isso eles
eram demasiadamente orgulhosos para fazer, e assim persistiram em rejeitar o
conselho de Deus e a luz e evidência que haviam sido dadas. . . . Esse é o
terreno sobre que alguns de nossos irmãos da liderança estão agora percorrendo."
(Ms. 25, 1890).
"Vi que
Jones e Waggoner tiveram sua contrapartida em Josué e Calebe. Como os filhos de
Israel apedrejaram os espias com pedras literais, vós apedrejastes esses irmãos
com pedras de sarcasmo e ridículo. Vi que vós voluntariamente rejeitastes o
que sabíeis ser a verdade. Apenas porque ela era por demais humilhante para a
vossa dignidade. Vi alguns de vós em vossas tendas arremedando e fazendo
toda a sorte de galhofas desses dois irmãos. Vi também que se tivéssemos aceito
a mensagem deles teríamos estado no reino após dois anos daquela data, mas
agora temos de retornar ao deserto e ficar 40 anos." E.G.White,
Escrito de Melbourne, Austrália, 09.05.1892.
Como em todas as
eras passadas, uma análise da verdade de um profeta foi desonrada e desacatada.
Mas para nós hoje, há boas novas em defrontar a realidade.
Podemos firmar
nossos pés sobre a rocha sólida somente se estivermos dispostos a defrontar a
verdade plena. É chegado o tempo para fazer isso e ninguém poderá retardar o
relógio.
Onde Estavam os
"Alguns"?
Observem a
expressão, "alguns de nossos irmãos da liderança" rejeitaram
"o conselho de Deus". É possível conhecer a verdade de qual é a
proporção implícita desses "alguns"?
Seis anos depois
Ellen White identificou aqueles que rejeitaram a mensagem com uma designação
genérica. Os "alguns" constituíam o corpo principal de nossos irmãos
da liderança e mais influentes: "A luz que deve iluminar a terra
inteira com sua glória foi resistida, e pela acção de nossos irmãos tem
sido em grande medida mantida afastada do mundo." (Carta 96, 1896; 1
SM 235; ênfase acrescentada). Sem excepção ela consistentemente identifica
aqueles dentre "nossos próprios irmãos" que rejeitaram como
"muitos" e os que aceitaram como "poucos" (ver capítulo 4).
A parábola de 1888
lança luz sobre nossa posição hoje:
"Os judeus
recusaram receber a Cristo porque Ele não veio segundo as suas expectações. . .
.
"Esse é o
perigo a que a igreja agora se expõe--que as invenções dos homens assinalem o
caminho preciso para o Espírito Santo vir. Conquanto não se preocupem em
reconhecê-lo, alguns já têm feito isto. E devido a que o Espírito deve vir, não
para o louvor de homens ou para estabelecer suas errôneas teorias, mas para
reprovar o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo, muitos se volvem
Dele." (TM 64, 65; 1896).
Obviamente, a
mensagem de 1888 foi muito mais do que uma mera reiteração de uma doutrina
negligenciada. Os delegados à Assembléia chegaram inesperadamente a defrontar a
Cristo face a face quando depararam face a face a Sua mensagem. "O que
é justificação pela fé? É a obra de Deus em lançar a glória do homem no
pó" (COR 104). O confronto envolvia a humilhação de suas almas até
esse pó, e não estavam preparados para tanto. Eles se ressentiam de contrição,
e lágrimas descendo-lhes a face.
Em suma, podemos
ver como o amor de Cristo que derrete corações e o orgulho do clero
profissional são incompatíveis. Eles estavam montados sobre o êxito, e a
humildade de coração tornou-se-lhes uma pedra de tropeço.
Poderia este ser
ainda nosso problema hoje?
4. Aceitação ou
Rejeição: Em Busca de um Enfoque Mais Nítido
Ter sido
aceita ou rejeitada a mensagem de 1888 é mais do que uma controvérsia acadêmica
trivial. Assim como não é possível separar o evangelho do relato da cruz, é
impossível apreciar a mensagem de 1888 à parte de ver a verdade de sua
história. Não podemos compreender corretamente nosso relacionamento colectivo actual
com Cristo a menos que entendamos essa realidade. A confusão é perigosa, pois é
bem sabido que um povo que não conhece a sua história está fadado a repeti-la, e pode já
estar vivendo tal processo.
A abordagem da
história por Ellen White é clara e impossível de ser incompreendida. Não
obstante, um autor representa a evidência histórica como sendo ambígua:
"A questão
tem sido frequentemente debatida: O que aconteceu após a Assembléia da
Associação Geral de 1888? A igreja aceitou ou rejeitou a nova ênfase sobre o
evangelho de salvação? Se uma pessoa estuda os registros daqueles anos à
procura de evidência de rejeição pode também encontrar aquilo de que precisa."
(N. F.
Pease, The Faith That Saves [A fé que salva], p.43).
Contudo, a questão
importante não é se a Igreja aceitou a mensagem. Ellen White declara que
"Satanás teve êxito em eliminá-la de nosso povo, em grande medida"
(cf. 1SM 234, 235, 1896). A igreja nunca tivera oportunidade devida de
considerá-la sem distorções ou oposição. A questão é se a liderança a
aceitou. Ellen White fala francamente sobre isso. O seu testemunho é a verdade
presente, relevante à nossa condição espiritual hoje.
A Igreja
Adventista do Sétimo Dia a nível mundial tem sido ensinada mediante publicações
autorizadas de que a mensagem de 1888 foi aceita naquela geração pela liderança
predominante, e tem sido a segura posse doutrinária da igreja desde então. Aqui
está uma presunção de "rica estou, de nada tendo falta". De modo
resumido, a posição oficial é como segue:
"Os
obreiros e leigos adventistas do sétimo dia em geral aceitaram as apresentações
[de 1888] em Mineápolis e foram abençoados. Certos homens de liderança ali
resistiram ao ensino." (A Further Appraisal of the Manuscript
"1888 Re-examined" [Avaliação adicional do manuscrito "1888
Reavaliado"] , Associação Geral, setembro de 1958, p. 11).
Uma obra de carácter
oficial que em sua publicação inicial levava o endosso de dois presidentes da Associação
Geral "foi lida criticamente por cerca de sessenta de nossos mais hábeis
eruditos. . . Sem dúvida nenhum volume em nossa história obteve tão magnífico
em sua pre-publicação" (p.8). Esse livro nos informa que oposição à
mensagem foi insignificante porque, por fim, menos de dez delegados à
sessão de 1888 rejeitaram de fato a mensagem ou foram a ela hostis. Essa
impressionante opinião merece cuidadosa atenção, pois se for verdadeira, temos
de nela crer:
"A
acusação . . . de que o ensino de Justificação Pela Fé foi rejeitado em 1888
pela denominação, ou pelo menos por sua liderança, é . . . refutada
pelos participantes pessoais da Assembléia, e é um pressuposto não comprovado e
infundado. Isto simplesmente não é historicamente verdadeiro. . . . "Alguns"
irmãos de liderança postaram-se no caminho da luz e bênção. Mas os . . .
líderes como um grupo, nunca rejeitaram a doutrina bíblica da Justificação pela
Fé." (L. E. Froom, Movement of Destiny [Movimento
predestinado], p. 266; 1971).
"Dos
aproximadamente noventa delegados registrados na Assembléia da Associação Geral
de Mineápolis de 1888, havia menos do que duas dezenas -- e consequentemente
nem mesmo um quarto do número total de participantes -- que realmente
combateram a mensagem...
"A maioria
dos que primeiro apresentaram objecções fizeram confissões. . . e daí em diante
cessaram sua oposição. . . Somente um pequeno grupo de "radicais"
prosseguiu rejeitando-a.
"Os
"alguns" que rejeitaram revelaram-se menos que um quarto. E, segundo
Olson, a maioria desses vinte fizeram confissões, daí deixando de ser
"rejeitadores" e, desse modo, tornando-se aceitadores." (ibid., pp. 367-369; ênfases do
original).
Este livro informa
ainda que a mensagem foi inicialmente aceita em 1888 pela liderança da
Igreja:
"A denominação
como um todo, e sua liderança em particular, não rejeitou a mensagem e
as provisões da Justificação Pela Fé em 1888 e anos seguintes. . . O novo
presidente . . . de coração aceitou e manteve o ensino da justificação pela fé.
. . " (ibid., pp. 370, 371; ênfases do original).
Tanto um
vice-presidente da Associação Geral quanto o presidente em declarações
separadas concordam:
"Durante
meus cinquenta e cinco anos no ministério adventista . . . nunca ouvi um obreiro
ou membro leigo . . . expressar oposição à mensagem da justificação pela fé.
Nem sei de qualquer oposição dessas sendo expressa por publicações adventistas
do sétimo dia." (A. V. Olson, Through Crisis to Victory [Da
Crise para a Vitória], p. 232; 1966).
"É certo
dizer que a mensagem [de 1888] foi anunciada tanto do púlpito quanto da
imprensa, e pela vida de milhares após milhares de dedicados filhos de Deus. .
. . Pastores e evangelistas adventistas têm anunciado essa mensagem vital de
púlpitos de igrejas e plataformas públicas, com corações inflamados em amor por
Cristo." (ibid, pp. 233, 237).
"Tem . . .
sido sugerido por alguns poucos -- de modo inteiramente errôneo -- que a Igreja
Adventista do Sétimo Dia perdeu o rumo ao falhar em assimilar esse ensino
cristão fundamental [a mensagem de 1888]." (R. R. Figuhr, Presidente
da Associação Geral, no Prefácio de By Faith Alone [Pela Fé Somente], de
N. F. Pease; 1962).
O Secretário do
Patrimônio de Ellen G. White por longo tempo nos assegura que a mensagem foi
geralmente aceita:
"A
concepção de que a Associação Geral, e com isso a denominação, rejeitou a
mensagem de justificação pela fé em 1888 carece de fundamento... Registros
contemporâneos não confirmam qualquer sugestão de rejeição denominacional. Não
existe declaração de E. G. White em parte alguma que diga que assim se deu... O
registro histórico do recebimento no campo seguindo-se à sessão apóia a noção
de que atitudes favoráveis eram bem generalizadas. . . Pareceria que ênfase
desproporcional chegou a ser dada à experiência da Assembléia da Associação
Geral de Mineápolis." (A. L. White, The Lonely Years [Os Anos
Solitários], p. 396; 1984).
Seguindo os passos
de outros eruditos, um outro autor assinala:
"Significa
isso que a igreja como um todo, ou mesmo sua liderança, rejeitou a mensagem de
1888? De modo algum. Alguns a rejeitaram -- uma minoria barulhenta... A nova
liderança endossou de todo o coração a nova ênfase." (Marjorie Lewis
Lloyd, To Slow Getting Off [Muito devagar para a decolagem], pp. 19,20).
Se esses pontos de
vista oficiais são substanciados pela história e pelo testemunho de Ellen
White, estamos sob obrigação moral de crer neles. Mas temos um problema, porque
ela repetidamente compara a reacção da liderança à mensagem de 1888 com a dos
judeus contra Cristo.1 Isso não é aceitação!
Se essas
declarações forem verazes, é difícil entender por que Ellen White teria que
tornar-se tão preocupada por uma década, e até mais, a respeito do que dissera
que constituía persistente rejeição da mensagem de parte de "nossos
irmãos" na sede, se tão poucos se opunham. Iria o Senhor reter de toda a
Igreja mundial as bênçãos da chuva serôdia e alto clamor se menos do que dez
ministros persistissem em opor-se a ela, não sendo eles sequer líderes?
Se assim for,
poderemos jamais esperar um melhor percentual de aceitação a qualquer mensagem
que o Céu possa nos enviar? Se o Senhor retém de todos nós as bênçãos de Seu
Santo Espírito devido a tão minúscula oposição, que esperança temos de que
jamais poderá haver uma terminação da comissão evangélica?
Os Judeus Negam
Ter Rejeitado o Messias
A negação dos
judeus toma duas formas: (a) um caso de errônea identidade: Jesus de Nazaré não
foi o Messias, dizem, portanto rejeitá-lo" não foi um sério equívoco; (b)
um caso de errônea atribuição de culpa: os romanos, e não eles,
crucificaram-No" (cf. Max I. Dimont, Jews, God, and History [Os
judeus, Deus e a História], pp. 138-142).
É evidente em
muitas das declarações acima que temos também um problema: (a) Há uma
identidade errônea. Quase todos esses autores fogem do facto de que a mensagem
de 1888 representou o início da chuva serôdia e do alto clamor. Praticamente
sem excepção eles identificam a mensagem de 1888 como uma mera
"reiteração" da doutrina protestante de justificação pela fé do
século XVI, tal como ensinada pelas igrejas populares2. (b) Há um problema de
errônea atribuição de culpa: insiste-se uniformemente que somente uns poucos
indivíduos sem importância resistiram e rejeitaram a mensagem, a maioria dos
demais arrependendo-se, de modo que no final, a mensagem foi em grande medida
bem aceita pela liderança responsável da igreja.
O Dr. Froom nos
conta que os relatórios de A. W. Spalding e L. H. Christian do evento de 1888
estão "em completa harmonia" com os factos (op. cit. p. 268).
E A. V. Olson igualmente sugere que Spalding apresenta "a verdade
integral" do assunto (op. cit., p. 233). O relatório deles difere
marcadamente do de Ellen White, mas uma vez que desfrutam tão pleno endosso
modernamente, eles merecem nossa cuidadosa atenção:
"O maior
evento dos anos oitenta [do século XIX] na experiência dos Adventistas do
Sétimo Dia foi a recuperação, ou reafirmação e nova consciência de sua fé na
doutrina básica do cristianismo. . . A última década do século viu a igreja se
desenvolvendo, mediante esse evangelho, numa corporação preparada para cumprir
a missão de Deus. . . A igreja foi despertada pela mensagem reavivadora da
justificação pela fé." (A. W. Spalding, Captains of the Host [Capitães
das Hostes], pp. 583, 602; 1949).
"1888 é
notavelmente um marco na história adventista do sétimo dia. Foi realmente como
cruzar uma fronteira continental para um novo país. Alguns destruidores dos
irmãos que se chamam a si próprios de reformadores têm tentado apresentar
alegações de que aquela assembléia foi uma derrota; não obstante, a verdade é
que o evento se apresenta como uma gloriosa vitória. . . Ela introduziu um novo
período em nossa obra--um tempo de reavivamento e salvação de almas. . . O
Senhor deu a Seu povo uma maravilhosa vitória. Foi o início de um grande
despertamento espiritual entre os adventistas. . . alvorecer de um dia glorioso
para a igreja adventista. . . O efeito benéfico do grande reavivamento de
Mineápolis . . . começando em 1888 . . . foi rico tanto em santidade quanto em
frutos missionários." (L. H. Christian, The Fruitage of Spiritual
Gifts [Os frutos dos dons espirituais], pp. 219, 223, 224, 237, 244, 245).
Observem que um de
nossos autores cumpre sem o perceber a profecia de Cristo a respeito da
liderança da igreja laodiceana. Ele emprega as mesmas palavras que Ele pôs nos
lábios do "anjo da igreja" (Apocalipse 3:14, 17), que reivindica
estar "rica" de nada tendo falta mediante uma presumível
aceitação da mensagem.
Foi a Mensagem
Aceita ou Rejeitada?
Certamente nosso
autor não desejaria intitular um ex-ilustre presidente da Associação Geral como
um "destruidor dos irmãos". Mas logicamente A. G. Daniells deve
ajustar-se a essa categoria, pois claramente diz que a história de 1888
assinalou uma "derrota" no avanço da causa de Deus. Suas declarações
contradizem completamente nossos endossados autores:
"Esta
mensagem de justificação em Cristo... defrontou oposição de parte de homens
zelosos e bem-intencionados na causa de Deus! A mensagem [de 1888] nunca foi
recebida, nem proclamada, nem teve livre curso como deveria ter tido a fim de
transmitir à igreja as imensuráveis bênçãos que estavam nela inseridas... A
divisão e conflito que despertou entre os líderes devido à oposição à mensagem
da justiça em Cristo, produziu uma reação muito desfavorável. Os membros em
geral estavam confusos e não sabiam o que fazer . . .
"Por
detrás da oposição revela-se a insidiosa artimanha daquela mente mestra do
maligno. . . Quão terrível devem ser os resultados de qualquer vitória dele em
derrotá-la!" (A. G. Daniells, Christ
Our Righteousness [Cristo Justiça Nossa], pp. 47, 50, 53, 54; 1926).
Observem a palavra
"derrota". Isso é o oposto de "vitória". Por todo o seu
livro, Daniells insiste em que não houve reavivamento em escala denominacional
nem aceitação desta mensagem e experiência. Em 1926 ele considerou o
reavivamento como ainda futuro:
"Ao longo
dos anos nesse entrementes [desde 1888] tem-se desenvolvido firmemente o desejo
e esperança -- sim, a crença -- de que algum dia a mensagem da justificação
pela fé brilhará, em toda sua inerente glória, valor e poder, e receberá pleno
reconhecimento." (ibid., p. 43).
O "poderoso
reavivamento" que outros declaravam ter tido lugar, Daniells situava na
categoria de "o que poderia ter sido":
"Que
poderoso reavivamento da verdadeira santidade, . . . que manifestação de poder
divino para a terminação da obra, . . . poderia ter sobrevindo ao povo de Deus
se todos os nossos ministros tivessem saído da Assembléia como fez essa
obediente serva do Senhor [Ellen White]." (ibid., p. 47).
Ellen White deve
também logicamente situar-se sob a censura crista de ser uma "destruidora
dos irmãos", pois ela sumariou o fim da era de 1888 como um tempo de
vitória para nossos inimigos quando declarou que "Satanás teve
êxito . . . em grande medida" em manter a mensagem distante tanto da
igreja quanto do mundo (1 SM 234, 235; 1896).
A. T. Jones,
quando caminhava humildemente com o Senhor, deve também submeter-se à mesma
repreensão, e não somente ele, mas a congregação reunida na Assembléia da
Associação Geral de 1893. Contudo, eles estavam próximos da real situação. Nem
uma única pessoa ousou desafiar o orador, pois todos sabiam que estava dizendo
a verdade:
"Quando
esta mensagem da justiça de Cristo começou connosco como um povo? [Um ou dois
na audiência: "Três ou quatro anos atrás"] Quanto tempo, três ou
quatro anos? [Congregação: "Quatro"]. Sim, quatro. Onde foi isso?
[Congregação: "Mineápolis"] O que, pois, os irmãos da liderança
rejeitaram em Mineápolis? [Alguns na congregação: "O alto clamor"]. .
. . O que os irmãos naquela tremenda postura que tomaram, rejeitaram em
Mineápolis? Rejeitaram a chuva serôdia--o alto clamor--da terceira mensagem
angélica." (GCB, 1893, p. 183).
Em 1908 Jones fala
da oposição oficial ainda em prosseguimento durante aqueles "vinte e um
anos contra a mensagem divina da justificação pela fé":
"Hoje, em
posições de presidentes de Uniões, e de oficiais da Associação Geral, há homens
que no início . . . opunham-se inteiramente e por todos os meios suscitavam
questões . . . que pudessem levantar, à verdade da justificação pela fé tal
como essa verdade se acha na clara palavra das Escrituras. Disso sei porque
mais do que uma vez fui detido por mais de uma hora exactamente desse modo, por
exactamente esses mesmos homens." (A. T. Jones, carta para R. S. Owen,
20 de fevereiro de 1908).3
Se os membros
regulares e obreiros da Igreja Adventista aceitassem as apresentações de
Mineápolis, seria razoável esperar que anos mais tarde Jones se lembrasse de
pelo menos um deles, além de Ellen G. White? Treze anos depois de 1908
ele recorda:
"Não posso
agora lembrar-me do nome de ninguém que aceitou a mensagem na assembléia de
1888 abertamente [obviamente além de Ellen White]. Mas mais tarde muitos
disseram que foram grandemente ajudados por ela. Um homem de Battle Creek disse
naquela reunião após uma das reuniões do Dr. Waggoner: ' Agora podemos dizer
amém a tudo isto, se isto é tudo o que houve. Mas lá à distância há ainda algo
por vir. E isso deve nos conduzir àquilo. . . E se dissermos amém a isso, teremos
que dizer amém àquilo, e então somos apanhados". . . Não havia tal coisa,
e assim eles privaram seus corações daquilo que lhes havia dito ser a verdade;
e por combaterem o que somente imaginavam, prenderam-se à oposição ao que
sabiam que deveriam ter dito amém." (Carta a C. E. Holmes, 12 de maio
de 1921).
Na mesma carta,
Jones acrescentou que "os opositores eram . . . todos quantos podiam ser
manipulados pela influência da Associação Geral".
Jones certa vez
disse que "alguns" aceitaram a verdade na Assembléia de Mineápolis,
"alguns" rejeitaram e "alguns" permaneceram entre as duas
posições (GCB 1893, p. 185). Os que se inclinaram pela aceitação da teoria
interpretaram isto como significando que o grupo estava a grosso modo dividido
em três segmentos; e uma vez que se presume que "muitos" dos que
inicialmente a rejeitaram ou se revelaram neutros, mais tarde se arrependeram,
imagina-se que a grande maioria terminou aceitando a mensagem. A declaração de
Jones de 1921 prossegue segundo uma diferente perspectiva:
"Outros a
favoreceriam, mas quando o espírito de perseguição era forte, em lugar de
permanecerem nobremente no temor de Deus, e declarar em face do ataque: "É
a verdade de Deus, e creio nela com toda minha alma", começavam a recuar e
desculpando-se apresentavam escusas para aqueles que a estavam pregando."
Essa atitude
hesitante pode ser qualquer coisa, menos aceitação da mensagem da justiça de
Cristo! Aqueles que seguem a Cristo estão preparados para morrer por Sua
verdade.
Jones deixou em
registro a sua opinião da extensão dos "reavivamentos denominacionais em
escala global" que se seguiram à assembléia de 1888. O texto seguinte,
desta carta de 1921 é citado num livro oficialmente aprovado que apoia a
posição de aceitação:
"Quando
chegou a ocasião das campais [após 1888] todos nós três [Ellen White, Waggoner,
e ele próprio] visitamos as campais com a mensagem de justificação pela fé . .
. Às vezes todos os três dentre nós na mesma reunião. Isso fez com que a maré
mudasse de rumo com o povo, e aparentemente com a maior parte dos homens da
liderança." (Pease, By Faith Alone [Pela Fé Somente], p. 149).
A citação no livro
pára aqui. Mas a próxima sentença de Jones refuta a tese da aceitação:
"Mas este
último foi somente aparente, nunca real, pois todo o tempo na Comissão da
Associação Geral e entre outros havia um antagonismo secreto, sempre levado
avante, e que . . . finalmente ganhou o dia na denominação, e deu supremacia ao
espírito de Mineápolis, e à contestação e aos homens."
Esta carta foi
escrita quando Jones não distava da morte. Ela revela um espírito refinado de
lealdade a todas as crenças doutrinárias adventistas do sétimo dia, e à
completa inspiração do ministério profético de Ellen White.
Dentro de cinco
anos, A. G. Daniells publicou sua posição que concorda essencialmente com a de
Jones: "A mensagem nunca foi recebida, nem proclamada, nem recebeu
livre curso como deveria ter sido, a fim de comunicar à Igreja as imensuráveis
bênçãos que estavam nela envolvidas" (Christ Our Righteousness
[Cristo, Justiça Nossa], p. 47; 1926).
Mas não precisamos
depender das avaliações de Jones ou Daniells sobre o que teve lugar. Temos
outro testemunho.
Significativa
Evidência Inspirada
Candidamente
investigados, os escritos de Ellen White nunca são ambíguos sobre esta questão
do recebimento da mensagem de 1888. Ela não pode aparar ambos os lados dessas
posições contraditórias. A declaração de Jones a respeito da "maré"
voltando-se "aparentemente" com os irmãos da liderança é substanciada
por Ellen White:
"Por quase
dois anos [1890] temos instado o povo a vir e aceitar a luz e a verdade com
respeito à justiça de Cristo, e não sabem se vêm e tomam posse deste preciosa
verdade ou não." (RH, 11 de março de 1890).
Por que se dava
isso? Na semana seguinte ela declarou a razão por que os membros leigos e
jovens ministros estavam hesitantes:
"Nossos
jovens observam nossos irmãos mais velhos, e ao verem que eles não aceitam a
mensagem, mas tratam-na como se fosse de nenhuma consequência, influencia
aqueles que são ignorantes das Escrituras a rejeitarem a luz. Esses homens
que se recusam a receber a verdade, interpõem-se entre o povo e a luz."
(R&H, 18 de março de 1890; ênfase acrescentada).
Ela também
concordava com a declaração de Jones de que não havia um só dos irmãos
dirigentes no escritório central desejoso de assumir uma firme posição pela
mensagem da justiça de Cristo:
"Vez após
vez dei o meu testemunho àqueles que estavam reunidos [em Mineápolis, 1888] de
modo claro e vigoroso, mas aquele testemunho não foi recebido. Quando vim a
Battle Creek, repeti o mesmo testemunho na presenção do Pastor Butler, mas não
houve um que teve a coragem de ficar do meu lado e ajudar o Pastor Butler a ver
que ele, bem como outros, tinham assumido posições equivocadas. . . . O
preconceito do Pastor Butler foi maior após ouvir os vários relatórios de nossos
irmãos ministros na assembléia de Mineápolis." (25 de janeiro de
1889; Carta U3, 1889; ênfase acrescentada).
Os irmãos que ela
dissera que se interpuseram, eram líderes. Graças a Deus, nem todos
"recusaram-se receber a verdade", mas o termo "nossos próprios
irmãos" é genérico, em certo sentido. Deve significar o corpo maior da
liderança responsável, com poucas excepções de influência, se houvesse alguma.
Ela emprega o termo repetidamente. E o que é significativo, ela o usa em
retrospecto:
"Em
Mineápolis . . . Satanás teve êxito em desviar de nosso povo, em grande medida,
o poder especial do Espírito Santo. . . . O inimigo impediu que obtivessem
aquela eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo. . . . A
luz que deve iluminar a terra toda com suas glória foi resistida, e pela ação
de nossos próprios irmãos tem sido em grande medida afastada do
mundo." (1 SM, 234, 235).
De modo algum
poderiam alguns poucos "cabeças duras" sem influência ter tal efeito
determinativo se muitos dos irmãos da liderança tivessem recebido de coração a
mensagem. O contrário disso seria crer que a cauda poderia agitar o cão. Ela
escreveu o seguinte a um parente, após a maioria das "confissões" de
peso tinham sido feitas.:
"Quem dos
que tiveram parte na assembléia de Mineápolis chegaram à luz e receberam os
ricos tesouros da verdade que o Senhor lhes enviou do céu? Quem manteve o passo
com o líder, Jesus Cristo? Quem fez total confissão de seu equivocado zelo, sua
cegueira, seus ciúmes e más suspeitas, seu desafio da verdade? Ninguém..."
(Carta, 5 de novembro de 1892; B2a 1892).
Sete ou oito
longos anos após 1888 ela é forçada a confessar a respeito de
"alguns" em Battle Creek que "mantiveram vivo o espírito que
causou distúrbios em Mineápolis", e que é também identificado com
"muitos":
"Eles
começaram esta obra satânica em Mineápolis. . . Contudo esses homens têm
mantido posições de confiança, e têm estado moldando a obra à sua semelhança,
ao ponto em que podem fazê-lo." (TM 80; 1o de maio de 1895; 30 de
maio de 1896; ênfase acrescentada).
Um Apelo a
Simples Honestidade
A. G. Daniells
incentiva-nos a sermos honestos ao encarar a realidade: "Seria muito mais
agradável eliminar algumas das declarações feitas pelo Espírito de Profecia com
respeito à atitude de alguns dos líderes para com a mensagem e os mensageiros.
Mas isso não pode ser feito sem oferecer somente uma apresentação parcial da
situação, . . . deixando a questão num certo mistério" (op. cit.,
p. 43).
Quanto menos
"mistério", melhor, nesse tardio e perigoso tempo. Portanto, as
citações seguintes, apresentadas palavra por palavra de modo sucinto, são
tomadas dos Testimonies to Ministers [Testemunhos para ministros],
escrito em 1895. Este é o julgamento em retrospectiva de Ellen White, escrito
bem à altura do fechamento da era 1888:
"Muitos .
. . tratam-na [a mensagem] com desdém.
"Voltastes
vossas costas, e não vossa face, ao Senhor.
"A luz que
deve encher toda a terra com sua glória tem sido desprezada.
"Acautelai-vos
como . . . votais ao desprezo as manifestações do Espírito Santo.
"Eu não
sei mas alguns já mesmo agora foram muito longe para retornar e se arrepender.
"Essas
grandiosas e solenes realidades não são apreciadas e tornam-se objecto de crítica.
"Homens .
. . postam-se no caminho dos pecados, e sentam-se na roda dos escarnecedores.
"Muitos
adentraram veredas escuras e secretas, e alguns jamais retornarão.
"Tentaram
a Deus, rejeitaram a luz.
"Escolheram
as trevas em lugar da luz, e contaminaram a alma.
"Não
somente recusaram aceitar a mensagem, mas odiaram a luz.
"Esses
homens são partícipes da ruína de almas. Eles se interpuseram entre a luz
enviada do céu e o povo. Pisaram a pés a palavra de Deus, e estão desdenhando o
Seu Santo Espírito.
"Têm
estado por anos resistindo à luz e acariciando o espírito de oposição.
"Por
quanto tempo odiareis e desprezareis os mensageiros da justiça de Deus?
"Eles os
tacharam [os mensageiros] de serem fanáticos, extremistas, e entusiastas.
"Vereis,
quando for demasiado tarde, que estivestes combatendo contra Deus.
"Vossa
atitude de pôr as coisas de cabeça para baixo é conhecida do Senhor.
"Prossegui
um pouco mais como tendes feito, em rejeição da luz do céu, e estareis
perdidos.
"A exemplo
de falsas placas, indicando o caminho errado.
"Se
rejeitais os mensageiros designados por Cristo, rejeitais a Cristo.
"Desprezas
essa gloriosa oferta de justificação mediante o sangue de Cristo.
"Apelo-vos
. . . a que cessai vosso teimosa resistência da luz e evidência." (TM 89-98).
Isto foi o que nossos autores referiram como "notável
marco na história adventista do sétimo dia", o cruzamento de uma
"fronteira continental em novo território", a "gloriosa vitória
e a ocasião e início de coisas maiores e melhores para a igreja do advento",
o tempo de reavivamento e salvação de almas", o "tempo de feliz
experiência espiritual", o "início de um grande despertamento
espiritual entre os adventistas", um "reavivamento por toda a
denominação"! Ellen White escreveu melhor do que sabia em 1895: "Vossa
atitude de pôr as coisas de cabeça para baixo é conhecida do Senhor".
Sete ou oito anos
após a Assembléia propiciaram ampla oportunidade para arrependimento,
confissões, e uma dedicada participação num "reavivamento de amplitude
denominacional". A cronologia de rejeição pode ser catalogada ano por ano:
"Em vez de
forçardes vosso peso contra a carruagem da verdade que está sendo empurrada
para cima numa estrada íngrime, devíeis trabalhar com toda a energia que tendes
para empurrá-la para cima.
"Nossos
irmãos mais velhos . . . não aceitam a mensagem, mas tratam-na como se fosse de
somenos importância." (RH, 18 de
março de 1890).
"Não posso
expressar-vos meu pesar e angústia de alma quanto à verdadeira condição da
causa ao ela ser-me apresentada. . .
"Foi-me
mostrado que da parte dos pastores em todas as nossas associações, há
negligência no estudo das Escrituras, para a busca da verdade. . . Fé e amor,
quão destituídas estão as igrejas dessas coisas! . . .
"A
religião bíblica é muito escassa, mesmo entre nossos ministros. . . O padrão do
ministério tem sido grandemente rebaixado.
"Frieza,
indiferença, falta de terna simpatia, estão levedando o acampamento de Israel.
Se esses males forem permitidos se fortalecer como se tem dado por alguns anos
no passado, nossas igrejas estarão numa deplorável condição." (TM 142-156; 20 de agosto de 1890).
Não houve muito
reavivamento à altura de 1892:
"A
atmosfera da igreja é tão frígida, seus espírito de tal ordem, que homens e
mulheres não podem sustentar ou suportar o exemplo da piedade primitiva,
brotada do céu. O calor de seu primeiro amor está extinto, e a menos que sejam
refrigerados pelo batismo do Espírito Santo, seu castiçal será removido de seu
lugar." (TM 167, 168, 161; 15 de julho de 1892).
O mesmo se dava em
1893:
"Oh, quão
pouco sabemos do dia de sua visitação! . . . Estamos convencidos de que entre o
povo de Deus há cegueira de mente e dureza de coração, conquanto Deus tenham
manifestado inexprimível misericórdia com respeito a nós. . . .
"Hoje há
poucos que estão servindo a Deus de coração. A maioria dos que compõem nossas
congregações estão espiritualmente mortos em ofensas e pecados. . . As mais
doces melodias que derivam de Deus mediante lábios humanos -- justificação pela
fé, e a justiça de Cristo -- não extrai deles uma resposta de amor e gratidão.
. . Eles endurecem seus corações contra [o Mercador Celestial]." (RH, 4 de abril de 1893).
As condições não
haviam melhorado em 1895:
"Há muitos
que deixaram para trás sua fé no advento, . . . enquanto dizem em seus
corações, "o Meu Senhor retarda a Sua vinda". . . .
"Homens
que têm sobre si pesadas responsabilidades, mas que não contam com uma viva
ligação com Deus, tem estado em condição de desprezo ao Seu Espírito Santo. . .
Advertências têm procedido de Deus vez após vez para esses homens, mas eles as
puseram de parte e se aventuraram a prosseguir no mesmo rumo. . .
"Se Deus
poupar suas vidas, e eles nutrirem o mesmo espírito que assinalou seu curso de
acção tanto antes como depois da assembléia de Mineápolis, preencherão a medida
dos actos daqueles a quem Cristo condenou quando esteve sobre a terra." (TM 77-79; 1º de maio de 1895).
Aparentemente
ocorreu pouca mudança por 1896:
"Que os
homens mantenham vivo o espírito prevaleceu em Mineápolis é uma ofensa a Deus.
Todo o céu está indignado com o espírito que por anos tem sido revelado em
nossa instituição editora de Battle Creek... Uma voz foi ouvida assinalando os
erros e, no nome do Senhor, pleiteando por decidida mudança. Mas quem seguiu a
instrução dada? Quem humilhou seu coração para eliminar dele todo vestígio de
seu espírito ímpio e opressivo?" (TM 76, 77; 30 de maio de 1896).
Parece que o
"reavivamento" não tinha tido sucesso em conquistar os corações dos
líderes até 1897:
"Deus dá
aos homens conselho e repreensão para o seu bem. Ele tem enviado Sua mensagem,
dizendo-lhes o que era necessário para a época--1897... Ele vos deu
oportunidade para virdes armados e equipados para o auxílio do Senhor. E tendo
feito tudo, ele vos disse para levantardes. Mas aprontaste-vos? Dissestes,
"Eis-me aqui; envia-me a mim?" Sentaste-vos em tranquilidade e nada
fizestes. Deixastes a palavra do Senhor cair sobre o chão descuidadamente. . .
"Oh, por
que os homens serão obstáculo, quando poderiam ser auxílios? Por que bloquearão
a roda, quando poderiam impulsioná-las com marcado êxito? Por que privarão suas
próprias almas do bem, e impedirão a outros a bênção que poderia vir por seu
intermédio? Esses rejeitadores da luz permanecerão como desertos
estéreis." (TM 413).
Certamente esses
rejeitadores permaneceram como "desertos estéreis" espiritualmente.
Uma vista de olhos em seus sermões e artigos impressos revela que eram áridos e
monótonos, isentos dos motivos essenciais das verdades de 1888. Contudo, tornam
evidente que suprema confiança de que entendem e pregam justificação pela fé.
A História dos
Reavivamentos Pós-1888
De 1888 a 1890
Ellen White faz numerosas referências às reuniões de reavivamento que ela
manteve em companhia de Jones e Waggoner. A teoria da aceitação é grandemente
baseada nessas declarações. Devemos dar-lhe o devido peso. O que se segue são
amostras de seu grande entusiasmo:
"Nunca vi
uma obra de reavivamento prosseguir com tal inteireza, e, contudo, permanecer
tão livre de toda excitação indevida. Não houve qualquer insistência ou
convite. As pessoas não foram chamadas à frente, mas houve um solene
reconhecimento de que Cristo não veio chamar os justos, mas os pecadores ao
arrependimento. . . Houve muitos que testemunharam que à medida que as verdades
desafiadoras eram apresentadas, tornaram-se convencidos à luz da lei de serem
transgressores." (RH, 5 de março de 1889).
"As novas
de que Cristo é nossa justiça trouxe alívio a muitas, muitas almas, e Deus
declara a Seu povo: "Ide adiante". . . .
"Em toda
reunião desde a [assembléia da] Associação Geral [de 1888] almas têm
ansiosamente aceito a preciosa mensagem da justiça de Cristo. . . .
"No sábado
[Ottawa, Kansas], verdades foram apresentadas que eram novas para a maioria da
congregação . . . Mas os labores do sábado não foram em vão. No domingo pela
manhã houve decidida evidência de que o Espírito de Deus estava operando
grandes mudanças na condição moral e espiritual daqueles que se reuniam." (ibid., 23 de julho de 1889).
"Estamos
tendo reuniões extraordinariamente excelentes. O espírito que prevalecia na
reunião de Mineápolis não se faz sentir aqui. Todos marcham em harmonia. . . O
testemunho universal daqueles que têm falado tem sido de que essa mensagem de
luz e verdade que tem vindo ao nosso povo é exatamente a verdade para este
tempo, e onde quer que vão entre as igrejas, luz, e alívio, e a bênção de Deus
certamente advirão." (Ms. 10, 1889).
Essas declarações
extraídas de um contexto de dez anos dão a impressão de uma aceitação da
mensagem, da parte da liderança, de todo o coração. Contudo, evidência
adicional no contexto precisa ser levada em conta. Uma impressão de aceitação
da liderança deve ser equilibrada pela realidade.
Jones declarou que
aquelas reuniões "fizeram a maré voltar com o povo". Todavia, nunca
houve uma questão ou maré a ser voltada com o povo. O problema era inteiramente
com os líderes e o ministério. As pessoas estavam prontas para aceitarem a luz
alegremente se os líderes a permitissem que lhes chegasse sem distorções ou
oposição, ou, antes, se a acatassem alegremente e a apresentassem. Muitos
pastores mais jovens revelaram-se profundamente interessados. Mas a contínua
atitude de neutralidade ou franca oposição de líderes responsáveis em Battle
Creek e outras partes sufocaram o movimento. Não somente as declarações de
Ellen White atestam este fato, mas a correspondência da Associação Geral nos
Arquivos é também clara.
De facto, não é
necessário apelar a seu testemunho para dar provas dessa rejeição oficial de
Battle Creek à mensagem. A documentação na correspondência gravada demonstra
uma corrente subterrânea de oposição, a que Jones faz referência como "um
antagonismo secreto sempre levado adiante" (ver Nota Adicional ao final
deste capítulo).
A Pressão
Contra o Reavivamento
Em Mineápolis,
Ellen White rapidamente viu que o problema jazia com a liderança. Ela
ansiosamente apelou aos delegados para não olharem aos homens mais velhos e
experientes para verem o que fariam com a luz. Ele declarou que eles até
tentariam impedi-la de atingir o povo:
"Apelo-vos
a que façais de Deus a vossa confiança; não idolatreis homens, não dependais de
homem algum. Não deixeis que vosso amor de homens os mantenha em posições de
confiança para as quais estão desqualificados. . .
"Necessitais
de maior luz, e mais clara compreensão da verdade que levais ao povo. Se vós
próprios não virdes a luz, fechareis a porta, se puderdes, e impedireis que os
raios de luz alcancem o povo. Não se diga desse povo altamente favorecido,
'Eles próprios não entram, e impedem a entrada de outros que entravam'. Todas
estas lições são dadas para benefício daqueles sobre os quais os fins dos
tempos são chegados. . .
"Nesta
reunião . . . a oposição, em lugar de investigação, é a ordem do dia. . . .
"Ninguém
deve ter permissão de fechar o canal pelo qual a luz da verdade alcançará o
povo. Tão logo isso seja tentado, o Espírito de Deus será apagado." (Ms. 15, 1888; Olson, pp. 297, 301).
"Agora
nossa reunião está chegando ao fim e nenhuma confissão se fez, não houve
qualquer abertura que permitisse o ingresso do Espírito de Deus. Ora, eu estava
dizendo, para que serve nos reunirmos aqui e nossos irmãos ministrantes virem
se estão somente para impedir que o Espírito de Deus alcance o povo?"
(Ms. 9, 1888; Olson pp. 290, 291).
Qual era o verdadeiro
mecanismo da rejeição? Como operava? Conquanto seja verdade que Jones e
Waggoner tinham permissão de falar em reuniões campais e publicar artigos, e
conquanto seja verdade que a mensagem deles era bem acolhida pelos leigos, a
rejeição da liderança constantemente contrariava seus melhores esforços. Temos
a análise de Ellen White sobre o que ocorreu:
"Os
próprios homens que deveriam estar em alerta para verem o que o povo de Deus
precisa a fim de que o caminho do Senhor possa estar preparado, estão interceptando
a luz que Deus desejaria que viesse a Seu povo e rejeitando a mensagem de Sua
graça curadora." (Carta aos irmãos Miller, 23 de julho de 1889).
"Alguns de
nossos irmãos da liderança têm frequentemente tomado posições do lado
errado, e se Deus enviasse uma mensagem e esperava por esses irmãos mais velhos
abrirem o caminho para o seu avanço, ela nunca alcançaria o povo. . .
"A
repreensão do Senhor estará sobre aqueles que desejariam ser guardiães da
doutrina, que barrariam o caminho a fim de que luz maior não venha ao povo; e
se não houver vozes entre os homens para dá-la, as próprias pedras clamariam. .
. É a frieza de coração, a descrença dos que deveriam ter fé, que mantém as
igrejas na debilidade." (RH, 26
de julho de 1892; ênfase acrescentada).
Nesse tempo, tanto
Jones quanto Waggoner eram persona non grata diante dos irmãos
responsáveis em Battle Creek (Olson, p. 115). Como veremos num capítulo
posterior, o editor da Review and Herald era o opositor mais influente.
E Ellen White declarou que o próprio novo presidente da Associação Geral "agiu
como Arão com respeito àqueles homens que se haviam oposto à obra de Deus desde
a assembléia de Mineápolis" (Carta a A. O. Tait, 27 de agosto de
1896). "O presidente da Associação Geral . . . foi directamente
contrário às advertências e admoestações a ele dadas" com respeito
aos desenvolvimentos posteriores a 1888 (Carta a I. H. Evans, 21 de novembro de
1897; E51, 1897).
Ademais, era
somente natural que irmãos oponentes esperassem que com toda probabilidade a
mensagem mal acolhida não impressionasse o povo comum melhor do que o fizera
com os anciãos e autoridades de Battle Creek. Mas quando os relatórios chegaram
sobre os maravilhosos resultados da pregação do inspirado trio, eles ficaram
contrariados. É penoso relatar que Ellen White declara que a aprovação do
Espírito Santo à obra os melindrava. Ela não estava preocupada com uma minoria
insignificante de obscuros irmãos, mas a respeito do impacto total de líderes
responsáveis e influentes:
"Posteriormente,
quando viram e sentiram a demonstração do Espírito Santo testificando de que a
mensagem era de Deus, odiaram-na ainda mais, porque era um testemunho contra
eles. Não quiseram humilhar seus corações para arrepender-se, para dar a Deus a
glória, e vindicar o direito." (1º de maio de 1895; TM 80).
Os reavivamentos
mantidos em South Lancaster, Chicago, Ottawa, Kansas, e na própria igreja de
Battle Creek, eram um poderoso testemunho de que Deus havia aposto o Seu selo à
mensagem sendo transmitida. O experimento de prova da luz fora feito no
laboratório das igrejas. Funcionou -- nunca havia tais manifestações de glória
celestial acompanhado qualquer mensagem ou movimento desde o clamor da
meia-noite de 1844:
"Agora,
conquanto tenha havido um determinado esforço para tornar de nenhum efeito a
mensagem que Deus enviou, os seus frutos têm demonstrado que derivava da fonte
de luz e verdade. Os que têm . . . permanecido barrando o caminho contra toda a
evidência, não podem imaginar-se possuidores de maior visão espiritual por
terem por tanto tempo fechado os olhos à luz que Deus enviou ao Seu povo. . . .
Haverá resistência dos mesmos que esperávamos que se empenhassem em tal
obra." (Carta O19, 1892).
Ela prosseguiu a
esperar por uma mudança de coração entre os líderes uma vez reconhecessem a
prova incontestável. O parágrafo seguinte poderia ser citado como evidência de
que a mensagem de 1888 foi aceita pela liderança da igreja:
"Vi que o
poder de Deus acompanhava a mensagem onde quer que fosse proferida. Não
poderíeis fazer o povo crer em South Lancaster que não se tratava de uma
mensagem de luz que lhes alcançou . . . Deus determinou realizar esta obra.
Trabalhamos em Chicago; foi uma semana antes de ter havido uma interrupção nas
reuniões. Mas como uma onda de glória, a bênção de Deus sobreveio-nos ao
apontarmos aos homens o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Senhor
revelou Sua glória, e sentimos as profundas acções de Seu Espírito."
Mas o mesmo artigo
na Review de 18 de março de 1890 indica que os irmãos dirigentes
ainda não estavam em simpatia com a obra:
"Tentei
apresentar-vos a mensagem como a compreendi, mas quanto tempo aqueles à frente
da obra se manterão alheios à mensagem de Deus?"
Um pecado maior
foi acrescentado à descrença de 1888 em Mineápolis: as incontrovertidas
evidências da aprovação do Espírito Santo à mensagem, demonstrado nos
maravilhosos reavivamentos, somente confirmavam a oposição desses irmãos.
"Quando viram e sentiram a demonstração do Espírito Santo testificando
de que a mensagem era de Deus, odiaram-na mais ainda". (TM 80; 1895).
Poucos anos antes, Ellen White havia apelado pateticamente por unidade com os
mensageiros:
"Por quase
dois anos temos instado o povo a vir e aceitar a luz e verdade concernentes à
justiça de Cristo, e eles não sabem se vêm e tomam posse dessa preciosa verdade
ou não." (ibid., 11 de março de 1890)
"Apelamos
a vós que vos opondes à luz da verdade, para deixardes livre o caminho do povo
de Deus." (ibid., 27 de maio de 1890).
O esmagador peso
da evidência indica que eles se posicionaram no caminho. Este contexto dos
luminosos relatórios de "reavivamentos" devem ser levados em conta.
Declarações anteriores expressando esperança profética (1889-1890) devem ser
equilibradas pelo desapontamento da história real subsequente que Ellen White
foi forçada a registrar (1891-97). Toda avenida de sólida evidência segue na
mesma direção: o seu testemunho, o testemunho de Jones, os arquivos oficiais, e
o óbvio peso de quase um século de história.
"Exatamente
Como os Judeus!"
Nunca desde a
rejeição por Israel de seu Rei de glória tem o universo celestial testemunhado
um fracasso mais inescusável e vergonhoso da parte do povo escolhido de Deus,
liderado por seus dirigentes. A mensageira do Senhor não hesita em aplicar aos
irmãos dirigentes o famoso "ai dos fariseus" (Lucas 11:50-52), e a
realçar sua aplicação para o presente (1896): "Se Deus alguma vez falou
por mim, estas passagens significam muito àqueles que lhes derem ouvidos"
(TM 76). "Não entrais vós mesmos, e impedis os que estavam entrando".
Este é o
verdadeiro retrato do "grande reavivamento" que se seguiu à
assembléia de 1888. Muitos membros leigos e ministros mais jovens começaram a
"entrar", mas os anciãos de Jerusalém verdadeiramente os
"impediam". Assim, o reavivamento demonstrou-se abortivo, e o
Espírito Santo foi ofendido, "insultado" e abafado. Frequentemente a
mensageira do Senhor comparou o espírito anti-1888 com a rejeição de Cristo por
parte dos judeus. Por exemplo:
"Luz tem
estado a brilhar sobre a Igreja de Deus, mas muitos têm dito por sua atitude de
indiferença: "Não desejamos o Teu caminho, ó Deus, mas o nosso
próprio". O Reino dos céus chegou bem perto, . . . mas bloquearam a porta
do coração, e não receberam os visitantes celestiais; pois ainda não conhecem o
amor de Deus. . . .
"Há menos
escusa em nosso tempo para a teimosia e descrença do que havia para os judeus
nos dias de Cristo. . . . Nosso pecado e sua retribuição será maior, se
recusamos caminhar na luz. Muitos dizem: "Se eu somente tivesse vivido nos
dias de Cristo, não teria torcido as Suas palavras, ou interpretado falsamente
a Sua instrução. Não O teria rejeitado nem crucificado, como fizeram os
judeus"; mas isso será provado pelo modo em que tratais Sua mensagem e
Seus mensageiros hoje. . . .
"Aqueles
que vivem neste tempo não são responsáveis pelos actos dos que crucificaram o
filho de Deus; mas se com toda a luz que brilhou sobre o Seu antigo povo
delineada perante nós, trilhamos o mesmo terreno, acariciamos o mesmo espírito,
recusamos receber reprovação e advertência, então nossa culpa será grandemente
aumentada." (ibid., 11 de
abril de 1893).
Uma semana depois
a autora acrescentou:
"Aqueles
que estão cheios de descrença podem discernir o mínimo detalhe que tem algum
aspecto objectável. Podem perder de vista todas as evidências que Deus tem dado
. . . ao revelar preciosas gemas de verdade da inexaurível mina de Sua palavra.
Podem sustentar o átomo objectável sob as lentes de aumento de sua imaginação
até que o átomo se pareça um mundo, e apague de sua visão a preciosa luz do
céu. . . . Por que levar tanto em conta aquilo que pode parecer-vos objectável
no mensageiro [A. T. Jones ou E. J. Waggoner] e descartar todas as evidências
que Deus tem dado para equilibrar a mente com respeito à verdade?" (ibid.,
18 de abril de 1893).
Nossa imaginação
luta para assimilar a realidade das bênçãos que teriam advindo à Igreja
Adventista do Sétimo Dia se esta preciosa mensagem tivesse sido aceita de todo
coração:
"Se
mediante a graça de Cristo o Seu povo se tornar novos odres, Ele os encherá com
novo vinho. Deus concederá luz adicional, e velhas verdades serão recuperadas,
e substituídas na estrutura da verdade; e onde quer que os obreiros vão,
triunfarão." (RH, Extra, 23 de dezembro de 1890).
Nossa
História de Cabeça Para Baixo
O que teria tido
lugar, mas não se deu, foi tornado claro numa declaração feita na sessão da
Associação Geral de 1901, quando Ellen White recapitulou a crise de 1888-1891.
O que nossos historiadores têm presumido ter sido "reavivamento" revela-se
somente uma aceitação verbal sem nenhuma reforma genuína:
"Sinto
especial interesse nos movimentos e decisões que serão feitos nesta Assembléia
com respeito às coisas que deveriam ter sido feitas anos atrás, e especialmente
dez anos atrás, quando estivemos reunidos em Assembléia, e o Espírito e poder
de Deus vieram à nossa reunião, testificando que Deus estava pronto para operar
por este povo se este se dispusesse em ordem de ação. Os irmãos concordaram com
a luz que Deus havia dado, mas houve os que estavam ligados a nossas
instituições, especialmente ao escritório da Review and Herald e Associação
Geral, que introduziram elementos de descrença de modo que a luz concedida não
foi posta em prática. Foi acatada, mas nenhuma mudança especial foi feita para
fazer com que tal condição de coisas propiciasse ao poder de Deus ser revelado
entre o Seu povo." (GCB 1901, p. 23).
Alguns dos irmãos
reconheceram em 1893 que devido à reforma ter sido recusada, o reavivamento
havia por consequência falhado. Jones declarou:
"Irmãos, o
tempo é chegado para assumir esta noite o que lá rejeitamos [em Mineápolis,
quatro anos antes]. Nenhuma alma dentre nós jamais foi capaz de sonhar ainda
com as maravilhosas bênçãos que Deus tinha para nós em Mineápolis, e que já
estaríamos desfrutando por esses quatro anos, se os corações houvessem estado
prontos para receber a mensagem que Deus enviou. Estaríamos quatro anos à
frente, e no meio das maravilhas do próprio alto clamor esta noite."
(GCB, 1893, p. 183).
A carta seguinte
de Ellen White, lida na mesma assembléia, explica como operou o processo pelo
qual a mensagem de 1888 foi transformada em derrota:
"A
oposição em nossas próprias fileiras têm imposto sobre os mensageiros do Senhor
uma tarefa laboriosa e probante; pois eles têm enfrentado dificuldades e
obstáculos que não careciam existir. . . . Todo o tempo e pensamento e labor
requeridos para contrafazer a influência de nossos irmãos que se opõem à
mensagem tem sido tomado do mundo dos rápidos juízos de Deus. O Espírito de Deus
tem estado presente em poder entre o Seu povo, mas Ele não pôde ser-lhe
concedido, porque não abriu o coração para recebê-Lo.
"Não é a
oposição do mundo que temos de temer; mas sim os elementos que operam entre nós
mesmos que têm impedido a mensagem. . . . O amor e confiança constituem uma
força moral que teriam unido nossas igrejas e assegurado harmonia de acção; mas
a frieza e desconfiança acarretaram desunião que nos destituíram de nossa
força. . . .
"A
influência que se desenvolveu da resistência à luz e à verdade em Mineápolis
tenderam a tornar de nenhum efeito a luz que Deus concedeu a Seu povo mediante
os Testemunhos. . . . porque alguns dos que ocupavam posições de
responsabilidade estavam levedados com o espírito que prevaleceu em Mineápolis,
um espírito que anuviou o discernimento do povo de Deus." (ibid., p. 419).
Um exército que
perde uma batalha tentará posteriormente descobrir por que a derrota teve
lugar. Falarão de vitória somente no modo verbal condicional subjuntivo, como o
"que poderia ter sido". É significativo que a passagem frequentemente
citada, publicada em 1909, em Testimonies [Testemunhos], Vol. 9, pág.
29, que começa com um trágico "se", foi escrita com respeito aos
resultados da história de 1888. É a próxima sentença após a citação acima:
"Se todo
soldado de Cristo houvesse cumprido o seu dever, se todo atalaia sobre os muros
de Sião tivesse dado à trombeta o sonido certo, o mundo teria já ouvido a
mensagem de advertência. Mas a obra está anos atrasada. Que contas se dará a
Deus por assim se achar retardada a obra?"
Há Boas
Novas na História de 1888
Isso não
significa que a guerra foi perdida.
Longe disso. Somente uma batalha foi perdida. Aqui temos, contudo, uma
situação muito intrigante. Uns poucos parágrafos depois na mesma carta, Ellen
White predisse que Satanás haveria de aproveitar-se ardilosamente de sua
vantagem. "A profunda trama de Satanás revelará sua operação por toda
parte". Ele seria esperto demais para assumir o seu papel diabólico;
pretenderia ser o Cristo. "A aparência de um falso Cristo despertará
esperanças enganosas nas mentes daqueles que se permitirem ser enganados".
Satanás tem mente
muito hábil para reivindicar sua vitória antes que esta seja completa, mesmo
que a vitória parcial seja um facto. Tal alegação levaria o remanescente a cair
sobre os joelhos no arrependimento dos séculos, pois é honesto de coração.
Dizer-lhe a verdade nunca funcionará -- deve ser mantida em engano até o último
momento.
Portanto, o desejo
de Satanás é que sejamos enganados a respeito de nossa história de 1888. Ele
admitirá matreiramente a derrota e concederá a vitória, pretendendo jazer
prostrado aos nossos pés. Mas o engano, se acariciado, pode conduzir somente a
uma enfatuação com o falso Cristo. Se não podemos ler o passado correctamente,
como seremos capazes de interpretar o futuro de modo correcto à medida que se
desenrola diante de nossos olhos?
Acaso essas
verdades óbvias pintam um quadro sombrio e desanimador? Não, se amamos Aquele
que disse ser a Verdade. Reconhecer a verdade é o único modo de nos aproximarmos
Dele!
Conquanto seja
verdade que nossa história é um claro chamado ao arrependimento, devemos nos
lembrar que o chamado ao arrependimento sempre tem sido positivo, inspirador de
esperança e encorajador.
CONCLUSÃO
Os que retratam
nossa história de 1888 como uma gloriosa vitória são muito sinceros. Desejam
preservar a unidade da Igreja. Críticos têm levantado alegações de que a
vitória conquistada por Satanás em 1888 e posteriormente foi completa, de modo
que a Igreja está agora numa situação de desesperança. Isso não é verdade, mas
tais idéias falsas criam raízes e florescem como reação contra o orgulho e
complacência que eram a verdade de nossa história por geração após geração.
Israel nunca se tornará Babilônia [?], conquanto possa ter períodos de
cativeiro. O Senhor a trará novamente para dentro de suas próprias fronteiras,
abatida e arrependida.
Ao buscar desdizer
críticos desleais que condenam a Igreja como se não tivesse mais esperança, não
devemos negar a verdade. Atribuamos honra a quem honra é devida. Isso, à luz da
nossa história passada, requererá que sejamos grandemente humildes:
"Haverá
grande humilhação de coração perante Deus da parte de cada um dos que
permanecem fiéis e verdadeiros até o fim." (Ms. 15, 1888; Olson, p.
297).
"A menos
que a igreja, que está agora sendo levedada com sua própria apostasia, se
arrependa e se converta, comerá do fruto de sua própria produção, até que se
aborreça a si mesma." (8T 250).
Essa experiência
não dá nenhuma evidência de que Deus descartou Sua Igreja. Pedro, quando
lançou-se ao chão no Getsêmani e desejou morrer, foi por fim convertido (Mateus
26:75; DA 713). Quando as palavras acima tiverem cumprimento, a Igreja
remanescente igualmente se converterá. O seu Pentecoste não estará tão distante
no tempo quanto o de Pedro quando chegou a conhecer-se, e, ao fazê-lo,
encontrou o perdão de seu Senhor.
Uma verdadeira
compreensão da experiência de 1888 desempenhará grande papel em nossa condição
de conhecer-nos a nós mesmos: "Em algum tempo será visto em seu
verdadeiro caráter, com todo o peso da dor que disso tem resultado"
(GCB 1893, p. 184).
A. T. Jones na
assembléia de 1893 também referiu-se a esse grandemente protelado "algum
tempo" de reparação:
"Há coisas
a vir que serão mais surpreendentes do que o foi em Mineápolis. . . . Mas a
menos que você e eu tenhamos toda fibra desse espírito desarraigado de nossos
corações, trataremos a mensagem e os mensageiros pelos quais ela é enviada,
como Deus declarou que temos tratado esta outra mensagem." (ibid.,
p. 185).
"Em 1888
na Conferência Geral realizada em Minneapolis, Minnesota, o anjo de Apocalipse
18 desceu para fazer sua obra, e foi ridicularizado, criticado e rejeitado, e
quando a mensagem que ele trouxer novamente, alargar-se num alto clamor,
será novamente ridicularizada, criticada e rejeitada pela maioria."
E.G.White
in Taking Up a Reproach. Também encontrado em Some History,
Some Experience, Some Facts, p. 1, por A.T.Jones.
Se nenhuma das
referências apresentadas neste capítulo nos estivesse disponível, a lógica e a
simples razão determinariam algumas conclusões:
(1) O alto clamor
deveria ter efeito sobre o encerramento da obra como o fogo na palha (RH, 15 de
dezembro de 1885). "Os últimos acontecimentos serão rápidos". Mas em
lugar de desenvolver-se como fogo na palha, tem havido um século de retardada
queima esfumaçada, arrastando-se enquanto almas humanas estão nascendo mais
rápido do que as alcançamos com a nossa mensagem. A única conclusão razoável
é de que o fogo foi extinguido -- por instrumentalidade humana, não divina.
(2) Quando vier o
alto clamor, declara João, o Revelador, deve servir como luz para iluminar a
terra toda com glória que superará toda demonstração prévia de poder celestial.
Os "reis da terra" ainda não se postaram à distância, com os
"mercadores da terra", lamentando a queda da grande Babilônia, levada
à desolação numa breve "hora" pela poderosa pregação do alto clamor.
Contudo, a luz da poderosa mensagem do quarto anjo começou a brilhar nessa
forma estranha e impressionante em 1888. A única conclusão razoável é que a
luz foi apagada, por instrumentalidades humanas.
(3) Quando a
mensagem de justificação pela fé de 1888, o verdadeiro "começo" da
chuva serôdia, for aceita, será visto na Igreja remanescente um reavivamento da
santidade primitiva até aqui desconhecida. "O inimigo de Deus sabe que se
o povo a receber plenamente, o seu poder será rompido". (GW 103, velha
edição). A única conclusão possível: a mensagem da justiça de Cristo não foi
verdadeiramente recebida.
(4) A mensagem
sendo de Deus num sentido especial, a oposição persistente de autoridades
responsáveis a ela constituiu uma derrota espiritual para o movimento do
Advento; mas essa derrota deve ser reconhecida como uma batalha numa guerra
mais ampla, e não a perda da própria guerra.
Tal visão da
questão requererá que esta geração reconheça os factos atinentes ao caso, e
retifique plenamente o trágico erro. Isso pode ser feito, e o Deus justo e
vivente nos ajudará.
Isso tem que ser
boas novas.
__________
1 Cf. MS. 9, 1888,
Through Crisis to Victory [Através da crise à vitória], p. 292; MS. 15,
1888; ibid., pp. 297, 300; MS. 13, 1889; RH, 4,11 de março; 26 de agosto
de 1890; 11, 18 de abril de 1893; TM 64; 75-80; Special Testimonies
[Testemunhos especiais], Série A, nº 6, p. 20; Special Testimonies to R
& H Office [Testemunhos especiais ao escritório da R & H], pp. 16,
17; FE 472.
2 Pease faz uma
breve referência à declaração de Ellen White, datada de 22 de novembro de 1892,
identificando a mensagem como o "começo" do alto clamor (By Faith
Alone [Pela fé somente], p. 156). Mas em geral ele identifica a mensagem
como uma mera reiteração da "doutrina" protestante popular. Froom
reconhece a mensagem como o "começo" da chuva serôdia, mas
contradiz-se ilogicamente ao manter que se tratava da mesma mensagem proclamada
pelos evangélicos populares da época (Movement of Destiny [Movimento
predestinado], pp. 262, 318-325, 345, 561-570, 662-667). Os outros autores
ignoram totalmente a identificação da mensagem por Ellen White.
3 Evidência
objetiva em apoio dessas declarações podem ser vistas em publicações oficiais
concernentes à controvérsia dos "dois concertos" de 1906-1908. O
ponto de vista prevalecente era o de oposição à mensagem de 1888. Por
exemplo, ver Signs of the Times [Sinais dos tempos], 13 de novembro de
1907; 29 de janeiro de 1908.
Nota
Adicional ao Capítulo 4
O Testemunho
dos Arquivos da Assossiação Geral
A correspondência
oficial nos arquivos de Battle Creek corroboram o testemunho de Ellen White e
Jones concernente à atitude negativa dos dirigentes de maior responsabilidade
em Battle Creek. A. T. Jones declarou que "havia um antagonismo secreto
sempre levado avante" (Carta a C. E. Holmes, 12 de maio de 1921).
As cartas do
secretário da Associação Geral, Dan T. Jones, ilustram como essa atitude
funcionava. Conquanto ele fosse profundamente hostil à mensagem de 1888 e aos
seus mensageiros, poucas semanas após Mineápolis o Espírito Santo o
impressionou com evidência clara de que Jones era o verdadeiro mensageiro de
Deus. Ele escreve a um amigo:
"Temos
tido boas reuniões aqui . . . O irmão A. T. Jones tem feito a maior parte das
pregações. Gostaria que pudesse ouvir alguns de seus sermões. Ele parece
totalmente diferente do que fez [sic] em Mineápolis. Alguns de seus sermões são
os melhores, penso, que já ouvi. São todos inéditos também. Ele é original em
sua pregação e em sua pregação prática parece muito terno e sente profundamente
tudo quanto diz. O meu conceito a respeito dele subiu consideravelmente desde
que vi o outro lado do homem." (Carta a J. W. Watt, 1º de janeiro de
1889).1
Mas Dan Jones se
torna um homem convencido contra a vontade. É fenomenal como bons líderes
podiam endurecer o coração contra o que viam claramente serem
"credenciais" do Espírito Santo. Precisamos compreender como isso
aconteceu, pois hoje estamos em grave perigo de repetir a história deles. Como
dizia Lutero, somos todos feitos da mesma massa.
Um ano depois, por
alguma estranha razão, Dan Jones deixou o coração tornar-se endurecido contra
os mensageiros de 1888, enquanto, durante esse mesmo período a atitude de Ellen
White para com eles tinha se tornado de crescente apoio. Aqui vemos um
misterioso fermento do espírito humano. Como um oficial administrativo
responsável, ele escreve à liderança da Associação do Missouri, sua região
nativa. Ele deve comunicar seu errôneo julgamento. Aqui se vê uma influência
operando "debaixo da mesa", o "antagonismo secreto" a que
se referira A. T. Jones:
"Creio que
um Instituto no Missouri seria uma coisa esplêndida; mas creio que um instituto
num plano menos destacado seria preferível a realizar um grande evento e ter .
. . Pastores A. T. Jones e E. J. Waggoner. Para dizer a verdade, não tenho
muita confiança em algumas de suas maneiras de apresentar as coisas. Eles tentam
conduzir tudo diante deles e não admitem que suas posições sejam sujeitas à
mínima crítica. . . . De facto, [eles] não se fixam quase em nenhum outro
assunto, mas esses sobre que há diferença de opinião entre nossos irmãos da
direcção. Não creio que desejará trazer esse espírito à Associação do
Missouri." (Carta a N. W. Alee, 23 de janeiro de 1890; ênfase
destacada).
Os mensageiros de
1888 provavelmente nunca souberam que o seu ministério não era benvindo no Missouri.
As cartas
informativas de Dan Jones a G. I. Butler concernentes a desenvolvimentos em
Battle Creek revelam o "antagonismo" em operação. Ele incentiva
Butler em sua oposição à mensagem:
"Estou
contente, de facto, de que esteja considerando as questões do ponto de vista em
que o faz, e não se está desmotivando e se inclinando sob a carga que parece
ser-lhe imposta. . . . Tenho muitas vezes pensado sobre o que me disse no
inverno passado concernente a que os camaradas da Califórnia [Jones e Waggoner]
estariam no staff editorial da Review em menos de dois anos. Não me
sentiria absolutamente surpreso se uma tentativa nessa direcção fosse feita
dentro desses muitos meses. Mas sinto-me seguro de que isso acarretaria
oposição bem vigorosa." (Carta, 28 de agosto de 1889).
A "oposição
bem vigorosa" que ele previu entrou em erupção como um vulcão dentro de
sua própria alma durante o inverno seguinte de 1890. Waggoner um dia anunciou
em sua classe bíblica que na segunda-feira pela manhã seguinte discutiriam os
dois concertos. Ele havia sido oficialmente convidado, mesmo instado, a deixar
o seu trabalho na Califórnia e ensinar em Battle Creek. Presumira,
naturalmente, que estava livre para apresentar o evangelho como o entendia.
Mas quando Dan
Jones ouviu as notícias a respeito dos dois concertos, não pôde conter-se.
Imediatamente tomou medidas para deter Waggoner, apelando a Urias Smith e mesmo
a Ellen White em busca de apoio. Ele estava tão profundamente agitado com o
incidente que escreveu consideravelmente a respeito em cartas para G. I.
Butler, O. A. Olsen, J. D. Pegg, C. H. Jones, R. C. Porter, J. H. Morrison, E.
W. Farnsworth, e R. A. Underwood. Suas cartas não podem disfarçar a antipatia
pessoal pela mensagem e os mensageiros, enquanto, logicamente, professando
aceitação da "doutrina da justificação pela fé".
Podemos ser gratos
de que era um escritor de cartas bastante produtivo, pois ele dá valiosas
pistas das atitudes da liderança nos bastidores. Ele revela candidamente os
seus íntimos sentimentos. Sua persistente e convicta oposição à mensagem era
evidentemente uma pesada carga a sua consciência, semelhantemente à experiência
de Saulo de recalcitrar contra os aguilhões. Com respeito a esse confronto com
Waggoner, escreve ele a Butler:
"Nada
jamais aconteceu em minha vida que me abatesse como isso. Sinto-me tão mal com
esse incidente todo que dificilmente tenho sabido como agir ou o que fazer. . .
. Quando vi do que se tratavam as lições [lições da Escola Sabatina sobre os
concertos, escritas por Waggoner], decidi imediatamente que não poderia
ensiná-las; e após analisar um pouco mais a questão, decidi renunciar a minha
posição de professor na escola sabatina2. . . .
"Tenho me
preocupado e me angustiado com esse problema até o ponto de esgotar-me mais do
que meio ano de trabalho."
(Carta, 13 de fevereiro de 1890).
Que espetáculo--o
secretário da Associação Geral preocupando-se e angustiando-se com o que, na
verdade, era a direcção do Espírito Santo na chuva serôdia!
Um Lampejo Por
Trás das Cenas na Velha Battle
Creek
Dan Jones
prossegue com uma impressionante vinheta da administração de Battle Creek,
dizendo francamente a Butler sobre o plano oficial de ocultar os factos reais
dos estudantes e "deixar que o assunto fique com o mínimo destaque sem
atrair mais atenção dos estudantes da escola à mudança do que o
necessário". Isso seria politicamente astuto. Waggoner estragou os seus
planos declarando abertamente a verdade, e "deixando extravasar as coisas;
e tudo que pude fazer foi dizer que tínhamos achado melhor pedir ao Dr. Waggoner
que postergasse a questão do concerto no momento".
Ellen White, W. C.
White, Waggoner e A. T. Jones agiram para acertar as coisas perante os irmãos
em Battle Creek, com o resultado que a verdade colocou a contragosto Dan Jones,
Urias Smith, e outros contra a parede. Uma vez mais, Dan Jones foi cândido ao
contar a seus amigos o mau bocado que enfrentaram:
"Isso
deixou alguns de nós numa posição bastante embaraçosa. Estivéramos laborando
sob uma apreensão e a questão foi-nos retirada. Ninguém podia ir contra a
palavra do Dr. Waggoner ou da irmã White." (Carta a Butler, 27 de
março de 1890).
A humildade e
honestidade de Dan Jones são refrescantes - quase inocente, de certo, à luz da
real verdade que ele não compreendia - que sua antipatia era de facto dirigida
contra o divino dom gracioso da chuva serôdia e a luz inicial do alto clamor.
Ele era mortalmente contra essa bênção enviada do Céu e não podia evitar que
ela fosse conhecida. Ele foi salientemente um homem convencido contra sua
vontade e ainda da mesma opinião contrária.
O famoso sermão de
Ellen White de 16 de março de 1890 em Battle Creek (Ms. 2, 1890) contém a
afirmação, "Não houve recepção" da mensagem, e umas doze referências
da contínua descrença e rejeição entre a liderança de Battle Creek desde
Mineápolis. Escrevendo um dia depois, Dan Jones lamenta sua tristeza:
"Parece-me
que a posição dela é evidentemente correcta, e o princípio se aplicará a outros
assuntos com tanta força como se aplica à questão do concerto, ou da lei em
Gálatas... Eu estava seguro de que certos planos e propósitos estavam sendo
realizados pelo Dr. Waggoner e outros e de que certos motivos estavam por trás
daqueles planos e propósitos; mas parece agora que eu estava errado em ambos.
Parece estranho como pode ser assim. Cada circunstância parece somar à
evidência para provar as coisas como verdadeiras; mas, não obstante a isto,
provaram-se falsas." (Carta a J.D. Pegg, 17 de março de 1890).
Escrevendo a
Butler dez dias depois, o seu progresso é relutante, e ele ainda não é claro.
Mantém a mesma opinião ainda com respeito à mensagem. Tal como se dava com
Urias Smith, ele culpa a Jones e Waggoner por criarem o malentendido. Ele não
pode vê-los à luz de como Ellen White os via, como os "mensageiros
delegados" pelo Senhor.
"Talvez
estivéssemos equivocados em algumas das opiniões que temos sustentado. . . .
Não vejo agora o que pode ser feito, mas aceitar as explicações feitas, e agir
com elas em mente. . . . A irmã White . . . julga que os relatórios que lhe
foram trazidos de Mineápolis estão grandemente exagerados, e que não obteve uma
idéia correcta com referência ao que estava se passando aqui. Embora eu
mantenha a mesma posição sobre a lei em Gálatas, e a questão do concerto que
sempre mantive, estou contente de ter minha mente aliviada com respeito ao
motivo e planos de alguns dos irmãos. . . . Esperemos que no futuro nossos
irmãos não ajam de tal modo que lancem o fundamento de um julgamento injusto em
seus planos e propósitos." (Carta, 27 de março de 1890).
Escrevendo a R. C.
Porter poucos dias depois, revelou como ele e Urias Smith ainda não estão
verdadeiramente reconciliados com os mensageiros de 1888 nem com Ellen White:
"O Pastor
Smith . . . não pode entender por que . . . a irmã White falou em certa ocasião
positivamente contra uma certa coisa, como fez contra a lei em Gálatas, ao
Pastor [J.H.] Waggoner vários anos atrás, depois fez meia-volta e praticamente
deu o seu endosso à mesma coisa quando foi suscitada numa forma ligeiramente
diferente. . . Estou tentando pensar o menos possível a respeito disso."
(Carta, 1º de abril de 1890)3
Duas semanas
depois, Dan Jones ainda não está seguro, e pode agora ser levado a falar com
algum desdém do que, na realidade, representou a direcção do Senhor no início
da chuva serôdia. Deseja ver Jones e Waggoner rebaixados e assegura ao Pastor
Butler que ele e os irmãos estão ainda nobremente persistindo na luta contra
eles. O que Ellen White e a história têm reconhecido como "a mais preciosa
mensagem" ele ainda considera na categoria de "pontos de vista
peculiares" que espera que nunca mais sejam tolerados:
"Sei que é
um pouco difícil em face da evidência circunstancial que tem envolvido esta
questão por um ano e meio, que cheguemos à conclusão agora de que aqueles
assuntos que transpiraram em Mineápolis ocorreram todas em inocência de
cordeiro. Mas se o Dr. Waggoner declara que não tinha qualquer plano quando foi
até lá, e o irmão Jones declara o mesmo e a irmã White os apóia, o que podemos
fazer, a não ser aceitar isso como um facto? . . . Pode até pensar que fomos
lançados para cima um pouco, e laçados, e totalmente engolidos. Não é esse o
caso, de modo nenhum. Considero que vencemos todos os pontos que estávamos
mantendo, e julgo que o outro lado ficou suficientemente contente para diminuir
um pouco; e eu estava desejoso que assim se desse, se eles aprenderam as lições
que determinámos que deveriam aprender. Sinto-me confiante agora de que o Dr.
Waggoner será muito cauteloso antes de lançar seus pontos de vista peculiares
perante o povo até terem sido cuidadosamente examinados pelos dirigentes; e
julgo que os irmãos da direcção serão muito mais criteriosos no seu exame
desses pontos de vista peculiares do que o foram no passado." (Carta a
Butler, 14 de abril de 1890).
Esses arquivos
confirmam abundantemente a observação de A. V. Olson de que Jones e Waggoner
eram persona non grata nos escritórios centrais de Battle Creek (op.
cit., p. 115). A tensão era tão aguda que é fácil entender como Waggoner
terminou sendo mandado para a Grã-Bretanha no princípio de 1892. Sua carta
manuscrita ao presidente da Associação Geral de 15 de setembro de 1891 pode ter
exarcebado a situação. Ele havia sido designado como membro da comissão de
livros, mas sua participação normal em seu trabalho havia de algum modo sido
contornada. Sua carta é respeitosa; ele não expressa nenhuma queixa pessoal;
sua preocupação tem que ver com o bem da causa:
"Desejo
indagar a respeito do livro do Pastor [G. I.] Butler. Vejo pelo relatório da
Comissão de Livros que foi votado que o escritório da Review and Herald o
publique. Disso eu concluo que deve estar pronto para publicação. Se assim for,
como membro da Comissão de Livros, gostaria de ver o manuscrito. Algo em torno
de um ano atrás, penso, vi uma lista dos capítulos que deveriam compor o livro;
e daí, juntamente com o que eu sei da condição de coisas em geral, estou bem
seguro de que há boa perspectiva de que o livro terá tanta necessidade de ser
passado em revista como qualquer outro livro. Se for lançado sem exame, excepto
por uma comissão de três, estou certo de que haverá insatisfação. . .
Certamente cada membro tem o direito de examinar qualquer manuscrito que venha
a ser apropriadamente apresentado perante a comissão4."
Urias Smith
Defende Sua Rejeição da Mensagem
A oposição de
Urias Smith à mensagem de 1888 era lógica, erudita, e aparentemente razoável.
Ele escreve a Ellen White em 17 de fevereiro de 1890, explicando por que não a
pode receber. Ele é inteiramente sincero. É uma experiência de humildade ler
sua carta de seis páginas, pois ele é bastante convincente. Pode ser-nos tão
fácil hoje considerar o maior dom do Espírito Santo como um desastre, como foi
para ele fazê-lo. Ele vê a condução do Senhor como uma grande
"calamidade". Podemos notar os seus argumentos apenas resumidamente:
"No meu
ponto de vista, depois da morte do irmão White, a maior calamidade que já afectou
nossa causa foi quando o Dr. Waggoner fez publicar seus artigos sobre o livro
de Gálatas através do Signs [Sinais]. . . .
"Se eu
estivesse sob juramento perante uma corte de justiça, seria obrigado a
testificar que, quanto eu saiba e creio, . . . a irmã declarou que o irmão [J.
H. Waggoner] estava errado [a respeito da lei em Gálatas]. Isso tem-me parecido
desde então estar em harmonia com as Escrituras. E o irmão White estava tão
satisfeito quanto ao tema que, como se recorda, retirou o livro do irmão
Waggoner de circulação. . . . A posição que o irmão [E. J.] Waggoner agora
assume está aberta exactamente à mesma objecção. . . . Parece-me contrária às
Escrituras, e, em segundo lugar, contrário ao que anteriormente viu … .
"Os irmãos
na Califórnia [Jones e Waggoner] . . . quase arruinaram a Assembléia [de 1888],
como temi que o fizessem. Caso aquelas questões perturbadoras não tivessem sido
introduzidas, não posso ver razão por que não poderíamos ter tido uma
Assembléia tão abençoada e agradável como jamais tínhamos desfrutado. . . .
"[E. J.]
Waggoner tomou sua posição sobre Gálatas, a mesma que a irmã havia condenado em
seu pai. E quando ela aparentemente endossou sua posição globalmente, . . . foi
uma grande surpresa para muitos. E quando me perguntavam o que significava
isso, e como eu poderia dar conta disso, realmente, irmã White, eu não sabia o
que dizer, e ainda não sei.
". . .
Quando pontos de vista e movimentos vêm à tona . . . que . . . minarão
inteiramente o seu trabalho, e abala a fé na mensagem, eu não posso senão ter
meus sentimentos a respeito da questão; e pode imaginar que deve parecer-me uma
situação estranha, quando, devido a ter aventurado uma palavra de precaução
sobre alguns outros desses pontos, sou apresentado em público como alguém que
está atirando no escuro, e que não sabe contra o que se está opondo. Creio que
sei em certo grau a que me estou opondo. Talvez eu não conheça a extensão plena
dessa obra de inovação e desintegração que está em marcha; mas vejo o
suficiente para sentir alguma ansiedade. Creio que estou disposto a receber luz
em qualquer ocasião, de qualquer um. Mas o que se alega ser luz deve, para mim,
demonstrar-se em harmonia com as Escrituras e basear-se em razões boas e
sólidas que convençam o julgamento, antes que me pareça luz. E quando alguém
apresenta algo que tenho há muito sabido e crido, é-me impossível chamar isso
de nova luz." (Carta de Urias
Smith, 17 de fevereiro de 1890).
Pode dar-se o caso
de haver muitos "Urias Smiths" na igreja hoje, tão exactamente
sinceros e razoáveis em sua oposição convicta à luz que na providência de Deus
deve ainda iluminar a terra com glória?
É penoso olhar
sobre os ombros de nossos irmãos de Battle Creek de um século atrás e ler suas
cartas. Mas pode fazer-nos bem reconhecer que algum dia outros lerão nossas
cartas. E anjos correctamente discernirão nossa verdadeira atitude de coração
para com a obra de Deus.
Uma profunda inimizade
íntima contra a mensagem da justiça de Cristo tornou possível que bons irmãos
de eras passadas se pusessem a espalhar rumores infundados e relatórios
distorcidos. Ellen White frequentemente comparava a situação com os judeus que
se opunham a Cristo. Eles também tinham boa lógica e argumentos bem elaborados
de sua parte. Pensavam que viam evidência escriturística que Lhe tornava
impossível ser o verdadeiro Messias. Já viera algum profeta da Galiléia? Algum
dos líderes em Jerusalém crera nEle? (João 7:48-52). E Sua personalidade também
os fazia desviar-se ao caminho errado.
É demasiado tarde
agora para nossos irmãos de um século atrás cavarem o suficientemente fundo em
suas almas para se arrependerem de rejeitar o mais significativo derramamento
do Espírito Santo desde o Pentecoste.
Graças a Deus, não
é ainda tarde demais para que o façamos, pois podemos facilmente ver-nos neles.
_______________
1. Cartas escritas
por Dan T. Jones são encontradas nos Arquivos e Estatísticas da Associação
Geral, Grupo de Registro 25. Usadas com permissão.
2. A posição de
Waggoner a que Dan Jones, Urias Smith e outros se opunham é apresentada no seu
livro The Glad Tidings [As boas novas] (Pacific Press, ed. revista, pp.
71-104). A posição de seus oponentes está perpetuada no Seventh-day
Adventist Bible Commentary [Comentário bíblico adventista do sétimo dia] e Bible
Dictionary [Dicionário bíblico]. Ellen White diz que lhe foi mostrado que
a posição de Waggoner é correcta: "Na noite antes da última foi-me
mostrado que evidências a respeito dos concertos eram claras e convincentes. Tu
mesmo [Smith], o irmão Dan Jones, o irmão Porter e outros estais gastando
vossos poderes de investigação para nada a fim de produzir uma posição sobre os
concertos que contradiz a posição que o irmão Waggoner apresentou" (Carta
59, 1890; ver também Carta 30, 1890). Dan Jones relata que Waggoner
"acusava os homens da liderança na Associação Geral de terem
[implicitamente] endossado a posição de [D. M.] Canright sobre os concertos,
estando o irmão Smith entre os restantes", o que, logicamente, eles
negavam (Carta a Butler, 13 de fevereiro de 1890). É triste dizer que Waggoner
estava correto; é ainda mais triste que após quase um século, essa belíssima
verdade de boas novas sobre os dois concertos ainda não tenha encontrado nossa
aceitação.
3. Os críticos
modernos de Urias Smith e Ellen White estão equivocados em atribuírem a ela uma
significativa mudança de sua posição quanto à lei em Gálatas. Ela instava J. H.
Waggoner a não dar destaque a sua opinião de que a lei em Gálatas é a lei
moral, mas parece não haver evidência de que lhe disse o que Smith julgava que
dissera. Sem dúvida, J. H. Waggoner não apreendeu as verdades mais amplas de
Gálatas que aquecem o coração tão claramente como o seu filho mais tarde. Ela
não podia endossar a mensagem do pai como "mais preciosa". Smith equivocadamente
baseou-se num facto parcial para condenar a luz adicional que o Senhor enviara
mediante o filho de Waggoner em 1888.
4. Arquivos e
Estatísticas da Associação Geral, Grupo de Registro 11. Usado com permissão.
5. O Problema
Fundamental: Como Avaliar a Mensagem de 1888
O erro de presumir
que "nós" aceitamos a mensagem de 1888 parte de um erro ainda mais
profundo de incompreensão, ou seja, qual foi realmente a mensagem.
O ponto de vista
endossado oficialmente de que foi aceita deve também levar em consideração que
nada houve de peculiarmente adventista a respeito dela. A mensagem é avaliada
como "a doutrina da justificação pela fé", ou seja, a mesma
"doutrina" que os protestantes têm crido por centenas de anos. O
trecho seguinte, de um de nossos estimados autores, um vice-presidente da
Associação Geral, é típico dessa opinião amplamente aceita da mensagem:
"Alguns
podem indagar, o que foi esse ensino de justificação pela fé que se tornou o
alicerce do grande reavivamento adventista de 1888, como ensinada e realçada
pela Sra. White e outros? Tratava-se da mesma doutrina que Lutero, Wesley, e
muitos outros servos de Deus haviam estado ensinando." (L. H.
Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts [Os frutos dos dons
espirituais], p. 239).
Seria extremamente
humilhante confessar que "nós" rejeitamos "a mesma doutrina que
Lutero, Wesley, e muitos outros servos de Deus haviam estado ensinando".
Então, devemos dizer que aceitamos "a doutrina" em 1888 e após isso.
Conquanto outro
escritor de autoridade admita que a mensagem de 1888 fosse "a terceira
mensagem angélica em verdade", como Ellen White a caracterizou (RH, 1º de
abril de 1890), ele confunde a questão insistindo em que muitos líderes
evangélicos não-adventistas também proclamavam "a mesma ênfase . . .
geral", tendo obtido sua mensagem "da mesma Fonte". Sem exceção,
todos esses livros altamente recomendados de anos recentes deixam implícito
logicamente que a "verdade" da mensagem do terceiro anjo nada mais é
do que o ensino protestante popular. Nenhum toma uma posição coerente de
avaliar a mensagem de 1888 como Ellen White o fez, nem reconhece qualquer
elemento singularmente adventista nela. Observem a insistência de Froom:
"Homens
de fora do movimento adventista -- [tinham] a mesma preocupação geral e ênfase,
e foram suscitados por volta da mesma ocasião. . . . O impulso
manifestamente veio da mesma Fonte. E quanto à época, a Justificação pela Fé
centralizou-se no ano de 1888.
"Por
exemplo, as renomadas Assembléias Keswick da Grã-Bretanha foram fundadas para
'promover a santidade prática'. . . . Cerca de cinquenta homens poderiam ser
facilmente alistados nas décadas finais do século dezanove e primeira décadas
do século vinte . . . todos dando essa ênfase geral." (Froom, Movement of Destiny, pp. 329, 320;
destaques do original).
A conclusão é
lógica e irrecorrível: devemos ir a essas fontes para obter a
"doutrina" e aprender como ensinar justificação pela fé. E temos feito
isso, por décadas, a despeito do facto de que a tendência desse ponto de vista
sobre justificação pela fé é antinomista [contra a lei].
Podemos crer que
esses líderes evangélicos eram homens bons, sinceros, vivendo à altura de toda
a luz que possuíam. Mas acaso proclamavam "a mensagem do terceiro anjo em
verdade", como Ellen White descrevia a mensagem de 1888? Nosso autor
admite que conquanto eles "não entendessem nossa mensagem
específica", isto é, o sábado e o estado dos mortos e outras doutrinas
"peculiares", não obstante proclamavam "a mesma . . .
justificação pela fé" que o Senhor nos concedeu em 1888. Contudo, em
contraste, Ellen White insiste que a mensagem de 1888 contém um nutrimento
espiritual peculiar que conduz à "obediência a todos os mandamentos de
Deus" (TM 92).
A posição dessas
autoridades logicamente apóia o ponto de vista de nossos oponentes de que nada
há de especial quanto ao cerne da mensagem adventista do sétimo dia. Isso
incentiva a sua perspectiva de que à parte de seja quanto da "doutrina"
evangélica possamos tomar por empréstimo dos evangélicos, a essência do
adventismo do sétimo dia é o legalismo. Certamente, pois, não temos qualquer
mandato para chamar o mundo cristão a julgamento e arrependimento.
Qual é a
verdadeira avaliação da mensagem de 1888? Tratava-se da "mesma
doutrina" que os reformadores protestantes e os evangélicos do século 19
ensinavam, como nossos autores insistem? Ou era uma compreensão distinta e
única do "evangelho eterno" em relação com nossa doutrina especial do
santuário? Nossos autores endossados oficialmente ignoram todos qualquer
relação especial com o santuário.
A verdade disso é
crucial para o entendimento de nossa identidade como um povo.
Se a mensagem de
1888 foi somente a doutrina protestante histórica de justificação pela fé,
defrontamos alguns problemas sérios:
(1) Suponhamos que
aceitemos que Ellen White esteja correcta ao dizer repetidamente que a mensagem
de 1888 foi objecto de resistência e rejeição; segue-se, necessariamente, que a
liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia rejeitou a "mesma
doutrina" que Lutero e Wesley ensinaram concernente a justificação pela
fé.
Em outras
palavras, o dizermos que a mensagem de 1888 era a "mesma doutrina"
que Lutero, Wesley . . . haviam estado ensinando" logicamente requer que
nossos antepassados de 1888 rejeitaram a posição protestante histórica. Tal
rejeição seria tão desastrosa quanto a rejeição de Lutero por Roma, ou a
rejeição de Wesley, pela Igreja da Inglaterra! Seria equivalente a uma queda
espiritual tão má quanto a queda de Babilônia.
Mas isso não pode
ser, pois destruiria a Igreja. Assim, nossos autores são forçados a presumir
que "nós" aceitamos a mensagem de 1888, e tivemos um "grande . .
. reavivamento".
(2) Novamente, se
a opinião de que a mensagem de 1888 foi "a mesma doutrina" dos
reformadores, isso requereria que "Lutero, Wesley, e muitos outros servos
de Deus" dos séculos 16 ao 19 tivessem pregado "a terceira mensagem
angélica em verdade". Assim, os adventistas do sétimo dia não podem
logicamente ver sua identidade nas três mensagens angélicas de Apocalipse 14.
Alguns anos atrás
Louis R. Conradi, nosso líder na Europa, seguiu essa idéia oficial a seu final
lógico e manteve que Lutero pregava a terceira mensagem angélica no século 16.
Conradi com o tempo deixou a Igreja. (Ele havia também sido um opositor da
mensagem da assembléia de 1888). E hoje estamos perdendo pastores, membros e
jovens pela mesma razão básica -- nada vêem em peculiar e atraente em nossa
mensagem do evangelho porque esses pontos de vista endossados oficialmente
deixam implícito que nada há de singular a respeito.
Acaso nosso
historiadores de confiança puseram sem querer em curto circuito o Movimento
Adventista que tem um destino a cumprir? Se assim for, grande dano foi feito, pois
idéias publicadas com autoridade desempenham um grande impacto sobre a Igreja
mundial.
Reiteração da
Posição Sobre 1888
Outro ponto de
vista altamente endossado quanto à mensagem de 1888 é que representou uma mera
"reiteração" do que os pioneiros adventistas tinham crido desde os
nossos primórdios, uma recuperação de um equilíbrio homilético na doutrina e
pregação, temporariamente perdida entre 1844 e 1888. Esse ponto de vista tem
chegado a ser amplamente acatado. Alguns poucos exemplos são suficientes:
"Esta
assembléia [de 1888] . . . provou-se ser o início de uma reiteração desta
gloriosa verdade, que resultou num despertamento espiritual entre nosso
povo." (M. E. Kern, RH, 3 de agosto de 1950).
"O maior
acontecimento dos anos oitenta na experiência dos adventistas do sétimo dia foi
a recuperação, ou a reiteração e nova conscientização, de sua fé na doutrina
básica do cristianismo: "saber que um homem não é justificado pelas obras
da lei, mas pela fé de Jesus Cristo" (A. W. Spalding, Captains of
the Host [Capitães da Hoste], p. 583).
"Houve
aqueles que aceitaram a ênfase [de 1888] sobre justificação pela fé; na outra
extremidade os que pensavam que essa ênfase ameaçava os 'velhos marcos'. . .
"A reação
da Igreja durante os anos noventa à nova ênfase sobre justificação . . . foi
mista." (N. F. Pease, The Faith That Saves [A Fé que Salva], pp. 40, 45;
1969).
Se esta posição de
"reiteração" (ou "ênfase") estiver correcta, algumas
indagações adicionais podem ser suscitadas:
(1) Como líderes
conscienciosos puderam resistir, rejeitar ou mesmo negligenciar uma reiteração
do que eles próprios sempre creram e tinham pregado por vinte, trinta ou
quarenta anos antes? Ou se essa sessão de 1888 incluía uma nova geração de
pregadores adventistas, como poderiam eles rejeitar uma "gloriosa
verdade" que seus antepassados imediatos não tinham estado pregando?
(2) Novamente,
como poderíamos defender-nos contra a acusação de que a Igreja Adventista
sofreu uma queda moral semelhante à de Babilônia se aceitamos o ponto de vista
de que os irmãos em 1888 rejeitaram a reiteração da verdade que criam no início
do movimento adventista? Quando alguém está subindo, e subitamente vem para
trás, isso é uma "queda".
Deploramos os
grupos desviados e as críticas descaridosas dos que injustamente dizem que a
igreja caiu como o fez Babilônia. Não cremos nisto. Mas a versão oficial de
nossa história sobre 1888 logicamente admite esse desencorajador ponto de vista.
Muitas mentes pensantes seguem-no às suas últimas conclusões, como o fez
Conradi. Quanto mais descartamos as verdades de 1888, mais evidente se torna
que grupos desviados, fanatismo, apostasias, e morna complacência proliferam,
devido a nosso fracasso perdurável em reconhecer essas realidades.
Este capítulo
apresentará evidência de que a mensagem de 1888 não foi uma mera reiteração das
doutrinas de Lutero e Wesley, nem mesmo dos pioneiros adventistas. Nem foi uma
reedição do que os oradores de Keswick e líderes protestantes populares da
época ensinavam como "doutrina da justificação pela fé". Foi muito
maior do que isso! Tratou-se do "começo" de um conceito mais
maduro do "evangelho eterno" do que havia sido claramente percebido
por qualquer geração prévia. Foi o "começo" do derramamento final do
Espírito Santo como a chuva serôdia. Foi o anúncio inicial da mensagem do
quarto anjo de Apocalipse 18. Deveria ser uma bênção sem precedentes desde o
Pentecoste (cf. FCE 473; RH, 3 de junho de 1890).
Isso não significa
dizer que os mensageiros de 1888 eram maiores do que Paulo, Lutero, Wesley, ou
qualquer outro, nem que eles eram estudantes mais brilhantes e inteligentes. A
mensagem que traziam era simplesmente a "terceira mensagem angélica em verdade",
um entendimento de justificação pela fé paralela à doutrina do "tempo do
fim" da purificação do santuário celestial, onde o Sumo Sacerdote ministra
no Dia da Expiação antitípico no Compartimento Santíssimo, sendo com ela
coerente (cf. EW 55, 56, 250-254, 260, 261). Ele entrou nessa última fase de
Sua obra em 1844. De lá Ele ministra a verdadeira justificação pela fé àqueles
que O seguem pela fé. Daí, há algo peculiar a respeito de justificação
pela fé à luz do Dia da Expiação, e a mensagem de 1888 o reconhece.
Se tivesse obtido
livre curso para plena e cordial aceitação e desenvolvimento teológico, a
mensagem teria preparado uma comunidade de cristãos para encontrar o Senhor
"sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem
defeito", "sem contaminação perante o trono de Deus". Era
intenção de Seu Divino Autor amadurecer as "primícias para Deus e o
Cordeiro". Se isso não for verdade, a credibilidade de toda a vida de
Ellen White será afectada, bem como nosso respeito próprio denominacional.
Ademais, a óbvia e
inegável rejeição dessa mensagem não constituiu uma queda moral ou espiritual
da Igreja remanescente envolvendo um repúdio da teologia protestante. Foi,
antes, a captura de seu desenvolvimento espiritual ordenado, uma pobre cegueira
e falta de habilidade em reconhecer a consumação escatológica do amor e chamado
do Senhor.
A rejeição dessa
mensagem virtualmente eclipsou um entendimento ético e prático da purificação
do santuário celestial. Deixou somente a capa exterior da estrutura doutrinal,
tal como as provas cronológicas dos 2300 anos, e o conceito mecânico do
"juízo investigativo" como pregado por nós antes de 1888. Nosso
próprio crescimento retardado em entendimento tem atraído a zombaria de nossos
oponentes evangélicos que fazem pouco caso desta verdade peculiar adventista
como "balofa, mofada e sem proveito". É por isso que tantos dentre
nossa própria gente, especialmente os nossos jovens, vêem a
"doutrina" do santuário como entediante e irrelevante.
O Que Ellen
White Via na Mensagem de 1888
Tão logo ouviu um
pouco da mensagem do Dr. Waggoner em Mineápolis (pela primeira vez e por
casualidade), ela reconheceu ser a "preciosa luz" em harmonia com o
que tinha estado "tentando apresentar" durante os 45 anos anteriores.
Ela não experimentou ciúme, mas acolheu bem os mensageiros e sua mensagem. Era
um desenvolvimento adicional, em plena harmonia com a luz passada, mas nunca
claramente pregada antes:
"Vejo a
beleza da verdade na apresentação da justiça de Cristo em relação com a lei de
Deus tal como o Doutor tem-na apresentado diante de vós. Dizeis, muitos dentre
vós, que é luz e verdade. Contudo, não a tendes apresentado em sua luz daí em
diante. . . . Isso que foi apresentado se harmoniza perfeitamente com a luz que
Deus tem-Se comprazido em dar-me durante todos os anos de minha experiência. Se
nossos irmãos ministrantes aceitassem a doutrina que tem sido apresentada tão
claramente . . . o povo seria alimentado com sua porção de alimento no tempo
certo." (Ms. 15, 1888; Olson, op. cit., pp. 284, 295).
Os próprios irmãos
em Mineápolis entenderam que a mensagem era uma revelação de nova luz, antes
que uma reiteração do que se havia pregado anteriormente. Isso está implícito
como segue:
"Um irmão
perguntou-me se eu pensava que havia alguma nova luz que deveríamos ter, ou
quaisquer novas verdades? . . . Bem, devemos parar de pesquisar as Escrituras
porque temos a luz sobre a lei de Deus, e o testemunho de Seu Espírito? Não,
irmãos." (Ms. 9, 1888; Olson, pp. 292, 293).
Assim, a mensagem
de 1888 foi algo que os irmãos não haviam compreendido anteriormente. Houve uma
falha em apreciar o cerne e veracidade da terceira mensagem angélica,
apreendendo somente suas formas exteriores:
"Há
somente alguns poucos, mesmo daqueles que reivindicam crer, que entendem a
terceira mensagem angélica; contudo esta é a mensagem para este tempo. É a
verdade presente. Mas quão poucos assumem esta mensagem em seu verdadeiro peso
e a apresentam ao povo em seu poder. Com muitos tem somente pequena força.
Disse-me o meu guia: 'Há muita luz ainda para brilhar da lei de Deus e do
evangelho da justificação. Esta mensagem entendida em seu verdadeiro carácter,
e proclamada no Espírito, iluminará a terra com a sua glória.'" (Ms
15, 1888; Olson, p. 296).
"A obra
peculiar do terceiro anjo não tem sido vista em sua importância. Deus
intencionou que o Seu povo estivesse bastante adiantado da posição que ocupa
hoje... Não está no ordenamento de Deus que a luz seja ocultada de nosso povo
-- a própria verdade presente de que carece para este tempo. Nem todos os
nossos pastores que estão dando a terceira mensagem angélica, realmente entendem
o que constitui essa mensagem. " (5Testimonies 714, 715).
Ellen White nunca,
nem uma vez sequer, empregou a palavra "reiteração" ou mesmo
"ênfase" com respeito à mensagem de 1888. Claramente, ela parecia
ser nova luz, o que contradizia idéias mantidas pelos irmãos, tal como os
judeus imaginavam que Cristo contradizia Moisés quando de facto a Sua mensagem
cumpria Moisés. O seu contexto é a mensagem e o seu recebimento:
"Vemos que
o Deus do céu às vezes comissiona homens para ensinar o que é considerado como
contrário às doutrinas estabelecidas. Devido a que os que outrora foram
depositários da verdade se tornaram infiéis a seu sagrado legado, o Senhor
escolheu outros que recebessem os brilhantes raios do Sol da justiça, e
advogassem as verdades que não estavam em harmonia com as idéias dos líderes
religiosos. . . .
"Mesmo os
adventistas do sétimo dia estão em perigo de fechar os olhos à verdade como
está em Jesus, porque ela contradiz algo que têm assumido como verdade, mas que
o Espírito Santo ensina não ser verdade." (30 de maio de 1896; TM pp. 69, 70).
Havia um princípio
que tornava uma revelação antecipada de "nova luz" necessária em
1888. Isso é declarado em um dos sermões de Ellen White em Mineápolis:
"O Senhor
necessita de homens que sejam . . . actuados pelo Espírito Santo, que estejam
certamente recebendo o maná recém vindo do céu. Sobre as mentes desses, a
palavra de Deus emite luz. . . .
"Aquilo
que Deus concede a Seus servos para falar hoje talvez não tivesse sido verdade
presente há vinte anos, mas é a mensagem de Deus para este tempo." (Ms. 8a, 1888; Olson, pp. 273, 274).
Houve uma distinta
diferença em sua mente entre a mensagem da justificação pela fé como
apresentada em 1888 e a "mensagem passada" que o Senhor apresentou
antes de 1888. Conquanto não devesse haver contradição, deve haver
desenvolvimento adicional: "Desejamos a mensagem passada e a nova
mensagem." (RH, 18 de março de 1890). (Mas os apelos dela não são uma
licença ao fanatismo ou idéias novas irresponsavelmente proclamadas).
Numa série de
artigos da Review no princípio de 1890, Ellen White debateu a verdade da
purificação do santuário em conexão com a controvertida mensagem de
justificação pela fé de 1888. Cada verdade complementava a outra. Houve uma
desesperada necessidade por mais profundo entendimento do evangelho eterno com
relação ao Dia da Expiação:
"Estamos
no dia da expiação, e devemos operar em harmonia com a obra de Cristo de
purificação do santuário. . . . Devemos agora apresentar perante as pessoas a
obra que pela fé vemos nosso grande Sumo-sacerdote realizando no santuário
celestial." (RH, 21 de janeiro de 1890).
"A obra
mediatória de Cristo, os grandes e santos mistérios da redenção, devem ser
estudados e compreendidos pelo povo que reivindica ter luz superior a todos os
outros povos sobre a face da Terra. Estivesse Jesus pessoalmente sobre a Terra,
Ele teria se dirigido a um número maior dos que reivindicam crer na verdade
presente com as palavras com que Se dirigiu aos fariseus: 'Errais não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus'. . . .
"Há
velhas, contudo novas verdades para serem ainda acrescentadas aos tesouros de
nosso conhecimento. Não compreendemos ou exercemos fé como deveríamos. . . .
Não somos chamados para adorar e servir a Deus pelo uso de meios empregados em
anos anteriores. Deus requer agora serviço mais elevado do que nunca antes.
Requer o desenvolvimento dos dons celestiais. Ele nos tem posto numa posição em
que precisamos de coisas melhores e mais elevadas do que nunca antes se
deu." (ibid., 25 de
fevereiro de 1890).
"Temos
estado ouvindo Sua voz mais distintamente na mensagem que tem avançado pelos
últimos dois anos. . . . Temos somente começado a obter um pequeno lampejo do
que seja a fé." (ibid., 11 de março de 1890).
É, pois, evidente
que:
1. A mensagem de
1888 foi "luz" que os irmãos não haviam visto nem apresentado
"até então".
2. Era o nosso
"alimento no tempo certo"--alimento para hoje, não o maná restaurado
de ontem.
3. Ellen White
ouvira em Mineápolis pela primeira vez uma exposição doutrinária do que
estivera "tentando apresentar" o tempo todo -- os
incomparáveis encantos de Cristo à luz de Seu ministério do Dia da Expiação.
Nenhum outro lábio humano o havia pregado.
4. Ela reconheceu
em E. J. Waggoner um agente empregado pelo Senhor para uma revelação avançada
da verdade a Seu povo e ao mundo.
5. A
"verdade" da terceira mensagem angélica não havia sido compreendida
pelos nossos pastores porque eles não tinham avançado em entendimento como
deveriam ter feito há quarenta e quatro anos após o início da purificação do
santuário. Em vez disso, luz adicional havia sido omitida do povo.
6. Os irmãos na
época entenderam o apoio dela a Waggoner e Jones como uma recomendação da nova
luz que traziam. Não foi um chamado a seu entendimento original das
"doutrinas estabelecidas". Opunha-se à mera reiteração de antigos
entendimentos. Caso os irmãos Butler, Smith e outros assim o entendessem, não a
teriam fortemente defendido, em lugar de se oporem a ela, como o fizeram?
7. Portanto, o que
os irmãos rejeitaram foi o chamado para "mudanças bastante
decisivas". Eles não recusaram recuar; recusaram avançar. Assim, tentaram
permanecer parados -- algo bem difícil para qualquer exército que está em
marcha.
A Luz de 1888 e
o Começo da Luz Maior
Ellen White frequentemente
falava da certeza de que o Senhor enviaria nova luz se e quando o Seu povo
estivesse disposto a recebê-la. O trágico "se e quando" é necessário
apenas porque o novo vinho deve ter novos odres, e isso significa uma
crucifixão do eu (cf. Mateus 9:16, 17):
"Se pela
graça de Cristo o Seu povo tornar-se novos odres, Ele os encherá com o novo
vinho. Deus concederá luz adicional, e velhas verdades serão recuperadas e
recolocadas no edifício da verdade; e onde quer que os trabalhadores forem,
triunfarão. Como embaixadores de Deus, devem pesquisar as Escrituras para
buscar as verdades que têm estado ocultas sob o entulho do erro." (ibid.,
23 de dezembro de 1890).
"Uma
grande obra deve ser feita, e Deus vê que nossos irmãos dirigentes têm
necessidade de luz maior, para que possam unir-se harmonicamente com os
mensageiros a quem Ele enviará para realizar a obra que Ele determina que
realizem." (ibid., 26 de julho de 1892).
Pode haver
qualquer dúvida de que a mensagem de 1888 foi o começo da mensagem do quarto anjo,
que une a sua voz com a do terceiro anjo? Nem o The Fruitage of Spiritual
Gifts [Os frutos dos dons espirituais] (Christian), o Captains of the
Host [Capitães da hoste] (Spalding), o Through Crisis to Victory
[Através da crise à vitória] (Olson), o The Lonely Years [Os anos de
solidão] (A. L. White), nem a recente "Declaração" do Patrimônio
White inserido em Selected Messages [Mensagens escolhidas], Vol. 3, (pp.
153-163), faz uma única alusão a esse facto. O mesmo é verdade quanto ao artigo
sobre a assembléia de 1888 na edição da primavera de 1985 de Adventist
Heritage [Herança adventista]. Nossa Seventh-day Adventist Encyclopedia
[Enciclopédia adventista do sétimo dia] discute a mensagem de 1888 em vários
artigos, mas nunca a reconhece pelo que foi (pp. 634, 635, 1086, 1201, 1385).
Essa omissão de
verdade vital é impressionante. Assemelha-se à prontidão dos judeus em
reconhecer Jesus de Nazaré como um grande rabino, enquanto deixam de vê-Lo como
o Messias. Mas a lógica e a coerência requerem esta manobra especial por
aqueles que insistem em dizer que a mensagem de 1888 foi aceita. Precisam
virtualmente ignorar o facto de que a mensagem foi o começo da chuva serôdia e
do alto clamor, ou terão que explicar como uma obra que deveria ter-se
espalhado "como fogo na palha seca" tem se arrastado por quase um
século, quando poderia ter iluminado o mundo há muito tempo se "nossos
irmãos" a tivessem verdadeiramente aceito (Carta B2a, 1892; GCB 1893, p.
419).
Observem como
Ellen White viu claramente a mensagem de 1888 à luz de Apocalipse 18:
"Várias
pessoas me têm escrito, indagando se a mensagem de justificação pela fé [de
1888] é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: "É a mensagem do
terceiro anjo em verdade". O profeta declara: "E após isso vi outro anjo
descendo do céu, tendo grande poder; e a terra foi iluminada com a sua glória."
[Apocalipse 18:1] (RH, 1º de abril de 1890).
"O alto
clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo. . . Este
é o começo da luz do anjo cuja glória encherá toda a terra." (ibid.,
22 de novembro de 1892).
Se essa tremenda
mensagem deve ser proclamada pelos reavivalistas protestantes populares, não
temos razão de existir como um povo especial.
A Luz Apagada
do Alto Clamor
O Senhor é
misericordioso e longânimo, e pronto a perdoar. Ele restaura o que se perdeu
sob condição de arrependimento. Mas não podemos permitir que a confusão
neutralize a parábola de 1888.
Se aqueles que se
opuseram à luz em Mineápolis mais tarde se arrependessem verdadeiramente e obtivessem
o perdão, por que não foi o propósito original da mensagem de 1888 cumprido? É
certo que não houve reavivamento e reforma coerente em escopo e efeito com o
que viria, caso a luz tivesse sido aceita. O Senhor não enviou mais luz além
daquele fatídico "começo". Podemos perguntar, por quê?
Em ocasião alguma
entre 1888 e 1901 a liderança responsável da Igreja manifestou um firme
propósito de retificar o trágico erro de 1888. Dúvida, suspeita, desconfiança
da mensagem e dos mensageiros prosseguiram mesmo por décadas.
Conquanto essa
tragédia tenha se passado, não há necessidade de concluir que o Senhor retirou
Suas bênçãos de Seu povo. O que foi desprezado e rejeitado foi a chuva serôdia,
mas a chuva temporã tem continuado a cair. Inumeráveis almas têm sido
conduzidas ao Senhor durante o século passado -- inclusive cada leitor deste
livro. Nenhuma pessoa que teve parte na história de 1888 está vivendo hoje.
Deus não Se
esqueceu do Seu povo. Mas nossa atitude atou Sua mãos, tornando impossível que
Ele enviasse mais derramamento de chuva serôdia. Ele não poderia e não
desejou lançar Suas pérolas mais preciosas perante aqueles que não reverenciam
Sua graça mais abundante. Portanto, essas chuvas da chuva serôdia cessaram após
o derramamento inicial ter sido persistentemente repudiado. Ele não está além
da capacidade de ser ofendido.
Num sermão que
despertou a reflexão, em linguagem quase cifrada, Ellen White falou de como
Elias foi alimentado por uma viúva fora de Israel porque os que se
achavam em Israel e que tinham luz não viveram à altura dela. "Eles eram o
povo de mais dura cerviz no mundo, os mais difíceis de impressionar com a
verdade", disse. O sírio Naamã foi purificado da lepra enquanto os
israelitas leprosos permaneciam contaminados. Quando os habitantes de Nazaré se
levantaram contra o Filho de Maria, "alguns" estavam prontos para
aceitá-Lo como o Messias, mas uma influência "pressionou-os" a abafar
a sua convicção. Essas foram ilustrações de nossa história de 1888:
"Mas aqui
uma condição de descrença se levanta: Não é este o filho de José? . . . O que
fizeram eles em sua loucura? 'Levantaram-se e O expulsaram da cidade'. Aqui
desejo dizer-vos quão terrível coisa é quando Deus concede luz, e ela
impressiona o coração e espírito. . . Ora, Deus foi aceito em Nazaré por
alguns; o testemunho aqui esteve de que Ele era Deus; mas uma influência
contrária pressionou-os . . . o que levaria os corações a descrer."
(Ms. 8, 1888; Olson, pp. 263, 264).
Essa
"influência contrária" é um factor significativo em nossa história de
1888. Dois dias antes ela havia advertido que os passos da descrença que se
haviam dado comprovar-se-iam finais para aquela geração no tocante a luz
adicional da chuva serôdia:
"Estamos
perdendo muitas bênçãos que poderíamos ter tido nesta assembléia [Mineápolis],
porque não avançamos em nossos passos na vida cristã, como nosso dever é
apresentado perante nós; e essa será uma perda eterna." (ibid.,
Olson, p. 257).
"Essa luz
que deve encher toda a Terra com a sua glória foi desprezada por alguns que
reivindicam crer na verdade presente. . . . Eu não sei, mas alguns têm até
agora ido longe demais para retornarem e se arrependerem." (TM 89, 90;
1896).
"Se
esperais que luz venha numa maneira que agrade a todos, esperareis em vão. Se
esperardes por chamados mais altos ou melhores oportunidades, a luz será
retirada, e sereis deixados em trevas." (5T 720).
Falando de uma
reunião de líderes e ministros em 1890, Ellen White revelou o patético quadro
de Jesus sendo rejeitado tal como a enamorada em Cantares de Salomão 5:2 fez o
seu amado afastar-se: "Cristo bateu à porta em busca de entrada mas não
houve lugar para acolhê-Lo, a porta não foi aberta e a luz de Sua glória, tão
próxima, foi retirada" (Carta 73, 1890).
A Fonte de
Incompreensão Reformacionista
Esforços zelosos
por décadas para descartar a mensagem de 1888 como "nova luz" tende a
desviar atenção favorável da própria mensagem para os conceitos populares
não-adventistas do protestantismo. Esse foi o caso por quase sessenta anos,
começando em torno dos anos da década de 1920. Christ Our Righteousness
[Cristo, Justiça nossa], de A. G. Daniells em 1926 não percebeu nada peculiar
na mensagem de 1888, mas equivocadamente interpretou-a como estando "em
perfeita harmonia com o melhor ensino evangélico [não-adventista]" (Pease,
By Faith Alone [Pela fé somente], p. 189).
Essa longa
tradição tem, indubitavelmente, lançado os fundamentos do êxito de correntes
atuais de conceitos de justificação pela fé semelhantes aos mantidos pelos
teólogos calvinistas "reformacionistas". Se os não-adventistas
possuem a verdade quanto à justificação pela fé, temos que necessariamente
importar deles a verdade. Mas no processo de fazê-lo, as verdades de 1888
têm sido negligenciadas, e mesmo sido opostas.
O que se segue
tipifica esta posição amplamente acatada. Ela confunde seriamente as posições
reformacionistas com a mensagem de 1888. Eis um exemplo do venerável fundamento
sobre que repousa a fenomenal confusão de décadas recentes:
"A
justificação pela fé [de 1888] não era nova luz. Há os que têm mantido a
errônea idéia de que a mensagem da justiça de Cristo era uma verdade
desconhecida ao movimento adventista até o tempo da assembléia de Mineápolis,
mas o facto é que nossos pioneiros a ensinavam desde o princípio mesmo da
Igreja do advento. Quando eu era um jovem pregador, ouvi por diversas vezes
nossos veteranos, como J. G. Matteson e E. W. Farnsworth, declararem que
justificação pela fé não era um ensinamento novo em nossa Igreja."
(Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts [Os frutos dos dons
espirituais], pp. 225, 226).
É triste dizer que
alguns desses "veteranos" não eram receptivos à luz crescente de
1888. Essa insistência em que a mensagem de 1888 não era nova luz foi a
insígnia familiar da oposição dessa época. Não muito depois da
assembléia de Mineápolis, R. F. Cottrell escreveu um artigo para a Review
atacando a mensagem de 1888, perguntando: "Onde está a Nova Ruptura?"
(RH, 22 de abril de 1890). W. H. Littlejohn igualmente atacou a mensagem com um
artigo em 16 de janeiro de 1894, intitulado, "Justificação Pela Fé Não é
Nova Doutrina". Ambos deixavam de reconhecer o que estava acontecendo em
seus dias -- a iniciação da chuva serôdia.
Alguns autores têm
citado isoladamente declarações de Ellen White, distorcendo-as, em apoio à
mesma tese de oposição--de que não se tratava de nova luz. Mas ela não se
contradiz nesse importante ponto. Examinemos as declarações empregadas em apoio
à posição de "reiteração". Devemos conceder-lhes uma justa atenção:
"O Pr. E.
J. Waggoner teve o privilégio [em Mineápolis] da concessão de falar claramente,
apresentando suas posições sobre justificação pela fé e a justiça de Cristo com
relação à lei. Isso não era nova luz, mas a velha luz colocada onde deveria
estar na terceira mensagem angélica. . . Não era nova luz para mim, pois me
havia vindo de autoridade mais elevada pelos últimos quarenta e quatro anos."
(Ms. 24, 1888; 3 SM 168; Olson, p. 48).
"Obreiros
na causa da verdade deveriam apresentar a justiça de Cristo, não como nova luz,
mas como preciosa luz que por um tempo foi perdida de vista pelo povo."
(RH, 20 de março de 1894; Olson, p. 49).
Essas declarações
não dizem que a mensagem de 1888 em sua plenitude não foi a nova luz da chuva
serôdia e do alto clamor. No contexto, a declaração do Ms. 24, de 1888 foi
escrita para refutar o preconceito de irmãos oponentes que depreciavam a
mensagem como meramente uma novidade de origem humana. Toda luz é eterna;
nenhuma é estritamente "nova". Mas era certamente novo para os nossos
irmãos em 1888 e para as nossas congregações. E teria sido novo para o mundo se
a houvéssemos proclamado!
E seja o que foi a
luz de 1888, nova ou velha, é óbvio que ninguém mais a havia pregado entre nós
durante aqueles "últimos quarenta e quatro anos" (Ms. 5, 1889; MS.
15, 1888; Olson, p. 295). Mais adiante, no manuscrito de 1889, Ellen White
declarou que a mensagem inteira de 1888 provar-se-ia realmente "nova
luz" se a comissão evangélica devesse ser terminada naquela geração:
"Perguntas
foram feitas naquela época: "Irmã White, acha que o Senhor tem alguma nova
e aumentada luz para nós como um povo?" Eu respondia: "Certamente.
Não só penso assim, mas posso falar com entendimento. Sei que há preciosa
verdade a ser-nos desdobrada se somos o povo que deve permanecer de pé no dia
da preparação de Deus." (3SM 174).
Os adventistas do
sétimo dia não devem cultivar a reputação de serem inventores de novas
doutrinas, mas reparadores de brecha, restauradores de veredas para nelas
habitar, descobridores dos velhos caminhos. Tal apresentação desarmará o
preconceito, enquanto a apresentação da verdade como algo inventado há pouco
despertará oposição.
Mas isso não nega
que a mensagem de 1888 foi uma revelação avançada para a igreja. Conquanto a
convicção de Ellen White gradualmente se aprofundasse no sentido de que se
tratava do cumprimento da profecia de Apocalipse 18, ela via como se
harmonizava com o conceito peculiar da purificação do santuário celestial. Esse
era o cérebro da mensagem.
Esta é uma verdade
que os sinceros amigos protestantes nunca compreenderam. Poderia uma razão
disso ser que nós jamais a tornamos clara a eles?
É chocante aos
judeus ortodoxos que têm orado pela vinda do seu Messias reconhecer que Ele
veio há muito tempo mas foi rejeitado por seus antepassados. Não é menos chocante
aos adventistas do sétimo dia que se mantêm orando pelo derramamento da chuva
serôdia reconhecer que a bênção veio um século atrás, mas foi rejeitada por
seus antepassados.
__________
1. Não há
evidência de que Ellen White assumisse a missão de Jones e Waggoner, assim
fazendo-os redundantes. Contudo, a idéia comumente prevalecente hoje é de que a
mensagem deles é redundante porque Ellen White escreveu após 1888 a luz que
eles foram comissionados a trazer à igreja e ao mundo. Ela apoiava a
mensagem deles porque era o que estivera "tentando apresentar", ou
seja, "os incomparáveis encantos de Cristo". Mas ela nunca alegou que
o Senhor lhe havia imposto o encargo de proclamar a mensagem do alto clamor. A
maior parte de Steps to Christ [Caminho a Cristo] foi escrita antes de
1888 e compilada depois. Dizer que não necessitamos da mensagem de 1888 por
dispormos de seus escritos é contradizer a sua própria mensagem.
6. A Rejeição de Ellen G. White em 1888
O que Ellen White
diz a respeito da reação contra a mensagem de 1888 soa quase incrível. Poderia
dar-se que uma descrença naturalmente cubra nossos olhos e coração? Nós, seres
humanos, parecemos ter dificuldade em crer no "testemunho de Jesus".
Aquilo que foi uma derrota, gostamos de chamar "uma gloriosa vitória".
Onde perdemos o rumo presumimos que o encontramos.
Devemos esclarecer
impressões confusas, nebulosas para fixar-nos na precisão o máximo possível.
Vários canais de bênção celestial foram bloqueados pela reacção negativa para
com a mensagem de 1888. Os habitantes do céu já reconhecem o que
"nós" fizemos nessa história, como segue:
(1) O Espírito
Santo Foi Insultado
Isso pode soar
impossível, por várias razões. Pode ser difícil para nós prontamente conceber o
Espírito Santo como uma Pessoa que pode ser insultada ou que pode sentir
e preocupar-Se a respeito. E pode ser ainda mais difícil conceber como os
adventistas do sétimo dia podiam fazer uma coisa tal -- certamente não pastores
e dirigentes da Associação Geral. Mas devemos defrontar o que a mensageira do
Senhor tem a dizer. O testemunho de Jesus não passa por alto a realidade:
"Agora
nossa assembleia aproxima-se do seu encerramento e . . . não tem havido nenhuma
abertura para que o Espírito de Deus entre. Agora eu estava dizendo, de que
vale nos reunirmos aqui e de nossos irmãos ministrantes virem se eles estão
aqui somente para impedir o Espírito de Deus de alcançar o povo?" (Ms.
9, 1888; Olson, pp. 290, 291).
"Houve, eu
sei, uma impressionante cegueira sobre as mentes de muitos [em Mineápolis], de
modo que não discerniram onde o Espírito de Deus estava e o que constituía a
verdadeira experiência cristã. E considerar que esses eram os que tinham a
guarda do rebanho de Deus era penoso. . . .
"Nossos
irmãos que têm ocupado posições de liderança na obra e causa de Deus deveriam
estar tão intimamente ligados com a Fonte de toda a luz que não chamariam à luz
trevas, e às trevas luz." (Ms.
24, 1888; ênfase acrescentada).
Os detalhes desta
história são precisos e nítidos. Não precisa haver nenhuma confusão em nosso
pensamento com respeito a intangíveis. O recebimento do Espírito Santo estava
implícito no recebimento da própria mensagem. Seria impossível receber o dom do
Espírito Santo da chuva serôdia e não receber a mensagem mediante a qual o dom
era concedido. E as boas novas que hoje necessitamos assimilar é o corolário
desta verdade: é igualmente impossível receber a mensagem hoje e não receber o
dom do Espírito Santo nela implícito. Se não temos recebido o Espírito Santo no
poder da chuva serôdia e do alto clamor, isso é clara evidência de que não
recebemos a mensagem que o Senhor nos enviou.
O que é importante
na compreensão de 1888 não é a atitude negativa de uns poucos indivíduos, uma
chamada minoria empedernida, mas o espírito que "controlava" ou
"prevalecia" na Assembléia de 1888 e posteriormente. Foi isso que
teve um efeito determinante sobre aquela geração, e tem tido sobre cada geração
desde então. Ellen White é clara a respeito dessa influência
"controladora":
"Encontrei-me
com os irmãos no tabernáculo e senti ser meu dever apresentar um breve
histórico da assembléia e minha experiência em Mineápolis, o roteiro que havia
seguido e por que, e claramente declarar o espírito que prevalecia
naquela assembléia. . . . Eu lhes disse da posição difícil em que fui colocada,
para, por assim dizer, permanecer sozinha e ser obrigada a reprovar o espírito
errado que era um poder controlador nessa reunião. A suspeita e ciúme,
as murmurações e a resistência ao Espírito de Deus que lhes apelavam
pareciam-se mais com o modo por que os reformadores tinham sido tratados. Era a
própria ordem em que a igreja [Metodista] tinha tratado a família de meu pai e
oito dentre nós. . .
"Declarei
que o roteiro que tinham estado seguindo em Mineápolis era crueldade
para com o Espírito de Deus."
(Ms. 30, 1889; ênfase acrescentada).
"[Os
irmãos oponentes] foram movidos durante a assembléia [de Mineápolis] por outro
espírito, e não sabiam que Deus havia enviado esses jovens para levarem uma
mensagem especial a eles, a qual trataram com ridicularia e desprezo, não
reconhecendo que as inteligências celestes estavam olhando para eles. . . Eu
sei que naquele tempo o Espírito de Deus foi insultado." (Carta S24,
1892).
"Os
pecados . . . jazem à porta de muitos... O Espírito Santo tem sido insultado, e
a luz tem sido rejeitada." (TM 393; 1896).
"Alguns 1
têm tratado o Espírito como um visitante incômodo, rejeitando o recebimento do
rico dom, recusando reconhecê-Lo, dando-Lhe costas, e condenando-O como
fanatismo." (TM 64; 1896).
A idéia de insultar
o Espírito Santo é mais do que uma hipérbole passageira. Esta tragédia nos afecta
hoje tão certamente quanto os erros dos judeus afetaram-nos há muito tempo.
Um pecado que um
indivíduo cometeu há tempos no passado como um insulto a outra pessoa permanece
como um peso sobre sua consciência e afecta o carácter e personalidade. Isso
pode prosseguir até por décadas, na medida em que ambos os indivíduos viverem e
até que o arrependimento e restituição tenham lugar.
De mesma forma, a
consciência da corporação da Igreja, nosso carácter e personalidade denominacional,
nossa postura perante o Céu, o espírito que permeia nossas igrejas, são afectados
negativamente por esse episódio vital de nossa história. Nossa herança
ambiental é inescapável. Jeremias diz que "o pecado de Judá está escrito …
com diamante pontiagudo … na tábua do seu coração e nas pontas dos seus
altares" (Jeremias 17:1). E ele se estende duma geração a outra (2:5, 9;
3:24, 25; 14:20). Até que o arrependimento tenha lugar, condenamo-nos a repetir
os pecados de nossos pais. A alienação do Espírito Santo está profundamente
envolvida.
O Espírito Santo é
uma pessoa, não uma mera influência ou uma entidade etérea. Ele pode ser
ofendido. Esse agudo conceito da personalidade de Deus como o Espírito Santo perspassa
as Escrituras hebraicas. Os profetas estavam constantemente representando a
Deus como o amante desapontado e ofendido da alma de Israel 2. O conceito é
peculiar para Israel, pois nenhuma religião pagã tinha qualquer concepção de
uma personalidade divina "ciumenta".
A mesma verdade se
revela no Novo Testamento, e é também impressionantemente realçada nos
testemunhos de Ellen White. Contudo, a ideia está geralmente ausente nos
ensinos do moderno catolicismo e protestantismo. Uma plena apreciação dessa realidade
é exclusiva àqueles que receberão o Senhor por ocasião de Sua segunda vinda,
pois são colectivamente representados como uma noiva que finalmente aprontou-se
para o relacionamento íntimo do matrimónio (Apocalipse 19:7-9; A heresia do
panteísmo do início do século vinte atacava esta verdade da personalidade do
Espírito Santo; o "ómega" sem dúvida reforçará esse erro).
Ofendido e
insultado, Ele tem direito a retribuição. E como pode buscá-la, de modo
coerente com o Seu carácter de amor? Sua retribuição é mais pungentemente
penosa de suportar do que qualquer outra, pois ainda será a voz de amor que
fala:
"Haverá
mensagens transmitidas, e aqueles que têm rejeitado a mensagem que Deus envia
ouvirão declarações as mais chocantes. . . . Magoada e insultada, a Divindade
falará, proclamando os pecados que têm estado ocultos. Tal como os sacerdotes e
governantes, cheios de indignação e terror, buscaram refúgio em fuga do último
cenário da purificação do Templo, assim se dará na obra para estes últimos
dias." (Special Testimonies, Série A, nº 7, pp. 54, 55).
O contexto dessa
declaração é uma discussão da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
(2) Jesus
Cristo Foi Rejeitado e Insultado
Isto também nos é
difícil de ver. Uma vez mais, a personalidade do Filho de Deus está em debate.
Tem Ele sentimentos como nós, humanos, temos? Pode Ele ser ofendido? O que
aconteceu em nossa história de 1888 parece tão assustador que a história seria
inacreditável se não estivesse narrada claramente nos escritos de Ellen White.
O seu discernimento foi inspirado.
O manso e humilde
Jesus ainda escolhe mensageiros que são "somente homens", que se
assemelham "a uma raiz de uma terra seca". Ele condescendeu em
identificar-Se com os mensageiros de 1888 e foi ofendido e insultado quando as
"credenciais celestes" que lhes concedeu foram desprezadas:
"Aqui
estava evidência, que todos poderiam discernir a quem o Senhor reconheceu como
Seus servos. . . Esses homens contra quem tendes falado têm sido como sinais no
mundo, como testemunhas para Deus. . . Se rejeitais aos mensageiros delegados
de Cristo, rejeitais a Cristo." (TM 97; 1896).
"Acusar e
criticar aqueles a quem Deus está usando é acusar e criticar o Senhor que os
enviou. . . .
"Para
muitos o clamor do coração tem sido: "Não teremos este homem [Cristo]
reinando sobre nós". . . A verdadeira religião, a única religião do
Salvador ressurrecto, que advoga justificação pela fé do Filho de Deus, tem
sido diminuída, criticada, ridicularizada, e rejeitada." (TM 466-468).
"A
mensagem actual . . . é uma mensagem procedente de Deus; ela traz as
credenciais divinas, pois os seus frutos são para santidade." (RH 3 de
setembro de 1889).
"Esta
mensagem, como tem sido apresentada [por Jones e Waggoner] deveria ir a toda
igreja que alega crer na verdade, e conduzir o nosso povo a uma posição mais
elevada. . . . Desejamos ver quem tem apresentado ao mundo as credenciais
celestes." (ibid., 18 de março de 1890).
Mas mesmo em
tempos modernos, nosso estimado historiador eclesiástico desdenha o mensageiro,
se não a própria mensagem:
"Ao
remontarmos à controvérsia percebemos que foram os rancores despertados por
personalidades, muito mais do que diferenças em crença, que causaram a
dificuldade. O partido de Butler, Smith e Morrison cria na teoria da
justificação pela fé. . . O partido de Waggoner e Jones cria na prática de boas
obras; mas . . . demoravam-se quase exclusivamente sobre a fé como o factor da
salvação. As mentes que podiam raciocinar serenamente tinham condições de
harmonizar essas opiniões, mas nenhum dos lados se dispunha a considerar o
outro lado serenamente." (Spalding, Captains of the Host
[Capitães da hoste], p. 599).
Uma avaliação mais
exacta seria que os mensageiros de 1888 "demoravam-se quase
exclusivamente" numa "fé que opera pelo amor",
precisamente como Paulo pregava (Gálatas 5:6). Essa mensagem com
"credenciais divinas" não era uma mistura comprometedora de legalismo
e evangelho. Eles proclamavam com muita ênfase a justificação pela fé somente
-- mas era a fé do Novo Testamento que demonstra seu poder motivador implícito
para a verdadeira obediência a todos os mandamentos de Deus (TM 92).
Acaso aqueles
mensageiros que se declarava deverem representar nosso Senhor
"despertaram" os "rancores" que fizeram o Céu abandonar o
cenário envergonhado? Iria o Senhor conceder "credenciais celestes" a
mensageiros que não se dispusessem a "raciocinar serenamente"? Ellen
White, certamente, nunca poderia reconhecer "preciosa luz" em
não-santificados "gritos" ou irrazoável "ensinamento
extremista" que nosso autor lhes atribui. (Spalding, op. cit., pp.
593, 601).
Por trás da
vergonhosa cena em Mineápolis e das confusas sombras causadas por nossa
descrença hoje, permanece a Figura que foi a Rocha de ofensa e a Pedra de
tropeço daquela fatídica assembléia. Defrontamos face a face a realidade:
"Homens
professando santidade têm desprezado a Cristo na pessoa de Seus mensageiros. à
semelhança dos judeus, eles rejeitaram a mensagem de Deus. . . Ele não era o
Cristo que os judeus estavam à procura. Assim hoje as agências que Deus envia
não são o que os homens têm estado a buscar." (FCE 472; 1897).
"Cristo
tem registrados todos os duros, orgulhosos, zombeteiros discursos proferidos
contra os Seus servos como sendo contra Si próprio." (RH, 27 de maio
de 1890).
O verdadeiro
Cristo tem sempre sido mal assimilado. Como se espera com frequência, Ele com
idêntica frequência tem sido rejeitado. Mas o moderno Israel deve vencer pelo
menos todas as falhas passadas do antigo Israel. Isso terá lugar, pois estamos
vivendo no tempo da purificação do santuário celestial. Essa é uma obra
especial do tempo do fim de vitória que nunca foi completada no passado.
A carne e o sangue
nunca nos revelam as verdadeiras credenciais da "raiz numa terra
seca" que deve apresentar-se diante de nós. A história de 1888 nos ensina
que os antigos judeus terão que deixar espaço para que ao lado deles nos
ajoelhemos:
"Muitos
dizem, 'Se eu tivesse somente vivido nos dias de Cristo, não teria torcido Suas
palavras, ou interpretado falsamente as Suas instruções. Não O teria rejeitado
e crucificado, como fizeram os judeus'. Mas isso será provado pelo modo em que
tratais sua mensagem e Seus mensageiros hoje." (RH, 11 de abril de
1893).
A questão de 1888
não foi quanta "ênfase" colocar sobre a pregação desta
"doutrina" com relação às nossas outras doutrinas
"peculiares". A verdadeira questão era, "O que pensais vós de
Cristo?" É-nos fútil hoje falar de estabelecer um correto
"relacionamento com Cristo" a menos que defrontemos esta realidade de
1888.
A fim de reforçar
nossa confiança de que não precisamos de arrependimento, temos produzido teses
de Seminário "para indagar que lugar o ensino de justificação pela fé tem
sido atribuído juntamente com as crenças distintivas" da Igreja. Gráficos
têm sido elaborados contando o número de vezes que as palavras
"justificação", "fé", "salvação",
"Salvador", e "lei" têm aparecido em nossos trimensários da
Escola Sabatina, "para provar que os adventistas do sétimo dia não têm
reduzido a ênfase em salvação mediante Cristo". Poderiam agora os
computadores medir nossa fidelidade e provar que a Verdadeira Testemunha está
errada? Se mera verbalização é o critério, o catolicismo romano deve ser o
ensino mais cristocêntrico do mundo. Enquanto o Filho de Deus continua a
sofrer, devemos lançar sortes em várias pesquisas para ver como dividir Suas
vestes, esta "doutrina ou crença da justificação pela fé juntamente com as
crenças distintivas da Igreja?" A justiça de Cristo é vastamente mais do
que uma mera repetição verbal.
A maior
oportunidade escatológica de todos os tempos foi rejeitada em nossa era de
1888. O que se desprezou foi uma íntima reconciliação do coração com Cristo tal
como um noivo sente por sua noiva. Mas verbalização e doutrina fria têm sido
substitutas disso.
Homílias áridas
que se perdem em pormenores entre justiça imputada e comunicada, justificação e
santificação, expiação e propiciação, têm tornado o tema da "justificação
pela fé" entediante para muitos. A mesma dificuldade prevaleceu pouco após
1888. Ellen White discute os esforços daqueles cujos corações se opunham à
mensagem:
"Muitos
cometem o erro de tentar definir minuciosamente os finos pontos de distinção
entre justificação e santificação. Nas definições desses dois termos muitas
vezes trazem suas próprias idéias e especulações. Por que tentar ser mais
minucioso do que a Inspiração na questão vital da justificação pela fé? Por que
tentar desenvolver cada pormenor, como se a salvação da alma dependesse de
todos terem exactamente o seu entendimento dessa questão?" (Diário, 27
de fevereiro de 1891).
Podemos chegar a
ver como o Cristo vivente e amorável foi insultado em Mineápolis, e não a fria
doutrina mal compreendida! Deixamos de confiar naquelas vibrações do coração
que eram a atracção Dele, e lançamos desprezo sobre Aquele que nos estava
atraindo, atribuindo a Sua ternura a designação de "fanatismo". As
lágrimas que começaram a fluir da misteriosa atracção da soerguida cruz extraiu de nós
zelosas declarações "contra o entusiasmo e o fanatismo" (TM 80, 81).
Jesus conhece a
nossa natureza humana, pois Ele próprio ainda compartilha dela. Ele é uma
Pessoa. Ele também conhece o respeito próprio. Ele aproximou-se de nós em 1888.
"Nenhuma alma dentre nós sonha o que poderia ter sido" nos doces dias
que se teriam seguido, caso andássemos com Ele na gloriosa luz celestial. Frequentemente
falamos de 1844 como o "Grande Desapontamento". Mas em 1888 deu-se o Seu
desapontamento, pois podemos ler de como Ele nos amou. Essa intimidade de amor
não a teríamos. Por que nos deveríamos maravilhar se Ele não a forçasse sobre
nós?
Foi-nos dito na
própria Mineápolis:
"Ninguém
deve permitir fechar o canal pelo qual a luz da verdade virá ao povo. Tão logo
isso seja tentado, o Espírito de Deus será extinguido. . . . Permiti que o amor
de Cristo reine nos corações aqui. . . . Quando o Espírito de Deus entrar, o
amor tomará o lugar da hesitação, porque Jesus é amor; se o Seu Espírito fosse
acariciado aqui, nossa assembléia seria como uma corrente d'água no deserto."
(Ms. 15, 1888; Olson, pp. 300, 301).
"Não mais
ternos chamados, nenhuma melhor oportunidade poderia ser-lhes dada a fim de que
pudessem realizar o que deveriam ter feito em Mineápolis. . . Ninguém pode
dizer quanto pode ter estado em jogo quando se negligencia a conformação com o
chamado do Espírito de Deus. Virá o tempo quando estarão dispostos a fazer
qualquer coisa possível a fim de ter uma chance de ouvir o chamado que
rejeitaram em Mineápolis. . . Melhores oportunidades jamais virão, sentimentos
mais profundos não terão." (Carta 019, 1892).
Uma vez mais o
testemunho de Ellen White estende a nossa fé. Mas devemos compreender a
realidade. Os corações humanos fizeram pouco caso do terno amor dAquele que deu
o Seu sangue por nós. Finalmente, da parte de "muitos" na liderança,
a leviandade transformou-se naquilo que Ellen White tristemente chamou de
"ódio". Sete anos após Mineápolis ela disse àqueles
"muitos":
"Voltastes
as costas, não a face, ao Senhor. . . O Espírito de Deus está partindo de
muitos dentre o Seu povo. Muitos avançam por veredas escuras e secretas, e
alguns desses nunca regressarão. . . Eles não só recusaram aceitar a mensagem,
mas odiaram a luz. . . Estão votando ao desprezo o Seu Espírito Santo."
(TM 89-91; 1895).
O Céu
"indignou-se" (TM 76). Há uma intimidade de angústia pessoal envolvida
aqui que é peculiar na moderna história religiosa, talvez em todos os tempos.
São-nos lembrados os lamentos profundos de Jeremias e Oséias do passado. Ellen
White declarou em Mineápolis: "Se somente soubésseis como Cristo tem
considerado a vossa atitude religiosa nessa assembléia" (Ms. 8a, 1888;
Olson, p. 281). Quatro anos depois, "há tristeza no céu quanto à cegueira
espiritual de muitos de nossos irmãos" (RH, 26 de julho de 1892). Falando
daqueles "que resistiram ao Espirito de Deus em Mineápolis," ela
declarou:
"Todo o
universo celestial testemunhou o tratamento descaridoso de Jesus Cristo,
representado pelo Espírito Santo. Tivesse Cristo estado perante eles, teriam-No
tratado de modo semelhante àquele em que os judeus trataram a Cristo."
(Special Testimonies [Testemunhos especiais], Série A., nº 6, p. 20).
"As cenas
que tiveram lugar naquela assembléia [de Mineápolis] fizeram o Deus do céu
envergonhar-Se em chamar aqueles que tomaram parte nelas de Seus irmãos. Tudo isto
o Vigilante celeste anotou, e foi escrito no livro das lembranças de Deus."
(Special
Testimony to the Review and Herald Office [Testemunho especial ao escritório
da Review and Herald], 1896, pp. 16, 17).
Estas são palavras
muito tristes para registrar, mas não podemos ser honestos e recusar encarar a
implicação plena delas. O que "o Vigilante celeste anotou" deve
também estar "escrito no livro de [nossa] lembrança". Podemos
ver-nos naqueles caros irmãos de um século atrás, pois, "pela graça de
Deus, eu sou".
(3)O Ministério
de Ellen White Foi Desprestigiado
A atitude da
liderança para com o apoio de Ellen White à mensagem de 1888 foi semelhante ao
do antigo Israel e Judá a profetas tais como Elias e Jeremias. Observem os seus
comentários francos pouco depois da assembléia de Mineápolis:
"Não tenho
tido um tempo fácil desde que deixei a costa do Pacífico. Nossa primeira
reunião não foi semelhante a qualquer outra Assembléia de Conferência Geral de
que já participei. . . Meu testemunho foi ignorado, e nunca em minha vida fui
tratada como na assembléia [de 1888]." (Carta 7, 9 de dezembro de
1888).
"Irmãos,
estais me instando a ir a vossas campais. Devo dizer-vos claramente que as
atitudes tomadas contra mim e minha obra desde a Assembléia da Assoc. Geral de
Mineápolis -- vossa resistência à luz e advertências que Deus tem dado por meu
intermédio -- tem tornado os meus esforços cinquenta vezes mais difíceis do que
teria sido doutro modo. . . Parece-me que puseste de lado a Palavra do Senhor
como indigna de vossa atenção. . . Minha experiência desde a assembléia em
Mineápolis não tem sido muito asseguradora. Tenho pedido ao Senhor por
sabedoria diariamente, e para que não me sinta inteiramente descoroçoada,
descendo à sepultura de coração partido como ocorreu com o meu marido."
(Carta 1, 1890).
Essas não eram
palavras de uma mulher dominada pelas emoções. Ela tinha boas razões para os
seus sentimentos:
"Relatei
na reunião de quinta-feira de manhã [em Ottawa, Kansas] algumas coisas com
referência à assembléia de Mineápolis. . . .
"Deus me deu
alimento no tempo certo para o povo, mas foi recusado por não ter vindo exactamente
da maneira que esperava que viesse. Os Pastores Jones e Waggoner apresentaram
luz preciosa ao povo, mas o preconceito e descrença, ciúme e vãs suspeitas
barraram a entrada dos corações de modo que nada dessa fonte poderia encontrar
entrada em seus corações. . . .
"Assim
como se deu na traição, julgamento e crucifixão de Jesus, tudo isso tinha
passado perante mim ponto por ponto e o espírito satânico tomou o controle
e moveu-se com poder sobre os corações humanos, que haviam se aberto a dúvidas
e amargura, ira e ódio. Tudo isso era prevalecente durante a assembléia
[de Mineápolis]. . .
"Fui
conduzida à casa onde nossos irmãos faziam sua habitação, e havia muita
conversação e excitação de sentimentos e alguns comentários penetrantes e
supostamente inteligentes e irônicos. Os servos aos quais o Senhor enviara eram
ridicularizados e colocados sob uma luz ridícula. O comentário . . . passou por
mim e a obra que Deus me havia dado a cumprir era qualquer coisa menos
lisonjeira. O nome de Willie White era utilizado livremente e ele era
ridicularizado e denunciado, também os nomes dos Pastores Jones e
Waggoner." (Carta 14, 1889;
ênfase acrescentada).
"Vozes que
estava surpresa em ouvir uniam-se nessa rebelião, . . . duras, ousadas e
decididas em denunciar [a irmã White]. E de todos aqueles tão livres e
avançados em suas cruéis palavras, ninguém havia vindo a mim para indagar se
aqueles relatórios e suas suposições eram verazes. . . . Após ouvir aquilo
tudo, meu coração afundou dentro em mim. Nunca havia imaginado perante minha
mente que tipo de confiança podemos depositar naqueles que alegam ser amigos,
quando o espírito de Satanás encontra acesso aos seus corações. Pensei na crise
futura, e sentimentos que nunca posso transpor em palavras por um breve momento
me dominaram. . . . 'O irmão trairá o seu irmão até a morte'." (idem).
Não seria justo
caracterizar a reação íntima de Ellen White a isso como "emocional",
bem como a de Jones e Waggoner. Mas todos os três eram seres humanos com
corações que podiam ser feridos. Todos os três sentiram dor e angústia, como se
dera com os antigos profetas. Ellen White em particular sentia profundamente as
premonições da perseguição final dos santos. Ela em realidade empregou a
palavra "perseguição" para descrever a atitude íntima de irmãos
dirigentes para com os mensageiros de 1888 (GCB 1893, p. 184).
Por outro lado,
era um enigma aos sinceros irmãos daquela época como ela podia apoiar dois
jovens apaentemente deficientes contra o julgamento sereno e sólido de
quase todos os dirigentes e pastores estabelecidos. Se "equilíbrio"
se fazia necessário, por que apoiava os aparentemente desequilibrados?
Por que comparava a reacção dos irmãos contra a mensagem de Jones e Waggoner à
reacção dos judeus contra Cristo?
A oposição a 1888
era composta de pastores bons, sinceros, altruístas e grandes trabalhadores. A
preocupação deles com o progresso da Igreja era genuína. Foi o temor deles de
que essa bela visão da justiça de Cristo conduzisse ao fanatismo. Mas esse
temor calcificou os corações humanos. Parece haver somente uma maneira de
entender essa misteriosa reação. Um estudo cuidadoso das numerosas declarações
de Ellen White indica que era à revelação da largura, comprimento, profundidade
e altura do amor de Cristo (ágape) que nosso queridos e activos irmãos
estavam se opondo instintivamente. O amor revelado na cruz "nos
constrange" de modo que os crentes doravante acham impossível prosseguir
vivendo para o eu (2 Coríntios 5:14, 15). A profunda verdade parece ser que
esse tipo de devoção a Cristo, esta intimidade maior com Ele, foi mal acolhida:
"Aqui
estava evidência de que todos poderiam discernir a quem o Senhor reconhecia
como Seus servos. Mas há aqueles que desprezaram os homens e a mensagem que
traziam. Eles o têm rotulado de fanáticos, extremistas e entusiastas."
(TM 97; 1896).
"Esses
homens [da oposição] têm estado mantendo posições de confiança, e têm moldado a
obra segundo sua própria semelhança, na medida em que o puderam. . . Eles têm
estado zelosamente denunciando o entusiasmo e o fanatismo. Fé . . . que Deus
tem requerido que Seu povo exerça, é chamada de fanatismo. Mas se há algo sobre
a terra que deveria inspirar os homens com zelo santificado, é a verdade tal
como está em Jesus, . . . Cristo, feito a nós sabedoria, e justiça, e
santificação e redenção.
". . . Se
há algo em nosso mundo que deveria inspirar o entusiasmo, é a cruz do
Calvário." (ibid., pp.
80, 81; 1895).
Assim, somos
levados aos pés da cruz de Cristo. Aqui está a misteriosa divisão continental
no adventismo, onde a fé e a descrença seguem rumos separados. De todos os
seres humanos, o pastor evangélico ou administrador defronta a mais sutil
tentação de assumir um amor disfarçado do eu. A menos que pesquise aquela
maravilhosa cruz e lance o desprezo sobre todo o seu orgulho profissional e
pessoal, resistirá inconscientemente ao ágape ali revelado. Em O Peregrino
John Bunyan viu que perto do próprio portão do céu há uma vereda que conduz ao
inferno.
Ellen White não
considerava as exposições de Jones e Waggoner nem extremas, nem radicais, mas
tentava argumentar com os irmãos que julgavam que assim fossem. Declarações
amplamente publicadas tais como a seguinte faz perdurar um mito:
"A Sra. White
[não] endossava as idéias propostas pelo Pastor Waggoner com respeito a
Gálatas. . . Ela até parecia ter um sentimento de que os dois homens que eram
tão destacados naquela época poderiam posteriormente ser levados a desviar-se
dadas as posições extremadas de certos pontos." (Christian, op.
cit., p. 232).
Suas asserções não
eram dirigidas contra quaisquer "pontos de vista extremos" que
Waggoner tivesse. Em lugar de acusá-lo de ser radical ou extremista, ela indica
que alguns de seus pontos de vista eram imaturos -- não havia
"perfeição". No plano de Deus, essa imaturidade devia ser superada
por cuidadoso "cavar nas minas de Deus em busca do precioso tesouro".
A luz que brilhou em 1888 era somente o "começo" da luz que devia
iluminar a terra com gloria3. Tal luz gloriosa começou a brilhar mediante
canais imperfeitos, mas divinamente escolhidos.
Uma Gloriosa
Caça ao Tesouro Desprezada
Não era plano de
Deus que um ou dois jovens realizassem toda a escavação. Outras mentes mais
amadurecidas deveriam prosseguir com isso, desejando receber "todo raio da
luz que Deus enviar . . . embora pudesse vir mediante o mais humilde de Seus
servos" (Ms. 15, 1888). Dentro de seu tempo de vida o evangelho eterno
deve ser desdobrado num todo maduro e completo, pronto para iluminar a terra
com a glória da verdade.
Se esse fosse o
propósito de Deus, seria necessário que as posições tanto de Waggoner quanto de
Jones não fossem perfeitas ou maduras nesse estágio inicial de desenvolvimento.
Eles deveriam meramente desafiar os seus irmãos à maior caça ao tesouro de
todos os tempos. As próprias imperfeições e imaturidade de suas opiniões iriam
atrair a voluntária cooperação de seus irmãos. Tivessem os dois jovens
cavalheiros visto toda a luz em sua perfeição, onde se situaria o gozo de seus
irmãos no puro deleite da descoberta? Deus, em Sua infinita misericórdia,
haveria de compartilhá-la entre eles.
Foi este gracioso
privilégio que os irmãos desprezaram, atribuindo aos mineiros pioneiros dos
ocultos filões da verdade o título de "fanáticos" e
"extremistas". Sugerir que os mensageiros mesmo em Mineápolis fossem
instáveis, em perigo de serem "desviados" com seus "pontos de
vista extremos", lança uma injustificada aspersão sobre a própria Ellen
White. Não estaria ela sendo ingênua se endossasse os jovens mensageiros
tão indignos de confiança?4
Ela quase
temerariamente arriscou sua reputação em entusiástico e persistente apoio da
mensagem deles. Poderia o Senhor escolher mensageiros tão instáveis?
Atribuir-lhes-ia uma mensagem tão potencialmente auto-destrutiva? É perigoso
submeter-se para ser um mensageiro do Senhor? Certamente a misericórdia de Deus
é maior do que a atribuição a Seus servos de mensagens auto-destrutivas!
Devemos observar
brevemente como em várias assembléias da Associação Geral oradores reconheceram
abertamente que o espírito anti-1888 incluía virtual desafio ao ministério de
Ellen White:
"O que os
irmãos naquela temerosa posição em que se postaram, rejeitaram em Mineápolis?
Rejeitaram a chuva serôdia--o alto clamor da mensagem do terceiro anjo.
"Irmãos,
não é isso demasiado mau? Logicamente os irmãos não sabiam que estavam fazendo
isso, mas o Espírito do Senhor ali estava para dizer-lhes que o faziam, não
estava? Mas quando rejeitaram o alto clamor, "o ensino de justificação",
e então o Espírito do Senhor, por seu profeta, prostou-se ali e nos disse o que
eles estavam fazendo,--o que então? Oh, então eles simplesmente puseram
esse profeta de lado com todo o resto." (A. T. Jones, GCB 1893, p. 183; ênfase acrescentada).
Ninguém na
Assembléia o desafiou, pois todos sabiam que o que ele dizia era a verdade. No
Concílio Anual de 1986 no Rio de Janeiro, Robert W. Olson, do Patrimônio Ellen
White, também declarou que na sessão de 1888 Ellen White foi "publicamente
desafiada" (Adventist Review, 30 de outubro de 1986). Em 1889 ela
declarou:
"O Pastor
Butler apresentou-me a questão numa carta declarando que minha atitude na
Assembléia [de 1888] quase chegou a partir o coração de alguns dos nossos
irmãos do ministério naquela reunião. . .
"Sendo que
alguns de meus irmãos me têm na conta de que eu não tenho um julgamento de
maior valor do que o de qualquer outro, ou como alguém que não foi chamado para
essa obra especial, e que estou sujeita à influência de meu filho Willie, ou de
alguns outros, por que pede à irmã White para participar de vossas campais ou
reuniões especiais?
"Eu não
posso ir. Não poderia fazer-lhes bem nenhum, e isso seria somente estar
tratando com leviandade as sagradas responsabilidades de que o Senhor me
incumbiu. . . .
"Ter essas
palavras distorcidas, mal aplicadas pelos descrentes, é de se esperar, o que
não me surpreenderá; mas ter os meus irmãos que estão familiarizados com a
minha missão e meu trabalho, tratar levianamente a mensagem que Deus me dá para
transmitir, ofende o Seu Espírito e é para mim desencorajador. . .
"Meu
caminho é bloqueado pelos meus irmãos." (Carta U-3, 1889).
Logicamente, nem
todos os irmãos opunham-se-lhe desse modo. Mas o apoio aberto a ela era bem
pouco visível. A humilde mensageira do Senhor reconheceu em Mineápolis o que
estava acontecendo. As bênçãos mais abundantes da chuva serôdia fizeram com que
ex-amigos mudassem de atitude de positivo para negativo:
"Deus não
me ergueu para atravessar a planície a fim de falar-vos enquanto vos assentais
aí para questionar a Sua mensagem, e indagar se a irmã White é a mesma que
costumava ser outrora. . . Depois reconheceis que a irmã White estava certa.
Mas de algum modo isso mudou agora, e a irmã White é diferente. Tal como a
nação judaica." (Ms. 9, 1888; Olson, p. 292).
(4) O Exílio de
Ellen White na Austrália
Tão determinada
estava a oposição pós-1888 a Ellen White que a Associação Geral virtualmente a
exilou na Austrália. Conquanto seja verdade que o Senhor reverteu sua estada lá
para o bem de Sua causa naquele continente, nunca foi Sua vontade que ela fosse
naquela época. Ela declara que o Senhor desejava que o inspirado trio ficasse
junto na América e combatesse a batalha até a vitória. Seus próprios escritos
indicam que os irmãos dirigentes desejavam que tanto Ellen White como Waggoner
ficassem fora do caminho.
É bem sabido que a
Sra. White foi somente porque a Associação Geral designou que fosse (um exemplo
elogiável de cooperação com a liderança da Igreja!). Em 1896 ela escreveu com
muita franqueza ao presidente da Associação Geral:
"O Senhor
não estava dirigindo nossa saída da América. Ele não revelou que era Sua
vontade que eu deixasse Battle Creek. O Senhor não planejou isso, mas permitiu
que agissem segundo vossa própria imaginação. O Senhor desejava que W. C.
White, sua mãe e seus obreiros permanecessem na América. Nós éramos necessários
no centro da Obra, e tivesse vossa percepção espiritual discernido a verdadeira
situação, nunca teríeis consentido com as medidas tomadas. Mas o Senhor lê os
corações de todos. Havia tanta disposição para que partíssemos que o Senhor
permitiu que esse evento tivesse lugar. Aqueles que estavam cansados com os
testemunhos dados foram deixados sem as pessoas que os transmitiam. Nossa
separação de Battle Creek foi para deixar os homens cumprirem sua própria
vontade e maneira, que julgavam superior à maneira do Senhor.
"O
resultado está perante vós. Tivessem permanecido do lado certo, tal decisão não
teria sido tomada neste tempo. O Senhor teria trabalhado pela Austrália por
outros meios, e uma forte influência teria sido mantida em Battle Creek, o
grande coração da Obra.
"Lá
teríamos permanecido ombro a ombro, criando uma atmosfera saudável a ser
sentida em todas as nossas associações. Não foi o Senhor quem planejou essa
questão. Não pude obter um raio de luz quanto a deixar a América. Mas quando o
Senhor apresentou-me essa questão tal como realmente era, não abri os lábios
para ninguém porque eu sabia que ninguém discerniria a questão em todas as suas
implicações. Quando partimos, alívio foi sentido por muitos, mas não tanto por
ti mesmo, e o Senhor não Se agradou disso, pois Ele havia nos colocado junto às
rodas do maquinismo de Battle Creek.
"Esta é a
razão de te estar escrevendo. O Pastor Olsen não teve a percepção, a coragem, a
força, para levar as responsabilidades; nem houve qualquer outro homem
preparado para cumprir a obra que o Senhor Se tinha proposto que deveríamos
fazer. Eu te escrevo, Pastor Olsen, dizendo-te que era desejo de Deus que
permanecêssemos lado a lado, para que eu te aconselhasse, te instruísse, e para
que agíssemos em conformidade. . . Não estavas discernindo; não estiveste
disposto a ter a forte experiência e conhecimento que não deriva de fonte
humana removida de ti, e assim revelaste que os caminhos do Senhor foram mal
calculados e passados por alto. . . Este conselho não foi considerado uma
necessidade.
"Que o
pessoal de Battle Creek sentisse que poderia deixar-nos partir na época em que
o fizemos foi o resultado de planejamento humano, e não do Senhor. . . O Senhor
determinou que devêssemos estar próximos das casas publicadoras, que devêssemos
ter fácil acesso a essas instituições para que pudéssemos juntos nos
aconselhar. . . Oh, quão terrível é tratar o Senhor com dissimulação e negligência,
zombar de Seu conselho com orgulho devido à sabedoria do homem parecer tão
superior." (Carta a O. A. Olsen,
127, 1896).
Aqueles que dizem
que a mensagem de 1888 foi aceita pela liderança da Igreja podem interpretar os
anos de Ellen White na Austrália como cooperação com o Espírito Santo. É
verdade que lhe era possível escrever boas cartas para a terra natal. Mas
privar a América do Norte de seu ministério pessoal nessa ocasião crítica
confirmou "em grande medida" a final derrota do começo da mensagem do
alto clamor.
E. J. Waggoner
sofreu um exílio semelhante ao ser enviado à Inglaterra na primavera de 1892.
Há evidência também de que não foi puro zelo missionário que o enviou. Àquelas
alturas Ellen White já se tinha ido; o segundo membro do trio especial devia
também partir. Notamos o seguinte, na tese doutoral de Gilbert M. Valentine
sobre W. W. Prescott:
"Segundo
W. C. White, a Sra. White, que aparentemente ainda tinha lembrança das
injustiças do período pós-1888, declarou que lhe havia sido mostrado "que
conquanto alguns de nosso pessoal alegravam-se em tê-lo [E. J. Waggoner]
removido da obra em Battle Creek por sua designação para trabalhar na
Inglaterra", ele devia ser colocado de volta 'para dar assistência como um
professor no coração de nossa Obra'. (W. C. White a A. G. Daniells, 30 de maio
de 1902." William Warren Prescott: Seventh-day Adventist
Educator [William Warren Prescott: Educador Adventista], Vol. 1, p. 289).
Um ano antes de
Ellen White ir para a Austrália, ela derramou o seu coração numa carta a J. S.
Washburn, um jovem ministro. Aqui, à semelhança de Jeremias, ela escreve quase
em desespero. Descreve vividamente o clima prevalecente na sede de Battle
Creek:
"Assisto a
reuniões nas pequenas igrejas mas sinto que não tenho forças para trabalhar com
a Igreja que tem tido o meu testemunho tão abundantemente, e contudo aqueles
que se puseram contra a minha mensagem, e não se inclinam a mudarem sua posição
de resistência, não obstante tudo quanto o Senhor me tem dado a dizer em
demonstração do Espírito e poder, não tenho esperança de que pudessem ser
ajudados por nada que eu pudesse dizer adicionalmente. Eles têm resistido aos
apelos do Espírito de Deus. Não tenho esperança de que o Senhor tenha um poder
em reserva para quebrar a resistência deles. Deixo-os nas mãos de Deus, e a
menos que o Senhor ponha sobre mim um decidido encargo de falar palavras no
Tabernáculo [de Battle Creek] não tentarei dizer nada até que aqueles que têm
participado no bloqueio de meu caminho o deixem livre. . . Não tenho forças
para contender com o espírito, e resistência, dúvidas e descrença que têm
invadido suas almas, de modo a que não vejam quando vem o bem. Tenho muito
maior liberdade em falar a descrentes. Eles estão interessados. . .
"Oh, é o
lugar mais difícil no mundo, falar onde grande luz tem vindo aos homens em
posições de responsabilidade. Eles têm sido iluminados, mas escolheram as
trevas, antes que a luz. . .
"Podes
crer que tenho grande angústia de alma. . . Qual será o fim dessa teimosa
descrença ainda teremos que ver." (Carta
W32, 1890).
Os Anos da
Década de 1890 Teriam Uma Mensagem Para a Década de 1990?
O ministério de
Ellen White à Igreja Adventista do Sétimo Dia frequentemente exibe essa
qualidade que se iguala a Jeremias. A mensagem do antigo profeta é verdade
presente. O episódio de 1888 é uma parábola, e Deus nos testará uma vez mais.
Devido ao facto de
que nossa história de 1888 tem sido tão vastamente deturpada, nossa atitude
contemporânea é ainda preconceituosa contra a obra de Jones e Waggoner. Ainda
parecemos suspeitar de que a mensagem deles poderia conduzir ao fanatismo.
Ainda presumimos falsamente que ela conduziu os dois mensageiros ao desvio da
apostasia. Na medida em que assim pensamos, caso o Senhor envie mais pérolas de
verdade a serem lançadas perante nós, seríamos obrigados a reagir a tal
mensagem como fez a oposição da era 1888.
Hoje não herdamos
nenhuma culpa genética de nossos antepassados que rejeitaram a maior
oportunidade de todos os tempos, o começo da chuva serôdia e do alto clamor;
mas somos seus descendentes espirituais. As Escrituras Sagradas não ensinam
nenhuma transmissão genética de pecado, seja "original" ou de outra
espécie, de geração a geração. Mas há uma transmissão de pecado que não é
genética. "Por um homem, entrou o pecado no mundo". "O pecado
abundou" e "reinou para a morte". "Todo o mundo [tornou-se]
culpado diante de Deus" (Romanos 5:12, 20, 21; 3:19). Essa misteriosa
transmissão de pecado nos é esclarecida na seguinte declaração:
"Em sua
própria fonte, a natureza humana foi corrompida. E desde então o pecado tem
continuado a sua obra odiosa, atingindo mente após mente. Todo pecado cometido
desperta os ecos do pecado original. . .
"A mútua
dependência é uma coisa maravilhosa. A influência recíproca deveria ser
cuidadosamente estudada. . .
"Cada
geração assume alguma fase do mal em antecipação àquele que a precedeu,
seguindo adiante na marcha da impenitência e rebelião. Deus está observando,
medindo o templo e os adoradores em seu interior. . .
"Nenhum
homem vive para si mesmo. Consciente ou inconscientemente ele está
influenciando outros, seja para o bem ou para o mal. . . Não seria tempo de que
um povo se levante em independência moral, abrigando ao mesmo tempo um senso de
sua dependência de Deus? . . .
"O Senhor
enviou ao nosso mundo uma mensagem de advertência, que é a Terceira Mensagem
angélica. Todo o céu está aguardando para nos ouvir vindicar a lei de
Deus." (RH, 16 de abril de
1901).
Temos mais luz do
que nossos antepassados, daí temos maiores responsabilidades. A alienação do
coração de Cristo que causou a rejeição da mensagem de 1888 é hoje bem mais
sutil, mais sofisticada, mais profundamente sepultada além de nossa
consciência. Mas não é menos real. Somente a iluminação do Espírito Santo a
tornará manifesta. Deve chegar o tempo, pelo menos para cada um de nós, quando
"a cruz será apresentada, e sua real importância será vista por toda mente
que tem sido cegada pela transgressão. Diante da visão do Calvário com sua
misteriosa Vítima, os pecadores se apresentarão condenados" (DA 58). Não
seria uma bênção se pudéssemos ver a cruz hoje antes que seja demasiado tarde?
O Espírito Santo
capacita o crente sincero a ver-se refletido nos personagens bíblicos de tempos
atrás. Ele pode igualmente nos capacitar a ver-nos em nossos antepassados de um
século atrás. Inatamente não somos melhores do que eles. O Espírito Santo pode
curar-nos da cegueira que permite vermos o mal se estiver suficientemente
distante no passado, enquanto deixamos de reconhecê-Lo sob o nosso próprio
nariz. A Palavra de Deus tem sido verdadeira desde o próprio começo:
"Sem a
iluminação do Espírito de Deus, não seremos capazes de discernir a verdade do
erro, e cairemos sob as tremendas tentações e enganos que Satanás trará sobre o
mundo.
"Estamos próximos
do encerramento da controvérsia entre o Príncipe da luz e o príncipe das
trevas, e em breve os enganos do inimigo provarão que tipo de fé que é a
nossa." (RH, 29 de novembro de
1892).
Conclusão
Reconhecer a
verdade de que nossos antepassados insultaram o verdadeiro Cristo e o
verdadeiro Espírito Santo não é em si más notícias. E revelar a realidade da
resistência profundamente arraigada ao "testemunho de Jesus" é uma
bênção. De nenhuma outra maneira além de defrontar a verdade podemos nos
preparar para futuras provas. A verdade é positiva, activa, animadora.
As boas novas são
que o céu tem por todo o tempo estado mais disposto a conceder o derramamento
final do Espírito de Deus do que temos pensado. É tão-só nossa contínua
resistência, frequentemente inconsciente, que tem impedido o Dom agora por mais
de um século, a despeito de nossas orações por Ele.
Defrontar a
verdade honestamente tem sido uma fonte de gozo. A estabilidade e progresso da
Igreja organizada pode somente ser abençoada por isso.
__________
1. Nunca Ellen
White diz que "alguns" que se opunham eram "poucos", nem
diz ela que aqueles que aceitaram eram "muitos". Sem excepção
conhecida, os que rejeitaram a mensagem eram "muitos" e os que a
aceitaram foram "poucos".
2. Ver, por
exemplo, 1 Samuel 8:7; 12:6-12; Isaías 50:1; 54:5-17; 61:10; 63:9-14; Jeremias
31:1-9; Ezequiel 16; Oséias, passim.
3.
Incidentalmente, conquanto Ellen White não tomasse nenhuma firme posição sobre
a "lei em Gálatas" em 1888, por 1896 ela estava pronta para tomar uma
posição. Waggoner estivera certo o tempo todo! "A lei em Gálatas [é] . . .
especialmente . . . a lei moral" (1 SM 234, 235).
4. Ver Apêndice
para uma discussão da acusação de que Jones estaria ensinando o erro da
"carne santa" e perfeccionismo pouco depois da assembléia de 1888.
7. Um Exame Mais Detido das Confissões
O mistério
envolve as confissões posteriores a 1888 daqueles que se opuseram à mensagem.
Chegamos ao tempo da chuva serôdia e do alto clamor, e então deixamos passar a
nossa oportunidade. Israel também chegou aos limites de sua Terra Prometida, e
então recuou.
Arrependimento
profundo e genuíno é uma virtude rara. Não é de modo algum impossível, à luz do
sacrifício de Cristo. Mas muitas confissões são superficiais, como a de Esaú e
do rei Saul. Ambos reconheceram-se errados, e ambos derramaram lágrimas; nenhum
deles encontrou o arrependimento que restaura o que estava perdido.
A história de
Israel em Cades-Barnéia e depois ilustra a experiência deste movimento durante
e após a assembléia de Mineápolis. Israel cometeu um erro e depois se
"arrependeu", mas aquela geração nunca recuperou o que tinha perdido.
Há um princípio
envolvido no tipo de arrependimento e confissão que não abrange a gravidade do
pecado:
"Agora
[Israel em Cades-Barnéia] parecia arrepender-se sinceramente de sua conduta
pecaminosa; mas eles se entristeceram devido ao resultado de sua ímpia atitude,
não por causa de um senso de sua ingratidão e desobediência. . . Deus provou
sua aparente submissão, e comprovou que não era genuína. . . Eles ficaram
somente aterrorizados em descobrir que tinham cometido um erro terrível, e os
resultados do mesmo se lhes demonstrariam desastrosos. Os seus corações
permaneceram inalterados. . .
"Conquanto
a confissão deles não partisse de verdadeiro arrependimento, serviu para
vindicar a justiça de Deus no Seu trato com eles.
"O Senhor
ainda opera de modo semelhante para glorificar o Seu nome ao levar os homens a
reconhecerem a Sua justiça. . . E embora o espírito que inspirou o mau desígnio
não seja radicalmente mudado, confissões são feitas que vindicam a honra de
Deus, e justificam os Seus fiéis reprovadores, que foram objecto de oposição e
má representação." (PP, 391,
393).
A evidência de uma
pena inspirada indica que essa foi a natureza das confissões pós-1888 dos
líderes destacados de maior influência que inicialmente haviam rejeitado a
mensagem.
Mas opiniões
contemporâneas amplamente publicadas sustentam que a maioria dos irmãos que se
opuseram em Mineápolis retificaram o seu erro, fizeram confissões humildes e
profundas, arrependeram-se inteiramente, e daí pregaram a mensagem de 1888
"com poder".
O que a evidência
demonstra?
(1) As confissões
foram praticamente extorquidas por evidência esmagadora, compelente. "A
evidência actual de Sua operação é-vos revelada, e não estais sob obrigação de
crer", declarou Ellen White em 1890 (TM 466). A fé havia quase
inteiramente dado lugar à vista.
(2) Há evidência
de que os confessores mais proeminentes e influentes agiram contrariamente às
suas confissões mais tarde.
(3) Houve bem
pouca reconciliação aberta que conduziu a união fraternal com A. T. Jones e E.
J. Waggoner ou aceitação da mensagem deles. (Foi após as confissões que
Ellen White foi exilada na Austrália e Waggoner na Grã-Bretanha). Ainda em 1903
os Pastores G. I. Butler e J. N. Loughborough, na assembléia da Associação
Geral, representaram mal a verdadeira posição deles diante de seus protestos
verbais (ver capítulo 10).
(4) A questão em
jogo era a salvação pessoal das almas dos ministros opositores. Mas não há
evidência de que se hajam arrependido de terem abafado o derramamento do
Espírito Santo na chuva serôdia, ou de suprimirem a luz do alto clamor
mantendo-a oculta "em grande medida" da Igreja e do mundo. Assim, a
consequência da rebelião em Mineápolis, o indefinido retardamento da
proclamação em âmbito mundial da mensagem do alto clamor, não poderia ser
evitada.
(5) Com exceção de
W. W. Prescott, não há evidência de que nenhum dos confessores recuperou a
essência da mensagem de 1888 de modo suficiente para proclamá-la bem. (Saulo de
Tarso arrependeu-se tão completamente que depois sempre proclamou o evangelho
com poder). Pease revela que quando o século dezenove tornou-se o vinte, nenhum
daqueles que inicialmente rejeitaram a mensagem de 1888 estava em evidência
para proclamá-la eficazmente:
"Durante
os anos noventa o reavivamento centralizado nessa grande doutrina era em grande
parte obra das mesmas três pessoas, a Sra. White, E. J. Waggoner e A. T. Jones.
É verdade que havia muitas vozes que se harmonizavam, mas nenhum Elias se
destacava na altura de 1900, pronto para assumir o manto em caso de que algo
acontecesse aos três principais campeões da doutrina." (By Faith
Alone [Pela fé somente], p. 164).
Um exame das
mensagem impressas após a confissão desses "confessores" confirma
esta declaração. Um verdadeiro arrependimento teria resultado numa multidão de
poderosos mensageiros dominados pelo evangelho, proclamando a "mais
preciosa mensagem" de modo que teria reavivado integralmente a Igreja e
iluminado o mundo com glória. Mas Ellen White teve que dizer em 5 de novembro
de 1892 que "ninguém" dos rejeitadores originais havia recuperado o
que havia perdido por sua descrença inicial (Carta B2a, 1892). Esta declaração
foi feita após as confissões mais destacadas aparecerem.
Posições
Contemporâneas das Confissões Pós-1888
Uma declaração
frequentemente citada de um antigo obreiro forma a base para muito do
entendimento atual do que aconteceu após Mineápolis.
"Logo no
início da primavera de 1889, começaram a surgir rumores de que os que se
posicionaram com a oposição na assembléia começavam a ver a luz e logo
fervorosas confissões se seguiram. Dentro de dois ou três anos a maioria dos
homens da liderança que haviam recusado a luz por ocasião da assembléia vieram
a público com claras confissões." (C. McReynolds, "Experiências
enquanto na Assembléia da Assoc. Geral de Mineápolis em 1888", Arquivo D,
189, Patrimônio E. G. White. Cf. N. F. Pease, op. cit., pp. 142, 143).
"As
confissões mencionadas acima eram, sem dúvida, em alguns casos, inspiradas por
sóbria reflexão após os indivíduos envolvidos estarem bem longe, retirados da
cena de controvérsia." (Pease, op. cit., p. 144).
Outra declaração,
de Captains of Host [Capitães da hoste], apóia a idéia de que as
confissões realmente reverteram a oposição de 1888:
"Gradualmente
deu-se a reviravolta e a reunião na unidade da fé. Havia tanto um poder
cortante quando curativo nas mensagens que [Ellen White] enviava, levando a
mensagem de justificação e boa vontade em Cristo, que em geral atraíam para
junto os irmãos outrora afastados." (Spalding, op. cit., pp.
598, 599).
Nossa Seventh-day
Adventist Encyclopedia [Enciclopédia adventista do sétimo dia] apresenta o
mesmo ponto de vista:
"Malentendido,
oposição e divisão anuviam o registro daquela assembléia [de 1888]. Contudo,
muitos que estavam relutantes em aceitar essa nova ênfase em 1888 mais tarde
mudaram de ponto de vista. Alguns proseguiram por um tempo a se oporem a ela."
(p. 1086).
Nenhuma menção se
faz em The Fruitage of Spiritual Gifts às confissões, uma vez que o
autor presume que em geral a mensagem de 1888 foi inicialmente bem
recebida na própria assembléia de Mineápolis.
A posição
predominante que temos hoje é que "possuímos" a mensagem de 1888 como
segura possessão, seja por nossos antepassados a terem aceito, ou porque houve
subsequentes confissões e arrependimento. E "nós" temos, portanto,
estado proclamando-a poderosamente por muitas décadas. Devemos inquirir se essa
não seria uma mentalidade do "rico sou, de nada tenho falta".
Há Problemas
Com Esta Posição
Se as confissões
dos opositores de Mineápolis mudaram sua real atitude de modo que poderiam
proclamar a mensagem eficazmente ao nosso povo e ao mundo, algumas perguntas
carecem de resposta.
(1) Onde está a
evidência de que a mensagem e luz de 1888 foram recuperadas, e pelos próprios
irmãos arrependidos proclamada ao nosso povo em forma clara e poderosa? Onde
está a evidência de que a oposição cessou em lugar de passar a ser subterrânea?
(2) Por que a
"obra" não foi terminada logo após o tempo da confissão e
arrependimento? A oposição em Mineápolis abafou o alto clamor; um
arrependimento apropriado logicamente o restauraria.
(3) Como explicar
as persistentes e numerosas declarações de Ellen White ainda em 1901 de que a
mensagem era continuamente mal representada e objecto de oposição pela
liderança? Segue-se uma delas, indicando que a genuína reforma que se segue a
arrependimento não poderia ter tido lugar:
"Sinto
especial interesse nos movimentos e decisões que terão lugar nesta Assembléia
[de 1901] concernentes às coisas que deveriam ter sido feitas anos atrás, e
especialmente dez anos atrás, quando estávamos reunidos em Assembléia. . . . Os
irmãos acederam à luz dada, mas . . . a luz que foi dada não levou a
uma ação a seu respeito. Ela foi admitida, mas nenhuma mudança especial
foi feita para operar uma condição de coisas de modo que o poder de Deus
pudesse revelar-se entre o Seu povo. Ano após ano o mesmo reconhecimento foi
feito. . . . É uma maravilha para mim que tenhamos alcançado tanto progresso
hoje. É devido à grande misericórdia de Deus, não devido a nossa justiça, que o
Seu nome não deva ser desonrado no mundo." (GCB 1901, p. 23; ênfase
acrescentada).
Suas reais
convicções são reveladas numa declaração que fez uma semana depois, apoiando a
reorganização e uma esperada reforma. "Muitos que têm estado mais ou
menos fora de passo desde a assembléia de Mineápolis terão o passo
acertado" (p. 205).
Uma das mais
pungentes mensagens proféticas de Ellen White é seu testemunho "O Que
Poderia Ter Sido" (5 de janeiro de 1903; 8T 104-106). O belo
arrependimento que nossos historiadores declaram ter tido lugar se revela
somente um sonho, em vez de "realidade".
O Testemunho de
Nossa História
É de conhecimento
comum que Urias Smith foi um dos mais persistentes opositores da mensagem. Como
editor da Review and Herald e com seu bem adquirido prestígio como autor
destacado, ele podia ter exercido a mais poderosa influência pela mensagem. Sua
redação incisiva e lógica apelava às mentes pensantes. Esse irmão capaz e
amorável brandia a mais poderosa pena em Battle Creek e poderia ter ajudado a
iluminar a terra com a glória da verdade desenvolvida à maturidade. O Espírito
Santo podia ter operado com o autor de Thoughts on Daniel and the Revelation
[Pensamentos sobre Daniel e o Apocalipse] se o seu coração e mente aguda
tivessem se somado à feliz tarefa.
Ele preferiu não
fazê-lo. Considerava a mensagem como meramente uma "doutrina"
enfatizada em excesso e mantinha que sempre a havíamos ensinado. Imediatamente
após Mineápolis, ele e W. W. Prescott tentaram silenciar A. T. Jones em Battle
Creek. Ellen White menciona o incidente:
"O Pastor
Urias Smith pensava que seria melhor que [A. T. Jones] não fosse convidado a
falar, pois ele tinha posições bastante fortes. E os arranjos foram feitos para
excluí-lo da escola [de Battle Creek]." (Ms. 16, 1889).1
Esforços para
auxiliar Smith somente agravaram a sua teimosia. Por um longo tempo, nenhuma
"sóbria reflexão" levou-o a qualquer ponto de vista diverso.
Em março de 1890
Ellen White escreveu na Review:
"Tentei
apresentar-vos a mensagem como a entendi, mas por quanto tempo irão aqueles à
frente da Obra manter-se afastados? . . .
"Por quase
dois anos temos estado instando as pessoas a se erguerem e aceitarem a luz e a
verdade concernente à justiça de Cristo, e elas não sabem se vêm e assumem esta
preciosa verdade ou não. . . . Posso falar ao ouvido, mas não posso falar ao
coração. Não nos levantaremos e sairemos da posição de descrença?" (RH, 18 de março de 1890).
Finalmente, após
estar "sob obrigação de crer" (TM 466), o Pastor Smith vagava
deploravelmente, em perigo de perder-se:
"O irmão
Smith está enredado pelo inimigo e não pode em sua presente condição dar à
trombeta o sonido certo . . . contudo . . . está colocado em posições como
instrutor para moldar e formar as mentes dos estudantes, quando é facto bem
conhecido que ele não se posta sob a luz. Não está atuando na ordem de Deus.
Está semeando sementes de descrença que brotam e produzem frutos para algumas
almas colherem. . . . O Pastor Smith não receberá a luz que Deus tem dado para
corrigi-lo, e não tem um espírito para corrigir por confissão qualquer curso
errado que tenha seguido no passado. . . . Tem-me sido mostrado que como agora
se encontra, Satanás preparou suas tentações para fechar-se em torno de sua
alma." (Carta a O. A. Olsen, 7 de outubro de 1890).
"Tenho
grande sofrimento de coração. Sei que Satanás está buscando obter o senhorio
sobre os homens. . . . Tais homens, como o Pastor Smith endurecerão seus
corações, a menos que vejam e sejam convertidos. Há aqueles que estão olhando
ao Pastor Smith, pensando que um homem que tem recebido tão grande luz será
capaz de ver quando o bem vem, e reconhecerá a verdade. Mas tem-me sido
mostrado que no carácter do Pastor Smith há um orgulho e teimosia que nunca foi
plenamente trazido em sujeição ao Espírito de Deus. Vez após vez sua
experiência religiosa tem sido maculada por sua determinação de não confessar
os seus erros, mas passá-los por alto e esquecê-los. Homens podem acariciar
este pecado até não haver mais perdão para eles." (Diário, 10 de
janeiro de 1890, Battle Creek).
Estas solenes
palavras contêm a evidência do amor semelhante ao de Cristo que Ellen White
tinha por sua alma. À luz da eternidade, a verdade é mais preciosa do que o
engano próprio. Em outras comunicações da parte dela podemos ver quão séria
havia se tornado a situação:
"Os homens
em posições de responsabilidade têm desapontado a Jesus. Eles têm recusado bênçãos
preciosas, e recusado ser canais de luz. . . . O conhecimento que deveriam
receber de Deus . . . recusam aceitar, e assim se tornam canais de trevas. O
Espírito de Deus é ofendido." (Ms. 13, 1889).
"Nossos
jovens reparam como os homens mais velhos permanecem parados como estacas, e
não se moverão para aceitar qualquer nova luz que é introduzida; rirão e
ridicularizarão o que esses homens dizem e o que fazem como não tendo
importância. Quem leva a carga [culpa] desse riso e desse desprezo? . . . [Eles]
se interpuseram entre a luz que Deus concedeu, a fim de que não vá ao povo que
deve obtê-la." (Ms. 9, 1890).
"O diabo
tem estado operando por um ano para obliterar essas idéias [a mensagem sobre a
justiça de Cristo, de 1888]--a totalidade delas. . . . Por quanto tempo o povo
no centro da Obra se manterá contra Deus? Por quanto tempo os homens aqui irão
sustê-los em realizar esta obra? Saí do meio do caminho, irmãos. Tirai a mão de
sobre a arca de Deus, e deixai o Espírito de Deus entrar e operar em grandioso
poder." (idem).
A influência
negativa do redator da Review expandiu-se largamente. Ellen White
tinha-o como responsável em grande medida:
"Tens
fortalecido as mãos e mentes de homens tais como Larson, Porter, Dan Jones,
Eldridge e Morrison e Nicola e vastos números mediante eles. Todos citam-te, e
o inimigo da justiça observa isso com prazer. . . Se tiveres de recuperar a fé
como podes remover as impressões de descrença que tens semeado em outras
mentes? Não labores tão duramente para cumprir a própria obra que Satanás
realiza. Esta obra foi realizada em Mineápolis. Satanás triunfou."
(Carta 59, 1890).
Quando Ellen White
tentou ajudá-lo, ele respondeu "por escrever-me uma carta acusando o
Pastor Jones de derribar os pilares de nossa fé" (Carta 73, 1890; ver Nota
Adicional, capítulo quatro). Finalmente, após a virada do novo ano de 1891, ele
fez a confissão a seus irmãos, e pediu perdão à Sra. White por sua errônea
atitude. Isso foi bom. Ele era um homem honesto. Nossa Seventh-Day Adventist
Encyclopedia [Enciclopédia adventista do sétimo dia] admite sua oposição
inicial à "nova ênfase sobre justificação pela fé", mas credita sua
confissão como restaurando "completa harmonia" (p. 1201). Mas não
seria este o caso.
O Pastor Smith
havia previamente tido experiências bem semelhantes. A sua fé na obra de Ellen
White às vezes não era muito forte. E ele propagava a sua descrença. Suas
cartas dificilmente poderiam exercer influência contrária a levar D. M.
Canright a questionar a inspiração de Ellen White 2. O mais débil impulso
enviará um homem que se afoga ao fundo.
Fora o
arrependimento do Pastor Smith no princípio de 1891 completo e permanente? Bem
poderia ter sido. O Senhor o desejaria. Falando ao escritório da Review and
Herald, Ellen White declarou que "o Senhor apagará as transgressões de
quantos desde aquele tempo têm-se arrependido com sincero arrependimento".
Como Algo Saiu
dos Trilhos
O regozijo pelas
confissões deve ser situado na perspectiva da história subsequente. Como temos
visto, Ellen White mais tarde declarou que tinha havido uma influência no
escritório da Review and Herald que tendia a dizer: "Eu irei,
Senhor", mas não foi. Ninguém pode questionar a sinceridade e bondade dos
irmãos; apenas fazemos notar a realidade de camadas mais profundas de descrença
de que não estavam cientes. "Os irmãos consentiram com a luz que
Deus havia dado, mas existiam aqueles que estavam ligados a nossas
instituições, especialmente ao escritório da Review and Herald e [Associação]
Geral, que introduziam elementos de descrença, de modo que a luz dada não
era posta em ação" (GCB 1901, p. 23; ênfase acrescentada).
Após sua
confissão, ela o incentivou a considerar as coisas segundo a luz correta. Ela
sabia que ele não estava dando à trombeta o sonido certo na Review. Mais
de um ano após sua confissão, ela escreveu-lhe num tom de advertência e
conselho, declarando de modo claro que ele havia retornado a sua postura
anterior de oposição:
"Alguns de
nossos irmãos . . . estão cheios de ciúmes e murmurações, e estão sempre prontos
para demonstrar exactamente no que discordam dos Pastores Jones e Waggoner. O
mesmo espírito que foi manifesto no passado, manifesta-se novamente em toda
oportunidade; mas isso não deriva do impulso do Espírito de Deus. . . .
"Devessem
[os Pastores Jones ou Waggoner] sucumbir às tentações do inimigo, . . . quantos
. . . não entrariam num engano fatal devido a não estarem sob o controle do
Espírito de Deus." (Carta S24,
1892; ênfase acrescentada).
O Pastor Smith
parecia ter um errôneo senso da condição espiritual da Igreja. Como
anteriormente (1882) ele continuava a "pensar demasiado favoravelmente do
tempo presente" (cf. 5T 80). Não podemos condená-lo, pois ele não tinha o
discernimento do dom de profecia. Não obstante, seu optimismo irreal
estabeleceu-o como o Sr. Laodicéia. Seus inocentes leitores então não sabiam
melhor; nós um século depois sabemos melhor, agora que a história tem sustido o
Espírito de Profecia, que tanto se opunha a seu ponto de vista. Num editorial
de 14 de março de 1892, ele se expressou com indevido optimismo:
"A Causa
tem avançado com crescente rapidez, especialmente nestes últimos anos. O objectivo
aqui é . . . chamar a atenção ao maravilhoso ritmo crescente que a Causa da
verdade presente tem agora atingido. Ela está seguindo em frente por toda
parte. Está crescendo em velocidade dia após dia. Avança com um poder que não
pode ser detido. No nível do progresso agora desenvolvido, deve em breve
atingir a sua meta. Está acelerando os seus passos rumo a seu triunfo final."
(RH, 14 de março de 1892).
A mensageira do
Senhor não parecia tão contente, pois estava consciente de um sério obstáculo à
obra dentro de nossas próprias fileiras e o espectro visível à frente de um
longo atraso. A história tem comprovado que o editorial do Pastor Smith era um
julgamento superficial. Ellen White assim declarou, então:
"A
oposição em nossas próprias fileiras tem imposto sobre os mensageiros do Senhor
uma tarefa laboriosa e probante, pois têm tido que defrontar dificuldades e
obstáculos que não precisavam ter existido. . . São elementos que actuam entre
nós mesmo que têm impedido a mensagem. . . .
"A
influência que se desenvolveu de resistência à luz e à verdade em Mineápolis
tenderam a tornar de nenhum efeito a luz que Deus tinha dado.
"A obra
está anos atrasada. Que contas se dará a Deus por esse retardamento da
obra?" (GCB 1893, pp. 419).
Repetidamente, o
desorientado editor seguia uma linha de pensamento diametralmente oposta à
verdade presente -- a da justiça de Cristo soando no princípio do alto clamor.
De forma suficientemente dramática, sua oposição era frequentemente enfrentada
de modo adequado por artigos de Ellen White ou outros que surgiam como
aparentes coincidências. Para seu crédito, ele os publicava. O controle
editorial era mais relaxado naqueles dias do que agora. Mas a sua mentalidade
pessoal estava fixada.
Ainda em 1892, bem
após a confissão do redactor, ela declara: "A primeira posição que
tomaste com respeito à mensagem e ao mensageiro tem-te sido um contínuo laço e
uma pedra de tropeço. . . . Essa perda é ainda tua perda" (Carta S24,
1892).
Encontramo-lo
escrevendo um editorial dizendo que a mensagem presente não é o começo do alto
clamor; isso é algo ainda futuro. O seu ponto de vista era o de determinismo
soberano divino, virtualmente o do moderno calvinismo reformacionista. Não
podemos nem apressar nem retardar a vinda do Senhor:
"Seria a
atitude apropriada agora para o povo de Deus fixar a mente sobre essas bênçãos
futuras e esse poder futuro, e renunciar a tudo o mais, fazendo dessas coisas o
objetivo direto a ser especialmente buscado? Fixar a mente sobre o que está
para vir, e daí raciocinar, Agora a Igreja deve ter tais e tais obras
poderosas, deve alcançar tal e tal condição, e daí concluir que deve, em
detrimento de deveres mais próximos, buscar por meios especiais obter aquele
poder e aquelas realizações agora -- é esse o caminho em que essas
bênçãos devem ser asseguradas? . . .
"Todos
esses outros desenvolvimentos virão no bom tempo do Senhor. Deus no devido
tempo concederá a Seu povo o poder necessário. . . . Ele trará o alto clamor da
mensagem. . . . Deixai que as bênçãos futuras sejam concedida por Aquele de
quem é a obra, para quando e como melhor lhe aprouver." RH, 14 de maio de 1892).
O Pastor Smith
aparentemente não tinha idéia de que "o bom tempo do Senhor" tem sido
e é sempre agora, uma vez que o sétimo anjo começou a soar em 1844,
"Não haverá demora" (Apocalipse 10:5). Somente uma semana depois
apareceu um artigo de Ellen White que contradizia o espírito desse malfadado
editorial. S. N. Haskell logo enviou um fervoroso artigo para contrafazer as
palavras do tipo "paz e segurança" do redator (26 de julho de 1892).
Depois o Presidente Olsen também prevaleceu-se da oportunidade para repreender
o redator mediante as colunas de sua publicação:
"Temos há
muito falado sobre o alto clamor da mensagem do terceiro anjo . . . Bem, é
chegado o tempo para esse alto clamor ser ouvido? . . . Certamente que sim,
irmãos. . . . Então não fiqueis contemplando a uma ocasião mais além, não a
espereis nalgum lugar remoto; considerai que está aqui, e que isso significa
alguma coisa." (RH, 8 de novembro de 1892).
Durante esse tempo
emocionante de grande oportunidade escatológica, o redactor da Review
continuava suas homílias ultrapassadas de argumentos quanto ao domingo
examinados e refutados. Há algo de patético quanto à situação. No próprio tempo
do alto clamor, ele se empenha num estilo polêmico e apologético diante da
cavilosa oposição irracional à observância da verdade do sábado, algo que teria
tido mais lugar trinta anos antes. Podemos ouvir os anjos implorando, "Sr.
Laodicéia, desperte!"
Com respeito a tal
cegueira em reconhecer a obra de Deus, Ellen White escreveu:
"Muito
frequentemente o líder tem se erguido hesitantemente, parecendo dizer: 'Não nos
apressemos tanto. Pode haver um equívoco. Precisamos ser cuidadosos para não
despertar um falso alarme'. A própria hesitação e incerteza de sua parte está
clamando: 'Paz e segurança'. 'Não fiqueis agitados. Não vos alarmeis. Fala-se
muito mais sobre essa questão da Emenda Religiosa do que o requerido. Essa
agitação desaparecerá'. Assim ele virtualmente nega a mensagem enviada por
Deus; e a advertência que foi designada a despertar as igrejas deixa de cumprir
o seu mister. A trombeta do vigia não dá o sonido certo, e o povo não se
prepara para a batalha." (5T, 715, 716).
Essa política
editorial e mentalidade forçam a uma conclusão desfavorável. Urias Smith
retornou a sua postura anterior de oposição e cegueira descomprometida após os
efeitos emocionais de sua confissão terem se esvaído.
Finalmente, em
dezembro Ellen White falou com bastante clareza:
"Na
própria véspera da crise, não é tempo de encontrar-se com um coração maligno de
descrença, e afastamento do Deus vivo. . . .
"Entre
aqueles que têm coração dobre estão os da classe que se gaba de sua grande
precaução em receber "nova luz" como a denominam. Mas a falha deles
em receber a luz é provocada por sua cegueira espiritual. . . .
"Há homens
em nossa Causa que poderiam ser de grande utilidade se se dispusessem a
aprender de Cristo, e a seguir de luz para maior luz; mas devido a não o
quererem, tornam-se obstáculos decisivos." (RH, 6 de dezembro de 1892).
Na mesma edição
ocorre uma admissão editorial meio capenga de que poderíamos ter retardado a
obra, mas não de modo absolutamente sério. Citamos esta declaração porque sua
atitude de laissez faire calvinista é imensamente popular entre muitos
adventistas nesses últimos anos do século 20, que dizem que o povo de Deus não
pode nem apressar nem retardar o retorno de Cristo:
"Como a
situação poderia ter sido mudada se todos tivessem trabalhado mais zelosa e
rapidamente na Causa, não podemos dizer. . . .
"Mas não
importa quanto tem estado em nosso poder o retardar a obra, não nos compete
deter o seu progresso nem prevenir a sua conclusão final. Dentro dos limites
deste tempo quando a obra do Senhor deve ser feita, ela será feita." (ibid., 6 de dezembro de 1892).
Num editorial na Review
de 10 de maio, Smith indispôs-se abertamente contra E. J. Waggoner. No mesmo
ano ele novamente se meteu em aberta disputa com A. T. Jones a respeito da
"imagem da besta". Nosso povo observava esses conflitos. O irmão
Foster da Igreja de Prahran, na Austrália, expressou sua perplexidade a Ellen
White. Ela narra o incidente:
"[Foster]
viu na Review o artigo do irmão A. T. Jones com respeito à imagem da
besta, e depois um do Pastor Smith apresentando a posição oposta. Ele ficou
perplexo e confuso. Havia recebido muita luz e conforto em ler artigos dos
irmãos Jones e Waggoner; mas ali estava um dos velhos obreiros, um que havia
escrito muitos dos livros oficiais, e de quem tínhamos crido terem sido
ensinados por Deus, que pareciam estar em conflito com o irmão Jones. O que
tudo isso poderia significar? Estava o irmão Jones do lado errado? Estava o
irmão Smith em erro? Quem estava certo? Ele ficou confuso. . . .
"Se antes
de publicar o artigo do Pastor Jones. . . o Pastor Smith tivesse dialogado com
ele, declarando de modo objetivo que as suas posições diferiam das do irmão Jones,
e que se o artigo aparecesse na Review, ele próprio precisava apresentar a
posição oposta, então a questão apareceria sob uma luz diferente de como agora
se dá. Mas as atitudes tomadas neste caso foram as mesmas que se tomaram em
Mineápolis. Os que se opuseram aos irmãos Jones e Waggoner não manifestaram
qualquer disposição de se encontrarem com eles como irmãos. . . Contudo esse
cego embate prossegue. . . . Sabemos que o irmão Jones tem estado dando a
mensagem para este tempo, alimento no tempo apropriado ao faminto rebanho de
Deus.
"A
assembléia de Mineápolis foi a oportunidade áurea para todos os presentes
humilharem seus corações perante Deus, e acolherem a Jesus como o grande
Instrutor; mas a postura tomada por alguns naquela assembléia provou-se ser a
sua ruína. Desde então nunca mais viram com clareza, e nunca verão; pois
persistentemente acariciam o espírito que ali prevaleceu, um espírito ímpio,
crítico, denunciatório. . . . No juízo serão inquiridos: "Quem requereu
isto de vossa mão, levantar-se contra a mensagem e os mensageiros que Eu enviei
ao Meu povo? . . . Por que bloqueastes o caminho com vosso espírito perverso? E
posteriormente, quando evidência acumulou-se sobre evidência, por que não
humilhastes vossos corações perante Deus, e não vos arrependestes de vossa
rejeição da mensagem de misericórdia que Ele vos enviou?" (Carta de 9 de janeiro de 1893; ênfase acrescentada).
Na mesma carta,
Ellen White cita o ex-presidente da Associação Geral como compartilhando a
perda do Pastor Smith. A questão não é a salvação de suas almas -- isso
deixamos com Deus. O ponto básico é a proclamação da mensagem do alto clamor:
"Se homens
tais como o Pastor Smith, Pastor Van Horn e Pastor Butler se mantiverem à
parte, não se unindo com os elementos que Deus vê como essenciais para levar
avante a obra nestes tempos perigosos, serão deixados para trás. . . . Esses
irmãos têm tido toda oportunidade de se situarem nas fileiras que estão
marchando rumo à vitória; mas se recusarem, a obra avançará sem eles. . . . Se recusarem
a mensagem, . . . esses irmãos . . . depararão a perdição eterna
pois devem arrepender-se e ser salvos no final, nunca poderão reaver o que
perderam mediante seu errôneo curso de acção (ênfase acrescentada)."
Conclusão
Isso de modo algum
significa que a obra de toda a vida daqueles queridos irmãos foi um fracasso. A
questão é que empregaram sua influência para rejeitar o começo da chuva serôdia
e assim contribuíram para retardar a conclusão da obra de Deus por longo tempo.
O caso deles era
difícil. Eles eram sinceros, e bons, e amoráveis. Mas foram falsamente
encorajados por toda onda de reavivamento superficial que ocasionalmente se
manifestava por Battle Creek.
Mesmo após a
virada do século ao aproximar-se de seu fim, o Pastor Smith fez questão de
demonstrar que nunca mudou de opinião a respeito das questões relativas a 1888.
Ele era o notável protótipo dos adventistas ultraconservadores, contudo
descrentes, de hoje em dia.
Seu entendimento
das profecias de Daniel e Apocalipse e de outras doutrinas estava em harmonia
com o dos pioneiros. As condições mundiais em seu tempo eram um claro
cumprimento da profecia. A obra de Deus poderia ter sido rapidamente terminada
então. Os seus livros tinham ganho milhares de pessoas para a Igreja e ajudado
a estabelecer o adventismo ao redor do mundo. Se somente ele pudesse ter aceito
o "começo" da chuva serôdia, poderia ter tido a alegria de ajudar a
proclamar o glorioso alto clamor ao mundo.
Confiante de que
entendia de justificação pela fé e de que sempre havia crido nisso, ele
ofereceu sua contribuição após 1888 em seu principal trabalho sobre o assunto, Looking
Unto Jesus [Olhando para Jesus]. Indubitavelmente saudado por muitos
oponentes de 1888 então como uma obra-prima, é óbvio que lhe faltavam "os
mais preciosos" elementos da mensagem de 1888.
Houve uma
confissão que A. T. Jones mencionou próximo do fim de sua vida:
"Para
fazer justiça ao irmão J. H. Morrison, deve ser dito que ele se isentou de toda
ligação com aquela oposição, e dedicou-se de corpo, alma e espírito à verdade e
bênção da justificação pela fé, numa das mais finas e nobres confissões que
jamais ouvi." (Carta a C. E. Holmes, 22 de maio de 1921).
Jones
posteriormente na mesma carta declarou de outros que a mudança de coração da
parte deles "era somente aparente, nunca tendo sido real, pois por todo o
tempo na Comissão da Associação Geral e entre outros havia um antagonismo
secreto sempre levado avante".
Nenhuma oposição é
mais difícil de tratar do que a que se manifesta subterraneamente. As confissões
após Mineápolis impeliram o espírito de descrença para baixo da superfície
visível.
Daí é que podemos
sinceramente presumir que somos ricos como um povo com a
"contribuição" ao adventismo feita em 1888, e que de nada temos falta
na compreensão da justificação pela fé, de modo que tudo quanto de que
carecemos é mais dinheiro e recursos tecnológicos para propagar o presente
entendimento de nossas crenças.
Os sintomas de
nossa neurose denominacional são evidentes; as causas jazem sepultadas numa
profunda antipatia pela luz que brilhou sobre nosso caminho em 1888, que
refletia a verdadeira Luz que ilumina todo homem que vem ao mundo. Uma expiação
final, uma reconciliação derradeira com Cristo, é nossa única solução.
O propósito
primário deste capítulo foi demonstrar como as confissões que se seguiram a
Mineápolis cortaram os "galhos" mas deixaram as "raízes" da
descrença intactos (cf. TM 467). Ao desenvolver-se a investigação, um propósito
secundário veio à tona. É uma consequência lógica do primeiro, sendo, porém, de
muito maior significação.
(1) Em alguns
sérios exemplos, nossas posições oficiais presentes de justificação pela fé são
idênticos às da oposição à mensagem de 1888. O ensino real dessa última
é somente ligeiramente evidente em nossas atuais exposições.
(2) Paralelamente
às concepções equivocadas da mensagem há a posição altamente otimista da
"velocidade" e "rapidez" com que a obra supostamente avança
hoje, quando em realidade está sendo retardada por nossa profunda descrença de
coração. Os relatórios estatísticos nos iludem.
(3) A confusão
concernente à justificação pela fé promove uma sorte de "contínua"
transgressão de princípios que Deus confiou à Igreja remanescente para a
administração de nossa obra evangelística, de publicações, médica e educacional.
"Tem havido um desvio do plano de Deus em muitas maneiras . . . e temos
estado progredindo firmemente nos caminhos dos gentios, e não segundo o exemplo
de Jesus Cristo" (cf. GCB 1893, p. 459 e FE 221-230). Nossa esperança
repousa na misericórdia e amor de Deus, e Sua esperança jaz na honestidade das
almas de Seu professo povo.
(4) A verdadeira
purificação do santuário celestial requer uma obra complementar em nossos
corações. Deve haver uma purificação de raízes "subterrâneas" ocultas
de alienação de Cristo. A luz que porá em evidência esta realidade e um meio de
terapia espiritual adequada para lidar com isso, são mais necessários do que
qualquer montante de recursos tecnológicos para a propagação de nossa
"fé" actual.
Em outras
palavras, o poder necessário é luz, e a conclusão da comissão evangélica
será uma consequência natural. Uma verdadeira compreensão da história de 1888
propicia um diagnóstico; uma verdadeira compreensão do evangelho da cruz é a
terapia.
1. Somente a
influência de Ellen White assegurou o púlpito e a sala de aula para ele. W. W.
Prescott uniu-se a Smith em buscar barrar Jones do púlpito em Battle Creek.
2. 1883.
8. Um Momento de Crise: A Assembleia da Associação Geral de 1893
A assembléia da
Associação Geral de 1893 situa-se em segundo lugar, em grau de importância, à
de 1888 no que tange a determinar como a mensagem foi recebida. A teoria da
aceitação requer essa opinião da assembléia de 1893: "Foi realmente na
sessão da Associação Geral de 1893 que a luz sobre justificação pela fé pareceu
obter sua vitória máxima" (Christian, op. cit., p. 241).
Devemos examinar
os relatórios impressos dessa assembléia a fim de entender a natureza dessa
"vitória". De acordo com o último testemunho perceptivo de Ellen
White, a "vitória" obtida no final foi a de Satanás (cf. 1SM 234,
235). A sessão claramente assinalou a retirada do dom celestial da chuva
serôdia. Incidentes nessa assembléia são de profunda significação àqueles
dentre nós que vivem hoje.
Desde o início da
assembléia, a mensagem de 1888 fora o tema de esmagadora importância. Poucos
meses antes, a agora famosa declaração aparecera na Review de 22 de
novembro de 1892, que realmente tinha sido o "começo" do alto clamor.
Essa declaração assemelhou-se a uma bomba. Vários dos oradores puderam falar de
pouca coisa, excepto sobre esse importantíssimo assunto. Mesmo alguns da
distante Austrália sabiam o que estava acontecendo. A. T. Jones relatou:
"Recebi
uma carta há pouco do irmão Starr, da Austrália. Lerei duas ou três sentenças
porque calham bem nesta parte de nossas lições: 'A irmã White declara que temos
estado no tempo da chuva serôdia desde a assembléia de Mineápolis'".
(GCB 1893, p. 377).
Podemos imaginar a
agitação que prevaleceu? Era natural que por detrás da questão do recebimento
da mensagem de 1888 aparecia o bendito pensamento da breve volta de Cristo. A
não ser desde o Clamor da Meia-Noite de 1844 tinha um gozo tão solene aquecido
corações crentes:
"Agradeçamos
ao Senhor por ainda estar lidando connosco, para salvar-nos de nossos erros,
salvar-nos de nossos perigos, manter-nos longe dos caminhos errados, e derramar
sobre nós a chuva serôdia, para que possamos ser trasladados. É isso o que
significa a mensagem -- trasladação -- para vós e para mim." (ibid.,
p. 185).
Sabiam que o
Senhor em Sua misericórdia não retiraria a chuva serôdia até dar-lhe uma
razoável oportunidade de responder. Isso requereria pelo menos alguns anos após
1888. As palavras seguintes citadas na assembléia expressam o princípio de
justiça e paciência divinas:
"Deus
provará o Seu povo. Jesus o suporta pacientemente, e não o vomita de Sua boca
num momento. Disse o anjo: 'Deus está pesando o Seu povo'. Se a mensagem
houvesse sido de curta duração como muitos de nós supúnhamos, não teria havido
tempo para desenvolverem o carácter. Muitos mudaram seus sentimentos, não com
base em princípio e fé, e esta mensagem solene e tremenda os inspirou. . . .
Ele lhes concede tempo para que a excitação se esvaia, e depois os prova para
ver se obedecerão ao conselho da Testemunha Verdadeira." (1T 186, 187;
GCB 1893, p. 179).
Previsão de
Grande Perigo
Diferentes
oradores sentiram que a luz seria retirada caso não agissem logo. Assim, tratar
levianamente o oferecimento celestial significaria perdê-lo. Poucos meses antes
da Assembléia de 1893, Ellen White escreveu:
"O pecado
cometido no que teve lugar em Mineápolis permanece nos livros de registro
celestes, assinalados contra os nomes daqueles que resistiram à luz, e
permanecerão em registro até que plena confissão seja feita, e os
transgressores se apresentem em plena humildade diante de Deus. . . . E quando
essas pessoas forem testadas, e trazidas novamente ao pó, o mesmo espírito será
revelado. Quando o Senhor os tem provado suficientemente, se não se Lhe
submeterem Ele retirará o Seu Espírito Santo." (Carta O19, 1892).
Em Mineápolis, ela
havia advertido de que a negligência da luz que então brilhava seria uma
tragédia. O problema não era meramente a salvação pessoal de indivíduos que
haviam rejeitado a mensagem. A questão escatológica da chuva serôdia e do alto
clamor estava suspensa sobre o corpo eclesiástico colectivo:
"Aqui
desejo dizer-vos que uma coisa terrível é, se Deus concede luz, e ela é
impressionada sobre vosso coração e espírito, . . . por que Deus retirará o Seu
Espírito a menos que a Sua verdade seja aceita." (Ms. 8, 1888, Olson,
p. 264).
Os irmãos reunidos
na assembléia de 1893 estavam numa atmosfera de expectativa. A assembléia
parecia carregada de solenidade, numa percepção de que uma decisão tremenda
lhes seria imposta. Com base em sua escolha raiaria a feliz manhã, ou o retorno
da noite. Se Satanás pudesse "levá-los a comprometer-se com o lado errado,
ele traçou planos para conduzi-los numa longa jornada", declarou Ellen
White ao presidente Olsen (Carta O19, 1892). Imaginem a tensão que dominava
aquela assembléia:
"Agora o
solene pensamento que me vem à mente é que [Deus] está Se impacientando, e não
esperará muito mais tempo por vós e por mim. . . Não posso afastar-me da idéia
de que este é um tempo extremamente crítico para cada um, pessoalmente. . .
Parece-me que exactamente agora estamos fazendo escolhas que determinarão se
prosseguiremos com esta obra mediante o alto clamor e seremos trasladados, ou
se seremos enganados pelos ardís de Satanás e deixados em trevas. . . Tenho
tido estes sentimentos no decorrer desta assembléia." (W. W. Prescott,
GCB 1893, p. 386).
A. T. Jones
reconhecia a seriedade sem precedentes da questão naquela reunião. Observem
como o seu entendimento transcendia a idéia calvinista determinista da vontade
soberana irresistível de Deus:
"Ele tem
tentado nestes quatro anos fazer-nos receber a chuva serôdia, e quanto mais
tempo irá esperar até que a recebamos? . . . .
"E o ponto
básico é, algo está para ser feito. . . Esse é o ponto atemorizante na
situação desta assembléia; é isto o que empresta a esta reunião seu carácter
assustador. O perigo é que haja alguns aqui que têm resistido por estes quatro
anos, ou talvez que não tenham resistido por todo este tempo, e que agora irão
. . . deixar de recebê-lo na medida em que o Senhor o concede, e serão passados
para trás. Uma decisão será tomada pelo Senhor, por nós mesmos de facto,
durante esta assembléia." (ibid.,
p. 377, ênfase acrescentada).
O presidente da
Associação Geral, O. A. Olsen, também sentiu que uma questão crucial
confrontava os delegados:
"Este
lugar está se tornando mais e mais solene em virtude da presença de Deus.
Presumo que nenhum de nós jamais esteve num tal tipo de reunião como
experimentamos nesta ocasião. O Senhor certamente virá muito em breve, e está
revelando mais e mais coisas, coisas que até então não temos apreciado ou
entendido tão plenamente. . . .
"Senti-me
muito solene na noite passada. Para mim o lugar era terrível em função da
proximidade de Deus, em função do solene testemunho que nos foi transmitido
aqui. . . Alguns podem sentir-se tentados quanto à idéia de que se faz
referência a Mineápolis. Sei que alguns tem-se sentido ofendidos e tentados
ante qualquer alusão a esta assembléia, e à situação ali. Mas que se tenha em
mente que a razão por que alguém assim se sinta é um espírito insubmisso de sua
parte. . . A mera idéia de que alguém é ofendido revela imediatamente a semente
da rebelião no coração." (ibid.,
p. 188).
Houve outras
declarações feitas entre 1888 e 1893 advertindo que se a luz não fosse
recebida, ocorreria um especioso desvio a uma luz de contrafação e a idéias
apóstatas. Os delegados ouviram a mensagem seguinte de Ellen White:
"A menos
que vigieis e conserveis vossas vestimentas imaculadas do mundo, Satanás se
postará como vosso capitão. . . . As palavras que o Senhor enviou serão
rejeitadas por muitos, e as palavras que os homens falem serão recebidas como
luz e verdade. A sabedoria humana conduzirá para longe da negação própria, da
consagração e planejará muitas coisas que tendem a tornar de nenhum efeito as
mensagens de Deus. Não podemos com qualquer segurança confiar nos homens que
não estão em íntima ligação com Deus. Eles aceitam as opiniões de homens, mas
não podem discernir a voz do Verdadeiro Pastor." (ibid., p.
237).
Menos de um ano
após a Assembléia de Mineápolis havia vindo esta mensagem:
"A menos
que o poder divino seja trazido à experiência do povo de Deus, falsas teorias e
idéias errôneas farão as mentes cativas, Cristo e Sua justiça será removido da
experiência de muitos, e sua fé será sem poder ou vida." (RH, 3 de
setembro de 1889).
A falha em aceitar
a luz trazida pelos mensageiros de Deus em Mineápolis resultaria na aceitação
de falsa luz trazida por falsos mensageiros. Ela declarou:
"Falsas
idéias que foram em grande medida desenvolvidas em Mineápolis não têm sido
inteiramente desarraigadas de algumas mentes. Os que não empreenderam uma obra
integral de arrependimento sob a luz que Deus têm-Se comprazido em dar a Seu
povo desde aquele tempo, não verão as coisas claramente, e estarão prontos a
chamarem as mensagens que Deus envia um engano." (GCB 1893, p. 184).
"O que
virá a seguir? Esses mesmos acolherão mensagens que Deus não enviou, e assim se
tornarão perigosos à causa de Deus em vista de estabelecerem falsos padrões.
("Aos Irmãos em Posições de Responsabilidade". ibid., p.
182).
Lições de
Israel "Escritas Para Nossa Admoestação"
Sem dúvida, a
mensagem de 1888 foi o maná celestial. Podemos aprender algo do simbolismo
antigo. Se Deus coloca um prato de comida diante de nós, temos que comê-lo de
imediato, porque o alimento vitalmente nutritivo se estraga mais rapidamente do
que o alimento desvitalizado. Havia perigo em deixar o maná de 1888 "até o
amanhecer", pois ele estragaria:
"Eis que
vos farei chover do céu pão, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção
para cada dia, para que Eu ponha à prova se anda na minha lei ou não. . . .
"E
disse-lhes Moisés: Ninguém deixe dele para a manhã seguinte. Eles, porém, não
deram ouvidos a Moisés, e alguns deixaram do maná para a manhã seguinte; porém
deu bichos e cheirava mal (Êxodo 16:4, 19,20).
"Estamos
vivendo em tempos cheios de importância para cada um, luz está brilhando em
raios claros e firmes ao nosso redor. Se esta luz for devidamente recebida e
apreciada, ela será uma bênção para nós e outros; mas se confiarmos em nossa
própria sabedoria e força, ou na sabedoria e força de nossos semelhantes, ela
se transformará num veneno."
(TM 385, ênfase acrescentada).
Mesmo na própria
Mineápolis, o profeta viu esse tremendo perigo. Aqui está uma pista da trágica
falha final da mensagem e dos mensageiros:
"Os que
não têm estado cavando mais e mais profundamente na mina da verdade deixarão de
ver qualquer beleza nas coisas preciosas apresentadas durante esta Assembléia.
Quando a vontade é imediatamente posta em teimosa oposição à luz concedida, é
difícil submeter-se mesmo sob a convincente evidência que tem estado nesta
assembléia [de 1888]. . .
"Se
negligenciamos caminhar na luz dada, ela se nos tornará em trevas; e a
escuridão é proporcional à luz e privilégios que não temos aprimorado." (Ms. 8a, 1888; Olson, pp. 279, 280, ênfases
acrescentadas).
Falando ainda da
mensagem de 1888 e dos "mensageiros de Deus", ela declara que o
inimigo da obra de Deus empregará ministros e líderes não santificados. Ela
sentia a realidade do conflito espiritual mortal:
"Ministros
não santificados estão unindo forças contra Deus. . . Conquanto professamente
recebam a Cristo, eles abraçam a Barrabás, e por suas acções dizem: "Não
este homem, mas Barrabás". . . Satanás tem-se gabado do que pode realizar.
. . Ele diz: "Sairei e serei um espírito enganador para ludibriar os que
possa". . . Seja o filho do engano e falso testemunho acatado por uma igreja
que tem tido grande luz, grande evidência, e essa igreja descartará a mensagem
que o Senhor tem enviado, e receberá as mais irrazoáveis asserções e falsas
suposições e falsas teorias. . . .
"Muitos se
postarão em nossos púlpitos com a tocha da falsa profecia nas mãos, acesas pela
tocha infernal de Satanás. Se dúvidas e descrença forem acatadas, os ministros
fiéis serão removidos do meio do povo que julga saber tanto." (TM 409, 410).
Somente poucos
meses antes da Sessão de 1893 veio esta inegável palavra:
"A igreja
primitiva foi enganada pelo inimigo de Deus e do homem, e a apostasia foi
trazida às fileiras daqueles que professavam o amor de Deus; e hoje, a menos
que o povo de Deus desperte do sono, será apanhado desprevenido pelos enganos
de Satanás. . . .
"Os dias
em que vivemos são solenes e cheios de perigo. . . .
"Sem a
iluminação do Espírito de Deus, não seremos capazes de discernir a verdade do
erro, e cairemos sob as tentações e enganos magistrais que Satanás acarretará
sobre o mundo." (RH, 22 de
novembro de 1892).
O inimigo
empregaria a sua habilidade para "tentar todo engano possível",
apresentando o erro no disfarce de verdade presente, de modo que não seríamos
"capazes de discernir a verdade do erro". Os delegados atravessariam
uma linha divisória oculta e fatal na Assembléia de 1893. Poucos meses antes de
reunir-se, a mensageira do Senhor escreveu ao presidente da Associação Geral de
seu exílio australiano:
"Desejo
apelar aos nossos irmãos que se reunirão na Assembléia da Associação Geral que
atentem à mensagem dada aos laodiceanos. Que condição de cegueira é a deles;
este assunto [a mensagem de 1888] tem sido trazido a vossa atenção vez após
vez; mas vossa insatisfação com vossa condição espiritual não tem sido
suficientemente profunda e penosa para operar uma reforma. . . A culpa de
engano próprio jaz sobre nossas igrejas. A vida religiosa de muitos é uma
mentira. . .
"Tenho
profundo sofrimento de coração porque tenho visto quão prontamente uma palavra
ou acção do Pastor Jones ou Pastor Waggoner é criticada. . . Cessai de observar
vossos irmãos com suspeita. . . Há muitos no ministério que não têm amor por
Deus ou por seus semelhantes. Estão adormecidos, e enquanto dormem, Satanás
está semeando o seu joio."
(Carta O19, 1892).
Vários escritores
têm comparado a experiência do antigo Israel em Cades-Barnéia com nossa
história de 1888. Mas não tem sido reconhecido que a Assembléia de 1893 é um
moderno correspondente da tentativa de Israel após Cades-Barnéia de subir e
capturar a "terra prometida". Israel estava sob a falsa excitação e
entusiasmo de um arrependimento superficial, e a moderna reedição está
transparentemente documentada no próprio Bulletin [Boletim] de 1893:
Calebe e Josué
levaram esta mensagem a Israel:
"Se o
Senhor se agradar de nós, então nos fará entrar nessa terra, e no-la dará;
terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e
não temais o povo dessa terra. . . . O Senhor é connosco. . . . Apesar disso
toda a congregação disse que os apedrejassem." (Números 14:7-10;
comparar com 5T 383).
"Em 1888
na Conferência Geral realizada em Minneapolis, Minnesota, o anjo de Apocalipse
18 desceu para fazer sua obra, e foi ridicularizado, criticado e rejeitado, e
quando a mensagem que ele trouxer novamente, alargar-se num alto clamor, será
novamente ridicularizada, criticada e rejeitada pela maioria." E.G.White in
Taking Up a Reproach. Também encontrado em Some History, Some
Experience, Some Facts, p. 1, por A.T.Jones.
"Vi que
Jones e Waggoner tiveram sua contrapartida em Josué e Calebe. Como os filhos de
Israel apedrejaram os espias com pedras literais, vós apedrejastes esses irmãos
com pedras de sarcasmo e ridículo. Vi que vós voluntariamente rejeitastes o
que sabíeis ser a verdade. Apenas porque ela era por demais humilhante para a
vossa dignidade. Vi alguns de vós em vossas tendas arremedando e fazendo
toda a sorte de galhofas desses dois irmãos. Vi também que se tivéssemos aceito
a mensagem deles teríamos estado no reino após dois anos daquela data, mas
agora temos de retornar ao deserto e ficar 40 anos." E.G.White,
Escrito de Melbourne, Austrália, 09.05.1892.
Mais tarde, após
evidenciar-se que o povo tinha verdadeiramente se rebelado, o Senhor foi
forçado a decretar um retorno ao deserto: "Tereis experiência do Meu
desagrado". Mas Israel supunha que sua confissão superficial
("havemos pecado"), e seu arrependimento superficial ("e o povo
se contristou muito") haviam assegurado uma reversão da sentença divina, e
que podiam agora prontamente vencer os seus inimigos.
Em seu entusiasmo,
eles interpretaram fora de contexto a mensagem anterior dos dois espias fiéis: "O
Senhor é connosco; não os temais". O povo presumia que isso ainda
seria verdade após um arrependimento superficial ter deixado sua persistente
rebelião sem ser afectada. Julgando que o Senhor estava ainda "com"
eles, e sem contrição, presunçosamente se lançaram no que confiantemente
julgavam seria a sua experiência de "alto clamor" para conquistar
Canaã.
Moisés tentou
dissuadi-los, dizendo-lhes que a mensagem que Caleb e Josué lhes deram antes de
sua rebelião não mais se tratava de verdade presente. "Não subais, pois o Senhor
não estará no meio de vós", ele clamou (verso 42).
O esforço de
Israel foi um desastre. Na verdade, o Senhor não estava com eles na conquista
de Canaã. Mas Ele não os iria esquecer. Ainda estaria com eles num programa de
cansativo e desgastante jornada pelo deserto até que a geração inteira de
descrentes perecesse. Assim, finalmente eles volveram-se.
O entusiasmo
despertado ao final da Assembléia da Associação Geral de 1893 não representou a
"vitória máxima" da mensagem da justiça de Cristo que tínhamos
suposto. Antes, foi claramente uma falsa excitação sem verdadeira contrição e
arrependimento. Nossa história tem demonstrado que foi um fracasso, pois o alto
clamor não se manifestou após aquela reunião.
A Igreja
Adventista do Sétimo Dia é verdadeiramente o moderno Israel e o Senhor tem
estado connosco. Ele não nos esqueceu mais do que teria esquecido o povo de
Israel em Cades-Barnéia. Mas Ele tem estado connosco como uma coluna de nuvem
de dia e um pilar de fogo à noite em décadas de cansativo jornadear pelo
deserto, não num programa de conquista de "Canaã" no poder do
"alto clamor". Essa experiência é ainda futura para a igreja
remanescente, assim deixada por nossa descrença no passado. O propósito de Deus
teve que ser alterado.
Precisamos
considerar a evidência em registro.
Os Estudos de
A. T. Jones
Os vinte e quatro
estudos de A. T. Jones sobre "A Mensagem do Terceiro Anjo" não
apresentam indícios de que ele fosse uma pessoa amarga, argumentativa ou um mau
cristão.
O seu estilo era a
própria simplicidade, e sua metodologia era a essência da bondade fraternal.
Ele nunca se elevou acima das pessoas e sempre falava de "nossas"
falhas, "nossa" descrença, "nossa" necessidade do Senhor e
com frequência incluía-se especificamente como sendo o mais necessitado e o
mais desamparado.
Lemos os seus
sermões em vão procurando evidência para apoiar as acusações de nossos
historiadores de que ele era "neurastênico", "dava justa causa
para ressentimento", era de uma "personalidade . . . polemista",
"crítico", despertava "rancores" de personalidade, era
arrogante ou fazia "declarações extremadas" ou "pronunciamentos
místicos". Esses escritores tinham inventado essas idéias, ou, na melhor
das hipóteses, haviam distorcido a verdade. O falso julgamento tem sido
oficialmente publicado a respeito de um humilde servo a quem o Senhor
identificou como "Seu mensageiro".
Seus sermões de
1893 estão relatados no Bulletin aparentemente sem omissões ou mudanças
editoriais. Uma re-impressão apropriada publicada pela Associação Geral e pelo
Seminário de uma seleção desses vinte e quatro sermões convenceria muitos
dentre nosso povo hoje de que ali está o mais simples e inspirador ensino da
"tereira mensagem angélica em verdade" que temos ouvido por um
século. A actuação do Espírito Santo é evidente.
Falando de
Mineápolis, ele revelava uma mente humilde. Reconhecia a necessidade de falar
francamente, mas é difícil ver como alguém podia ter levantado a questão com
maior tato, mais bondade, mais amor, do que ele fez.
O secretário da
Associação Geral, Dan T. Jones, escreveu a um amigo sobre ele: "Sua
pregação prática parece muito terna e sente profundamente tudo quanto diz"
(carta a J. W. Watt, 1º de janeiro de 1889). Em 1890 Ellen White também disse
que se alegrava com o seu espírito humilde: "O irmão Jones falou com muita
clareza, contudo de modo terno" com respeito ao evento de 1888 (Carta 84,
1890).
Agora ela estava
exilada na Austrália e Waggoner fora para a Grã-Bretanha; Jones é deixado
virtualmente só:
"E agora
vimos . . . ao estudo desta parte do assunto que vos afecta directamente como
indivíduos. . . . Para mim esta lição e a próxima são as mais temíveis de todas
a que tenho me dedicado. Não as escolhi, e as temia . . . mas . . . não adianta
que . . . consideremos estas coisas levianamente . . . com olhos fechados,
ignorando qual é a nossa condição. . . .
"Peço-vos
agora, para início, que não me situeis aqui como alguém separado de vós, e
acima de vós, como se eu estivesse falando de cima para baixo, excluindo-me das
coisas que podem ser apresentadas. Estou convosco em todas essas coisas. Eu,
convosco, tão certamente e na mesma proporção, careço de estar preparado para
receber o que Deus nos tem concedido, como qualquer outra pessoa sobre a face
da terra. Assim vos peço que não me separeis de vós nesta questão. E se virdes
faltas que haveis cometido, verei faltas que eu tenho cometido, e, por favor,
não me culpeis como se eu vos estivesse julgando, ou achando falta em vós. . .
O que desejo, irmãos, é simplesmente buscar a Deus convosco, de todo o coração
(Congregação -- "amém") e fazer tudo o mais sair do caminho, para que
Deus possa nos dar o que Ele tem para nós." (GCB 1893, pp. 164, 165).
Os seus ensinos
eram claros, sem inclinações ao misticismo ou extremismo. Se para nós hoje
parecem incomuns, é porque temos há tanto empregado espadas cegas que a espada
nua da Palavra e do Espírito pode parecer especialmente aguda.
Suas declarações
com respeito a obras eram equilibradas. Não foi senão após essa assembléia (9
de abril) que Ellen White achou necessário adverti-lo contra um potencial para
declarações extremadas sobre o tema de fé e obras. (E é após esta carta
que encontramos seu mais entusiástico endosso de suas mensagens sobre fé e
obras). Observem sua clareza e equilíbrio em 1893:
"Digo
novamente, que em todos os casos aquele que crê em Jesus Cristo mais plenamente
trabalhará mais plenamente por Ele.
"Agora
vejamos esta palavra, e isso será o mais próximo possível que eu poderia
atingir para toda a questão esta noite: Steps to Christ [Vereda de
Cristo], pág. 79 [edição original de 1892]: 'O coração que repousa mais
plenamente em Cristo será o mais zeloso e activo no trabalho
por Ele'. Amém. (Congregação: 'Amém') . . . Não penseis que o homem que declara
que repousa plenamente em Jesus Cristo é um acomodado física ou
espiritualmente. Se ele revela essa característica de acomodação em sua vida,
não está repousando em Cristo em absoluto, mas em seu próprio eu. . . Essa é a
fé que vos trará o derramamento da chuva serôdia." (GCB 1893, p. 302; ênfase do original).
Ele também foi
claro no relacionamento da lei e evangelho. Isso significava que entendia o
verdadeiro arrependimento, em contraste com as concepções fatais que são
populares hoje. É um trágico erro presumir que as confissões superficiais
resultam em todos os nossos pecados serem lavados e eliminados automaticamente,
e que essas convicções do Espírito Santo de pecado mais profundo derivam do diabo
e devem, portanto, ser repelidas. Observem esta clara verdade:
"Quando o
pecado é-vos assinalado, dizeis: 'Eu preferiria ter a Cristo do que a isso'. E
que assim seja. (Congregação: 'Amém'.) . . . Então . . . onde está a
oportunidade para qualquer um de nós ficar desanimado com respeito aos nossos
pecados? Agora, alguns dos irmãos aqui têm feito exactamente isso. Chegam aqui
livres; mas o Espírito de Deus suscitou algo que nunca viram antes. O Espírito
de Deus foi mais a fundo do que jamais fora antes, e revelou coisas que nunca
haviam visto antes; e daí, em vez de serem gratos ao Senhor de que isso assim
era, e deixar que toda a malignidade se fosse, e serem gratos a Deus por
obterem Dele muito mais do que jamais haviam obtido antes, começaram a desanimar-se.
. . E não obtiveram nenhum bem das reuniões dia após dia.
"Se o
Senhor houvesse trazido à tona pecados de que nunca pensamos antes, isso apenas
mostra que Ele descerá às profundezas, e finalmente alcançará o fundo; e quando
encontrar a última coisa que é impura ou contaminada, que está fora de harmonia
com a Sua vontade, e trouxer isso às claras, e revelar-nos isso, e dissermos:
'Eu prefiro ter o Senhor a isso' -- então a obra estará completa, e o selo do
Deus vivo pode ser fixado sobre esse caráter. . .
"O que
preferireis ter, a plenitude perfeita e completa de Jesus Cristo, ou ter menos
do que isso, com alguns de vossos pecados acobertados, dos quais nunca tivestes
conhecimento? . . . Assim Ele tem que cavar fundo aos pontos mais profundos de
que jamais sonhamos, porque não podemos compreender os nossos corações. . .
Deixemos que Ele vá adiante, irmãos; deixemos que Ele continue Sua obra de
pesquisa." (ibid., p.
404).
Observem a clara
concepção do orador de que Satanás controla a mente natural a menos que haja
uma crucifixão do eu com Cristo. "A ofensa da cruz" estava presente.
Uma breve ilustração de suas assinaladas aplicações deve ser suficiente para
revelar que houve uma mensagem genuína, um chamado à união com Cristo mediante
a crucifixão do eu com Ele na cruz:
"Temos a
palavra aqui de que essas coisas estão entre vós: ambição por posição, ciúme de
posição, e inveja de condição; essas coisas estão entre vós. Agora é chegado o
tempo de pô-las de parte, . . . para que cada um descubra quão baixo pode ir
aos pés de Cristo, e não quão alto na Associação, ou na estima dos homens, ou
quão elevado na Comissão da Associação, ou na Comissão da Associação Geral. . .
. Não faz diferença quanto isso custe; isso nada tem a ver com o facto."
(ibid., p. 166).
Ligado a esse
solene apelo por arrependimento estava a repetida garantia de uma alegria
profunda e sólida no Senhor. Não havia extremos de emocionalismo evidente, mas
lágrimas de contrição foram derramadas. Foi uma obra sólida e genuína do
Espírito Santo que A. T. Jones apresentou na assembléia de 1893.
Provavelmente
nunca houve em nossos 100 anos de história uma mensagem mais bela apresentada
numa sessão da Associação Geral, tão profundamente ditada pelo Espírito Santo
sob um pilar de fogo pairando acima e uma nuvem que sinalizava o avanço para o
cumprimento escatológico.
Mas fanatismo
manifestou-se próximo do encerramento da assembléia, introduzida por alguém
outro que não A. T. Jones.
9. Uma Falsa
Justificação Pela Fé: Semeando a Semente da Apostasia
(A Assembléia
da Associação Geral de 1893, Parte II)
A rejeição da luz
de 1888 abriu o caminho para que falsas idéias entrassem sob o disfarce de
justificação pela fé. De facto, se nos volvermos do genuíno, nada pode impedir
que acatemos o falsificado.
Antes de apresentar
a evidência de tais concepções erradas, Jones lembrou à assembléia de 1893 a
rejeição da luz em Mineápolis, e daí em diante por quatro anos. A seguir
mostrou como a mente dedicada ao eu se torna a mente de Satanás. Ele analisou o
seu desenvolvimento através do paganismo até as sutilezas do romanismo. Há dois
tipos de justificação pela fé -- uma verdadeira e uma falsificada:
"Temos
descoberto . . . que quando o cristianismo veio ao mundo essa mesma mente
carnal apanhou uma falsificação daquela e se cobriu -- a mesma mente carnal --
com uma forma de cristianismo, e a chamou de justificação pela fé quando era
inteiramente justificação pelas obras, -- a mesma mente carnal. Isso é o
papado, o mistério da iniquidade." (GCB, 1893, p. 342).
A seguir ele analisou
o desenvolvimento da mente do eu no espiritismo moderno, demonstrando como esse
engano exaltaria o mesmo amor do eu. Ele até parecia ter o embrião de uma
concepção do espiritualismo como um falso Espírito Santo, uma idéia avançada
para o seu tempo mas óbvia em nossos dias de carismatismo:
"Quanto
mais próximo estamos da segunda vinda do Salvador, mais plenamente o
espiritismo estará professando a Cristo. . . O próprio Satanás . . . vem como
Cristo; ele é recebido como Cristo. Assim, pois, o povo de Deus deve estar bem
familiarizado com o Salvador de que nenhuma profissão do nome de Cristo será
recebida ou aceita onde não seja a coisa natural, genuína." (loc.
cit.).
Somente
deixando-se a mente do eu ser crucificada com Cristo, tornando possível uma
permanência da mente de Cristo, poderia a igreja remanescente reconhecer tal
engano tão monstruoso e, contudo, sutil:
"Então,
conquanto essas pessoas citem as palavras de Cristo, é tudo um engano. Vocês
sabem que [O Grande Conflito] nos fala que quando o próprio Satanás vem
com palavras graciosas que o Salvador proferiu, ele as proferirá com muito do
mesmo tom, e as transmitirá àqueles que não têm a mente de Cristo. Irmãos, não
há salvação para nós, não há segurança para nós, não há remédio para nós em
absoluto, mas ter a mente de Cristo." (ibid., p. 343).
A mente do eu
sendo crucificada "com Cristo" de modo algum reduz o respeito
próprio, mas o fortalece mediante a união com Cristo. Havia uma concepção
errada de justificação pela fé já evidente em 1893, após a rejeição "em grande
medida" da genuína (cf. 1 SM 234, 235). Verdadeiramente, é um princípio
que "os que em alguma medida foram cegados pelo inimigo . . . estarão
inclinados a aceitar uma falsidade" (Special Testimonies
[Testemunhos especiais], Série A., pp. 41, 42; ênfase acrescentada). Jones
desmascarou a falsidade:
"Alguns
desses irmãos, desde a assembléia de Mineápolis, que eu próprio tenho ouvido
dizerem "amém" à pregação, a declarações que eram inteiramente pagãs,
e não sabiam que não se tratava da justiça de Cristo. Alguns desses que se
posicionaram tão abertamente contra isso naquela época, e votaram com mãos
levantadas contra ela 1, . . . desde aquele tempo tenho ouvido dizerem
"amém" a declarações que eram aberta e decididamente papais como a
própria igreja papal pode declará-las. Isso eu apresentarei aqui numa destas
lições, e chamarei vossa atenção à declaração da Igreja Católica e sua doutrina
de justificação pela fé. . . . Diz alguém: "Eu pensei que criam em
justificação pelas obras". Eles o fazem e não crêem em nada mais; mas o
transmitem sob o nome de justificação pela fé. E não são as únicas pessoas no
mundo que fazem assim." (GCB 1893, p. 244).
"Possuo
aqui um livro intitulado 'Crença Católica'. . . .
"Que você
pode ter as duas coisas -- a verdade da justificação pela fé, e a falsidade
dela -- lado a lado, lerei o que isto declara, e depois . . . Steps do
Christ [Vereda de Cristo]. . . Desejo que vejam o que é a idéia Católica
Romana de justificação pela fé, porque tenho deparado com isso entre professos
adventistas do sétimo dia nos últimos quatro anos. . . Essas . . . mesmas
expressões que estão neste livro católico, quanto ao que é justificação pela fé
e como obtê-la, são exactamente como certas exposições que professos
adventistas do sétimo dia têm-me feito do que é a justificação pela fé. . .
"Esta é
justificação pela fé. Essa outra coisa é justificação pelas obras. Esta
é de Cristo; aquela é do diabo. Uma é a doutrina de justificação pela fé de
Cristo; a outra é a doutrina de justificação pela fé do diabo." (ibid., pp. 261, 262).
Jones via que a
essência do romanismo é a adoração própria -- assuma a forma que for. Qualquer
ensino especioso de justificação pela fé, mesmo ostensivamente por um agente
adventista do sétimo dia, que exalta a mente pecaminosa do eu, é em realidade
um ramo que cresce do romanismo e espiritismo:
"Essa é
justificação pela fé; essa é uma fé que opera, graças ao Senhor, -- não uma fé
que crê em algo muito distante, que mantém a verdade de Deus no pátio exterior,
e daí busca por seus próprios esforços compensar a deficiência. Não, mas a fé
que . . . por si mesma está operando; ela traz em si um divino poder. . .2
"Isso é o
suficiente para mostrar que a doutrina papal de justificação pela fé é a
doutrina de Satanás; é simplesmente a mente natural dependendo do eu, operando
mediante o eu, exaltando o eu; e daí cobrindo tudo com uma profissão de crença
. . . mas não tendo poder nenhum de Deus." (ibid., pp. 265, 266).
Uma contrafação
ainda mais sutil foi exposta. O The Christian's Secret of a Happy Life
[O segredo do cristão para uma vida feliz], de Hannah Withall Smith, era um
livro imensamente popular com data de copyright de 1888. Ele apresentava
virtualmente um conceito desprovido de cruz de justificação pela fé, arrependimento
ou contrição, sem qualquer conceito claro da expiação sobre a cruz, nem de um
Salvador pessoal que está próximo, como Ele é apresentado na mensagem de 1888.
Sua justificação pela fé é uma filosofia de "verdades que subjazem todas
as teologias . . . [e] se ajustam a todo credo. . . . É dessa religião absoluta
que meu livro busca tratar" (Prefácio da edição de 1888).
Fenelon, um
místico católico romano da corte de Luis XIV da França, que gastou as energias
de sua vida buscando converter protestantes de volta a Roma 3. O resíduo da fé
desvitalizada de Smith foi denominado "confiança em Cristo". Uma vez
ocorra a "submissão", a alma deve assumir que está "salva",
e qualquer convicção enviada pela verdadeira advertência do Espírito Santo em
contrário deve ser instantaneamente repelida por uma repetida afirmação
psicológica de que tudo está bem.
Alguns dentre o
nosso povo haviam estado lendo o livro de Smith e equivocadamente presumiam que
continha a essência de nossa mensagem de 1888. Estavam declarando que Jones e
Waggoner obtiveram sua luz disso. Jones sentiu o perigo fatal e tratou de
acertar as coisas:
"Tenho
visto essa mesma coisa operando doutro modo. Existe esse livro sobre o qual
muitos realçam bastante, The Christian's Secret of a Happy Life. . .
Desejo que todos vocês entendam que há mais do segredo do cristão de uma vida
feliz na Bíblia do que em dez milhares de volumes desse livro. . .
"Ouvi
certa vez . . . que obtive minha luz desse livro. Há o Livro do qual obtive o
meu segredo do cristão para uma vida feliz [erguendo a Bíblia] e este é o único
lugar. E a tive antes de jamais ter visto o outro livro, ou ter sabido que ele
existia." (GCB 1893, pp. 358,
359).
Prescott
apresentou uma série de sermões sobre "A Promessa do Espírito Santo".
Reconhecia que um sério engano havia sido cometido em Mineápolis quatro anos
antes. Ele havia assistido àquela assembléia com preconceito em favor de Urias
Smith e Butler e contra A. T. Jones e sua mensagem. Após a assembléia de
Mineápolis, havia até tentado barrar Jones de falar no Tabernáculo de Battle
Creek. Ele havia mais tarde privadamente confessado ter tomado uma posição
errada em companhia da maioria dos irmãos 4. Contudo, em seus longos estudos
durante a assembléia de 1893 ele não deu qualquer indicação de que estivera do
lado errado, ou de que tal confissão teria sido necessária.
Conquanto Jones
expressasse o princípio da culpa corporativa, falando da mensagem que "nós
ali rejeitamos" (pp. 165, 183) embora sendo um dos mensageiros, Prescott
postou-se como se fosse alguém que sempre tinha estado do lado certo. Uma
confissão honesta e humilde de sua parte teria feito maravilhas para abrir o
caminho para a operação do Espírito de Deus na sessão de 1893, mas isso nunca
foi expresso.
Em vez disso, ele
se identificou destacadamente com Jones como alguém que compartilhava sua
comissão divina especial. Talvez Jones ingenuamente o convidou para ajudar,
pois sem dúvida sentia-se sozinho defendendo a mensagem de 1888 com Ellen White
e Waggoner, ambos exilados no exterior.
Os sermões de
Prescott precediam aos de Jones cada noite. Quando Jones estava falando ele
tinha a ousadia de interrompê-lo para introduzir idéias ou citações, ou mesmo
exortações à audiência. Com um espírito menos manso e de menor apelo, ele
veemente e severamente requeria que os irmãos se consertassem.
É penoso observar
certa soberba de maneiras e impaciência de apelo. A diferença sutil de
temperamento dificilmente daria certo na cicatrização de feridas. O seu
espírito contrastava-se em grande medida com o de Jones cujo senso de
arrependimento coletivo 5 o capacitava a compartilhar a culpa da rejeição da
mensagem. Os sermões de Prescott não dão evidência dessa humildade. Observem
como um espírito hierárquico, estranho à mensagem de 1888 se desenvolveu:
"Agora o
solene pensamento que me vêm à mente é de que [Deus] está ficando impaciente, e
não esperará muito mais por ti e por mim. Desejo que vejam isso claramente. . .
. Novamente digo, estou extremamente ansioso com essa situação. . . . Não digo
a ninguém, mas algo precisa ser feito, algo diferente deve vir a nós, em
comparação com o que tem vindo nesta Assembléia ainda, o que é seguro. . .
"É por
isso que nós [!] instamos-vos a aceitardes a justificação, porque o Espírito
ali está. Não vedes?" (GCB 1893,
pp. 386, 387).
O facto de que
Prescott tão extrovertidamente fez-se colega especial de Jones haveria
naturalmente de confundir as mentes dos delegados e da congregação a pensarem
que esse era o espírito do movimento de reavivamento de 1888, quando não
era:
"Não há
nada que minha alma anseie mais do que ver o baptismo do Espírito repousando
sobre os cultos de Deus neste tempo. . . . Devemos ter experiências como as de
remover olhos e cortar fora mãos direitas. Todos que desejam essa experiência
querem estar prontos para dar tudo, mesmo a própria vida, a Deus. (Murmúrios de
"amém"). E devemos nos lembrar de que é mais fácil dizer
"amém" do que fazer o que Deus diz.
". . .
Qual, então, é o nosso dever neste tempo? É sair e proclamar a mensagem do
ALTO clamor ao mundo. . .
"Senhor
por muito tempo tem estado esperando para conceder-nos o Seu Espírito. Ele
mesmo agora impacientemente está a esperar que possa concedê-Lo a nós. . .
"Agora uma
obra que será maior do que no Pentecoste começou, e há aqueles aqui que a verão.
É aqui, é agora que devemos adequar-nos para a obra." (ibid., pp. 38, 39; ênfases do original).
Prescott não
sentia o sublime conceito da motivação de 1888 -- que a verdadeira fé
neotestamentária "opera por amor". O impacto de suas mensagens de
1893 revertia à motivação egocêntrica de obras, "devemos fazer isto
ou aquilo". Num espírito quase frenético ele argumentava com a congregação
para fazer algo, agir, trabalhar (temos ouvido a repetição disso agora por mais
de um século). Em contraste, Jones apela à congregação para crer em algo
-- no evangelho; e assegura que a verdadeira fé produzirá todas as obras e acções
que terminarão a obra de Deus.
Ao ler os sermões
de Jones, não se acha exemplo de severidade ou grosseria. Mas Prescott deixa
uma impressão bem diversa:
"Digo que
se jamais houve um grupo carente, é este. . . .
"Agora
estou perfeitamente ciente de que estou falando com grande clareza. . . . Se
não fazemos desta uma questão de fervorosa oração, digo que simplesmente
significará morte para você e para mim. . . . Não adianta seguir por este
caminho mais, e meu conselho é o de maior solenidade para todos quantos não
podem sair agora imbuídos com o poder do alto e portar esta luz do céu, e
realizar a obra que Deus tem que realizar agora, permanecei em casa. . .
"Agora eu
sei que isto é muito severo. Mas digo-vos, irmãos, algo deve vir-nos, algo deve
dominar-nos. . . .
"A questão
é, que faremos a respeito? O que você e eu faremos a respeito disso aqui mesmo,
agora, nesta Assembléia?. . . Novamente eu digo, o que iremos fazer a respeito
disso? (ibid., p. 67).
"Os servos
de Deus sob esta mensagem sairão com faces iluminadas com um santo gozo e santa
consagração. Desejo ver esses irmãos saindo dessa maneira; desejo ver suas
faces iluminadas como a de Estêvão quando estava no concílio." (ibid., p.
389).
"Agora
digo com toda sinceridade que poderíamos igualmente decidir aqui e agora, antes
de darmos qualquer passo adicional, enfrentar a morte . . . A menos que
permaneçamos exactamente nessa posição neste momento, e digamos que
renunciaremos a amigos, casas, e que nada nos separará do amor de Deus que está
em Cristo nosso Senhor, poderíamos também parar agora." (ibid.,
p. 241).
Esta triste sequência
de lamentáveis declarações revela como um espírito imperioso, fanático começou
a desenvolver-se no que era estranho à mensagem de 1888. Mas o seu
"nós" dava a impressão errada.
Prescott mais
tarde humilhou o seu coração em arrependimento pelo fanatismo que se seguiu ao
encerramento dessa assembléia, e posteriormente à essa contrição ele apresentou
boas mensagens na Austrália em 1895. Mas essas apresentações de 1893 trouxeram
confusão e impediram qualquer possibilidade de uma contrita aceitação da
mensagem. Oponentes, como Smith e Butler, naturalmente estariam prontos para
citar esse fanatismo como um exemplo -- do tipo "bem que eu lhes
disse". (Até os nossos dias, fanáticos e reformadores por contra própria
levam muitos sinceros membros da igreja a terem preconceito contra a mensagem
de 1888. Onde quer que o Senhor opera, o inimigo busca introduzir fanáticos e
"Elias" auto-designados para causar confusão). Três dias antes que
essa reunião começasse, Ellen White havia feito a advertência através da Review
and Herald:
"Satanás
está operando com todo o seu poder insinuante e enganoso. . . Quando o inimigo
vir que o Senhor está abençoando o Seu povo, e preparando-o para discernir os
seus enganos, ele operará com o seu poder dominante para introduzir fanatismo,
por um lado, e frio formalismo, por outro. . .
"Atentai
incessantemente . . . pelo primeiro passo de avanço que Satanás possa dar entre
nós. . . .
"Há
perigos a serem observados à direita e à esquerda. . . . Alguns não irão usar
correctamente a doutrina da justificação . . . [para serem conduzidos] a
caminhos errôneos." (RH, 24 de
janeiro de 1893).
Em seus sermões
sobre o Espírito Santo, Prescott pregava uma estranha doutrina sem o princípio
da cruz, sem idéias claras do que arrependimento é, dum modo contraditório e
confuso. Sua veemência tinha a aparência de fervor. Ele próprio estava apoiando
projectos ao mesmo tempo em que eram opostos pelo Espírito de Profecia,
conquanto indubitavelmente inconsciente de tão assinalada disparidade 6.
Ele igualmente,
como seria natural, estaria inconsciente da disparidade entre sua doutrina do
recebimento do Espírito Santo e a verdade. Uns poucos exemplos dessa confusão
ilustrarão o que aconteceu. Afortunadamente, o Boletim de 1893 tem sido
republicado de modo que os leitores interessados possam mais facilmente ver por
si próprios a evidência neles:
"O que
temos a fazer? . . . É começar a confessar nossa pecaminosidade a Deus com
humildade de alma, com profunda contrição perante Deus para ser zelosos e
arrependidos. Agora, esta é a única mensagem que posso trazer-lhes esta noite.
É tão somente isso. . . .
Isso parece soar
bem, atingindo bem a meta. Mas o problema começa a aparecer quando ele
prossegue:
"Suponham
que eu diga que nada vemos para confessar, em absoluto. Isso não afecta a
questão de modo algum. Quando Deus nos envia palavra de que somos pecadores,
toca-nos dizer que assim somos, possam vê-lo ou não. Essa deveria ser a nossa
experiência." (GCB 1893, p. 65).
Em parte alguma as
Escrituras nos dizem que Deus deseja uma confissão verbal com palavras que o
coração não sente. Isso se aproxima mais do islamismo do que do genuíno
cristianismo. "Os lábios podem expressar uma pobreza de alma que o
coração não reconhece". (COL 159). Jones reconhecia que havia perigo
em tais idéias. Com o evidente propósito de responder a Prescott ele posteriormente
declarou:
"Se o
Senhor deve remover os nossos pecados sem o nosso conhecimento, que bem nos
faria isso? Seria simplesmente transformar-nos em máquinas. Ele não se propõe a
fazer isso; consequentemente, deseja que vós e eu saibamos quando nossos pecados
se vão, para que possamos saber quando a Sua justiça vem. . . .
"Somos
sempre instrumentos inteligentes. . . . Seremos usados pelo Senhor segundo
nossa própria escolha viva." (GCB
1893, pp. 404, 405).
Um Esforço Para
Resolver o Impasse
Prescott não expressou
oposição aberta a Jones, e é certo que não houve intenção consciente disso. Mas
teria ele de facto superado sua oposição inicial à mensagem de Jones? A
evidência em suas volumosas mensagens dificilmente indicaria isso.
Certamente a
"ofensa da cruz" não havia cessado. O Espírito de Deus estava
trazendo convicção de pecado a muitos corações, e Prescott tentara encontrar
alguma maneira de receber o Espírito Santo que fosse aceitável para corações
perturbados e ainda evitar uma penosa convicção de pecado.
As pessoas sabiam
muito bem que a responsabilidade pela rejeição do início da chuva serôdia
pairava sobre a assembléia como uma nuvem. O resultado concreto dos estudos de
Prescott fora confusão, um bloqueio das ondas espirituais que perturbaram mesmo
Jones.
Prescott era
indiscutivelmente contra o pecado, mas parecia não ter clara noção de qual era
a raiz do pecado que perturbava a congregação. A verdade presente de aceitar a
chuva serôdia e proclamar o alto clamor era o seu peso d'alma. Mas como lidar com
o corrente impedimento, a culpa que pairava sobre eles pelos passados quatro
anos, parecia confundir o seu entendimento.
Algo de sua
perplexidade pode ter sido o resultado de entender a verdadeira questão, mas
temendo dizê-lo claramente devido à presença imponente dos preconceituosos
irmão dirigentes. Mesmo o profeta Jeremias teria-se "confundido" caso
houvesse permitido que os líderes de Judá o intimidassem (1:17). Quando um
orador se sente forçado a contornar uma questão, ele inevitavelmente comunica
confusão.
Finalmente, cerca
de dez dias antes do encerramento da assembléia, Prescott começou a desenvolver
um novo método de receber o Espírito Santo. Tem grande semelhança com as idéias
expressas no The Christian's Secret of a Happy Life. O que era necessário
era simplesmente um "acto de fé" em presumir que se está possuindo
o dom do derramamento final do Espírito Santo, o arrependimento específico pelo
pecado de 1888 sendo passado por alto. Parecia haver um sentimento de
desespero:
"Sinto-me
livre para dizer que comecei a sentir-me seriamente ansioso quanto à nossa obra
agora. . . . Agora por quase quatro semanas . . . temos considerado o que
impediu nosso recebimento de um derramamento do Espírito de Deus. . . . Desde
então tenho sentido que há quase uma reacção disso, e que esta obra parece
avançar muito bem connosco agora. Desejo dizer por mim mesmo que não estarei
absolutamente satisfeito se esta Assembléia passar sem um maior derramamento do
Espírito de Deus do que temos já experimentado. . . .
"Estou
extremamente ansioso quanto a esta situação; porque o tempo está passando, e os
dias se escoam livremente uns após outros. . . .
"Algo
diferente de tudo quanto se passou nesta Assembléia precisa nos advir, com
certeza. . . .
"Temos
somente cerca de dez dias para o fim da Assembléia." (GCB 1893, pp. 384, 386, 389).
Agora começa um
argumento nebuloso e dúbio que levava a audiência a entender que poderia
receber o dom da chuva serôdia por simplesmente presumir e reivindicar
que a experimentaram. Não devemos sentir que temos o poder do Espírito
Santo, precisamos saber que o temos. Tal admissão consciente não
incluirá verdadeiro auto-conhecimento nem uma consciência da profundidade de
nosso pecado, o que poderia ser perigoso e nos desencorajar:
"Observo
que muitos aqui têm de tempos em tempos pedido ao Senhor para revelar-lhes como
Ele próprio os vê; e suponho que é uma petição que o Senhor achou por bem não
nos atender. E não acredito que devamos pedir-Lhe para fazê-lo. Agora podeis
ver qual será o possível efeito quando Ele começa a mostrar-nos a nós próprios;
começar a questionar imediatamente se o Senhor nos ama ou não, e se o Senhor
pode salvar-nos ou não. . . . Não tinha qualquer idéia de meu carácter.
"Bem, o
Senhor provavelmente não começou a mostrar-nos a nós mesmos como nos vê; eu não
suponho que tenhamos qualquer idéia, ou qualquer concepção em absoluto, da
maneira como nos apresentamos à vista de Deus." (ibid., p. 445).
Assim foi ignorada
a verdadeira função da lei, e a congregação viu-se levada à confusão. Os frequentes
apelos de Ellen White por honestidade em defrontar a realidade interior foram
contornados.
O orador
parafraseava ou repetia algumas idéias que Jones havia apresentado, mas
dava-lhes uma sutil distorção para ajudar sua argumentação de que em lugar de levar
a curativa convicção do pecado, o Confortador o removia. A nuvem sobre a
Assembléia precisava ser erguida de algum modo, por qualquer meio possível.
Devemos agora presumir que sem uma necessidade para o arrependimento, Deus pode
perdoar o pecado que tem causado a confusão. Agora precisamos somente reclamar
que nossos pecados se foram. Aqui aparece o seu débito a Hannah Withall Smith:
"Mantende-vos
dizendo o que Ele diz: Não podeis errar depois. Se não o entenderdes, e não
podeis ver luz nisso, mantende-vos dizendo o que Ele diz." (ibid.,
p. 447).
Talvez a melhor
maneira de rever esta linha de raciocínio seja citar dele o seguinte:
"Agora [o
Espírito] nos convence da justiça de Deus em Cristo -- a justiça de Cristo. E
Ele nos convence de que há uma coisa maravilhosamente desejável para ter, e
então prossegue e declara que podemos tê-la, e daí que Ele nos convence de que
a temos, se O seguirmos.. . .
"O
propósito não é, eu vos convencerei de que sois um pecador, e então vos
convencerei de que estais condenados. Não, a operação do Espírito é
convencer-nos de que essa condenação foi removida." (ibid., pp. 448, 449; ênfases do original).
O problema como o
via não era a libertação pessoal do pecado, mas o erguer a nuvem que pairava
sobre a sessão devido à rejeição da chuva serôdia. Aqui estava um band-aid,
uma aspirina para nossa profunda ferida.
Sua teoria poderia
somente confundir. A trombeta não estava dando um sonido certo, e o pecado de
Mineápolis nunca foi directamente defrontado e devidamente tratado. Presumia-se
que o sentimento de culpa devia ser de origem satânica e precisava ser
vigorosamente repelido.
Assim cumpriu-se o
testemunho de 1890 de que o topo de 1888 seria cortado e as raízes deixadas
intactas (TM 467). Se qualquer verdadeira convicção devesse introduzir-nos em
corações cujas raízes ainda ali estivessem, a convicção devia ser considerada
uma obra do diabo.
Isso, logicamente,
seria o resultado lógico de uma doutrina que ensinava (1) que uma confissão
verbal generalizada de pecado inconsciente e não reconhecido era suficiente sem
os pecados serem trazidos à consciência; (2) que era errado orar por verdadeiro
auto-conhecimento; e (3) que a verdadeira obra do Espírito Santo não é trazer
uma convicção de pecado, mas remover tal convicção--directamente contrário ao
ensinamento de Cristo em João 16:8, 9.
Um quarto ponto se
seguiria logicamente em qualquer mente pensante: qualquer dúvida de que a
pessoa agora tem o Espírito Santo no poder da chuva serôdia seria uma
falta de fé em Deus. A pessoa, assim, devia presumir que a teria recebido. Essa
é a idéia que agora estava desenvolvida:
"Desejo
sentir em minha experiência que o Salvador está comigo tal como esteve com os
Seus discípulos. . . . Não desejo pensar nEle como estando simplesmente ali,
desejo pensar nEle como estando aqui. . . . Não simplesmente, eu O desejo,
mas eu O tenho." (ibid., p. 385).
Jones mais tarde
descartou tais pressuposições:
"Desse
modo, o homem que reivindica crer em Jesus, e reivindica a justiça de Deus que
sobrevém ao crente em Jesus, está apresentando uma reivindicação suficiente ...
? (Congregação: 'Não'.) . . . Bem, como o sabeis? 'Ora, sinto-o em meu
coração; sinto em meu coração, e o tenho sentido por vários anos'.
Bem, essa não é evidência de modo algum; pois 'o coração é enganoso, mais do
que todas as coisas'." (ibid., p. 414).
Mas Prescott
insistia no ponto que tinha desenvolvido:
"O ponto a
que quero chegar é, o que a impede [a chuva serôdia] agora? O que precisamos
buscar é a justiça de Cristo . . . Tenho estado pensando a respeito disso um
bocado deste modo: Se tivéssemos que suspender qualquer questionamento quanto a
um e outro, . . . e simplesmente nos sentássemos aqui como uma criança, . . .
poderíamos obtê-la. . .
"Irmãos, o
que nos impedirá de aceitá-la agora dessa forma? Nada. Então louvemos o Senhor
e digamos, eu agora a possuo." (ibid., pp. 388, 389, ênfase no original).
Assim foi
desenvolvida a doutrina popular que tinha sido pregada por várias geração de
adventistas desde 1893: recebemos o derramamento da chuva serôdia por
simplesmente presumir e reivindicar que a temos, sem conhecimento ou
arrependimento de tê-la rejeitado. Mas ela não foi recebida assim.
Jones Confuso
Jones sentia a
letargia que estava anuviando corações, e não sabia o que fazer. Ficou
praticamente sozinho, excepto quanto a seu colega auto-designado, cujos
esforços somente criavam confusão e possivelmente má vontade. Ele expressa a
sua apreensão:
"Irmãos,
estamos numa temerosa posição aqui nesta Assembléia. É simplesmente terrível.
Eu o disse uma vez antes, mas reconheço isso esta noite mais do que então o
fiz. Não posso evitá-lo, irmãos. . . Nenhuma alma dentre nós jamais pode sonhar
que resultados temíveis pairam sobre os dias que aqui se esvão." (ibid.,
346).
Durante seus dois
últimos ou três estudos, encontramo-lo evidenciando desconforto ao citar
Prescott. Cansado e perplexo, ele parecia volver-se a ele e ecoar seus confusos
pensamentos.
Ambos deixaram de
reconhecer uma realidade fundamental: a chuva serôdia precisa ser retirada e o
moderno Israel deve tornar a errar no deserto "muitos anos mais" (Ev
696). Ambos presumiram que nada poderia impedir a conclusão da obra de Deus em
sua geração. Portanto, presumiram que devem seguir avante a despeito de
oposição e rejeição. A idéia de Prescott era essencialmente a do calvinismo
popular -- o despertador divino havia soado a hora e era impossível para a
Sua soberana vontade ser impedida pela descrença de Seu povo. Agora
encontramos Jones repetindo as exigências extremas de Prescott:
"Digo
novamente que a mensagem ali nos dada é a mensagem para vós e para eu levar
desta assembléia. E quem quer que não leve esta mensagem consigo desta
assembléia melhor é que não vá . . . . Melhor seria que esse ministro não
saísse de seu lugar como um ministro." (ibid., p. 495).
Em breve ele
estava fazendo proposições insensatas e formulando perguntas que melhor seria
terem sido deixadas de lado:
"Tem Ele
vos dado a luz do conhecimento de Sua glória? (Congregação: "Sim".) Tem
mesmo? (Congregação: "Sim") . . .
"Então
esse Espírito tem vindo àqueles
que podem olhar para face de Jesus Cristo."
Poucos minutos
depois, "por permissão do orador, Prof. Prescott leu o seguinte: 'Levantai
os olhos pela fé, e a luz da glória de Deus brilhará sobre vós'". Jones
prosseguiu:
"Agora,
com a força acumulada de um exercício de quatro anos, Deus o apresenta a Seu
povo. A proposição novamente é: 'Ergue-te, resplandece, porque a luz é vinda, e
a glória do Senhor se levantou sobre ti'. Quem o fará? Quem o fará? (Numerosas
vozes: 'Eu o farei'.) Muito bem! Por quanto tempo o fareis? (Vozes: 'Sempre'.)
. . .
"Então,
'Levanta-te, e resplandece, porque o luz é vinda, e a glória do Senhor levantou-se
sobre ti." (ibid.,
pp. 496, 497).
Se a chuva serôdia
devesse realmente sair com poder, seguir-se-ia que grandes mudanças teriam
lugar na igreja. Agora encontramos Jones, apoiado por Prescott, fazendo
profecias desafortunadas que nunca ainda se cumpriram. Algum dia suas palavras
devem cumprir-se, mas não tiveram cumprimento naquela geração:
"Eis a
mais bendita promessa que, segundo me consta, já foi dada à Igreja Adventista
do Sétimo Dia. 'Pois doravante não virá a ti o incircunciso e o impuro'. Graças
ao Senhor, Ele nos tem livrado doravante de pessoas não convertidas; de pessoas
trazidas à igreja para operar sua própria injustiça, e para criar divisão na
igreja. As provações da Igreja todas desapareceram, graças ao Senhor; todos os
tagarelas e perturbadores se foram. . . .
"'Não mais
virá a ti o incircunciso e o impuro'. . . .
"Não há
lugar na Igreja Adventista do Sétimo Dia para hipócritas. Se o coração não é
sincero, é o lugar mais perigoso em que o homem jamais pôde achar-se. . . .
"Irmãos,
esta é a mensagem para agora . . . e aquele que não a pode levar não devia ir.
Oh, não vá. . . . Que ninguém vá sem a consciência daquela presença íntima--o
poder do Espírito de Deus. (ibid.,
p. 461).
Prescott
entusiasticamente predisse a manifestação dos dons do Espírito, obviamente
estendendo o dom de profecia a outros além do autêntico agente que se achava na
Austrália:
"Mas agora
no encerramento da obra de Deus, . . . os dons reaparecerão na igreja. E Deus
não pretende, como me parece, que esses dons estejam limitados a apenas uma
pessoa aqui, ou talvez outra ali, e que seja algo raro que qualquer dom
especial seja manifesto em alguma igreja. . . . Dons de cura; operação de
milagres; profecias; interpretação de línguas; -- todas essas coisas serão
manifestas novamente na igreja." (ibid., p. 461).
Vieram esses
maravilhosos dons? Houve profecias de certo tipo após essa sessão, e tanto
Prescott como Jones foram enganados pelas desafortunadas alegações de uma tal
Anna Rice Phillips. O fanatismo foi inevitável, pois o alto clamor da
mensagem do terceiro anjo não se manifestou após a assembléia de 1893.
Tão entusiasmado
estava Prescott que predisse que alguns sairiam agora literalmente para
levantar os mortos:
"Desejo
dizer-vos que há pessoas bem aqui nesta casa que passarão por essas mesmas
experiências; serão retiradas da prisão pelo anjo do Senhor para ir e proclamar
a mensagem; curarão os enfermos, e levantarão também os mortos. Agora isso
ocorrerá bem nesta mensagem. . . Precisamos crer nestas coisas tão simplesmente
como uma criancinha nelas crê." (ibid., p. 386).
O tempo e a
história têm revelado que essas predições são falsas, certamente no que
concerne à Igreja como corporação. O pressuposto de que se tinham agora
apropriado da chuva serôdia do Espírito Santo teria maior peso de verdade?
As Prediçoes de
Apostasia de Prescott
Prescott não
estava tão certo de sua doutrina naquela assembléia, e fez uma série de
estranhas, mas significativas referências a tornar-se enganado por um falso
Cristo:
"Agora,
digo àqueles que têm estado no ministério, e que têm estado ensinando Cristo às
pessoas e não hoje à noite não podem dizer a diferença entre a voz de Cristo e
a voz do diabo, é tempo para pararmos e aprendermos a voz de Deus. . . . Mas
ainda perguntais: 'Como conhecerão Sua voz?' Não vos posso dizer. . .
"Iremos
tão certamente, vós e eu, a despeito de toda a luz que temos tido sob esta
obra, ser desviados. O facto é que mudaremos líderes e não o sabemos, a menos
que tenhamos o Espírito de Deus connosco. . . . Iremos indispor-nos contra esta
obra, contra o poder de Deus." (ibid.,
p. 108).
Ele parecia não
conhecer um meio claro de reconhecer a verdade do erro, excepto pelo que chamou
de "o Espírito". O que ele não tornou claro foi como distinguir
"o Espirito da verdade" do "espírito do erro":
"A
promessa foi de que o espírito de verdade viria,--o Espírito de verdade,
-- O ESPIRITO DE VERDADE. . .
"Haverá
todo vento de doutrina soprando, todo esforço feito para introduzir -- não de
um modo aberto, mas numa maneira disfarçada, numa maneira que não
reconheceremos de nossa própria sabedoria -- princípios... para enganar se
possível . . . . O esforço será feito para introduzi-las como verdade, e
ocultá-la sob a vestimenta de verdade . . . e induzir-nos a fazer concessões
com o erro sem o saber." (ibid.,
p. 459, ênfases do original).
Falando uma vez
daqueles com "olhos cegados entre nós", ele declarou: "Quem sabe
se isso significa eu ou não?" (p. 237). Finalmente ele disse à assembléia
que a questão que os deparava era serem trasladados ou enganados pelos ardis de
Satã:
"Não posso
afastar-me da idéia de que esta é uma ocasião extremamente crítica connosco
pessoalmente. . . . Parece-me que exactamente agora estamos fazendo escolhas
que determinarão se prosseguiremos com esta obra mediante o alto clamor para
ser trasladados, ou se seremos enganados pelos ardis de Satanás e ser deixados
de fora, em trevas." (ibid., p. 386).
Eles não foram transladados;
disso estamos certos. Teriam, então, sido "enganados pelos ardis de
Satanás?"
A década que se
seguiu a essa conferência foi sombria. O fogo destruiu a sede da igreja em
Battle Creek como um divino julgamento. O panteísmo afectava líderes
destacados. E mais de dez décadas se desenrolaram sem termos recebido a
graciosa bênção que os Céus tentaram conceder-nos em 1888.
Conclusão
A sessão da
Associação Geral de 1893 assinalou o próximo fim da era 1888. O Senhor retirou
a possibilidade da chuva serôdia, bem como do alto clamor. Os irmãos da época
assim o reconheceram, e a história tem-no demonstrado. Um falso entusiasmo enfactuou
o encerramento da Assembléia de 1893. E Jones foi enganado.
Um mês depois (9
de abril) Ellen White escreveu-lhe da Austrália, advertindo-o contra
declarações extremadas concernentes a fé e obras. Não foram feitas durante a
assembléia, nem registradas no Bulletin. Ela não os havia lido, mas
ouvi-as "em meu sonho". Por exilarem Ellen White e Waggoner, a
oposição virtualmente assegurou a falha conclusiva da mensagem de 1888, porque
os métodos do dragão comprovaram-se por demais astutos e determinados para que
o isolado Jones os defrontasse sozinho 7.
Ele havia feito o
melhor que pôde. Zelosamente e em humildade havia instado com os irmãos para
aceitarem a luz, assegurando que Deus concederia a experiência do alto clamor
para a Sua glória. Mas tal não se daria a menos que experimentassem um genuíno
arrependimento quanto a 1888, o que não veio a se passar.
Lemos que Calebe e
Josué também estavam excessivamente entusiasmados quanto à conquista de Canaã,
dizendo a Israel: "O Senhor está connosco: não os temais"; depois, a
rebelião de Israel tornou impossível que o Senhor estivesse com eles naquele
programa (Números 14:9).
Pouco antes da
assembléia de 1893 ter-se reunido, Ellen White havia advertido o presidente da
Associação Geral com respeito à questão de Mineápolis:
"Se
Satanás pode impressionar a mente e despertar as paixões daqueles que
reivindicam crer na verdade a . . . comprometerem-se com o lado errado, ele tem
estabelecido os seus planos para conduzi-los numa longa jornada."
(Carta O 19, 1892; ênfase acrescentada).
Ela mais tarde
reconheceu que a "longa jornada" havia começado porque os propósitos
de Deus tinham de ser alterados:
"Podemos
ter que permanecer aqui neste mundo devido à insubordinação por muitos mais
anos, como ocorreu com os filhos de Israel. . . . Mas se todos agora somente
vissem e confessassem e se arrependessem de seu próprio curso de acção ao se
apartarem da verdade de Deus para seguir planos humanos, então o Senhor
perdoaria." (Ms. 184, 1901; Ev 696).
Aqueles que
confiadamente presumem que a assembléia de 1893 assinalou "a maior
vitória" da mensagem da justiça de Cristo não podem responder pelo caminho
desviado desses "muitos mais anos" que agora têm-se estendido por
mais de um século. É uma estranha maneira para dar-se o alto clamor, quando
deveria ter saído como fogo na palha seca.
O líder da
confusão de 1893 mais tarde seguiu um rumo misterioso. G. B. Starr assim se
expressou a A. G. Daniells:
"Certamente
sabe que o Professor Prescott por alguma razão não definida nunca foi um líder
confiável. Na Inglaterra ele se chocava com Waggoner em muitos pontos, e no
falso profetizar de Anna Phillips mostrou falta de julgamento . . . Ele
escreveu sobre panteísmo e o ensinou antes e de modo tão decidido quanto o
Doutor Kellog. Essas não são as pegadas de um líder seguro. Este não erra tão
frequente e constantemente." (Carta, 29 de agosto de 1919).
Na Assembléia da
Associação Geral de 1950, o recém-eleito presidente empregou a mesma doutrina
ensinada por Prescott em 1893. Ele convenceu a vasta congregação em São
Francisco de que poderiam receber o final derramamento do Espírito Santo na
chuva serôdia por simplesmente presumir e reivindicar que a
possuíam. Nenhum arrependimento pela rejeição do "início" da chuva
serôdia era necessária, nenhuma lição de nossa história devia ser aprendida,
nenhuma compreensão daquela "mensagem muito preciosa" que o Senhor
nos enviou era necessária (cf. RH, GC Report, 17 de julho de 1950, pp. 113-117,
sermão de sábado, 15 de julho).
Com bem poucas
excepções, a congregação inteira agia como ovelhas cegamente seguindo um pastor
que reiterava a mesma doutrina que Prescott ensinara em 1893. Novamente, não
houve recebimento da chuva serôdia. Isso foi mais de 40 anos atrás.
A maior parte dos
dirigentes de 1950 estão agora no seu descanso, como também se dera com nossos
dirigentes de 1893. Somos forçados a indagar -- acaso 1950 representou um
progresso significativo com relação a 1893? Seria de bom alvitre observar que
muito provavelmente poucos, se algum de nossos líderes de 1950, na época sabiam
o que ocorrera na assembléia de 1893. Temos tudo a temer do futuro se nos
esquecemos da maneira em que o Senhor nos tem conduzido no passado!
Após a assembléia
de 1893, Ellen White foi despertada como nunca antes, declarando:
"Mudaremos líderes e não o saberemos". Sua preocupação parecia ser de
que o inimigo operaria agora dentro da igreja. Os novos Canrights daí em diante
realizariam um trabalho "interno":
"O
fanatismo aparecerá bem em nosso meio. Enganos ocorrerão, e de tal carácter que
se fosse possível iriam enganar os próprios eleitos. Se assinaladas
incoerências e declarações enganosas fossem evidenciadas nessas manifestações,
as palavras dos lábios do Grande Mestre não se fariam necessárias. . . .
"O
Espírito Santo de Deus somente pode criar um entusiasmo saudável." (2 SM 16; 1894).
O curso da
assembléia de 1893 revela a possibilidade de alguém pregar a respeito do
Espírito Santo sem entendê-Lo ou reconhecê-Lo, ou mesmo enquanto a Ele resiste.
Ser-nos-ia bom
orar: "Senhor, serei eu?"
___________________
1. Para evidência
concernente a um voto tomado na Assembléia da Associação Geral de 1888 para
rejeitar a mensagem trazida por Jones e Waggoner, ver capítulo 14.
2. Esta é
evidência de que sua teologia concernente à relação de fé e obras estava correcta.
Ele nunca expressou qualquer idéia denegrindo as obras, até o ponto em que há
registro de seus sermões.
3. Ver Encyclopedia Britannica, 1968, Vol. 9,
pp. 169, 170; The Christian Secret of a Happy Life, copyright de
1888 por Fleming H. Revell, pp. 80, 81, 87. Muito
do que se dá em nossas actuais apresentações populares de justificação pela fé
deriva do conceito de Smith e seu livro tem sido frequentemente recomendado a
nossa juventude como sendo de auxílio e muito bom. Vastamente publicado até os
dias presentes, trata-se, na verdade, de uma contrafação de Steps do Christ
[Caminho a Cristo], e da mensagem de 1888.
4. Ver William
Warren Prescott: Seventh-day Adventist Educator [William Warren Prescott:
Educador adventista do sétimo dia], dissertação doutoral por Gilbert Murray
Valentine, Andrews University, 1982, pp. 81, 82, 143: "Parece que sua
reação natural às discussões teológicas [de 1888] foi tentar manter uma posição
neutra conquanto sentisse um forte impulso para o lado de Urias Smith e G. I.
Butler, a ambos dos quais sentia um senso de lealdade e obrigação. Ele também
sentia-se incomodado pelo estilo provocativo e algo rude de Jones, tendo contra
ele preconceito. . . . [e havia sido] partícipe de ações destinadas a impedir
que A. T. Jones pregasse no Tabernáculo e para restringir seu magistério no
colégio àquilo que havia sido previamente ensinado pela denominação".
5. Observar que
Waggoner também, desde o início de seu interesse por justificação pela fé,
claramente entendeu a concepção de culpa e arrependimento colectivos. Cf. sua
carta a M. C. Wilcox, 16 de maio de 1916, onde se refere a sua experiência de
lampejo interior de 1882.
6. Comparar GCB
1893 pp. 279, 459, com FE 220-230.
7. Cf. observações
de Ellen White quanto à contínua oposição de Butler e Smith, impondo uma carga
sobre Jones que o Senhor nunca intencionou que levasse. Carta H-27, 1894.
10. Por Que Jones e Waggoner Perderam o Rumo
Um dos grandes mistérios na
história adventista do sétimo dia é o fracasso posterior de A. T. Jones e E. J.
Waggoner. O entendimento costumeiro de tal fracasso é de que as tendências
básicas nessa direcção existem em carácter desde o início da ligação de uma
pessoa com a Igreja. Tal é o pensamento expresso pelo apóstolo João:
"Eles saíram de
nosso meio, entretanto não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos
nossos, teriam permanecido connosco; todavia, eles se foram para que ficasse
manifesto que nenhum deles é dos nossos." (1 João 2:19).
Este princípio parece ter-se
aplicado ao caso de D. M. Canright. Muito antes de nos ter deixado ele,
espiritualmente falando, não era "dos nossos". Ele reprimia suas
dúvidas íntimas de tempos em tempos com confissões abjectas, mas as dúvidas
nunca eram erradicadas. A história em detalhe é narrada em Testimonies
[Testemunhos] (Vol. 5, pp. 516-20, 571-3, 621-28).
Uma séria questão prevalece
hoje com respeito a Jones e Waggoner. Eram eles cristãos genuínos mesmo em
Mineápolis? Como puderam ter sido verdadeiros naquela época para depois
perderem o rumo? O The Fruitage of Spiritual Gifts [Os frutos dos dons
espirituais] expressa o ponto de vista popular de que eles eram radicais,
extremados, estando em erro mesmo em Mineápolis, esperando somente por uma
chance para saírem fora da pista:
"[Ao tempo da
Assembléia de Mineápolis] alguns estavam fortemente inclinados a tomar posições
radicais, como se fosse um sinal de força ser extremado. A Sra. White . . .
mesma parecia ter um sentimento de que os dois homens que eram tão destacados
na época poderiam mais tarde ser desviados por suas posições extremadas."
(p. 232).
Contudo, um julgamento
inspirado declara que eles eram correctos e verdadeiros ao tempo da assembléia
de Mineápolis:
"O Senhor em Sua
grande misericórdia enviou uma mensagem muitíssimo preciosa a Seu povo mediante
os pastores Waggoner e Jones. . . .
"Deus concedeu a
Seus mensageiros exactamente aquilo de que o povo necessita." (TM 91, 95).
"Deus está
apresentando às mentes dos homens divinamente designados gemas preciosas de
verdade, apropriadas para o nosso tempo." (Ms 8a, 1888; Olson, p.
279).
"Deus havia enviado
esses jovens para trazerem uma mensagem especial." (Ms. S24, 1892).
Como poderiam tais palavras
ser escritas sobre homens que eram "radicais" ou
"extremados"?
O facto de que Jones e
Waggoner por fim falharam não significa que "não eram dos nossos".
Mas o fracasso posterior deles é interpretado de molde a lançar uma sombra
sobre a mensagem que transmitiram em 1888, ficando implícito que a mensagem é
que os fez desviarem-se do caminho.
Essa é a principal razão por
que alguns dizem que temem estudar essa mensagem. Assim, até nossos dias, a
oposição levantada em Mineápolis é sutilmente justificada, e a mensagem e
mensageiros enviados pelos céus são sutilmente desprezados. Tal foi a idéia
perigosa que Ellen White declarou que se desenvolveria entre nós caso eles mais
tarde perdessem o rumo.
Uma Providência
Misteriosa
Defrontamos aqui com um
problema singular. Dois fenômenos são evidentes: (a) Uma mente-mestre de iniquidade
se regozija nessa rejeição aparentemente conclusiva da mensagem. (b) O próprio
Senhor misteriosamente permite que essa tragédia seja uma pedra de tropeço a
todos que desejam alguma razão para rejeitar a realidade da mensagem da
chuva serôdia.
A pergunta especialmente
difícil é por que deveria Deus escolher como mensageiros especiais aqueles que
mais tarde se tornariam desviados da fé? Por que permitiria Ele que os
portadores de Sua mensagem tão duramente contestada se transviassem quando a
apostasia deles apenas confirmaria a oposição a ela? Algo profundamente
significativo está envolvido nessa história paradoxal. Os passos de Deus podem
ser misteriosos, mas isso não é razão para devermos descuidosamente deixar de
entender sua estranha providência.
Supor que o Senhor cometeu
um erro estratégico ao escolher Jones e Waggoner é impensável, pois Ele nunca
erra em Seu conselho. Supor que fez homens louvarem-nO contra sua própria
vontade é também impensável, pois é evidente que ambos eram cristãos sinceros,
zelosos, de mente humilde quando usados pelo Senhor. Eles não foram "movidos
de ganância, [e] se precipitaram no erro de Balaão" por amor "ao
prêmio da injustiça" (Judas 11; 2 Pedro 2:15), nem havia indício de
desonestidade evidente no ministério deles.
A evidência inspirada sugere
uma resposta a nossas perguntas, e indica que:
(1) Jones e Waggoner não
foram "desviados" por quaisquer "pontos de vista
extremados" concernentes à justiça de Cristo, mas foram afastados
pela persistente e irrazoável oposição dos irmãos aos quais Deus enviou para
serem iluminados.
(2) Ellen White reconheceu a
seriedade da oposição a eles pessoalmente e a sua mensagem, e atribuiu a culpa
derradeira pelo ulterior fracasso dos dois "em grande medida"
aos irmãos oponentes.
(3) O Senhor permitiu que o
triste episódio tivesse lugar como um teste aos irmãos oponentes; e a derrocada
dos mensageiros de 1888 teve o efeito de confirmar o "nós" num estado
de virtual descrença. Foi um exemplo do que Paulo chama "a operação do
erro", que Deus "manda" (permite) "para darem crédito à mentira,
a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade"; antes,
pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça" (2 Tessalonicenses 2: 11,
12).
Parece até que Deus é um
tipo de Cavalheiro que aparentemente sai de Seu caminho para propiciar-nos
ganchos em que dependurar nossas dúvidas, se as desejarmos. Ele não deseja que
qualquer de nós receba a chuva serôdia a menos que tenhamos plenamente nos
comprometido de coração com Ele e Sua verdade. De algum modo o Seu carácter de
ciúmes está aqui envolvido. Quem quer que recue da bênção pela mínima desculpa
tem ampla oportunidade para fazê-lo. Mas, oh, como essa pode ser uma bondade
severa!
(4) Os resultados práticos
do juízo investigativo requererão que a igreja remanescente, antes da ocasião
da vitória final, chegue a ver a verdade da mensagem e sua história e reconheça
a obra de Jones e Waggoner de 1888-96 em seu verdadeiro valor, o
"começo" da chuva serôdia e do alto clamor.
A Natureza Profundamente
Arraigada da Oposição
Criticar os mensageiros
impunha sobre eles uma carga muito mais pesada de levar do que a oposição
normal.
"Seja qual for o
curso que o mensageiro persiga, será objectável aos opositores da verdade; e
eles capitalizarão sobre cada defeito em maneiras, costumes, ou carácter de
seus advogados." (RH, 18 de outubro de 1892).
"Alguns de nossos
irmãos . . . cheios de ciúmes e maus sentimentos, . . . estão sempre prontos a
mostrar em exactamente o que diferem dos pastores Jones ou Waggoner."
(Carta S24, 1892).
Os dois homens falavam
positiva e vigorosamente. Agudas percepções da verdade frequentemente levam os
que são "simplesmente homens" a falarem dessa maneira. Mas isso era
ofensivo à natureza humana que estava em busca de desculpas para rejeitar a
mensagem:
"Que nenhuma alma se
queixe dos servos de Deus que vieram a eles com uma mensagem enviada do céu.
Não mais encontrem falhas neles, dizendo: "Eles são por demais positivos;
falam muito vigorosamente". Eles podem falar vigorosamente; mas não é isso
necessário? . . .
"Ministros, não
desonreis o vosso Deus e ofendais o Seu Espírito Santo, por lançardes reflexões
sobre os meios e maneiras dos homens que Ele escolheu. . . . Ele vê o
temperamento dos homens que escolheu. Ele sabe que ninguém, senão homens
zelosos, firmes, determinados, de fortes sentimentos verão essa obra em sua
importância vital, e aplicarão essa firmeza e decisão em seu testemunho a fim
de romperem as barreiras de Satanás." (TM 410-413).
O próprio Senhor havia
revestido os Seus mensageiros especiais com evidências de autoridade,
"credenciais celestes". Eles perderam de vista o eu em seu amor por
Cristo e Sua mensagem especial. O eu ainda não crucificado em outros foi afectado:
"Se os raios de luz
que brilharam em Mineápolis fossem permitidos exercer o seu poder convincente
sobre os que tomaram posição contra a luz, . . . teriam recebido as mais ricas
bênçãos, desapontados pelo inimigo, e permanecido como homens fiéis, leais a
suas convicções. Eles teriam tido uma rica experiência; mas o eu disse: Não. O
eu não devia ser recusado; o eu lutou pelo senhorio." (Carta O 19,
1892).
Assim, o princípio
subjacente a essa rejeição da verdade é o que os judeus demonstraram em sua
rejeição de Cristo. Caifás considerou a Cristo como seu rival; ele sentiu ciúme
pessoal dEle (DA 704). Entremeado com esse ciúme dAquele que parecia um
mero homem, Caifás estava expressando a inimizade do coração natural contra
Deus e Sua justiça. Semelhantemente, em Mineápolis, a personalidade de Jones e
Waggoner tornaram-se a pedra de tropeço visível e consciente para a invisível e
inconsciente rejeição de Cristo, a Palavra. Isto é evidente, como segue:
"Homens professando
santidade têm desprezado a Cristo na pessoa de Seus mensageiros.
Semelhantemente aos judeus, eles rejeitam a mensagem de Deus. Os judeus
perguntavam a respeito de Cristo: "Quem é este? Não é o filho de
José?" Ele não era o Cristo que o judeus buscavam. Assim, hoje as agências
que Deus envia não são o que os homens têm buscado." (FE 472).
A Carga Pessoal Que Jones
e Waggoner Suportavam
Poucos têm apreciado
o efeito que a oposição inevitavelmente teve sobre os jovens mensageiros. Eles
sabiam que a mensagem da justiça de Cristo era de Deus. Sabiam que haviam sido
designados pelo Espírito de Deus para falarem ousadamente em sua defesa. E não
podiam estar cegos ao facto óbvio de que uma resistência bastante determinada
àquela mensagem era a reação da liderança da única Igreja remanescente
verdadeira que deve triunfar por fim.
Eles sabiam que a mensagem
era o começo do alto clamor, que devia propagar-se como "fogo na palha
seca". Sabiam que havia chegado o tempo para a conclusão da obra, quando
inteligências celestes estavam observando com profundo interesse o desenrolar
dos acontecimentos. Sabiam mais que estavam vivendo no tempo da purificação do
santuário quando, como nunca, a descrença e falhas da velha Jerusalém não mais
deveriam ser repetidas. Nunca um ponto mais culminante se dera; nunca os céus
concederam maiores evidências em vindicação de uma mensagem especial.
Mas, para sua grande
surpresa, nunca a história houvera registrado uma mais vergonhosa falha humana
em prevalecer-se de uma oportunidade de carácter celestial. Parecia aos jovens
mensageiros como sendo o final e completo fracasso do povo de Deus em crer e
entrar em Seu repouso. O que possivelmente poderia vir adiante?
Lutero não passou por mais
duro revés, em comparação. Quando perseguido por Roma, tudo quanto tinha a
fazer era ler as profecias de Daniel e Apocalipse e reconhecer o papado como o
pequeno chifre e a besta. Isso o fazia sentir-se bem, mesmo ao ponto de reunir
coragem para queimar a bula papal. Mas Jones e Waggoner não puderam encontrar
conforto ao seu coração. A profecia não indicava uma oitava igreja para suceder
a Laodicéia. A possibilidade de o povo de Deus atrasar o Seu programa por um
século ou mais parecia além da compreensão deles.
Deve ser dito para seu
crédito que Jones e Waggoner não renunciaram à fé no Deus de Israel. Eles nunca
se tornaram infiéis ou agnósticos ou ateus. Nunca renunciaram ao sábado ou a
sua dedicação de toda a vida a Cristo. No clima de hoje de assistência à Igreja
eles seriam ainda membros em condição regular. O pecado deles foi que
perderam a fé na corporação da Igreja e sua liderança. Eles não confiaram
no arrependimento denominacional. Chegaram a duvidar da natureza humana; daí
se explica a amargura e fracassos de sua própria natureza humana. O inimigo nos
pressionará severamente a repetirmos o fracasso deles. Mas não temos que
submeter-nos!
Os pequenos arbustos no
vale, inclinando-se sob os ventos do zefir que ocasionalmente agitam seu tranquilo
ambiente, fariam bem em abster-se de comentários críticos quando os portentosos
carvalhos no topo da montanha desabam sob a fúria esmagadora da tempestade.
Permitamos que Deus fale quando declara verdadeiramente que não houve desculpa
para o fracasso de Jones e Waggoner; sejamos vagarosos no falar, quando
reconhecemos que "nós" em grande proporção fomos a causa
disso.
C. S. Lewis nada sabia da
nossa experiência de 1888, mas fez um comentário profundo em suas Reflexões
nos Salmos:
"Tal como o
resultado natural de lançar um fósforo aceso numa pilha de rebarbas de madeira
é produzir um incêndio, . . . assim o
resultado natural de enganar um homem, ou "mantê-lo por baixo" ou
negligenciá-lo é despertar ressentimento; isto é, impor sobre ele a tentação de
tornar-se o que os salmistas eram quando escreveram as passagens
condenatórias. Ele pode ter êxito em resistir à tentação; ou não. . . . Se esse
pecado o corrompe inteiramente, tenho-o em certo sentido degenerado ou
seduzido. Eu fui o tentador." (p. 24).
Ellen White sentiu
agudamente o peso que eles levavam. Em 1892 escreveu ao presidente da
Associação Geral com respeito a eles:
"Gostaria que todos
vissem que o mesmo espírito que recusou aceitar a Cristo, a luz que dispersaria
a escuridão moral, está longe de ser extinta nesta época. . . .
"Alguns podem dizer,
'Eu não odeio o meu irmão; eu não sou tão mau assim'. Mas quão pouco compreendem
o seu próprio coração. Podem julgar que têm zelo por Deus em seus sentimentos
contra o seu irmão se suas idéias parecem, de qualquer modo, conflitar-se com
as deles; sentimentos são trazidos à superfície que não têm qualquer relação
com o amor. . . . Eles poderiam estar em condição de ponta de espadas com os
seus irmãos, como também não, mas ainda estarem trazendo uma mensagem de Deus
ao povo. . . .
"Eles . . . [crêem] que estão certos em sua
amargura ou sentimento contra seus irmãos. Irá o mensageiro do Senhor suportar
a pressão que lhe é anteposta? Se assim for, é porque Deus o insta em Sua
força, e vindica a verdade de que é enviado de Deus. . . .
"Deverão os
mensageiros do Senhor, após se posicionarem valorosamente pela verdade por um
tempo, cair sob tentação e desonrar Aquele que lhes deu sua obra, será isso prova
de que a mensagem não é verdadeira? Não . . . O pecado da parte do mensageiro
de Deus causaria o regozijo de Satanás, e aqueles que têm rejeitado a mensagem
e o mensageiro triunfariam; mas isso não levaria absolutamente a inocentar os
homens que são culpados de rejeitar a mensagem de Deus. . .
"Tenho profunda
tristeza de coração porque tenho visto quão prontamente uma palavra ou acção
dos pastores Jones ou Waggoner é criticada. Quão prontamente muitas mentes
passam por alto todo o bem feito por eles nos poucos anos passados, e não vêem
evidência de que Deus está operando através dessas instrumentalidades. Eles
caçam algo para condenar, e a atitude deles para com esses irmãos que estão
zelosamente empenhados em realizar uma boa obra mostra que sentimentos de
inimizade e amargura estão no coração." (Carta O19, 1892).
Por volta da mesma época ela
escreveu a Urias Smith indicando que eles (Jones e Waggoner) poderiam não ser
fortes suficientemente para suportar a tensão e pressão levantada contra eles:
"É bem
possível que os pastores Jones ou Waggoner sejam dominados pelas tentações do
inimigo; mas se o forem, isso não provaria que não dispunham de qualquer
mensagem de Deus, ou que a obra que haviam realizado foi toda um equívoco.
Caso isso se dê, quantos tomariam essa posição e entrariam
num engano fatal por causa de não estarem sob o controle do Espírito de
Deus. . . . Essa é a posição mesma que muitos tomariam se qualquer desses
homens devesse cair, e eu oro para que esses homens sobre os quais Deus depôs a
carga de uma obra solene, possam ser capazes de dar à trombeta o sonido certo,
e honrem a Deus em cada etapa, e que o seu caminho a cada passo possa ser mais
e mais brilhante até o fim do tempo." (Carta S24, 1892; ênfase
acrescentada).
Essa informação lança
muita luz sobre a tragédia de Jones e Waggoner:
(1) Eles sofreram definido
ódio dos irmãos. Irmãos estavam ansiosamente criticando "uma palavra ou acção",
caçando coisas para condenar. Havia uma atitude subjectiva de inimizade,
amargura e suspeição até em 1892, após as confissões terem sido feitas.
(2) Os irmãos opositores
ingenuamente pensavam que a atitude deles era de zelo por Deus, contudo era
"exactamente o mesmo espírito que recusou aceitar a Cristo".
(3) A oposição fez-se uma tentação
muito difícil e dominante aos jovens mensageiros.
(4) O resultado trágico
confirmou os irmãos oponentes em sua recusa da mensagem.
(5) O facto de perderem os
mensageiros o seu rumo foi um "triunfo" para os irmãos opositores, e,
é triste dizer, para Satanás. Esse acontecimento, portanto, tornou-se evidência
conclusiva de que os irmãos oponentes não se haviam arrependido verdadeiramente
do pecado de Mineápolis. O "triunfo" deles constituiria o seu
"engano fatal".
Assim, o fracasso dos
mensageiros tenderia a confirmar em impenitência os líderes, pastores, administradores
e acadêmicos adventistas do sétimo dia. Até o presente, o fracasso final dos
mensageiros é frequentemente citado como evidência de que a mensagem de 1888
deve ser de algum modo perigosa. Esse foi exactamente o propósito de Satanás, e
cumpre a
predição de Ellen White à risca.
(6) O êxito das orações de
Ellen White de que os dois irmãos suportassem o teste dependeria da atitude que
os irmãos opositores tomassem de 1892 em diante.
Poucos meses depois, ela
escreveu aos delegados da Associação Geral em assembléia sobre a verdadeira
causa do possível tropeço dos mensageiros:
"Não é a
inspiração do céu que leva alguém a ser suspeito, buscando uma oportunidade e
ansiosamente se valendo dela para provar que aqueles irmãos que diferem de nós
em algumas interpretações das Escrituras não estão firmes na fé. Há perigo de que essa atitude produzirá os
próprios resultados presumidos; e em grande medida a culpa recairá sobre os
que estão em busca do mal. . . .
"A oposição em
nossas próprias fileiras tem imposto sobre os mensageiros do Senhor uma tarefa
laboriosa e probante à alma; pois eles têm tido que defrontar dificuldades e
obstáculos que não precisavam ter existido. . . . O amor e a confiança
constituem uma força moral que teria unido nossas igrejas, e assegurado
harmonia de acção; mas a frieza e desconfiança tem causado desunião que nos tem
exaurido as forças."
(Carta, 6 de janeiro de 1893; GCB 1893, pp. 419-421).
Foi essa "tarefa
laboriosa e probante à alma", "suspeição", "caça a algo
para condenar", "dureza de alguns e oposição de outros",
valendo-se de átomos para provar que não estavam "firmados na fé" que
produziram os "próprios resultados" preditos--o fracasso deles. A
palavra apropriada, honesta e inspirada para a oposição era
"perseguição":
"Devemos ser
o último povo sobre a terra a acatar no mais ínfimo grau o espírito de
perseguição contra aqueles que estão portando a mensagem de Deus ao mundo. Esse
é o aspecto mais terrível de falta de semelhança a Cristo que tem-se
manifestado entre nós desde o encontro de Mineápolis." (GCB 1893, p.
184).
Contudo, o sofrimento da
perseguição não eram desculpa para que Jones e Waggoner perdessem o rumo.
Qual Foi o Problema de A.
T. Jones?
Uma carta isolada de
Ellen White a Jones em 1893 é com frequencia citada como evidência de que sua
mensagem era extremada. Fora de contexto, essa carta deixa em algumas mentes a
impressão de que a sua mensagem de justificação pela fé era desequilibrada.
Mas a carta deve ser lida no contexto.
Ellen White nunca publicou a
carta durante o seu tempo de vida. Se ela tivesse crido que a mensagem de Jones
fosse extremada ou desequilibrada, não teria hesitado em publicá-la em seus Testimonies.
Escrevendo da distante
Austrália, ela diz a Jones que ouvira algo em seu "sonho". Ela não a
havia lido em nenhuma publicação. Jones tinha uma tendência, quando submetido a
persistente oposição, de exagerar o seu caso, e a carta cortava a tendência na base.
Ele tirou vantagem de seu conselho, que aceitou com humildade. A carta
declarava que os seus pontos de vista a respeito de justificação pela fé eram
correctos, pois "consideras em realidade esses assuntos como eu o
faço", e cita as suas posições como
"nossa posição":
"Em meu sonho
estiveste apresentando o assunto da fé e da justiça imputada de Cristo pela fé.
Repetiste várias vezes que as obras de nada valem, que não havia condições. A
questão foi apresentada de molde a tornar algumas mentes confusas. . . . Declaras
essa questão de modo muito vigoroso. . . . Sei o que queres dizer, mas deixas
uma impressão errada sobre muitas mentes. . . .
"Na verdade
consideras em realidade esses assuntos como eu o faço, contudo tornas esses
assuntos, através de tuas expressões, confusas às mentes. . . . Essas declarações vigorosas com respeito às
obras nunca tornam nossa posição mais forte. As expressões enfraquecem nossa
posição, pois há muitos que te considerarão um extremista, e perderão as ricas
lições que tens para eles sobre os assuntos mesmos que carecem de conhecer. . .
Não coloques nenhum pedregulho para uma alma que seja fraca na fé tropeçar, com
apresentações ou expressões exageradas. . . . Lembra-te que há alguns cujos
olhos estão intensamente fixados sobre ti, esperando que ultrapasses a marca,
tropeces e caias."
(Carta 44, 1893, 9 de abril; 1 SM 377-79).
Cuidadosa busca nos
volumosos escritos e sermões de Jones deixam de produzir seja um só exemplo de
que tenha dito que as "obras de nada valem", ou algo de natureza
semelhantemente extrema sobre o assunto. Esperaríamos encontrar algum exemplo
de uma declaração insensata sobre fé e obras em seus vinte e quatro sermões na
assembléia de 1893 que se encerrou pouco antes de ela ter escrito essa carta;
mas encontramos apenas o oposto--vigorosas expressões indicando um equilíbrio
apropriado entre fé e obras, sustentando
obras como não somente necessárias, mas como frutos de genuína fé em Cristo.
Ao final da assembléia de
1893, Jones foi transviado pela influência de Prescott à fanática presunção de
que o alto clamor não poderia ser impedido. Isso preparou o terreno para o
fanatismo de Anna Rice Phillips.
A carta de Ellen White veio
a tempo para incentivá-lo a ser cuidadoso, e ele foi cauteloso. Seu endosso por
demais entusiástico ao seu ministério foi escrito após sua carta de 9 de
abril de 1893, porque ele humildemente se arrependeu de seu temporário
escorregão.1
Nenhum Pecado É Jamais
Escusável
Foi um
pecado de impaciência de mente ou mau temperamento do coração que finalmente
encerraram o ministério de Jones e Waggoner. Mas a experiência de Moisés nos
limites de Canaã ilustra o que se deu com eles. O seu pecado foi igualmente
inescusável e teve que morrer por causa dele, um pecado de impaciência com Israel.
Passional e impacientemente ele os chamou de "rebeldes", um facto
verdadeiro, conquanto o seu espírito não fosse:
"Assim o povo
teve ocasião de questionar se a sua atitude passada havia estado sob a direcção
de Deus, e a desculpar seus próprios pecados. Moisés, tanto quanto eles, havia
ofendido a Deus. As ações dele, diziam, haviam desde o início sido abertas a
crítica e censura. Agora haviam achado o pretexto que desejavam para rejeitarem
todas as reprovações que Deus lhes havia mandado mediante o Seu servo."
(PP 417).
Não tivessem Jones e
Waggoner coberto seus nomes com desgraça, nós de uma geração posterior provavelmente lhes atribuiríamos quase que
um respeito idólatra. "Muitos que se têm indisposto a dar ouvidos aos
conselhos de Moisés enquanto ele estava com eles, teriam estado em perigo de
cometer idolatria sobre o seu corpo sem vida, caso conhecessem o local de sua
sepultura" (ibid., pp. 477, 478). A verdade e lógica da posição de
Jones e Waggoner eram tão esmagadoras que não muito depois de 1888 muitos
começaram a reconhecê-lo. Mas a chuva serôdia teve que ser postergada até uma
futura geração. Agora os mensageiros devem estar secretamente
"sepultados"--isso é, toda ocasião para idolatria deve ser removida
da parte das gerações não nascidas que ainda haverão de vir. Que melhor método
de "sepultamento" do que permitir que os mensageiros percam o seu
rumo em desgraça?
É frequentemente dito que
seus numerosos compromissos de falar após 1888 indicam aceitação oficial de sua
mensagem. Mas essa é uma dedução equivocada. Vários factores precisam ser
observados: (1) membros leigos e anciãos locais (que acolhiam a mensagem)
tinham mais força em conseguir compromissos de oradores do que actualmente; (2)
a influência de Ellen White virtualmente requeria a atenção que receberam de
audiências durante as sessões da Associação Geral; (3) seus compromissos para
falar quando sua mensagem não era bem acolhida a muitos líderes impunha-lhes
uma pesada carga emocional. Um exemplo disso é a prevalecente atitude na assembléia
de 1893 como evidenciado no Bulletin.
Não obstante, muitos que
haviam rejeitado a mensagem deles quando estavam certos, ansiosamente os
seguiram quando estavam abalados na fé. Isso tornou o problema maior. Em 1912
um ex-presidente da Associação Geral escreveu a respeito deles:
"Quando a
mensagem de justificação pela fé começou a ser pregada nesta denominação,2 o inimigo ficou profundamente agitado, e fez
um grande esforço para deter sua difusão. Falhando nisso, mudou seu plano de
oposição para um método que prometia maior êxito. Esse plano foi prender a
mente das pessoas com os instrumentos que o Senhor havia chamado a proclamar a
mensagem, ao ponto desses homens serem considerados oráculos de Deus, e a fé
das pessoas se tornaria centralizada neles, em lugar de sê-lo em Jesus Cristo,
o autor da mensagem. Foi percebido pelo inimigo que o louvor e bajulação das
pessoas inflariam o ego desses homens tanto que eles chegariam a sentir que
suas opiniões e juízos deveriam prevalecer em todas as questões pertinentes
tanto às Escrituras, como à administração da obra do Senhor sobre a terra."
(G. A. Irwin, RH, 4 de julho de 1912).
Ellen White insistia
em que a perseguição descaridosa que sofreram foi a causa primária do
tropeço deles. Isso os separava do amor e confiança de seus irmãos, de que
necessitavam. O estrago causado pela adulação insensata tornou-se secundária.
Considerando a natureza da
mensagem que portavam, essa causa dupla poderia somente prejudicar suas
faculdades espirituais. Se eles pudessem ter recebido maior luz de modo a
suportarem até que viesse a vitória, teriam defrontado o mundo na força que
aqueles que devem finalizar a obra de Deus sobre a terra devem possuir. Mas luz
e poder adicionais tinham que ser eliminados após a rejeição da mensagem.
Waggoner tinha estado exilado na Inglaterra, e ambos tinham que actuar sem a
ajuda de Ellen White. Eles conheceram somente o "começo" da luz da
chuva serôdia, e isso não foi suficiente para a perfeita santificação, mesmo a
corações honestos. (Não é suficiente para nós hoje!)
Como Homens Bons Podem
Perder o Seu Rumo
Nossa história
oferece evidência adicional de como "aqueles que . . . rejeitaram a
mensagem e o mensageiro triunfariam" (Carta O19, 1892). O presidente da
Associação Geral em 1888, G. I. Butler, foi um dos principais rejeitadores
iniciais. Ele era um bom homem com um vigoroso e másculo dom de liderança
executiva, mas o problema com que tinha de lidar não tinha precedentes. Nenhum
ex-presidente tinha sido confrontado pelo começo da chuva serôdia e alto
clamor! Ellen White tentou auxiliá-lo:
"Refere-te a
tua posição como Presidente da Associação Geral, como se isso justificasse as
tuas atitudes. . . . Não tens o direito
de ferir os sentimentos de teus irmãos. Falas-lhes numa maneira que não posso
sancionar. . . . Chamas os irmãos Jones e Waggoner de franguinhos."
(Carta 21, 1888).
Dada a enfermidade de
sua esposa, o Pastor Butler se retirou por alguns anos após 1888 para uma fazenda
solitária na Flórida. Finalmente ele confessou suas atitudes erradas e retornou
a posições de alta responsabilidade. O Senhor aceitou seus labores
posteriores, como foi o caso com Urias Smith. Mas a oportunidade áurea de
proclamar a chuva serôdia e a mensagem do alto clamor foi conclusivamente
perdida para ambos.
Um exemplo patético de como
a oposição de Butler finalmente "obteve a supremacia" (frase de A. T.
Jones) é encontrada no Bulletin da Associação Geral de 1903. Durante
essa assembléia Jones e Waggoner permaneceram com uma minoria que se sentia
constrangida por sua consciência em opor-se à revisão da constituição de 1901.
Em seu ponto de vista, a revisão de 1903 era um passo atrás dos princípios de
reforma de 1901. O estarem certos ou errados em sua convicção não nos diz respeito
discutir nestas alturas, mas eles indubitavelmente eram sinceros em mantê-las.
Ao arrastar-se o debate, "vozes" pediam que o "Pastor
Butler" falasse.
Sete vezes ele saiu do
assunto para declarar como amava os "queridos" irmãos Jones e
Waggoner; mas o Bulletin revela que continuou representando mal a real
posição deles mesmo em face de suas intervenções de protesto verbal. Depois
ele os colocou em ridículo público (pp. 145-164).
Eles haviam dito na
assembléia que "o povo de Deus deve estar sob Ele, e Ele somente. Há um
Pastor, e Ele tem um rebanho", e que primariamente "a comissão deve
pertencer a Jesus Cristo, e servir a Cristo, e deixar o outro homem sozinho, e
deixá-lo pregar o evangelho que Cristo concede". O irmão Butler interpretou
isso como sendo uma opinião pela abolição de toda organização, e injustamente
comparou a posição deles aos fanáticos anarquistas contra os quais se haviam
batidos os pioneiros:
"Esses caros
irmãos não conhecem as dificuldades que tínhamos antes da organização. . .
"Agora, parece-me
que se algumas dessas coisas são levadas avante segundo alguns dos bons irmãos
têm falado, traria por fim em resultado, se plenamente cumprido, apenas o mesmo
estado de desorganização em que iniciamos, em primeiro lugar. . . . Não desejo
dizer nada agora para ferir os sentimentos do irmão Jones, pois amo muito o
irmão Jones."
(GCB 1903, pp. 146-163).
Na assembléia de 1901
Ellen White havia enfaticamente advertido contra o "poder imperial em
nossas fileiras para controlar esse ou aquele ramo da obra" (GCB 1901, pp.
25, 26). Essa foi a principal razão por que por anos ela estivera apelando por
reorganização e reforma. A tendência de restringir os obreiros havia sido um
aspecto notável da presidência anterior do Pastor Butler (cf. TM 297-300). Foi
especialmente proeminente na era 1886-1888. Suas repreensões a ele são agora
bem conhecidas. Em 1903 ela declarou: "O poder imperial anteriormente
revelado na Associação Geral de Battle Creek não deve perpetuar-se" (8T
233). Contudo, o Pastor Butler publicamente contradiz essas declarações,
negando que fosse mesmo possível que qualquer "poder imperial"
ocorresse na presidência da Associação Geral:
"Perdoareis
um dos veteranos, que tem estado na Obra por tantos anos, e que tem tido a
presidência da Associação Geral por treze mandatos, por dizer que não consegue
ver que algo de um poder imperial possa ser ali indicado. Não creio que possa.
. . . Eu tenho treze mandatos. . . . Eu lamentaria muito em crer que houvesse
qualquer poder imperial nisso. . . . Conquanto eu esteja à frente do trabalho
por treze mandatos, nunca fui reprovado por qualquer dessas coisas, quanto
possa lembrar-me." (GCB 1903, p. 163).
Nós humanos temos uma
tendência de esquecer-nos!
Apanhado no espírito de
discussão, o Pastor J. N. Loughborough fez um discurso dando respaldo ao do
Pastor Butler. Ele também falou desdenhosamente das convicções minoritárias de
Waggoner e Jones.
Eles de facto não se tinham
oposto aos verdadeiros princípios de organização em sua posição em 1903,
conquanto possam ter tido alguma responsabilidade pelo estado a que chegamos no
final do século vinte quando é tão difícil para homens e mulheres em comissões
permanecerem sozinhos por Cristo contra forte pressão de grupo e temor de
dispensa.
Mas o pensamento de
comissões primeiro de tudo submeter-se a Cristo e zelosamente buscar a direcção
do Senhor, e lembrar-se que somos todos irmãos, parecia para alguns uma razão
estranha para temerem tanto a Butler quanto a Loughborough. Loughborough
acrescentou:
"Esses irmãos
dizem que não se propõem a desmontar a organização. Bem, não julgo que tenham
isso em mente, mas parece-me que, afinal de contas, você chega ao ponto de não
ter nenhuma constituição ou ordem inteiramente. 'Afinal de contas', eles diziam
nos dias primitivos, 'somos todos irmãos. Se buscarmos ao Senhor, Ele nos
guiará'". (p. 164).
Era isso uma faca
enfiada em suas costas? Jones e Waggoner poderiam ser perdoados por julgarem
que o fosse. Antes, pateticamente Jones ergueu-se nesse ponto para fazer um
apelo aos delegados. Isso pode ter marcado uma ferida que nunca foi curada:
"Gostaria de
fazer um pedido agora a toda a delegação e todas as pessoas que lêem o
"Bulletin". Quando esses discursos forem impressos, por favor
considerem o dos irmãos Waggoner e [P. T.] Magan e depois o meu; leiam-nos com
bastante atenção, e se puderem encontrar qualquer coisa em um deles que se
choca com a organização seja em que sentido for, marquem isso e nos mandem a
fim de que possamos nos arrepender de tal." (idem).
O desafio
de Jones ficou de pé então e permanece até hoje. Ele e Waggoner tinham feito um
apelo para uma submissão a Cristo e ao Espírito Santo, que julgavam que estava
em harmonia com a mensagem de 1888, uma submissão que tornaria possível a direção
do Senhor na conclusão de Sua obra em todo o mundo. Eles não se opunham a
organização; o que desejavam ver era a organização submissa a Cristo para a
conclusão da comissão evangélica. Desejavam que Cristo fosse reconhecido como o
verdadeiro Cabeça da Igreja, em controle de sua organização.
Eles foram mal compreendidos
e mal representados. Butler teve a última palavra; ele "triunfou",
para usar a expressão de Ellen White. Algo levou ele e a Loughborough a ignorar
o protestos deles e suplantar seus apelos por justiça. O que pode explicar isso
exceto um ressentimento persistente de 15 anos?
A humilhante derrota de
Jones e Waggoner em 1903 foi provavelmente o começo de sua final amargura
humana. "Queridos irmãos Jones e Waggoner" seria mais do que humano se
eles não se sentissem terem sofrido o insulto culminante após quinze anos de
oposição. Poderiam passar sem sentir a dor?
O apelo deles por submissão
primária a Cristo acima de subserviência ao controle humano estava em harmonia
com os frequentes apelos de Ellen White e com a Escritura, mas logicamente
isso só poderia ser feito com segurança se o Espírito Santo achasse uma
acolhida uniforme entre nós.
A contínua atitude de
convição do Pastor Butler é encontrada numa carta ao Dr. Kellogg um ano depois.
Ele torna claro que nunca se arrependeu de sua cegueira quanto a 1888. Ele deve
ainda culpar a Waggoner por males que perturbavam a Causa, e considera a sua
derrocada uma bênção:
"Mantenho
precisamente a mesma opinião que sempre tive desde que cheguei a ser um
estudante da Bíblia. . . . A última turma que veio dirigir as coisas após eu
ter saído do ofício [de presidente da Associação Geral] remodelou as coisas um
bocado. O Pastor Waggoner foi um espírito dominante nessas mudanças. Ele parece
ter remodelado a si mesmo de um pregador a um doutor. Talvez isso seja tão bom
para ele quanto para todos os interessados. Desejo-lhe que se saia bem em toda
maneira." (Carta, 9 de setembro de 1904).
Chegando exactamente
neste tempo, pode-se a imaginar como tal carta poderia ter ajudado o Dr.
Kellogg!
Há os que acusam Jones de
cobiçar o ofício de presidente da Associação Geral. Isso pode ser verdade ou
não. Os livros do céu podem registrar motivos do coração melhor do que podemos
com nossa limitada visão de sombras indefinidas do passado. Sem dúvida o seu
melhor julgamento o convenceram de que ele não estava talhado para a
administração, ou para redigir a Review and Herald. Suas
"credenciais celestes" tinham sido para um trabalho
diverso--proclamar o evangelho do alto clamor para a igreja e para o mundo.
Isso era suficiente para qualquer homem fazer por si. Quando essa missão
falhou, ele perdeu seu apego à paciência dos santos.
O Espírito de 1888 e a
Tragédia Kellog
Ellen White nos conta que o Dr. Kellog era
verdeiramente convertido durante uma reunião de Mineápolis (GCB 1903, p. 86).
O endosso dela a seu carácter e sincera dedicação são abundantes. Aqui está um
dos últimos:
"Deus
concedeu ao Dr. Kellog o êxito que ele tem tido. . . . Deus não endossa os
esforços apresentados por diferentes pessoas para tornarem a obra do Dr. Kellog
a mais difícil possível. . . . Aqueles que rejeitam [a luz sobre reforma da
saúde] rejeitam a Deus. Um e outro que sabiam melhor disseram que tudo veio do
Dr. Kellogg, e fizeram guerra contra ele. Isso exerceu uma má influência sobre
o doutor. Ele vestiu a capa da irritação e retaliação." (GCB 1903, p.
86).
Uma carta ao Pastor
Butler, presidente da Associação Geral em 1888, indica que a apostasia
derradeira de Kellogg foi "em larga extensão" nossa responsabilidade.
Seguramente, não era da vontade de Deus:
"… por vezes
será visto que nossos irmãos e irmãs não têm sido inspirados pelo Espírito de
Cristo em sua maneira de tratar o Dr. Kellogg. Sei que vossas opiniões sobre o
doutor não são correctas. Vossa atitude para com ele não obterão a aprovação de
Deus. . . . Podeis seguir um rumo que enfraquecerá tanto a sua confiança em
seus irmãos que eles não poderão ajudá-lo quando e onde precisa ser ajudado. .
. .
"O Dr. Kellogg tem
realizado um trabalho que nenhum homem que conheço entre nós tem tido qualificações
para cumprir. Ele tem necessitado de simpatia e confiança de seus irmãos. . . .
Eles deveriam manter uma atitude que teria ganho e retido sua confiança. . . .
Mas, em vez disso, tem havido um espírito de suspeita e crítica.
"Se o doutor falhar
em cumprir o seu dever e ser um supervisor afinal, aqueles irmãos que têm
falhado em sua busca de sabedoria e discernimento para ajudar o homem quando e
onde ele carecia de seu auxílio, serão em grande extensão responsáveis. . . .
Seus irmãos às vezes sentem que Deus está empregando o doutor para realizar
uma obra que nenhum outro é qualificado a cumprir. Mas então eles enfrentam tão
forte fluxo de relatórios em seu detrimento que ficam perplexos. Parcialmente
os aceitam, e decidem que o Dr. Kellogg deve realmente ser hipócrita e
desonesto. . . . Como deve o doutor sentir-se ao ser sempre visto com suspeita?
. . . Deve isso sempre ser assim? . . . Cristo pagou o preço da redenção por
sua alma e o diabo fará o máximo para arruiná-la. Que nenhum de nós o ajude
nesse mister."
(Carta B21, 1888).
"Aqueles que estão
bem no centro da obra abrigaram os seus próprios desejos de modo a desonrarem a
Deus. . . . O Dr. Kellogg não foi sustido na obra da reforma de saúde. . . .
[Ele] assumiu o trabalho que não realizaram . O espírito de crítica revelado
nessa obra desde o começo tem sido muito injusto, e havia tornado o seu
trabalho duro. . . . É um facto que nossos ministros são muito vagarosos em
tornar-se reformadores de saúde. . . . Isso levou o Dr. Kellogg a perder a
confiança neles." (Ms. 13, 1901, Diário, janeiro de 1898).
O "maná" de
1888 havia sido rejeitado, e agora começava a produzir o que o antigo maná em
Israel causava quando não era comido fresco. Ele se estragava. Alimento
altamente nutritivo se estraga mais rapidamente do que alimento desvitalizado.
"Nós" perdemos três homens destacados e bem dotados que por algum
tempo deram evidência de serem verdadeiramente ordenados pelo céu. O maná
estragado tornou-se desagradável para ser manuseado, e o relato é triste.
Conclusão
As últimas palavras
que o Dr. Waggoner escreveu antes de sua súbita morte em 28 de maio de 1916 são
essas sentenças finais de uma carta a M. C. Wilcox: "Eu não questiono, mas
livremente reconheço, a superior bondade dos irmãos na denominação. Eu seria
desleal para com Deus se não reconhecesse a luz que Ele me concedeu; nunca
poderia ter entendido por que foi-me concedida, excepto sobre a base de que os
Seus dons são concedidos, não segundo méritos, mas de acordo com a
necessidade".
Se ele será salvo ou perdido
no final não é para nossa especulação. Mas se aqueles foram os seus últimos
pensamentos, e Deus em Sua infinita sabedoria e misericórdia encontra alguma
maneira de salvá-lo, certo é que Waggoner se declarará indigno. Poderia algum
de nós que nos salvarmos declarar-nos doutro modo?
Uma das últimas cartas que
temos de Jones antes de sua morte revela um espírito humilde de completa
confiança na mensagem adventista do sétimo dia e no ministério de Ellen White
(12 de maio de 1921). O enfermeiro que tomou conta dele em Battle Creek em sua
enfermidade final disse-nos pessoalmente que tem certeza de que Jones morreu
como um genuíno cristão.
Uma apropriada e autorizada
re-impressão de suas mensagens durante o tempo de sua fidelidade, editadas com
endosso de total apoio, propiciaria para esta geração uma renovada visão do
puro evangelho. E após termos reunido os fragmentos do que resta para que nada
seja perdido, então poderíamos com confiança apresentar nossa petição ao trono
da graça para dar-nos hoje o pão que nos é conveniente, alimento do tempo
certo.
Tão certamente como há um
Deus vivente, a oração não ficaria sem resposta.
______________
1Numa
carta a S. N. Haskell um ano depois ela declara que tinha mais confiança em
Jones agora do que tinha antes de ele ter errado ao endossar Anna Phillips. A
carta declara que Jones é o mensageiro escolhido do Senhor, amado de Deus, Seu
embaixador. Esse erro não teria ocorrido se Urias Smith e G. I. Butler tivessem
se unido a Jones e Waggoner como deveriam ter feito; "Jones e Waggoner
ouvem a voz do Senhor e as pessoas reconhecem em suas interpretações da palavra
de Deus coisas maravilhosas dos oráculos vivos e seus corações ardem por dentro
deles enquanto ouvem; eles têm alimentado o povo com pão do céu; o Senhor tem
os homens mesmos que desejava; eles têm levado avante a obra com fidelidade, e
têm sido porta-vozes de Deus; eles conhecem a voz do conselho e a obedecem;
eles têm extraído água do poço de Belém; esses agentes escolhidos de Deus se
teriam regozijado em unir-se a Smith e outros, inclusive Butler; se união
tivesse existido, erros não teriam sido cometidos." (Carta H-27, 1894).
2Observem
a falha em reconhecer a mensagem como o "começo" da chuva serôdia e
do alto clamor.
11. As Crises
Alfa e Ômega
Uma terrível crise conhecida
como a heresia do panteísmo quase sufocou a Igreja Adventista do Sétimo Dia no
princípio do século 19. Ellen White descreveu-a como o "alfa" da
"sedução de espíritos e doutrinas de demônios". Poderia dar-se que
esse engano "alfa" tivesse relação com a rejeição da luz de 1888?
Em directa proporção ao não
discernimento e incompreensão da luz genuína terá lugar a luz falsificada, não
discernida e incompreendida quanto à sua própria natureza. É-nos dito que após
1888 a apostasia interior seria inconsciente e sutil e provavelmente se
difundiria antes que pudesse ser percebida.
Esse princípio de engano
seguindo-se à rejeição de luz é uma lei inalterada da história. Jesus declarou
aos líderes judaicos: "Eu vim em nome de Meu Pai e não Me recebeis; se
outro vier em seu próprio nome, certamente o recebereis" (João 5:43). Uma
verdadeira compreensão da era pós-1888 é necessária a fim de reconhecer os
"lampejos luminosos" que tomaram o lugar da verdadeira luz.
O ministério na era 1888 era
composto de bons homens, consagrados, que trabalhavam longas horas suportando
privações. Professando sinceramente a verdade, eles de algum modo conseguiram
ignorar ou rejeitar sua realidade. O que aconteceu é um dos mais surpreendentes
acontecimentos na história da Obra de Deus.
Os irmãos estavam
sinceramente inconscientes de uma atitude mental que provocou uma reacção não
santificada contra a mais gloriosa luz que jamais brilhara sobre esta Igreja.
Mas não eram piores do que somos por natureza. Somos um só corpo com eles.
Segue-se que o pecado de
rejeição daquela luz do alto clamor nunca pode ser verdadeiramente vencido até
que os motivos não perceptíveis igualmente se apresentem em todos os nossos
corações e se patenteiem à nossa consciência. Essa Obra certamente deve
incluir-se na purificação do santuário. Aquilo que deixamos de crer um
século atrás devemos aprender por transitar numa rota de desvio de nossa
própria criação. Nossa história é resultado de princípios divinamente ordenados
para nos conduzir à reconciliação com Cristo.
A História do Alfa do
Início
do Século 19 Ilustra Este
Princípio
O Senhor não pode nem
irá forçar nem conquistar por temor o que conquistaria somente por amor. Daí
Sua longa paciência durante nosso desvio. O que mais poderia fazer, a não ser
esperar o nosso desapontamento? Mas Sua paciente sabedoria vencerá por fim,
porque é a sabedoria do amor, uma estratégia verdadeiramente divina. Entender
a história de 1888 significa poderosas boas novas!
Seja em 1844 ou 1888, uma
rejeição de luz tornou inevitável uma submissão ao engano. Eis como o princípio
operou quando alguns pioneiros adventistas rejeitaram a luz ampliada da verdade
do santuário:
"Vi uma luz
bastante brilhante vindo do Pai ao Filho, e do Filho ela recobria as pessoas
perante o trono. Mas poucos receberiam essa grande luz. Muitos saíram de sob
ela e imediatamente lhe resistiram; outros eram descuidosos e não acolheram a
luz, e esta se retirou deles. . . .
"Os que se ergueram
com Jesus dirigiam sua fé Àquele no Santíssimo, e oravam, 'Meu Pai, dá-nos o
Teu Espírito'. . . .
"Voltei-me para
olhar ao grupo que ainda se inclinava perante o trono; eles não sabiam que
Jesus os havia deixado. Satanás parecia estar junto ao trono, tentando levar
adiante a Obra de Deus. Vi-os levantando os olhos ao trono e orando: "Pai,
dá-nos o Teu Espírito". Satanás então soprava sobre eles uma influência
profana. . . . [Seu] objetivo era mantê-los sob engano, e voltarem para enganar
os filhos de Deus."
(Primeiros Escritos, 55, 56).
Esse mesmo princípio
de engano que se seguiu à rejeição da luz enviada pelo céu operou após 1888. Falando
da crise, Ellen White escreveu em 1889: "Nunca devemos esperar que quando
o Senhor tem luz para o Seu povo, Satanás permanecerá calmamente à parte e não
exercerá esforços para impedi-lo de recebê-la." (5T 728).
"Haverá
muitos agora, como em tempos antigos, que se apegarão à tradição, e adorarão
àquilo que não sabem de que se trata. . . .
"É certo que tem
havido entre nós um desvio do Deus vivo, e um volver-se a homens, colocando o
humano em lugar da sabedoria divina.
"Deus despertará o
Seu povo; se outros meios falharem, heresias surgirão entre eles, que os
peneirarão, separando o joio do
trigo."
(ibid., p. 707).
Na assembléia de
Mineápolis, foi-nos dito que o fracasso em avançar sob o comando de Cristo nos
exporia sem que percebêssemos tratar-se do comando de Satanás:
"Deus retirará o Seu
Espírito a menos que a Sua verdade seja aceita. . . .
"Gostaria que
pudésseis ver e sentir que se não estais avançando, estareis regredindo e
Satanás entendia disso; ele sabia como tirar vantagem da mente humana. . . .
Aqui a batalha está diante de nós." (Ms. 8, 1888, Olson, pp. 264, 265).
Novamente, falando de
Mineápolis, Ellen White descreveu o caminho do desdobramento:
"Agora
no tempo presente Deus tem determinado que um novo e renovado ímpeto seja dado
à Sua Obra. Satanás vê isso, e está determinado a que seja obstaculizado. . . .
Aquilo que é alimento para as igrejas é considerado perigoso, e não lhes
deveria ser dado. E essa pequena diferença de idéias é permitida perturbar a
fé, para causar apostasia, quebrar a
unidade, semear discórdia, tudo porque eles não sabem que estão lutando a
respeito de si próprios." (Ms 13, 1889, ênfase acrescentada).
Um inimigo reconhecia que na
reacção de muitos contra a luz de 1888 ele podia obter sua melhor chance de
conquistar uma vitória:
"O inimigo de
Deus e do homem não está disposto a que essa verdade deva ser claramente
apresentada, pois sabe que se o povo a receber integralmente, o seu poder será
quebrado. . . . [Cristo] nos tem advertido a estarmos vigilantes contra falsas
doutrinas. . . . Muitas falsas doutrinas nos serão apresentadas como o ensino
da Bíblia. . . . Deus deseja que sejamos inteligentes . . . e reconheçamos as
advertências que nos tem dado para que não sejamos achados do lado do grande
enganador na crise que está bem à nossa frente." (RH, 3 de setembro de
1889).
"Os que têm tido
grande luz e que nela não têm caminhado terão trevas correspondentes à luz que
desprezaram." (TM 163).
Uma vez que a luz que veio
em 1888 foi a verdade da terceira mensagem angélica, faz sentido que o inimigo
se aproveite da oportunidade de confundir nossa compreensão dessa verdade:
"Satanás está agora
operando com todo o seu poder insinuante para desviar os homens da obra da mensagem
do terceiro anjo, que deve ser proclamada com grandioso poder. . . . Ele
operará com poder dominador para introduzir o fanatismo, de um lado, e frio
formalismo, de outro, a fim de que possa reunir uma ceifa de almas. Agora é
nosso tempo de vigiar sem cessar. Vigia, barrai o caminho contra o menor passo
de avanço que Satanás possa dar entre nós. . . .
"Alguns não farão um
correcto uso da doutrina da justificação pela fé." (Special
Testimonies [Testemunhos especiais], Série A, no 1, pp. 63, 64; 1890).
"A menos que o poder
divino seja introduzido na experiência do povo de Deus, falsas teorias e idéias
errôneas levarão as mentes cativas." (RH, de setembro de 1889).
A. G. Daniells
reconheceu em 1926 que a advertência era justificada, que essa profecia havia
tido cumprimento:
"A um lamentável
grau, o povo de Deus falhou em trazer para sua experiência o poder divino, e
tem-se visto o resultado predito: . . . falsas teorias e idéias errôneas têm
levado mentes cativas." (COR 89).
Ellen White estava
preocupada. O tempo do alto clamor é uma ocasião emocionante, mas também um tempo
de perigo. Em suas palavras, a crise pós-1888 assinalou uma nova era:
"Doravante
teremos uma constante disputa. . . . Essas palavras do Escrito Sagrado foram-me
apresentadas: "Dentre vós mesmos, se levantarão homens falando cousas
pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles". Isso certamente
será visto entre o povo de Deus. . . .
"Haverá aqueles que
. . . confundirão o erro como luz, e a enganos especiosos chamarão de luz,
trocando fantasmas por realidades, e realidades por fantasmas. . . . Cairão em
enganos e mentiras que Satanás tem preparado como redes escondidas para enlaçar
os pés daqueles que julgam poder caminhar segundo sua sabedoria humana
sem a especial graça de Cristo. . . . Os
homens aceitarão um engano após outro até que os seus sentidos estejam
pervertidos."
(Ms. 16, 1890; Ev. 593, 594).
Conquanto seja
verdade que o inimigo tentasse nos enganar antes de 1888, seus ataques mais
assíduos foram realizados posteriormente. Os enganos "alfa" foram
eficazes somente devido a uma rejeição anterior da luz:
"Ao tempo do
alto clamor do terceiro anjo aqueles que têm em qualquer medida sido cegados
pelo inimigo, que não se recuperaram plenamente do ardil satânico, estarão em
perigo, porque será difícil discernir a luz do céu, e estarão inclinados a
aceitar a falsidade. A errônea experiência deles colorirá seus pensamentos,
suas decisões, suas proposições, seus conselhos. As evidências que Deus tem
concedido não serão evidência alguma para os que cegaram os olhos ao preferirem
as trevas à luz. Após rejeitarem a luz, originarão teorias a que denominarão
"luz", mas que o Senhor chama de lampejos de seu próprio fogo, pelos
quais dirigirão os seus passos.
"As palavras que o
Senhor enviou serão rejeitadas por muitos, e as palavras que o homem possa
falar serão recebidas como luz e verdade. Jesus declarou: "Eu vim em nome
de Meu Pai e não Me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente o
recebereis". A sabedoria humana conduzirá para longe da negação própria,
da consagração, e criará muitas coisas que tendem a tornar de nenhum efeito as
mensagens de Deus. Não podemos com qualquer segurança confiar nos homens que
não estão em íntima comunhão com Deus. Eles aceitarão as opiniões de homens,
mas não podem discernir a voz do Verdadeiro Pastor, e a influência deles
desviará a muitos."
(RH, 13 de dezembro de 1892).
Após a assembléia de
1893, Ellen White viu que pairava sobre nós males de engano sem precedente:
"O discernimento parece ter-se ido, e [muitos] estão destituídos de poder
para discriminar entre a luz que Deus lhes envia e as trevas que vêm do inimigo
de suas almas" (RH, 7 de agosto de 1894).
O Perigo da Impaciência
Alguns na era 1888
desejavam avançar com Cristo para um gozo espiritual maior de concluir a
comissão evangélica. Mas a corporação em geral (especialmente de líderes) não
estava pronta. Contrariamente ao predeterminismo calvinista, o Senhor teve que
alterar Seu propósito e permanecer com o Seu povo. Se este não acertasse o
passo com Ele, Ele deve pelo menos acertar o passo com eles.
Essa foi uma prova dura para os poucos que eram de
temperamento mais ardoroso do que a maioria. Tiveram que ser instados a
"não correram adiante do Mestre, mas seguirem onde Ele conduzir" (TM
228; 1894).1 Até seu falecimento, Ellen White permaneceu
com a Igreja ainda que não tivesse seguido a liderança do Senhor, tal como
Moisés permaneceu com Israel após Cades-Barnéia.
Ela ofereceu bom conselho e
um bom exemplo mesmo para hoje. Críticos humanos não são tão pacientes como o
Senhor. A longa demora é uma experiência, não por causa do Senhor, mas por
causa da Igreja. Por que Deus permite que a apostasia adentre a Sua Igreja? A
história de Israel lança um elevado lampejo sobre a nossa:
"Mesmo na
Igreja Deus tem permitido que homens testem sua própria sabedoria nessa
questão. . . Quando ensinadores infiéis surgiram entre o povo, seguiu-se a
fraqueza, e a fé do povo de Deus pareceu extinguir-se; mas Deus levantou-Se e
purificou o Seu terreno, e os provados e verdadeiros foram levantados.
"Há ocasiões em que
a apostasia penetra as fileiras, quando a piedade é deixada de fora do coração
por aqueles que deviam ter-se mantido no compasso de seu divino Líder. . . .
Mas Deus envia o Confortador como um reprovador do pecado, para que o Seu povo
possa ser advertido de sua apostasia e repreendido de seu desvio." (RH, 15 de dezembro
de 1891).
O fim do desvio
termina em boas novas. Trará a Igreja a um verdadeiro senso de sua condição e a
um arrependimento genuíno, uma experiência que será a maior de seu tipo em
todas as fases da história:
"Nas balanças
do santuário a Igreja Adventista do Sétimo dia deve ser pesada. . . . Se as
bênçãos conferidas não a tem qualificado a realizar o trabalho que lhe foi
confiado, sobre ela será pronunciada a sentença, "achada em falta". .
. .
"A menos que a
Igreja, que está agora sendo fermentada com a sua própria apostasia,
arrependa-se e converta, comerá do fruto de sua própria confecção, até que se
aborreça de si própria. Quando ela resistir ao mal e escolher o bem, quando
buscar a Deus com toda a humildade, . .
. será curada. Ela aparecerá em sua simplicidade e pureza concedidas por Deus,
separada de conexões terrenas, mostrando que a verdade a tornou verdadeiramente
livre. Então os seus membros verdadeiramente
serão escolhidos de Deus, Seus representantes.
"Quando esta reforma
tiver início, o espírito de oração actuará em
cada crente, e banirá da igreja o espírito de discórdia e luta. . . .
Todos estarão em harmonia com a mente de Cristo." (8T 250, 251;
ênfase acrescentada).
Entusiastas separatistas
citam trechos desta passagem num esforço para provar que a Igreja foi rejeitada
pelo Senhor. No contexto apropriado, Ellen White está aqui predizendo uma
experiência de arrependimento denominacional.
"A Igreja Toda"
Versus "A Igreja Toda"
Algumas declarações
inspiradas aparentemente dizem que "a igreja toda" nunca se
arrependerá e cooperará com Cristo. Promotores de dissidências utilizam-nas.
Mas outras declarações dizem o oposto. Acaso Ellen White se contradiz?
O contexto resolve a
aparente contradição. Antes do "peneiramento" ter lugar,
"a Igreja toda" não será reavivada; após o peneiramento,
"a Igreja toda" entrará na linha. Observemos ambos os conjuntos de
declaração:
"Estamos
esperando ver a Igreja toda reavivada? Esse tempo nunca chegará.
"Há pessoas na
Igreja que não são convertidas, e que não se unirão à oração fervorosa e
insistente. Devemos entrar na obra individualmente." (1SM 122; 1887).
Logo após ter dito
isso, a mensagem de 1888 trouxe uma nova visão e esperança. Agora ela fala mais
positivamente. Ellen White foi estimulada pela nova mensagem:
"Quando a
chuva serôdia for derramada, a Igreja será
revestida com poder para a sua obra; mas a igreja como um todo nunca receberá
isso até que os seus membros ponham de lado
a inveja, murmurações e mexericos." (RH, 6 de outubro de 1896; ênfase
acrescentada).
"Quando a Igreja
despertar, . . . os membros terão angústia de alma por aqueles que não conhecem
a Deus. . . . Deus operará mediante uma Igreja consagrada e que se negue a si mesma, e revelará o Seu
Espírito numa maneira visível e gloriosa. . . .
"Quando o povo de
Deus receber esse Espírito, poder sairá dele." (1SM 116, 117;
1898; ênfase acrescentada).
"Quando a reprovável
indolência e comodismo tiverem sido banidos da Igreja, o Espírito do Senhor
será graciosamente manifestado. . . . A Terra será iluminada com a glória do
Senhor.
"Anjos celestes têm
há muito aguardado que os agentes humanos--os membros da Igreja--cooperem com
eles na grande obra a ser realizada." (9T 46, 47; ênfase acrescentada).
"Em visões da noite
representações foram-me mostradas de um grande movimento reformatório entre o
povo de Deus. . . . Um espírito de genuína conversão manifestava-se. . . . O
mundo parecia iluminado com a influência celestial. . . .
"Contudo alguns
recusaram converter-se . . . Esses cobiçosos tornaram-se separados da
companhia de crentes."
(9T 126, ênfase acrescentada).
"O Espírito Santo
deve animar e penetrar na igreja inteira, purificando e fortalecendo
corações. . . .
"É propósito de Deus
glorificar-Se em Seu povo perante o mundo." (9T 20, 21).
Falando do tempo de
arrependimento e reforma quando a chuva serôdia for recebida, a serva do Senhor
prediz:
"O temor de
Deus, o senso de Sua bondade, Sua santidade, circularão em cada instituição.
Uma atmosfera de amor e paz penetrará em cada departamento. Toda palavra
pronunciada, toda obra empreendida, terá uma influência que corresponda à
influência do céu. . . . Então a Obra marchará com solidez e dupla força. . . .
A Terra será iluminada com a glória de Deus, e a nós caberá testemunhar a breve
vinda, em poder e glória, de nosso Senhor e Salvador." (MM 184, 185;
1902).
Uma compreensão de
nossa própria história será necessária para alcançar essa meta. "Nada
temos a temer quanto ao futuro, excepto se nos esquecermos do modo porque o
Senhor nos tem conduzido, e o Seu ensino em nossa história passada" (LS
196). O honesto de coração o verá, e se alegrará:
"Devemos
manter-nos próximos de nosso grande Líder, ou nos tornaremos desorientados, e
perderemos de vista a Providência que preside a Igreja e o mundo, e a cada
indivíduo. Haverá profundos mistérios nas acções divinas. Podemos perder as
pegadas de Deus e seguir nossa própria desorientação e dizer: "Teus
julgamentos não são conhecidos"; mas se o coração é fiel a Deus, tudo será
tornado claro.
"Há um dia próximo
de manifestar-se sobre nós quando os mistérios de Deus serão vistos, e todos os
Seus caminhos vindicados." (TM 432, 433).
O Fundamento da Heresia
Panteísta
O coração contrito e
moldável que aprecia a cruz de Cristo foi o enfoque da mensagem de 1888. A
justiça se dava por esse tipo de fé. Mas para muitos, a arrogância do
orgulhoso coração humano resistia a essa humildade. Observem como esse orgulho
auto-suficiente é o solo em que engano posterior poderia ter criado raízes. Sem
esse orgulho negador da fé as mais bem urdidas tentações de Satanás teriam sido
impotentes. Não havia razão sobre a Terra pela qual a Igreja tinha de ser
afligida pelos enganos "alfa", excepto o orgulho pós-1888:
"Estamos em
meio aos perigos dos últimos dias, quando vozes serão ouvidas de todo lado,
dizendo: "Eis aqui o Cristo", "Aqui está a verdade";
enquanto a carga de muitos é abalar o fundamento de nossa fé que nos tem
conduzido das igrejas e do mundo. . . .
"A verdade para este
tempo é preciosa, mas aqueles cujos corações não foram quebrantados, por
lançar-se sobre a rocha, Cristo Jesus, não verão e entenderão o que é verdade.
Aceitarão aquilo que compraza suas idéias, e começarão a manufaturar outro
fundamento além do que está lançado. Se vangloriarão de sua própria vaidade e
estima, julgando que são capazes de remover os pilares de nossa fé, e
substituí-los por pilares de sua própria criação." (Elmshaven
Leaflets, The Church, No 4; Ms. 28, 1890).
A oposição em Mineápolis
desejava "permanecer com os antigos marcos". Nada agradaria mais o
inimigo do que ver este povo deixar aqueles marcos.
Mas ele tem um exército de
cupins que assumirão o trabalho quando a equipe de dinamitadores falhar. Idéias
especiosas há muito mantidas, originadas com o pai da apostasia, poderiam
sutilmente minar nosso entendimento da verdade. Esses cupins não podem afectar
os pilares da verdade, mas podem carcomer interiormente nossa fé deixando-nos
somente com uma capa exterior da terceira mensagem angélica. Não estava fora do
alcance da inteligência de Satanás tentar tal obra após 1888, como a história
do panteísmo demonstra:
"Aqueles que
são auto-suficientes . . . serão encontrados professamente trabalhando para
Deus, mas em realidade oferecendo o seu serviço ao príncipe das trevas. Em
vista de que seus olhos não estão ungidos com o colírio celestial, seu
entendimento será cegado, e serão ignorantes quando ardis maravilhosamente
especiosos do inimigo. A visão deles será pervertida mediante sua dependência
sobre a sabedoria humana, que é loucura à vista de Deus."
("Danger of Adopting Worldly Policy" [O perigo de adotar políticas
mundanas], p. 4; 1890).
Acontecimentos
estavam tendo lugar subterraneamente, onde aquelas raízes de preconceito sobre
1888 "nunca tinham sido erradicadas, e . . . ainda produziam seu fruto não
santificado para envenenar o julgamento, perverter as percepções, e cegar o
entendimento. . . . Quando, por confissão integral, destruirdes a raiz de amargura,
vereis a luz na luz de Deus" (TM 467). Mas a "confissão
integral" nunca veio para a maior parte dos irmãos. Cortar os topos e
deixar as raízes intactas era exactamente a situação que o inimigo desejava:
"Política
mundana está tomando o lugar da verdadeira piedade e sabedoria que vêm de cima,
e Deus removerá Sua mão prosperadora da assembléia. Será removida a arca da
aliança deste povo? Serão introduzidos ídolos sorrateiramente? Princípios e
preceitos falsos serão trazidos para dentro do santuário? Será respeitado o
anticristo? Serão ignoradas as verdadeiras doutrinas e princípios a nós
concedidas por Deus, que nós tornaram o que somos? . . . Isto é directamente
aonde o inimigo, mediante homens cegos e não consagrados, nos está conduzindo."
(Ms. 29, 1890).
Em 1894 veio um
crescendo de advertência, novamente expondo as astutas ciladas de Satanás:
"Os anjos de
Satanás . . . criarão o que alguns reivindicam ser luz maior, . . . novas e maravilhosas coisas, e contudo
enquanto em certos respeitos a mensagem seja verdadeira, estará misturada com
invenções humanas, e se ensinarão como doutrinas os mandamentos de homens. . .
. Pode haver supostas coisas que parecem tão boas, e, contudo, precisar ser
cuidadosamente consideradas com muita oração, pois são artimanhas especiosas
do inimigo para conduzir almas no caminho que jaz tão próximo da verdade que
será muito difícil distinguir do caminho que conduz à santidade e ao céu. Mas o olho da fé pode
discernir que está divergindo do caminho direito, conquanto quase
imperceptivelmente. Primeiramente pode ser julgado positivamente certo, mas
após mais um pouco é visto como amplamente divergindo do caminho da segurança,
do caminho que conduz à santidade e ao céu." (TM 229; 1894).
Até mais pungente foi o
seguinte:
"O fanatismo
aparecerá bem em nosso meio. Enganos sobrevirão, e de tal carácter que se
possível fosse enganaria os próprios escolhidos. Se assinaladas incoerências e
declarações falsas se tornarem evidentes nessas manifestações, as palavras dos
lábios do Grande Mestre não se farão necessárias. . . .
"A razão por que
exibo o sinal de perigo e que mediante a iluminação do Espírito Santo de Deus
posso ver aquilo que os meus irmãos não discernem." (Carta 68, 1894).
"O caminho da
presunção jaz bem próximo do caminho da fé. . . . Se não houver obra cuidadosa,
zelosa, sensível, sólida como uma rocha na divulgação de toda idéia e
princípio, . . . almas serão arruinadas." (Carta 6a, 1894).
No mesmo ano, ela
escreveu sobre a possibilidade de que nossas escolas se tornassem embaraçadas
nos elos dos laços satânicos. Mas novamente ela expressa esperança:
"Nossas instituições
de ensino podem inclinar-se à conformidade mundana. Passo a passo podem avançar
rumo ao mundo; mas são prisioneiras da esperança, e Deus as corrigirá e
iluminará, e as trará de volta à postura erecta de distinção do mundo."
(RH, 9 de janeiro de 1894; FE 290).
A síntese popular da
Ciência-Cristã na Nova Inglaterra já em 1895 pode ter dominado alguns de nossos
educadores e semeado a semente particular de nossa heresia panteísta do
princípio do século 19. Seguramente, o panteísmo não se insere na terceira
mensagem angélica ou no princípio da mensagem do quarto anjo--é algo alheio que
teve de ser importado:
"A associação
com homens cultos é apreciada por alguns mais elevadamente do que a comunhão
com o Deus do céu. As declarações de homens destacados são consideradas como de
maior valor do que a mais elevada sabedoria revelada na Palavra de Deus. . . .
"Os homens que
desfilam perante o mundo como maravilhosos espécimes de grandeza . . . cobrem o
homem de honra, e falam da perfeição da natureza. Eles pintam um quadro muito
belo, mas é uma ilusão. . . Aqueles que apresentam uma doutrina contrária à da
Bíblia, são conduzidos pelo grande Apóstata. . . Com tal líder--um anjo expulso
do céu--os supostos grandes homens da terra podem fabricar teorias
enfeitiçantes com que enfatuar as mentes dos homens." (YI, 7 de fevereiro
de 1895; FE 331, 332).
A Década Negra de Nossa
História
Na véspera da crise
de pantaeísmo, Ellen White sentiu que acontecimentos portentosos pairavam sobre
nós:
"A mão
direita da comunhão é concedida aos homens mesmos que estão introduzindo falsas
teorias e falsos sentimentos, confundindo as mentes do povo de Deus,
amortecendo-lhes as sensibilidades quanto ao que constituem princípios rectos.
. . . A luz dada, chamando ao arrependimento, tem sido extinta nas nuvens da
descrença e oposição introduzidas pelos planos humanos e invenções humanas."
(B-19 1/2, 1897).
Falando à sessão da
Associação Geral em 1899, a Sra. S. M. I. Henry também sentiu algum perigo:
"Assim como as coisas mais doces, quando se tornam rançosas, tornam-se as
mais repugnantes, igualmente volver-se contra a maior luz e verdade é cair na
maior escuridão e mal" (GCB, 1899, p. 174).
A mesma assembléia de 1899
assistiu em primeira mão a um trágico exemplo de engano. Um de nossos
honoráveis líderes em seu caminho da Europa para assistir à assembléia em South
Lancaster fez amizade a bordo com um homem que reivindicava ser um rico capitão
de navio. Sendo um empresário esperto, professou aceitar a "terceira
mensagem angélica". Nosso pastor convidou-o com toda sinceridade a que
assistisse à assembléia a iniciar-se em South Lancaster. O "Capitão
Norman" conseguiu fazer grande sucesso entre os delegados e adventistas
locais, inclusive junto a uma jovem senhora a quem propôs casamento, tendo esta
aceito.
Um apelo vigoroso foi feito
na sessão para que nosso povo propusesse doações para a Obra de Deus. O
registro no Bulletin de 1899 aponta 100 dólares como a doação mais
elevada que alguém fora capaz de propor, com a maior parte dos compromissos
muito abaixo, até que o "Capitão Norman" "propôs" cinco mil
dólares--naqueles dias uma soma astronômica. Rapidamente as propostas pararam
de vir. Por que deveria nosso pobre povo sacrificar-se quando o maravilhoso
novo converso prometia cinquenta vezes mais do que o melhor que o mais
capaz dentre nosso povo havia sido capaz de prometer? Quão contente o Senhor
deve estar com o Seu povo para abençoá-lo tão maravilhosamente com um rico novo
convertido, como o Capitão Norman!
O homem terminou sendo visto
como um agente do diabo, declarou Ellen White2. (Ele desapareceu com a quantia
poupada pela noiva por toda a vida). Mas os que foram assim enganados por um
agente do diabo também logo se confundiram com o que Ellen White denominou
"doutrinas de demônios" na história do "alfa".
A última década do século 19
foi um período de trevas e confusão na sede de nossa Obra. Havia muito
progresso exterior que mascarava uma carência espiritual. Mervyn Maxwell
descreve o claro contraste entre a mensagem de 1888 e a condição espiritual da
Igreja:
"A liderança, o
laicato, as instituições, associações, campos missionários, e a Igreja como um
todo, estavam desesperadamente em necessidade de reforma. . . . [Ellen White
disse] ter havido uma "assustadora apostasia" com o povo de Deus. A
igreja está "frígida", o seu primeiro amor congelado. Os dirigentes
em Battle Creek volveram costas ao Senhor; muitos membros da Igreja também
tinham rejeitado o Seu senhorio e preferido a Baal. Presidentes de associação
estavam-se comportando como bispos medievais. . . . Uma "estranha
cegueira" adveio sobre o presidente da Associação Geral de modo que até
ele estava agindo de modo contrário à luz. . . 'Todo o céu está indignado'."
(Tell It
to the World [Contai-o ao mundo], pp. 246, 247).
Qual era a verdadeira
fonte da dificuldade espiritual? Eles tinham rejeitado o início da chuva
serôdia e do alto clamor. Haviam desperdiçado a maior oportunidade escatológica
que jamais se oferecera a qualquer povo.
__________
1Parece
uma estranha determinação do destino que o principal ensinador da heresia
"alfa" foi o Dr. J. H. Kellogg, que fora verdadeiramente convertido
na assembléia de Mineápolis, segundo Ellen White (GCB 1903, p. 86). W. W.
Prescott, que por uma época lecionou alguns aspectos da mensagem, também
ensinava o panteísmo nos primeiros estágios da crise. Mesmo Waggoner errou em
algumas de suas expressões, dando a seus oponentes oportunidade de acusá-lo de
ser um panteísta, conquanto Ellen White não lhe achasse falta nesse ponto.
Alguns hoje equivocadamente concluem que o mal do panteísmo está implícito na
mensagem de 1888.
Exatidão absoluta é
essencial em expressar a verdade vital, pois a pista do erro jaz muito próxima.
Isso foi especialmente verdadeiro da mensagem que constituiu o início da chuva
serôdia e do alto clamor. Os conceitos de 1888 realçam quão próximos de nós o
Salvador tem vindo em Sua encarnação e em Seu ministério mediante o Espírito
Santo. Oposição determinada e persistente abalou os mensageiros, criando uma
alienação de comunhão. Desnecessariamente posto na defensiva e privado de
saudável e fraternal correcção, Waggoner desviou-se da fina linha que dividia a
verdade preciosa do erro.
2Esse
incidente nos foi relatado pelo Pastor S. A. Wellman no inverno de 1949-50.
Pode ser confirmado pelo verbete "Captain Norman" no Bulletin
de 1899. A senhora que aceitou sua proposta matrimonial perdeu a quantia de poupança
de toda a sua vida. Cinquenta anos após o "Capitão Norman", um
incidente semelhante ocorreu na sede em Takoma Park quando o "Dr.
Legge", um criminoso espertalhão, enganou alguns dirigentes da Associação
Geral com sua pretensa conversão, que igualmente interpretaram a
"conversão" como a maravilhosa bênção do Senhor.
12. A Apostasia
do Panteísmo
Em lugar dos refrigerantes
aguaceiros da chuva serôdia preparando um povo para o retorno de Cristo, a
virada do século introduziu uma das maiores quase-tragédias que a Igreja já
defrontou. Somente a intervenção pessoal da humilde mensageira do Senhor salvou
o bom navio de naufragar como se deu com o Titanic poucos anos antes.
O "iceberg" foi a
sutil heresia do panteísmo por alguns dos líderes mais altamente respeitados do
adventismo que foram tão surdos às advertências do perigo iminente quanto foi
o capitão da malfadada embarcação da Cunard.
Quando pareceu a Ellen White
que ninguém faria nada para resolver a crise trazida pelos ensinos heréticos
do Dr. Kellogg, foi-lhe dado um sonho inspirado:
"Uma
embarcação estava sobre as águas, num forte nevoeiro. Subitamente o vigia
gritou, "iceberg bem à frente". Ali, aparecendo bem acima do navio,
estava um gigantesco iceberg. Uma voz autoritária exclamou: "Vá-lhe ao
encontro!" Não houve um momento para hesitação. Era ocasião para acção
instantânea. O piloto aplicou força total, e o homem ao leme manobrou o navio directamente
no rumo do iceberg. Com um forte impacto atingiu o gelo. Deu-se um tremendo
choque, e o iceberg partiu-se em muitos pedaços, desabando com um som
semelhante ao de trovão sobre o convés do navio. Os passageiros foram
violentamente abalados pela força da colisão, mas nenhuma vida se perdeu. A
embarcação ficou danificada, mas não além da possibilidade de reparo. Ela
saiu-se do episódio, tremendo de popa a proa, como uma criatura vivente. A
seguir avançou adiante em seu caminho." (Special Testimonies
[Testemunhos especiais], Série B, 1904, no 2, pp. 55, 56).
O navio era a Igreja
Adventista do Sétimo Dia. A "voz" de autoridade era o testemunho de
Jesus. O navio foi danificado, mas não além da possibilidade de reparo.
Na sequência da colisão três preciosos obreiros na Causa de Deus que eram
especialmente queridos por Ellen White deixaram a sua posição--Jones, Waggoner
e o Dr. Kellogg. Caso o iceberg tivesse sido visto antes e a embarcação fosse
dirigida contornando-o, a Igreja teria evitado essa perda.
Vários fatores deste relato
merecem especial atenção:
(1) Muitos de nossos ministros e médicos não puderam
discernir a natureza da crise panteística quando ela se manifestou sobre eles.
Estavam como numa neblina. Sentimentos panteísticos eram a coisa da
"moda", o símbolo chique da teologia progressista. Havia uma
enfeitiçante beleza a respeito dela. As idéias elevadas desfrutavam de ampla
promoção, virtualmente sem protesto. "Que aqueles que temos julgado firmes
na fé tenham deixado de discernir a influência mortífera e especiosa dessa
ciência do mal deveria alarmar-nos como nada mais nos tem alarmado" (ibid.,
Série B, no 7, p. 37).
(2) A própria Ellen White
pode não ter reconhecido o erro sutil sem discernimento incomum. Não obstante,
ela esperava que os seus irmãos e irmãs também estivessem em íntimo contacto
com o Espírito Santo a ponto de serem capazes de discerni-lo:
"Este é um
tempo em
que o poder enganador de Satanás
deve ser exercido, não somente sobre as mentes daqueles que são jovens e
inexperientes, mas sobre a mente de homens e mulheres de maior amadurecimento e
vasta experiência. Os homens em posições de responsabilidade estão em perigo de
mudar de líder." (ibid., Série B, no 2, p. 48; 1904).
"Ouvi uma voz
dizendo: "Onde estão os vigias que deveriam permanecer sobre os muros de
Sião? Estão adormecidos? Esse fundamento foi edificado pelo Obreiro Mestre, e
resistirá à temporais e tormentas. Permitirão que esse homem [Kellogg]
apresente doutrinas que negam a experiência passada do povo de Deus? É chegado
o tempo para acção decisiva." (ibid., p. 54).
Na verdade, para ser
justo, a história coloca mais culpa na cegueira dos vigias responsáveis sobre
os muros de Sião que deixaram de discernir o perigo, do que sobre o
desorientado médico que ensinava a heresia.1
Apressamo-nos em condená-lo e regozijamo-nos no livramento propiciado
pelo dom de profecia. Mas a lição é perturbadora: as repetidas advertências
dadas desde 1888 falharam em despertar a maioria de nosso povo.
Assim, a crise panteísta
revela a natureza arraigada da descrença pós-Mineápolis na prontidão com que
muitos caíram em enganos cerca de uma década depois. Aqueles que defendem ter
havido arrependimento para a cegueira de 1888 acham difícil explicar a subsequente
cegueira do panteísmo.
(3) Desafortunadamente, a
prova do panteísmo não poderia ser a final. As repetidas advertências concernentes
ao recebimento de 1888 devia ter habilitado nossos irmãos a dirigirem por sua
própria iniciativa o bom navio com segurança através das perigosas águas do
panteísmo. Mas uma intervenção pessoal e de emergência de Ellen White fez-se
necessária, ou o navio teria naufragado.
Satanás deve, portanto, ter
permissão de nos tentar novamente, desta vez quando o agente vivo não mais se
fizer presente. Deve ser um teste supremo quanto a se alcançamos a maturidade
ou se, como crianças, ainda carecemos da direcção pessoal de uma governanta.
Assim descobrimos que a crise panteísta foi somente um "alfa" e uma
provação "ômega" deve seguir-se. Pode estar mais próxima agora do que
pensamos:
"Nosso povo
precisa compreender as razões de nossa fé e de nossas experiências passadas.
Quão triste é que tantos deles aparentemente depositaram confiança ilimitada em
homens que apresentam teorias tendentes a desarraigar nossas experiências
passadas e remover os velhos marcos! Aqueles que podem tão facilmente ser levados
por um falso espírito revelam que têm estado seguindo o capitão errado por
algum tempo, há tanto tempo que não discernem que estão se desviando da fé, ou
que não estão edificando sobre o verdadeiro fundamento. . .
"Alguns dos
sentimentos agora expressos são o alfa de algumas das idéias mais fanáticas que
poderiam ser apresentadas. Ensinamentos semelhantes àqueles que tivemos de
defrontar logo após 1844 estão sendo ensinados por alguns que ocupam
importantes posições na Obra de Deus." (Southern Watchman, 5 de abril de
1904).
"'Living
Temple' [O templo vivo] contém o alfa dessas teorias. Eu sabia que o ômega
seguir-se-ia pouco depois, e tremi por nosso povo." (Special
Testimonies, Série B, no 2, p. 53).
"Não vos enganeis:
muitos se desviarão da fé, dando ouvido a espíritos sedutores e doutrinas de
demônios. Temos agora perante nós o alfa deste perigo. O ômega será de
natureza extremamente surpreendente." (1SM 197; 1904).
"Seguir-se-á o
ômega, e será recebido por aqueles que não estão dispostos a dar ouvidos à
advertência que Deus tem dado." (ibid., p. 200; Special
Testimonies, Série B, no 2, p. 50;
1904).
É interessante que
não encontramos Ellen White expressando quaisquer advertências contra The
Glad Tidings [As alegres novas] de E. J. Waggoner. Em 11 de abril de 1901,
ele expressamente negou que suas idéias fossem de carácter panteísta. (GCB
1901, p. 223). Teologia rebuscada pode sustê-lo nessa alegação. Seus sermões
durante a assembléia de 1901 eram ardorosos e poderosos. Foi após isso que
Ellen White recomendou que ele fosse convidado a ensinar em Berrien Springs,
pelo seu próprio benefício e o de seus estudantes. Ele precisava de comunhão
mais íntima com irmãos capazes que havia conhecido quando estava virtualmente
só na Grã-Bretanha.
Na edição de 29 de janeiro
de 1982 da revista The Criterion [O critério] (L. L. U. -- Universidade
de Loma Linda), o Dr. Jack Provonsha declara o seguinte de Kellogg, cujo
panteísmo era muito mais pronunciado do que o de Waggonner: "Em termos do
significado técnico de panteísmo, [Kellogg] não era um panteísta". Mas Kellogg
estava errado em sua concepção da natureza de Deus. Ellen White aparentemente
simpatizava com a motivação evangélica de Waggonner, e por essa razão pode
ter-se abstido de criticá-lo. Ela discerniu que o rumo tomado por Kellogg
poderia destruir o fundamento espiritual da Igreja.
Essa crise foi permitida
como um teste e prova para nossa fé e para servir de lição às gerações futuras:
"Deus tem permitido
que a apresentação da conjugação do bem e do mal em "Living Temple"
[Templo vivo] ocorra para revelar o perigo que nos ameaça. O trabalho que tem
sido tão engenhosamente levado avante Ele permitiu a fim de que certos
acontecimentos possam consumar-se, e que possa ser visto o que um homem pode
fazer. . . Deus tem permitido que a atual crise abra os olhos daqueles que
desejam conhecer a verdade. Ele deseja que Seu povo entenda a que extensão a
sofisticação e perspicácia do inimigo pode conduzir." (ibid., no, p. 36).
Destarte, a crise do
"Living Temple" não poderia assinalar o fim dos esforços de Satanás
em desviar, cativar e confundir e transtornar o povo do Advento. O perigo de
apostasia sutil e interior em nosso meio está ainda presente, mais assim do que
nunca antes: "Uma coisa deve em breve ser reconhecida--a grande apostasia,
que se está desenvolvendo e aumentando e tomando corpo, e continuará a fazê-lo
até que o Senhor desça do céu com um clamor" (ibid., pp. 56, 57).
(4) As apresentações
populares da história pós-1888 como uma grande vitória cancelam a lição objectiva
inerente à apostasia de Kellogg. Aquilo que Deus permitiu para "revelar o
perigo que nos ameaça"' a fim de que pudéssemos entender "a que
extensão a sofisticação e perspicácia do inimigo pode conduzir" é
desfigurado como uma vitória para a sabedoria dos homens e evidência do cuidado
aprovador e indulgente de Deus. O ponto crucial da experiência é sepultado pela
declaração de que o "ômega" foi um evento do passado distante:
"Há duas
fases da luta--primeiro, os erros panteísticos, em segundo lugar, a questão da
possessão e controle. O Espírito de Profecia chamou-os o alfa e ômega das
questões. O panteísmo, a "doutrina de demônios", é chamado de Alfa, e
do Φmega foi declarado tratar-se de eventos [sic] "de natureza bastante
assustadora".
"Alguns têm alegado
que o termo Φmega refere-se a alguma grande dificuldade futura ou apostasia e
têm às vezes feito uma errônea aplicação dele a esse ou aquela ramo das
operações denominacionais. . . . Em anos
passados, o entendimento desses termos era que o Alfa seriam os erros
mencionados acima e o Φmega a divisão e rebelião que privaram a Igreja de sua
instituição de saúde mais antiga. Essa foi deveras uma ocorrência assustadora
que poucos esperavam. A longo prazo, porém, somente poucos dentre nossos
membros nos deixaram."
(L. H. Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts [Os frutos dos dons
espirituais], p. 292).
Se for verdade que a perda
do Sanatório de Battle Creek foi o ômega, podemos descansar assegurados
de que as maiores provas e perigos ao movimento adventista tiveram lugar
oitenta anos atrás. Com todo o repertório de tentações especiosas de satanás já
esgotado no passado remoto, não temos de nos preparar para nada especial no
futuro.2
Onde Jaz a Verdade Sobre
o "Ômega"?
Numa recente edição
de Spectrum [Gama], Vol. 12, no 2, o
Dr. Robert Jonhston reforça a idéia de Christian, citando D. E. Robinson
como suporte. Contudo, não oferece evidência de Ellen White para o seu ponto de
vista. Ela nunca, em tempo algum, na década logo posterior deu a entender que a
perda da instituição de Battle Creek fosse o ômega. Ela nunca diz que se
trata de "eventos". Johnston enfraquece o seu argumento admitindo que
alfa e ômega são "partes de um contínuo simples e directo".
Se assim for, a última deve ser de natureza idêntica à da primeira--não se
tratando de "eventos", mas de "doutrinas de demônios"
sutilmente mascaradas como pretensa verdade.
A idéia de que o ômega
refere-se a um "evento" do passado parece contrária às declarações de
Ellen White:
(1) Ela disse que
"muitos se apartarão da fé" nessa experiência. Mas Christian declara
que "somente uns poucos dentre nossos membros nos deixaram" quando
perdemos o Sanatório de Battle Creek.
(2) Ela disse que o ômega
seria um "perigo", o fim de um alfabeto de heresias mortíferas e
doutrinas de demônios. Sendo do mesmo alfabeto, deve, então, tratar-se de
heresias e ímpias doutrinas, somente mais agudas, mais sutis, e mais especiosas
como o ômega por fim seguiu-se ao alfa. Como poderia a perda física de uma
instituição cumprir a profecia?
(3) Quando o ômega
chegasse, ela disse, "tremi por nosso povo". Mas o grande Sanatório
foi reconstruído com a expressa desaprovação de Ellen White; por que ela
tremeria "por nosso povo" ante a perspectiva de perder aquilo que se
tornara somente um ardil a eles e nunca deveria ter sido reconstruído em tão
grande escala?
(4) O simbolismo do alfabeto
requer um desenvolvimento de apostasia e confusão dentro da Igreja. O alfa
é representado como se segue em seus escritos; o ômega deve necessariamente ser
da mesma natureza:
"A apostasia,
princípios errôneos, idéias brilhantes e luminosas, teorias e sofismas que
solapam os princípios fundamentais da fé, perversão da verdade, interpretações
fantasiosas e espiritualísticas das Escrituras, o engano da injustiça, sementes
de discórdia, de descrença, de infidelidade . . . semeiam falácias insidiosas,
sentimentos do inimigo, falsidades e fábulas agradáveis, infidelidade e
ceticismo, uma multidão de enganos, um jugo de feitura humana, fábulas
ardilosamente arquitectadas, uma mentira." (essas são expressões ao pé
da letra tiradas de Special Testimonies [Testemunhos especiais], Série
B, nos 2 e 7, concernentes ao alfa).
O grande conflito entre
Cristo e Satanás ainda prossegue. Temos agora chegado ao "futuro" que
é aqui referido:
"No futuro, a
verdade será contrafeita por preceitos de homens. Teorias enganosas serão
apresentadas. A falsa ciência é uma das agências que Satanás empregou nas
cortes celestiais. . . .
"Não apresenteis
teorias ou testes que não tenham fundamento na Bíblia. . . . "Está
escrito" é o teste que deve ser apresentado a todos." (RH 21 de janeiro
de 1904; Ev. 600, 601).
Por essas alturas,
nosso inimigo deve ter adquirido habilidade extraordinária. É perturbador notar
a sinceridade do Dr. Kellogg quando declarou que imaginava que estava
ensinando as mesmas coisas que Ellen White ensinava. É por isso que muitos de
nossos irmãos foram apanhados desprevenidos:
"A
vereda da verdade jaz bem junto à do erro, e ambos os caminhos podem parecer um
às mentes que não são movidas pelo Espírito Santo, e que, portanto, não se
apressam em discernir a diferença entre a verdade e o erro. . . .
"Aqueles
que estão a favor de promover ampla circulação [do livro The Living Temple] declararam: "Contém os
mesmos sentimentos que a irmã White tem estado ensinando". Essa asserção
atingiu directamente o meu coração. Senti-o quebrantado. . . .
"Pode haver em meus
escritos muitas declarações que, tiradas de seu contexto, e interpretadas
segundo a mente do escritor do "Living Temple", pareçam estar em
harmonia com os ensinos desse livro. Isso pode conceder apoio aparente à
declaração de que os sentimentos em "Living Temple" estão em harmonia
com os meus escritos." (Special Testimonies, Série B, no 2, pp. 7, 52, 53; cf. declarações de Ellen
White que parecem aproximar-se do panteísmo em 8T 255-261. Não há panteísmo
ali, mas um leitor sem discernimento poderia pensar que há).
Quando quer que
apareça o ômega, muito provavelmente reivindicará apoio do Espírito de
Profecia, e "muitas" mentes sem discernimento concordarão. E é também
possível que alguns dirigentes destacados e influentes promovam o engano. A
verdadeira semelhança de carácter com Cristo conduzirá aqueles em união com
Cristo a protestar. Quando o eu é crucificado com Cristo uma santa ousadia se
faz possível:
"Quando os
homens que se posicionam como líderes e instrutores trabalham sob o poder de
idéias e sofismas espiritualistas, nos manteremos silentes, por temor de
prejudicar sua influência, enquanto almas estão sendo enganadas? . . .
"Irão os homens em
nossas instituições manter-se em silêncio, permitindo que falácias insidiosas
sejam promulgadas, para arruinar almas?" (ibid., pp. 9, 13, 14).
Ellen White
finalmente fala das provações ômega como uma experiência a dar-se após a
sua morte:
"Estou
encarregada de dizer ao nosso povo que alguns não reconhecem que o diabo tem
ardil após ardil e que os leva a efeito em maneiras que não esperam. As
agências de Satanás inventarão maneiras de transformar pecadores em santos.
Digo-vos agora, que quando for posta em descanso, grandes mudanças terão lugar.
Não sei quando serei levada, mas desejo advertir a todos contra os ardis do
diabo. . . . Eles devem observar cada pecado concebível que Satanás tentará
imortalizar." (Carta, Elmshaven, 24 de fevereiro de 1915).
Conclusão
A verdade genuína é
sempre boa nova. Ellen White orava, segundo aqueles que às vezes a ouviam:
"Senhor, mostra-me o pior de meu caso". É também uma oração salutar
para orarmos: "Senhor, mostra-nos a verdade de nossa história, a verdade
de nossa presente condição espiritual". A verdade de nossa história
passada oferece incalculável esperança e confiança para o futuro, se apenas a
reconhecermos pelo que é.
A Igreja remanescente,
enfraquecida e débil como é, ainda é o supremo objeto de consideração do Senhor.
Reconhecendo nossa pecaminosidade, nossa esperança está na misericórdia e
imutável amor de Deus. O longo retardo da jornada que trouxemos sobre nós deve
conduzir na plenitude do tempo ao Cristo que rejeitamos em nossa era de 1888.
Em auto-conhecimento das fraquezas e arrependimento, nós O encontraremos. Não
haverá auto-vindicação no processo.
Por outro lado, a esperança
de Deus em nossa honestidade de coração. Ele próprio está em julgamento em nós,
perante o universo. Ele aposta o Seu trono sobre a honestidade de Seu povo.
Encontramos este refrigerante apelo cristocêntrico no Bulletin da
Associação Geral de 1893:
"Algo grandioso e
decisivo deve ter lugar, e isso bem cedo. Se qualquer atraso houver, o carácter
de Deus e Seu trono estarão comprometidos".
"Será possível
estarmos a ponto de arriscar a honra do trono de Deus? Irmãos, pelo amor do
Senhor, e pelo Seu trono, saiamos do caminho." (A. T. Jones, citando Ellen White,
p. 73; Ellen White, por seu turno, tomou por empréstimo tal pensamento de The
Great Teacher [O grande mestre], de John Harris, 1836).
Poderia qualquer outro tipo
de alto clamor, além do que se seguirá a nosso arrependimento, iluminar a terra
com glória?
__________
1Ellen
White desejava ajudar Kellogg e acreditava ser possível fazê-lo. Ele era
"o médico do Senhor", e tinha se convertido integralmente na
assembléia de Mineápolis, dissera ela (GCB, 1903, p. 86). Kellogg declarou:
"Eu me teria alegrado de receber alguma crítica amigável oferecida de um
modo que pudesse compreendê-lo antes que o livro [The Living Temple]
tivesse saído." (Carta a W. C. White, 24 de dezembro de 1903). A oposição
ministerial tanto à mensagem de 1888 quanto à mensagem da saúde tinha-o
desestimulado (cf. EGW Carta K-18, 1892; K-86a, 1893). Kellogg declarou sobre
sua juventude: "Quando eu vi os princípios de saúde, pareciam-me tão belos
e coerentes que os aceitei de imediato. Então tive tal luta em bater-me por
esses princípios que não amava quem quer que não amasse esses princípios.
Alguns dos piores conflitos que a obra de saúde tem recebido tem sido de
ministros de nossas Associações Gerais. Era uma grande provação para nossos
auxiliares no sanatório ter os ministros da Associação Geral frequentando
nossas mesas, e pedindo aos auxiliares, que não tinham provado carne por muito
tempo, para levar-lhes algum frango cozido ou um bife. Chegamos a tal ponto que
temíamos receber ali alguém da Associação Geral. . . . Finalmente senti-me tão
temeroso de ver os ministros que me tornei suspeito deles; pois não sabia se
poderia confiar neles ou não. . . . Sinto agora que posso confiar em ti, e
tenho plena confiança em tua pessoa" (GCB 1903, p. 83). Ele mais tarde
perdeu muito dessa confiança. Os males duplos de contínua indiferença
ministerial tanto com relação à reforma de saúde e quanto à mensagem de 1888
teve muito a ver com a defecção de Kellogg. A fermentação espiritual em Battle
Creek causada por oposição íntima à mensagem não poderia propiciar nutrimento
para a alma de Kellogg.
2Desde
os anos da década iniciada em 1920 tentativas têm sido empreendidas para
atribuir como "ômega" essa ou aquela doutrina nova ou falsa. Alguns
em nosso tempo têm-no visto na "nova teologia" reformacionista. Cada
geração tem tido que defrontar um engano mais sofisticado. Ninguém pode dizer
com certeza se temos já visto o fim, o Z, do alfabeto satânico de enganos.
Contudo, podemos estar no estágio de X ou Y.
13. Predições de
Ellen White Sobre o Culto a Baal
Uma série de quatro partes
na Advent Review [Revista adventista], de junho de 1986, trata com
franqueza de um sério problema. Um elevado número de jovens criados em lares e
escolas adventistas estão deixando a Igreja por uma nova razão: estão agora
unindo-se a outras igrejas.
A série ("To Catch a
Star" [Para agarrar uma estrela]) deplora o facto óbvio de que a maioria
dos jovens adventistas carecem da visão que motivava a juventude
"missionária voluntária" de gerações anteriores. "Não
emocionante, não suficientemente grande, e sem relação com a vida"--essas
são as "inadequações específicas" que nossos jovens vêem no adventismo
contemporâneo.
Se a missão adventista do
sétimo dia é aquela dos três anjos de Apocalipse 14, poderia ser verdade que
ela é "não emocionante, não . . . grande, e sem relação com a vida"?
Não, a menos que tenhamos entendido mal a realidade! Mas por alguma estranha razão,
tem assim parecido a muitos jovens.
O verdadeiro dirigente da
Igreja Adventista do Sétimo Dia não é a Associação Geral nem um clero hierárquico.
É o próprio Cristo, o mesmo Cristo a quem os pioneiros nos idos da década de
1840 viam como começando o Seu ministério no Lugar Santíssimo do santuário
celestial. Não será Ele suficientemente emocionante, positivo, grande, e
relacionado com a vida para captar a devoção de todo o coração da juventude de
nossos dias? Ou está essa visão de nossa juventude pioneira tão irremediavelmente
perdida para eles como a visão de João e Carlos Wesley está perdida para a
juventude metodista moderna?
Se a Igreja Adventista do
Sétimo Dia se tornou tão entediante, como a maioria dos nossos jovens pensam,
a razão não pode ser que o seu Líder seja "entediante". Segundo a
perspectiva profética de Ellen White, o problema é que um falso cristo
usurpou o lugar do Verdadeiro. Ela diz que o culto a Baal tem cativado
muitos de nós tão seguramente quanto enganou o antigo povo de Deus nos dias de Elias
e Jeremias. O número proporcional pode até ser semelhante.
Isso não significa que a
igreja caiu como se deu com "Babilônia" ou que tenha deixado de ser o
supremo objecto do amorável cuidado do Senhor. Dissidentes e facciosos que
descartam a igreja como caída não entendem a realidade do culto a Baal. A plena
verdade é boas novas, pois arrependimento, reforma, e reconciliação com Cristo
tornam-se possíveis quando a realidade é reconhecida, tal como se deu nos dias
de Elias.
Israel em seu tempo era ainda
a nação escolhida do Senhor, e Judá igualmente ao tempo de Jeremias. Segundo a
profecia bíblica, a Igreja Adventista do Sétimo Dia é ainda hoje portadora da
mensagem de Apocalipse 14. A verdade significa simplesmente que o genuíno
arrependimento e reforma são necessários se esta Igreja deve proclamar "o
evangelho eterno" ao mundo de modo a iluminar a Terra com glória. E tal
experiência espiritual é possível.
Se isso não for verdade,
devemos simplesmente espremer-nos dentro de outro nicho denominacional, ao lado
de "batistas, presbiterianos, luteranos, episcopais, e católicos",
que com outras igrejas, declara a Review, estão acolhendo crescentes
números de jovens adventistas que abandonam o adventismo. Esses jovens anteriormente
adventistas vêem a "distinção denominacional. . . como de menor
importância do que uma crença geral num Ser Supremo". Essa mentalidade
cancelaria nossa história e nos poria de volta ao marco zero de um mundo que
nunca ouviu a mensagem adventista do sétimo dia.
Contudo, o cenário profético
de Apocalipse não apela à extinção desse povo singular definido no capítulo 14,
nem a supressão de sua mensagem especial.
A Rejeição da Mensagem de
1888
Conduz ao Culto de Baal
Poucos meses após
Mineápolis, Ellen White viu uma de suas visões mais nítidas e assustadoras:
"Impressionei-me de que grande perigo estava perante nós, no coração da
Obra" (TM 460-471).
Parece que ninguém mais
compartilhava de seu peso d'alma, mas o Senhor a encorajou a crer que Ele não
abandonaria Sua Igreja. "Foram-me apresentadas algumas coisas que eu não
podia compreender; mas foi-me dada segurança de que o Senhor não permitiria que
o Seu povo se envolvesse na neblina do ceticismo e infidelidade mundanos,
amarrado em molhos com o mundo" (p. 460).
Poderia, talvez, ter sentido
quantos de nossos jovens contemporâneos se envolveriam com essas névoas,
amarrados em molhos com o mundo, satisfeitos como uma mera crença "num Ser
Supremo", destituídos de uma clara concepção da obra do Sumo Sacerdote no
cósmico Dia da Expiação?
Muitos dentre os nossos
jovens acham o adventismo como uma concha oca e monótona porque perderam a
visão que os pioneiros tinham do santuário e da mensagem de 1888 de
esperançosas Boas Novas. A visão de Salamanca de Ellen White faz referência a esse
vazio do fracasso em 1888. Ela predisse que em consequência dessa descrença, a
antiga apostasia de Israel nos afligiria:
"Os preconceitos e
opiniões que prevaleceram em Mineápolis não estão mortos de modo algum; as sementes
ali semeadas em alguns corações estão prontas a brotarem à vida e produzir uma
messe semelhante. Os topos foram cortados, mas as raízes nunca foram
erradicadas, e ainda produzem seu fruto não santificado para envenenar o
julgamento, perverter as percepções, e cegar o entendimento daqueles com quem
estamos ligados, com respeito à mensagem e mensageiros . . .
"A infidelidade tem
conquistado terreno em nossas fileiras; pois é moda apartar-se de Cristo, e dar
lugar ao ceticismo. O clamor do coração de muitos tem sido: "Não queremos esse
homem dominando sobre nós". Baal, Baal é a escolha. A religião de muitos
entre nós será a religião do Israel apóstata, porque amam seu próprio caminho,
e se esquecem do caminho do Senhor. A verdadeira religião, a única religião
bíblica, que ensina o perdão somente mediante os méritos de um Salvador
crucificado e ressurreto, que advoga justificação pela fé no Filho de Deus,
tem sido diminuída, criticada, ridicularizada e rejeitada. . . . Que tipo de
futuro apresenta-se diante de nós se falharmos em chegar à unidade da fé [de
1888]?"
(TM 467, 468; 1890).
Podemos responder a
sua pergunta de modo bem simples: o tipo de futuro a que temos agora chegado.
A experiência pós-1888
traumatizou Ellen White, pois viu quase com horror como Satanás poderosamente
tentaria destruir a singularidade da missão deste povo. Vários anos depois, ela
disse:
"Tudo seguirá
em frente em meio a aparente prosperidade; mas Satanás está bem desperto, e
está estudando e aconselhando-se com seus anjos malignos sobre outro modo de
ataque onde possa ter êxito. . . . O grande conflito se fará mais e mais
forte, e se tornará mais e mais determinado. Mente será disposta contra mente,
planos contra planos, princípios de origem celestial contra princípios
satânicos. A verdade em suas variadas fases estará em conflito com o erro em
suas formas sempre mutantes e crescentes, as quais, se possível, enganarão os
próprios escolhidos. . . .
"Ministros não
santificados estão-se unindo contra Deus. Estão louvando a Cristo e ao deus
deste mundo no mesmo fôlego. Enquanto professamente recebem a Cristo, abraçam
Barrabás, e por suas ações declaram: "Não este homem, mas Barrabás".
. . Deixemos que o filho do engano e do falso testemunho seja acolhido por uma
igreja que tenha tido grande luz, grande evidência, e essa igreja descartará a
mensagem que o Senhor enviou, e receberá as mais irrazoáveis asserções e
falsas suposições e teorias. . . .
"Muitos se postarão
em nossos púlpitos com a tocha da falsa profecia nas mãos, acesas pela tocha
infernal de Satanás. . .
"O conflito deve
tornar-se mais e mais ferrenho. Satanás avançará no campo e personificará a Cristo.
Ele representará mal, aplicará mal e perverterá tudo que possa, para enganar."
(TM 407-411; 1897; ênfase acrescentada).
O Que É o Culto a Baal?
São essas predições de culto
a Baal uma séria preocupação para nós hoje, ou foi um problema apenas
temporário, confinado a Battle Creek no século dezenove? Nossa reação natural a
essa inspirada predição é dizer, "Impossível! Incrível! Podemos ser
'miseráveis' e tudo o mais, contudo não estamos espiritualmente 'pobres' assim!"
Por outro lado, nossa consciência silenciosamente nos diz que algo está errado.
Pode ser que isso faça sentido, afinal de contas. Quem é Baal?
Na linguagem do antigo Israel,
Baal era a simples palavra para senhor ou marido:
"É
significativo que nos tempos patriarcais . . . o marido é o mestre, o baal, da esposa, que é dependente dele para
sua própria sobrevivência e sobre quem ele tem uma autoridade não compartilhada
por outros." (B. G. Sanders, Christianity
After Freud, Geoffrey Bles Ltd., London, 1949, p. 88; cf. Oséias 2:16).
Baal, o deus dos cananeus,
significa "o senhor", frequentemente a maneira ordinária de falar do
verdadeiro Deus de Israel, o SENHOR, Javé. O babilônio Adon, helenizado como
Adonis, tem o mesmo significado. É uma palavra cognata do hebraico Adonai, ou
"o Senhor". Assim, quando os profetas de Baal oraram no Monte
Carmelo, clamavam, "Oh, Senhor, Senhor, ouve-nos", enquanto Elias
preservava uma distinta diferença em sua concepção de Deus (1 Reis 18:26).
Assume-se comumente que
havia uma vasta diferença evidente entre a verdadeira religião de Israel e as
religiões contemporâneas do paganismo. Mas os eruditos declaram que ocorriam
surpreendentes semelhanças--um sacrifício matinal e da noitinha conduzidos
diariamente, um dízimo pago aos sacerdotes, animais oferecidos sem mancha,
livros sagrados e salmos penitenciais, muitos conceitos e idéias que eram
cópias da verdadeira.
Os templos de Babilônia e
Assíria tinham muito em comum com o templo de Salomão. O povo de Israel
freqüentemente tropeçava nessas semelhanças e era enganado em várias formas de
adoração apóstata. Era difícil para Israel sentir que estava adorando um falso
deus quando o nome era aquele que comumente se empregava para o verdadeiro
Deus. A linguagem e terminologia eram semelhantes, mas somente um profeta
inspirado e aqueles que nele criam podiam discernir como os motivos e
concepções diferiam. A predição de Ellen White suscita a assustadora
possibilidade de que uma apostasia tão séria tem mansamente penetrado na Igreja
moderna enquanto dormimos. Se for verdade, a situação é assustadora, mas não
desesperadora. O arrependimento foi possível ao tempo de Elias, e é possível
nos nossos.
A apostasia no tempo de
Elias é frequentemente entendida de modo equivocado como um desvio da verdade
tão óbvia e chocante ao ponto de fazer os israelitas parecerem de forma incomum
insensíveis e inescusáveis. Os factos são que a apostasia de Israel foi gradual
e inconsciente, requerendo cerca de um século para assumir as proporções que
Elias reconheceu em seus dias. Ele deve ter tido uma mente muito perspicaz para
discerni-la (cf. 3T 273; PK 109, 133, 137). Devemos nos lembrar que Elias ainda
vive, tendo sido trasladado. Sentir-se-ia ele em casa entre nós, reconhecendo
Jezabel e seus profetas?
Sendo, Baal, um falso
cristo, é óbvio que todo culto do eu que é disfarçado como culto a Cristo e
que foge ao princípio da cruz será, em realidade, culto a Baal. As raízes
descem fundo, freqüentemente abaixo de nossa consciência.
O uso verbal do nome de
Cristo e outra terminologia cristã nada representa no que tange à identificação
da verdade. O inimigo de Cristo deve "personificar a Cristo",
ou seja, assumir Sua aparência e usurpar-Lhe a identidade mediante enganos
muito sutis. Mas muito antes da personificação virá a sua falsa
representação. O não-adventista Frederick A. Voigt reconheceu um aspecto
desse engano supremo: "A 'Ética Cristã' é o Anticristo do mundo ocidental.
Trata-se da mais insidiosa e formidável corrupção que já afligiu este
mundo".
Um pequeno exemplo é o culto
do amor ao eu. Mediante uma sutil manipulação das Escrituras, o amor pecaminoso
do eu tem sido transformado numa virtude. Durante os últimos quinze anos tem
sido ensinado com todo empenho a nossos jovens como um suposto dever cristão. A
ordem divina para amar nosso semelhante como amamos a nós mesmos é distorcida
numa ordem para amar o eu, quando, de fato, o Senhor ensinou que a motivação
de nossa natureza pecaminosa de nascença de amor ao eu é agora redirecionada
mediante genuína fé a um amor semelhante ao de Cristo por nosso semelhante.
O auto-respeito genuíno é,
de facto, uma virtude, mas torna-se autêntica mediante uma apreciação do amor
altruísta de Cristo revelado na cruz. A verdadeira auto-estima é assim
enraizada em Sua expiação. Mas o amor, do tipo "eu primeiro" é oposto
à devoção a Cristo e Sua obra. É compreensível que um inimigo promova o culto
do eu como se fosse ensino de Cristo. O que é difícil entender é por que os
adventistas do sétimo dia devam promovê-lo.
Indubitavelmente é
ignorância ou desconsideração com as declarações de Ellen White sobre o culto a
Baal que tem tornado possível que a filosofia da Nova Era seja tolerada em
nosso meio na medida em que se dá. Mas o fundamental em toda nossa confusão
moderna é o erro de admitir-se um falso
cristo pelo verdadeiro em conseqüência de nossa tragédia de 1888. As raízes
remontam a quase um século.
Estamos todos familiarizados
com a descrição do estágio final da personificação de Satanás quando ele imitar
o segundo advento:
"Como ato
culminante no grande drama de engano, o próprio Satanás personificará a Cristo
. . . como um ser majestoso de brilho ofuscante . . . jamais superado por
qualquer coisa que olhos mortais tenham contemplado. A exclamação de triunfo
soa pelo ar: "Cristo veio! Cristo veio!" As pessoas se prostram em
adoração perante ele, enquanto ergue as mãos e pronuncia uma bênção sobre
eles. . . . Sua voz é suave e mansa, contudo plena de melodia. . . . Esse é um
tremendo engano, quase insuperável (GC 624)."
A visão de Salamanca
de 1890 desfaz um mistério. Em conseqüência de nossa incompreensão de 1888
quanto ao verdadeiro Cristo, esse falso cristo encontrará um meio de
introduzir-se mediante representação falsa por falsas doutrinas e
errôneos conceitos antes de dar o passo final de personificação física.
É assim que as palavras de Ellen White podem ser cumpridas. "A religião
de muitos entre nós será a religião do Israel apóstata"--culto a Baal. Onde
quer que o eu se torne o verdadeiro objeto de devoção enquanto professamos
servir a Cristo, há um culto a Baal. Onde quer que a busca por promoção,
prestígio e poder sejam as verdadeiras motivações do ministério, ali
teremos profetas de Baal.
Mas isso não pode ocorrer
onde a verdadeira mensagem de justificação pela fé é entendida e crida. O culto
a Baal é fruto de uma espécie de ensinos corruptos que incentivam uma profissão
de fé em Cristo enquanto o eu não é crucificado com Ele:
"A época actual
caracteriza-se por idolatria, tão verdadeiramente como foi aquele em que viveu
Elias. Nenhum objecto de adoração precisa ser visível; pode não haver qualquer
imagem para os olhos perceberem; . . . multidões têm uma concepção errônea de
Deus e Seus atributos, e estão tão verdadeiramente servindo a um falso deus
como estiveram os adoradores de Baal." (PK 177).
"Nesta época o
anticristo aparecerá como o verdadeiro Cristo . . . Mas o verdadeiro líder de
toda esta rebelião é Satanás revestido como um anjo de luz. Os homens serão
enganados e o exaltarão em lugar de Deus, e o deificarão." (TM 62;
1893).
"Cristo será
personificado, mas num ponto haverá uma assinalada distinção. Satanás fará o
povo desviar-se da lei de Deus." (FE 471, 472; 1897).
"Aqueles que não se
acham inteiramente consagrados a Deus podem ser levados a realizar a obra de
Satanás, conquanto ainda gabando-se de que estão no serviço de Cristo."
(5T 103).
Uma justificação pela
fé falsificada é inevitável quando a própria fé não é definida em termos
neotestamentários. A motivação popular centralizada no temor ou esperança de
recompensa não é o da "fé que opera por amor (agape)". Assim,
o culto a Baal encontra um meio para introduzir-se mediante teorias populares,
mas inadequadas de justificação pela fé.
Como Jeremias Confrontou
o Culto a Baal
No tempo de Jeremias,
Judá caiu na adoração a Baal tão imperceptivelmente aos sacerdotes e ao povo
quanto se dera com Israel ao tempo de Elias. O livro de Jeremias é um livro de
texto quanto ao confronto com a adoração de Baal.
(1) Devido a tratar-se de
uma apostasia inconsciente, os dirigentes e povo tentaram negar sua existência:
"Como podes
dizer: Não estou maculada, não andei após os Baalins? Vê o teu rasto no vale,
reconhece o que fizeste. . . . ainda
dizes: Estou inocente. . . porquanto dizes: Não pequei". (Jeremias
2:23, 35).
"Por que nos ameaça
o Senhor com todo este grande mal? qual é a nossa iniquidade, qual é o nosso
pecado, que cometemos contra o Senhor nosso Deus? Então lhes respondereis:
Porque vossos pais me deixaram, diz o Senhor, e se foram após outros deuses."
(16:10, 11).
"Porque, ó Judá,
segundo o número das tuas cidades, são os teus deuses; . . . levantastes
altares para vergonhosa cousa, isto é, para queimares incenso a Baal. . . O
Senhor me fez saber, e eu o soube; então me fizeste ver as suas
maquinações" (11:13, 18).
(2) Esse culto
apóstata era combinado com o verdadeiro culto ao Senhor em Seu templo, em
Jerusalém:
"Furtais e matais,
cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após
outros deuses que não conheceis, e depois vindes e vos pondes diante de Mim
nesta casa, que se chama pelo Meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para
continuardes a praticar estas abominações! . . . porque os filhos de Judá . . .
puseram os seus ídolos abomináveis na casa que se chama pelo Meu nome, para a
contaminarem" (7:9, 10, 30).
(3) Os líderes religiosos na
sede da nação ajudavam e propagavam essa apostasia:
"Pois estão
contaminados, assim o profeta como o sacerdote; até na minha casa achei a sua
maldade, diz o Senhor. . . Nos profetas de Samaria bem vi eu loucura;
profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo, Israel. . . .
". . . dos profetas
de Jerusalém se derramou a impiedade sobre toda a terra. . . .
". . . profetas . .
. cuidam em fazer que o Meu povo se esqueça do Meu nome pelos seus sonhos que
cada um conta a seu companheiro, assim como seus pais se esqueceram do Meu nome
por causa de Baal."
(23:11, 13, 15, 26, 27).
Graças a Deus Ele
prometeu "enviar . . . Elias, o profeta, antes da vinda do grande e
terrível dia do Senhor" (Mal. 4:5). Precisamos dele desesperadamente!
(Ellen White dá a entender que "Elias" é a mensagem que começou em 1888;
ver RH 18 de fevereiro de 1890). Ao mesmo tempo devemos entender como o inimigo
anseia em contrafazer mesmo a vinda de Elias, e incentivará qualquer
"reformador" auto-designado que se levanta em sua própria vaidade
para apressar-se por onde os anjos temem trilhar. "A palavra do Senhor
veio a Elias; ele não buscou ser o mensageiro do Senhor." (5T 299).
Babilônia Continuou a
Cair?
Sem entender a
mensagem de 1888 e sua história em relação ao Dia de Expiação celestial, nossa
juventude acha difícil ver como a Igreja Adventista do Sétimo Dia se ajusta ao
plano de Deus para o mundo hoje. A tentação é quase irresistível de ver o
adventismo como outra opção religiosa, um estilo de vida não necessariamente
mais válido do que qualquer outro respeitável grupo religioso que reconhece um
"Ser Supremo".
Há inumerável quantidade de
pessoas e pastores bondosos e sinceros em igrejas populares observadoras do
domingo. Eles são tão felizes, amoráveis, zelosos e dedicado a suas famílias
quanto o somos às nossas, em alguns casos de mentalidade mais missionária do
que nos temos tornado. O êxito deles em crescimento da igreja supera
enormemente o nosso em muitos casos, e seus padrões morais parecem elevados. A
pergunta do Senhor, "Que fazeis de mais?" é uma que eles têm o
direito de dirigir-nos (Mateus 5:47). E essa é a pergunta embaraçosa que muitos
de nossos jovens estão formulando.
A plena luz da terceira
mensagem angélica em verdade "tem sido em grande medida deixada
longe do mundo" desde a época de 1888 (cf. 1SM 234, 235). Como resultado,
o mundo tem-se postado numa relação diferente com Deus do que o Seu plano
previa. Enquanto "Elias" tem tido que ir para o exílio, alguns
"Obadias" têm tido que nutrir os sinceros profetas do Senhor
"numa caverna", por assim dizer. A queda de Babilônia tem sido
limitada. Ela ainda não se tornou o que será quando o alto clamor for
proclamado. A voz de Apocalipse 18:4 ainda não se fez ouvir clara e
poderosamente, "Retirai-vos dela, povo Meu".
Nosso Senhor nos diz
claramente qual é o problema: Ele ainda não pode trabalhar por sua Igreja Remanescente
tão poderosamente quanto gostaria (cf. 6T 371). A expressão grega que nosso
Senhor emprega significa que o tornamos tão nauseados que Ele sente-se a ponto
de vomitar (Apocalipse 3:16, 17).1 Seria
demais declarar que pessoas sinceras que estão próximas de Jesus também se
sentem nauseadas, como se dá com Ele, pelo culto a Baal centralizado no eu que
prevalece no moderno equivalente do templo do Senhor? A vaidade de espírito, a
superficialidade dos sermões, o louvor e lisonja de homens e mulheres, o gritar
nos microfones, as gesticulações e termos jocosos, e o patético legalismo
egocêntrico--como Cristo se sente? E como aqueles que Ele descreve em
Apocalipse 18:4 como "Meu povo" se sente?
É terrível pensar que o
culto a Baal tem-se infiltrado no Israel moderno como ocorreu no antigo Israel,
mas a serva do Senhor insiste que é verdade. A natureza humana sendo a mesma em
todas as épocas, nossa tendência tem sido a mesma como a do antigo povo do
Senhor--assimilar o pensamento das pessoas ao nosso redor. A rejeição da
mensagem de 1888 estabeleceu o padrão por quase um século de tal assimilação,
começando com a exposição de idéias falseadas na sessão de 1893 que se propunha
ser a mesma genuína justificação pela fé.2
Esse foi somente o começo.
Temo-nos volvido vez após vez para as igrejas populares e sua liderança em
busca de idéias e inspiração que presumimos tratar-se da mesma mensagem, não
discernindo as distinções fundamentais. Já nos anos da década 1890 havia
tendências de confundir a justificação pela fé católica como sendo a genuína
(GCB 1893, pp. 244, 261, 262, 265, 266).
Pouco após a I Grande
Guerra, tomamos emprestado o entusiasmo da "vida vitoriosa" do The
Sunday School Times [Tempos da escola dominical]. O livro de Froom Movement
of Destiny [Movimento predestinado] até se gaba que a mensagem de 1888 era
essencialmente a mesma que uma vasta parcela dos pregadores evangélicos
ensinavam (pp. 255-258, 319-321, ed. de 1971).
Isso não significa dizer que
todas essas idéias sejam más, mas o conceito singular da purificação do santuário
tem estado ausente de tudo isso. Esse vácuo tem propiciado que o culto a Baal
invada o arraial.
A Mensagem de 1888 e o
Dia da Expiação
Conquanto a queda de
Babilônia não esteja ainda completa, os estágios iniciais tiveram lugar. Algo
essencial está decididamente faltando nas doutrinas e experiência das igrejas
que não entendem o ensino escriturístico do dia antitípico da expiação. Por
demais afastado por várias gerações de seus pioneiros da era 1844, não podem
ser tidas por responsáveis pela verdade que desconhecem a menos que também a
tenham rejeitado. Não obstante, são tragicamente mais pobres por não
conhecê-la.
Em uma de suas primeiras
comunicações Ellen White descreve o início desse processo de privação. Ela
recebeu iluminação profética quanto à causa básica da alienação espiritual do
moderno cristianismo do "evangelho eterno" de Apocalipse 14. Em sua
visão ela contemplou a transição do ministério do Sumo Sacerdote celestial do
primeiro compartimento para o segundo. O conhecimento dessa mudança de
ministério foi rejeitado por multidões de cristãos. O que torna este relato
importante não é a questão de culpa ou falta dela pela rejeição da luz de 1844.
A realidade é o terrível engano que se introduziu por falta de uma verdade
vital concernente a Cristo e Sua obra deste tempo no Dia da Expiação final e do
sábado do quarto mandamento. Esta declaração tem profundas implicações:
"Não vi um
raio de luz passar de Jesus para a descuidada multidão após ter-Se levantado, e
foi deixada em completa escuridão. . . . Aqueles que se levantaram com Jesus
dirigiam-Lhe a fé no [compartimento] santíssimo, e oravam: "Meu Pai,
concede-me o Teu Espírito". Então Jesus soprou sobre eles o Espírito
Santo. Nesse sopro havia luz, poder e muito amor, gozo, e paz.
"Volvi-me para olhar
o grupo que ainda estava inclinado perante o trono [do primeiro compartimento];
não sabiam que Jesus o havia deixado. Satanás parecia estar junto ao trono,
tentando levar avante a obra de Deus. Vi-os olhando para o alto, para o trono,
e orando: 'Pai, concede-nos o Teu Espírito'. Satanás então lhes soprava uma
ímpia influência; nela havia luz e muito poder, mas não o doce amor, gozo, e
paz."
(Primeiros Escritos 55, 56).
"Por rejeitarem as
duas mensagens anteriores, eles [os rejeitadores] tinham de tal modo
obscurecido o seu entendimento que não podem ver luz na mensagem do terceiro
anjo, que revela o caminho para o lugar santíssimo. Vi que como os judeus
crucificaram a Jesus, do mesmo modo as igrejas nominais crucificaram estas mensagens,
e, portanto, não têm conhecimento do caminho para o santíssimo, e não podem
beneficiar-se com a intercessão de Jesus ali. À semelhança dos judeus, que
ofereciam seus sacrifícios inúteis, eles oferecem suas inúteis orações ao
compartimento que Jesus deixou; e Satanás, satisfeito com o engano, assume um
carácter religioso, e atrai a mente desses professos cristãos para si mesmo,
operando com o seu poder, seus sinais e maravilhas de engano. . . . Ele também
vem como um anjo de luz, e espalha sua influência sobre a terra por meio de
falsas reformas. As igrejas estão vibrando e consideram que Deus está operando
maravilhosamente por elas, quando trata-se da obra de outro espírito. (ibid.,
pp. 260, 261).
É essa percepção profética
válida? Se for, tem implicações de vasto alcance. Explica o mistério da confusão
que vemos no moderno mundo cristão. Conquanto uma aparente prosperidade
espiritual caracterize muitas das igrejas que "não têm o conhecimento do
caminho para o [lugar] santíssimo" e que "não podem beneficiar-se com
a intercessão de Jesus ali", as questões finais da marca da besta testarão
a devoção de todos a Cristo.
Membros deixam a Igreja
Adventista porque, alegam, encontram "amor", "calor humano"
e "poder" espiritual nas outras igrejas, não discernindo a
verdadeira natureza do amor de Cristo como agape. Assim são facilmente
enganados por uma sentimentalidade superficial. É possível entender essa situação
confusa à parte da percepção profética do dia final de expiação?
E pode nossa própria
impotência espiritual ser identificada com a perda de contacto com esse Sumo Sacerdote
especial e único que adentrou o ministério do segundo compartimento ao final da
profecia dos 2.300 anos? Sua obra final é emocionante, positiva, grandiosa,
relacionada com a vida! Temos também perdido um entendimento prático de Sua
obra, de modo que nossa missão pareça em consequência "árida".
Analisemos essas declarações de Primeiros Escritos:
====================
(1) Uma geração específica
de cristãos na era de 1844 rejeitou a proclamação endossada pelo Espírito da
primeira e segunda mensagens, e muitos mileritas rejeitaram a terceira mensagem
angélica. (A esmagadora maioria dos cristãos e seus ministros hoje nada
entendem disso).
(2) Deus é eminentemente
justo. Ele não pode considerar culpados esses modernos descendentes da geração
rejeitadora de 1844 se não compreenderam a mensagem suficientemente para
rejeitá-la de modo inteligente. Não há razão para supor que muitas dessas
pessoas não estão vivendo sinceramente à altura de toda a luz que possuem e
assim são individualmente aceitas pelo Senhor.
(3) Contudo, a questão
fundamental não é mera salvação pessoal em preparação para a morte. Uma vez que
a profecia bíblica indica que a vinda do Senhor está próxima, a questão básica
é uma preparação para a Sua vinda e as provas finais que a antecedem. E não
devemos nos esquecer a motivação transcendente de preocupação pela honra e vindicação
do Salvador de modo que o grande conflito possa findar em vitória para Ele.
Para que isto tenha lugar em
qualquer comunidade de corações e vidas humanas, a verdade plena da justificação
pela fé deve ser claramente compreendida. E as igrejas populares não podem
entender essa verdade, conquanto sinceras possam ser, pois "não têm
conhecimento do caminho para o santíssimo [lugar], e não podem beneficiar-se
com a intercessão de Jesus ali".
A genuína justificação pela
fé não é somente uma verdade, mas uma experiência que a acompanha, a qual o
Sumo Sacerdote celestial ministra em Sua obra final de expiação. Séculos
seguidos de ignorância dessa verdade não podem resolver o problema. A terceira
mensagem angélica em verdade é vitalmente necessária. Na ausência dessa
verdade, nenhuma corporação de pessoas em parte alguma pode estar preparada
para a segunda vinda de Cristo, a despeito de sua filiação religiosa.
(4) Ellen White é objectiva
ao descrever Satanás como um sutil manipulador. Ele tem êxito somente quando
"atrai a mente desses professos cristãos", desviando-os da obra
especial e singular de Cristo no Compartimento Santíssimo. Segundo a declaração
de Primeiros Escritos, o seu método é aparentar perpetuar o mesmo
ministério de Cristo que prosseguiu no primeiro compartimento desde Sua
ascenção até 1844. Seu intento é eclipsar um conhecimento da mudança nesse
ministério.
O ministério do Sumo
Sacerdote deve mudar, porque Ele não pode ministrar para sempre o Seu sangue em
substituição para cobrir a perpétua pecaminosidade de Seu povo. Ele precisa
realizar algo no dia da expiação que nunca foi realizado anteriormente. Precisa
ter um povo que vence, "assim como" Ele venceu, um povo que
"condenou o pecado na carne" mediante Sua fé. Satanás precisa
eliminar essa verdade e eclipsá-la se possível. Assim, o enganador atrai as
mentes "para si mesmo" desviando o seu interesse da obra singular que
o verdadeiro Sumo Sacerdote deve realizar.
Se fabricantes do Terceiro
Mundo podem imitar relógios suíços Φmega de modo a enganar compradores
sofisticados, é difícil crer que Satanás tem neste tempo polido uma imitação
altamente bem sucedida de Cristo e da verdadeira mensagem do evangelho? Ela
inclui "luz e muito poder, mas não o doce amor [agape], gozo, e
paz". Ele tem estudado diligentemente a obra do verdadeiro Espírito Santo
e inventado uma extraordinária imitação que enganará, se possível, os próprios
eleitos. Tem sua justificação pela fé falsificada quase aperfeiçoada pelo
engano. Logicamente, falta uma compreensão da obra de Cristo no Lugar
Santíssimo, aquele ingrediente vital do agape que somente pode purificar
os corações humanos de todo temor e motivação egocêntrica que perpetua o
pecado.
(5) Se Ellen White estiver
correta, multidões de "sinceros" cristãos "amoráveis"
sucumbirão ante a terrível pressão de restaurar a intolerância religiosa da
Idade Média e impor a marca da besta. Várias formas de terrorismo podem
facilmente forçar isso para uma nação, um mundo, e igrejas dadas ao
materialismo, sensualidade e espiritismo "espiritual". Ellen White
desmascara o horrível espectro de um falso cristo espalhando "sua
influência sobre a terra por meio de falsas reformas, . . . a obra de outro espírito" (ibid.,
p. 261).
(6) Há trigo e joio
crescendo junto em "Babilônia" como há dentro da igreja que professa
levar a terceira mensagem angélica. Mas o impasse de um século precisa ser
resolvido. A raça humana está num processo de desintegração moral e
espiritual. Defrontamos problemas de suicídio global potencial devido ao abuso
de drogas, embriaguez, infidelidade, despedaçamento de lares, violência,
polarização de ricos e pobres, terrorismo, e a sombra do desastre nuclear
sempre pairando sobre o horizonte.
O grande conflito entre
Cristo e Satanás provavelmente parecerá resolver-se numa competição para
ver o que pode preservar a vida neste planeta. "A besta" fará com que
pareça que é o salvador do mundo. Assim, a sua marca será por fim promovida
como o único meio de impedir a destruição da raça humana. As "falsas
reformas" introduzidas pelo "sumo sacerdote" falso que pretendeu
assumir o ministério do primeiro compartimento do santuário celestial será o
meio para efectuar esse vasto engano.
(7) Assim, há verdades
inerentes à mensagem de 1888 da justiça de Cristo que não são compreendidas por
qualquer segmento de cristãos que não entendem o ministério em dois
compartimentos do Sumo Sacerdote celestial. O "evangelho" proclamado
pelo poder da "ponta pequena" virtualmente justifica o pecado e,
portanto, logicamente sustenta a rebelião de Satanás. Esse é o segredo da
impiedade que invade o mundo moderno em todos os níveis. Todas as igrejas
por toda parte desesperadamente precisam ter o evangelho das três mensagens
angélicas em verdade efectivamente a elas comunicado.
Por que a Mensagem do
Terceiro Anjo em Verdade é Necessária
A mensagem do
terceiro anjo em verdade proclama um Salvador que "condenou o pecado na
carne", oferecendo a única refutação válida para as acusações de Satanás
contra Deus. Eficazmente "condena o pecado", ou seja, demonstra que o
pecado na natureza humana é desnecessário e está, na realidade, destinado à
extinção. Ralph Larson explica a relação íntima entre "a Natureza de
Cristo e a Obra Salvadora de Cristo" que não pode curar aquilo que não tem
assumido (The Word Was Made Flesh [O Verbo se fez carne], pp. 277-283).
A terceira mensagem angélica assim apresenta um Salvador que foi em todos os
pontos tentado como nós, contudo sem pecado, e que, portanto, pode salvar
completamente os que vão a Deus por Ele. A mensagem preparará um povo para o retorno
do Senhor.
Os que seguem a Cristo pela
fé na mudança de Sua missão sumo sacerdotal apreciam três verdades singulares
e distintas:
(a) A perpetuidade da lei
de Deus, incluindo o santo sábado. O verdadeiro "cumprimento da
lei" é agape (Romanos 13:10) porque produz obediência de coração
mediante a expiação. Este é o aspecto singular da justificação pela fé que é
ministrada somente no ministério do Lugar Santíssimo.
(b) A não-imortalidade da
alma. À parte de uma clara compreensão da verdade da natureza do homem,
torna-se impossível apreciar o que ocorreu na cruz do Calvário. Assim, a
verdadeira motivação para a vida santa é enfraquecida, e a justificação pela fé
é anulada.
(c) A purificação do
santuário celestial é o ministério final do Dia da Expiação. Isso assegura
a derradeira demonstração de justificação pela fé nos corações e vida daqueles
que crêem na verdade.
Esses três
"pilares" de verdade sustêm a Igreja Adventista do Sétimo Dia (CWE
pp. 30, 31). Elas abrangem uma mensagem completa que pode preparar um povo
para o retorno de Cristo. Mas à parte de um entendimento da mensagem de 1888,
o em verdade nela contido necessariamente passa-nos desapercebido. Tão
certamente quanto a noite se segue ao dia, a confiança dos pioneiros no iminente
retorno de Cristo em consequência se esvai; perdemos a visão deles e sua
estrela desaparece.
Como o Culto a Baal Nos
Rouba
Nossa Mensagem Distintiva
Não há verdade que Satanás
tenha buscado mais insistentemente contrafazer do que o amor neotestamentário.
Os corações humanos por toda parte anseiam por ele; mas "por se
multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mateus
24:12). É esse amor genuíno que Ellen White viu ser ministrado somente por
Cristo em Sua obra final de expiação.3 Um amor
falsificado é ministrado por um espírito santo falso, que é a essência do
espiritualismo. Eis o que está ocorrendo diante de nossos olhos:
"Vi a rapidez
com que esse engano [espiritismo] estava-se espalhando. Um trem de vagões
foi-me mostrado, indo com a velocidade do relâmpago. O anjo instruiu-me a
olhar com atenção. Fixei os olhos no trem. Parecia que o mundo inteiro estava a
bordo; que não podia ninguém ser deixado fora. Disse o anjo: "Eles estão
se juntando em molhos, prontos para serem queimados". Então ele me mostrou
o condutor, que parecia uma pessoa garbosa e bela e a quem todos os
passageiros consideravam em alta conta e com respeito. Fiquei perplexa, e
perguntei ao meu anjo assistente quem era ele. [Por que Ellen White teve que
fazer essa pergunta se é tão fácil reconhecê-lo?] Ele disse: "É Satanás.
Ele é o condutor na forma de um anjo de luz." (EW 88).
"Nesta época o
anticristo aparecerá como o verdadeiro Cristo." (TM 62).
"Ele pretenderá
personificar os anjos de luz, personificar a Jesus Cristo." (Carta
102, 1894).
O inimigo não teria
poder algum para enfraquecer a Igreja Adventista do Sétimo Dia a menos que
"nós" tivéssemos de algum modo aberto a porta para ele introduzir-se.
"Quando o Senhor tem um genuíno canal de luz, há sempre contrafações em
quantidade. Satanás seguramente entrará por qualquer porta que lhe for
aberta" (Carta 102, 1894).
Foi um milagre que um povo
especial viesse à existência durante o último século apegando-se àqueles três
"pilares" distintivos de verdades incorporadas na mensagem dos três
anjos. De modo algum a obra deles poderia ter sido retardada ou prejudicada,
segundo o plano de Deus. Mas devido à descrença de 1888, a mensageira do Senhor
em 1889 predisse uma terrível queda da verdade e da pureza:
"A menos que
o poder divino seja trazido à experiência do povo de Deus, falsas teorias e
idéias errôneas levarão as mentes cativas, Cristo e Sua justiça serão
eliminados da experiência de muitos, e sua fé será sem poder ou vida."
(RH 3 de setembro de 1889).
A fim de apreciar
essa revelação, devemos observar:
(1) Cristo e Sua justiça não
poderiam, nem iriam, ser "eliminados da experiência de muitos" verbalmente.
Pois se qualquer de nós O repudiássemos em palavras iria suscitar um dramático
impacto de horror. "O resultado predito" tinha que ter lugar
enquanto "muitos" mantinham uma profissão de Cristo e Sua justiça.
(2) Cristo e Sua justiça não
seriam "eliminados da experiência de muitos" conscientemente.
Isso representaria despertar-nos para nossa necessidade, um senso de extrema
frieza. Seria conduzir almas de coração honesto ao fogo e liquidaria com a
mornidão. Mas Satanás compraz-se em manter-nos num estado de
"equilíbrio", na medida em que seja termostático. Palavras ou a falta
delas podem nos enganar. "Os lábios podem expressar uma pobreza de alma
que o coração não reconhece" (COL 159).
(3) Cristo e Sua justiça,
portanto, seriam "eliminados da experiência de muitos" inconscientemente
através do misterioso processo de nossos corações desconhecidos. Há uma
inimizade natural contra Deus operando sob a superfície. "Enganoso é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?"
(Jeremias 17:9). Qualquer neurose obsessiva pode desenvolver-se com as causas
sepultadas além do conhecimento. Ellen White escreveu sobre a possibilidade de
nossa mudança de líderes após 1888 sem que se percebesse:
"Pelos
últimos vinte anos uma influência sutil e não-santificada tem estado conduzindo
os homens . . . a negligenciarem o seu Companheiro celestial. Muitos têm-se
desviado de Cristo." (RH 18 de fevereiro de 1904).
"Aqueles que podem
tão facilmente ser conduzidos por um falso espírito revelam que têm estado
seguindo o capitão errado por algum tempo,--por tanto tempo que não discernem
que estão se desviando da fé." (Southern Watchman [Sentinela
sulino], 5 de abril de 1904).
Conclusão
Uma apreciação de coração da
cruz de Cristo sempre leva ao eu ser "crucificado com Ele". Mas
"a sabedoria humana conduzirá para longe da negação própria, da
consagração, e planejará muitas coisas para tornar de nenhum efeito as
mensagens de Deus" (RH 3 de dezembro de 1892).
Multidões de nosso próprio
povo, especialmente os jovens, estão confusas e desorientadas com a aridez e
impotência espiritual que percebem na Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje. E
os problemas suscitados por fanáticos, dissidentes desleais, e líderes
separatistas dentro da igreja podem também ser compreendidos e resolvidos
somente à luz desta realidade.
A Igreja Adventista do
Sétimo Dia não é Babilônia, e Deus nunca planejou que se tornasse Babilônia,
tanto quanto o antigo Israel dos dias de Elias e Jeremias não devia tornar-se
Babilônia.4 O culto a Baal era e é uma doença do corpo
estranha a ele e que o torna enfermo. Mas a cura é possível mediante o
arrependimento e reforma. A solução ao problema não é a destruição da Igreja,
mas sua recuperação espiritual. Observem este incentivo:
"Deus está
conduzindo um povo. . . . Ele o reprovará e corrigirá. A mensagem aos
laodiceanos é aplicável aos adventistas do sétimo dia que tenham tido grande
luz e não tenham andado na luz. . . . A mensagem de considerar a Igreja
Adventista do Sétimo Dia como Babilônia, e chamar o povo de Deus para dela
sair, não procede de nenhum mensageiro celestial, ou qualquer agente humano
inspirado pelo Espírito de Deus. . . .
"Deus . . . tem uma
obra para Sua Igreja cumprir. Não deve ser chamada de Babilônia, mas ser o sal
da terra, a luz do mundo . . . a fim de proclamar uma mensagem viva nestes
últimos dias. . . .
"Como Satanás
exultaria em ter uma mensagem difundida segundo a qual o único povo a quem Deus
fez depositários de Sua lei é aquele a quem se aplica esta mensagem [da queda
de Babilônia]. . . .
"A evidência que
torna a mensagem à igreja de Laodicéia aplicável . . . não eliminará a igreja
ao ponto de não mais existir." (2 SM 66-69; 1893).
Quando o orgulho e a
exaltação do eu tomarem a forma de devoção a Cristo, aí temos o culto a Baal. E
ele tem penetrado todos os níveis da corporação da Igreja. "Aqueles que
têm mais desejo de assegurar promoção e um bom nome no mundo do que em manter
princípios rectos, trairão os sagrados depósitos." (RH 31 de janeiro
de 1892).
"A honestidade e a
politicagem não operarão juntas na mesma mente. Com o tempo, ou a politicagem
será expelida, e a verdade e honestidade reinarão supremas, ou, se a
politicagem é acolhida, a honestidade será esquecida. Eles nunca se
harmonizarão; nada têm em comum. Uma é o profeta de Baal, a outra é o
verdadeiro profeta de Deus." (5T 96).
Oh, quem dera
pudéssemos ter um lampejo da face de nosso verdadeiro Senhor! Se olharmos para
Sua face, não veremos um perpétuo sorriso de indulgência para com Seu povo
infiel que assume a Baal. Ele é um ídolo de sorriso congelado. A face do
verdadeiro Cristo registra a dor de uma náusea aguda, uma enfermidade divina de
coração com nossa terrível mornidão, nosso amor próprio, nossas profissões de
uma devoção que não sentimos verdadeiramente. A genuína experiência cristã
contrasta-se com a falsa, como segue:
"Um
verdadeiro senso do sacrifício e intercessão do querido Salvador quebrantará o
coração que se tornou endurecido no pecado; e o amor, gratidão e humildade
adentrarão a alma. A submissão do coração a Jesus transforma o rebelde em
penitente. . . . Esta é a verdadeira religião bíblica; tudo que esteja aquém
disso é um engano." (4T 625).
"Uma nova ordem de
coisas tem vindo a este ministério. Há um desejo de imitar outras igrejas, e a
simplicidade e humildade são quase desconhecidas. . . . Alguns iniciam
reuniões de reavivamento, e por esse meio atraem grandes números à igreja. Mas
quando a excitação passa, onde estão os conversos? O arrependimento e confissão
de pecado não são vistos. O pecador é instado a crer em Cristo e aceitá-Lo
sem levar em conta a sua vida passada de
pecado e rebelião. O coração não é quebrantado. Não há contrição de alma. Os
supostos conversos não caíram sobre a Rocha, Cristo Jesus." (Sem
data, MS, 111).
Onde está essa Rocha, a fim
que de possamos cair sobre ela e ser "quebrantados"? As boas novas
são melhores do que Baal deseja que creiamos. Cair sobre essa "Rocha"
não destrói a auto-estima ou de modo algum prejudica a verdadeira personalidade
de alguém. A personalidade de uma pessoa experimenta uma ressurreição com
Cristo quando o amor pecaminoso do eu é crucificado com Ele. Cristo nunca
destrói ninguém; mas essa experiência de tomar a nossa cruz é a única maneira
em que o Sumo Sacerdote celestial pode nos pôr juntos direito, tanto para o
tempo quanto para a eternidade.
____________________
1A
linguagem original não é de uma firme promessa de que o Senhor vomitará Sua
igreja de Laodicéia. No grego é mello se emesai, uma expressão que
significa literalmente, "Estou a ponto de vomitar-te". A mesma
palavra mello é empregada em Apocalipse 10:4 onde a acção antecipada não
tem lugar. A mensagem laodiceana declara que podemos curar a enfermidade de
náusea de Cristo por nosso arrependimento (verso 19). A palavra Laodicéia não é
um termo negativo; significa "julgando, ou vindicando, o povo". O
problema com Laodicéia é sua mornidão, não sua identidade como a sétima ou
última das igrejas.
2Ver
GCB 1893, pp. 358, 359; Hannah Withall Smith obteve suas idéias básicas para o
seu Cristian's Secret of a Happy Life de Fenelon, o místico católico
romano da corte de Luis XIV que gastou as energias de sua vida buscando
converter protestantes a Roma. Sua "justificação pela fé" é uma
imitação bem próxima, como era a do evangelista da TV católico romano Fulton
Sheen e os modernos evangelistas de TV. A semelhança com o genuíno é muitas
vezes bastante sutil.
3Há
livros notáveis sobre agape por eruditos evangélicos, como Agape and
Eros [Ágape e eros], por Anders Nygeren, Testaments of Love
[Testamentos de amor], por Leon Morris, e The Love Affair [O caso
amoroso] por Michael Harper. Mas em todos esses há algo que falta: não
compreendem como o amor que levou Cristo a Sua cruz é um amor que suportou o
equivalente da segunda morte, como encontramos estabelecido tão claramente em
The Desire of Ages [O desejado de Todas as Nações] p. 753. Assim, esses
autores sinceros compreensivelmente deixam de apreciar a verdade da
"largura e comprimento e profundidade e altura" desse agape
"de Cristo que excede todo entendimento". Nenhuma comunidade de
cristãos que mantenha a doutrina da natural imortalidade da alma pode
percebê-lo, a despeito de sua sinceridade. Na proporção em que sua concepção de
agape é assim debilitada, sua concepção de fé se enfraquece.
Inevitavelmente, suas idéias de justificação pela fé ficam comprometidas.
4"O
Senhor Jesus Cristo sempre terá um povo escolhido para servi-Lo. Quando o povo
judeu rejeitou a Cristo, o Príncipe da Vida, Ele retirou deles o reino de Deus
e transferiu-o aos gentios. Deus continuará a trabalhar desse modo com todo
ramo de Sua obra. Quando uma igreja se demonstra infiel à obra do Senhor, seja
qual for sua posição, embora elevado e sagrado seu chamado, o Senhor não pode
mais agir com ela. Outros então são escolhidos para levar importantes
responsabilidades. Mas, se estes por sua vez não purificam suas vidas de toda acção
errada, se não estabelecem princípios santos e puros em todos os seus limites,
então o Senhor os afligirá e humilhará dolorosamente e, a não ser que se
arrependam, os removerá de seu lugar e os fará um opróbrio." E.G.White,
Olhando para o Alto, Meditações Matinais 1983, p. 125
14. De 1950 a
1971
Este
manuscrito em sua forma original foi preparado em 1950 para chamar atenção da
Comissão da Associação Geral. Era um apelo para "alimentar o rebanho de
Deus" com os elementos nutritivos da mensagem de 1888. Desde então, a
consciência adventista tem lutado com a convicção de que há difundida fome
espiritual. A comissão evangélica não está concluída, não obstante maiores
programas, atividades, e promoções a cada ano que passa.
Poucos dias após o
encerramento da assembléia de 1888, em 23 de novembro, Ellen White falou na reunião
estadual de Potterville, Michigan (A. L. White, The Lonely Years [Os
anos solitários], p. 148). Seus três sermões estão registrados na Review and
Herald. Em seu sermão de 24 de novembro ela faz referência seis vezes aos
judeus, extraindo comparações connosco:
"O que faria
o Salvador se viesse a nós como fez com os judeus? Ele teria que realizar uma
obra semelhante de eliminação do refugo de tradição e cerimônia. Os judeus
ficavam grandemente perturbados quando ele realizou essa obra. . . . A cegueira
dos fariseus é uma ilustração de como as pessoas que reivindicam grande luz e
conhecimento pode entender tão mal e interpretar erroneamente a obra de Deus.
Verdades gloriosas têm sido sepultadas e ocultadas, e têm se tornado
deslustradas e sem atractivos pelo erro e superstição." (RH, 4 de
junho de 1889).
O artigo da semana
seguinte, 11 de junho, novamente nos comparou cinco vezes com os judeus, e
referiu-se mais de vinte vezes à descrença contemporânea dos "irmãos que
ministram":
"Há muitos
que colocam-se numa posição semelhante à dos judeus do tempo de Cristo, e não
dão ouvidos à palavra da verdade, porque suas mentes estão repletas de
preconceito; mas os que recusam a luz celestial serão rejeitados por Deus tal
como se deu com o Seu antigo povo. . . . Por que devem os ministros tornar a
verdade impotente perante o povo em vista de carecer de vida e devoção
espiritual, por não estarem em ligação com Deus? . . . Tendes vos desviado
tanto Dele que dificilmente ouvis o som de Sua voz."
Novamente falando num
contexto de 1888, ela declarou:
"As provações
dos filhos de Israel, e sua atitude pouco antes da primeira vinda de Cristo,
têm sido apresentadas perante mim vez após vez para ilustrar a posição do povo
de Deus em sua experiência antes da segunda vinda de Cristo--como o inimigo
buscava toda ocasião para cegar as mentes dos servos de Deus, de modo que não
fosse capaz de discernir a preciosa verdade." (ibid., 18 de
fevereiro de 1890).
"Toda linha que
traço a respeito da condição do povo ao tempo de Cristo, quanto a sua atitude
para com a Luz do mundo, nisso vejo perigo de que tomemos a mesma posição. . .
. Teremos que enfrentar descrença de toda forma no mundo, mas é quando
encontramos a descrença naqueles que deveriam ser líderes do povo [de Deus],
que nossas almas são feridas." (ibid., 4 de março de 1890).
O profundo
discernimento de um profeta, não compartilhado por quase todos os seus
contemporâneos percebia como o resultado final de 1888 era equivalente à
recrucifixão de Cristo. Os judeus mantêm que nunca crucificaram o Messias, e
achamos difícil reconhecer a extensão do que fizemos:
"Aqueles que
resistiram ao Espírito de Deus em Mineápolis estavam aguardando uma chance para
viajar pelo mesmo terreno outra vez, porque o espírito era o mesmo. . . Todo o
universo do céu testemunhou o tratamento cruel de Jesus Cristo, representado
pelo Espírito Santo. Tivesse Cristo estado perante eles, teriam-No tratado de
maneira semelhante àquela em que os judeus trataram a Cristo." (Série
A, no 6, p. 20; 16 de janeiro de 1896).
Confusão e
perplexidade se elevam numa recente declaração publicada, intitulada "Em
1888, a direção da Igreja Adventista deu uma meia volta na pré-sessão
ministerial de Mineápolis" (Ministry [Ministério], novembro de
1984). A mensageira do Senhor, falando 14 anos após 1888, disse o oposto:
"Fui instruída de que a terrível experiência da Assembléia de Mineápolis
é um dos mais tristes capítulos na história dos crentes na verdade
presente" (Carta 179, 1902). Sua inspirada avaliação é: "crueldade ao
Espírito Santo", "tratamento cruel de Jesus Cristo", que
"em algum tempo . . . será visto em seu verdadeiro peso e com toda a carga
de ais que tem resultado disso" (GCB 1893, p. 184). Talvez esse
"algum tempo" esteja próximo.
A comparação de Ellen White
com os judeus não é por acaso. Penetra o próprio coração do plano de salvação.
A negação de João 3:16 está implícita em nossa "insubordinação"
porque está envolvido nisso o resistir a Cristo. Quando isso é visto, virá um
arrependimento correspondente à transgressão. A dificuldade é que a transgressão
ainda não foi apreciada em sua verdadeira natureza. Ainda não nos vimos como o
Céu nos vê.
Há uma nova geração em cena
agora, e nenhum membro vivo da Igreja pode testificar de sua experiência em
assistir à sessão de 1888. Tudo quanto podemos aprender sobre ela agora deve
vir de registros escritos inspirados.
Desde 1950 um concentrado
esforço tem sido feito para publicar livros que transmitem a idéia de que 1888
foi uma vitória para a Igreja. Assim, vários livros de autoridade, totalizando
quase 1.500 páginas, tentam estabelecer que "nós" aceitamos a
mensagem de 1888. Dois foram endossados pelos presidentes da Associação Geral;
um terceiro foi escrito por um vice-presidente. A publicação deles atesta o
profundo interesse que 1888 representa para a consciência adventista do sétimo
dia.
O Espírito Santo tem
dirigido ao longo desses anos todos, e a verdade emergirá triunfante por sobre
toda a confusão. A solução ao nosso problema não jaz em criticar a liderança da
Igreja ou enfraquecer sua organização; jaz em arrependimento e reconciliação
com Cristo dentro da organização da Igreja. Não ousamos negar ou suprimir a
verdade; plenamente revelada e compreendida por corações honestos, a verdade
vence o fanatismo, o legalismo, e um espírito de crítica do tipo "sou mais
santo do que tu". Pode somente conduzir a um arrependimento humilde,
moldado segundo Cristo, que operará cura eficaz.
Volvamo-nos agora a uma
breve revisão desses acontecimentos.
1950
1888 Re-examined
[1888 Reexaminado] (204 páginas mimeografadas) não trazia nomes de autores, não
tinha página de título nem data. Sua intenção era simples--apresentar evidência
de fontes inspiradas (600 trechos de
Ellen White) de que "nós" tomamos o rumo errado em 1888, que a
causa de Deus sofreu um sério golpe, que o verdadeiro progresso da Causa requer
que aceitemos aquela mensagem e a proclamemos ao mundo, e que o arrependimento
denominacional é apropriado em vista de nossa história e em resposta ao apelo
de Cristo a Laodicéia.
O apelo foi firme e
oficialmente rejeitado: "Não cremos que [um arrependimento denominacional]
está em harmonia com o plano e propósito de Deus". "Não desejarão
imprimir seus pontos de vista tão críticos nem fazê-los circular em maior
escala" (carta da Defense Literature Committee [Comissão de Literatura de
Defesa] da Associação Geral, 4 de dezembro de 1951). A posição da Associação
Geral era de que um arrependimento denominacional seria desnecessário e
inapropriado em vista de nossos grandes batismo e no programa de "dobrar
nossa membresia" dos idos de 1950, e nossa
difundida prosperidade denominacional e institucional.
Os autores não se rebelariam
contra a orientação da Associação Geral. Sempre sustentaram firmemente o
princípio de organização e ordem eclesiásticas. Mas não podiam conscienciosamente
retratar-se de suas convicções básicas que criam estarem baseadas sobre o
testemunho inspirado de Ellen White. Portanto, apelaram quanto à questão à
próxima autoridade superior--o próprio Senhor no juízo investigativo e à
"disposição de Sua providência". Prosseguiram empreendendo os seus
deveres missionários na África (Carta aos escritórios da Associação geral de 5
de fevereiro de 1952).
Contudo, uma cópia do
manuscrito de algum modo conseguiu evadir-se dos escritórios da sede mundial.
Enquanto os autores estavam trabalhando como missionários na África, vários
membros leigos e ministros na América do Norte laboriosamente o copiaram e
reduplicaram. Sem a concordância dos autores, foi vastamente distribuído em
vários continentes.
1952
Uma conferência
bíblica que marcou época foi realizada na Igreja de Sligo (Maryland) de 1 a 13
de setembro de 1952. Os estudos "representam o melhor pensamento da parte
de homens sinceros, honestos, zelosos, dedicados e leais", os líderes da
Igreja, segundo D. E. Rebok na Introdução do relatório em dois volumes, Our
Firm Foundation [Nosso firme fundamento] (Review and Herald, 1953, Vol. Um,
p. 13).
Perto da conclusão da
conferência, o presidente da Associação Geral reconheceu a verdade do
retrocesso em 1888, e então apresentou uma espantosa alegação:
"Em grande medida a
Igreja deixou de edificar sobre o fundamento estabelecido na Associação Geral
de 1888. Muito foi perdido em consequência. Estamos anos atrasados onde
deveríamos ter estado em crescimento espiritual. Muito antes disso deveríamos
já estar na Terra Prometida.
"Mas a mensagem da
justificação pela fé dada na Assembléia de 1888 foi aqui repetida. Praticamente
cada orador desde o primeiro dia tem dado grande ênfase sobre essa doutrina de
maior importância, e não houve planos previamente arranjados de que assim fosse. Foi algo espontâneo da parte dos
oradores. Sem dúvida foram impelidos pelo Espírito de Deus para fazê-lo.
Verdadeiramente esse assunto tem, nesta conferência, "superado todos os
demais".
"E esta grande
verdade tem sido dada aqui nesta Conferência Bíblica de 1952 com muito maior
poder do que foi dada na Conferência de 1888 porque os que aqui falaram tiveram
a vantagem de muita luz adicional brilhando a partir de centenas de pronunciamentos
sobre este assunto nos escritos do espírito de profecia, de que aqueles lá
naquela época não dispunham. . . .
"A pergunta não será
mais, 'Qual foi a atitude de nossos obreiros e povo para com a mensagem de
justificação pela fé transmitida em 1888? O que fizeram a respeito dela?'
Doravante a grande pergunta deve ser: 'O que fizemos com a luz sobre
justificação pela fé como proclamada na Conferência Bíblica de 1952?'" (W. H. Branson, Vol. Dois,
pp. 616, 617).
Ele novamente realça
essa mesma reivindicação em suas considerações finais: "Irmãos,
destaquemos em todas as nossas reuniões com nossos obreiros a grande
importância da mensagem que veio à Conferência de Mineápolis em 1888--a
mensagem que tem sido repetida aqui nessas reuniões por todos os oradores nesta
conferência" (pp. 737, 738).
Essa Conferência Bíblica foi
mantida quase quarenta anos atrás. Dizia-se de todos os oradores que estavam
em perfeita harmonia com a "doutrina da justificação pela fé", e
alegou-se que pregavam a mensagem mais clara e poderosamente do que os
mensageiros de 1888 o fizeram no início da chuva serôdia e do alto clamor.
Se isso for verdade,
segue-se logicamente que as mensagens de 1952 eram uma manifestação "muito
maior" da chuva serôdia e do alto clamor de Apocalipse 18 do que fora a
mensagem de 1888. Ademais, as mensagens de 1952 foram plenamente aceitas
sem oposição, seja oficialmente na Associação Geral ou no campo mundial.
Se o que estava faltando
tragicamente em 1888 foi tão abundantemente suprido em 1952, não deveria a
terra ter sido iluminada naquela geração com a glória da mensagem do alto
clamor? Uma aceitação semelhante da mensagem de 1888 sessenta anos antes teria
preparado um povo nessa geração para terminar a comissão evangélica. Teria a
bênção vindo na geração de 1952?
Um cuidadoso estudo do
relatório de dois volumes põe a lume um problema. Nenhum dos oradores reproduziu
os motivos singulares ou essenciais da mensagem de 1888. As mensagens de Edward
Heppenstall sobre os dois concertos estavam magnificamente em harmonia com a
posição de 1888, e vários outros oradores nada disseram que a contradiziam. E
não resta dúvida de que eram todos "homens sinceros, honestos, zelosos,
dedicados, leais", e cada qual ofereceu bem pensadas reflexões.
Mas o problema é que a
maioria, se não todos, deram evidência de que estavam sinceramente desinformados
quanto ao real conteúdo da mensagem de 1888. Ninguém ofereceu evidência de que
tinha dedicado cuidadoso estudo às fontes originais daquela
"preciosíssima mensagem", que, logicamente, estavam fora do prelo.
Ninguém aparentemente viu qualquer clara diferença entre a mensagem de 1888 e
a doutrina protestante popular de "justificação pela fé".
É penosamente evidente que
os mensageiros de 1888 que Ellen White endossou eram persona non grata
nessa conferência (ver, por exemplo, Vol. Um, p. 256). Era como se algum
"plano pré-arquitetado" tivesse proibido qualquer reconhecimento
deles ou do conteúdo de sua mensagem singular. Os nutrimentos essenciais
estavam ausentes em grande medida das mensagens de 1952 e eles poderiam exercer
o poder espiritual da mensagem de 1888 para reavivamento e reforma.
Sem dúvida, muito bem
derivou da conferência. Mas a chuva serôdia e o alto clamor não tiveram outro
"começo" naquela ocasião.
Entrementes, uma
distribuição espontânea em larga escala de 1888 Re-examined prosseguiu.
Nos idos de 1958 relevantes indagações dirigidas à Associação Geral por membros
da Igreja no campo suscitaram outra reação.
1958
Assim, uma nova
resposta foi preparada pela Associação Geral e tornada disponível à Igreja em
setembro de 1958. Intitulada A Further Appraisal of the Manuscript
"1888 Re-examined" [Avaliação adicional do manuscrito "1888
Re-examinado"], opunha-se vigorosamente contra o documento. Observaremos a
sua conclusão [escrita após o comprometimento da IASD com o ecumenismo no livro
Questions on Doctrine]:
"É evidente
que os autores revelaram considerável amadorismo tanto em pesquisa quanto no
emprego de factos.1 Há um padrão coerente por
todo o manuscrito de empregar citações fora de sua real contextuação. . . . A
tese de "1888 Re-examinado" é uma séria reflexão sobre a ética
literária de seus autores. . . . Tendo-se demonstrado culpados de distorção de
factos e má aplicação de declarações do Espírito de Profecia, os autores de
"1888 Re-examinado" produziram um manuscrito que é prejudicial à
Igreja, depreciativo a seus dirigentes e aos indivíduos mal-informados que
possam vir a lê-lo." (pp. 47-49).
Quando os autores
leram A Further Appraisal, ficaram, como é óbvio, profundamente
preocupados. Seriam culpados de "empregar citações fora de sua real
contextuação", "distorção de fatos", produzindo um "manuscrito
que é prejudicial à Igreja"? Isso inspirou fervorosa oração, para exame de
coração, e para estudo adicional das fontes que Ellen White empregara e uma
busca de outras.
Nesse sentido, em setembro
de 1958, enquanto estavam ainda de férias na América, prepararam uma réplica
de 70 páginas, An Answer to "Further Appraisal" [Uma Resposta
a "Avaliação Adicional"], que tratava com cada ponto levantado.
Incapazes de realizar pesquisa no Cofre Forte dos Depositários de Ellen White,
eles tinham conseguido acesso a colecções particulares de muitos documentos de
Ellen White até então não publicados nas bibliotecas de pastores jubilados que
haviam conhecido Ellen White pessoalmente. Essa documentação recém descoberta
em apoio a suas teses foi incluída em sua Resposta. O Appraisal
foi retirado e não mais tornado disponível ao campo.2
1962
Durante outros quatro
anos, membros da Igreja continuaram a formular sérias perguntas. O Appraisal
havia dito em 1958 que "pensava-se que o relatório de sete anos passados
[da Comissão de Literatura de Defesa, de 1951] havia encerrado a questão"
(p. 3). Mas pareceria que a providência não estava disposta a dar um fim ao
interesse por 1888. O Espírito Santo deve mantê-lo vivo até que venha o
arrependimento.
Em 1962 foi publicado um
livro sobre 1888 por N. F. Pease, By Faith Alone [Pela fé somente]. O
prefácio do presidente da Associação Geral declarava:
"A assembléia
da Associação Geral de 1888, e a discussão de justificação pela fé naquele
encontro, tem sido variadamente comentada por um número de pessoas,
especialmente em meses recentes. Tem até sido sugerido por uns poucos--de modo
inteiramente equivocado--que a Igreja Adventista do Sétimo Dia desviou-se ao
deixar de assimilar este grande ensino cristão fundamental. Este livro põe a
questão em pratos limpos." (p. vii).
O Dr. Pease é um
erudito muito competente e criterioso, e a Associação Geral apreciou o seu
trabalho. Mas há problemas com o seu livro devido à falha em considerar toda a
era 1888 de modo equilibrado:
(a) O livro quase deixa
completamente de reconhecer a mensagem de 1888 pelo que é de facto--o
"começo" da chuva serôdia e do alto clamor, uma mensagem enviada
para preparar um povo para a trasladação.
(b) Repetidamente a mensagem
de 1888 é referida como meramente "a doutrina da justificação pela
fé", equiparada ao ensinamento protestante popular. Chega a assegurar que
os mensageiros de 1888 obtiveram-na das igrejas protestantes populares daqueles
dias (pp. 138, 139). Mas eles diziam que a obtiveram da Bíblia somente (cf. GCB
1893, p. 359). Buscamos em vão nos escritos contemporâneos dos teólogos
protestantes populares os elementos singulares que constituem a mensagem de
1888.
(c) Isso suscita a pergunta:
Se as igrejas protestantes do período abrangido pelos anos 1800 possuíam a
essência de nossa mensagem de 1888, como poderia ser "a terceira mensagem
angélica em verdade?" Onde está a singularidade de um evangelho adventista
do sétimo dia?
(d) A Igreja Adventista do
Sétimo Dia é representada como tornando-se "mais evangélica com o passar
dos anos", desfrutando um "crescendo de ênfase sobre justificação
pela fé durante os últimos quarenta anos" (Pease, pp. 227, 239, 240).
Permanece a pergunta--que tipo de "justificação pela fé" é esse? É o
protestantismo popular, ou é a mensagem de 1888? [É o protestantismo popular
apóstata.]
(e) O livro gera uma
anomalia. É declarado que "nós preservamos para a denominação a ênfase
espiritual do movimento de reavivamento da década [de 1890]", contudo,
estranhamente, "o reavivamento dos anos noventa extinguiu-se" (pp.
164, 177). Ocorre aqui uma implicação desanimadora. Logicamente esse ponto de
vista nega implicitamente a profecia de Apocalipse 18:1-4. Quando a mensagem do
alto clamor é verdadeiramente aceita pela liderança da Igreja, nunca pode
"extinguir-se", mas está profeticamente destinada a
"iluminar a terra com glória". Esta é a mais extraordinária cena do
futuro profético do mundo. O facto de que o "reavivamento" dos anos
de 1890 "extinguiu-se" é por si só a mais clara evidência de que a
mensagem do alto clamor não foi verdadeiramente aceita pela liderança da
Igreja. Isso precisa ser tornado claro, ou defrontaremos a terrível perspectiva
de que todo reavivamento genuíno estará igualmente destinado a
"extinguir-se" ainda que a mensagem seja aceita. Pode Apocalipse
18:1-4 jamais vir a cumprir-se?
Perguntas de membros da
igreja continuaram a surgir.
1966
Outro livro a
respeito de 1888 apareceu, por A. V. Olson, vice-presidente da Associação
Geral. Sua súbita morte em 5 de abril de 1963 deixou o seu manuscrito
"virtualmente concluído" nas mãos da mesa administrativa dos
Depositários White, que publicaram o seu livro de 320 páginas sob o título Through
Crisis to Victory 1888-1901 [Através de crise à vitória 1888-1901].
Sincero e profundamente
zeloso, o autor novamente tencionou combater "conclusões
desorientadoras" concernentes a 1888. O prefácio declara ao leitor que
"os treze anos entre Mineápolis, 1888, e a assembléia da Associação Geral
de 1901 foram . . . um período sobre o qual a Providência poderia proferir a
palavra vitória" (p. 7). Mas novamente, há sérios problemas:
(a) Aqueles treze anos não
foram assinalados por vitória, mas por destacada infidelidade em administração
na sede da Igreja. Houve exigências proféticas por reforma e reorganização e
juízos da parte do Senhor por fim, nos desastrosos incêndios do Sanatório de
Battle Creek e da Review and Herald Publishing Association. Isso ocorreu após a
data da "vitória" de 1901. As inúmeras cartas de Ellen White da
Austrália durante esse período nada indicam de "anos de progresso",
se a espiritualidade e fidelidade são importantes e a mensagem e experiência
de 1888 são o critério.
(b) O livro tenta
estabelecer uma base legal para provar que a mensagem de 1888 não foi
"oficialmente rejeitada" em vista de que "nenhuma voto, de
qualquer natureza, foi tomado pelos delegados para aceitá-la ou rejeitá-la"
(p. 36). Conquanto seja verdade que não há qualquer registro oficial de
um voto negativo em Mineápolis, o facto é que um voto foi tomado e o Bulletin
de 1893 fala dele. Ellen White também o confirma.
Várias referências definidas
a um voto de rejeição assim ocorrem:
"Que os
irmãos na temível posição em que permaneceram, rejeitaram em Mineápolis?
Rejeitaram a chuva serôdia--o alto clamor da mensagem do terceiro anjo."
(p. 183).
"Alguns daqueles . .
. postaram-se tão abertamente contra ela naquela ocasião ["o encontro de
Mineápolis"], e votaram com mãos erguidas contra ela." (p. 244).
"Seja o credo
traçado em escrita real, ou seja idéia de alguém mais que deseja passar adiante
por um voto na Associação Geral, não faz diferença. . . . E há pessoas aqui que
se lembram de um tempo--quatro anos atrás; e de um lugar--Mineápolis--quando
três esforços directos foram empreendidos para fazerem com uma coisa tal como
essa estivesse ligada à mensagem do terceiro anjo, por um voto numa Assembléia
da Associação Geral. O que alguém cria--estabeleça-se isso como marcos, e então
vote-se para que tome posição pelos marcos, saiba-se o que esses marcos são ou
não; e daí vá em frente e concorde em observar os mandamentos de Deus, e uma
porção de outras coisas que irá fazer, e que devia ser passado adiante como
justificação pela fé." (p. 265).
Como temos visto, a
própria Ellen White menciona um voto de rejeição, mas sua referência a ele está
eliminada na recente publicação do Ms. 24, 1888 no Livro Três de Selected
Messages [Mensagens Escolhidas] (p. 176). O seu Ms. 15, 1888 (Olson, pp.
294-302) preocupa-se em grande medida com o erro dos irmãos em tentar forçar um
voto tal.
Em desafio à história, há
pelo menos seis modernas negações de um voto sendo tomado: Testimonies to
Ministers [Testemunhos para ministros], prefácio pelos Depositários dos
Escritos de Ellen White, p. xxiv; Through Crisis to Victory [Através de
crise à vitória], p. 36; Movement of Destiny [Movimento predestinado],
pp. 233, 370; The Lonely Years [Os anos solitários], pp. 395, 396; The
Faith That Saves [A fé que salva], p. 41.
Seria razoável indagar por
que, após "três esforços directos" para obter um voto de rejeição
registrado, a tentativa falhou. Por que nada foi registrado? A resposta
é clara do mesmo Bulletin de 1893. Inteiramente só, Ellen White recusou
deixar que se incluísse o voto nas atas:
"Não nos foi
dito naquele tempo que o anjo de Deus declarara: "Não deis este passo; não
sabeis o que é isso"? "Não posso tomar tempo para dizer-vos o que
está nisso, mas o anjo tem dito, Não o façais". O papado estava nisso. Era
isso o que o Senhor estava tentando dizer-nos, levar-nos a compreender. . . .
Há alguém nesta casa que ali estava naquele tempo que não pode ver agora o que
foi aqui naquela ocasião? (p. 265)."
Assim, a única razão por que
o voto não foi registrado é que Ellen White sabiamente o proibiu. Claramente,
os delegados tencionavam passar tal voto de rejeição. Teria passado esmagadoramente
porque ela declarou em Mineápolis que "geralmente o espírito e influência
dos ministros que vieram a esta assembléia é descartar a luz" (Carta B21,
1888); "nossos irmãos que ministram . . . estão aqui somente para eliminar
o Espírito de Deus do povo" (Ms. 9, 1888, Olson. p. 291); e "nesta
assembléia, . . . oposição, antes que
investigação, é a ordem do dia" (Ms. 15, 1888, Olson, p. 301). Um tal voto
registrado teria sido um virtual suicídio denominacional. Graças a Deus
que ela nos salvou de nós mesmos!
Pease reconhece a força da
oposição quase total: "É provavelmente seguro dizer que Waggoner e Jones
não teriam tido a menor chance sem o apoio dela!" (The Faith That Saves
[A fé que salva], p. 41). Sem o seu apoio
directo para eles, a sessão da Associação Geral teria votado oficialmente a
condenação da mensagem.
(c) Olson minimiza o impacto
da oposição a 1888 referindo-se a um mero número de "trinta e três obreiros
. . . envolvidos nisso de uma forma ou de outra. . . . Sugerir que houve um
conluio e oposição organizada não é correcto" (p. 84). Novamente temos um
conflito com o que a mensageira inspirada afirmou em muitas declarações. Isso
também contradiz os relatórios de testemunhas visuais de C. C. McReynolds e R.
T. Nash (ver capítulo 15).
(d) O livro conclui com um
dilema doloroso e desanimador. A liderança e o ministério são fiéis, mas os
leigos não: "Pastores e evangelistas adventistas têm anunciado esta
verdade vital de púlpitos de igreja e plataformas públicas, com corações
incendiados pelo amor por Cristo". Mas "para muitos membros da Igreja
a mensagem de justificação pela fé tem-se tornado uma árida teoria. . . . Eles
têm negligenciado a luz. . . . Eles têm falhado. . . . Suas
pobres almas estão desnudas e destituídas. . . . Eles em breve serão
rejeitados por seu Senhor" (pp. 238, 239; ênfase acrescentada). O fim
lógico dessa tese é o conceito católico romano de uma hierarquia fiel e um
laicato infiel.
Quando "o anjo da
Igreja", sua liderança, responde ao apelo de Cristo para os últimos dias,
o povo de Deus "apresentar-se-á voluntariamente . . . no dia do . . .
poder [Dele]" (Salmo 110:3). Um ministério fiel e um laicato infiel é uma
afronta não somente ao povo de Deus hoje, mas de toda a história sagrada, e não
oferece esperança para o futuro senão um povo infiel sempre resistindo a uma
hierarquia fiel. Isso não pode ser e não será.
1969
Logo Norval F. Pease
publicou uma complementação do By Faith Alone [Pela fé somente], chamada
The Faith That Saves [A fé que salva] (1969). Sua principal preocupação
novamente é 1888. Ocorrem mais problemas:
(a) Uma vez mais encontramos
uma evasão de qualquer reconhecimento da significação escatológica da mensagem
de 1888 como o começo do alto clamor de Apocalipse 18. Em vez disso, o autor a
representa como "a herança comum dos grupos protestantes",
"velha luz em seu apropriado contexto", uma mera "nova ênfase
sobre justificação", "o mesmo evangelho eterno pelo qual os cristãos
têm sido salvos em todas as épocas" (pp. 25, 39, 45, 54). Parece não haver
reconhecimento de uma verdade singular que constitui a "terceira mensagem
angélica em verdade", nenhum conceito de sua relação especial com a
purificação do santuário.
(b) Novamente é-nos dito que
"a delegação [de 1888] estava dividida de três maneiras", ficando
implícito que a oposição não era séria. Rebatendo os que declaram "que a
'denominação' rejeitou a mensagem de justificação pela fé em 1888",3 o autor se escora na presunção de que nenhum
voto registrado significa que "nenhuma medida oficial foi tomada sobre o
assunto", e que "a maioria daqueles que deixaram de ver a luz em 1888
arrependeu-se de sua cegueira e deu entusiástico apoio" (p. 41). A
evidência para esse "entusiástico apoio" fica, porém, faltando.
De novo é-nos lembrada a
carta lamentosa de Ellen White a seu sobrinho em 5 de novembro de 1892, bem
após as confissões dos principais líderes terem sido expressas, declarando que
"nenhum" dos rejeitadores iniciais tinha "vindo à luz" e
discernido a mensagem (Carta B2a, 1892). Pease noutra parte reconhece que ao
final da década nenhum "Eliseu" estava pregando a mensagem
efetivamente, excepto Jones, Waggoner, e Ellen White (By Faith Alone, p.
164). Onde estava o suposto apoio deles?
(c) Tentando rebater a
sugestão dos presentes autores de que a Igreja "republique os escritos de
Waggoner e Jones de modo a que possamos ter o benefício do ensino deles",
Pease declara que "nada havia sido dito por Waggoner e Jones que Ellen
White não dissera 'melhor. . . . Ellen White foi capaz de apresentar esse mesmo
evangelho eterno com a beleza e clareza que nenhum de seus contemporâneos
poderia ser capaz de igualar" (p. 53).
Isso suscita uma séria
pergunta: Por que o Senhor enviou os mensageiros de 1888 se eles não podiam
apresentar a mensagem apropriadamente? Não teria Ele sido mais sábio em apontar
Ellen White como o agente da chuva serôdia e o arauto da mensagem do alto
clamor? A história sagrada demonstra que o Senhor sempre escolhe mensageiros
por uma razão.
Ellen White nunca considerou
a mensagem de Waggoner e Jones como supérflua; ela a endossou quase 300 vezes
em linguagem insuperável pelo entusiasmo, e claramente apoiou-os como
especialmente "apontados", "delegados",
"credenciados" pelo Senhor para realizar uma obra que ela não foi
chamada a fazer.4
Os livros dos mensageiros de
1888 estão baseados na Bíblia somente (ex.: Christ and His Righteousness
[Cristo e Sua justiça], The Gospel in Creation [O evangelho na Criação],
The Glad Tidings [As boas novas], The Consecrated Way to Christian
Perfection [O caminho consagrado para a perfeição cristã], que não empregam
declarações de Ellen White). A mensagem deles era uma bela demonstração do
poder inerente numa mensagem escriturística pura de justificação pela fé.
Denegri-la desse modo implica logicamente em desconsiderar os endossos de Ellen
White.
(d) Nosso autor conclui com
um endosso das mensagens da Associação Geral de Milwaukee, de 1926, como mais
importantes do que as de 1888. Elas são forte evidência de que a mensagem de
1888 havia sido aceita, diz ele:
"É minha
firme convicção que seria bom dar menos ênfase a 1888 e mais ênfase a 1926. De
facto, a Assembléia da Associação Geral de 1926 foi o que 1888 deveria ter
sido, caso houvesse havido maior unanimidade sobre o sentido do evangelho.
"Alguns têm sugerido
que a denominação deveria deixar em registro de algum modo específico, reconhecendo
os erros de 1888. Nenhuma evidência mais positiva de crescimento e maturidade
espiritual poderia ser apresentada do que os sermões de 1926 (p. 59)."
Mas, de facto, esse
ponto de vista mergulharia a Igreja em confusão. Observe-se o que deixa
implícito: (1) As mensagens de 1926 foram maiores e mais importantes do que as
de 1888; contudo (2) diferentemente de 1888, a "maior unanimidade no
significado do evangelho" em 1926 significou que não houve oposição como
se deu em 1888; (3) mais de 70 anos têm-se arrastado desde 1926 quando Ellen
White declara que se a mensagem de 1888 tivesse sido aceita, a comissão
evangélica poderia ter sido completada dentro de poucos anos [dois anos] (GCB
1893, p. 419). (4) Esse entendimento de 1926 nos diria portanto que "maior
unanimidade" e aceitação da mensagem não traz conclusão da
comissão evangélica de êxito. Poderia algo ser mais desanimador?
O facto é que a justificação pela fé ensinada
nas mensagens de 1926 como registradas no General Conference Bulletin
daquela ano não são as verdades essenciais da mensagem de 1888. O mesmo ocorreu
mais tarde em 1952. Aquelas mensagens foram inspiradas pelo entusiasmo de
"vida vitoriosa" da Sunday School Times e outras doutrinas de
destacados líderes protestantes da época. É por isso que nenhum reavivamento e
reforma duradouros poderia seguir-se, seja à assembléia de 1926 ou à
conferência de 1952.
Volver-nos-emos agora aos
acontecimentos mais significativos de um século inteiro na crescente preocupação
sobre 1888.
__________________________
1O relatório
original da Comissão de Literatura de Defesa tinha declarado bem o oposto:
"O Manuscrito oferece toda evidência de um esforço zeloso, diligente e
exaustivo".
2Um exemplo de como
o Appraisal apoiava a teoria da aceitação é seu emprego de uma simples
sentença da Carta 40, de 1893: "Temos nos postado no campo de batalha por
quase três anos, mas nesse tempo mudanças decisivas tiveram lugar entre o nosso
povo, e mediante a graça de Deus obtivemos decididas vitórias" (Appraisal,
p. 44). Em 1983 a carta inteira foi divulgada pelos Depositários de Ellen White
de modo que o contexto pudesse ser visto (Release # 996). O trecho de uma sentença
ocorre numa discussão do uso do queijo, de como o Dr. Kellogg comprou um stock
inteiro de queijo oferecido à venda numa mercearia campal, e como os princípios
de reforma de saúde obtiveram aceitação entre o nosso povo. O contexto nada
contém relevante à mensagem de 1888 ou seu acolhimento.
3Quem são estes não
fica claro. Os autores de 1888 Re-examined nunca declararam que "a
denominação" rejeitou o começo da chuva serôdia. Apenas citaram a
evidência de Ellen White de que a liderança é que a rejeitou, e "em
grande medida" afastou-a da Igreja de modo que "a denominação"
nunca teve uma apropriada chance de aceitá-la (cf. 1 SM 234, 235).
4Alguns que dizem
aceitar a "justificação pela fé" mantêm que não precisamos da
"preciosíssima mensagem" que "o Senhor . . . enviou . . .
mediante os Pastores Waggoner e Jones", porque possuímos os escritos de
Ellen White. Mas há problemas com essa posição: (a) A igreja em 1888 também
possuía seus escritos, e até mais do que temos hoje--desfrutavam de sua
presença pessoal. (b) Ela declara que os seus escritos são "a luz
menor" para conduzir-nos à "luz maior", a Bíblia. Portanto, nada
declara sobre justificação pela fé que não seja melhor dito na Bíblia. (c)
Ademais, seguir-se-ia logicamente que não precisamos do Novo Testamento, porque
tanto Jesus quanto Paulo extraíram o seu entendimento de justificação pela fé
do Velho Testamento; e ninguém pode negar que eles a entenderam. (d)
Seguir-se-ia ainda que não precisamos mesmo dos Profetas Maiores ou Menores,
porque Abraão foi "justificado pela fé" e tornou-se "o pai dos
que crêem" quando nada conhecia além de Gênesis 1-11.
Isso, logicamente, é
absurdo. A única conclusão lógica a que podemos chegar é que precisamos de
toda luz que o Senhor julga adequada enviar-nos. Ellen White nunca
reivindicou que foi enviada a proclamar a chuva serôdia ou a mensagem do alto
clamor, mas reconheceu-a na apresentação de Jones e Waggoner. É impossível
aceitar Ellen White genuinamente e não aceitar o seu endosso da mensagem de
1888 como proclamada por Jones e Waggoner durante o tempo de seus endossos.
15. De 1971 a
1987 e Depois
Umas 700 páginas haviam agora sido publicadas em tentativas
de negar a necessidade de arrependimento denominacional por 1888. Outras 700
páginas vieram em 1971 com o Movement of Destiny [Movimento predestinado],
de L. E. Froom. Segundo o autor, "nenhuma publicação em nossa história
jamais teve tal magnífico apoio prévio à publicação" (p. 8). Quando
primeiramente publicado, 1.500 exemplares foram distribuídos como presente a
líderes eclesiásticos ao redor do mundo. Os elogios que lhe foram dedicados
tornam óbvio que se tornou a palavra de maior autoridade sobre 1888:
"Iniciado e
comissionado pelo ex-presidente da Associação Geral, A. G. Daniells já em 1930,
ao prosseguir a pesquisa foi aprovado por cinco presidentes da Associação
Geral em sucessão, e muitos consultores. . . . Foi lido criticamente por cerca
de sessenta dos mais capazes eruditos--especialistas em história denominacional
e teologia adventista. Por especialistas no espírito de profecia. Por
professores de Bíblia destacados, editores, homens de comunicação de massas,
cientistas, médicos (p. 8)."
Assim, é evidente que
o Movement of Destiny representa o pronunciamento summum bonum da
Associação Geral e liderança denominacional responsável sobre a questão de
1888. O autor assegura seus leitores de sua total fidelidade em resposta à
acusação de A. G. Daniells,
"...com
especial ênfase sobre os acontecimentos de "1888" e sua sequência.
Ele instou que eu apresentasse os resultados num quadro abrangente--um que
honraria a Deus e exaltaria a verdade, . . . tanto completa e objcetiva, quanto
documentadamente para sério estudo de obreiros por todo o mundo. . . . Daniells
me admoestou a ser justo e fiel aos factos, abrangente e imparcial no
tratamento, e a apresentar o quadro integral de modo equilibrado . . . [e] a
evitar qualquer tipo de tratamento superficial. . . . Um quadro verdadeiro e
digno de confiança era imperativo. A verdade, ele insistiu, nunca é honrada por
ocultação ou defesa irrazoável. . . . Mergulhe às profundezas, . . . registre fielmente (p. 17, 18)."
Outros líderes
veteranos o instaram.
"...a
responder a certas indagações enigmáticas . . . E acima de tudo o mais, a ser
fiel aos factos e inamovível em fidelidade à verdade plena, . . . chegar ao
âmago dos factos, revelar as descobertas resultantes, e ser cândido e
inabalável em minhas apresentações (p. 22)."
Movement of
Destiny representa um vasto montante de trabalho, escrito pelo mais
prestigiado erudito em história da Igreja. Ele foi abençoado por Deus com
muitos ricos talentos. Seus volumes monumentais sobre a história da
interpretação profética e condicionalismo são contribuições impressionantes à
literatura do movimento adventista. Contudo, segundo pelo menos um dos que
revisaram o seu escrito, o seu último livro não constitui "história digna
de confiança" (Seminary Studies [Estudos de seminário], Andrews
University, janeiro de 1972, p. 121).
Há sérios problemas:
(a) Adotar a posição oposta
quanto a 1888 daquela do livro de Daniells, Christ Our Righteousness
[Cristo, nossa justiça], e contudo foi Daniells quem o comissionou. O contraste
é prontamente visto nos dois trechos seguintes:
"A Assembléia
que marcou época em Mineápolis destaca-se como um pico de montanha, superando
todas as outras assembléias em singularidade e importância. Foi uma reviravolta
distinta. . . . Introduziu uma nova época. . . . 1888 portanto veio
assinalar o início de uma nova nota e
novo tempo. . . . 1888 não foi um ponto de derrota, mas um refluxo da maré para
a vitória final. . . . A batalha . . .
de 1888 [foi] duramente lutada e a vitória gratamente conquistada [por
Satanás]." (Froom, pp. 187, 191).
"A mensagem nunca
foi recebida, nem proclamada, nem obteve livre curso como deveria ter sido a
fim de transmitir à Igreja as imensuráveis bênçãos que nela estavam envolvidas.
. . . Por trás da oposição revela-se a ardilosa maquinação daquela mente mestra
da iniquidade, o inimigo de toda justiça, . . . para neutralizar a mensagem. .
. . Quão terrível devem ser os resultados de qualquer vitória dele em
derrotá-la." (Daniells, pp. 47, 53, 54).
(b) Ninguém tem sido
capaz de ver qualquer das "provas" colectadas por Froom atestando
supostamente a aceitação da liderança da mensagem, pois até hoje ainda não
estão disponíveis para estudo. Nosso autor nos diz que foram propiciadas pelos
"verdadeiros participantes da Assembléia de Mineápolis de 1888",
"relatos [que] foram mantidos sob confiança desde 1930",
"declarações assinadas, escritas na primavera de 1930" (pp. 8, 237,
238).
Mas nos dois capítulos que
apresentam essas "afirmações" (pp. 237-268), nem uma vez tem o leitor
permissão de ver sequer uma delas. E três relatórios de "testemunhas
oculares" que estão em existência não são citados. Elas
contradizem a sua tese. Assim, é-nos dito sobre a autoridade de testemunhas invisíveis
que a mensagem de 1888 foi aceita pela liderança da Igreja, enquanto três
testemunhas visuais visíveis dizem o oposto. (Nós as citaremos logo
adiante).
As "afirmações"
foram propiciadas por "algo como vinte e seis homens e mulheres aptos e
representativos que foram reais participantes, observadores, ou registradores
durante a crucial Assembléia de Mineápolis de 1888 (p. 239). Do número total
propiciado, somente 13 foram por pessoal que realmente a assistiu, de modo que
somente poderia ter havido 13 "testemunhas visuais". Uma criteriosa
contagem indica que 64 referências são feitas a essas 26 pessoas e suas cartas
ou entrevistas. Uma é mencionada 14 vezes.
Mas o insondável mistério é
por que o autor, após fazer tão impressionante reivindicação, não os permite
falar. Com uma excepção, nenhuma sentença é citada de qualquer dentre todas
as 64 referências, sejam testemunhas oculares ou doutra forma.
A razão requer que
testemunhos que se alega provarem tanto sejam tornados visíveis em apoio da
alegação. Froom declara categoricamente em itálico, de sua grafia: "Não
houve rejeição de amplitude denominacional ou de liderança, insistiram
essas testemunhas" (p. 256). E daí somos deixados sem uma única sentença
de qualquer um deles que apóie essa declaração.
Não há um tribunal ou júri
no mundo livre que aceitaria esse tipo de inferência sem evidência. E quando
suposta evidência tão obviamente contradiz o testemunho de Ellen White, os
membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia deveriam muito zelosamente exigir
que tenham permissão de examinar tal evidência.1
Uma das 26 cartas a que faz
referência (p. 248) sempre existiu nos arquivos dos Depositários dos Escritos
de Ellen White. A carta de cinco páginas escrita por C. C. McReynolds
(1853-1937) intitulada "Experiences While at the General Conference in
Minneapolis, Minn. in 1888" [Experiências enquanto na assembléia da Associação
Geral de Mineápolis, Minn. em 1888] está indexada como "D File 189".
A carta termina com estas duas sentenças:
"Lamento por
qualquer um na Assembléia de Mineápolis em 1888 que não reconhece que houve
oposição e rejeição da mensagem que o Senhor enviou a Seu povo naquele tempo.
Não é por demais tarde para arrepender-se e receber uma grande bênção."
Também disponível há
o "Eyewitness Report of the 1888 General Conference" [Relatório de
testemunho ocular da assembléia da Associação Geral de 1888]. Igualmente
apresenta evidência em linguagem bastante objetiva:
"O autor
deste tratado, então um jovem, estava presente naquele encontro [de 1888], e
viu e ouviu muitas das várias coisas que foram feitas e ditas em oposição à
mensagem então apresentada. . . . Quando Cristo foi levantado como única
esperança da Igreja, os oradores enfrentaram uma coesa oposição de quase todos
os pastores veteranos. Eles tentaram dar paradeiro a esse ensino pelos
Pastores Waggoner e Jones. Desejavam que cessasse a discussão desse assunto."
Um terceiro relatório de
"testemunho ocular" está também no cofre forte dos Depositários
White, escrito por A. T. Jones: "Por todo o tempo na Comissão da
Associação Geral e entre outros havia um antagonismo secreto sempre levado
adiante, e que . . . finalmente chegou ao auge na denominação, e deu ao
espírito de contestação e aos homens a supremacia em Mineápolis" (Carta a
Claude Holmes, 12 de maio de 1921).
Nenhuma dessas declarações
de testemunho ocular achou lugar em Movement of Destiny. Em vez disso, o
leitor é constantemente assegurado de que "provas" invisíveis dizem o oposto.
A "Testemunha
Inigualável"
(c) Froom dedica dois
capítulos à idéia de que Ellen White se apresenta suprema na avaliação de 1888
(pp. 443-464). Seus escritos, "particularmente desde 1888"
deveriam resolver "para toda mente razoável" questões relativas a
essa história (p. 444, ênfase do original). Isso é eminentemente verdade, mas
em onze páginas dedicadas a seu testemunho (443-453) não há uma só citação de sua
pena para apoiar a sua premissa.
(d) No capítulo seguinte
(pp. 454-464) há uma lista de mais de 200 itens extraídos de seus escritos de
1888-1901 que ele afirma formar "a espinha dorsal para a apresentação
global deste exemplar" (p. 456). Mas a leitura cuidadosa dos
"títulos" ano após ano produz uma surpresa. Não têm ligação
específica com legendas de artigos publicados, sendo tão-só comentários do
autor para ajustar-se a sua tese.
(e) Começando na página 221
e prosseguindo por 12 páginas, há uma colectânea de palavras e frases isoladas
de Ellen White, novamente sem nenhuma fonte indicada. Mais de 100 palavras ou
frases fragmentárias e sentenças pelo meio deixam fora porções significativas
vitais, omitindo informação contextual que daria sentido bastante diverso e
anularia a teoria de "vitória". Palavras e frases dos seus sermões de
Mineápolis são contornados e sufocados por interjeições do autor, deixando a
mensagem real de Ellen White indistinta.
(f) Das "centenas de
valiosos documentos" que diz terem sido obtidos de uma gama de preciosos
colaboradores, nenhum é empregado para apoiar a tese. E contudo o livro
contém 700 páginas.
(g) Mesmo que as
"provas" fossem tornadas disponíveis (o que não ocorre), citar as
opiniões de irmãos sinceros que dizem que julgaram que a mensagem de
1888 foi aceita não prova que haja sido. Um século de história indica que a
chuva serôdia não foi aceita, a despeito dessas supostas reivindicações de que
tenha sido. Mas Froom e os outros autores citados colocam observadores não
inspirados a contradizer o testemunho inspirado de alguém que exerceu o dom de
profecia. Mesmo um milhar de testemunhos não inspirados em favor da
"aceitação" não pode negar com êxito um testemunho inspirado da
mensageira do Senhor.
(h) Como se dá com o livro
de Olson, Froom exonera os pastores e a liderança pós-1888 e culpa os leigos
por retardarem a terminação da comissão evangélica: "O Espírito
Santo--pronto, disposto e capaz--não pôde realizar Sua obra designada em razão
da falta de preparo da membresia" (p. 582). "O que resta agora é o
ingresso de Seu povo na provisão plena de Deus para a conclusão da Grande
Comissão" (p. 613).
De facto, o que falta agora
é uma aceitação da mensagem pela liderança,
pois foi a rejeição pela liderança da mensagem do alto clamor, diz Ellen
White, que representou a causa inicial do longo atraso (cf. 1 SM 234, 235).
(i) É dito ao leitor que ela
"regozijou-se na crescente aceitação" da mensagem de 1888 (p. 605), e
que "os anos da década de 90 [do século passado, N.T.] foram marcados por
uma sucessão de poderosos reavivamentos", e "tremendas
conquistas" (p. 264). Devemos olhar um exemplo interessante de contraste
entre o que ela realmente disse e o cenário descrito por Froom da liderança da
Associação Geral pós-1888.
Ele correctamente diz que
"o molde dominante do movimento após 1888 foi, logicamente, dado em grande
medida pelo presidente da Associação Geral a assumir. Devemos consequentemente
considerá-lo de modo especial para obter evidência determinativa. Noutros
dizeres, a atitude do Pastor O. A. Olsen como presidente da Associação Geral
determinará "em grande medida" a verdade de ter a mensagem sido
aceita ou rejeitada pela liderança da Igreja. Isso é verdade.
Continuamos com Froom:
"Agora, o registro
da liderança espiritual de [O. A.] Olsen é claro e leal. . . . Olsen parecia
sentir o peso espiritual da questão em evidência, e ofereceu tranquila mas
eficaz liderança para a sua solução. . . .
"Os anos da
administração Olsen viram um reavivamento e reforma reais, . . . ocasião de
despertamento da auto-satisfação laodiceana . . . mediante a crescente
aceitação da mensagem de Justificação pela Fé. . .
"Assim não pode, com
qualquer demonstração de justiça, ser dito que Olsen pessoalmente rejeitou ou
reduziu de importância a mensagem de Justificação pela Fé, ou conduziu ou
ajudou ou se comprometeu em tal direcção. . . .
"Claramente, Olsen não rejeitou a mensagem." (pp. 354-358).
Froom não oferece
qualquer evidência da parte de Ellen White para apoiar essas declarações. O
leitor meramente presume que tais declarações enfáticas são respaldadas em
algum ponto por evidência inspirada. Tal coisa está totalmente ausente em
seu livro, sendo a razão disso que tal não existe em seus escritos. Isso é
algo que os "sessenta de nossos mais capazes eruditos" que endossaram
o livro não perceberam.
A Opinião de Ellen White
Sobre
a Liderança de Depois de
1888
Devemos agora
considerar em contraste o que Ellen White disse em retrospecto, oito anos após
o presidente Olsen ter sido empossado:
"Lamento
muito pelo Irmão Olsen. . . . Ele não tem agido segundo a luz dada. O caso é
misterioso. . . . Não obstante, a luz que foi colocada perante ele por anos com
respeito a essa questão, tem-se aventurado em rumo directamente contrário à luz
que o Senhor tem estado dando a ele. Tudo isso confunde o seu discernimento
espiritual, e o situa com relação ao interesse geral e integral, e ao progresso
salutar da Obra, como uma sentinela infiel. Ele está seguindo um curso que é
prejudicial a seu discernimento espiritual, e está conduzindo outras mentes a
verem as questões numa luz pervertida. Tem oferecido inegáveis evidências de
que não leva em consideração os testemunhos que o Senhor tem julgado
conveniente dar a Seu povo, como dignos de respeito, ou como de peso suficiente
para influenciar o seu curso de acção." (Carta de 27 de agosto de
1896, para A. O. Tait).
A contradição de
Froom a ela é alarmante, especialmente em vista do apoio oficial que o seu
livro desfruta. O contexto de Ellen White é por demais claro:
"Estou
angustiada além de quaisquer palavras que minha pena possa registrar.
Inegavelmente o Pastor Olsen tem agido como o fez Arão, com respeito àqueles
homens que se têm oposto à Obra de Deus desde o encontro de Mineápolis. Eles
não se arrependeram de seu curso de acção ao resistirem à luz e à evidência. .
. .
"A doença no coração
da Obra envenena o sangue, e assim a enfermidade é comunicada às corporações
que eles [da liderança da Associação Geral] visitam." (ibid.).
Ellen White não agiu
nas costas do Pastor Olsen; ela lhe havia escrito anteriormente as mesmas
coisas em 26 de novembro de 1894. Outra vez ela lhe escreveu em 31 de maio de
1896:
"Tenho
comunicações que foram escritas por um ou dois anos, mas tenho sentido que por
vossa causa deveriam ser retidas até que alguém pudesse postar-se de teu lado,
alguém que pudesse distinguir claramente princípios bíblicos de princípios de
formulação humana, e que, com agudo discernimento, pudesse separar as imaginações
humanas estranhamente pervertidas, que têm estado operando por anos, a partir
de coisas de origem divina. . . .
"Irmão Olsen, tu
falas de meu retorno à América. Por três anos permaneci em Battle Creek como
uma testemunha pela verdade [1888-1891]. Aqueles que então recusavam receber o
testemunho que me era dado por Deus destinado a eles, e rejeitavam as
evidências que acompanhavam esses testemunhos, não se beneficiariam caso eu
retornasse. . . .
"Em grande medida a
Associação Geral perdeu o seu carácter sagrado, porque alguns a ela ligados não
mudaram os seus sentimentos em qualquer particular desde a Assembléia realizada
em Mineápolis. . . .
"Foi-me mostrado que
as pessoas em geral não sabem que o coração da Obra está se enfermando e corrompendo
em Battle Creek.2""
Ellen White mais
tarde escreveu a I. H. Evans declarando que seu único pesar era que havia
confiado comunicações vitais ao presidente Olsen em lugar de enviar testemunhos
ao campo a fim de que as próprias pessoas soubessem o que estava se passando
em Battle Creek. O Pastor Olsen havia "rejeitado" o depósito que lhe
fora entregue, segundo a cópia autografada da carta no arquivo dos Depositários
White (Carta E51, 1897). Noutra cópia carbono autografada numa colecção
particular, ela riscou a palavra "rejeitada" e escreveu de sua
própria lavra, "negligenciada". Qual era a razão misteriosa que
motivava essa contínua resistência/negligência oficial ao Espírito Santo?
Deve-se lembrar que Froom
estabelece o elevado padrão ético que ele devia seguir, ordenado por Daniells.
O seu livro deveria ser "um que honrasse a Deus e exaltasse a
verdade" (p. 17):
"Lamentável
Esquema de História Reconstruída.--A História às vezes tem sido reconstruída
por selectividade--ou seja, empregando-a fora de contexto ou tencionando que
tais citações se ajustem a um objectivo--numa tentativa de sustentar um
pressuposto ou teoria particular. Mas tal prática não é nem ética, nem honesta.
. . . Como homens de integridade, não devemos ter parte em tal manipulação de
episódios históricos. Servos do Deus da verdade devem sempre empregar citações,
evidência e linhas de argumento de modo a honrar a Verdade e o seu Autor."
(pp. 364, 365).
Isso, logicamente,
está além de discussão. Nada se ganha em expressar crítica ao trabalho do Dr.
Froom. Mas podemos todos aprender uma lição em contrição. Multidões de cristãos
em igrejas populares depositam indevida confiança em julgamentos preconcebidos
que não podem resistir ao teste da verdade. Como podemos nós, adventistas do
sétimo dia, ajudá-los a menos que nós próprios sejamos fiéis à verdade, mesmo
ao custo de sacrifício ou reputação pessoal?
1972
O Dr. Froom havia
desafiado os autores deste manuscrito a se retratarem publicamente de sua
insistência de que a liderança rejeitou a mensagem de 1888. Sua exigência foi
abertamente reconhecida como dirigida a estes presentes autores (Seminary
Studies, Andrews University, janeiro de 1972, p. 121). Reza como segue:
"Uma confissão
explícita é devida à Igreja hoje por promotores de uma acusação desconcertante,
primeiro de tudo contra os nomes da liderança pós-1888, agora todos
adormecidos. Ademais, é igualmente devida àqueles na Igreja hoje que têm sido
perturbados e desorientados por tal alegação. Por fim, então, realmente constitui
um descrédito aos mortos. Essa é uma questão bastante séria (p. 358)."
Os autores ficaram na
obrigação de responder a tal exigência oficial dos mais notáveis eruditos
adventistas, especialmente quando endossados por seus oficiais da Associação
Geral. No fim de 1972 prepararam sua dissertação intitulada "An
Explicit Confession . . . Due the Church" [Uma confissão explícita . .
. devida à Igreja]. Reiteraram sua convicção de que os factos de nossa história
constituem um chamado de clarim ao arrependimento corporativo e denominacional.
Cópias foram pessoalmente entregues a oficiais da Associação Geral, que
instaram que não fosse publicada, e convocaram uma série de comissões especiais
de audiência em Takoma Park para considerar a evidência, reuniões essas que
tiveram lugar durante um período de vários anos. Os oficiais e as comissões
consideraram a evidência de Ellen White e ficaram impressionados com ela, mas
novamente insistiram que Explicit Confessions não fosse publicada.
Depois de suprimirem o Explicit Confessions republicaram o Movement
of Destiny sem nenhuma alteração de sua tese básica.
Dois acontecimentos
significativos em particular desenvolveram-se a partir desse despertado
interesse pela história de 1888.
1973-1974
Por dois anos seguindo-se
a essas comissões especiais, os Concílios Anuais emitiram vários apelos sérios
à Igreja mundial, apelando a reavivamento, reforma e arrependimento. Havia um
zelo e solenidade incomuns nos apelos. Contudo, o candor requer que
reconheçamos que os resultados foram decepcionantes.
Os apelos da comissão têm
raramente sido eficazes em produzir reavivamento ou reforma tanto entre o
ministério como entre os leigos, porque acções administrativas nunca podem efectuar
a reconciliação com Cristo. Entretanto, nesses apelos do Concílio Anual houve
uma séria falsa interpretação de nossa história denominacional, que logicamente
anulava os objectivos dos apelos. O problema parece à superfície menor, mas é
significativo. Citamos do apelo de 1973:
"Nos quatro
anos que se seguiram à histórica Assembléia da Associação Geral de Mineápolis a
nova e insistente ênfase sobre 'justificação pela fé' havia despertado a
Igreja Adventista de tal modo
que Ellen White pôde dizer que o 'alto clamor' havia começado! (ênfase
acrescentada)."
O erro aqui não é de
semântica. Ellen White nunca disse que a mensagem de 1888 "despertou a
Igreja Adventista". Ela disse o oposto: "Satanás teve êxito em desviar
de nosso povo, em grande escala, o poder especial do Espírito Santo"
(1SM 234, 235). Nunca se permitiu que a mensagem despertasse a Igreja.
Mas este não é o problema
mais sério de lógica nesse Apelo. Há uma falha em identificar correctamente o
que foi o "alto clamor". Mencionamos isto, não para achar falta nos
esforços sinceros, mas porque a hora é muito tardia para suportar o mesmo erro
novamente.
O "começo" da
chuva serôdia e do alto clamor não foi um reavivamento subjectivo que
supostamente "despertou a Igreja Adventista"; foi a própria
mensagem objectiva por si mesma. Isso é evidente mesmo na
declaração de Ellen White citada
no Apelo:
"O alto
clamor da terceira mensagem angélica já começou na revelação da justiça de
Cristo, o Redentor que perdoa o pecado. Este é o começo da luz do anjo cuja
glória encherá a terra inteira." (RH, 22 de novembro de
1892; ênfase acrescentada).
Por que ela é tão
importante pode ser visto facilmente:
(a) Se o início do alto
clamor foi o "despertamento" da Igreja, sua extinção em breve
constitui novas muito más. Implica que um reavivamento genuíno é mais fugidio
do que uma cura para o câncer, e que quando o Espírito Santo tem permissão de
operar (como se supõe ter havido nos anos da década de 1890), Ele próprio Se
cansa e abandona o reavivamento. Por
que deveria uma igreja "desperta" falhar em dar o alto clamor e
terminar a comissão do Senhor?
(b) Mas se o
"começo" do alto clamor é fielmente reconhecido pelo que de facto
foi, a própria mensagem de 1888, imediatamente temos esperança, pois
podemos recuperar e proclamar a mensagem objectiva como registrada nas fontes
existentes. O poder do Espírito Santo é manifesto na "verdade do
evangelho" (Gálatas 2:14; Romanos 1:16).
Todavia, os Concílios Anuais
de 1973-74 nada fizeram de prático e eficaz para recuperar e promulgar a
própria mensagem de 1888. Antes, inadvertidamente asseguraram que o vácuo fosse
preenchido com uma infusão de "reformacionismo" calvinista. A
mensagem de 1888 nunca foi livre e claramente proclamada para a Igreja a nível
mundial com pleno suporte da Associação Geral.
A segunda consequência desse
interesse por 1888, em 1973-74, deu-se em
consequência da má compreensão acima evidenciada. Reconhecendo que a
Igreja carece de "justificação pela fé", a Associação Geral reuniu-se
na Conferência de Palmdale em 1976 onde certos teólogos dominaram as discussões
e exigiram apoio a seus pontos de vista "reformacionistas", opiniões
calvinistas de "justificação pela fé".
Eles alegavam que os seus
pontos de vista eram um verdadeiro reavivamento do conteúdo da mensagem de
1888, quando de facto eram uma negação de cada elemento básico dessa
"preciosíssima mensagem". Mas a proeminência delas na Austrália e
América do Norte deu-lhes vasta influência sobre o campo mundial. A ignorância
geral dos pontos essenciais de 1888 somada a uma antipatia pelo
"legalismo" criaram um vácuo a que se precipitaram essas idéias
"reformacionistas".
O passar do tempo logo
demonstrou como esses pontos de vista eram incompatíveis com a verdade adventista
da purificação do santuário. Se a Associação Geral e nossas casas editoras
tivessem apreciado o conteúdo singular da mensagem de 1888 por si e fielmente a
tivesse publicado e sustentado, essas opiniões nunca poderiam ter-se enraizado
na América do Norte, Europa, África, Extremo Oriente e Pacífico Sul. Uma leitura
equivocada da história da década de 1890 resultou na repetição daquela
história, com consequências ainda mais trágicas. Podemos documentar a perda de
centenas de pastores, e ninguém sabe quantos leigos e jovens.
Há uma raiz a partir da qual
esses pontos de vista calvinistas de justificação pela fé podem ser identificados:
A insistência da Associação Geral e dos Depositários dos Escritos de Ellen
White por décadas de que a mensagem de 1888 foi somente uma renovada ênfase
das opiniões protestantes populares. Nossos teólogos na década de 1970 estavam
somente edificando sobre o fundamento lançado por eles a começar dos anos da
década de 1920.
1984
Contudo, outra
publicação deveria tratar com 1888,
a biografia de Ellen White, The Lonely Years, 1876-1891
[Os anos solitários], por Arthur L. White. A contribuição do Pastor White para
a Igreja Adventista do Sétimo Dia está além de uma avaliação adequada. Durante
uma longa e proeminente carreira ele tem sido um agente do Senhor na edificação
de confiança no Espírito de Profecia pela Igreja a nível mundial. Como neto de
Ellen White ele desfruta uma distinção exclusiva como a autoridade mais
destacada em seus escritos. Ele é respeitado por todo o mundo.
Em três capítulos deste
volume ele discute a história de 1888. Mas primeiramente "certos pontos de
base e ocorrências históricas devem ser considerados" (p. 394). Seguem-se,
então, 14 pontos, alguns dos quais examinam os fundamentos de nossa missão
denominacional (pp. 394-397). Faremos notar brevemente uns poucos pontos
variados dessa seção do livro:
"(1) O tema da
justificação pela fé . . . foi somente uma das muitas questões que preocupavam
e chamavam a atenção dos delegados". O ponto (10) prossegue:
"Pareceria que ênfase fora de proporção chegou a ser dada à experiência da
Assembléia da Associação Geral de Mineápolis". Indagaríamos: Qual é a
verdadeira significação escatológica da mensagem de 1888? Não é o começo da
chuva serôdia e do alto clamor questão da mais suprema importância?
"(4) Conquanto a
temática da assembléia . . . fosse ampla e significativa, os sentimentos e
atitudes dos que se fizeram presentes moldaram-se pelas discussões
teológicas". Precisamos assinalar que nisso jaz o significado da sessão
então, e sua permanente importância para a igreja agora? A menos que nossas
"discussões teológicas" sejam válidas, nossa administração
burocrática não pode cumprir a comissão evangélica e não pode ser abençoada.
"(6) Informações
concernentes ao que teve lugar em Mineápolis . . . tem vindo maiormemente de
documentos de E. G. White e declarações de memória de alguns poucos que
estiveram presentes". Nosso actual dilema como um povo deriva de uma falha
em dar o devido peso à perspectiva inspirada comunicada mediante o ministério
dela, e um apego despropositado a opiniões não inspiradas de outros.
"(7) Nenhum voto foi
tomado quanto às questões teológicas debatidas". Assim, a declaração frequentemente
repetida implica em que nenhuma rejeição responsável teve lugar. Como fizemos
notar anteriormente, tais votos foram tomados "pelo levantar da mão"
(GCB 1893, pp. 244, 265)--mas não registrados tão-somente devido ao veto de
Ellen White.
Apreciemos integralmente a
próxima declaração:
"(8) A concepção de
que a Associação Geral, e assim a denominação, rejeitou a mensagem de justificação
pela fé em 1888 é sem fundamento e não foi projectada até quarenta anos após a
assembléia de Mineápolis, e treze anos após a morte de Ellen White. Registros
contemporâneos não concedem nenhuma sugestão de rejeição denominacional. Não há
declaração de E. G. White em parte alguma que diga que assim foi. O conceito de
tal rejeição tem sido apresentado por indivíduos, nenhum dos quais esteve
presente em Mineápolis, e em face do testemunho de homens responsáveis que ali
estiveram (p. 396)."
A evidência objetiva
indica que:
(a) A questão real é
a aceitação ou rejeição da chuva serôdia e do alto clamor, não a
"doutrina" protestante que os rejeitadores de 1888 professavam crer.
(b) A própria Ellen White em
Mineápolis declarou que a mensagem estava sendo rejeitada por "ministros
em geral que acorreram a esta assembléia"; eles "vieram a esta
assembléia para descartar a luz"; "oposição . . . é a ordem do
dia" (Carta B21, 1888; Mss. 9, 15, 1888).
(c) O Bulletin de
1893 contém uma quantidade de declarações de "contemporâneos" que
confessavam que a mensagem havia sido rejeitada e ainda estava sendo alvo de
rejeição pela liderança com a responsabilidade da Igreja--isso meros quatro anos depois.
Ninguém ergueu a voz na assembléia de 1893 para protestar de que a mensagem
havia sido aceita ou estava sendo aceita. O Bulletin de 1901 contém
declarações semelhantes.
Mas isso não é tudo. A
última edição do Testimonies to Ministers [Testemunhos para ministros]
traz um adendo que não constava de edições anteriores--um "Prefácio
Histórico" e "Notas de Apêndice" designadas a ajudar o leitor a
evitar a clara convicção que a leitura do texto de Ellen White traz:
"Estas notas ajudarão o leitor em assimilar correctamente a intenção da
autora nas mensagens aqui apresentadas".
Como isso funciona será
visto por um exemplo. Na página 468 ocorre esta clara declaração de 1890:
"É moda apartar-se de Cristo. . . . Com muitos o clamor do coração tem
sido: 'Não queremos esse homem governando sobre nós'. . . . A justificação
pela fé do Filho de Deus tem sido rebaixada, criticada, ridicularizada e rejeitada".
A nota de Apêndice adverte o leitor a ser cuidadoso. Aparentemente não deve
crer prontamente no que diz o texto: "Conquanto alguns tomaram a atitude
aqui mencionada, há muitos que receberam a mensagem e obtiveram uma grande
bênção em sua experiência pessoal" (p. 533). Isso contradiz diretamente
muitas declarações no texto.
Isso pode somente gerar
desânimo entre membros conscienciosos da Igreja que têm o direito de esperar
integridade literária, pois podem perceber a evidência contraditória por si
mesmo no contexto integral das palavras de Ellen White.
Há outra negação de uma
declaração objetiva de Ellen White sobre a história de 1888. Em 16 de março de
1890, ela declarou: "Cristo . . . tem uma bênção para nós. Ele a teve em
Mineápolis, e a tinha para nós ao tempo da Assembléia da Associação Geral aqui
[1889]. Mas não houve recepção" (ênfase acrescentada). Essa
declaração é posta à disposição no Release no 253, mas uma nota de rodapé a contradiz:
"A linguagem desta sentença é claramente falha pois, isoladamente, ela
está em desarmonia com o que se segue e outras de suas declarações relativas à
Assembléia da Associação Geral de 1889".
Não obstante, o documento
inteiro no contexto claramente apóia essa declaração tal como reza. O contexto
indica que sua linguagem não pode ser falha. Sempre o "alguns" que
aceitaram foram poucos, de menor influência, enquanto os que a rejeitaram eram
os "muitos" de influência.
Mas a questão não termina
aí. Em 1980 o Selected Messages [Mensagens escolhidas], Livro Três foi
publicado com um capítulo de 33 páginas sobre "A Assembléia de
Mineápolis". Sete páginas são novamente adicionadas com inserções de
"Pano de Fundo Histórico". Conquanto tenha havido um "trágico
retrocesso", uma "mudança gradual para melhor . . . seguiu-se nos
cinco ou seis anos após Mineápolis" (p. 162). Contudo, os testemunhos
mais fortes de reprovação de Ellen White para a descrença pós-1888 estão
datadas de sete ou oito anos após Mineápolis. (A clara referência de
Ellen White a um "voto" negativo tomado em Mineápolis foi suprimido
de seu documento Ms. 24, 1888, que forma o corpo principal do capítulo; cf. p.
176).
Novamente somos lembrados de
que precisamos todos procurar a direcção do Senhor em nossa busca pela verdade
vital. Pareceria que 1888 apresenta um problema singular na longa história das
confrontações de Deus com o Seu povo. Há uma verdade preciosa envolvida aí que
parece mais fugidia do que qualquer outra na história passada. Como mais
poderia ser possível que eruditos e dirigentes que possuem as mais
extraordinárias oportunidades para conhecimento em todo tempo devam deixar de
reconhecer a evidência óbvia? Arrependimento é uma obrigação que pesa sobre
todos nós; devemos todos indagar, "Sou eu, Senhor?"
Incidentalmente, aqueles que
se sentem confusos com os relatórios de empréstimo literário ocasional de Ellen
White encontrariam a verdadeira história sobre 1888 de auxílio em resolver suas
dúvidas. Sua integridade e qualificações como um agente do dom de profecia são
demonstrados de maneira única em seu papel naquela história. Sem qualquer
auxílio humano, seja de que natureza fosse, ela encontrou seu caminho sem erro
através de armadilhas teológicas inerentes àquela difícil controvérsia. Sua
coragem em permanecer sozinha contra "quase todos os pastores
veteranos" numa assembléia da Associação Geral é fantástica.
Seus sermões de improviso
foram anotados em forma taquigráfica e transcritos para nós hoje. Quem mais
poderia pregar dez sermões sem notas em meio ao calor emocional da batalha
teológica com toda palavra registrada, além de escrever centenas de cartas
existentes e tópicos de diário, permanecendo livre do menor embaraço um século
mais tarde? Não há uma palavra desafortunada em qualquer deles. Seu
entusiástico endosso da mensagem, contra grandes obstáculos, está
miraculosamente em harmonia com a teologia mais apurada e competente de hoje.
Nunca essa pequena senhora se posta a nível mais elevado do que nessa história
de 1888.
1888, Um Teste do Tempo
do Fim
Como podemos explicar
os esforços oficiais quase sobre-humanos desde 1950 para contradizer a inspirada
evidência de Ellen White a respeito de 1888? Poderia dar-se que o inimigo do
plano de salvação tem um interesse oculto em acobertar essa verdade
significativa? Poderia dar-se que o conhecimento da real verdade tem um peso
definido sobre nossa relação pessoal e colectiva com Jesus Cristo, e Satanás
tem disso conhecimento? [Sem dúvida.]
Nosso mau uso da evidência é
mais sério do que fiascos financeiros. Caso nossos inimigos pesquisassem esta
história, ficaríamos embaraçados. Nossa pobre relação com a verdade mantém-nos
numa condição laodiceana de mornidão e falta de arrependimento. A simples
solução é uma fé honesta que inclui uma crença na verdade e um reconhecimento
aberto e contrito dela. A hora é tardia, mas graças a Deus não é demasiado
tarde para um novo espírito de fidelidade.
Tem-nos sido dito que o
universo não-caído está observando. A honra do próprio Senhor está em jogo.
Sabemos que algum dia deve haver um povo em cuja "boca não se acha o
engano" (Apocalipse 14:5).
Considerar a
"justificação pela fé" como meramente a doutrina protestante é perder
o rumo. Contudo, esta tem sido a constante metodologia oficial para 1888. Um
exemplo de cegueira espiritual de longo alcance é uma citação de A. W. Spalding
(Origin and History, Vol. 2, p. 281). Observem como esta posição
contradiz o cerne da própria mensagem de 1888:
"Justificação
pela fé, a verdade fundamental da salvação mediante Cristo, é a mais difícil de
todas as verdades a manter na experiência do cristão. É fácil em profissão, mas
inalcançável em aplicação." (citado em The Lonely Years, p. 415).
Ninguém que entenda a
mensagem de 1888 poderia possivelmente expressar tal pensamento, pois contradiz
as palavras de nosso Senhor: "O Meu jugo é suave e o Meu fardo é
leve" (Mateus 11:30). Se a declaração de Spalding é verdadeira em qualquer
medida, defrontamos um problema terrível. A mensagem de "justificação pela
fé . . . é a mensagem do terceiro anjo em verdade" (RH, 1o de abril de 1890). Assim temos a solene tarefa
de proclamar ao mundo "a mais difícil de todas as verdades", a mais
"inalcançável em aplicação"--péssimas novas! Contudo, a mensagem do
terceiro anjo é primeiro que tudo "o evangelho eterno", boas
novas que é "o poder de Deus para a salvação" (Romanos 1:16).
É essa distorcida
compreensão da mensagem de 1888 que nos torna um "moderno antigo
Israel".
"Para Nossa
Advertência"
Nossa história é
tanto parte do grande registro sagrado da batalha entre a verdade e o erro como
a travessia do Mar Vermelho por Israel, e o apedrejamento de Estêvão muitos
séculos depois. Os factos à raiz de nossa história do último século estão agora
começando a filtrar-se por toda a Igreja mundial. A pergunta é: Aceitaremos
nossa história, ou também apedrejaremos Estêvão?
Após um século de atraso, é
tempo de ver como a Causa de Deus é posta em perigo. Já temos testemunhado as
primícias da rejeição de 1888 na crise panteística "alfa" do início
dos anos após o ano de 1900. Agora estamos no tempo em que o "ômega"
está para dar-se. O "alfa" foi "recebido mesmo por homens que .
. . tinham longa experiência na verdade, . . . aqueles a quem julgávamos
firmes na fé" (Special Testimonies, Série B, no 7, p. 37). "O ômega se seguirá, e será
recebido por aqueles que não estão dispostos a dar atenção à advertência que
Deus tem dado" (no 2, p. 50). O grande
conflito prossegue e o dragão está irado com a "mulher" e não poupará
esforços para vencer.
É-nos dito nos dias do
"alfa" que a verdade seria descartada; livros de uma nova ordem
seriam escritos; um sistema de filosofia intelectual seria introduzido; o
sábado seria considerado levianamente; os dirigentes admitiriam que a virtude
é melhor do que o vício, mas colocariam sua dependência sobre o poder humano
(cf. Série B, no 2, pp. 54, 55).
Vemos estas palavras
cumpridas hoje.
"Se o Senhor não
edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam" (Salmo 127:1). Ele
nos diz: "Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os
vossos caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor" (Isaías 55:8). O início da
chuva serôdia e do alto clamor não foi estratégia da Avenida Madison [centro de
grandes firmas de publicidade, em Nova Iorque -- N.T.]; tratou-se de um claro
entendimento de boas novas, uma mensagem real em si mesma, algo que todo
crente, não importa quão humilde, poderia empregar eficientemente.
Inerente a essa bela
mensagem de "boas novas" que apela ao coração está a experiência da
expiação final. O sangue de Cristo deve purificar a consciência das obras
mortas. A mensagem não é meramente para preparar um povo para a morte, mas para
a trasladação, e o poder está na própria mensagem objectiva. Bilhões de dólares
gastos nos últimos recursos eletrônicos e gráficos nunca iluminarão a terra
inteira com a glória, até que "a luz do anjo cuja glória encherá
toda a terra" seja apreciada humildemente e recebida de todo o coração.
O método do Senhor de
verdadeiro e duradouro crescimento eclesiástico é a própria simplicidade. Observem
como a verdadeira mensagem de justificação pela fé estará na "luz"
que realizará o trabalho:
"Todos nos uniremos
nessa unidade de nossa fé e em nosso conhecimento do Filho de Deus;
tornar-nos-emos pessoas maduras, alcançando a plena estatura de Cristo. Então
não mais seremos crianças, levadas pelas ondas e sopradas por todo vento de
ensinos de homens enganadores, que conduzem outros ao erro com as manobras de
sua criação. Em vez disso, por falar a verdade num espírito de amor (agape), devemos crescer de toda maneira a
Cristo, que é a cabeça. Sob o seu controle todas as partes diferentes do corpo
se ajustam, e o corpo inteiro é mantido por toda junta com que está provido.
Assim, quando cada parte separada funciona como deveria, o corpo inteiro cresce e se edifica mediante o amor [agape]." (Efésios 4:14-16,
TEV).
Entrementes, anjos
bons são comissionados a segurar os terríveis ventos de contenda que algum dia
em breve serão soltos. Estão empenhando sua força para impedir a ruína que se
avizinha, expressa no abuso de drogas, alcoolismo, imoralidade sexual e
infidelidade, criminalidade, materialismo idólatra, corrupção, e temíveis
pestilências. A obra mais importante no mundo é a daquele anjo que sela os
servos de Deus em preparação à vinda de Cristo (Apocalipse 7:1-4). O pouco
tempo de paz e prosperidade de que ainda dispomos é tempo emprestado, nosso
somente para a terminação de Sua obra. E a estabilidade mundial depende da
fidelidade do povo de Deus à verdade, a sua mensagem e sua missão.
Algo deve acontecer no tempo
do fim que nunca ocorreu antes. Milênios de derrota devem ser revertidos. Essa
é a única maneira pela qual a purificação do santuário pode ser completada. A
profecia de Daniel declara que isso "será" feito (8:14). O
Senhor purificará a Sua Igreja de modo a que esta possa dar a última mensagem
para iluminar a terra.
A obra de Deus pode ser
acabada num tempo incrivelmente curto. Mas requererá o arrependimento dos
séculos, uma compreensão da verdade pela qual, em nossa imaginada prosperidade
e êxito, não temos sentido fome e sede. Requererá a correcção de confusão
teológica e um humilhar de corações. Requererá o abandono de políticas mundanas
e suas estratégias de feitura humana. Produzirá uma verdadeira e duradoura
unidade e harmonia entre os crentes. O "pluralismo" discordante se
esvairá. Toda espécie de legalismo morrerá. O fanatismo será desacreditado por
si mesmo e desaparecerá.
Finalmente, a derradeira
experiência a aguardar a Igreja é como aquela que Jesus atravessou no Getsêmani.
Somente os que são Seus de facto estarão dispostos a aceitá-la, mas Ele colocou
a honra do Seu trono sobre a Sua confiança de que o farão.
Defrontar a cruz é o que
Pedro não aceitaria, até que se converteu. Ele negou a seu Senhor; somente uma
negação semelhante moderna de Cristo pode responder pela motivação centralizada
no eu que continuamente expressa a preocupação de que "eu entro no
céu". Foi o céu que Cristo abandonou sem nenhuma garantia de que jamais
retornaria--de modo que o pecado e a morte pudessem ser erradicados do
universo. A verdadeira fé nEle não se centraliza em recebermos uma recompensa.
Agora a última, a sétima
igreja, está em cena, e seguramente estamos nos últimos momentos que a ela
podem ser dedicados. Não há oitava igreja.
Quando o Seu povo
alegremente aceitar toda a verdade que Ele tem para elas, cumprirão o mesmo
papel que Cristo cumpriu quando esteve sobre a Terra. Esse "curto período
de três anos foi tão longo quanto o mundo poderia suportar a presença do
Redentor" (DA 541).
Quando o poder de Satanás é
quebrantado entre o povo do Senhor, o mundo incrédulo não será capaz de por
mais tempo suportar a sua presença. Eles terão demonstrado a verdadeira
justificação pela fé, aquela intimidade mais próxima com o Salvador do mundo
que Ele ainda oferece ao continuar batendo à nossa porta.
Por quanto mais tempo Ele
baterá?
__________
1O
Dr. Froom escreveu aos presentes autores em 4 de dezembro de 1964, antes da
publicação de seu Movement of Destiny, requerendo uma retratação da
posição que haviam tomado em 1888 Re-examined. Foi-nos requerido que
fizéssemos "um repúdio público e publicado . . . de certas conclusões suas
promovidas [ou seja, de que a liderança
de 1888 rejeitou o começo da chuva serôdia e do alto clamor]. . . . Não levará
muito para que a história plena e documentada do evento de 1888 será sem dúvida
posta em forma impressa. E a menos que modifiquem sua posição, poderão achar-se
numa posição nada invejável. O contraste será assinalado". Em 16 de abril
de 1965 ele nos escreveu adicionalmente: "A meu ver, deveriam agir
primeiro, e sem muita demora. . . . Sua argumentação . . . apresenta-se como
um polegar ferido, declaradamente solitário, e em conflito com o veredicto
virtualmente unânime de nossos eruditos. . . . Têm muita temeridade para
contradizer as descobertas desse inteiro grupo de homens. . . . Não sinto . . .
qualquer obrigação de compartilhar-lhes qualquer evidência adicional . . . . A
sua infeliz militância me faz pensar na situação de Elias. . . . Ele discordava
agudamente dos historiadores e experts em Israel a respeito da situação.
Ele estava certo, pensava, e todos estavam errados. Ele somente foi deixado lealmente,
e perseguido e amaldiçoado por causa de suas alegações e conclusões. . . .
Elias assim na verdade difamou e vilipendiou a Israel, e ofereceu um relatório
desorientador e negro. Ele apresentou uma testemunha inverídica, lançando
aspersão sobre Israel e sua liderança [Acabe e Jezabel?]. . . . Devem cessar,
retratar-se e recuar". Ele reivindicava falar com a autoridade da
Associação Geral por trás de si, como de facto o endosso sem precedentes de
seu livro logo demonstrou.
Um de nós respondeu em 10 de
maio de 1965: "Retratar-nos à base de temor sem evidência inspirada seria
dificilmente . . . a coisa certa . . . a fazer. . . . O Senhor nunca pediu que
algum homem fizesse coisa tal. De facto, um homem pode muito bem arruinar a sua
alma por submeter-se à pressão de temor e ansiedade, e retratar-se
covardemente, sem evidência, do que tem mantido em boa consciência". Em 10
de novembro de 1965, o mesmo autor escreveu ao Dr. Froom: "Tenho repetido
minha disposição de retratar-me se o irmão deixar-me examinar a evidência clara
do Espírito de Profecia. Tem categoricamente recusado permitir-me ver tal
evidência. . . . Parece estranho a mim e a outros que deva requerer que eu me
'retrate' enquanto ao mesmo tempo nega-me evidência que, segundo diz, possui em
material não publicado de Ellen G. White que requereria de uma consciência
honesta tal retratação. . . . Minha oração é de que como resultado final dessa
questão o nome de Deus seja honrado".
Quando Movement of
Destiny apareceu impresso, a "evidência" documental estava
completamente ausente.
2Esses
documentos foram colocados nas mãos do Dr. Froom em 21 de fevereiro de 1965
antes que ele publicasse o seu livro, com recibo reconhecendo o recebimento.
Foram também colocados nas mãos da liderança da Associação Geral em 1973 antes
que o republicassem. Um presidente da Associação Geral retirou o seu endosso da
edição revisada.
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APÊNDICE
A
A.
T. JONES ENSINOU A HERESIA
DA
"CARNE SANTA"?
Tentativas têm sido feitas para
insinuar que a mensagem de A. T. Jones de justificação pela fé conduz à heresia
da "carne santa". É dito que ele ensinava essa falsa doutrina já nos
primeiros meses seguindo-se à assembléia de 1888. Um exemplo, sem dúvida
baseado em pesquisa da Associação Geral, se segue:
"Parece haver alguns
paralelos impressionantes entre a experiência do povo de Deus por volta de 1888
e nosso próprio tempo. Por exemplo, Waggoner e Jones foram usados pelo Senhor
em 1888; mas já em 1889 os sermões de Jones começavam a mostrar uma inclinação
na direção do engano da 'carne santa'." (Adventist Review, 6
de agosto de 1981).
Essa
acusação deve ser cuidadosamente examinada. Se for verdadeira, várias consequências
se seguirão imediatamente em muitas mentes pensantes e lógicas:
(1)
Se verdadeira, desacreditará a mensagem de 1888. Se Jones ou Waggoner podem ser
acusados de ensinarem a heresia ou fanatismo durante a era 1888, a Igreja
seria tola em dedicar séria atenção à mensagem deles. David P. McMahon e
Desmond Ford fizeram tentativas de desacreditar Waggoner nesse propósito, não
obstante o repetido endosso de Ellen White. Em seus Documents no 32 Ford declara que em 1892 Waggoner não era
mais um adventista do sétimo dia. McMahon, em seu Ellet Joseph Waggoner: The
Myth and the Man [Ellet Joseph Waggoner: O mito e o homem] (Verdict
Publications, Fallbrook, CA, 1979), argumenta que Waggoner afastou-se da
posição protestante de justificação pela fé poucas semanas após a assembléia de
1888 e daí em diante ensinou a posição católica-romana. A falsidade dessas
acusações foram expostas pelo Dr. Leroy Moore no Apêndice B de sua Theology
in Crisis [Teologia em Crise] (1979). Quem quer que leia os escritos de
Jones-Waggoner pode prontamente ver isso por si mesmo.
(2) Se Jones estava se desviando
"já em 1889 . . . na direcção do erro da 'carne santa', Ellen White deve
também ser considerada ingênua e fanática. Durante sua longa e destacada
carreira, ela nunca, em tempo algum, ofereceu endosso a alguém tão repetida e
entusiasticamente como fez com a mensagem e trabalhos de Jones de 1888 até
1896.
Conquanto seja verdade que Jones foi
um ser humano tão inclinado a fraquezas como qualquer de nós, ela nunca o teria
endossado tão veementemente se tivesse acolhido a mais leve suspeita de que seu
ensinamento estava se movendo para um fanatismo tão horrendo quanto o que
afligiu a Associação de Indiana na passagem do século. Não será de auxílio
escusar Ellen White por endossá-lo com base no fato de que ela estava sendo
honestamente enganada por ele. Ela exercia o dom profético e reivindicava
inspiração celestial. Não há meio de podermos respeitá-la se ela estava
equivocada a respeito de Jones.
(3) A única mensagem que Ellen White
sempre identificou como um genuíno começo do dom do Espírito Santo na chuva
serôdia e do alto clamor é a dos mensageiros de 1888. Se esta quase
imediatamente moveu-se no rumo do fanatismo da "carne santa", como
podemos confiar em qualquer mensagem semelhante que o Espírito Santo possa
inspirar no futuro? Podemos estar seguros de que Satanás gostaria de dissuadir
a Igreja de jamais outra vez obter qualquer verdadeira bênção espiritual
enviada desde o céu.
Evidência
Concernente à Acusação Contra Jones
A suposta evidência para a acusação
é encontrada em comentários atribuídos a A. T. Jones em sermões pregados na
campal de Ottawa, Kansas, na primavera de 1889. Notícias da reunião e notas
sobre os sermões foram impressos no jornal Topeka Daily Capital. Os
sermões não foram registrados palavra por palavra. Foram condensados em grande
medida e erros tipográficos são achados em grande número. O relatório
incompleto cria confusão de terminologia. Recorre-se a um jornal não-adventista
que dá evidência de mau jornalismo a fim de encontrar algo para lançar
descrédito sobre o homem a quem Ellen White disse ter "credenciais
celestiais" num sentido singular e que nos trouxe "a mais preciosa
mensagem". E isso feito um século mais tarde; contudo, mesmo os
determinados oponentes de Jones daquela geração não fizeram isso.
Os comentários supostamente
heréticos de facto não revelam qualquer evidência de fanatismo do tipo
"carne santa", mas simplesmente afirmam a possibilidade de vencer o
pecado em perfeição de carácter alcançada mediante fé. Suas declarações,
são registradas como segue no jornal de Topeka:
"É a obediência de Cristo
que vale, e não a nossa que nos traz justificação. Bem fazemos em parar de
tentar cumprir a vontade de Deus com nossos próprios esforços. Parai com tudo.
Lançai-o para longe para sempre. Permiti que a obediência de Cristo realize
tudo para vós e obtende a força para puxar o arco a fim de atingir a meta. . .
.
"...no facto de que a lei
requer perfeição jaz a esperança da humanidade, porque se ela pudesse passar
por alto um pecado a um mínimo grau, ninguém poderia jamais ser livrado do
pecado, uma vez que a lei nunca tornaria esse pecado conhecido, e não poderia
jamais ser perdoado, o meio pelo qual somente um homem pode ser salvo. Há de
chegar o dia em que a lei terá revelado o último pecado e nos apresentaremos
perfeitos perante Ele e seremos salvos com uma salvação eterna. . . . É um
sinal de Seu amor por nós, portanto, quando quer que um pecado vos é tornado
conhecido, é um sinal do amor de Deus por vós, porque o Salvador se posta
pronto para removê-lo (14 de maio de 1889).
"É somente pela fé em Cristo
que podemos dizer que somos cristãos. É somente mediante ser um com Ele que
podemos ser cristãos, e somente mediante Cristo dentro em nós que observamos os
mandamentos -- sendo tudo pela fé em Cristo que fazemos e dizemos essas coisas.
Quando o dia vier em que verdadeiramente observaremos os mandamentos de Deus,
nunca iremos morrer, porque a observância dos mandamentos é justiça, e justiça
e vida são inseparáveis--assim, "Aqui estão os que guardam os mandamentos
de Deus e a fé de Jesus", e qual é o resultado? Essas pessoas são
trasladadas. Vida, pois, e observância dos mandamentos vão juntas. Se morremos
agora, a justiça de Cristo nos será imputada e seremos ressuscitados, mas
aqueles que vivem até o fim são tornados sem pecado antes que Ele venha, tendo
tanto de Cristo estando neles que "atingem o alvo" toda vez, e permanecem
sem culpa, sem um intercessor, porque Cristo deixa o santuário um pouco antes
que vir à terra."
(18 de maio de 1889; o jornal atribui este sermão a W. C. White).
Fazemos
notar o seguinte:
(a) Um criterioso estudo de todos os
sermões de Jones registrados naquele jornal deixa de revelar qualquer motivo
de "carne santa". As declarações que alguns interpretam como
revelando tal rumo dizem respeito tão-só a desenvolvimento de carácter
pela fé em preparação para a segunda vinda de Cristo.
(b) Em tempo algum nos anos que se
seguem a 1889 há qualquer registro de que Jones tenha feito declarações que
possam ser interpretadas como favorecendo essa heresia. Se ele a ensinou em
1889, quase certamente teria aparecido novamente. Proclamar que Cristo
"condenou o pecado na carne", como Paulo diz, não é ensinar
"carne santa".
(c) A declaração de 18 de maio acima
é uma que tem sido primariamente considerada como evidência desse fatal rumo
tomado. Mas o registro jornalístico atribui o sermão a W. C. White. Não
obstante, seja quem for que o proferiu, o ensino é verdadeiro, e está em
harmonia com o conceito adventista de purificação do santuário.
(d) Tanto Jones quanto Waggoner
fortemente recusaram o fanatismo da "carne santa" na virada do século.
Na Review and Herald de 18 de abril de 1899 Jones publicou um artigo que
revela a falácia desse ensino. De 11 de
dezembro de 1900 até 29 de janeiro de 1901 ele publicou uma série de
artigos que se lhe opunha adicionalmente. O líder do fanatismo de Indiana, R.
S. Donnell, publicou um artigo no Indiana Reporter opondo-se a Jones,
indicando que entendeu os artigos como uma refutação de seu ensino. Waggoner
também se opôs à doutrina da "carne santa" em sermões proferidos na
assembléia da Associação Geral de 1901 (cf. GCB 1901, pp. 403-422; damos
crédito a Jeff Reich na pesquisa deste material).
Assim temos mais um exemplo de um
século de contínua oposição à "preciosíssima mensagem" que o Céu
tencionou que deveríamos acolher como o "começo" da chuva serôdia e
do alto clamor. É um misterioso rio subterrâneo de descrença, talvez o mais
estranho e mais persistente que tem fluído ao longo de todos os milênios da
tentativa de Deus ajudar o Seu povo. Ellen White disse lamentosamente: "Tenho
profunda angústia de coração, porque vi quão prontamente uma palavra ou acção
do Pastor Jones ou Pastor Waggoner é criticada." (Carta O19, 1892).
Desta vez não foi uma "palavra ou acção". Foi somente algo que se
imaginou.
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Apêndice
B
Comparações
de Justificação pela Fé
O
Ponto de Vista Popular
1.
Começa com a necessidade do homem por segurança eterna. Assim, o apelo é
centralizado no eu. Nunca vai além desse raio de insegurança humana.
2.
Fé é definida como mera "confiança" no sentido de apegar-se à
segurança pessoal em busca de garantias contra o perder-se. A fé é considerada
como meio de satisfazer a insegurança pessoal.
3.
Jesus ensinou que o amor ao eu é uma virtude, uma pré-condição para o amor a
outros. O amor do eu e o respeito próprio são confundidos.
4.
O sacrifício de Cristo na cruz é somente uma provisão contingente, e nada
realiza pelo pecador a menos e até que ele tome a iniciativa de "aceitar a
Cristo". Assim, prevalece a idéia de que se a pessoa é salva, deve-se isso
a ter tomado a iniciativa; se a pessoa se perde, é Deus quem tomou a iniciativa
de puni-la.
5.
O evangelho é "boas novas" do que Deus fará por você se fizer
primeiro a sua parte. Ele espera até que você dê o primeiro passo na
iniciativa. O maquinário celestial de salvação permanece paralizado até que o pecador aperte o botão para ativá-lo.
6.
Deus considera você como fora da "família de Deus" até que
"aceite a Cristo". Assim, a aceitação de você por Ele depende de que
tenha dado o primeiro passo. Passagens mal-interpretadas dão essa impressão.
7.
Deus torturará e destruirá os perdidos no fogo infernal. A ênfase está sobre a
Sua iniciativa vingativa na punição.
8.
O perdão divino é a sua escusa para o pecado, Sua aceitação dele como
inevitável ou inescapável ("somos somente humanos"). Muitos não têm
um conceito claro de uma diferença entre o perdão do pecado e sua eliminação.
9.
É difícil ser salvo e fácil perder-se. Sendo que poucos conseguirão ir para o
céu, deve ser bastante difícil seguir a Cristo. A ênfase está nas dificuldades
pelo caminho.
10.
O pecador deve ser pressionado a aceitar a Cristo, geralmente pelo emprego de motivação egocêntrica tal
como esperança de recompensa ou temor de punição. Apelos de marketing
são típicos: "o que há para mim nisso"?
11. A não ser quando o pecador "aceita a
Cristo" e é obediente está
legalmente justificado. Os escritos de Ellen White são mal-interpretados.
12.
A justificação pela fé é o acto judicial
pelo qual Deus declara legalmente
um homem ainda não convertido justo porque ele "aceita a Cristo".
Esse acto forênsico não tem efeito sobre o coração.
13.
As pessoas podem ser justificadas pela fé e ainda serem professos seguidores
mornos de Cristo.
14.
O supremo alvo na vida é salvar nossas almas, fazer o que é "essencial
para a nossa salvação".
O
Ponto de Vista de 1888
1.
Começa com a revelação do amor de Deus na cruz. O apelo é para uma motivação
mais elevada - fé, apreciação e gratidão. Assim não é egocêntrico.
2.
Fé é uma profunda apreciação do amor sacrifical de Deus, independentemente da
esperança de recompensa ou do medo de estar perdido. Ela vence o egocentrismo e
a mornidão.
3.
Jesus ensinou que a pessoa convertida amará seu próximo como antes da conversão
achava natural amar a si mesmo. Quando o eu é crucificado com Cristo
encontramos verdadeiro respeito próprio Nele. A fé expele o amor próprio, uma invenção
de Satanás.
4.
O sacrifício de Cristo é mais que uma provisão contingente. Fez algo por
"todo homem". A vida física de "cada homem" é a aquisição
do sangue de Cristo. Cada fatia de pão está estampada com Sua cruz. Assim Seu
sacrifício justificou a "todos os homens." É Ele Quem toma a
iniciativa amorável.
5.
O evangelho é "boas novas" do que Deus fez e está fazendo por você
agora. Ele tem "atraído" você toda a sua vida (Jer. 31:3; João
12:32). Não resista a Ele, e você será salvo. O puro evangelho motiva uma
duradoura resposta íntima da fé.
6.
Deus já aceitou você em Cristo. Para Ele, a alma que nunca entendeu o evangelho
é uma ovelha perdida, não um lobo; uma moeda perdida, não um refugo; um filho
pródigo afastado, não um estranho.
7.
O pecado paga o seu salário - a morte. A segunda morte misericordiosamente
finda a miséria do perdido. O amor de Deus é manifestado na sua sorte.
8.
Seu perdão realmente afasta o pecado, que Ele ainda odeia e nunca pode escusar.
O perdoado agora odeia o pecado. A "expiação final" traz o
"apagamento do pecado" na purificação do santuário celestial.
9.
Se alguém entende e aprecia o puro, verdadeiro evangelho como boas novas, é
fácil ser salvo, e difícil estar perdido. O jugo de Cristo é suave, Seu fardo é
leve.
10.
Qualquer uso de pressão, expediente secreto, ou medo como motivação mostra a
falta de conteúdo evangélico na mensagem. Uma vez que a verdade seja revelada
em amor, nada pode impedir o investigador da verdade de responder.
11.
Todos os homens foram legalmente justificados quando Cristo morreu por
"todos". Quando o pecador crê, ele é justificado pela fé.
12.
Quando Deus "declara" alguém sendo justo, Ele não pode mentir. A
justificação pela fé vai além do que uma mera declaração legal. Ela torna o
crente obediente a todos os mandamentos de Deus.
13.
A fé verdeiramente madura acaba com a mornidão e prepara para a trasladação.
14.
O supremo alvo na vida é a honra e vindicação de Cristo. Ele deve receber Sua recompensa, mais do que nós.
Ponto
de Vista Popular
15.
Pecado é definido como a transgressão da lei, mas superficialmente entendido como a quebra de
um tabu moral. Muita ênfase sobre actos "conhecidos" de pecado;
nenhum conceito sobre o pecado ainda desconhecido.
16.
"Nascido sob a lei" em Gál. 4:4 significa que Cristo nasceu sob a lei
cerimonial judaica (cf. Seventh-day Adventist Bible Commentary, Vol. 6,
p. 966).
17. A carne e a natureza de Cristo na encarnação eram diferentes das nossas.
Ele foi "isento" de nossa herança genética, e tomou apenas a natureza
sem pecado de Adão como era antes da queda (cf. Questions on Doctrine,
L. Froom, p.383, e cabeçalho p. 650.)
18. Cristo carregou nossa culpa apenas vicariamente.
19.
Era "impossível", "inútil" e "desnecessário" para
Cristo ser verdadeiramente tentado em todos os pontos como somos. (Ministry
Magazine, janeiro, 1961).
20.
Assim separado de nossa herança genética, Cristo era "naturalmente"
bom. Sua própria vontade era idêntica à vontade de Seu Pai. Nenhuma luta
interior. Assim, a Sua justiça não podia ser pela fé.
21.
Uma vez que não assumiu nossa natureza caída e pecaminosa, Cristo não podia
verdadeiramente defrontar a tentação sexual e vencê-la.
22.
O contínuo pecar é inevitável na medida
em que o homem tenha uma natureza pecaminosa. O povo de Deus continuará pecando
até o momento da trasladação. Isso logicamente requer que Cristo nunca cesse o
Seu ministério Sumo Sacerdotal como Substituto. Mantenha a sua
"segurança" paga por "relacionamento", e estará
"coberto".
23.
Muitos dentre nosso povo não têm uma clara concepção da purificação do
santuário celestial em sua singular relação com a justificação pela fé.
24.
As apresentações da obra presente de Cristo na purificação do santuário em
relação com a experiência pessoal do cristão são quase inexistentes.
25. A "graça barata" é o único resultado possível da confusão com
respeito à natureza de Cristo, o preconceito contra a perfeição do carácter
cristão, a eclipse da cruz, e a negligência da verdade da purificação do
santuário.
26.
1 João 2:1 nos fala para não pecar, como nossa companhia de seguros nos fala
para não termos um acidente. Mas você pecará mais cedo ou mais tarde, assim
certifique-se de estar "coberto" pelo Advogado que persuadirá o Pai a
perdoá-lo. Não podemos esperar mais do que a vitória sobre "pecado
conhecido". A participação no pecado desconhecido fica implícita como
inevitável até que Cristo retorne.
O
Ponto de Vista de 1888
15.
O pecado é mais do que o mero quebrantamento de um tabu; é a recusa de apreciar
o verdadeiro carácter de Deus de amor revelado na cruz. Nesse Dia da Expiação,
o Espírito Santo revelará todo pecado desconhecido.
16.
"Nascido sob a lei" significa sob a lei moral. Cristo não estava "isento" de nossa
herança genética; contudo Ele não pecou. Para cumprir a vontade de Seu Pai,
teve que negar a Sua própria vontade; Ele negou-Se a Si próprio.
17.
Cristo "assumiu" a natureza pecaminosa e caída do homem após a queda.
Foi enviado "em semelhança de carne pecaminosa", não em sua
dessemelhança. Ele de nada estava "isento". A razão por que não pecou
foi por assim ter decidido. Ele era o Amor encarnado e é tanto nosso
Substituto, quanto Exemplo.
18.
Cristo carregou nossa culpa na realidade. Ele
verdadeiramente identificou-Se connosco, e condenou o pecado "na
carne", ou seja, em nossa carne.
19.
Negar a plena tentação de Cristo é negar Sua verdadeira encarnação.
Diferentemente do Adão sem pecado, Ele
foi tentado também interiormente, como o somos, contudo sem pecado. Não há
pecador algum que Ele não possa socorrer.
20.
A justiça de Cristo era pela fé. Ele declarou: "Não busco fazer a Minha
própria vontade". Ele suportou a cruz durante toda a existência, algo que
o Adão sem pecado não precisou fazer. Cristo constantemente negava-Se a Si
mesmo.
21.
As Escrituras não nos dão o direito de isentar a Cristo de qualquer tentação
humana. Heb. 4:15 é por demais claro.
22.
O contínuo pecar está condenado "na carne" por Cristo. O pecado
tornou-se desnecessário à luz de Seu evangelho. A justificação é pela fé
porque a fé opera por amor. Nossa
dificuldade é a ignorância do evangelho ou a descrença. A segunda vinda
é impossível a menos que Cristo deixe de ser o nosso Substituto.
23.
A mensagem de 1888 é um avanço que Lutero, Calvino e os Wesley nunca
descobriram. Estabelece a relação entre o evangelho e a purificação do
santuário celestial.
24.
A verdadeira justificação pela fé relaciona-se agora com a obra de Cristo no
Compartimento Santíssimo (EW 254). Essa é uma verdade singular confiada a esta
igreja.
25.
A justificação pela fé impõe um padrão extremamente elevado--o do próprio Cristo. Ele é o Exemplo
que ministra essa graça plenamente aos crentes. Ele retornará quando vir o Seu
carácter perfeitamente refletido em Seu povo. Isso se realizará pela fé, não
pelas obras.
26.
1 João 2:1 declara que o propósito de Seu sacrifício sobre a cruz é que o Seu
povo pare de pecar. Não é escusar a perpetuação do pecado. Isso se torna
eficaz quando assimilam o princípio de culpa coletiva--seu relacionamento com
"os pecados do mundo todo". O céu ajudará os crentes a vencer
"tal como" Cristo venceu.
O
Ponto de Vista Popular
27.
A prevalecente preocupação egocêntrica torna difícil conceber um arrependimento pelos pecados de alguém
mais, a não ser os próprios. A motivação dominante é preocupação pela própria
salvação pessoal do indivíduo. Nenhuma real simpatia com Cristo é possível na
medida em que a esperança por recompensa ou temor do inferno permaneçam como
motivação capital do coração.
28.
Manter um "relacionamento" com Cristo é um processo difícil e árduo.
Tudo depende de que segure a mão de Deus. "Manter sua velocidade" ou "gravidade"
fará com que você venha se "espatifar no chão". Trata-se de um
programa de auto execução.
29.
Diferenças doutrinárias dentro da comunhão da igreja são inevitáveis até que
Cristo venha. A verdadeira e completa unidade é impossível.
30.
Podemos crer, exemplificar, e ensinar a verdadeira justificação pela fé por
muitas décadas, e a obra de Deus não ser concluída. (Temos feito isso por mais
de um século).
31.
O tempo para a segunda vinda de Cristo está irrevogavelmente pré-determinado
pela soberana vontade de Deus, e Seu povo não pode nem apressá-la nem
retardá-la.
32.
A segunda vinda de Cristo é desejada especialmente pelos idosos, doentes, pobres, ou pessoas
sofredoras. Nossa necessidade é a suprema preocupação. Que Ele venha "de
modo que todos possamos ir para a glória".
33.
O consenso é mais importante do que a verdade. Se as suas convicções diferirem
das da maioria, abafe-as.
34.
O ponto de vista dos dois concertos como apresentado no Seventh-day
Adventist Bible Commentary and Bible Dictionary [Comentário e dicionário
bíblico adventista do sétimo dia] é semelhante ao daqueles que se opuseram
inicialmente à mensagem de 1888.
35.
A mensagem de 1888 teve sua origem nos "credos das igrejas protestantes
da época" (Pease, By Faith Alone
[Pela fé somente], pp. 138, 139). Não temos um evangelho distinto.
36.
Como um povo, e particularmente como ministros,
entendemos correctamente a justificação pela fé. O que precisamos é de
mais obras. "Vamos esquecer 1888 e trabalhar com mais vigor".
O
Ponto de Vista de 1888
27.
O arrependimento e o baptismo de Cristo introduzem uma preocupação maior: vemo-nos
potencialmente culpados pelos "pecados de todo o mundo", não fosse
por Sua graça. A fé torna possível uma empatia com Cristo em Sua obra final,
tal como a da noiva pelo seu marido. O arrependimento colectivo como o Seu
torna isso possível.
28.
Tudo depende de sua crença em que Deus está segurando a sua mão. O que faz a
vida cristã parecer tão difícil é uma eclipse do evangelho da justiça de
Cristo. "O amor de Cristo nos constrange".
29.
A perfeita unidade é a norma para uma igreja que tenha fé genuína. Nenhuma necessidade de idéias
proféticas conflitantes e confusas, por exemplo.
30.
Crer e ensinar justificação pela fé claramente em relação à purificação do
santuário é catalizar a igreja e o mundo numa única geração e finalizar a
tarefa de evangelização. (Isso ainda não foi verdadeiramente feito).
31.
Cristo está ansioso por retornar assim como um noivo anseia pelo casamento. Ele
virá quando a Sua Noiva fizer-se pronta. A demora é sua responsabilidade.
32.
Simpatia por Cristo, um desejo de que Ele receba a Sua recompensa e vindicação,
e um anseio em ver a agonia do mundo tendo fim, essas são as verdadeiras
razões para desejar apressar o Seu retorno. Essa nova motivação é produzida
pela verdadeira fé.
33.
A verdadeira fé transmite uma coragem que não teme qualquer maioria ou poder
que possam ser exibidos. Conduz a suportar a cruz.
34.
O velho concerto foi a promessa de Israel destituída de fé em obedecer; e
"gera a escravidão" mediante "o conhecimento de [nossas]
promessas quebradas". O novo concerto é fé na promessa de Deus para
nós.
35.
A mensagem é distintamente diferente daquela das igrejas populares. A "terceira mensagem angélica em verdade"
é bíblica, "Cristo, e Este crucificado".
36.
Especialmente neste aspecto somos "miseráveis, e pobres, e cegos, e
nus". Nenhum programa de obras pode dar conclusão à obra de Deus.
"Esta é a obra de Deus, que creiamos Naquele que enviou". Precisamos
da mensagem de 1888 que Ele nos enviou!
APÊNDICE
C
UMA
FONTE DO MITO DE ACEITAÇÃO
A opinião vastamente
popular de que a mensagem de 1888 foi aceita um século atrás deriva de pessoas
zelosas, sinceras e de boa intenção. A lealdade delas para com a Igreja e sua
liderança passada é elogiável, e oferece evidência de um entusiástico espírito
de equipe.
Não obstante, essa posição está em
conflito direto com a história, com numerosas declarações de Ellen White, e, o
que é mais sério ainda, com o testemunho da Testemunha Verdadeira que deu o Seu
sangue por esta Igreja. O mito da aceitação insiste, após mesmo um século de
atraso, que somos "ricos e de nada temos falta" na questão de
aceitação e compreensão da justificação pela fé. Nosso Senhor declara que somos
"pobres". O conflito em vista é sério, pois a condição espiritual da
igreja mundial é afectada, bem como Sua honra.
Em vista do facto de que o
testemunho de Ellen White é tão claro de que o começo da chuva serôdia e do
alto clamor foi "em grande medida" rejeitado, como é possível que a
vasta maioria de nossos ministros, educadores, e membros por todo o mundo
creia que foi aceita pela liderança daquela geração?
Parte do problema é uma persistente
confusão de pensamento que parece quase proposital. Como povo nós de fato aceitamos
a "doutrina" protestante popular de justificação pela fé, tal como os
protestantes professam nela crer. Portanto, nossos apologistas insistem em que
essa "doutrina" não foi rejeitada em 1888 ou depois disso. Mas essa
não é a verdade plena de nossa história. Nossos irmãos "em grande
medida" rejeitaram de facto a mensagem que era o começo da chuva
serôdia e do alto clamor. Esse facto óbvio explica a longa demora, e nada mais
pode explicá-la.
Qual é a fonte dessa confusão e
entendimento errôneo persistente e difundido? Sem dúvida é o julgamento humano
de bons homens cuja mentalidade básica é compreensivelmente laodiceana. Todos
partilhamos dessa mesma mentalidade, por natureza. É penoso para qualquer de
nós crer que a Testemunha Verdadeira diz, que a verdade de nossa história nos
revela como "miseráveis e pobres", nossa história de 1888 em
particular sendo uma repetição da história dos judeus junto ao Calvário. Essa
história aponta à nossa grande necessidade: arrependimento denominacional.
Essa convicção não bem acolhida deve
a qualquer custo ser reprimida com garantias de que somos "ricos e de
nada" temos falta. Daí o mito da aceitação. Uma fonte primária desse mito
desfruta tão singular credibilidade que tem parecido impossível que alguém a
questione.
Em seu The Lonely Years 1876-1891
[Os anos solitários: 1876-1891], Arthur L. White nos informa que "o
conceito de que a Associação Geral, e assim a denominação, rejeitou a mensagem
da justificação pela fé em 1888 carece de fundamento e não foi projectada senão
quarenta anos após a assembléia de Mineápolis e treze anos após a morte de
Ellen White" (p. 396). O autor é neto de Ellen White.
Já fizemos notar como a rejeição da
mensagem de 1888 foi claramente reconhecida por Ellen White e seus
contemporâneos de 1893 até 1901 (ver capítulo quatro deste livro).
"Quarenta anos após a
assembléia de Mineápolis" nos levaria para ao redor de 1928. Foi nessa
época que Taylor G. Bunch do Pacific Union College [Colégio União do Pacífico]
comparou publicamente nossa história de 1888 com a de Israel em Cades-Barnéia
ao rejeitar o relatório de Calebe e Josué.
W. C. White, filho de Ellen White,
rebateu Bunch assegurando que tal rejeição em 1888 não teve lugar. Ele esteve
presente àquela assembléia, declarou, e sabia disso. É apenas natural que
transmitisse o mesmo ponto de vista da aceitação a seu filho, Arthur L. White,
que tem servido por tantos anos como secretário dos Depositários de Ellen G.
White, e sob cuja supervisão e endosso cerca de 1.500 páginas de livros a
respeito de 1888 foram publicados desde 1950.
Tanto o filho quanto o neto de Ellen
White têm com justiça desfrutado de grande estima na Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Eles têm sido plenamente sinceros em seus esforços para educar
várias gerações de nosso povo a crer que a mensagem de 1888 não foi rejeitada.
Atribuimos a ambos o maior respeito que o lugar singular deles em nossa
história comporta. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que Ellen White exerceu
um ministério ainda mais singular, a de uma mensageira inspirada do Senhor cujo
ministério é uma expressão do testemunho de Jesus, o Espírito de Profecia. Seu
dom profético capacitou-a com discernimento que penetrava sob a superfície.
Mesmo que mil testemunhas visuais com julgamento não inspirado contradissessem
a palavra de uma profetisa inspirada, devemos confiar nessa palavra inspirada,
pois um "assim diz o Senhor" está nele implícito. O testemunho de
Ellen White é tão claro e objectivo que o homem comum pode prontamente
entendê-lo. O futuro desta Igreja depende dessa questão da direcção profética
ser devidamente estabelecida.
Uma indicação de como a opinião de
aceitação obteve crédito oficial se acha numa declaração feita por W. C. White
num sermão em Lincoln, Nebraska, em 25 de novembro de 1905. Ele está
descrevendo um incidente em Avondale, Austrália, uma década antes quando W. W.
Prescott estava em visita. A correspondência havia chegado da América, e ele e
Prescott estavam lendo para Ellen White cartas de um dirigente da Associação
Geral na distante Battle Creek. As cartas falavam de suposto grande progresso
na causa na América e das maravilhosas vitórias espirituais com respeito às
questões relativas a 1888. W. C. White recorda assim o incidente:
"Por anos tenho sentido que
era meu privilégio fazer tudo quanto pudesse para atrair a atenção de Mamãe aos
aspectos mais positivos de nossa Obra. . . . Eu raciocinava que como o Senhor
escolheu Mamãe para ser Sua mensageira para a correcção dos erros na Igreja, e
sendo que essas revelações sobrecarregam o seu coração quase à morte, portanto
não pode ser errado que eu reúna todas as palavras de ânimo, e todas as boas
notícias que lhe confortem o coração, e todo incidente que revele o poder de
Cristo operando na Igreja, e isso tornará manifesto a melhor parte da operação
de homens que estão suportando pesadas cargas na Obra do Senhor; portanto me
empenharei para chamar a sua atenção ao lado luminoso das coisas. . . .
"Bem, um dia enquanto estávamos
vivendo em Cooranbong, Nova Gales do Sul [Austrália], recebemos cartas do
presidente da Associação Geral, cheias de relatórios animadores, relatando-nos
as boas reuniões campais, e como alguns desses executivos que haviam sido
reprovados pelos Testimonies
[Testemunhos]1 estavam se dirigindo aos vários estados e
falando nas campais, e que vinham obtendo uma nova experiência espiritual, e representavam
uma real ajuda nas reuniões...
"Nós [ele e Prescott] nos
alegramos muito com a leitura dessas cartas. Realmente nos contentou muito ler
tais factos e nos unimos em louvar ao Senhor pelo bom relatório. Imagine minha
surpresa quando à tarde do dia seguinte Mamãe me disse que havia escrito
àqueles homens dos quais tínhamos recebido os relatórios positivos, e então
leu-me a crítica mais contundente, a reprovação mais profunda por introduzirem
planos e princípios errados à Obra que já havia sido escrito àquele grupo de
homens2.
Essa foi uma grande lição para mim." (Spalding-Magan
Collection, p. 470).
Ellen White registra o sofrimento de
seu coração, o que lança luz sobre esse incidente. Não é de modo algum um
desrespeito à memória deles fazer notar que nem W. C. White ou W. W. Prescott
desfrutavam do mais amplo discernimento que é divinamente concedido pelo dom de
profecia. O dom não é hereditário. Seria somente natural para eles, como seria
para nós, crer de pronto nas cartas do presidente da Associação Geral contendo
tão boas notícias. O espírito que dominava a Igreja era sempre positivo, com
regozijo no progresso e nas vitórias.
Mas a atitude de coração de todos os
seres humanos está naturalmente em conflito com "o testemunho de
Jesus", a menos que especificamente seja iluminado pelo Espírito Santo.
Escrevendo ao presidente da Associação Geral, Ellen White descreve como sentiu
quando o seu filho e Prescott tentaram assegurar-lhe que os luminosos
relatórios de Battle Creek eram verdadeiros:
"Caro irmão Olsen:
"Em outubro passado escrevi-te
uma longa carta. . . O peso sobre mim tem sido muito grande, com respeito a ti
mesmo e à obra em Battle Creek. Senti que tinhas amarrados os pés e as mãos, e
te estavas submetendo passivamente. Fiquei tão perturbada que em conversa com o
irmão Prescott, expus-lhe os meus sentimentos. Tanto ele quanto W.C.W.
tentaram dissipar os meus temores; apresentaram tudo na luz mais favorável
possível. Mas em lugar de encorajar-me, as palavras deles me alarmaram. Se
esses homens não podem ver o resultado das iniciativas, julgo, quão sem
esperança é a tarefa de fazê-los vê-lo em Battle Creek. O pensamento golpeou
meu coração como uma faca. Eu declarei que não enviaria a comunicação escrita
ao Pr. Olsen.
". . . Por cerca de duas
semanas permaneci em total debilidade. Era como uma cana quebrada. Não podia
deixar o meu quarto, nem podia conversar com o irmão e irmã Prescott. Não
esperava recuperar-me. . . . Mas . . . minha força gradualmente voltou-me." (Carta, 25 de maio
de 1896).
Devido a que o assunto da chuva
serôdia e do alto clamor é tão importante, é imperativo que a Igreja e sua
liderança agora depositem confiança plena no testemunho inspirado do Espírito
de Profecia. Quando o julgamento humano se conflita com o testemunho
inspirado, não importa quão prestigiados sejam os agentes humanos, o Espírito
de Profecia deve ter clara precedência.
Pela maior parte do século, nós como
um povo temo-nos inclinado a fomentar esse prevalecente falso optimismo. A
consequência trágica é uma difundida desconfiança do conselho da Testemunha
Verdadeira. Não resultariam grandes bênçãos espirituais de um pleno
reconhecimento da verdade? Devidamente entendida, nossa história
denominacional é um contínuo comentário sobre as palavras de Cristo em
Apocalipse 3:14-21, e um chamado a arrependimento apropriado.
Aquele que controla o passado
controla o futuro. Mornidão e fraqueza espiritual são a consequência de
interpretar equivocadamente a história.
___________________
1 Harmon Lindsay e A. R. Henry "opuseram-se
à obra de Deus desde a assembléia de Mineápolis", Carta de EGW, 27 de
agosto de 1896.
2 Exemplos de tais comunicações podem ser
encontradas em Testimonies to Ministers [Testemunhos para ministros],
pp. 63-77, 89-98.
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APÊNDICE
D
QUAL
É O FUTURO DA IGREJA
ADVENTISTA
DO SÉTIMO DIA?
"O Senhor Jesus Cristo
sempre terá um povo escolhido para servi-Lo. Quando o povo judeu rejeitou a
Cristo, o Príncipe da Vida, Ele retirou deles o reino de Deus e transferiu-o
aos gentios. Deus continuará a trabalhar desse modo com todo ramo de Sua obra.
Quando uma igreja se demonstra infiel à obra do Senhor, seja qual for sua
posição, embora elevado e sagrado seu chamado, o Senhor não pode mais agir com
ela. Outros então são escolhidos para levar importantes responsabilidades.
Mas, se estes por sua vez não purificam suas vidas de toda ação errada, se não
estabelecem princípios santos e puros em todos os seus limites, então o Senhor
os afligirá e humilhará dolorosamente e, a não ser que se arrependam, os
removerá de seu lugar e os fará um opróbrio." E.G.White, Olhando
para o Alto, Meditações Matinais 1983, p. 125.
É verdade que a Igreja Adventista do
Sétimo Dia tem retardado a proclamação ao mundo do evangelho eterno em
sua pureza1.
Todos compartilhamos da responsabilidade por esse fracasso. Há envolvimento
colectivo. Ellen White frequentemente comparava nossas falhas com as do antigo
Israel quando cada geração compartilhava da culpa de seus pais em vista de que
não somente compartilhavam da mesma natureza humana caída, mas exerciam a
mesma descrença2.
Há muitas evidências trágicas de nossos deslizes, desobediência ao Espírito de
Profecia, e mesmo apostasia. Nossa história do século passado desde 1888 é
clara.
Significa isso que o Senhor rejeitou
esta igreja ou sua liderança? Ou se Ele já não o fez, fa-lo-á no futuro?
Estaria a denominada Igreja Adventista
do Sétimo Dia assinalada para o fracasso?
Quando os que decidem seguir a
Cristo protestam contra o que crêem ser apostasia ou acções erradas na Igreja e
se vêem sob oposição, devem concluir que a situação é sem esperança? Devem
retirar o seu apoio e a condição de membro da Igreja?
É-nos dito no livro Actos dos
Apóstolos, p. 11, que "almas fiéis" têm sempre constituído a
verdadeira igreja. Um novo grupo ou confederação independente constituída de
"almas fiéis" poderia completar a comissão evangélica deixando a
Igreja Adventista do Sétimo dia organizada para trás a desfazer-se em apostasia
terminal?
Se compararmos a Igreja com um
navio, estaria destinada a afundar como o Titanic? Ou poderia ser tomada
de assalto por uma tripulação amotinada? Deveriam "almas fiés"
abandonar o navio e pular para a água fria por sua iniciativa? Não haverá algum
"navio" nos últimos dias, com cada antigo passageiro nadando
individualmente ou agarrando-se a pedaços da naufragada embarcação? Ou cada
passageiro se tornará um membro da tripulação e, sob a liderança de Cristo
como Capitão, navegarão um navio de velas bem ajustadas ao porto?
Ellen White comparou a Igreja
Adventista do Sétimo Dia a uma "nobre embarcação que transporta o povo de
Deus", e declarou que velejaria "com segurança ao porto"3. Qual é a
verdadeira Igreja? É a Igreja organizada ainda o cumprimento da profecia de
Apocalipse 12 do "restante da sua semente [da mulher], que guarda os
mandamentos de Deus, e o testemunho de Jesus Cristo" (vs. 17)? Ou seria o
verdadeiro "remanescente" meramente um grupo difuso, não coeso,
desorganizado, de "almas fiéis"? Estas perguntas atingem a própria
razão para nossa existência como um povo por 150 anos.
Nenhuma pessoa inteligente ousaria
dizer que uma ligação nominal com a Igreja organizada pode garantir a salvação
pessoal de alguém. Logicamente não. Esta não é a questão. A questão importante
é se o pertencer à Igreja como membro e apoiá-la são deveres válidos que o
Senhor requer das "almas fiéis". Qual é a "mente de Cristo"
com respeito à Igreja Adventista do Sétimo Dia? Se pudermos determinar a
resposta a essa pergunta, podemos saber qual deve ser nossa
"mentalidade" sobre ela.
Há directrizes nas Escrituras que
são de auxílio, bem como numerosas declarações de Ellen White:
(1) A intenção de Deus sempre tem
sido de que Seu povo sobre a Terra seja uma "família" visível, denominada,
organizada. A razão disso é para que sejam Suas testemunhas, agentes ganhadores
de almas no mundo. A "semente" de Abraão foi o antigo equivalente da
Igreja. O Senhor lhe disse: "Em ti serão benditas todas as famílias da
Terra. . . . Darei à tua descendência esta terra". "Estabelecerei a
Minha aliança entre Mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações
. . . e da tua descendência". "A Minha aliança . . . estabelecê-la-ei
com Isaque" (Gên. 12:3, 7; 17:7,21).
(2) Deus nunca mudou essa aliança e não
pode mudá-la. No decorrer de todos os séculos das apostasias do antigo
Israel e Judá, o Senhor permaneceu fiel a Sua promessa. Nos dias de Elias e do
apóstatado rei Acabe e sua ímpia esposa Jezabel, Israel era ainda Israel. No
ponto mais baixo da história de Judá, ao tempo de Jeremias, quando o Senhor os
entregou ao cativeiro sob Babilônia, eram ainda o povo denominado do Senhor.
Nunca se tornou Babilônia, conquanto estivesse sob o cativeiro em
Babilônia. Somente aqueles que recusaram retornar ao final do Cativeiro
perderam o seu lugar na história. A aliança ainda se estendia àqueles que
retiveram sua identidade denominada, e mediante eles o Messias finalmente
veio.
(3) Isso não equivale a dizer que a
descendência carnal de Abraão fez com que qualquer indivíduo fosse um herdeiro
da aliança. A promessa sempre foi a de que "em Isaque será chamada
a tua descendência". "Os da fé é que são filhos de
Abraão" (Rom. 9:7; Gál. 3:7). O verdadeiro Israel sempre foi constituído
por aqueles que tinham a fé de Abraão. Mas sempre deveriam ser um povo
denominado, identificável, segundo o plano de Deus, de modo que pudesse
funcionar eficientemente para evangelizar o mundo. Até a serva da esposa de
Naamã preservou esse relacionamento fiel em sua escravidão e ganhou almas4.
(4) A Igreja Cristã primitiva dos
apóstolos não foi um apêndice ou desdobramento de Israel. Era o verdadeiro
Israel. Isso se dava porque os seus membros conservavam a fé de Abraão5. Desde o
próprio início, quando Jesus chamou os primeiros discípulos, Sua Igreja era
uma corporação organizada, denominada6. Ao longo dos anos de Seu ministério terrestre
era organizada bem junto com Ele como sua Cabeça.
O Novo Testamento indica que nos
tempos apostólicos a Igreja também era altamente organizada e denominada, com
apóstolos, anciãos, mestres, evangelistas, diáconos, diaconisas e outros com
vários dons, todos operando num inter-relacionamento disciplinado sob a direcção
do Espírito Santo7.
Quando Saulo de Tarso foi convertido, o Senhor o trouxe à imediata comunhão
com Sua Igreja organizada8. "Almas fiéis" verdadeiramente constituíam a Igreja
primitiva, mas aquela Igreja de modo algum era desorganizada. Há numerosos
exemplos de sua rígida disciplina. Quando utilizada para deixar implícito que a
Igreja organizada não pode ser a verdadeira, a declaração de AA, p. 11,
sobre "almas fiéis", tem sido distorcida de seu contexto.
(5) Os registros do cuidado de Deus
sobre "a mulher [que] fugiu para o deserto . . . mil duzentos e sessenta
dias" indicam que novamente essa
perseguida Igreja durante a Idade Média seguiu os padrões neotestamentários de
organização e disciplina9. Os verdadeiros crentes sempre operaram como um corpo,
conquanto os detalhes precisos dos métodos de organização variassem.
(6) Nos dias pioneiros dos
adventistas do sétimo dia, batalhas foram travadas sobre organização, com
anarquistas fanáticos se rebelando contra a disciplina apropriada dentro da
corporação10.
O Espírito Santo impôs o Seu inegável selo de aprovação sobre a necessidade de
ordem. Nossos pioneiros viram a Igreja Adventista do Sétimo Dia denominada em
seu estado organizado como cumprimento de Apocalipse 12:17 e 14:12. Eles a
viram como divinamente designada para operar eficientemente a fim de proclamar
a mensagem ao mundo e preparar um povo para a vinda do Senhor11.
Qualquer movimento que o Espírito
Santo dirija deve ser organizado e disciplinado, porque "Deus não é Deus
de confusão"12.
O estabelecimento de mais de um século da Igreja Adventista do Sétimo Dia entre
tantas culturas diferentes é claramente obra do Espírito Santo. Não existe nenhum
outro movimento de amplitude mundial ou corporação de crentes que possa mesmo
remotamente ser identificado como cumprimento de Apocalipse 14:6-12. Ellen
White nunca duvidou de nossa identificação histórica13.
Aqui está uma corporação já em
existência soberbamente moldada pelo Senhor para cumprir a tarefa de
proclamação do "evangelho eterno". Nenhum movimento independente ou
desviado pode possivelmente crescer dentro do tempo de vida de alguém para tornar-se um instrumento tão
potencialmente eficiente de ganhar almas. Os verdadeiros adventistas do sétimo
dia estão mais preocupados com a honra e vindicação de Cristo do que com sua
própria recompensa pessoal. Pensam primariamente em termos de realização de Sua
comissão evangélica para o mundo, antes que em sua própria segurança. Para
eles, o amor próprio deu lugar a uma experiência de ser crucificados com
Cristo. Estão "debaixo da graça", que é uma nova motivação imposta
por uma apreciação de Seu sacrifício, em lugar de estar "debaixo da
lei", sua motivação anterior de preocupação espiritual centralizada no eu.
Suportam o mesmo teste que Moisés
suportou. Quando Deus Se dispôs a abandonar o Seu povo organizado de Israel e
fazer prosperar a Moisés como o líder de seus sucessores desvinculados, Moisés preferiu
ter o seu nome riscado do livro da vida a ver a honra de Deus assim
comprometida14.
O "peneiramento" nos últimos dias separará do povo de Deus todos cuja
motivação mais profunda seja mera preocupação com a própria segurança.
(7) Uma motivação "debaixo da
lei" de preocupação consigo deriva da falha em apreciar a justificação
pela fé. Isso tem envenenado a aplicação de nossos princípios de organização
eclesiástica. Tiago e Ellen White instavam pelo reconhecimento de Cristo como o
verdadeiro Líder da Igreja:
"Em ocasião alguma durante o
Seu ministério público Cristo dá a entender que qualquer de Seus discípulos
devesse ser designado como líder dos demais. . . . E não há sugestão de que os
apóstolos de Cristo designassem um deles sobre outro como líder. . . Cristo,
portanto, é o líder de Seu povo em todas as épocas. . . Cristo conduzirá o Seu
povo, se desejar ser conduzido." (Tiago White, RH de 1o de dezembro de 1874).
"Não era o desígnio de Deus
que qualquer sistema de organização existisse na Igreja Cristã que removesse a
liderança de Cristo.
"O ministro que se lança em
qualquer Comissão de Associação em busca da direcção, retira-se das mãos de
Cristo. Que Deus conserve a nossa organização e o modo de disciplina
eclesiástica em sua forma original." (ibid. 4 de janeiro de 1881).
Todavia, reconhecer a Cristo como
Cabeça da Igreja que dirige a sua organização requer submissão do coração a
Ele; isso se torna impossível quando o evangelho da justificação pela fé não é
claramente compreendido. A motivação de "debaixo da lei" suplanta a
motivação de "debaixo da graça", e líderes e povo sofrem. "Poder
dominante" é exercido, e ministros e povo aprendem a olhar aos homens
falíveis em busca de liderança, seguindo seus ditames e louvando-os. Um sutil
culto a Baal promove o amor do eu enquanto professando devoção a Cristo. (A
prática comum de funcionários de associação designar o seu presidente como
"o chefe" é exemplo de uma directa violação do conselho de Cristo em
Mateus 20:25-28). A motivação de "debaixo da lei" pode permear tão
profundamente a Igreja que pessoas sinceras julgam quase impossível conceber
qualquer outro tipo de liderança eficaz15.
(8) Uma importante verdade que nos
auxiliará a entender a mente de Cristo para com a Igreja Adventista do Sétimo
Dia é nossa história relativa a 1888. A despeito de décadas de mornidão no seu
interior, o Senhor enviou o "começo" da chuva serôdia por intermédio
de delegados a uma assembléia da Associação Geral. Ele honrou este povo com a
"revelação da justiça de Cristo" nessa "mensagem muitíssimo
preciosa" destinada a iluminar a terra com glória.
(9) A reorganização de 1901 tinha a
intenção de trazer reavivamento e reforma e um retorno à liderança de Cristo
operando mediante aqueles que criam em Sua palavra: "Todos sois
irmãos". Mas o reavivamento espiritual não teve lugar. Foi somente um
sonho, um "o que poderia ter sido". O padrão de 1888 de descrença não
foi revertido16.
A assembléia da Associação Geral de
1903 foi vista por alguns como um passo para trás. A atitude de Jones e
Waggoner para com a constituição
revisada foi considerada no capítulo 10 deste livro. Alguns poucos
uniram-se-lhes em suas convicções:
"Qualquer homem que já leu
essas histórias [Neander, Mosheim] não poderá chegar a nenhuma outra conclusão
senão a de que os princípios que estão para ser introduzidos mediante esta
proposta constituição [1903] . . . são os mesmos princípios, e introduzidos
precisamente da mesma maneira, como se deu centenas de anos atrás quando o Papado
foi criado. . . . No momento em que a votais estareis recuando para onde
estivestes dois anos atrás e antes disso." (P. T. Morgan, GCB 1903, p.
150).
"Irmãos, a coisa a fazer é
voltar aonde estivemos dois anos atrás na questão de reorganização, e assumi-la,
e levá-la adiante, e dar-lhe uma chance porque aqueles que têm ocupado posições
de responsabilidade têm admitido que não a adotaram à risca por não crerem que
fosse possível. Eu creio que é possível." (E. A. Sutherland, ibid.
pp. 168, 169).
(10) Se acreditasse que a revisão de
1903 fosse um erro, Ellen White não se teria a ela oposto publicamente, embora
algumas de suas declarações posteriores possam ser aplicadas como sendo uma
desaprovação. Contudo, o facto importante a ser observado é que ela não retirou
o seu apoio da igreja organizada seguindo-se a 1903, tendo, antes, a ela
permanecido fiel e leal até sua morte em 1915. Isso se deu a despeito do facto
de que estava profundamente desapontada com os resultados espirituais
da assembléia de 190117. O Senhor prosseguiu ao longo de todos aqueles anos a honrar
esta Igreja com o ministério de Sua mensageira.
A solução ao nosso problema não
consiste em destruir ou alterar o sistema mecânico de nossa organização
constitucional, mas em achar arrependimento e reconciliação com Cristo dentro
dela. Tudo é fútil a menos que o machado seja lançado à raiz da árvore.
Fraquezas ou erros em organização serão retificados quase que da noite para o
dia quando o Espírito Santo tiver êxito em conduzir-nos ao arrependimento.
(11) Literalmente, milhões de
pessoas podem testificar de que a única agência que os conduziu a um conhecimento
do evangelho eterno de Apocalipse 14 é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a
despeito de suas falhas. A melhor esperança de uma proclamação final de êxito
da última mensagem ao mundo é uma arrependida Igreja Adventista do Sétimo Dia
que não somente proclama a mensagem com clareza de cristal, mas demonstra além
de questionamento que ela funciona. Essa era a convicção de Ellen White; em
meio à era de descrença de 1888 ela tinha esperança pela reforma:
"Deus está à frente da Obra
e Ele porá tudo em ordem. Se questões requererem ajuste na direcção do trabalho,
Deus cuidará disso e operará para consertar todo erro. . . Deus conduzirá a
nobre embarcação ao porto seguro." (2SM 390; 1892).
"Conquanto haja males
existindo na Igreja e haverá até o fim do mundo, a Igreja nestes dias finais
deve ser a luz do mundo que está poluído e desmoralizado pelo pecado. A Igreja,
débil e defeituosa, carecendo de
reprovação, advertência e aconselhamento, é o único objecto sobre a
Terra a que Cristo dedica Seu supremo interesse. . . Que sejamos todos
cuidadosos para não levantar um clamor contra o único povo que está preenchendo
a descrição dada do povo remanescente que guarda os mandamentos de Deus e tem a
fé de Jesus, que está exaltando o padrão de justiça nestes últimos dias. Deus
tem um povo distinto, uma Igreja sobre a Terra, que não vem em segundo lugar
para nenhuma outra, antes é superior a todas em sua facilidade para ensinar a
verdade, vindicar as leis de Deus. . . Que todos nos unamos com esses agentes
escolhidos." (TM 49, 57, 58; 1893).
"Quando alguém está se
apartando do corpo organizado do povo de Deus observador dos mandamentos,
quando começa a pesar a Igreja em suas balanças humanas e começa a pronunciar
julgamento contra ela, podeis saber
então que Deus não o está conduzindo." (3 SM 18; 1893).
"A vitória acompanhará a
mensagem do terceiro anjo. Tal como o Capitão do exército do Senhor derribou
os muros de Jericó, assim o povo observador dos mandamentos de Deus alcançará
triunfo e todos os elementos opositores serão derrotados." (TM 410;
1898).
"Nunca fiquei mais atônita
em minha vida do que com a maneira a que chegaram as coisas nesta assembléia
[de 1901]. Este não é nosso trabalho. Deus tem trazido à tona. . . Desejo que
todos vos lembreis disto, e desejo que também vos lembreis que Deus declarou
que curará as feridas de Seu povo." (GCB 1901, pp. 463, 464).
Tenham essas "feridas"
sido curadas em 1901 ou depois disso, podemos animar-nos com a garantia de que
"Ele as curará". Após 1901 e 1903 Ellen White emitiu algumas
das mais contundentes declarações de sua vida identificando esta Igreja
organizada como a verdadeira, e assegurando o seu triunfo final no ministério quando
o arrependimento permear a corporação:
"Não podemos nos desviar do
fundamento que Deus estabeleceu. Não podemos agora
[1905, não fala sobre o futuro. Ênfase do Editor.] entrar em qualquer nova
organização; pois isso significaria apostasia da verdade." (Ms. 129,
1905).
"Sou instruída a dizer aos
adventistas do sétimo dia ao redor do mundo que Deus nos chamou como um povo
para ser um tesouro peculiar para Si. Ele designou que a Sua Igreja sobre a
terra permaneça perfeitamente unida no Espírito e conselho do Senhor dos
exércitos até o tempo do fim." (2 SM 397; 1908).
"O temor de Deus, o senso de
Sua bondade, circularão mediante toda instituição [adventista do sétimo dia].
Uma atmosfera de paz há de prevalecer em todo departamento. Cada palavra dita,
toda obra realizada, terá uma influência que corresponde à influência do céu. .
. . Então a obra seguirá adiante com solidez e dupla força. Uma nova eficiência
será concedida aos obreiros em toda linha. . . . A Terra será iluminada com a
glória de Deus, e tocar-nos-á testemunhar a breve vinda, em poder e glória, de
nosso Senhor e Salvador." (MM 184, 185; 1902).
"Sou encorajada e abençoada
ao reconhecer que o Deus de Israel está ainda guiando o Seu povo e que Ele
continuará a estar com ele, até o fim." (comentários à assembléia da
Associação Geral de 1913; LS 437, 438).
Ela claramente definiu o "povo
de Deus" como "esta denominação". W. C. White escreveu o
seguinte poucas semanas antes de sua morte:
"Relatei à [Sra. Lida Scott]
como Mãezinha considerava a experiência da Igreja remanescente, e seu positivo
ensino de que Deus não permitiria que esta denominação apostatasse tão
inteiramente que viesse a existir outra Igreja." (Carta, 23 de maio de
1915).
Um hospital é um local onde pessoas
doentes podem receber tratamento médico a fim de serem restauradas à saúde. A
vida do paciente é de suprema importância. A Igreja que deve tornar-se a Noiva
de Cristo está doente; ela carece de cura. Lealdade a Cristo requererá lealdade
a Sua futura Noiva, uma cooperação integral para assegurar-lhe a cura.
Nós que temos servido como
missionários na África, temos visto como a lealdade a Cristo (ou sua falta)
opera nos corações humanos. Funcionários "cristãos de arroz"
insconscientemente demonstram seu verdadeiro espírito ao falarem da Igreja como
"vós" ou "eles". Não poderiam revelar menos interesse por
sua honra ou prosperidade. Mas os verdadeiros crentes em Cristo manifestam uma
unidade corporativa com a Igreja, falando dela instintivamente como
"nós". Estão mais preocupados por sua honra como representando a
Cristo do que por sua própria recompensa pessoal.
(12) Qual é o significado de as
promessas de Deus serem condicionais? Deveríamos tomar uma atitude de esperar
para ver e reter nossa lealdade e apoio até que tenhamos evidência de que a
Igreja tem cumprido as condições? A declaração seguinte destaca as condições:
"Estamos longe de onde
deveríamos estar tivesse nossa experiência cristã se harmonizado com a luz e
oportunidades a nós dadas. . . . Tivéssemos caminhado na luz que nos foi
concedida, . . . nossa vereda teria brilhado
mais e mais. . . .
"Nas balanças do santuário, a
Igreja Adventista do Sétimo Dia deve ser pesada. Ela será julgada pelos privilégios
e vantagens de que dispunha. . . Se as bênçãos conferidas não a qualificarem a
realizar o trabalho que lhe foi confiado, sobre ela será pronunciada a
sentença, 'Achada em falta'." (8T 247).
Todas as promessas de Deus feitas ao
antigo Israel não foram menos condicionais. Geração após geração foi
"achada em falta" e morreram como fracassos. A história de
Cades-Barnéia foi repetida muitas vezes, quando uma geração inteira, excepto
dois indivíduos, tiveram que perecer no deserto. Não obstante, o Deus
observador do concerto permaneceu fiel a Israel quando este Lhe foi desleal.
Ele sempre tentou novamente com uma nova geração. Nunca ordenou que outro povo
tomasse o lugar da "semente de Abraão".
O facto de o antigo Israel ter
falhado repetidas vezes como tem falhado a Igreja em tempos modernos não
significa necessariamente que o padrão de deslize e apostasia continuará para
sempre. As falhas colectivas do povo de Deus têm sempre envolvido o santuário
celestial em contaminação; Satanás tem tido ocasião de atribuir a Deus a
responsabilidade pelo fracasso de Seu povo.
O fundamento da Igreja Adventista do
Sétimo Dia é uma crença nas boas novas de Daniel 8:14, "E o santuário
será purificado". Então essa constante nuvem de fracasso que tem pairado
sobre o Israel de Deus será levantada; e o nome de Deus será reivindicado na
medida em que o Seu povo demonstre que o Seu plano de salvação é um sucesso; o
sacrifício de Cristo será, então,
reivindicado. Uma atitude cínica que declare: "Suponha que a Igreja
falhe e que as condições não sejam preenchidas" é o mesmo que dizer:
"Suponha que o santuário não será purificado". A honra de Deus requer
que ele seja purificado!
Esta é a derradeira questão no
grande conflito. Temos o privilégio de postar-nos em absoluta lealdade a Cristo
e a Sua futura Esposa.
O testemunho citado acima é
intitulado "Seremos Achados em Falta?" Ellen White respondeu a sua
própria indagação ao concluir o capítulo:
"Quando a purificação tiver
lugar em nossas fileiras, não mais descansaremos e teremos paz. . . . A menos
que a Igreja, que está agora sendo
levedada com sua própria apostasia, se arrependa e se converta, comerá do
fruto de sua própria feitura, até que se aborreça a si mesma. Quando ela
resiste ao mal e escolhe o bem, quando ela busca a Deus com toda a humildade, e
alcança o seu alto clamor em Cristo, permanecendo sobre a plataforma da verdade
eterna, . . . será curada. Ela aparecerá em sua simplicidade e pureza dadas por
Deus, separada de embaraços terrenos, revelando que a verdade a tornou
verdadeiramente livre. Então os seus membros serão verdadeiramente escolhidos
de Deus, Seus representantes.
"É chegado o tempo para que uma
reforma integral tenha lugar. Quando essa reforma começar, o espírito de
oração operará em todo crente, e banirá da Igreja o espírito de discórdia e
luta. . . . Não haverá confusão, porque todos estarão em harmonia com a mente
do Espírito. . . Todos orarão compreensivelmente a oração que Cristo ensinou a
Seus servos: `Venha o Teu reino, faça-se
a Tua vontade, assim na terra como no céu'." (ibid., pp. 250, 251).
Nosso dever agora é remover todo
embaraço dentro da Igreja que tem impedido que "plena reforma tenha
lugar", e aprender a orar a oração do Senhor.
__________
1Ev 694-697
2Ver capítulo 4 deste
livro.
3 2SM 390; 1892.
4 Ver 2 Reis 5.
5 Gálatas 3:7-9, 29.
6 AA 18; DA 29.
7 1 Cor. 12:1-28; Efés. 4:8-16; 1 Tim. 3:1-15;
Tito 1:5-11.
8 Atos 9:10-19; AA 122, 163.
9 Cf. GC 62, 63,
67-69.
10 TM 26-29.
11 FE 254; 1 T 271,
413; 3T 501.
12 1 Cor. 14:33.
13 Ver por exemplo 9T 19; 1 T 186-187; 1 SM
91-93; 7BC 959-61.
14 Êxodo 32.
15 Ver TM 359-364.
16 8T 104-106; Carta de EGW ao juiz Jesse Arthur,
5 de janeiro de 1903.
17 Ibid.
APÊNDICE
E
Breve
Análise das Publicações de 1987-1988
Na providência de Deus, o ano de
1988 foi designado como o do Centenário da Assembléia da Associação Geral em
Mineápolis. O que antes era virtualmente um assunto desconhecido ou tabu, agora
tornou-se tópico familiar de conversação por todo o mundo. Graças a Deus por
esse despertado interesse. Grandes números dentre nosso povo não ficarão
satisfeitos até que tenham desvendado a plena verdade.
Desde a primeira impressão deste
livro em agosto de 1987, diversas significativas publicações foram lançadas
como parte da "Celebração" do Centenário de 1988:
(1) The Ellen G. White 1888
Materials [Os materiais de Ellen G. White de 1888] (Depositários de Ellen
G. White, 1987). Ao dar a lume essa vasta coleção de 1.812 páginas em pleno
contexto, os Depositários de Ellen G.
White merecem encômios. Eles obviamente não têm intenção de reter nada
significativo. Ellen White tem finalmente a permissão de falar desimpedida
sobre essas questões. Houvesse isto sido publicado décadas atrás, muita da
atual confusão concernente a 1888 estaria agora resolvida. Uma vez que o
Espírito Santo sempre tem confirmado o "testemunho" de Ellen White,
esta publicação deve provar em Sua providência ser um passo gigantesco rumo aos
derradeiros reavivamento e reforma.
A leitura desses documentos deixa
uma sensação de satisfação como de quando se têm desfrutado de uma refeição
completa. O leitor não fica com dúvidas persistentes nem indagações não
satisfeitas a respeito do que poderia estar na penumbra sem ser visto dentro dos
limites dessa ou daquela eclipse, pois não há eclipses.
A verdade é aqui desvelada de que a
liderança desta Igreja de facto "em grande medida" rejeitou o começo
da chuva serôdia e do alto clamor ao mesmo tempo em que grandiloquentemente
professando aceitar a "justificação pela fé". Ademais, as
"confissões" posteriores a Mineápolis são vistas como não revertendo
de modo algum a tragédia. E os endossos ilimitados do conteúdo doutrinário da
mensagem revelam-se bem mais numerosos e enfáticos do que qualquer pessoa
aparentemente já tenha antes percebido. Tais endossos múltiplos nessas 1.812 páginas
podem talvez aproximar-se da maior parte de um milhar.
É uma solene experiência ler esses
documentos não revisados, muitas vezes fotocopiados de originais mal datilografados
com emendas de próprio punho. Como podia essa pequena senhora posicionar-se
quase sozinha contra quase toda a liderança de sua Igreja, escrevendo esse
vasto montante de correspondência sem dizer pelo menos algo no calor da
controvérsia que se demonstraria embaraçoso um século depois? Ela emerge dessa
saga de 1888 vindicada tanto em suas posições quanto no espírito que
demonstrou. Nada que já foi publicado pelos Depositários de Ellen White lhe
concede tal crédito como esta engenhosa exposição de seu profundo zelo.
Ela nunca expressa qualquer crítica
da teologia de justificação pela fé de Jones e Waggoner desde 1888, passando
por 1895 e entrando em 1896. Aqueles que em nosso Centenário denigrem a
mensagem de 1888 tomam por base exclusivamente uma sentença que parece ter carácter
crítico, mas é possível que torçam-na de seu contexto e possam até citá-la
equivocadamente também. Nessa sentença solitária estenograficamente registrada
em 1888 ela declara: "Algumas interpretações das Escrituras feitas pelo
Dr. Waggoner eu não considero como correcctas" (Ms 15, 1888).
O estenógrafo poderia não registrar
a ênfase que Ellen White deu a esse "eu", mas está claro em seu contexto
imediato que ela não acha falta em sua mensagem doutrinária. Antes, dispõe-se
a renunciar a suas opiniões pessoais em
busca de maior luz a ser recebida por meio de Waggoner: "Eu teria
humildade de mente, e me disporia a ser instruída como uma criança. O Senhor
tem-se comprazido em conceder-me grande luz, contudo eu sei que Ele dirige
outras mentes, e abre-lhes os mistérios de Sua Palavra, e desejo receber cada
raio de luz que Deus me enviar, conquanto possa vir por meio do mais humilde de
Seus servos [uma óbvia referência a Waggoner]. . . . Algumas interpretações das
Escrituras feitas pelo Dr. Waggoner eu
não considero correctas. Mas . . . vejo a beleza da verdade na
apresentação da justiça de Cristo com relação à lei como o doutor a tem exposto
a nós. . . . Isso que tem sido apresentado se harmoniza perfeitamente com a
luz que Deus tem-Se comprazido em conceder-me durante todos os anos de minha
experiência. Se nossos irmãos ministrantes aceitassem a doutrina que
tem sido apresentada tão claramente. . . . seus preconceitos não teriam um
poder controlador. . . . Oremos como fez Davi: "Abre os meus olhos"
(Ms. 15, 1888, ênfases acrescentadas).
Por uma década Ellen White expressa
somente reconhecimento coerente, muitas vezes jubiloso, de que o Espírito Santo
dava endosso à mensagem doutrinária de Waggoner e Jones, enquanto a oposição
irrazoável que sofriam isolava-os e às vezes os conduzia a expressões
insensatas, tal como o antigo Israel levou Moisés a pronunciar palavras e actos
contundentes. Sua famosa carta de 9 de abril de 1893 a Jones inequivocamente
elogia a sua teologia enquanto o adverte contra ser pressionado a usar
expressões extremadas para a defender.
Conquanto os mensageiros de 1888
fossem humanos, como todos somos, não há aqui nenhum vestígio da parte de Ellen
White de que revelassem falta de espírito cristão com relação a seus irmãos
durante esses anos pioneiros, nenhuma evidência de que rudeza ou um espírito
abrasivo da parte deles desse justa causa para que seus irmãos se lhes
opusessem desse modo. Esses quatro volumes parecem tornar claro que nossas
críticas publicadas há uma centena de anos de Jones e Waggoner perpetuam a
descrença de 1888. Isso é fenomenal--após um século de nossa história, à
semelhança da contínua rejeição dos judeus a Cristo e Seus apóstolos após quase
2.000 anos da história deles.
Mas a "introdução" da
verdade "concede luz". Com a publicação desses quatro volumes
finalmente nos volvemos à pista correcta, e podemos esperar que o Senhor comece
a operar daí em diante. Qualquer erudito hesitará agora em publicar
interpretações incorrectas do testemunho de Ellen White sobre 1888, pois o mais
humilde leigo pode conferir as fontes por si mesmo.
(2) Manuscripts and Memories of
Minneapolis 1888 [Manuscritos e lembranças de Mineápolis 1888] (Pacific
Press, 1988). Essa colecção adicional de 591 páginas inclui documentos de
outros contemporâneos de Jones e Waggoner. Revelam que muitos dos
"irmãos" deixam um registro de cegueira espiritual e resistência ao
Espírito Santo num tempo de oportunidade escatológica sem precedentes. Todos
eram homens trabalhadores, consagrados à causa da Igreja, professando crer no
evangelho, enquanto com poucas excepções revelam uma insensibilidade com a actual
direcção e ensino do Espírito Santo na "verdade do evangelho". E os
mais preeminentes dentre eles estavam aborvidos em declarada oposição a Ellen
White.
Além disso, nesses documentos nenhum
daqueles que confessaram rejeição da mensagem de 1888 cita como escusa que a
personalidade de Jones ou Waggoner os motivou a
rejeitá-la. Sendo a natureza humana tendente à auto-justificação,
exploraria uma falha significativa da parte deles se houvesse sido proeminente.
Dois irmãos que expressam crítica à
personalidade de Jones em 1888 aguardam até 42 anos depois para fazê-lo, mas um
deles (W. C. White) em 1889 estranhamente contradiz o seu testemunho negativo
de 1930 com uma posição oposta de cálida recomendação. Em 1931 A. T. Robinson
recorda os agudos comentários de Jones em Mineápolis a Urias Smith concernentes
aos "dez chifres", mas na época parece não ter impressionado Ellen
White o suficiente para mencioná-lo em seus diários de relatórios extensos da
história de Mineápolis, nem qualquer um dos demais nessa colecção o faz.
Esse incidente isolado aparentemente
causou pouca impressão em 1888 contra o pano de fundo de um endosso firme e
inequívoco do Espírito Santo. Ou o lapso de tempo cobriu a imagem de Jones
posterior a 1903 acima das lembranças anteriores de Robinson, ou o espírito de
Jones nessa observação não era tão severo como ele presumia1.
Há algo de patético na leitura dessa
vasta correspondência de líderes da Igreja que conduzem negócios como
costumeiramente num tempo em que agora sabemos ter sido um de oportunidade
escatológica sem precedentes.
(3) From 1888 to Apostasy--The
Case of A. T. Jones [De 1888 para a apostasia--o caso de A. T. Jones], por
George R. Knight (Review and Herald, 1987). Esse volume especial da "Série
Centenária de 1888" parece ser um esforço transparente para desacreditar
tanto Jones quanto a mensagem que o Senhor lhe deu para esta Igreja. O livro
oferece claro reconhecimento de que a mensagem foi rejeitada em Mineápolis e
após isso, um passo no rumo da realidade; mas confunde o quadro por apresentar
um Deus trapalhão que empreendeu uma pobre escolha de um mensageiro e Sua
ingênua profetisa que era ultra-entusiasmada sobre a mensagem e mensageiro.
Tirando proveito de cada possível
defeito, real ou imaginário, na personalidade e ministério de Jones e frequentemente
imputando motivos malignos gratuitamente, o autor o descreve como um homem de
"boca leviana e discurso áspero", que empregava "linguagem
sensacionalista" com "atitudes pomposas",
"auto-confiante", "egoísta", um homem que "nunca
dominou a arte da . . . bondade cristã", que tinha uma "personalidade
abrasiva e exibicionista". Desde que se ergueu das águas batismais em
Walla Walla, o jovem Jones é dominado por seu "perene problema de
extremismo". Por que o Senhor escolheria tal homem de maneira especial?
A mensagem evangélica de Jones é
descartada como contendo uma "mistura de erro"; fica, desse modo,
implícito claramente que é perigoso aceitá-la. Especificamente, são atribuídas
as pesadas responsabilidades de ter dado origem tanto às heresias da
"carne santa" quando do panteísmo da virada do século.
Muitos leitores que não têm
condições de conferir as fontes originais concluirão que nada do que diga um
personagem tão quixotesco quanto Jones merece qualquer séria consideração hoje.
Esta parece ser a tese do livro.
Mas se alguém pesquisa os relatos
contemporâneos de Ellen White sobre o carácter e mensagem de Jones, um problema
se revela. Ela o descreve como aquele que "porta a Palavra do
Senhor", "o mensageiro delegado de Cristo", "um homem a
quem Deus comissionou . . . [com] a demonstração do Espírito Santo", um
"servo escolhido" . . . a quem Deus está utilizando". Ele é um
dos únicos dois ministros adventistas do sétimo dia na história sobre quem ela
atribui a posse de "credenciais celestiais"2. Não parece estranho que tal
difamação de Jones seja publicada e endossada em nossa Celebração do
Centenário? Acaso as nações ou igrejas vilipendiam costumeiramente os
principais personagens que celebram em centenários?
Nosso autor endossa a errônea
concepção popular de que a mensagem de 1888 por si só está perdida. Mas o
entusiástico endosso de Ellen White, tanto da mensagem de Jones quanto da
maneira de sua apresentação, continua por quase uma década seguindo-se a 1888,
o que indica que a "mensagem" era mais do que as apresentações
supostamente perdidas em Mineápolis. Anos mais tarde ela declara no tempo
presente: "A mensagem que nos foi dada por A. T. Jones . . . é uma
mensagem de Deus à Igreja de Laodicéia". "Deus o tem sustido . . .
tem-lhe dado preciosa luz". [Carta S24, 1892; Carta 51a, 1895).
Durante esta década ela até fala com
entusiasmo da personalidade de Jones e sua maneira de falar, contradizendo
directamente a impressão de rispidez:
ele "apresenta [a mensagem] com beleza e amor", "com luz e graça
e poder". Ouvindo-o, as pessoas "viam a verdade, bondade, misericórdia
e amor de Deus como nunca a haviam apreciado antes". Ela considera
"um privilégio estar ao lado de [Jones] e dar o meu testemunho com a
mensagem para este tempo" (Review and Herald, 27 de maio de 1890;
12 de fevereiro de 1889; 18 de março de 1890; Carta, 9 de janeiro de 1893). É
difícil compatibilizar essas palavras com a imagem de "empáfia",
personalidade "ríspida" que nossos autores do Centenário lhe
atribuem. Não consideraria ela uma situação embaraçosa "ficar ao
lado" de um homem desses?
Contudo, esse livro não cria sua
visão destrutiva de Jones a partir da imaginação moderna. Há realmente fontes
históricas críticas dele. Ele tinha inimigos em seu tempo que o acusavam de
"ser um fanático, extremista, e entusiasta", os quais "criticavam
e depreciavam, e até lançavam ao ridículo o mensageiro mediante quem o Senhor
tem operado com poder" [cf. Testimonies to Ministers, p. 97). Mas
esses eram oponentes descrentes lutando contra a direcção do Espírito Santo.
Por que o julgamento deles seria superior ao de Ellen White?
O endosso de Jones pelo Senhor é por
demais sério, pois ela declara que aqueles que "acusam e criticam [Jones]
. . . acusam e criticam o Senhor que o enviou". Os oponentes serão
"indagados no juízo, 'quem requereu isto de vossas mãos, erguer-se contra
a mensagem e o mensageiro que Eu enviei ao Meu povo com luz, com graça, e
poder?'" (Ibid., p. 466; Carta, 9 de janeiro de 1893).
A acusação de que Jones virtualmente
deu origem ao fanatismo da "carne santa" repousa literalmente sobre
uma palavra que ele empregou em um editorial de 1898, que termina sendo uma
citação directa do apóstolo Paulo. O contexto do editorial de 22 de novembro é
a reforma de saúde, nada tendo a ver com "carne santa". Igualmente,
a acusação de que Jones ensinava ou cria no panteísmo repousa nos pressupostos
ou preconceitos de outros. Nenhuma sentença é citada dele como evidência objectiva
de que cresse ou ensinasse o panteísmo.
Este pode parecer um detalhe sem
importância, porém a integridade da "preciosíssima mensagem" que o
Senhor enviou a este povo é a questão que está sob o crivo da crítica. Se essa
mensagem conduziu os seus crentes ao panteísmo, Ellen White deve estar
seriamente equivocada porque a mensagem era muito perigosa, não "preciosíssima".
No caso de Jones, todavia, ela não
conduziu ao panteísmo, provando assim que não poderia ter sido um facto para
levar Waggoner ao panteísmo. O que levou ao problema do panteísmo (ou
pan-enteísmo) foi o clima de rejeição da mensagem deles de 1888, não a sua
aceitação.
Knight, entretanto, justifica sua
acusação sugerindo uma nova definição de panteísmo. Sua verdadeira definição é
a de um "Deus" impessoal vivendo em gramados e árvores. Para
Knight, a perigosa fonte do panteísmo é o conceito de um Deus pessoal
em íntima comunhão connosco, ressaltado em 1888, ligando a experiência de
justificação pela fé no coração do crente com "a doutrina do
santuário celestial e sua purificação". "A concepção do poder de
Cristo no íntimo . . . inerente à
mensagem de 1888 . . . quando levada a extremo . . . facilmente ultrapassa os
limites para cair no panteísmo".
Mas essa imaginosa definição cria
problemas insuperáveis, pois sugere logicamente que o autor de Hebreus foi
também um panteísta, bem como Ellen White. E Jesus também leva a concepção para
além dos limites, assegurando a Seus seguidores que o Espírito Santo, o Seu
Representante, não somente "habita em vós para sempre", mas
"estará em vós". Aquilo que prova demais nada prova.
Existe, de facto, evidência de que
em certo período de sua vida Jones tornou-se ríspido e conflitante. Ele perdeu
seu apego à graça da mansidão para tornar-se um amargo crítico de seus
ex-irmãos. Mas isso foi mais de uma década toda após Mineápolis. Há
"dois" Jones's: (a) o "servo de Deus" de 1888-1903 que em
geral honrava sua comissão e justificava suas "credenciais
celestiais", conquanto às vezes revelando fraquezas humanas; e (b) o Jones
pós 1903 que perdeu o rumo tragicamente. Opositores modernos de Jones confundem os dois. E os anos realmente
críticos foram 1888-1893, pois a oposição tinha endurecido tanto por essa
ocasião que nossa longa jornada tornou-se inevitável após 1893. O registro de
Jones durante aqueles anos pioneiros parece claro.
A literatura do Centenário sobre
Jones deixa de dar atenção a um ingrediente que falta no fascinante
relato. Durante aqueles anos pioneiros de sua fidelidade, ele sofreu severa
"perseguição" "anti-cristã", para tomar por empréstimo
frases de Ellen White (General Conference Bulletin [Boletim da
Associação Geral] 1893, p. 184). Seu impacto cumulativo desequilibrou e afectou
suas faculdades espirituais. O Senhor não poderia ter cometido um erro em
escolhê-lo para seu papel singular--proclamando "o começo" da
mensagem do alto clamor. Nem errou Ellen White em apoiá-lo. "Em grande
medida" sua falha posterior é a consequência de "nossa"
descaridosa rejeição de sua mensagem, que Ellen White frequentemente
assemelhava ao espírito dos antigos judeus em rejeitar a Cristo.
A falha de Jones, assim, teve algo a
ver com a consequência do que ela dissera quanto a nossos irmãos insultarem o
Espírito Santo. Quando Ele vier na forma da bênção da chuva serôdia e for
"insultado", nesse sentido único tem que partir. A bênção da chuva
serôdia precisa ser removida no próprio tempo quando é desesperadamente
necessitada. Contudo, o fermento do tempo
não pode ser detido; a história precisa prosseguir, e daí todos os
tipos de coisas más se desenvolvem. Essa é a nossa história denominacional.
Knight insiste em que Ellen White
não se preocupava com aspectos doutrinários ou teológicos da mensagem de Jones
e Waggoner. Os seus próprios escritos, porém, demonstram uma profunda
preocupação pelos mesmos. Ela insta a Igreja a "começar a viver a vida
cristã de atenção aos outros agora", mas sem o benefício da
"preciosíssima mensagem" que o Senhor enviou e que somente pode
tornar tal reforma uma realidade. Assim, sua posição [de Knight] logicamente
faz retardar o relógio da reforma e deturpa uma centena de anos de história.
Em tempos pré-Mineápolis Ellen White
frequentemente instava a Igreja a começar a viver "a vida cristã de
atenção aos outros agora". Mas ela se queixava de que suas exortações eram
em grande medida ineficazes. Quando a mensagem de Jones e Waggoner vieram, ela
regozijou-se porque viu como podia transformar os imperativos adventistas em
capacitadoras alegrias. A posição de Knight logicamente reitera a oposição a
1888, prendendo-se aos imperativos legalistas populares enquanto denegrindo o
capacitador evangelho dado por Deus, implícito na verdadeira mensagem de 1888
por si mesma.
(4) A Adventist Review
[Revista adventista] de 7 de janeiro de 1988, na "Edição do
Centenário" honra, por um lado, a mensagem de 1888 enquanto, por outro, a deprecia ao dizer que
"Jones e Waggoner tinham o erro em mistura com a sua mensagem". Em
outras palavras, temem a mensagem deles! De modo significativo, a edição
inteira não lhes permite dizer uma palavra, tornando-os virtualmente persona
non grata mesmo mais eficientemente do que fez o editor da Review
um século antes. As questões singulares essenciais da mensagem deles não
encontram lugar nessa edição. Contudo, Lutero, Paul Tournier, e até Urias
Smith, o mais destacado oponente da mensagem deles, têm permissão de falar.
(5) Ministry, International
Journal for Clergy [Ministério, revista internacional para o clero],
fevereiro de 1988, Edição Especial Sobre
Justificação Pela Fé. Os principais pontos como estabelecidos pelos vários
escritores podem ser brevemente sumariados em itálico. Nossos comentários que
os acompanham não têm a intenção de serem críticos ou descobridores de faltas.
É uma bênção que esta revista tenha sido publicada, pois tem conduzido muitas
mentes perquiridoras ao estudo dessas questões. Esses comentários são oferecidos
em vista da brevidade do tempo enquanto o Senhor ainda comissiona os quatro
anjos a segurarem os quatro ventos um pouco mais:
(a) "A Assembléia de 1888
foi marcada por aberta rebelião contra Ellen White de parte de um vasto número
de nossos pastores. Ela chegou mesmo a perguntar-se a certa altura se Deus não
deveria despertar um outro movimento, contudo,
sua confiança na direcção de Deus de Sua Igreja foi restaurada. A
maioria dos delegados, "os ministros em geral", "quase
todos", opuseram-se ao começo da gloriosa mensagem do alto clamor."
(cf. pp. 4, 6).
Este primeiro artigo é um desvio
radical de décadas de insistência da parte da liderança sobre um ponto de vista
oposto--de que quase todos os delegados de 1888 aceitaram a mensagem. É motivo
de regozijo que a verdade da história de 1888 esteja sendo agora reconhecida,
e o Senhor, na plenitude do tempo, pode acrescentar Suas bênçãos a isso. De
todo o coração concordamos com a segurança esperançosa desse artigo de que no
final a verdade triunfará e de que a Igreja ainda responderá à direcção do
Senhor. O conhecimento da verdade de nossa história deve preparar a Igreja para
o arrependimento e reconciliação com o Espírito Santo.
(b) "Realmente não sabemos o
que foi a mensagem de 1888 porque as
apresentações de Jones e Waggoner em Mineápolis não foram registradas
taquigraficamente. Temos de confiar nos sermões e escritos de Ellen White e no
que os expositores modernos presumem ser a mensagem." (cf. pp 15, 16,
23-33).
A mensagem de Jones e Waggoner não
se limitou às apresentações em Mineápolis, supostamente sem registro. Os
endossos de Ellen White relacionam-se com as apresentações deles em andamento
até 1896, e mesmo depois. Por exemplo, a sua famosa declaração de que a
mensagem é "preciosíssima" não faz menção seja a Mineápolis ou 1888,
mas é datada de 1896. (L. E. Froom declara que a viúva de Waggoner lhe disse
que ela de facto registrou as apresentações de seu marido de 1888 em
taquigrafia, e que ele adaptou e expandiu o material para seus editoriais de
1889 de Signs [Sinais], seu livro de 1890 Christ and His
Righteousness [Cristo e Sua justiça], e The Glad Tidings [As boas
novas].
Os livros de Ellen White, como Steps
to Christ [Caminho a Cristo] e Desire of Ages [O desejado de todas
as nações] são maravilhosos. Não obstante, ela nunca reivindicou que seus
escritos tornassem a mensagem de Jones e Waggoner de 1888 ultrapassada. Nem
jamais reivindicou que seus livros apresentavam a mensagem da chuva serôdia ou
do alto clamor, a despeito de ter alegado isso com relação à mensagem de 1888.
Milhões de exemplares de Steps têm sido vastamente circulados, contudo a
chuva serôdia ainda não ocorreu. Por quê? Outro milênio de recebimento da chuva
temporã não levará o grão à colheita porque a chuva serôdia é essencial. É
sábio depreciar a mensagem que Ellen White declarou que assinalava o seu
começo?
(c) "A mensagem de
justificação pela fé como apresentada por Jones e Waggoner continha erro. Ela
levou às heresias da "carne santa" e panteísmo. Ellen White criticou
a mensagem deles e achou-a em falta ." (cf. p. 13, 61).
Todo escritor que retrata a mensagem
como sendo errônea apega-se àquela sentença
isolada e excepcional de Ellen White--"Algumas interpretações das
Escrituras dadas pelo Dr. Waggoner eu não considero como correctas" (Ms.
15, 1888). Torcer isso do seu contexto nega literalmente centenas de outras
declarações que expressam endosso indiscutível. Somente uma metodologia
viciada pode interpretá-la como crítica da teologia de Waggoner quando ela
declara na mesma página: "O que tem sido apresentado harmoniza-se
perfeitamente com a luz que Deus tem-Se comprazido em conceder-me". Poucos
dias depois ela acrescenta: "Quando eu . . . tinha ouvido por primeira vez
os pontos de vista do Pastor E. J. Waggoner,. . . declarei que tinha ouvido
preciosas verdades proferidas a que eu poderia responder de todo coração".
"Cada fibra de meu coração disse amém" (Ms 24, 1888; Ms. 5, 1889). Se
pomos o "eu" em itálico, como ela bem poderia ter destacado no Ms. 15
da sentença sobre 1888, toda contradição é removida. Ela declara que está
pronta para trocar opiniões pessoais preconcebidas por luz maior.
O teste final da mensagem singular
de Jones e Waggoner é o testemunho das Escrituras. Aqui a evidência é também
sólida.
(d) "Uma parcela
significativa da culpa pela rejeição, por parte da liderança da Igreja, da
mensagem entre 1888 e 1896 repousa com Jones e Waggoner, que eram basicamente
homens não convertidos naquela época, "orgulhosos, teimosos". Eles
revelavam um espírito não santificado ao apresentar sua mensagem de
justificação pela fé." (cf. pp. 11, 13, 61).
Nenhuma evidência da parte de Ellen
White dá respaldo a essas negras alegações. Tampouco as encontramos na
correspondência recentemente publicada de contemporâneos de 1888 a 1896. É
difícil entender como o Senhor escolheria dois mensageiros para uma obra
especial em 1888 se eles nesse tempo fossem não-convertidos, ríspidos,
insuportáveis, arrogantes, orgulhosos, teimosos, encrenqueiros, etc.3
(e) "Vários escritores
sugerem que experiência pessoal e simpatia são mais importantes do que a verdade.
Outro confronta isso declarando que a verdadeira experiência não pode ter lugar
sem compreender-se a verdadeira doutrina. Mas a ênfase desse Ministry é
que não precisamos da doutrina ou dos ensinos teológicos da mensagem de 1888
por si mesma e que é desorientador dar sério crédito a eles ."(cf. pp.
16, 61).
A justificação pela fé bíblica
declara que o "evangelho é o poder de Deus para a salvação". Há nela
uma "verdade do evangelho" doutrinária que contradiz a falsidade de
"outro evangelho". "A verdade vos tornará livres". O erro
doutrinário corrompe e paralisa o evangelho, mesmo quando apresentado em
pequena quantidade. Uma "experiência" correcta na época das questões
finais será impossível sem a plena verdade do evangelho que comunica um
conhecimento salvador como seu aspecto intrínseco.
(f) "Não há diferença entre
"fé da trasladação" e "fé da ressurreição". Os que
defrontam o tempo de angústia final não vencerão nem refletirão o caráter de
Cristo de modo mais significativo do que os que viveram em eras passadas."
(cf. p. 42).
Isso parece ser uma contradição do
que se segue: "Os que estão vivendo sobre a terra quando a intercessão de
Cristo cessar no santuário acima devem permanecer à vista de um Deus santo sem
um mediador. . . . Deve haver uma obra especial de purificação, de remoção do
pecado, entre o povo de Deus sobre a Terra" (The Great Controversy
[O grande conflito], p. 425; ver também p. 623). Desde os inícios do Movimento
Adventista nosso povo tem reconhecido a natureza singular da fé madura daqueles
que estão prontos para recepcionar a Cristo em Seu retorno; se isso não
estivesse claramente apoiado por muitas declarações da Bíblia e do Espírito de
Profecia, deveria ser descartado como o Ministry recomenda. Mas o apoio
inspirado é volumoso.
(g) "O que dizemos é menos
importante do que o modo por que o dizemos. Em outras palavras, a verdadeira
doutrina parece menos importante do que uma personalidade agradável."
(cf. p. 61).
Levada a sua conclusão lógica, essa
posição poderia dar crédito à marca da
besta em lugar do selo de Deus, desde que o proponente demonstre o que parece
ser um espírito mais agradável e simpático. "Muitos homem de refinado
intelecto e maneiras agradáveis . . . são meros instrumentos polidos nas mãos
de Satanás" (Great Controversy, p. 509). O Novo Testamento ensina
que enquanto a verdade como ela é em Jesus sempre tornará o crente semelhante a
Cristo em espírito, também tornará alguém agressivo pela verdade num sentido
santificado; e os mensageiros de 1888 notavelmente o demonstraram.
(h) "A apostasia de Jones e
Waggoner é uma advertência para que não confiemos em sua mensagem. Em outras
palavras, não pode ser "preciosíssima" se conduziu à derrocada final
deles." (cf. pp. 13, 61).
Isso não se harmoniza com as várias
declarações de Ellen White de que o fracasso ou apostasia dos mensageiros de
modo algum invalidará a mensagem deles, mas aqueles que assim pensam estarão
sob um "engano fatal" (Carta S24, 1892).
(i) "Ser um reformador é uma
má idéia porque é perigoso. Geralmente os reformadores gozam de baixo conceito."
(cf. p. 62).
Ser um "reformador"
fanático e auto-designado é indiscutivelmente perigoso; mas cooperar com o
Espírito Santo em reforma não pode ser perigoso. A Igreja precisa
desesperadamente de genuíno reavivamento e reforma, e pode não ser seguro
esperar que outra geração a efetue.
(j) "A teologia e pregação
adventista são mais cristocêntricas hoje do que antes de 1888. Isso indica elogiável
progresso espiritual desde 1888." (cf. p. 62).
Isso pode bem ser verdade, mas se
assim é ou não dependerá mais do julgamento de Cristo do que do nosso. Sua
mensagem em Apocalipse 3:14-17 é ainda aplicável? Certamente os elementos
essenciais da mensagem de 1888 ainda estão sendo objecto de oposição e tem sido
mesmo silenciada cem anos depois, e o mundanismo e mornidão abundam. Isso não
seria verdadeiro se o puro evangelho fosse claramente proclamado, pois é
"o poder de Deus para a salvação". Cuidadosa análise de motivos pode
revelar que há muito mais legalismo ainda implícito em nosso ensino actual do
que nos damos conta.
(k) "A mensagem de 1888 foi
bem aceita na década que se seguiu a Mineápolis, e o novo presidente da
Associação Geral, O. A. Olsen (não A. V. Olson) apoiou-a
'entusiasticamente'." (cf. p. 62).
Essa afirmativa é refutada pelos
testemunhos de Ellen White de 1896 que representam Olsen agindo "tal como
Arão" ao submeter-se debilmente à influência dominadora de oponentes
determinados da mensagem. Ver suas claras declarações citadas neste livro, no
capítulo 15.
(l) "A oração de Daniel no
capítulo 9 não expressa arrependimento
colectivo, mas intercessão, nem apóia a idéia de que uma geração pode
arrepender-se pelos pecados de uma anterior. A idéia de arrependimento colectivo
é também confundida nessa revista, presumindo-se que significa uma acção formal
da Associação Geral em assembléia, reconhecendo o erro de um século atrás, e
lamentando o facto de modo 'oficial'." (cf. pp. 34-36; 7, 8).
Algo mais precisa de estudo--a
realidade da culpa que o mundo todo compartilha pela morte do Filho de Deus (Testimonies
to Ministers [Testemunhos para ministros], p. 38; Desire of Ages [O
desejado de todas as nações], p. 745; Romanos 3:19). Deveriam somente os
antigos judeus e romanos arrepender-se por esse pecado? O Calvário sumaria a
culpa colectiva do mundo--culpa pelos pecados que podemos não ter cometido
pessoalmente, mas cometeríamos, não fosse pela graça de Deus devido a nossa
inimizade humana natural contra Ele (Romanos 8:7). Essa culpa é compartilhada
por todo ser humano, à parte de arrependimento específico. O Ministry
deve também reconhecer a experiência de Cristo de arrependimento colectivo em
favor do mundo, como o Seu baptismo demonstra (In Heavenly
Places [Em lugares celestiais], p. 252; Review and Herald, 21 de
janeiro de 1873; General Conference Bulletin, 1901, p. 36). O arrependimento
colectivo bíblico é pessoal, arrependimento individual pelos pecados de outros
como se fossem os nossos próprios, como o seriam não fosse pela graça de
Cristo. Todos precisamos da justiça de Cristo imputada 100%. A confusão em
reconhecer a verdadeira profundidade do arrependimento colectivo frustra a
mensagem da justiça de Cristo, deixando implícito que não precisamos de sua completa
imputação.
Nenhum ministro ou erudito
responsável, quanto saibamos, jamais foi tão ingênuo para recomendar um voto
formal por uma Associação Geral em assembléia, ou mesmo por uma comissão, como
um método de endireitar o erro de 1888. "Confissão colectiva" tem-se
revelado sempre um termo inapropriado. "Arrependimento colectivo" é
o termo apropriado, e graças a Deus tem sido agora reconhecido como digno de
sério estudo.
(m) "Deus tem
pré-determinado o tempo para a segunda vinda de Cristo. Desse modo, para evitar
um "quadro distorcido" devemos desconsiderar declarações inspiradas
que dizem que a temos retardado por nossa descrença ou que podemos apressá-la
por arrependimento e verdadeira fé. Presume-se que Cristo retardou Sua vinda,
mas seguir-se-ia logicamente que é "ímpio" sugerir que a temos
retardado." (cf. pp. 41-45).
Isso é o oposto do que Cristo
declara em Sua parábola. Essa tese
prende-se a duas declarações isoladas de Ellen White, ambas aplicadas
equivocadamente e uma realmente citada de modo errado. Conquanto seja verdade
que o retorno de Cristo tem sido retardado, não foi Ele quem o retardou, mas nós:
(i) "Como as estrelas no vasto
circuito de seu caminho designado, os propósitos de Deus não conhecem pressa
nem atraso" (Desire of Ages [O desejado de todas as nações], p.
32). Neste ponto Ellen White discute a primeira vinda de Cristo, não Sua
segunda. Notem o contexto: "A hora da vinda de Cristo havia sido determinada.
Quando o grande relógio do tempo assinalou aquele momento, Jesus nasceu em
Belém". O autor presume que em vista de ter havido um tempo
pré-determinado para a primeira vinda de nosso Senhor, deve haver a mesma coisa
para a segunda. O primeiro foi estabelecido pelas profecias de tempo de Daniel;
a segundo fica numa categoria diversa: "Nos dias da voz do sétimo anjo,
quando ele começar a soar" não mais haverá kronos (Apocalipse
10:7,6). Em outras palavras, desde 1844 não há mais tempo pré-determinado,
predestinado.
(ii) "A aparente demora não o é
assim em realidade, pois na ocasião designada, nosso Senhor virá" (Carta
38, 1888). Nosso autor posteriormente cita de forma errada isto como "Seu
'tempo designado'", quando o Senhor mesmo explica o que é o
"tempo designado"--não pré-determinismo, mas "quando o grão
estiver maduro" imediatamente será aplicada a foice. "É já vinda a
ora de segar, porque já a seara da terra está madura" (Marcos 4:39;
Apocalipse 14:15). Nosso autor não faz referência a essas duas passagens
bíblicas fundamentais, mas virtualmente leva Ellen White a contradizer ambas.
Ele ainda comenta que "Ellen White realmente disse que Cristo retardou Sua
vinda", mas a faz empregar a linguagem do servo infiel da parábola. Na
realidade nós é que a retardamos.
Esta tese introduz um elemento de
calvinismo no pensamento adventista, descartando a realidade do evento de 1888
em relação com o tempo do segundo advento. A infinita presciência do Pai não
permite um fio de pré-determinismo calvinista.
(n) "'A Dinâmica da
Salvação' é recomendada como uma declaração de
justificação pela fé tão completa e eficaz que virtualmente torna
desnecessária a publicação da própria mensagem de 1888. Aqui há evidência de
que a liderança entende, crê e prega a mensagem. O prefácio deplora o facto de
que alguns acusam a liderança da Igreja hoje de manter as posições sobre
justificação pela fé daqueles que se opunham à mensagem de 1888 um século atrás."
(cf. pp. 22-28).
(i) É evidente que isso se tornou
uma questão sensível e carregada emocionalmente. É verdade que os autores
presentes têm de facto tomado a posição por anos de que nossa
"justificação pela fé" popular de hoje é em grande medida uma
combinação daquela das igrejas observadoras do domingo e daquilo que ensinavam
os que se opunham à mensagem de 1888 um século atrás.
(ii) Os autores presentes devem
confessar que criam que a evidência indica que nossa longa jornada pelo deserto
por um século e a mornidão da Igreja em escala mundial são evidências concretas
da rejeição da mensagem de 1888 deixando nosso povo dela carente. Nós não
desejamos antagonizar nossos irmãos; apenas queremos ser honestos em declarar
nossas convicções segundo a consciência requer, e declará-las num espírito de
amor e lealdade cristãs.
(iii) Essa questão é tão vitalmente
importante que a Igreja mundial deve considerá-la candidamente. Se nossa
posição for equivocada, a Igreja mundial deve rejeitá-la decididamente. Se
estivermos certos, nada poderia ser mais importante para estabelecer o lado da
verdade. Precisamos honestamente analisar a mensagem de 1888 nos escritos
existentes, e comparar com ela nossas apresentações contemporâneas do
evangelho. As posições predominantes da Igreja podem ser analisadas em seus
motivos nas publicações denominacionais. Descobriremos que os mensageiros de
1888 empreenderam uma reviravolta no entendimento doutrinário e prático que supera o calvinismo
e o arminianismo, indo muito adiante de ambos. Esta foi a razão para a década
de entusiasmo de Ellen White pela mensagem deles. Uma mensagem que mais
claramente recupera as verdades plenas do evangelho do que o realizaram os
reformadores do século 16 ou os nossos próprios exegetas de hoje devem iluminar
a terra com glória.
(iv) As reivindicações feitas para
este documento são semelhantes às do presidente da Associação Geral de 1952 na
Conferência Bíblica de Sligo. Ele alegou que a mensagem apresentada ali superou
a mensagem de 1888. É fútil que o Ministry reivindique que nossos
eruditos façam o mesmo hoje, e é igualmente fútil para estes autores presentes
manterem que não o fazem. Que a Igreja mundial considere a evidência objetiva
comparando os dois.
(v) O que se segue são alguns dos
conceitos singulares de 1888: justificação legal e a eficácia do que é pela fé;
as gloriosas boas novas dos dois concertos; o portentoso poder de Cristo para
salvar do pecado que perdura; Sua proximidade em assumir nossa natureza humana
pecaminosa; a iniciativa do Espírito Santo em salvar os perdidos; a iniciativa
do Bom Pastor em buscar Suas ovelhas perdidas; a possibilidade de vencer todo o
pecado tal como Cristo venceu em nosso benefício; a certeza de uma geração
final que reflete a perfeição do carácter de Cristo; a relação prática da
purificação do santuário celestial com a purificação dos corações humanos; a
motivação de preocupação com a honra de Cristo que transcende a busca
centralizada no eu de recompensa ou de evitar a punição; a realidade dos
perdidos tomarem a iniciativa de se perderem; e a verdade de que o sacrifício
de Cristo realizou muito mais do que fazer uma mera provisão que nada faz a
menos que façamos alguma coisa--Ele deu o Seu sangue pelo mundo, portanto o
mundo deve-Lhe sua vida presente. A mensagem de 1888 alcançou as profundezas da
expiação numa maneira que deve ainda captar a atenção do mundo.
Com a excepção de uns poucos breves
excertos, um escritor cita de Waggoner sem que nenhuma das declarações de
endosso por Ellen White tenha permissão de falar no Ministry. A revista
de 64 páginas é dedicada a 1888, contudo o leitor não vê indício algum da
autêntica mensagem, propriamente dita, tal como "o Senhor em Sua grande
misericórdia" a enviou. Indubitavelmente a razão é que os editores sabem
que todo elemento singular dessa mensagem é controvertido hoje, de modo que a
própria mensagem de 1888 tem agora se tornado a pedra de tropeço e a rocha de
ofensa à Igreja Adventista do Sétimo Dia, como Cristo se tornara para os
antigos judeus.
(6) Perfect in Christ
[Perfeitos em Cristo], por Helmut Ott (Review and Herald, 1987) é recomendado
na Adventist Review de 7 de janeiro de 1988, p. 21. "Enfoca dois
temas da assembléia de 1888: a obra de Cristo hoje em assegurar salvação
àqueles que O aceitam, e a justiça todo-suficiente de Cristo imputada à
humanidade mediante a fé".
De facto, a tese básica desse livro
está em directa contradição com a mensagem da justiça de Cristo de 1888.
Contudo, o autor manipulou tão espertamente as Escrituras e declarações de
Ellen White que os editores da Review presumiram que o manuscrito ensinava um
justificação pela fé válida.
A idéia básica é que nosso poderoso
Salvador é tão fraco que nunca capacita "crentes a desenvolverem perfeita
justiça ou alcançar maturidade espiritual" ou demonstrar Sua justiça
"na história de sua vida pessoal". O persistente pecado e injustiça
prática é convenientemente coberta pela substituição legal da perfeita justiça
de Cristo. O autor cria um homem de palha que pode ridicularizar com o uso de
seu próprio verbo rebaixador: "Os crentes na verdade" não "alcançam
. . . perfeita justiça . . . na história pessoal de suas vidas".
A verdadeira questão, porém, não é se os crente alcançarão um carácter
semelhante ao de Cristo, mas se mediante fé Nele demonstrarão tal carácter
"na história pessoal de suas vidas". As Escrituras esmagadoramente
dizem que o farão.
O exemplar perde de vista o conceito
de justificação pela fé de 1888. A declaração legal de justificação que
é resultante do sacrifício de Cristo aplica-se ao "mundo todo" , a
"todos os homens" (Romanos 3:23, 24; 5:18; 2 Coríntios 5:19; 1 João
1:29, etc.) Mas aqueles que respondam às Boas Novas, que crêem,
experimentam justificação pela fé, e são assim tornados verdadeiramente
obedientes a todos os mandamentos de Deus. A instrumentalidade que opera esse
milagre é a "fé que opera pelo amor". Assim o povo de Deus demonstrará
"na história pessoal de suas vidas" uma verdadeira obediência.
O pessoal dos Depositários de Ellen White
preparou no princípio de 1988 uma "Análise" do livro de Ott que
conclui ser incompreensível ter podido ser publicado por uma editora adventista
do sétimo dia. A análise demonstra que tal livro torna "de nenhum efeito o
testemunho do Espírito de Deus" como apresentado nos escritos de Ellen
White, e que os argumentos utilizados são respaldados pelo mesmo uso distorcido
e interpretações falsas das declarações de Ellen White que caracterizavam a
pesquisa de Desmond Ford (20 de janeiro de 1988).
(7) Grace on Trial [Graça em
julgamento], por Robert J. Wieland é o manuscrito de um livro solicitado em
1987 pelos editores da Pacific Press que planejavam lançar a obra no mercado
para as reuniões campais de 1988. Foi devidamente submetido aos editores de
acordo com os procedimentos denomacionais normais. Após o exame do manuscrito,
os editores votaram por sua publicação e procederam às providência para tanto.
Quando estava nos estágios iniciais do processo de produção, a Associação Geral
interveio e forçou-os a rejeitá-lo.
Caso houvesse sido publicado pela
Pacific Press, teria sido o primeiro livro da Série do Centenário que
permitiria aos mensageiros de 1888 apresentarem sua mensagem com as próprias
palavras.
(8) What Every Adventist Should
Know about 1888 [O que todo adventista devia saber sobre 1888], por Arnold
V. Wallenkampf (Review and Herald, 1988) é um marco em nossa história
denominacional. Uma versão expandida de quatro artigos não publicados que o Dr.
Wallenkampf escreveu em 1979, esse livro contradiz totalmente a tese
"rico-de-nada-tendo-falta" das principais obras sobre 1888 que têm
sido publicadas com apoio oficial ao longo dos últimos quarenta anos.
O autor torna abundantemente claro
que a mensagem graciosa foi objecto de resistência e rejeitada pela
"maioria dos ministros na assembléia [de 1888]", e que a resistência
prosseguiu "com o passar dos anos". Ele declara que temos estado num
"estado de rebelião contra Deus". Os dirigentes adventistas do sétimo
dia "trataram cruelmente" o Espírito Santo com "palavras duras .
. . dirigidas ao próprio Cristo".
Nossa verdadeira história é um "conluio", "traição e
crucifixão de Jesus" que "choca a imaginação". Precisamos aprender
a "não seguir líderes cegamente". "Se a maioria dos delegados da
assembléia de Mineápolis não tivessem seguido os seus líderes em rejeitar a mensagem
de 1888, Ellen White não teria deixado implícito que Cristo foi figuradamente
crucificado naquela assembléia".
Alem disso, ele faz notar que o
arrependimento dos mais influentes oponentes da mensagem "não foi de todo
o coração e completa". "Uma imperceptível maré montante de oposição
se estava erguendo contra ela" na década que se seguiu a Mineápolis.
"Em 1899 a justiça da Igreja havia se tornado nauseante ao nosso
Salvador". O exílio de Ellen White para a Austrália teve relação com a
descrença de 1888: "Foi em grande medida o mal-estar entre certos líderes
influentes para com ela e as suas mensagens que inspiraram o plano que a levou
a Austrália em 1891". A situação pouco melhorou por 1901:
"Aparentemente, de 1902 a 1904 a Igreja estava em perigo de resvalar ao
mesmo estado que havia existido antes da assembléia de Mineápolis". Ellen
White não cria que "a maioria dos adventistas do sétimo dia havia aceito a
mensagem de 1888 como uma experiência pessoal antes de sua morte em 1915".
Em 1926 A. G. Daniells "cria que a Igreja Adventista ainda estava
aguardando a experiência que Deus tinha esperado introduzir em
Mineápolis".
Segundo Wallenkampf, criamos a
trágica descrença hoje por "fazer crer" que a rejeição inicial
transformou-se posteriormente em "entusiástica aceitação". "Se
não apresentarmos de modo claro a história da assembléia da Associação Geral e
sua consequência, nós como denominação perpectuamos o pecado cometido em Mineápolis
em 1888. Ao fazê-lo, unimo-nos aos nossos antepassados espirituais e
virtualmente crucificamos a Cristo de novo na pessoa do Espírito Santo".
Um dirigente da Associação Geral
está por fim falando abertamente: "Cabe a nós como povo confessar que por
longo tempo temos em grande medida passado por alto a virtual rejeição da
mensagem de 1888. . . . Deus deseja que todos os Seus seguidores sejam verazes
e honestos". "Nossa presente responsabilidade é contar a verdade
sobre a assembléia de Mineápolis de 1888 e o que se seguiu a ela. Não há
virtude em dizer que tudo tem estado bem quando assim não é". Essas são
palavras dele, não nossas.
Amém!
Que o Espírito Santo em grande
misericórdia capacite-nos todos a ser honestos neste ano do Centenário! Ele
pode conceder reavivamento, reforma, e arrependimento se nos simplesmente
dissermos a verdade plena e pararmos de reprimi-la ou negá-la. Isso trará
reconciliação com Cristo e há de curar nossas alienações internas. Certamente
1000 anos é tempo suficiente para defrontar a realidade do chamado de Cristo ao
"anjo da igreja de Laodicéia" para o arrependimento.
(Wallenkampf reconhece que esse "anjo" é a liderança da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, e que nossas décadas de negação têm produzido
mornidão em escala mundial e letargia na Igreja). A evidência é agora clara de
que Cristo já esperou demais. Ele não pode suportar para sempre a Sua náusea.
Ocorre definido progresso no ano do
Centenário de 1988. O enfoque de atenção denominacional a 1888, sua história e
sua mensagem, mesmo através de informação equivocada, pode ser abençoado pelo
Senhor para o despertamento de muitas mentes. Especialmente os jovens que estão
sendo confundidos pelo adventismo contemporâneo ficarão intrigados pelo novo
candor. E o Espírito Santo permite até a publicação de falsidades para serem
superadas por mais profundas delineações de verdade. (Wallenkampf ataca a idéia
de arrependimento colectivo mas dá clara evidência de que sinceramente não a
compreende. O difundido ridículo quanto a arrependimento colectivo e
denominacional em 1988 será superado pelo Espírito Santo para despertar muitas
mentes sérias levando-as a ponderarem mais profundamente sobre o chamado de
Cristo em Apocalipse 3:19. É abominável para os líderes adventistas acumularem
desprezo sobre o Seu chamado).
É de se esperar que esta geração
chegue a reconhecer nossa verdadeira necessidade espiritual como um povo, e
experimente uma fome e sede pela justificação (pela fé) que o Senhor em Sua
grande misericórdia tentou nos dar. O arrependimento não pode ser operado por
nós próprios ou mesmo forçado pela publicação da esmagadora evidência
documental. Permanece um precioso dom de Deus.
Esperamos e oramos para que Ele
graciosamente o conceda a esta geração.
1 J. S. Washburn disse a estes autores do
incidente em 1950, seu contexto, porém, também apóia fortemente a Jones como
demonstrando suas "credenciais celestes" na época. Ver transcrição da
entrevista de 4 de junho de 1950 publicada no 1888 Message Study Committee
Newsletter [Boletim da Comissão de Estudo da Mensagem de 1888], 2934
Sherbrook Drive, Uniontown, Ohio 44685.
2 Fontes para as citações de Knight e Ellen
White se acham em A. T. Jones: The Man and the Message (1888 Message
Study Committee,
3 Numa carta a Jones muito depois de ele ter
"apostatado" Ellen White disse que ele "nunca havia sido
inteiramente convertido" (19 de novembro de 1911). Se o "nunca"
remonta ao tempo em que o Senhor o susteve nos seus labores, temos um sério
problema com o endosso de Ellen White e com a obviamente contrita experiência
de Jones naquela época. A frase "nunca havia" mais provavelmente faz
referência à época de seus apelos a ele no período pós 1900, quando era um
homem que havia "perdido suas estribeiras", e assim perdera sua
conversão.
A
JUSTIFICAÇÃO E JUSTIÇA PELA FÉ
Comparação
de Três Pontos de Vista Contrastantes
Pr.
Robert J. Wieland, 30.08.1977
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
1.Começa
com a necessidade do homem por segurança eterna. Assim o apelo é centrado no
eu. Nunca vai além do egocentrismo.
2.O
amor de Deus é em si mesmo egocêntrico. Cristo foi sustentado por interesse
centrado no eu. Ele não morreu o equivalente da segunda morte, mas foi
imediatamente ao Paraíso, como a doutrina da imortalidade natural da alma
requer. Assim o verdadeiro amor do Novo Testamento, ágape, é eclipsado e
anulado.
3.Fé
é confiança no sentido de uma pessoa gananciosa querer garantir a
segurança pessoal na salvação. Embora haja muito falar de Cristo,
mas de facto tudo se centraliza no eu e a fé permanece como o meio de
satisfazer a insegurança pessoal.
4.Jesus
ensinou que o amor-próprio é uma virtude - "amarás o teu próximo como a
ti mesmo". Mas são forçados a mal compreender a Sua ordem. O erro
fundamental da imortalidade natural da alma lança fora de foco de forma errada
todos os seus pontos de vista sobre a justiça pela fé.
5.Deus
há muito tempo fez uma provisão para a nossa salvação, mas Jesus não faz nada
por nós até que o aceitemos. Assim, a idéia trasmitida é que se formos
salvos será devido à nossa própria iniciativa. E se estivermos perdidos é Deus
que tomará a iniciativa de nos punir.
6.O
evangelho é as boas novas do que Deus fará por nós se fizermos a nossa
parte, isto é, aceitar a Jesus e assim mudar nosso irado Deus num amigo.
O
Ponto de Vista Atual
Adventista
do Sétimo Dia
1.Muito
similar. O apelo comum é para nosso egoísmo natural. Parece difícil concebermos
qualquer outro apelo mais efectivo do que o egocên- trico. Começa com a
necessidade do pecador.
2.Mui
poucos de nossos escritores e pregadores contemporâneos reconhe-cem a natureza
egocêntrica do amor como entendido pelas igrejas populares, em contraste com o
amor abnegado do Novo Testamento (ágape). Muita confusão sobre o
significado do amor.
3.Praticamente
a mesma coisa. A fé é quase universalmente definida nos mesmos termos como os Evangélicos.
4.Jesus
ensinou que o amor do eu é uma virtude, uma pré-condição necessária para amar
os outros. O amor-próprio é fortemente enfatizado, sendo extremamente popular. O
amor do eu e o apropriado respeito próprio são confundidos.
5.Deus
tem feito uma provisão para nossa salvação, mas isto não nos fará nenhum bem
até que aceitemos a Cristo. O egocentrismo distorce e altera todos os
conceitos de justificação. Isto é inevitável quando o pecador é ensinado que
tudo depende do que ele faz com a oferta de Deus.
6.O
evangelho é as boas novas do que Deus fará por nós se fizermos a nossa
parte. Tudo depende de nossa iniciativa agora. Ele espera que nós demos o
primeiro passo.
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
1.Começa
com a revelação do amor de Deus na cruz (I Cor.
2:1-5).
O
apelo é por uma motivação mais elevada - amor e gratidão. Assim não é
egocêntrico.
2.O
verdadeiro amor é absoluto- mente abnegado, desejando mesmo abdicar da salvação
pessoal pelo bem dos outros. O amor de Cristo é o modelo. Ele morreu o
equivalente da segunda morte. Este amor, ha- bitando no coração, expulsa o
ego- centrismo, a causa da mornidão, e terminará a obra do evangelho.
3.Fé
é uma apreciação tão profunda do amor sacrifical de Deus que o crente é
constrangido a adoptar os princípios do Céu de amor abnegado como a motivação
para todos os seus actos. Faz o que é certo porque é certo e não com a
esperança de recompensa ou medo de punição. Conquista o egocentrismo e a
mornidão.
4.Jesus
ensinou que a pessoa convertida amará o seu próximo como, antes da conversão,
achava natural amar a si mesma. Somente quando o eu é crucificado com Cristo
podem os homens ter um verdadeiro senso do valor próprio. Isto ocorre quando o
amor-próprio, o pilar central do reino de Satanás, é expulso da alma pela fé.
5.Cristo
justificou a todos os homens; as boas novas assim lhes dizem. Pelo Espírito,
Jesus, persistente e activamente, atrai a todos até que O façam
retirar-Se pela persistente rejeição. As boas novas não são SE
fizermos a nossa parte, mas se realmente apreciamos o que ELE tem feito
(ter fé). A verdadeira aceitação é a fé real.
6.O
evangelho é as boas novas do que Deus fez e está fazendo por nós agora.
Ele nos tem atraído em toda nossa vida (Jer.
31:3, João 12:32). Se não resistirmos,
seremos salvos. O evangelho motiva para uma verdadeira entrega do coração, uma
resposta da fé. (Caminho a Cristo, p. 27).
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
7.Para
Deus nos aceitar depende de aceitarmos a Cristo. Estamos fora da família
de Deus até que aceitemos a Cristo.
8.Deus
torturará o perdido num inferno de fogo eterno. A doutrina da imortalidade
natural da alma requer isto. O motivo egocêntrico distorce dessa forma seu
ponto de vista sobre o carácter de Deus.
9.Remissão
é o perdão dos pecados por Deus. Nenhuma distinção entre o perdão e o
apagar os pecados. Deus virtualmente desculpa o pecado na base da obra
terminada por Cristo no Calvário.
10.É
difícil ser salvo e fácil perder-se, mas de modo geral não desenvolveram essa ideia
tanto quanto nós.
11.O
pecador deve ser pressionado a aceitar e se entregar a Cristo - aceitando a
Cristo enquanto continua a ser centrado no eu e desobediente a lei de Deus.
12.Quando
o pecador aceita ele é justificado.
13.A
justificação pela fé é um acto judicial de contabilidade por Deus em que um
homem injusto, ainda mau, é declarado justo enquanto continua a ser indulgente
com motivações pecaminosas. Motivo antinomiano (a fé e não os actos como a
única condição de salvação).
14.A
expiação é o aplacamento da ira do Pai, realizado por Cristo, contra o pecado e
pecadores, assegurando o perdão e a tolerância do pecado. No melhor é vencer o
pecado nos níveis mais baixos, apenas para vê-lo reaparecer nos níveis mais
altos.
15.Simples
mas justamente afirma-do, seu ponto de vista sobre justi-ficação e justiça pela
fé conduz à desobediência dos mandamentos de Deus. Como se pode explicar a
continuada rejeição do quarto mandamento após 1844?
O
Ponto de Vista Actual
Adventista
do Sétimo Dia
7.Deus
nos aceitar depende de aceitarmos a Cristo. Quase o mesmo.
8.Deus
torturará e destruirá o perdido num inferno de fogo que aniquila.
9.Remissão
é o perdão dos pecados por Deus. Pouca ênfase no custo envolvido ou no facto de
que a absolvição do Novo Testamento seja retirar o pecado.
10.A
maioria pensa que é difícil ser salvo e fácil estar perdido. Uma vez que poucos
serão salvos, deve ser mesmo difícil ser salvo. Através de muitos meios essa
idéia está arraigada nos jovens.
11.As
técnicas evangelísticas comuns utilizam várias formas sutis (algumas não sutis)
para pressionar o pecador a aceitar e entregar-se, tais como,
apelos altamente persuasivos para ir a frente, baseados em motivação egocêntrica,
esperança de recompensa ou medo de punição.
12.Quando
o pecador aceita ele é justificado.
13.Basicamente
o mesmo, com raras excepções. Os aspectos objectivos e subjetivos da
justificação são confundidos. Nenhuma mudança do coração ocorre nessa justificação
pela fé.
14.De
algum modo misterioso há uma expiação pelos pecados que satisfaz a ira de Deus
contra os pecadores. A quem mais pode a expiação safisfazer? Ênfase exagerada
na estrutura legalista da expiação eclipsa o poder da graça.
15.Nosso
ponto de vista popular sobre justificação e justiça pela fé por décadas não tem
verdadeiramente purificado a igreja de imoralidade, mornidão, mundanismo,
cobiça, orgulho.
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
7.Deus
já nos aceitou em Cristo. Nossa parte é crer nesta verdade, que é o evangelho.
Tal fé opera, provendo inteira motivação para a obediência.
8."Deus
não destrói o homem; todo homem que for destruído, destruir-se-á a si
mesmo". O pecado, não Deus, destrói os ímpios. A segunda morte é algo misericordioso
para finalizar a real miséria deles.
9.Remissão
é retirar os pecados. A ênfase está sobre o custo da remissão - o sacrifício de
Cristo; "a remoção dos pecados é necessária para a purificação do
santuário, e para a vindicação de Cristo.
10.É
fácil ser salvo e difícil perder-se, uma vez que compreendamos e creiamos na
verdade da justificação pela fé. O evangelho é importante pelo que ele é
- as boas novas.
11.Qualquer
uso de pressão, truques, ou medo, denuncia a ineficácia da mensagem
apresentada. A mensagem de 1888 anunciou um novo dia no evangelismo, de acordo
com E.G.White. Uma vez que a verdade seja propriamente revelada para o
pesquisador da verdade, nada pode impedi-lo de responder.
12.Na
realidade, todos os homens foram justificados quando Cristo morreu por todos.
Isto é forense.
13.Quando
Deus declara alguém justo Ele não mente. A justificação pela fé vai além
da justificação forense e envolve uma verdadeira mudança de coração. Deus conta
a fé como justiça, e a Sua declaração é em realidade avaliação ou
reconhecimento. (ver o nº 3).
14.Embora
Deus verdadeiramente odeie o pecado, o sacrifício de Cristo não O pacifica
ou O motiva para amar os pecadores, pois Ele já os amou. A propiciação é
oferecida pelo Pai; ela reconcilia o pecador crente e o universo. Como a carne
reveste os ossos, assim a graça reveste a base legal da expiação.
15.A
verdadeira justiça pela fé conduz o crente à preparação para a transladação;
mais importante, conduz a corporação da igreja para aquele objectivo
(transladação), na mesma geração que a aceita. Manifestada em obediência a
todos os mandamentos de Deus.
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
16.O
supremo objectivo na vida é conquistar a segurança eterna, ser salvo,
pois se morrermos hoje iremos para o céu.
17.O
pecado é a conduta inaceitável à comunidade cristã popular. Ela não inclui a
guarda do domingo ou a quebra do sábado.
18.O
arrependimento é um dever desagradável a ser cumprido no início da vida cristã.
19.Nascido
sob a lei (Gal. 4:4) significa que
Cristo nasceu sob as ordenanças judaicas.
20.A
natureza e a carne de Cristo eram diferentes das nossas - Ele foi imune ou
isento do pecado original.
21.Cristo
levou nossa culpa apenas vicariamente, não verdadeiramente. Isto é consequência
do citado acima.
22.A
tentação, para Cristo, não era uma coisa real que nós temos de enfrentar. Suas
tentações eram apenas tentações inocentes - isto é, era tentado apenas a fazer
coisas que não seriam pecaminosas, alguns dizem, ou Ele foi tentado como foi o
inocente Adão.
23.Cristo
era naturalmente bom. Sua vontade era idêntica a de Seu Pai.
O
Ponto de Vista Actual
Adventista
do Sétimo Dia
16.O
supremo objectivo na vida é estar preparado para entrar no céu, ganhar a eterna
segurança lá. A garantia pessoal da segurança tem a mais alta
prioridade.
17.O
pecado é a transgressão da lei - a definição padrão adventista. Com frequência
entendido superficialmente como mera quebra de um tabu moral. Muita ênfase
sobre actos conhecidos de pecado.
18.Temos
um conceito nebuloso de arrependimento. O arrependimento é considerado
inconsistente com a felicidade e a felicidade é o objectivo do cristão. Cair
sobre a Rocha é ridículo. Muita oposição à cruz do crente. O ego deve ser
satisfeito.
19.Nasceu
sob a lei em Gal. 4:4 significa que
Cristo nasceu sob a lei cerimonial judaica (cf. comentários sobre o texto,
6SDABC, 966).
20.A
maioria de nossos escritores e teólogos agora ensinam que Cristo tomou a
natureza sem pecado de Adão antes de sua queda no Éden. Assim Jesus tinha carne
santa.
21.Cristo
levou nossa culpa vicariamente e apenas assim. Ele não podia realmente levar
a culpa. Isto é em consequência da falha de entender a realidade da identidade
de Cristo com a corporação da humanidade.
22.Era
impossível, inútil, e desnecessário para Cristo ser
verdadeiramente tentado em todos os pontos como nós somos. Virtualmente o mesmo
que o ponto de vista evangélico. Essa trágica compreensão incorrecta resulta da
ignorância generalizada da mensagem de 1888. A citação acima é da Ministry
Magazine, janeiro de 1961. Indubitavelmente esse ponto de vista exacerbou
a imoralidade e o divórcio dentro da igreja.
23.Cristo
era naturalmente bom. Sua própria vontade era idêntica a de Seu Pai.
Nenhum conflito interior. Esse ponto de vista falha em apreciar a realidade da
encarnação e das tentações de Cristo como reveladas em Mateus 26:39.
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
16.O
objectivo supremo na vida é assegurar a honra e a vindicação de Cristo no
encerramento da grande controvérsia. Cristo deve receber a Sua
recompensa.
17.Tudo
quanto não procede da fé é pecado ou o pecado é tudo o que não é de fé.
(Lembre-se da definição do Novo Testamento no nº 3). O pecado não é a mera
quebra de um tabu, mas a falha em apreciar o verdadeiro carácter de Deus,
revelado na cruz.
18.O
arrependimento é uma experiência satisfatória e feliz da realidade.
Aprofunda-se através da vida. Uma sempre profunda tristeza pelo pecado
significa um sempre mais íntimo relacionamento com Cristo, que foi feito
pecado por nós. O que se gloria na cruz está comprometido com
qualquer sacrifício.
19.Nasceu
sob a lei em Gal. 4:4 significa sob a
condenação da lei moral. Assim Cristo não foi imune de nada, mas não escolheu o pecado.
Ele foi ambos Substituto e Exemplo.
20.Cristo
tomou a natureza pecaminosa do homem após a queda de Adão. Desse modo
Ele foi enviado na semelhança da carne pecaminosa. Jesus não foi isento
de nada, mas não escolheu o pecado. Foi ambos Substituto e Exemplo ao pecador.
21.Cristo
realmente levou a nossa culpa, embora Ele fosse sem pecado. Cristo
verdadeiramente Se identificou connosco completamente. Seu baptismo foi para
o arrependimento. (A palavra vicário nunca foi usada por EGW, ATJ ou
EJW). Cf. GCB 1901, p. 36.
22.Cristo
foi verdadeira e severamente tentado em todos os pontos como nós somos,
identicamente connosco, não meramente como foi o inocente Adão. Ele foi tentado
de dentro como nós somos, embora sem pecado. Ele conhece a plena força de
qualquer tentação que qualquer filha ou filho caído de Adão pode sentir - não
há ninguém que Ele não possa socorrer. Heb.
2:18.
23.A
justiça de Cristo não era natural, mas pela fé. Ele teve de negar a Sua
própria vontade a fim de seguir a vontade de Seu Pai, pois Sua vontade natural
era oposta a de Seu Pai. João 5:30; 6:38.
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
24.Especificamente,
cristo não foi exemplo ou norma na área de sexualidade. (Para um exemplo deste ponto
de vista ver painel de discução em Christianity
Today, 21.7.1967.)
25.Devido
a um falso ponto de vista sobre a natureza de Cristo, Sua justiça é um
termo sem sentido. O ponto de vista calvinista limita Sua justiça à substituição e ignora a
realidade de Seu exemplo para nós.
26.Nenhum
conceito qualquer que seja da purificação do santuário celestial como uma obra
paralela ou consistente com a justiça pela fé. Não têm conhecimento do
caminho para o Santíssimo, e não podem ser beneficiados pela intercessão de
Jesus ali. Primeiros Escritos, 261.
27.Nenhum
conceito qualquer que seja da purificação do santuário celestial. Virtualmente
ignorância total.
28.Pecar
e se arrepender é a ordem do dia até que Jesus retorne.
29.A
síndrome pecar e arrepender-se está no cerne do romanismo: o pecado é
perpetuado. Na realidade, o conceito popular evangélico é o mesmo, porque o
orgulho espiritual é a essência do entendimento deles de vencer o pecado. (Onde
não haja verdadeira guarda do sábado não pode haver verdadeiro descanso
do eu.
O
Ponto de Vista Actual
Adventista
do Sétimo Dia
24.Não
há praticamente nenhuma referência na literatura adventista contemporânea sobre
a possibilidade de Cristo ser tentado no campo da sexualidade. Parece chocante
pensar que Ele foi um ser sexual normal.
25.A
justiça de Cristo é um termo familiar para nós, mas nossa confusão sobre a
natureza de Cristo torna o conceito nebuloso. É geralmente admitido que Cristo
era bom porque Ele tinha uma herança genética diferente da nossa. É boa a nossa
sorte de que Ele seja um milionário moral que pode cobrir nossos débitos
morais para nós. Teremos de nos manter pecando, pelo menos inconscientemente.
Mantenhamos nosso seguro pago através de confiar e estamos cobertos.
26.A
maioria de nosso povo não tem nenhum conceito da purificação do santuário como
uma obra vital para a genuína justiça pela fé, ou intimamente relacionada com
ela. Relutância de pregar a verdade do santuário por receio de identificar-se
com ramificações ou com o chamado perfeccionismo.
27.Quase
inexistentes apresentações contemporâneas da purificação do santuário, como
tendo um efeito prático na experiência cristã, com poucas excepções de
controvérsias recentes inspiradas pela mensagem de 1888.
28.A
ênfase popular é sobre a impossibilidade de viver sem pecar. Isto é devido à
concepção errónea prevalecente sobre a natureza de Cristo e do descuido sobre a
verdade do santuário.
29.Graça
barata é o único resultado possível de prevalecer confusão a respeito da
natureza de Cristo, do preconceito contra a perfeição do carácter cristão, do
eclipse da cruz, e da negligência da purificação do santuário.
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
24.Não
vacila em apresentar Cristo como completamente relevante. Ele verdadeiramente
veio na carne. As definições claras sobre a tentabilida-de de Cristo
estão nos Salmos Messiânicos. Se Ele não for um Salvador completo, Ele não pode
socorrer os que são assim tentados. Essa é a mensagem que o cristão
moderno necessita.
25.A
justiça de Cristo é a norma para cada pessoa em sua circunstância particular em
qualquer momento. Em outras palavras, através da rendição aos princípios da
cruz, Cristo enfrenta nossos problemas particulares doravante pela completa
vitória sobre o pecado e o eu. Esta é a Sua justiça ─ é algo revelador para
nós. Verdadeiramente, a partir de agora Cristo nos libertou de modo que nunca
tenhamos necessidade de pecar novamente. A chave é a fé verdadeira e genuína. Cristo é ambos
Exemplo e Substituto.
26.É
verdadeiramente impossível entender o tipo de justiça pela fé que preparará um
povo para a vinda do Senhor, sem ter um claro discernimento da verdade do
santuário em sua fase final. De outro modo ambas as doutrinas são
estéreis.
27.O
verdadeiro cerne na mensagem de 1888 é a purificação do santuário. Isto resulta
no efeito prático da remoção dos pecados do coração dos crentes. A corrente de
pecado que flúi para dentro do santuário deve ser interrompida em sua fonte -
os corações do povo de Deus.
28.A
perfeição do carácter não é somente o objectivo; está facilmente disponível tão
logo o povo de Deus tenha a fé de Jesus. A única dificuldade é a
ignorância da verdadeira justiça pela fé ou a rejeição dela.
29.Justiça
pela fé impõe um padrão extremamente elevado - mesmo o do próprio Cristo. A
vida de perfeita entrega que Ele viveu na semelhança da carne pecaminosa
se torna o padrão ou norma para os que têm a fé de Jesus. Quando essa
obra for realizada, a purificação do santuário celestial está concluída. Cristo
vê o Seu carácter perfeitamente refletido em Sua igreja.
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
30.I
João 2:1 nos diz para não pecarmos, mas virtualmente nos dá licença para pecar.
Jesus como nosso advogado ajusta as coisas com o Juíz, o Pai.
31.É
uma virtude afirmar, "Eu estou salvo". Esta é uma idéia
confusa, frequentemente associada com um trágico orgulho espiritual e um falso
senso de segurança à luz de Mateus 7: 21-23. Consequência directa de inteira
ênfase egocêntrica.
32.O
interesse egocêntrico prevalecente torna impossível pensar em se arrepender
senão dos próprios pecados; e o motivo para o arrependimento é a segurança
pessoal.
33.Manter
a vida cristã é uma coisa muito difícil, requerendo a obser-vância de muitas
regras.
34.Diferenças
doutrinárias são inevitáveis.
O
Ponto de Vista Actual
Adventista
do Sétimo Dia
30.I
João 2: 1 nos diz para não pecarmos, como a seguradora nos diz para não termos
um acidente. Mas como deslizamos mais cedo ou mais tarde, então fiquemos certos
de que estamos cobertos pela apólice do Advogado. Muitas vezes a ideia
que o nosso povo tem é que Cristo é nosso Advogado que pleiteia com o Juiz para
nos deixar impunes. Não podemos esperar mais que vitória sobre pecados
conhecidos. A participação em pecados desconhecidos implica ser inevitável
até a volta de Jesus. (Exemplos bíblicos de pecados desconhecidos são a
crucificação de Cristo e a perpetuação do orgulho de Laodiceia).
31.Difundido
ensino de nosso povo afirmar "Estou salvo" em contradição de Parábolas
de Jesus, 155. Consequência da influência da Cruzada Universitária para
Cristo, e das técnicas de Explosão do Evangelismo do Rev. Kennedy.
32.O
interesse egocêntrico prevalecente torna impossível encarar o arrependimento
senão para os próprios pecados. A motivação dominante é o interesse pela
própria salvação pessoal. Isto de certo nega o verdadeiro espírito de
arrependimento. Nenhuma real simpatia com Cristo é possível.
33.O
mesmo. A ênfase é colocada na dificuldade de permanecer cristão. Expectativa
desencorajadora. Tudo depende de segurarmos a mão de Deus. Impressão dada de
que Deus não se importa se O deixamos. Manter a nossa pressa ou gravidade
fará espatifarmo-nos no solo (uma apresentação popular).
34.A
ideia comum é que a unidade perfeita é impossível até que o Senhor venha.
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
30.No
contexto, I João 2:1 diz que o propósito do sacrifício de Cristo é para Seu
povo deixar de pecar. E isto é para se tornar efectivo quando Seu povo
compreende o princípio da culpa corporativa - e vê o seu relacionamento com os
pecados do mundo inteiro. Assim o interesse de João era pela obra que a
purificação do santuário deve fazer. O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão
unidos para capacitar os crentes a vencer como Cristo venceu. Isto de certo
inclui a vitória sobre todo o pecado, mas isto nunca é conscientemente
reivindicado ou concebido. (Isto não é o chamado perfeccionismo
fanático, nem centrado no eu, mas é inteiramente pela fé).
31.Quem
vê Cristo como Ele é verdadeiramente, é liberto de todo o interesse egocêntrico
por sua própria segurança. Está completamente consciente de sua própria
pecaminosidade, nunca mesmo pensando em reclamar perfeição ou segurança
(realmente a mesma coisa). Seu centro de interesse: como pode honrar seu
Salvador agora e sempre. É atraído pela glória da justiça de Cristo sem ter
ansioso interesse por sua própria recompensa. Em completo acordo com Parábolas
de Jesus, 155. Isto proporciona paz verdadeira.
32.O
arrependimento e o baptismo de Cristo introduz um interesse mais amplo - culpa
e arrependimento corporativos. Vemos a nós mesmos culpados de facto pelos pecados
do mundo inteiro. Isto torna possível um efectivo amor como o de Cristo. Também
torna possível uma identidade com Cristo como aquela que uma esposa
verdadeira e compreensível sente por seu esposo. O arrependimento corporativo
angaria a compreensão e simpatia activas do povo de Cristo com Ele em Sua obra
de encerramento da expiação. O eu cessa de ser o centro de interesse.
33.Tudo
depende em crermos que Deus nos ama, respeita e valoriza
tanto
que Ele está se segurando em nossa mão. O que faz a vida cristã parecer difícil
é o desprestígio da mensagem da justiça de Cristo. O amor de Cristo nos
constrange e torna a vida centrada no eu doravante impossível.
34.Unidade
perfeita é a norma numa igreja que tenha a fé do NT. Desne- cessárias, p.e.,
idéias contrárias sobre entendimento profético.
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
35.Cristianismo
é um relacionamento com a Pessoa de Cristo. Muito sentimentalismo está
incluído.
36.Não
há concepção clara do fim da comissão evangélica, nem do amadurecimento do grão
ou do carácter da preparação para a vinda de Cristo.
37.O
tempo para a segunda vinda de Cristo está predeterminado pelo Pai. (Um conceito
calvinista). Nada pode apressar ou retardar o tempo do segundo advento, pois
isto alteraria a "soberana vontade" de Deus.
38.Se
a volta de Cristo é desejada, é por causa do desejo de recompensa.
39.O
consenso é mais importante do que a verdade. Eis por que guardam o domingo em
lugar do sábado do Senhor.
40.Muita
confusão sobre o contraste entre o velho e o novo concertos; idéia do dispensacionalismo
amplamente mantida. Obediência aos dez mandamentos é viver o velho concerto.
41.Muita
exultação de que "Deus está operando maravilhosamente por eles"
nos modernos reavivamentos tais como Charles Finney, Pearson e Hanna Whitall
Smith, Andrew Murray, Moody, Billy Sunday, Billy Grahan, Cruzada Universitária,
"Explosão de Evangelismo", etc.
(Conferir
Primeiros Escritos,261, O Grande Conflito, 464).
O
Ponto de Vista Atual
Adventista
do Sétimo Dia
35.Justiça
pela fé, um relacionamen-to com a Pessoa de Cristo, idêntico aos evangélicos.
"A carne para nada aproveita". Ênfase no relacionamento físico
conduz ao emocionalismo, misticismo. Retratos de Cristo não ajudam. "Falar
de Cristo sem a Palavra conduz ao sentimentalismo." (EGW).
36.Podemos
crer e pregar a justiça pela fé sempre tão claramente e poderosamente por
muitas décadas e ainda a comissão evangélica não ser concluída. (Ver R&H ,
Justiça pela Fé, p. 3; Olson, pp.236-239).
37.Até
muito recentemente, a idéia prevalescente era (e é ainda fortemente defendida)
que o tempo para a vinda de Cristo está predeterminado, e o Seu povo não a pode
nem abreviar nem alongar.
38.A
vinda de Cristo é desejada principalmente pelos velhos, pelos doentes e
aleijados por artrite ou morrendo de câncer. Sua volta é desejada para que
"possamos ir para o lar de glória".
39.O
consenso é tão importante, que a verdade pode esperar quase inter-minavelmente.
A maioria não pode estar errada. Se nossas convicções diferem da maioria
organizada, devemos suprimi-las ou sufocá-las.
40.Muita
confusão; mesmo algum dispensacionalismo endossado. A raiz do velho
concerto não é discernida; muita ênfase em empenhar e prometer obediência aos
dez mandamentos (especialmente para as crianças).
41.Deus
operou e está operando "maravilhosamente" na maioria desses
"modernos reavivamentos". Nosso povo frequentemente está instalado a
assistir esses encontros e ministros são enviados a centros evangelísticos não adventistas
para instrução em como apresentar a justiça pela fé. Isto cria séria confusão.
A implicação é que Babilônia está pregando o "evangelho eterno",
pelo menos tão significativamente.
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
35.A
justiça pela fé não é um relacionamento com a Pessoa de Cristo, pois Ele foi
pessoalmente para o céu. Mas Ele enviou Seu Espírito Santo, e é através Dele
que conhecemos a Cristo pela Sua Palavra. Não há sentimentalismo na justiça
pela fé.
36.Crer
e pregar a justiça pela fé é claramente catalizar a igreja e o mundo numa única
geração e terminar a comissão evangélica.
37.Cristo
deseja vir; Ele está pronto para vir, Ele virá tão logo Sua noiva se prepare
para dar-Lhe as boas vindas. Em outras palavras, Cristo alegremente virá quando
quer que realmente queiramos que Ele venha. Querer que Ele venha segue de um
entendimento da justiça pela fé.
38.Simpatia
por Cristo, um desejo que Ele receba Sua recompensa e experimente Sua plena
vindicação, e um desejo de ver o fim dos sofri-mentos do mundo são as reais
razões por querer apressar o Seu retorno.
39.A
genuína justiça pela fé sempre foi inicialmente aceita por uma minoria. A
verdadeira fé do Novo Testamento comunica uma coragem que não teme a maioria ou
o poder que esta possa empunhar. Conduz a suportar a cruz com Cristo.
40.A
raiz do velho concerto foi a promessa do povo sem fé para obedecer. Deus
nunca nos pediu para fazer tal promessa para Ele; isto gera a escravidão
através do conhecimento de promessas quebradas. Em vez disso, Ele nos
pede para crer em Suas promessas para nós.
41.Interesse
e sério cuidado. Jones e Waggoner estavam convencidos de que Deus dera uma
única mensagem da justiça pela fé à Igreja Adventista do Sétimo Dia, e que
"Babilônia está caída" e não entende a mensagem.
O
Ponto de Vista
Evangélico
Popular
42.Revivalistas
(promotores de campanha de reavivamento religioso) talentosos têm sido a fonte
da vida espiritual nessas igrejas por mais de 140 anos.
43.A
doutrina da justificação pela fé recebida como um legado dos reformadores do
século XVI.
44.As
igrejas evangélicas evidenciam nenhuma necessidade para uma melhor compreensão
da justiça pela fé. Muita satisfação própria e orgulho espiritual. Pouco
atentos à mensagem laodiceana. "Nós estamos salvos".
45.Pouco
senão nada atentos à nossa participação na crucificação de Cristo, devido a
nossa natural inimizade contra Deus.
46.A
igreja é suposta estar preparada, pelo menos "os santos", para
a vinda de Cristo ou o "arrebatamento" a qualquer momento.
Qualquer um que está "salvo" está preparado.
O
Ponto de Vista Atual
Adventista
do Sétimo Dia
42.Especialmente,
os seguintes envagélicos não-adventistas receberam de Deus a mesma mensagem que
Ele deu aos adventistas em 1888: Moody, Murray, McNeil, Simpson, Gordon,
Holden, Meyer, Waugh, McConkey, Scroggle, Howden, Smith, McKensie, McIntosh,
Brooks, Dixon, Kyle, Morgan, Needham, A.T. Pierson, Seiss, Thomas West, "e
um grande número de outros" (cf. Froom,319-320).
43.A
mensagem de 1888 sobre a justificação e justiça pela fé vieram dos "credos
das igrejas protestantes da época" (Cf. Pease, 138,139).
44.Muito
pouca necessidade expressa por mais entendimento e apreciação da justiça pela
fé. Os ministros geralmente sentem que eles a entendem e a pregam adequadamente,
mesmo poderosamente. "Nós entendemos justiça pela fé; somente não a
vivemos como devíamos!" As obras são necessárias, não a fé. "Esqueça-mos
1888, e trabalhemos arduamente."
45.O
mesmo ponto de vista geral e popular é que "nós" aceitamos a
justiça pela fé na época de 1888. Somente uns poucos insignificantes no final a
rejeitaram, menos de dez. Assim, pouco ou nada atentos à necessidade por uma
experiência da "expiação final".
46.Num
sentido único, a IASD está se tornando cada vez melhor com relação à doutrina e
à experiência da justiça pela fé (Pease, p. 227). Froom concorda; agora que
nossos pontos de vista trinitarianos são idênticos aos dos credos de
Calcedônia e de Atanásio, estamos prontos ou quase prontos para a Chuva Serôdia
(Froom, Movement of Destiny, 283-286, 314-319).
O
Ponto de Vista de 1888
de
Jones e Waggoner, endossado
por
Ellen G. White
42.Jones
e Waggoner especificamente não receberam sua mensagem ao ler com atenção outros
autores ou comentários ou credos, mas da Bíblia. A "visão" de
1882 de Waggoner o convenceu de que Cristo crucificado é o coração das três
mensagens angélicas; ambos os mensageiros evidenciaram refrescante
independência de escritos de outros autores. Sua mensagem é distintamente
diferente das de outros vários revivalistas evangélicos.
43.Discernimentos
que fizeram a mensagem de 1888 única não vieram dos "Credos das igrejas
protestantes da época" mas da inspiração directa do Espírito Santo
sobre "as mentes de homens divinamente apontados", que tinham
"credenciais do céu" (EGW). Isto é evidente do facto que a
mensagem de 1888 da justiça pela fé relacionava aquela verdade à purifi-cação
do santuário, uma verdade que nenhuma igreja não adventista ou "credo"
tem noção. Apenas superficialmente a mensagem de 1888 parece equiparar-se aos
"credos das igrejas protestantes".
44.Senso
muito agudo de que a mensagem laodiceana é pertinente. Nosso problema primário
não é viver a verdade, mas verdadeiramente crer nela. A verdadeira "fé
opera..." Se genuinamente crermos, genuinamente viveremos. "Justiça
pela fé" significa o que ela diz - se tivermos verdadeira fé, a
justiça se torna uma realidade na vida.
45.Jones
e Waggoner tiveram uma viva compreensão que o início da Chuva Serôdia tinha
sido rejeitado por seus pares e contemporâneos em grande maioria. O problema
básico é o mesmo como o que existiu no Calvário - inimizade contra Deus.
Necessidade sentida pela expiação final.
46.Latente
inimizade contra Deus e necessidade pela expiação final foram as reais questões
na conferência de 1888 e seguintes. Nenhuma palavra de E.G. White ou de Jones e
Waggoner sugerindo que a doutrina trinitariana fosse o verdadeiro problema. O
amor do eu foi o problema, não o semiarianismo. O último teria sido rapidamente
cuidado se o primeiro tivesse sido vencido. O arrependimento denominacional
deve vir antes de a Chuva Serôdia poder ser reconhecida e recebida.
RESUMO
DA DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
A doutrina verdadeira da
justificação pela fé e da justiça de Cristo, baseada na Bíblia e no Espírito
de Profecia de Ellen G. White, A.T. Jones e E.J. Waggoner, tem os seguintes
pontos essenciais:
1)O sacrifício de Cristo foi real
e efectivo em favor de todo o mundo, tal que a única razão para que alguém
possa perder-se é escolher resistir a graça salvadora de Deus. Para os que
finalmente forem salvos, foi Deus quem tomou a iniciativa; no caso dos
perdidos, foram eles que tomaram a iniciativa. A salvação é pela fé; a condenação
é pela descrença.
2)Dessa forma o sacrifício de
Cristo justificou legalmente "a todo o homem", e literalmente
salvou o mundo da prematura destruição. Todos os homens devem mesmo a sua vida
física a Jesus Cristo, quer creiam quer não creiam. Cada fatia de pão está
estampada com a cruz de Cristo. Quando o pecador ouve e crê no puro evangelho,
ele é justificado pela fé. Os perdidos deliberadamente negam a
justificação que Cristo já efectivou por eles.
3)A justificação pela fé
é assim muito mais do que uma declaração legal de absolvição; quando é aceita
ela muda o coração pela acção do Espírito Santo. O pecador recebe agora a
expiação, que é a reconciliação com Deus. Uma vez que é impossível ser
verdadeiramente reconciliado com Deus sem ser reconciliado com a Sua santa
lei, segue-se que a verdadeira justificação pela fé faz com que o crente
se torne obediente a todos os mandamentos de Deus, inclusive às leis da saúde.
4)Esta obra maravilhosa é
realizada através do ministério do novo concerto em que o Senhor realmente
escreve Sua lei no coração do crente. A obediência é amada, e a
nova motivação - glorificar e honrar a Cristo e levar a salvação aos outros -
transcende o temor de perder-se ou a esperança da recompensa em ser salvo
(essas motivações autocentradas são, como Paulo diz, estar sob a lei). A
fé de Abraão, que implica completa submissão à vontade de Deus, habilita-nos a
viver sob o novo concerto, enquanto multidões de cristãos vivem hoje sob o
velho concerto porque o interesse centrado no eu é a sua motivação. O velho
concerto foi a promessa do povo de ser fiel; sob o novo concerto a salvação vem
por crermos nas promessas de Deus para nós, não por Lhe fazermos
promessas.
5)O amor de Deus é activo,
não meramente passivo. Como o Bom Pastor, Cristo está activamente buscando a
ovelha perdida. A nossa salvação não depende de nossa busca do Salvador mas de
nossa crença de que Ele está procurando por nós. Aqueles que finalmente estão
perdidos continuam a resistir e desprezar a atração do amor de Jesus. Esta é a
essência da descrença.
6)A fé verdadeira implica em
inteira submissão e entrega de nossa vontade a Deus. Tendo essa fé genuína é
fácil ser salvo. O pecado, embora seja a transgressão da lei de Deus, é um
constante resistir à Sua graça. Uma vez que Cristo já pagou o castigo pelo
pecado de todo o homem, a única razão por que finalmente alguém pode ser
condenado é a contínua descrença, uma recusa de apreciar a redenção conseguida
por Cristo na cruz e ministrada por Ele como Sumo Sacerdote no Santuário
Celestial. O verdadeiro evangelho tira o véu dessa descrença e conduz a um
arrependimento efectivo, que prepara o crente para o retorno de Cristo. O
orgulho, o louvor e a lisonja dos seres humanos são inconsistentes com a
verdadeira fé em Cristo, mas são sinais seguros da descrença predominante,
mesmo dentro da igreja.
7)Para buscar a humanidade
perdida, Jesus percorreu todo o caminho, tomando sobre Si e assumindo a
natureza caída e pecaminosa do homem após a queda de Adão. Isto Ele fez para
que pudesse ser tentado em todos os pontos como nós somos, embora não tivesse
pecado e demonstrasse perfeita justiça "na semelhança da carne
pecaminosa." Justiça é uma palavra que nunca se aplicou a Adão em seu
estado não caído, nem aos anjos inocentes. Só pode significar uma santidade
obtida por Cristo no conflito com o pecado na carne humana caída, e
triunfou
sobre
ele. Assim, a mensagem da justiça de Cristo
está enraizada neste ponto de vista único da caída natureza humana de
Cristo. Se Jesus tivesse tomado a natureza sem pecado de Adão antes da queda, o
termo "justiça de Cristo" seria uma abstração sem significado.
O ensino de que Cristo somente tomou a natureza inocente de Adão antes da queda
é um legado do catolicismo e do protestantismo apóstatas, a insígnia do
mistério da iniquidade que mantém Cristo muito distante e não "perto,
à mão". Quem prega que Cristo não veio na carne humana caída é
anticristo. I João 4: 3.
8)Dessa forma, nosso Salvador
"condenou o pecado na carne" da humanidade caída. Isto
significa que Ele declarou ilegal o pecado; o pecado se tornou desnecessário à
luz de Seu ministério. É impossível ter a verdadeira fé de Cristo e continuar
pecando. Não podemos excusar continuar pecando ao dizer que somos "apenas
humanos" ou que "o diabo fez que eu pecasse". Ser
verdadeiramente "humano" é ser como Cristo no carácter, pois
Ele foi e é plenamente humano tanto quanto divino.
9)Segue-se que o único
elemento de que o povo de Deus necessita a fim de se preparar para o retorno de
Cristo é aquela fé genuína de Jesus Cristo. Mas isto é precisamente o
que a igreja carece. Ela se imagina doutrinariamente e experimentalmente
"rica e aumentada em bens", quando de facto seu pecado básico
é uma patética descrença. Justiça é pela fé; é impossível ter fé e não
demonstrar justiça na vida, porque a fé opera por amor e purifica a
alma. Falhas morais e espirituais são o fruto de perpetuar hoje o pecado da
descrença do antigo Israel através da confusão de uma falsa justiça pela fé.
10)A aceitação da
justificação pela fé e da justiça de Cristo produz no crente profundo e genuíno
arrependimento e envolve uma completa transformação da vida e do carácter. Ela
tem por fruto a santificação, decorrente de uma profunda comunhão com Jesus e
Sua palavra. É uma mensagem de graça abundante, consistente com a purificação
do Santuário Celestial, uma obra dependendo da limpeza completa do coração do
povo de Deus na terra.
Resumindo os conceitos essenciais
da mensagem da justiça de Cristo pela fé: a justificação legal e a efectividade
dela que é pela fé; as gloriosas boas novas dos dois concertos; o imenso poder
de Cristo para salvar do pecado contínuo;
Sua semelhança connosco em tomar nossa natureza pecaminosa caída, mas
sem pecar; a iniciativa do Espírito Santo em salvar o perdido; a iniciativa do
Bom Pastor em buscar Sua ovelha perdida; a possibilidade de vencer todo o
pecado assim como Cristo venceu em nosso favor; a certeza de uma geração final
refletindo a perfeição do carácter de Cristo; a relação prática da purificação
do santuário celestial à da purificação dos corações humanos; a fé genuína leva
à obediência voluntária a todos os mandamentos de Deus; a motivação de
interesse pela glória e honra de Cristo e pela salvação dos outros, que
transcende a busca auto centrada de recompensa e de evitar a punição; a
realidade do perdido tomar a iniciativa para estar perdido; e a verdade de que
o sacrifício de Cristo realizou muito mais do que uma mera provisão que nada
faz a não ser que façamos alguma coisa - Ele deu o Seu sangue pelo mundo, assim
o mundo deve sua vida presente a Jesus, a genuína fonte de amor e alegria. A
mensagem da justificação pela fé e da justiça de Cristo reivindica o carácter
puro, perfeito e amoroso de Deus perante o universo, e deve chamar a atenção
do mundo inteiro antes da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
"Eis a paciência dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a
fé de Jesus." Apoc. 14: 12.
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RESUMO
DA DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
A doutrina verdadeira da
justificação pela fé e da justiça de Cristo, baseada na Bíblia e no Espírito
de Profecia de Ellen G. White, A.T. Jones e E.J. Waggoner, tem os seguintes
pontos essenciais:
1)O sacrifício de Cristo foi real
e efectivo em favor de todo o mundo, tal que a única razão para que alguém
possa perder-se é escolher resistir a graça salvadora de Deus. Para os que
finalmente forem salvos, foi Deus quem tomou a iniciativa; no caso dos
perdidos, foram eles que tomaram a iniciativa. A salvação é pela fé; a condenação
é pela descrença.
2)Dessa forma o sacrifício de
Cristo justificou legalmente "a todo o homem", e literalmente
salvou o mundo da prematura destruição. Todos os homens devem mesmo a sua vida
física a Jesus Cristo, quer creiam quer não creiam. Cada fatia de pão está
estampada com a cruz de Cristo. Quando o pecador ouve e crê no puro evangelho,
ele é justificado pela fé. Os perdidos deliberadamente negam a
justificação que Cristo já efectivou por eles.
3)A justificação pela fé
é assim muito mais do que uma declaração legal de absolvição; quando é aceita
ela muda o coração pela acção do Espírito Santo. O pecador recebe agora a
expiação, que é a reconciliação com Deus. Uma vez que é impossível ser
verdadeiramente reconciliado com Deus sem ser reconciliado com a Sua santa
lei, segue-se que a verdadeira justificação pela fé faz com que o crente
se torne obediente a todos os mandamentos de Deus, inclusive às leis da saúde.
4)Esta obra maravilhosa é
realizada através do ministério do novo concerto em que o Senhor realmente
escreve Sua lei no coração do crente. A obediência é amada, e a
nova motivação - glorificar e honrar a Cristo e levar a salvação aos outros -
transcende o temor de perder-se ou a esperança da recompensa em ser salvo
(essas motivações autocentradas são, como Paulo diz, estar sob a lei). A
fé de Abraão, que implica completa submissão à vontade de Deus, habilita-nos a
viver sob o novo concerto, enquanto multidões de cristãos vivem hoje sob o
velho concerto porque o interesse centrado no eu é a sua motivação. O velho concerto
foi a promessa do povo de ser fiel; sob o novo concerto a salvação vem por crermos
nas promessas de Deus para nós, não por Lhe fazermos promessas.
5)O amor de Deus é activo,
não meramente passivo. Como o Bom Pastor, Cristo está activamente buscando a
ovelha perdida. A nossa salvação não depende de nossa busca do Salvador mas de
nossa crença de que Ele está procurando por nós. Aqueles que finalmente estão
perdidos continuam a resistir e desprezar a atracção do amor de Jesus. Esta é a
essência da descrença.
6)A fé verdadeira implica em
inteira submissão e entrega de nossa vontade a Deus. Tendo essa fé genuína é
fácil ser salvo. O pecado, embora seja a transgressão da lei de Deus, é um
constante resistir à Sua graça. Uma vez que Cristo já pagou o castigo pelo
pecado de todo o homem, a única razão por que finalmente alguém pode ser
condenado é a contínua descrença, uma recusa de apreciar a redenção conseguida
por Cristo na cruz e ministrada por Ele como Sumo Sacerdote no Santuário
Celestial. O verdadeiro evangelho tira o véu dessa descrença e conduz a um
arrependimento efectivo, que prepara o crente para o retorno de Cristo. O
orgulho, o louvor e a lisonja dos seres humanos são inconsistentes com a
verdadeira fé em Cristo, mas são sinais seguros da descrença predominante,
mesmo dentro da igreja.
7)Para buscar a humanidade
perdida, Jesus percorreu todo o caminho, tomando sobre Si e assumindo a
natureza caída e pecaminosa do homem após a queda de Adão. Isto Ele fez para
que pudesse ser tentado em todos os pontos como nós somos, embora não tivesse
pecado e demonstrasse perfeita justiça "na semelhança da carne
pecaminosa." Justiça é uma palavra que nunca se aplicou a Adão em seu
estado não caído, nem aos anjos inocentes. Só pode significar uma santidade
obtida por Cristo no conflito com o pecado na carne humana caída, e
triunfou
sobre
ele. Assim, a mensagem da justiça de Cristo
está enraizada neste ponto de vista único da caída natureza humana de
Cristo. Se Jesus tivesse tomado a natureza sem pecado de Adão antes da queda, o
termo "justiça de Cristo" seria uma abstração sem significado.
O ensino de que Cristo somente tomou a natureza inocente de Adão antes da queda
é um legado do catolicismo e do protestantismo apóstatas, a insígnia do
mistério da iniquidade que mantém Cristo muito distante e não "perto,
à mão". Quem prega que Cristo não veio na carne humana caída é
anticristo. I João 4: 3.
8)Dessa forma, nosso Salvador
"condenou o pecado na carne" da humanidade caída. Isto
significa que Ele declarou ilegal o pecado; o pecado se tornou desnecessário à
luz de Seu ministério. É impossível ter a verdadeira fé de Cristo e continuar
pecando. Não podemos excusar continuar pecando ao dizer que somos "apenas
humanos" ou que "o diabo fez que eu pecasse". Ser verdadeiramente
"humano" é ser como Cristo no carácter, pois Ele foi e é
plenamente humano tanto quanto divino.
9)Segue-se que o único
elemento de que o povo de Deus necessita a fim de se preparar para o retorno de
Cristo é aquela fé genuína de Jesus Cristo. Mas isto é precisamente o
que a igreja carece. Ela se imagina doutrinariamente e experimentalmente
"rica e aumentada em bens", quando de facto seu pecado básico
é uma patética descrença. Justiça é pela fé; é impossível ter fé e não
demonstrar justiça na vida, porque a fé opera por amor e purifica a
alma. Falhas morais e espirituais são o fruto de perpectuar hoje o pecado da
descrença do antigo Israel através da confusão de uma falsa justiça pela fé.
10)A aceitação da
justificação pela fé e da justiça de Cristo produz no crente profundo e genuíno
arrependimento e envolve uma completa transformação da vida e do carácter. Ela
tem por fruto a santificação, decorrente de uma profunda comunhão com Jesus e
Sua palavra. É uma mensagem de graça abundante, consistente com a purificação
do Santuário Celestial, uma obra dependendo da limpeza completa do coração do
povo de Deus na terra.
Resumindo os conceitos essenciais
da mensagem da justiça de Cristo pela fé: a justificação legal e a efectividade
dela que é pela fé; as gloriosas boas novas dos dois concertos; o imenso poder
de Cristo para salvar do pecado contínuo;
Sua semelhança connosco em tomar nossa natureza pecaminosa caída, mas
sem pecar; a iniciativa do Espírito Santo em salvar o perdido; a iniciativa do
Bom Pastor em buscar Sua ovelha perdida; a possibilidade de vencer todo o
pecado assim como Cristo venceu em nosso favor; a certeza de uma geração final
refletindo a perfeição do carácter de Cristo; a relação prática da purificação
do santuário celestial à da purificação dos corações humanos; a fé genuína leva
à obediência voluntária a todos os mandamentos de Deus; a motivação de
interesse pela glória e honra de Cristo e pela salvação dos outros, que
transcende a busca auto centrada de recompensa e de evitar a punição; a
realidade do perdido tomar a iniciativa para estar perdido; e a verdade de que
o sacrifício de Cristo realizou muito mais do que uma mera provisão que nada
faz a não ser que façamos alguma coisa - Ele deu o Seu sangue pelo mundo, assim
o mundo deve sua vida presente a Jesus, a genuína fonte de amor e alegria. A
mensagem da justificação pela fé e da justiça de Cristo reivindica o carácter
puro, perfeito e amoroso de Deus perante o universo, e deve chamar a atenção
do mundo inteiro antes da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
"Eis a paciência dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a
fé de Jesus." Apoc. 14: 12.
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ÍNDICE
ANOTADO
PREFÁCIO - p. 3
Autores
mantêm convicção que mensagem é cura final para o pecado
ASD's
carecem de clara concepção sobre Dia celestial da Expiação
Proliferam
grupos desviados e independentes
A
verdade plena requer arrependimento e reforma
Deus
não permitirá que a denominação apostatada completamente
O
QUE DIZIA A MENSAGEM DE 1888? - p. 3
Dez
pontos
SIGNIFICADO
DA MENSAGEM HOJE - p. 4
CAPÍTULO
UM - p. 5
POR
QUE REEXAMINAR NOSSO PASSADO ADVENTISTA? - p. 5
O
movimento adventista não prosperou como deveria
Deus
não pode vindicar pessoas mornas
Plano
de redenção depende da hora final
A
RAZÃO É EVIDENTE - p. 5
Preparação
especial para a segunda vinda.
A
fé de Abraão não foi em vão
FRACASSO:
UM INIMAGINÁVEL DESVIO DO PROGRAMA DE DEUS - p. 5
Deve
haver resposta de fé da nossa parte
O
povo de Deus deve rectificar toda falha
Incompreensão
oficial da história
Necessidade
de investigação integral
ARREPENDIMENTO
E DIA DA EXPIAÇÃO - p. 6
Purificação
do santuário depende da compreensão da história
Enfermidade
de mornidão remonta a 1888
Como
o Calvário 1888 é mais do que evento histórico
Ressentimento
indica guerra contra o Espírito Santo
PERCEPÇÃO
MAIS NECESSÁRIA DO QUE MAIS PALAVRAS - p. 7
Defrontar
a verdade não é ser crítico
A
história precisa levar-nos a um confronto
A
Igreja precisa decidir entre um Senhor e outro -- Baal
CAPÍTULO
DOIS - p. 8
O
PECADO DE DEIXARMOS NOSSO PRIMEIRO AMOR - p. 8
Jesus
era precioso para os crentes de 1844
IASD
concebida em amor e obra do Espírito Santo
Devoção
por Jesus substituída por amor ao eu
Sistema
de verdade destuído de fé em Jesus
Vindicação
colectiva tornou-se esperança, em lugar de busca a Cristo
Legalismo
é o resultado
COMO
NOSSA MORNIDÃO COMEÇOU - p. 8
Perdido
"primeiro amor", sem apreciação de Seu amor sacrificial
Ressentimento
contra ministério de EGW
Habilidade
para discernir obra do Espírito Santo dissipa-se
Previsão
de insulto ao Espírito Santo em 1888
Sobrevivência
do movimento na dependência do ministério de EGW
O
lugar da cruz nos confundiu
CRESCIMENTO
Vs. PROGRESSO - p. 9
Grande
crescimento acobertou verdadeiro estado espiritual
Auto-estima
e complacência toma conta de relatório
Mensagens
de EGW em agudo contraste
Falta
de maturidade espiritual bem destacada
Propósito
básico do desenvolvimento de carácter
Propósito
secundário de missões mundiais
Segundo
propósito garantido quando primeiro alcançado
Amor
próprio faz perder visão do verdadeiro entendimento
Registros
estatísticos usurpam fé e zelo
O
REMÉDIO SIMPLES DE DEUS PARA UM SÉRIO PROBLEMA DENOMINACIONAL - p. 10
Deus
enviou dois jovens agentes
EGW
deleita-se com a mensagem deles
Afirmado
que Deus enviou a verdade, Cristo nas mensagens
NOSSO
PROBLEMA HOJE - p. 10
Mornidão,
orgulho denominacional é problema gigantesco
Chave
para entender mentiras em verdadeira apreciação de 1888
Bênçãos
valiosíssimas descatadas, Espírito Santo insultado
CAPÍTULO
TRÊS - p. 11
O
ALTO CLAMOR QUE VIRÁ DE MODO SURPREENDENTE - p. 11
Chuva
serôdia, alto clamor a ser luz crescente
Prevaleceu
falso otimismo
Obra
de Deus não reconhecida
Ministros
experientes a serem deixados de lado
A
DIVINA ESCOLHA DE MENSAGEIROS - p. 11
Espírito
preparando dois homens jovens
Jones
e Waggoner chamados de "Mensageiros do Senhor"
EGW
aprovou a mensagem
EGW
percebe que mensagem prepararia para a segunda vinda
COMO
O ALTO CLAMOR NÃO FOI RECONHECIDO - p. 12
A
mensagem dada era a terceira mensagem angélica
A
"mensagem" era o começo, não a aceitação presumida
Oficiais
responsáveis da Igreja destacados na oposição
Insulto
ao Espírito Santo não cometeu pecado imperdoável
EGW
prosseguiu a ministrar indicando sua crença
AS
CHAMADAS "FALTAS" DOS MENSAGEIROS
NÃO
DESCULPAM A REJEIÇÃO DA MENSAGEM - p. 13
Rejeição
da luz é sempre inescusável
Os
agentes pareciam falhos
Irmãos
experientes melindrados com apoio de EGW
EGW
avalia situação, "ódio e desprezo aos mensageiros"
"Faltas"
de Jones e Waggoner perpetuadas por escritores actuais
Criticar
"mensageiros" é endossar seus opositores contemporâneos
EGW
condenou caça a falhas
EGW
considerou um privilégio ficar ao lado dos mensageiros
A
VERDADEIRA RAZÃO POR QUE A MENSAGEM FOI REJEITADA - p. 15
Presumido
equivocadamente que irmãos aceitaram de coração a mensagem
Mensagem
para conclusão da obra tornou-se início de longa demora
ONDE
ESTAVAM OS "ALGUNS" - p. 15
Os
"alguns" eram o corpo de irmãos influentes da direcção
Judeus
recusaram a Cristo por não corresponder a suas expectativas
Mensagem
de 1888, bem mais que nova ênfase de doutrina negligenciada
Rejeitado
amor de Cristo que transforma corações
CAPÍTULO
QUATRO - p. 17
ACEITAÇÃO
OU REJEIÇÃO: EM BUSCA DE UM ENFOQUE MAIS NÍTIDO - p. 17
Impossível
apreciar tema de 1888 à parte da sua verdadeira história
A
questão é se a liderança a aceitou
Rejeição
da mensagem pela liderança negada por Froom
Presidente
e vice-presidente concordam quanto a não rejeição
Secretário
dos Depositários EGW garante que mensagem foi aceita
EGW
reiteradamente compara rejeição de líderes à de Cristo pelos judeus
OS
JUDEUS NEGAM TEREM REJEITADO O MESSIAS - p. 18
Evasão
ao facto: mensagem foi início da chuva serôdia e alto clamor
Alegado
que somente poucas pessoas sem importância resistiram
Froom,
Spalding, Christian, Olson, concordam quanto à não rejeição
Seus
relactos diferem marcadamente do que diz EGW
FOI
A MENSAGEM ACEITA OU REJEITADA? - p. 18
Presidente
da AG diz que a história de 1888 assinalou uma "derrota"
Daniells
insiste não ter havido amplo reavivamento denominacional
EGW
declara que a época foi de vitória para Satanás
Assembléia
de AG de 1893 confirma rejeição
SIGNIFICATIVA
EVIDÊNCIA INSPIRADA - p. 19
EGW
diz que ninguém dos dirigentes queria ficar ao lado da mensagem
Anos
mais tarde, 1896, refere-se à "obra satânica em Mineápolis"
UM
APELO POR SIMPLES HONESTIDADE - p. 20
Daniells
reconhece declarações de EGW sobre líderes
22
declarações de EGW revelando desdém e resistência de líderes
Cronologia
da rejeição: 1892, 1893, 1895, 1896, 1897
A
HISTORIA DOS REAVIVAMENTOS PτS 1888 - p. 21
Persiste
corrente subterrânea de antagonismo
A
PRESSÃO CONTRA O REAVIVAMENTO - p. 22
EGW
viu problema da liderança e apelou para confiança em Deus
Liderança
viu demonstração do Espírito Santo, mas "odiou" a mensagem
"EXACTAMENTE
COMO OS JUDEUS" - p. 23
"Ai
dos fariseus" aplicado à liderança
NOSSA
HISTτRIA DE CABEÇA PARA BAIXO - p. 24
Historiadores
presumem "reavivamento", mas história aponta outra coisa
Advertência
ao mundo dependia de aceitação
HÁ
BOAS NOVAS NA HISTτRIA DE 1888! - p. 24
Uma
batalha foi perdida, mas não a guerra
Satanás
deseja que sejamos enganados sobre nossa história de 1888
CONCLUSÃO - p. 24
Historiadores
sinceros em proclamar a gloriosa vitória de 1888
Críticos
dizem que a igreja agora está em condição de desesperança
Isto
não é verdade; Israel nunca se tornará Babilônia
Às
vezes a história será vista em seu verdadeiro peso
O
fogo foi extinguido, a luz apagada por
instrumentalidades humanas
Mensagem
da justiça de Cristo não acatada, mas guerra não está perdida
Esta
geração precisa reconhecer factos e rectificar erro trágico
NOTA
ADICIONAL AO CAPÍTULO QUATRO - p. 26
O
TESTEMUNHO DOS ARQUIVOS DA ASSOCIAÇÃO GERAL - p. 26
Documentos
dos arquivos atestam testemunho de EGW sobre atitude negativa
Cartas
do Secretário da AG revelam "antagonismo"
UM
LAMPEJO POR TRÁS DAS CENAS NA VELHA BATTLE CREEK - p. 26
Plano
para ocultar fatos desmascarado por Waggoner
Secretário
da AG não pode ver "mensageiros" à luz de como EGW os via
Arquivos
confirmam Jones e Waggoner sob oposição em Battle Creek
URIAS
SMITH DEFENDE SUA REJEIÇÃO DA MENSAGEM - p. 28
Oposição
de Urias Smith lógica, erudita, aparentemente razoável
Deve
haver Urias Smiths na Igreja hoje
Inimizade
ferrenha impediu bons irmãos de reconhecer o Espírito Santo
CAPÍTULO
CINCO - p. 29
O
PROBLEMA FUNDAMENTAL: COMO AVALIAR A MENSAGEM DE 1888 - p. 29
Erro
da rejeição baseado em erro de má compreensão
Confusão
sobre "doutrina" e "terceira mensagem angélica em verdade"
Froom
insiste sobre "mesma... ênfase" dada fora do adventismo
Era
a mensagem a mesma ensinada pelos Reformadores Protestantes?
(1)
Não pode ser, pois senão negamos a posição protestante histórica
(2)
Se mesma, pregaram os Reformadores a "terceira mensagem angélica"?
Posições
oficialmente endossadas anulam singularidade da mensagem
REITERAÇÃO
DA POSIÇÃO SOBRE 1888 - p. 30
A
mensagem de 1888 não foi mera reiteração de Lutero ou dos pioneiros
"Começo"
da concepção madura do "evangelho eterno"
Pretendido
pelo Divino Autor para amadurecer primícias para Deus e Cordeiro
Rejeição
eclipsou compreensão prática da purificação do santuário
O
QUE ELLEN WHITE VIA NA MENSAGEM DE 1888 - p. 30
EGW
tinha mensagem como "preciosa" e nunca antes pregada claramente
Mensagem
não foi previamente compreendida pelos irmãos
EGW
discutiu a verdade do santuário em conexão com a mensagem de 1888
Irmãos
rejeitaram apelo para "mudanças decididas", recusaram avançar
A
LUZ DE 1888 E O COMEÇO DA LUZ MAIOR - p. 32
A
mensagem de 1888 foi o começo da mensagem do quarto anjo
Este
fato é ignorado por nossos historiadores
A
LUZ APAGADA DO ALTO CLAMOR - p. 32
Chuva
serôdia desprezada e rejeitada impede chuvas adicionais
EGW
declara que Cristo bateu à porta mas retirou-Se
A
FONTE DE INCOMPREENSÃO REFORMACIONISTA - p. 33
Por
décadas a mensagem de 1888 descartada como "nova luz"
Mensagem
foi uma revelação avançada para a Igreja
Judeus
oram pelo Messias; ASD pela chuva serôdia, ambos rejeitam história
CAPÍTULO
SEIS - p. 35
A
REJEIÇÃO DE ELLEN WHITE EM 1888 - p. 35
Bênção
celestial retida por reacção negativa à mensagem
(1)
O ESPÍRITO SANTO FOI INSULTADO - p. 35
Recebimento
do Espírito Santo implícito em recebimento da mensagem
EGW
enfática, Espírito Santo insultado
O
carácter colectivo dos ASD afetado negativamente por nossa história
(2)
JESUS CRISTO FOI REJEITADO E INSULTADO - p. 36
"Se
rejeitais os mensageiros delegados de Cristo, rejeitais a Cristo"
Prestigiados
historiadores da Igreja lançam desprezo a mensageiros
Questão
não é "doutrina", mas "O que pensais vós de Cristo?"
"O
universo... testemunhou o desumano tratamento dado a Jesus"
O
MINISTÉRIO DE EGW FOI DESPRESTIGIADO - p. 37
"Meu
testemunho foi ignorado"
"Rebelião
. . . dura, ousada e decidida em denunciar".
Irmãos
estavam instintivamente opondo-se ao amor de Cristo
"Há
aqueles que desprezam os homens e a mensagem"
UMA
GLORIOSA CAÇA AO TESOURO DESPREZADA - p. 39
Acusações
de "posições extremadas" lança aspersão injustificada sobre EGW
Assembléia
de 1893 reconhece "põe de lado este profeta com o resto"
"Reconhecestes
[EGW]... agora diferente Tal como a nação judaica"
(4)
O EXÍLIO DE ELLEN WHITE NA AUTRÁLIA - p. 39
"O
Senhor não esteve dirigindo nossa saída da América"
"Não
pude obter um raio de luz quanto à saída da América"
Waggoner
sofreu exílio semelhante na Inglaterra
OS
ANOS DA DÉCADA DE 1890 TERIAM UMA MENSAGEM PARA A DÉCADA DE 1990? - p. 40
A
história de 1888 é tão distorcida que gera ainda atitude negativa
Hoje
a alienação do coração é mais sutil, sofisticada, bem sepultada
Sem
o Espírito Santo, incapaz de discernir verdade do erro
CONCLUSÃO - p. 41
Somente
defrontando a verdade podemos preparar-nos para testes futuros
Contínua
resistência de século impediram o Dom, mesmo com nossas orações
CAPÍTULO
SETE - p. 42
UM
EXAME MAIS DETIDO DAS "CONFISSÕES" - p. 42
Confissão
praticamente extorquidas por evidência forçosa
Confessores
mais tarde agiram contrariamente a suas confissões
Bem
pouca franca reconciliação que levou a união fraternal
Nenhuma
evidência de abafar o Espírito Santo foi revertida
Confessores
não recobraram essência da mensagem para proclamá-la bem
POSIÇÕES
CONTEMPORANEAS DAS CONFISSÕES PτS-1888 - p. 42
Posição
predominante é que "temos" a mensagem, portanto a proclamamos
HÁ
PROBLEMAS COM ESTA POSIÇÃO - p. 43
Onde
há evidência de que a mensagem e luz foram reconquistadas?
Por
que "obra" não concluída após tempo de confissão e arrependimento?
Por
que EGW insiste com declarações até 1901, com líderes em oposição
O
TESTEMUNHO DE NOSSA HISTÓRIA - p. 43
Urias
Smith, redactor e autor capaz, é oponente persistente
EGW
o tem por responsável por influência negativa em larga escala
Sua
fé na obra de EGW não é forte, e lança essa influência
COMO
ALGO SAIU DOS TRILHOS - p. 44
Concorda
com a luz, mas falha em agir segundo esta
Sabemos
hoje que otimismo do redactor era infundado
Repetidamente
seguida linha diametralmente oposta à verdade presente
Redactor
indispôs-se abertamente com Waggoner e Jones na Review
A
questão é a proclamação da mensagem do alto clamor
"Nunca
poderão reconquistar o que perderam"
CONCLUSÃO - p. 46
Sinceros,
amoráveis irmãos entenderam errado a situação em B Creek
Urias
Smith, protótipo do ASD conservador descrente nunca mudou
"Topos"
da descença cortado, "raízes" deixadas intactas
Em
alguns casos posições oficiais hoje idênticas à oposição em 1888
Concepções
erradas iguais levam relatórios estatísticos a nos iludir
Confusão
sobre mensagem espalha transgressão em todos os departamentos
Purificação
do santuário celestial requer obra complementar no coração
Poder
necessário é luz, complementação do evangelho consequência
CAPÍTULO
OITO - p. 48
UM
MOVIMENTO EM CRISE: A ASSEMBLÉIA DE 1893 - p. 48
Assembléia
da AG de 1893 segue-se em importância à de 1888
A
mensagem de 1888 foi tema de importância dominante
PREVISÃO
DE GRANDE PERIGO - p. 48
"Deus
retirará o Seu Espírito a menos que Sua verdade seja aceita"
Oradores
reconheceram seriedade sem precedentes
Falha
em aceitar resultaria em aceitação de falsa luz
LIÇõES
DE ISRAEL "ESCRITAS PARA NOSSA ADMOESTAÇÃO - p. 49
Luz
recebida é bênção, mas sabedoria própria a torna "um veneno"
Escritores
compararam Israel em Cades-Barnéia com história de 1888
1893
corresponde a tentativa posterior de capturar "terra prometida"
Esforços
de Israel falham; assim o falso entusiasmo de 1893 falha
OS
ESTUDOS DE A.T.JONES - p. 50
Jones
apresentou vinte e quatro estudos, "Mensagem do Terceiro Anjo"
Falava
humildemente de "nossas" falhas, "nossa" descrença e
carências
Jones
apresentava uma obra genuina e sólida do Espírito Santo
CAPÍTULO
NOVE - p. 53
UMA
FALSA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ: SEMEANDO A SEMENTE DA APOSTASIA - p. 53
(A
Assembléia da Associação Geral de 1893, Parte II)
Rejeição
da luz de 1888 abriu caminho para falsas idéias
Jones
lembrou à assembléia que mente voltada ao eu torna-se a de Satanás
Analisado
desenvolvimento mediante paganismo, romanismo, espiritismo
Posição
católica contrastada com Caminho a Cristo
Essência
do romanismo é o culto ao eu
Contrafação
exposta, O Segredo Cristão de Uma Vida Feliz
Ensinos
derivados de Fenelon, místico católico
ESTUDOS
DE W.W.PRESCOTT - p. 54
Série
de sermões sobre "A Promessa do Espírito Santo"
Prescott
requer severamente que os irmãos se endireitem
Mensagens
revertem à motivação egocêntrica das obras
Apresentações
confusas impediram aceitação da verdadeira mensagem
UM
ESFORÇO PARA RESOLVER O IMPASSE - p. 55
Estudos
de Prescott trazem confusão que desequilibrou até Jones
Audiência
levada a crer: recebe o Espírito por presumir e reivindicar
Tese
desenvolvida: receber o Espírito s/conhecimento ou arrependimento
JONES
CONFUSO - p. 57
Ambos
não reconhecem: chuva serôdia retirada, Israel volta a vaguear
Profecias
desafortunadas feitas que nunca ainda tiveram cumprimento
Prescott
predisse manifestação dos dons do Espírito
Prescott
e Jones enganados por alegações infundadas
PREDIÇÕES
DA APOSTASIA DE PRESCOTT - p. 57
Não
parecia conhecer meio seguro de distinguir verdade do erro
Década
seguinte negra com incêndios e panteísmo
CONCLUSÃO - p. 58
Assembléia
de 1893 assinala fim da era 1888
Presumida
"grande vitória" não explica demora posterior de um século
Assembléia
de 1950 segue pressupostos de 1893, reclamar Espírito
EGW
havia advertido: "Mudam líderes e não o sabem"
CAPÍTULO
10 - p. 60
POR
QUE JONES E WAGGONER PERDERAM O RUMO? - p. 60
Grande
mistério na história ASD por que ambos falharam depois
Opinião
popular é de que eram radicais, extremos já em Mineápolis
Tal
posição choca-se com elogios de EGW a eles
Mensagem
e mensageiros sutilmente descartados e opostos até hoje
UMA
PROVIDÊNCIA MISTERIOSA - p. 60
Julgar
que o Senhor cometeu erro estratégico é impensável
Jones
e Waggoner expulsos por persistente oposição irracional
EGW
lança culpa final "em grande medida" sobre irmãos
Deus
permitiu triste evento como teste p/confirmar "nossa" descrença
Juízo
investigativo requer que Igreja veja a verdade da mensagem
A
NATUREZA PROFUNDAMENTE ARRAIGADA DA OPOSIÇÃO - p.60
Irmãos
"sempre prontos para mostrar... que divergiam" de W e J
Dois
homens falaram positiva e fortemente, melindrando o ego de alguns
Personalidade
de Jones e Waggoner tornou-se pedra de tropeço
A
CARGA PESSOAL QUE JONES E WAGGONER SUPORTAVAM - p. p. 61
J
e W sabiam ser mensagem de Deus, começo do alto clamor para o fim
O
pecado deles, perda de fé na corporação da Igreja e seus líderes
EGW
sentia que pressão poderia ser mais do que eles podiam suportar
Falha
tendia a confirmar impenitência da liderança
Falha
citada hoje como evidência de que mensagem de 1888 é perigosa
QUAL
FOI O PROBLEMA DE A.T.JONES? - p. 63
Uma
carta de EGW fora do contexto citada contra Jones
"Sonho"
de EGW aceito, seguindo-se humilde arrependimento
Carta
declarava serem suas posições corretas, como "nossa posição"
Escritos
de Jones não dizem que "as obras de nada valem"
Jones
desviado por influência de Prescott
NENHUM
PECADO É JAMAIS ESCUSÁVEL - p. 63
Falha
de J e W manteve gerações futuras alheias a respeito idólatra
EGW
insistia em que implacável perseguição fora causa básica da queda
Sabiam
ser "começo" do alto clamor, insuficiente para santificação
COMO
HOMENS BONS PODEM PERDER O SEU RUMO - p. 64
Ofício
do presidente da AG não justifica o ferir a irmãos
A
promoção de J e W da constituição de 1901 mal entendida p/presidente
Presidente
nega acusação de "poder imperial" por EGW
Jones
desafiou delegação a mostrar que era contra organização
Derrota
de J e W em 1903 provavelmente iniciou final amargura humana
"Credenciais
celestes"de Jones p/anunciar "alto clamor", não admistrar
O
ESPÍRITO DE 1888 E A TRAGÉDIA DE KELLOG - p. 65
EGW
afirma que Dr Kellog era verdadeiramente convertido em Mineápolis
EGW
diz: Apostasia de Kellog em grande medida é nossa responsabilidade
O
"maná" de 1888 fora rejeitado e estragou-se, triste história
CONCLUSÃO - p. 67
Waggoner
reconheceu "bondade superior dos irmãos"
Não
podia entender por que Deus lhe deu a luz
Jones
morreu com confiança na mensagem adventista
A
mensagem deles reimpressa propiciaria grande visão do puro evangelho
CAPÍTULO
ONZE - p. 67
AS
CRISES "ALFA" E "ΦMEGA" - p. 67
Crise
de panteísmo quase destrói IASD no princípio do século passado
Engano
seguido por rejeição da luz, inalterável lei da história
O
que falhamos em crer, devemos aprender por desvios que criamos
A
HISTÓRIA DO ALFA DO INÍCIO DO SÉCULO 19 ILUSTRA ESTE PRINCÍPIO - p. 67
O
Senhor não força p/temor, mas espera nossa desilusão, vence com amor
Advertido
em Mineápolis: seguir a Cristo ou cair sob senhorio de Satanás
Inimigo
buscou chance de confundir nosso entendimento
Daniells
reconheceu em 1926 advertência justificada, inimigo venceu
Enganos
"alfa" eficazes por causa da rejeição anterior da luz
O
PERIGO DA IMPACIÊNCIA - p. 68
Deus
teve que alterar Seus propósitos, p/manter o passo com o Seu povo
Críticos
humanos impacientes, atraso por causa da Igreja
Fim
do desvio, Igreja sentirá verdadeiro arrependimento
"A
IGREJA TODA" VERSUS "A IGREJA TODA" - p. 69
Toda
a Igreja reavivada após o "peneiramento", não antes
Compreensão
de nossa história necessária para atingir essa meta
O
FUNDAMENTO DA HERESIA PANTEÍSTA - p. 69
Arrogância
do coração humano torna-se terreno para engano enraizar-se
"Olhos
não ungidos com colírio celestial... entendimento cegado"
"O
fanatismo surgirá no nosso próprio meio Virão enganos"
O
panteísmo é alheio às mensagens do terceiro e quarto anjos
A
DÉCADA NEGRA DE NOSSA HISTτRIA - p. 70
Luz
que chama ao arrependimento extinta em nuvens de descrença
O
engano do "Capitão Norman", agente do diabo
"Assustadora
apostasia" com o povo de Deus, Igreja "frígida"
Fonte
de dificuldade espiritual, rejeitada chuva serôdia e alto clamor
CAPÍTULO
DOZE - p. 72
A
APOSTASIA DO PANTEÍSMO - p. 72
Intervenção
de EGW salvou a Igreja de naufragar no panteísmo
Líderes
respeitados surdos à sorte pendente da Igreja
Sentimentos
panteístas enfeitiçaram pastores, médicos
"Atalaias...
sobre os muros de Sião? Estão despertos?"
Teste
do panteísmo não é final, Satanás deve trazer "ômega" supremo
Apresentar
história pós-1888 como vitória anula lição de Kellogg
Perda
do Sanatório de Battle Creek não é o "ômega"
ONDE
JAZ A VERDADE SOBRE O "ΦMEGA" - p. 73
"Φmega"
como sendo um evento é contrário às declarações de EGW
Ela
declarou que "muitos se desviarão da fé"
Ela
disse ser o ômega um "perigo", fim do alfabeto de heresias letais
Quando
o ômega chegasse, ela disse, "tremi por nosso povo"
Simbolismo
alfabético requer desenvolvimento de apostasia na Igreja
EGW
considerou as provas do ômega como experência após sua morte
CONCLUSÃO - p. 74
A
verdade de nossa história passada dá esperança e confiança p/futuro
Longo
desvio do jornadear deve conduzir com o tempo a Cristo
Ele
pôs em risco o Seu trono sobre a honestidade do Seu povo
CAPÍTULO
TREZE - p. 76
PREDIÇõES
DE ELLEN WHITE SOBRE CULTO A BAAL - p. 76
Nossa
juventude vê "inadequações específicas" no adventismo de hoje
O
verdadeiro líder da IASD não é a Associação Geral, mas Cristo mesmo
Igreja
é insensível porque falso cristo usurpou lugar do verdadeiro
"Pontos
Distintivos" adventistas a prevalecer, ou sem razão p/existir
REJEIÇÃO
DA MENSAGEM DE 1888 CONDUZ AO CULTO A BAAL - p. 76
Após
1888 EGW viu "grande perigo" no coração da obra
Mera
crença num "Ser Supremo" insuficiente no Dia da Expiação
Dado
o fracasso de 1888, descrença do antigo Israel nos afligiria
Baal
seria nossa escolha
Satanás
tenta destruir singularidade da missão deste povo
Muitos
se apresentam em nossos púlpitos com tocha de "falsa profecia"
O
QUE É O CULTO A BAAL? - p. 77
As
predições de EGW do culto a Baal preocupam seriamente hoje?
Baal,
o deus dos cananeus, significa "o senhor"
Chocantes
semelhanças entre religião de Israel e paganismo actual
Apostasia
no tempo de Elias gradual, não notada por mais de um século
Culto
ao eu disfarçado como culto de Cristo é culto a Baal
Actual
culto ao amor próprio é oposto à devoção a Cristo
Busca
p/ascenção, promoção, prestígio, poder, motiva profetas de Baal
Culto
a Baal se intromete onde prevalece motivação egocêntrica
COMO
JEREMIAS CONFRONTOU O CULTO A BAAL - p. 78
Culto
a Baal é apostasia sutil, líderes e povo tentam negá-lo
Culto
apóstata foi combinado com verdadeira adoração ao Senhor
Líderes
religiosos da nação auxiliados e propagaram apostasia
Palavra
do Senhor veio a Elias, que não buscou ser mensageiro
BABILÔNIA
CONTINUOU A CAIR? - p. 78
Ignorância
tenta jovens a pensar que IASD é meramente opção religiosa
Luz
plena da mensagem do terceiro anjo mantida longe do mundo
Queda
de Babilônia suspensa, dependendo da proclamação do alto clamor
Serva
do Senhor insiste: culto a Baal infiltrou-se no Israel moderno
Recorremos
a igrejas populares por inspiração sem discernir distinções
A
MENSAGEM DE 1888 E O DIA DA EXPIAÇÃO - p. 79
Queda
de Babilônia ainda não completada, somente estágios iniciais
Alienação
do cristianismo, ignorância do ministério do Sumo Sacerdote
Resultado:
"Satanás... tentando levar em frente obra de Deus"
(1)
Cristãos em 1844 rejeitaram mensagem de três anjos diferentes
(2)
Deus não pode culpar actuais descendentes dos rejeitadores de 1844
(3)
Preparo para 2a vinda requer conhecimento das três mensagens
(4)
Substituição deve mudar, povo deve vencer como Ele venceu
(5)
Falso cristo espalha influência por falsas reformas
(6)
"Besta" aparecerá como salvador, insta marca p/impedir destruição
(7)
Juntos: Entendimento da mensagem de 1888 e ministério celestial
POR
QUE A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO EM VERDADE É NECESSÁRIA - p. 80
A
mensagem do 3o anjo apresenta o Salvador tentado em tudo como nós
Quem
segue o ministério do Sumo Sacerdote aprecia três verdades únicas
(a)
A perpetuidade da lei de Deus, incluindo o santo sábado
(b)
A não-imortalidade da alma
(c)
A purificação do santuário celestial é Dia da Expiação final
Essas
três verdades apoiam a IASD; estão contidas na mensagem de 1888
COMO
O CULTO A BAAL NOS ROUBA NOSSA MENSAGEM DISTINTIVA - p. 81
Satanás
tem buscado ansiosamente contrafazer o amor do Novo Testamento
O
amor da contrafação ministrado pelo espírito santo da contrafação
"Satanás
entrará em qualquer porta que lhe esteja aberta"
EGW
predisse em 1889 um terrível desvio da verdade e pureza
Cristo
e Sua justiça não removidos verbalmente da experiência
Cristo
e Sua justiça não removidos conscientemente
Cristo
e Sua justiça seriam removidos inconscientemente
"Conduzidos
por um falso espírito... seguindo ao capitão errado"
CONCLUSÃO - p. 81
Apreciação
da cruz de Cristo leva o eu a ser crucificado com Ele
Impotência
espiritual desorienta membros ASD, promove dissidências
IASD
não é Babilônia; culto a Baal é doença estranha, pode ser curada
"Honestidade
e política não operarão juntas na mesma mente"
Há
ressurreição com Cristo quando amor pecaminoso do eu é crucificado
CAPÍTULO
QUATORZE - p. 83
DE
1950 A 1971 - p. 83
Este
manuscrito preparado em 1950 para Comissão da Associação Geral
Desde
então, convicção cresce quanto a haver difundida fome espiritual
Somente
dias após assembléia de 1888 EGW "nos" comparou aos judeus
Profeta
discerne resultado de 1888: comparado a re-crucifixão
Comparação
com judeus penetra o coração do plano de salvação
Desde
1950 esforço conjugado p/publicar idéia de que 1888 foi vitória
Solução
não em criticar liderança da Igreja, mas no arrependimento
1950 - p. 83
1888
Re-Examinado comprovou que
"nós" tomamos rumo errado em 1888
O
apelo foi rejeitado firmemente e oficialmente
Manuscrito
de algum modo duplicado e distribuído em vários continentes
1952 - p. 84
Conferência
bíblica realizada na Igreja de Sligo, 1-13 de set de 1952
Presid
da AG alega: verdade de 1888 apresentada c/maior poder em 1952
Se
verdade, que aconteceu com as bênçãos que disso devia resultar?
Apresentações
não contêm mensagem de 1888
Mensagens
e mensageiros endossados por EGW não considerados em 1952
Boa
conferência, mas chuva serôdia e alto clamor não evidentes em 1952
Prossegue
ampla distribuição espontânea de 1888 Re-Examinado
1958 - p. 85
Reação
da AG: Avaliação Adicional de "1888 Re-Examinado"
Autores
acusados: "distorção dos factos", "manuscrito...
prejudicial"
Preparada
resposta de 70 páginas: Uma Resposta a "Avaliação Adicinal"
Retirado
Avaliação Adicional, não mais disponível
1962 - p. 85
Sérias
questões continuam durante outros quatro anos
Pela
Fé Somente publicado em 1962, visando
a "apresentar os factos"
(a)
Obra não reconhece mensagem de 1888 como "começo" da chuva serôdia
(b)
Referência a mensagem de 1888 como mera "doutrina" da justificação
(c)
Pergunta: Igrejas evangélicas tinham as três mensagens angélicas?
(d)
IASD torna-se mais evangélica: que mensagem?
(e)
"Reavivamento do fim do século se extinguiu": prova da rejeição
1966 - p. 85
Perguntas
dos membros da Igreja prosseguem
Depositários
de EGW publica livro de Olson: Through Crisis to Victory
Propósito
do livro: combater "conclusões desorientadoras"
(a)
Cartas de EGW não indicam "vitória" ou "anos de progresso"
(b)
Livro tenta estabelecer: mensagem não "oficialmente rejeitada"
Boletim
da AG de 1893 fala definitivamente de
voto tomado
A
própria EGW menciona voto de rejeição
Voto
de rejeição não registrado porque EGW o proibiu
(c)
Olson minimiza oposição; conflito com EGW e testemunhas da época
(d)
Conclusão penosa: pastores acesos, membros é que "negligenciam"
1969 - p. 86
Pease
publicou sequela: A Fé que Salva, a respeito de 1888
(a)
Novamente evasão da singular mensagem dos três anjos
(b)
Oposição não séria, nenhum voto, arrependimento, mensagem apoiada
(c)
Nada dito por J e W seria melhor do que o que foi dito por EGW
Se
verdade, por que o Senhor enviou J e W como Seus mensageiros?
(d)
AG de Milwaukee de 1926 tida como mais importante do que a de 1888
Essa
posição logicamente lança Igreja em confusão, nenhum reavivamento
CAPÍTULO
QUINZE - p. 89
DE
1971 A 1987 EM DIANTE - p. 89
700
páginas publicadas até então negando necessidade de arrependimento
700
páginas adicionais em Movimento Predestinado por L E Froom
É
garantida total fidelidade na resposta à acusação de Daniells
Escrito
pelo erudito em história na Igreja de maior prestígio
Livro
passado em revista como "história não confiável"
(a)
Toma posição oposta a Daniells quanto à história de 1888
(b)
Ninguém capaz de ver as "provas documentais" de Froom
Aceitação
assegurada sobre autoridade de testemunhas invisíveis
Declara
categoricamente não ter havido rejeição, sem uma prova sequer
Relatórios
escritos de testemunhas contradizem asserções de Froom
A
"TESTEMUNHA INIGUALÁVEL" p. 90
(c)
Froom declara que EGW permanece suprema em avaliar 1888
11
páginas dedicadas a EGW; nenhuma citação para apoiar sua premissa
(d)
Alista mais de 200 ítens de EGW, mas são só comentários do autor
(e)
12 páginas de sentençãs de EGW, mas abafadas por idéias do autor
(f)
Centenas de "documentos de fontes" mas nenhuma é citada
(g)
Século de história indica chuva serôdia não aceita como EGW disse
(h)
Como Olsen, Froom exonera ministério e liderança; culpa leigos
(i)
Afirma que EGW "regozijou-se" com aceitação, mas não o confirma
Atitude
do presidente da AG é "evidência determinativa"
Evidência
de EGW totalmente ausente em seu livro
A
OPINIÃO DE ELLEN WHITE SOBRE A LIDERANÇA DE DEPOIS DE 1888 - p. 91
EGW
disse que Olsen "se aventurou a ir directamente contrário à luz"
"Como
atalaia infiel... não considera os testemunhos"
Contradição
de Froom a EGW, e apoio oficial ao seu livro é alarmante
Como
podem os ASD ajudar outros a menos que sejam fiéis à verdade?
1972 - p. 91
Dr
Froom desafiou autores deste manuscrito a retratarem-se de público
Em
1972 prepararam: Uma Confissão Explícita... Devida Pela Igreja
Reiteraram
convicção: nossa história apela a arrependimento colectivo
Oficiais
instaram p/Confissão não ser publicado; seguem-se dois factos
1973-1974 - p. 92
Concílio
anual-1973: Apelo ardente, mas sem saber interpretar história
Alto
clamor não reavivamento subjetivo, mas própria mensagem objetiva
(a)
Se reavivamento morre, o Espírito Santo se teria cansado?
(b)
Alto clamor é a própria mensagem e o poder do Espírito manifestado
Mensagem
de 1888 nunca foi claramente proclamada à Igreja mundial
Resultado
do interesse de 1973-74 foi Conferência de Palmdale em 1976
Apresentadas
posições "reformacionistas", calvinistas, negando 1888
Resultados
trágicos, perda de centenas de ministros e leigos
1984 - p. 92
Publicação
posterior tratando de 1888: Os Anos Solitários, 1876-1891
Autor
Arthur L White fala em "ênfase desproporcional" dada a 1888
Diz
que documentos e declarações arquivadas de EGW suprem dados
O
dilema é--confiança desproporcional em opiniões não inspiradas
Repete
que "nenhum voto oficial foi dado", mas GCB diz ter havido voto
Parágrafo
8, p 396, enfaticamente nega verdade da história de 1888
Membros
da Igreja conscientes chocados com tais táticas literárias
Como
é possível eruditos e líderes passarem por alto evidência óbvia
Endosso
indiscutível à mensagem por EGW revela-se claro após um século
1888,
UM TESTE DO TEMPO DO FIM - p. 94
Como
explicar esforços oficiais desde 1950 para contradizer EGW?
Se
nossos inimigos pesquisassem esta história, estaríamos embaraçados
Cegueira
espiritual diz ser justificação p/fé é a verdade mais difícil
Esse
entendimento distorcido nos torna "um moderno antigo Israel"
"PARA
NOSSA ADVERTÊNCIA" - p. 94
Nossa
história, importante c/travessia M Vermelho e apedr de Estevão
A
questão é--aceitaremos nossa história ou "apedrejaremos Estêvão"?
Após
um século de demora, causa em perigo, com "ômega" pendente
Inerente
à mensagem de "boas novas" está experiência da expiação final
Anjos
seguram ventos, estabilidade mundial depende da nossa fidelidade
Obra
de Deus pode ser terminada num tempo incrivelmente curto
Requererá
arrependimento dos séculos, entendimento, correção de erros
Experiência
derradeira aguarda Igreja como a de Jesus no Getsêmani
Cristo
deixou o céu, verdadeira fé não é centrada em nossa recompensa
Sétima
Igreja em cena nos últimos momentos; não há oitava Igreja
Poder
de Satanás partido quando a verdadeira justificação p/fé demonstrada
APÊNDICE
A - p. 96
A.T.JONES
ENSINOU A HERESIA DA "CARNE SANTA"? - p. 96
Tentativas
feitas acusam mensagem de ATJ a conduzir à "carne santa"
(1)
Se verdade, desacreditará a mensagem de 1888
Se
J e W estiverem errados, Igreja não tem por que dar atenção a 1888
Falsidade
da acusação exposta por Dr Leroy Moore em Teologia em Crise
(2)
Se Jones se desviava em 1889, EGW deve ser vista como fanática
Endossou
Jones de 1888-1896; se errada, não há como dar-lhe respeito
(3)
Satanás deseja dissuadir a Igreja de receber bênçãos espirituais
EVIDÊNCIA
CONCERNENTE δ ACUSAÇÃO CONTRA JONES - p. 96
Suposta
evidência tirada de sermões condensados no jornal
(a)
Estudo de sermões de Jones no jornal não revela tese "carne santa"
(b)
Em tempo algum após 1889, há qualquer registro apoiando tal heresia
(c)
Declaração primaria por W C White, mas concorda c/conceito ASD
(d)
J e W refutam fanatismo "carne santa" na virada do século
Outro
exemplo de oposição contínua à "preciosíssima mensagem"
APÊNDICE
B - p. 98
AS
COMPARAÇÕES DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ - p. 98
Trinta
e seis comparações: A posição popular e a posição de 1888
APÊNDICE
C - p. 101
UMA
FONTE DO MITO DA ACEITAÇÃO - p. 101
Posição
popular de pessoas zelosas, mensagem aceita um século atrás
Essa
posição em conflito direto com história e declarações de EGW
Testemunho
de EGW claro, chuva serôdia, alto clamor rejeitados
Nossa
história repete a dos judeus; carecemos de arrependimento denominacional
Filho
e neto de EGW desfrutam grande estima na IASD com justiça
Ministério
de EGW único, inspirado, além de um milhar de testemunhas
Futuro
da IASD depende de resolução devida da questão
Atitude
humana conflita com "testemunho de Jesus" sem o Espírito Santo
Imperativo
agora que Igreja tenha total confiança no Esp de Profecia
Mornidão,
fraqueza espiritual--frutos da má interpretação da história
APÊNDICE
D - p. 103
QUAL
É O FUTURO DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA? - p. 103
Igreja
tem retardado a proclamação mundial do evangelho eterno
Envolvimento
corporativo comparado a falhas de Israel por EGW
Já
rejeitou ou rejeitaria o Senhor no futuro esta Igreja?
Dado
fiéis protestarem apostasia e se oporem, situação desesperadora?
Irão
"almas fiéis" completar a pregação, deixando a IASD a apostasia?
A
Igreja organizada é ainda o "remanescente" de Apoc 12?
Ser
membro da Igreja é dever válido para "almas fiéis"?
Há
directrizes nas Escrituras e declarações de EGW
(1)
Deus quer Seu povo denominado, família, "semente" de Abraão
(2)
Embora mais profundas apostasias de Judá e Israel, Deus ainda fiel
(3)
O verdadeiro Israel sempre identificável, "em Isaque" fé de Abraão
(4)
Igreja primitiva organizada, verdadeiro Israel, Cristo por cabeça
(5)
Cuidado de Deus pela "mulher" no deserto indica organização
(6)
Igreja ASD primitiva combateu organização, mas Esp Santo aprovou
Um
movimento conduzido p/Esp Santo deve ser organizado, disciplinado
Nenhum
corpo mundial de crentes cumpre remotamente Apoc 14:6-12
Corporação
formada p/Deus p/proclamação; grupos desviados não substit
Verdadeiros
ASD's preocupados com vindicação do Senhor, não recompensa
Estão
"sob a graça", nova motivação, antes que "sob a lei"
"Peneiramento"
separa do povo de Deus os interessados só em segurança
(7)
Preocupação mesquinha "sob a lei" não aprecia justificação pela fé
Reconhecer
a Cristo como cabeça da Igreja requer submissão do coração
Com
domínio do "poder imperial", ministros e povo buscam apoio humano
(8)
História de 1888 mostra: Senhor enviou "começo" p/ delegados à AG
(9)
Reorganização de 1901 tencionava fazer voltar liderança de Cristo
Só
um sonho, "como poderia ter sido", descrença de 1888 não desfeita
Sessão
de 1903 vista como passo atrás por outros além de J e W
(10)
revisão de 1903 não levou EGW a retirar seu apoio à Igreja
Solução
não em destruir a Igreja, mas em arrependimento dentro dela
(11)
Milhões testificam: apesar das falhas a IASD levou-lhes evangelho
Melhor
esperança de êxito--Igreja que não só proclama, mas demonstra
EGW
lembra: "Deus disse que curará as feridas do Seu povo"
"Deus
não permitiria... apostatar totalmente... ser... outra igreja"
Noiva
de Cristo doente, carecendo de cura, requerida total cooperação
(12)
Devem membros reter lealdade, apoio, dependentes de evidências
Promessas
a Israel condicionais; Deus continuou fiel, sempre esperando
Dan
8:14, fundamento da Igreja, honra de Deus exige "será purificado"
Esta
é a questão derradeira no grande conflito
"Quando...
Quando... Quando busca a Deus... será curada"
Dever
agora é remover barreiras que impedem reformas dentro da Igreja
APÊNDICE
E - p. 107
BREVE
ANÁLISE DAS PUBLICAÇõES DE 1987 A 1988 - p. 107
Os
Materiais de 1888 de Ellen G White
Manuscritos
e Lembranças de Mineápolis, 1888
De
1888 à Apostasia--O Caso de A T Jones
Adventist
Review [Revista Adventista], 7 de
janeiro de 1988]
Ministry [publicação para ministros adventistas], fevereiro de
1988
Perfeitos
em Cristo, Graça em Julgamento
O
Que Todo Adventista do Sétimo Dia Devia Saber Sobre 1888
APÊNDICE
F - p. 114
JUSTIFICAÇÃO
E JUSTIÇA PELA FÉ - P. 114
Comparação
de três pontos de vista contrastantes
APÊNDICE
G - p. 121
RESUMO
DA DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ - P. 121
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