Os Sete Anjos
Capítulo 17
Os Olhos do Homem Abertos
Foi agora dado forte ênfase que o fim
não pode vir até que seja feita pelo homem a mesma obra que foi feita pelos
anjos e habitantes dos mundos não caídos na cruz. No Calvário, Cristo cumpriu a
Sua missão como primícias expondo a verdadeira natureza da apresentação errada
de Satanás acerca do carácter de Deus. A revelação dada foi claramente vista
por todos os seres criados excepto pela raça humana e foi tão eficaz que foi
banido todo o risco de rebelião reaparecer no Céu.
Mas o homem, por causa de não ter sido
liberto das mentiras de Satanás nessa altura, continuou no seu curso rebelde e
continuará neste estado até que os olhos também lhe sejam abertos para ver o
verdadeiro carácter de Deus e do grande apóstata. Portanto, uma vez mais, nesta
Terra, através da carne e sangue de seres humanos, Cristo tem que uma vez mais
revelar o verdadeiro carácter do Pai, enquanto ao mesmo tempo, expor o mal do
carácter do diabo. É o papel destinado às primícias, os 144,000, serem os
santificados instrumentos de Deus para a realização desta obra, e, assim que
ela estiver feita, Cristo pode cumprir imediatamente a Sua obra como o grande
Segador.
Estas conclusões são confirmadas pelas
revelações proféticas do futuro em que é claramente ilustrado o dramático
momento no qual vem finalmente a compreensão aos ímpios que Deus é de facto um
Senhor de amor, misericórdia, verdade, compaixão e bênção. Quando estiverem por
fim convencidos que Jeová não é o que eles pensaram que Ele era, perderão todo
o interesse na sua determinação de exterminar o povo de Deus. A rebelião será
finalizada, o propósito do tão longo grande conflito será alcançado e preparado
o caminho para o advento do Salvador que então se seguirá imediatamente.
Como o ministério do quinto anjo começa
com o fecho da porta da graça, este marco fornece um excelente resumo dos
acontecimentos que conduziram a esta vitória final.
O fim da provação marca o início do
tempo da angústia de Jacó através da qual o povo de Deus tem que passar e o
começo do tempo da grande tribulação que afligirá os ímpios. Estes factos são
confirmados pelos seguintes testemunhos:
“A experiência de Jacó durante aquela
noite de luta e angústia, representa a prova pela qual o povo de Deus deverá
passar precisamente antes da segunda vinda de Cristo. O profeta Jeremias, em
santa visão, olhando para este tempo, disse: ‘Ouvimos uma voz de tremor, de
temor mas não de paz... Por que se têm tornado macilentos todos os rostos? Ah!
porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! É tempo de
angústia para Jacó; ele porém será livrado dela.’ Jer. 30:5-7.
“Quando Cristo cessar a Sua obra como
mediador em prol do homem, então começará este tempo de angústia. Ter-se-á
então decidido o caso de toda alma, e não haverá sangue expiatório para
purificar do pecado. Ao deixar Jesus Sua posição como intercessor do homem
junto a Deus, faz-se o solene anúncio: ‘Quem é injusto, faça injustiça ainda; e
quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é
santo, seja santificado ainda.’ Apoc. 22:11. Então o Espírito repressor de Deus
é retirado da Terra. Assim como Jacó foi ameaçado de morte por seu irmão irado,
o povo de Deus estará em perigo por parte dos ímpios, que procurarão
destruí-los. E assim como o patriarca lutou toda a noite para conseguir
livramento da mão de Esaú, clamarão os justos a Deus dia e noite por livramento
dos inimigos que os cercam.” Patriarcas e
Profetas, 201.
“Deixando Ele o santuário, as trevas
cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à
vista de um Deus santo, sem intercessor. Removeu-se a restrição que estivera
sobre os ímpios, e Satanás tem domínio completo sobre os que finalmente se
encontram impenitentes. Terminou a longanimidade de Deus: O mundo rejeitou a
Sua misericórdia, desprezou-Lhe o amor, pisando Sua lei. Os ímpios passaram os
limites de seu tempo de graça; o Espírito de Deus, persistentemente resistido,
foi, por fim, retirado. Desabrigados da graça divina, não têm proteção contra o
maligno. Satanás mergulhará então os habitantes da Terra em uma grande angústia
final. Ao cessarem os anjos de Deus de conter os ventos impetuosos das paixões
humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda. O mundo inteiro se
envolverá em ruína mais terrível do que a que sobreveio a Jerusalém na
antiguidade.” O Grande Conflito, 614.
O início desse terrível tempo de
sofrimento é também o começo das sete últimas pragas que estão descritas em Apocalipse 16, como é confirmado neste
testemunho:
“Quando Cristo cessar de interceder no
santuário, será derramada a ira que, sem mistura, se ameaçara fazer cair sobre
os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal. (Apoc. 14:9 e 10.)
As pragas que sobrevieram ao Egito quando Deus estava prestes a libertar
Israel, eram de caráter semelhante aos juízos mais terríveis e extensos que
devem cair sobre o mundo precisamente antes do libertamento final do povo de
Deus.” O Grande Conflito, 627, 628.
Deste ponto em diante, é dada uma
cuidadosa descrição de cada praga como ela é derramada cada uma por sua vez. É
importante, numa correcta compreensão destes acontecimentos, notar que em O Grande Conflito elas são tratadas
exactamente na mesma ordem em que aparecem nas Escrituras. Se este princípio de
estudo não for reconhecido, será impossível identificar a sexta praga. Aqui,
então, está a descrição das primeiras três pragas como aparecem em O Grande Conflito:
“Na praga que se segue, é dado poder ao
Sol para que ‘abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com
grandes calores’. Versos 8 e 9. Os profetas assim descrevem a condição da Terra
naquele tempo terrível: ‘E a Terra [está] triste; ... porque a colheita do
campo pereceu.’ ‘Todas as árvores do campo se secaram, e a alegria se secou
entre os filhos dos homens.’ ‘A semente apodreceu debaixo dos seus torrões, os
celeiros foram assolados.” “Como geme o gado! as manadas de vacas estão
confusas, porque não têm pasto: ... os rios se secaram, e o fogo consumiu os
pastos do deserto.’ ‘Os cânticos do templo serão gritos de dor naquele dia, diz
o Senhor Jeová; muitos serão os cadáveres; em todos os lugares serão lançados
fora em silêncio.’ Joel 1:10-12, 17-20; Amós 8:3.” O Grande Conflito, 628.
Não há nada para sugerir que estas
pragas não sejam literais, especialmente quando está declarado que elas serão
semelhantes em carácter às pragas que caíram sobre o Egipto. Estas quatro
primeiras estão limitadas a certas áreas geográficas, como está escrito:
“Estas pragas não são universais, ao
contrário os habitantes da Terra seriam inteiramente exterminados. Contudo
serão os mais terríveis flagelos que já foram conhecidos por mortais. Todos os
juízos sobre os homens, antes do final do tempo da graça, foram misturados com
misericórdia. O sangue propiciatório de Cristo tem livrado o pecador de os
receber na medida completa de sua culpa; mas no juízo final a ira é derramada
sem mistura de misericórdia.” O Grande
Conflito, 628, 629.
Apesar destas quatro primeiras pragas
não serem universais, as restantes são, mas não há menção delas em qualquer
parte do capítulo do qual os testemunhos atrás citados foram tirados. Pelo
contrário, o restante desse capítulo é devotado à descrição dos terríveis efeitos
dos primeiros quatro juízos e consequentes sofrimentos que afligirão os ímpios.
Embora os justos não estejam totalmente livres de sofrimento, não serão
abandonados e deixados sem protecção.
“O povo de Deus não estará livre de
sofrimento; mas conquanto perseguidos e angustiados, conquanto suportem
privações, e sofram pela falta de alimento, não serão abandonados a perecer. O
Deus que cuidou de Elias, não desamparará nenhum de Seus abnegados filhos.
Aquele que conta os cabelos de sua cabeça, deles cuidará; e no tempo de fome
serão alimentados. Enquanto os ímpios estão a morrer de fome e pestilências, os
anjos protegerão os justos, suprindo-lhes as necessidades. Para aquele que
‘anda em justiça’ é esta promessa: ‘O seu pão lhe será dado, as suas águas serão
certas. Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se
seca de sede; mas Eu, o Senhor os ouvirei, Eu o Deus de Israel, os não
desampararei.’ Isa. 33:16; 41:17.
“‘Ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja
vacas’, os que O temem, contudo, se alegrarão no Senhor e exultarão no Deus de
sua salvação. (Hab. 3:17 e 18.)” O Grande
Conflito, 629.
Todas as pessoas que vivem na
expectativa de passar pela angústia de Jacó fariam bem ler o resto do capítulo
do qual foi extraído o testemunho anterior a fim de se tornarem totalmente
familiares com as maravilhosas promessas que ele contém. Ninguém senão aqueles
que com uma fé viva sobreviverão à prova que deverá ser colocada sobre eles
nessa altura e ninguém terá esse tipo de fé a menos que conheça realmente as
promessas e como as aplicar. É no capítulo seguinte em O Grande Conflito, com o título “O Livramento dos Justos”, que
encontramos a descrição das três últimas pragas. Este capítulo abre com a
descrição desse terrível tempo em que o povo de Deus, tendo perdido toda a
protecção das leis humanas, são declarados foras-da-lei. Isto dá a qualquer um
o direito de os matar à vista sem recurso a um julgamento. As multidões
conspirarão para destruí-los numa única determinada noite e preparam-se para o
acontecimento. Entretanto, menos para os que estão confinados a celas de
prisão, os 144,000 fugiram para as montanhas a fim de encontrarem refúgio nas
cavernas e outros caminhos solitários e desolados. Por fim, momento de morte
previamente marcado chega e homens e mulheres gritando e amaldiçoando são
lançados numa busca como animais à caça das suas presas.
“Com brados de triunfo, zombaria e
imprecação, multidões de homens maus estão prestes a cair sobre a presa,
quando, eis, um denso negror, mais intenso do que as trevas da noite, cai sobre
a Terra.” O Grande Conflito, 635,
636.
Esta é a quinta praga como descrita em Apocalipse 16:10, 11, nestas palavras:
“E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se
fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor. E por causa das suas
dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se
arrependeram das suas obras.”
O trono da besta não está limitado a
Roma nesta altura, porque nessa altura todo o mundo terá a mesma base de
operações. Embora, num sentido secundário, Babilónia é a grande besta, esta
organização é apenas o instrumento através de quem o diabo trabalha. Na
realidade, Satanás é a besta que, em virtude do facto de ter capturado todo o
mundo através das suas artes enganadoras, terá tornado este mundo o seu trono
do poder.
Todo o mundo estará cheio com
impenetráveis trevas tão densas que nada será visível. Será literalmente tão
negro quanto um túmulo. Os 144,000 estarão convencidos que a morte caiu sobre
eles tornando-os desse modo mártires pela causa. Mas nessa altura, o Altíssimo,
rodeando cada grupo dos Seus filhos com uma gloriosa luz como a luz do
arco-íris que atravessa os céus e que é o símbolo do concerto entre Deus e o
homem, pelo qual declara que eles mantiveram a sua fé e são dignos de um lugar
no Seu trono.
“Então o arco-íris, resplandecendo com a
glória do trono de Deus, atravessa os céus, e parece cercar cada um dos grupos
em oração. As multidões iradas subitamente se detêm. Silenciam seus gritos de
zombaria. É esquecido o objeto de sua ira sanguinária. Com terríveis
pressentimentos contemplam o símbolo da aliança de Deus, anelando pôr-se ao
amparo de seu fulgor insuperável.
“É ouvida pelo povo de Deus uma voz
clara e melodiosa, dizendo: ‘Olhai para cima’ (Luc. 21:28); e, levantando os
olhos para o céu, contemplam o arco da promessa. As nuvens negras, ameaçadoras,
que cobriam o firmamento se fendem e, como Estêvão, olham fixamente para o céu,
e vêem a glória de Deus, e o Filho do homem sentado sobre o Seu trono. Divisam
em Sua forma divina os sinais de Sua humilhação; e de Seus lábios ouvem o
pedido, apresentado ante Seu Pai e os santos anjos: ‘Aqueles que Me deste quero
que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.’ João 17:24. Novamente se
ouve uma voz, melodiosa e triunfante, dizendo: ‘Eles vêm! eles vêm! santos,
inocentes e incontaminados. Guardaram a palavra da Minha paciência; andarão
entre os anjos’; e os pálidos, trêmulos lábios dos que mantiveram firme a fé,
proferem um brado de vitória.” O Grande
Conflito, 636.
Este é o momento da vitória final. A
última batalha a ser travada, a guerra é finalizada e a grande controvérsia
concluída excepto para as cenas do último julgamento no fim do milénio. Deus é
o vencedor e Satanás o derrotado.
Quando Jesus obteve a vitória na cruz
momentos antes de entregar a Sua vida, exclamou “está consumado”. Assim será de
novo. Logo que a vitória seja obtida o Senhor Deus Altíssimo anunciará dos
Céus, “está feito”. Apocalipse 16:17.
Imediatamente segue-se a sétima e última praga, constituída por um grande
terramoto, o enfurecimento das águas e o derramamento da saraiva destruidora.
É neste ponto da tão longa luta que
grandes mudanças têm lugar na atitude dos ímpios. Pela primeira vez nas suas
vidas olharão para Deus e Sua lei na verdadeira luz. Todo o falso conceito
desaparecerá e Satanás aparecerá perante eles no seu verdadeiro carácter.
Estes pormenores não estão incluídos no
capítulo cujos parágrafos citámos atrás. Eles encontram-se no seguinte que se
intitula, “Será Desolada a Terra”. Este capítulo cobre o mesmo assunto que o
anterior, mas em vez de descrever as experiências dos justos, trata com o que
acontece aos ímpios no momento em que chega a vitória de Deus e do Seu povo.
“Quando a voz de Deus põe fim ao
cativeiro de Seu povo, há um terrível despertar daqueles que tudo perderam no
grande conflito da vida.” O Grande Conflito,
654.
Essa libertação é descrita na página
636. Os acontecimentos que conduzem a ela são as trevas as trevas que detêm o
ímpeto dos ímpios com as suas intenções homicidas contra o povo de Deus,
seguido pelo glorioso arco-íris que cerca cada grupo em oração, depois do que
vem a voz de Deus anunciando a libertação do Seu povo, enquanto ele responde
soltando um brado de vitória. Para culminar tudo, Deus diz, “está feito”.
É neste momento que o “...terrível
despertar daqueles que tudo perderam no grande conflito da vida” tem lugar.
“Enquanto perdurou o tempo da graça,
estiveram cegos pelos enganos de Satanás, e desculpavam sua conduta de pecado.
Os ricos se orgulhavam de sua superioridade sobre aqueles que eram menos
favorecidos; mas obtiveram suas riquezas violando a lei de Deus. Negligenciaram
alimentar o faminto, vestir o nu, tratar com justiça e amar a misericórdia.
Procuraram exaltar-se, e obter a homenagem de seus semelhantes. Agora estão
despojados de tudo que os fazia grandes, e se encontram desamparados e
indefesos. Olham com terror para a destruição dos ídolos que antepuseram ao seu
Criador. Venderam a alma em troca das riquezas e gozos terrestres, e não
procuraram enriquecer para com Deus. O resultado é que sua vida foi um
fracasso; seus prazeres agora se transformaram em amargura, seus tesouros em
corrupção. Os ganhos de uma vida inteira foram em um momento varridos. Os ricos
lastimam a destruição de suas soberbas casas, a dispersão de seu ouro e prata.
Mas suas lamentações silenciam pelo temor de que eles próprios devem perecer,
juntamente com seus ídolos.” O Grande
Conflito, 654.
A terrível tomada de consciência do
custo do caminho da sua vida, leva-os a ver a relação entre a causa e o efeito.
Até aqui, acreditaram que todas as suas dificuldades eram colocadas sobre eles
por um Deus ofendido que vertia a Sua ira contra eles todas as vezes que
falhavam em agradar-Lhe. Agora são levados a ver que a sua perda e sofrimento
tem sido em consequência da transgressão da lei.
“O ministro que sacrificara a verdade a
fim de alcançar o favor dos homens, percebe agora o caráter e influência de
seus ensinos. É evidente que os olhos oniscientes o estiveram acompanhando
enquanto se achava ao púlpito, enquanto andava pelas ruas, enquanto se
confundia com os homens nas várias cenas da vida. Toda emoção da alma, toda
linha escrita, cada palavra pronunciada, todo ato que levava os homens a
descansar em um refúgio de falsidade, esteve a espalhar sementes; e agora, nas
infelizes e perdidas almas em redor dele, contempla a colheita.
“Diz o Senhor: ‘Curam a ferida da filha
de Meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz, quando não há paz.’
‘Entristecestes o coração do justo com falsidade, não o havendo Eu
entristecido, e esforçastes as mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu
mau caminho, e vivesse.’ Jer. 8:11; Ezeq. 13:22.
“‘Ai dos pastores que destroem e
dispersam as ovelhas do Meu pasto. ... Eis que visitarei sobre vós a maldade de
vossas ações.’ ‘Uivai, pastores, e clamai, e rebolai-vos na cinza, principais
do rebanho, porque já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos ... E não
haverá fugida para os pastores, nem salvamento para os principais do rebanho.’
Jer. 23:1 e 2; 25:34 e 35.
“Ministros e povo vêem que não
mantiveram a devida relação para com Deus. Vêem que se rebelaram contra o Autor
de toda lei reta e justa. A rejeição dos preceitos divinos deu origem a
milhares de fontes para males, discórdias, ódio, iniqüidade, até que a Terra se
tornou um vasto campo de contenda, um poço de corrupção. Este é o quadro que
ora se apresenta aos que rejeitaram a verdade e preferiram acalentar o erro.
Nenhuma linguagem pode exprimir o anelo que o desobediente, o desleal
experimenta por aquilo que para sempre perdeu: a vida eterna. Homens que o
mundo adorou pelos talentos e eloqüência vêem agora estas coisas sob a sua
verdadeira luz. Compenetram-se do que perderam pela transgressão, e caem aos
pés daqueles de cuja fidelidade zombaram, com menosprezo, confessando que Deus
os amou.” O Grande Conflito, 654,
655.
Hoje os ministros e povo não vêem estas
coisas na sua verdadeira luz. Além do mais, eles não podem mesmo ser
convencidos destes factos, mas isto não deverá continuar para sempre. Tal como
se descreve em cima, está a chegar o terrível dia em que eles serão capazes de
ver por si mesmos a verdadeira natureza da sua rebelião contra Deus e Sua santa
lei. Compreenderão que a culpa de todas as suas dificuldades jaz à sua porta e
reconhecerão que os seus problemas são o inevitável resultado do seu próprio
mau caminho.
O último parágrafo citado necessita de
um cuidadoso exame a fim de ser claramente discernido que aquilo que está a ser
descrito nele é a revelação do carácter de Deus perante aqueles que
anteriormente eram tão ignorantes a respeito dele que estavam no processo de destruir
os próprios através de quem o Senhor estava de facto a revelar-Se a Si mesmo.
“Vêem que se rebelaram contra o Autor de
toda lei reta e justa.” Juntamente com isto adquiriram por fim a visão que a
“... rejeição dos preceitos divinos” que “deu origem a milhares de fontes para
males, discórdias, ódio, iniqüidade, até que a Terra se tornou um vasto campo
de contenda, um poço de corrupção.”
O reconhecimento de Deus como o Autor de
toda a lei recta e justa é o despertar que Ele
é de facto recto e justo. Isso por sua vez é compreender que Ele é amor, pois
ninguém pode ser verdadeiramente justo sem, ao mesmo tempo, ter amor. Injustiça
é o produto do egoísmo — esse ímpio, cruel processo usado pelos homens do poder
para privar os outros da saúde ou liberdade para que eles, o injusto opressor,
possam gozar os frutos dos trabalhos dos outros.
Por causa de Deus ser recto, benigno e
justo, as Suas leis também são rectas, benignas e justas. Isto tem que ser
assim porque, “Sua lei é um transcrito de Seu caráter....” Parábolas de
Jesus, 315. Os legisladores reflectem
sempre o que são nas leis que fazem. Se eles são rudes, egoístas e cruéis, as
suas normas serão o mesmo, mas quando eles são nobres, generosos e verdadeiros,
assim serão as suas ratificações. Quando estes princípios forem totalmente
apreciados, os cristãos respirarão sentida gratidão por Deus ser na verdade
totalmente verdadeiro, benigno, generoso e justo.
Deus é amor num grau infinito. Isto é
confirmado por todos os seres criados que têm olhos para o ver em duas grandes
declarações na Escritura. A primeira é: “Deus é amor....” 1João 4:16. A segunda é que com Ele “... não há mudança nem sombra
de variação.” Tiago 4:16. Quando estas duas grandes
verdades estão combinadas, elas levam à inevitável conclusão que Deus ama de
forma infinita. Não pode ser encontrado um ponto onde o amor, em exaustão, dá
lugar à ira pessoal, ódio, rejeição, malícia, ou qualquer outro problema
semelhante. Não há nada que possamos fazer que altere a atitude de Deus em
relação a nós. Ele ama Satanás agora tanto como quando ele era Lúcifer, o
brilhante e maravilhoso querubim cobridor.
O amor infinito significa ilimitada
abnegação. Este é o carácter de Deus que é o Autor de toda a lei justa. Tem
havido alguns legisladores nobres, altruístas na história humana, mas nenhum
tão puro e perfeito em que todo o traço de injustiça fosse eliminado. Isto não
é verdade quanto às leis de Deus. Elas são tão totalmente rectas e justas que
não pode ser encontrado nelas o mais pequeno traço de mal, apesar das
afirmações de Satanás em contrário.
Isto significa que o Altíssimo nunca faz
o que quer que seja com o Seu próprio interesse em mente. Tudo o que Ele faz é
para os outros e isto nunca foi mais verdadeiro do que na criação deste mundo.
“Toda manifestação de poder criador é uma expressão de amor infinito. A
soberania de Deus compreende a plenitude de bênçãos a todos os seres criados.” Patriarcas e Profetas, 33.
O estabelecimento neste mundo dessa lei
que é a expressão da justiça, misericórdia e amor de Deus foi inteira e
unicamente para o bem e bênção dos Seus filhos. O Senhor sabia que não podia
derramar o valioso dom da liberdade nos Seus seres criados sem a presença da
lei para os guardar de serem destruídos pelas poderosas forças que estavam na
natureza e neles próprios. Ele tornou isto claro aos nossos primeiros pais para
que eles fossem agentes moralmente livres com o poder de escolher se O serviam
ou não. “Nossos primeiros pais, se bem que criados inocentes e santos, não
foram colocados fora da possibilidade de praticar o mal. Deus os fez como
entidades morais livres, capazes de apreciar a sabedoria e benignidade de Seu
caráter, e a justiça de Suas ordens, e com ampla liberdade de prestar
obediência ou recusá-la.” Patriarcas e
Profetas, 48.
Ao mesmo tempo, de acordo com o Seu amor
e justiça, advertiu-os de forma adequada de quais seriam as consequências da
desobediência. Ele mostrou-lhes que as suas dificuldades viriam sobre eles, não
como aflição administrada em ira por Ele, mas como o resultado inevitável do
procedimento errado deles. Satanás perverteu esta verdade. Ele ensinou que Deus
era egoísta, que a lei tinha sido cuidadosamente formulada para Sua própria
exaltação, não importava o que isto pudesse custar aos outros. Portanto, os
homens têm concluído que tempestades, doenças, guerras e todas as outras
tribulações são manifestações da ira de Deus.
Mas a introdução do pecado não fez
alterações em Deus, embora tivesse com certeza feito em muitas das Suas
criaturas e no mundo em que a humanidade pecaminosa vive. O mesmo amor,
rectidão, justiça e misericórdia manifestada são liberalmente antes do pecado
entrar, tem sido mantido através da longa controvérsia.
“A história do grande conflito entre o
bem e o mal, desde o tempo em que a princípio se iniciou no Céu até o final da
rebelião e extirpação total do pecado, é também uma demonstração do imutável
amor de Deus.” Patriarcas e Profetas,
33.
Estas são grandes verdades que devem ser
vistas pelos homens injustos antes do propósito do grande conflito poder ser
por fim alcançado. A obra que Cristo completou na cruz para os anjos e mundos
não caídos, tem Ele que levar até à última conclusão fazendo o mesmo para os
homens. Os parágrafos citados de O Grande
Conflito claramente descrevem o tempo em que isto será alcançado. Será
quando os homens virem por si mesmos que Deus é o Autor de toda a lei recta e
justa e que pôr de lado os preceitos divinos é o que realmente dá lugar a toda
a morte, tristeza e sofrimento que desceu sobre esta Terra.
É a missão especial dos 144,000
possibilitar a Cristo ter os instrumentos através de quem esta demonstração
final do carácter de Deus pode ser dada. Então, quando o último indivíduo vivo
vir por si mesmo que Deus não é o que o diabo tem representado que Ele é, o
propósito do grande conflito será terminado e a rebelião acabará.
Isto torna claro que a obra final não é
a pregação do evangelho a todas as nações da Terra. Esse é o ministério final
do terceiro anjo quando a ele se junta o quarto, mas, apesar dessa ser uma
maravilhosa declaração do carácter de
Deus não penetrará as obscurecidas mentes dos ímpios. Eles entrarão no tempo da
grande tribulação ainda afligidos com o espírito de rebelião que é o fruto das
representações erradas do carácter de Deus feitas por Satanás.
Isto significa que, durante o tempo de
angústia depois do ministério do quarto anjo ter terminado, uma apresentação do
carácter de Deus ainda mais poderosa do que aquela que raiou nas mentes dos
homens durante o alto clamor. Será tão intensa e penetrante que removerá os
últimos traços das más interpretações de Satanás das mentes deles e os encherá
com a consciência daquilo que o Pai realmente é. Por este meio, toda a simpatia
por Satanás será removida e verificarão que estão completamente sozinhos sem
ninguém para os ajudar. Essa é a tarefa final e somente quanto ela estiver
realizada terá o caminho sido preparado para a vinda do Rei.
Este ilimitado reconhecimento pelos
ímpios da perfeita justiça de Deus não lhes trará salvação. Eles desperdiçaram
a oportunidade de gozar a redenção quando as derradeiras ofertas lhes foram
feitas durante o período do alto clamor antes do fim da provação. Não podem ser
salvos agora, porque, apesar de verem e confessarem a justiça e amor de Deus,
continuam os mesmos em si próprios e mantêm a sua rejeição de Deus. Esta
continuada separação de Deus não nega a vitória obtida por Cristo através do
Seu povo. Isto é atingido convencendo-os de que Satanás é o mentiroso e Deus é
verdade, e quando, com as suas mentes capacitadas para verem as coisas como
elas são realmente, confessam isto com a mais profunda convicção pessoal, o
propósito de Deus terá sido alcançado e a rebelião terminada.
Tem sido mostrado que os seres não
caídos e aqueles que viverão durante o conflito final serão libertos de todos
os falsos conceitos a respeito do carácter de Deus, mas é isto suficiente? O
que se dirá daqueles que morreram acreditando ainda que Deus era egoísta,
caprichoso e despótico?
Deus também fez provisão para eles.
Quando os justos que morreram com limitada visão do carácter de Deus
ressurgirem na manhã da ressurreição, terão uma apresentação das cenas das
vitórias de Cristo obtidas, primeiro através da Sua própria humanidade e depois
através dos 144,000. Verão estas coisas ainda com maior vivacidade do que se
estivessem pessoalmente presentes nestes grandes acontecimentos. O que lhes
será mostrado afastará das suas mentes todo o conceito errado e levá-los-á à
total e completa harmonia com Deus.
O mesmo serviço ser prestado às vastas
multidões de ímpios quando ressuscitarem no final do milénio. Quando eles se
reunirem à volta da cidade depois de serem detidos na sua marcha contra ela, os
grandes acontecimentos do conflito passarão perante os seus olhos. Quando virem
estas coisas na sua verdadeira luz, também eles serão libertados das satânicas
trevas e abertamente reconhecerão que o Senhor é verdade.
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