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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

OS SETE ANJOS EM APOCALIPSE - CAPITULO 17 - F T Wright




Os Sete Anjos


Capítulo 17



Os Olhos do Homem Abertos


Foi agora dado forte ênfase que o fim não pode vir até que seja feita pelo homem a mesma obra que foi feita pelos anjos e habitantes dos mundos não caídos na cruz. No Calvário, Cristo cumpriu a Sua missão como primícias expondo a verdadeira natureza da apresentação errada de Satanás acerca do carácter de Deus. A revelação dada foi claramente vista por todos os seres criados excepto pela raça humana e foi tão eficaz que foi banido todo o risco de rebelião reaparecer no Céu.
Mas o homem, por causa de não ter sido liberto das mentiras de Satanás nessa altura, continuou no seu curso rebelde e continuará neste estado até que os olhos também lhe sejam abertos para ver o verdadeiro carácter de Deus e do grande apóstata. Portanto, uma vez mais, nesta Terra, através da carne e sangue de seres humanos, Cristo tem que uma vez mais revelar o verdadeiro carácter do Pai, enquanto ao mesmo tempo, expor o mal do carácter do diabo. É o papel destinado às primícias, os 144,000, serem os santificados instrumentos de Deus para a realização desta obra, e, assim que ela estiver feita, Cristo pode cumprir imediatamente a Sua obra como o grande Segador.
Estas conclusões são confirmadas pelas revelações proféticas do futuro em que é claramente ilustrado o dramático momento no qual vem finalmente a compreensão aos ímpios que Deus é de facto um Senhor de amor, misericórdia, verdade, compaixão e bênção. Quando estiverem por fim convencidos que Jeová não é o que eles pensaram que Ele era, perderão todo o interesse na sua determinação de exterminar o povo de Deus. A rebelião será finalizada, o propósito do tão longo grande conflito será alcançado e preparado o caminho para o advento do Salvador que então se seguirá imediatamente.
Como o ministério do quinto anjo começa com o fecho da porta da graça, este marco fornece um excelente resumo dos acontecimentos que conduziram a esta vitória final.
O fim da provação marca o início do tempo da angústia de Jacó através da qual o povo de Deus tem que passar e o começo do tempo da grande tribulação que afligirá os ímpios. Estes factos são confirmados pelos seguintes testemunhos:
“A experiência de Jacó durante aquela noite de luta e angústia, representa a prova pela qual o povo de Deus deverá passar precisamente antes da segunda vinda de Cristo. O profeta Jeremias, em santa visão, olhando para este tempo, disse: ‘Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz... Por que se têm tornado macilentos todos os rostos? Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; ele porém será livrado dela.’ Jer. 30:5-7.
“Quando Cristo cessar a Sua obra como mediador em prol do homem, então começará este tempo de angústia. Ter-se-á então decidido o caso de toda alma, e não haverá sangue expiatório para purificar do pecado. Ao deixar Jesus Sua posição como intercessor do homem junto a Deus, faz-se o solene anúncio: ‘Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.’ Apoc. 22:11. Então o Espírito repressor de Deus é retirado da Terra. Assim como Jacó foi ameaçado de morte por seu irmão irado, o povo de Deus estará em perigo por parte dos ímpios, que procurarão destruí-los. E assim como o patriarca lutou toda a noite para conseguir livramento da mão de Esaú, clamarão os justos a Deus dia e noite por livramento dos inimigos que os cercam.” Patriarcas e Profetas, 201.
“Deixando Ele o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor. Removeu-se a restrição que estivera sobre os ímpios, e Satanás tem domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes. Terminou a longanimidade de Deus: O mundo rejeitou a Sua misericórdia, desprezou-Lhe o amor, pisando Sua lei. Os ímpios passaram os limites de seu tempo de graça; o Espírito de Deus, persistentemente resistido, foi, por fim, retirado. Desabrigados da graça divina, não têm proteção contra o maligno. Satanás mergulhará então os habitantes da Terra em uma grande angústia final. Ao cessarem os anjos de Deus de conter os ventos impetuosos das paixões humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda. O mundo inteiro se envolverá em ruína mais terrível do que a que sobreveio a Jerusalém na antiguidade.” O Grande Conflito, 614.
O início desse terrível tempo de sofrimento é também o começo das sete últimas pragas que estão descritas em Apocalipse 16, como é confirmado neste testemunho:
“Quando Cristo cessar de interceder no santuário, será derramada a ira que, sem mistura, se ameaçara fazer cair sobre os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal. (Apoc. 14:9 e 10.) As pragas que sobrevieram ao Egito quando Deus estava prestes a libertar Israel, eram de caráter semelhante aos juízos mais terríveis e extensos que devem cair sobre o mundo precisamente antes do libertamento final do povo de Deus.” O Grande Conflito, 627, 628.
Deste ponto em diante, é dada uma cuidadosa descrição de cada praga como ela é derramada cada uma por sua vez. É importante, numa correcta compreensão destes acontecimentos, notar que em O Grande Conflito elas são tratadas exactamente na mesma ordem em que aparecem nas Escrituras. Se este princípio de estudo não for reconhecido, será impossível identificar a sexta praga. Aqui, então, está a descrição das primeiras três pragas como aparecem em O Grande Conflito:
“Na praga que se segue, é dado poder ao Sol para que ‘abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com grandes calores’. Versos 8 e 9. Os profetas assim descrevem a condição da Terra naquele tempo terrível: ‘E a Terra [está] triste; ... porque a colheita do campo pereceu.’ ‘Todas as árvores do campo se secaram, e a alegria se secou entre os filhos dos homens.’ ‘A semente apodreceu debaixo dos seus torrões, os celeiros foram assolados.” “Como geme o gado! as manadas de vacas estão confusas, porque não têm pasto: ... os rios se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.’ ‘Os cânticos do templo serão gritos de dor naquele dia, diz o Senhor Jeová; muitos serão os cadáveres; em todos os lugares serão lançados fora em silêncio.’ Joel 1:10-12, 17-20; Amós 8:3.” O Grande Conflito, 628.
Não há nada para sugerir que estas pragas não sejam literais, especialmente quando está declarado que elas serão semelhantes em carácter às pragas que caíram sobre o Egipto. Estas quatro primeiras estão limitadas a certas áreas geográficas, como está escrito:
“Estas pragas não são universais, ao contrário os habitantes da Terra seriam inteiramente exterminados. Contudo serão os mais terríveis flagelos que já foram conhecidos por mortais. Todos os juízos sobre os homens, antes do final do tempo da graça, foram misturados com misericórdia. O sangue propiciatório de Cristo tem livrado o pecador de os receber na medida completa de sua culpa; mas no juízo final a ira é derramada sem mistura de misericórdia.” O Grande Conflito, 628, 629.
Apesar destas quatro primeiras pragas não serem universais, as restantes são, mas não há menção delas em qualquer parte do capítulo do qual os testemunhos atrás citados foram tirados. Pelo contrário, o restante desse capítulo é devotado à descrição dos terríveis efeitos dos primeiros quatro juízos e consequentes sofrimentos que afligirão os ímpios. Embora os justos não estejam totalmente livres de sofrimento, não serão abandonados e deixados sem protecção.
“O povo de Deus não estará livre de sofrimento; mas conquanto perseguidos e angustiados, conquanto suportem privações, e sofram pela falta de alimento, não serão abandonados a perecer. O Deus que cuidou de Elias, não desamparará nenhum de Seus abnegados filhos. Aquele que conta os cabelos de sua cabeça, deles cuidará; e no tempo de fome serão alimentados. Enquanto os ímpios estão a morrer de fome e pestilências, os anjos protegerão os justos, suprindo-lhes as necessidades. Para aquele que ‘anda em justiça’ é esta promessa: ‘O seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas. Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas Eu, o Senhor os ouvirei, Eu o Deus de Israel, os não desampararei.’ Isa. 33:16; 41:17.
“‘Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas’, os que O temem, contudo, se alegrarão no Senhor e exultarão no Deus de sua salvação. (Hab. 3:17 e 18.)” O Grande Conflito, 629.
Todas as pessoas que vivem na expectativa de passar pela angústia de Jacó fariam bem ler o resto do capítulo do qual foi extraído o testemunho anterior a fim de se tornarem totalmente familiares com as maravilhosas promessas que ele contém. Ninguém senão aqueles que com uma fé viva sobreviverão à prova que deverá ser colocada sobre eles nessa altura e ninguém terá esse tipo de fé a menos que conheça realmente as promessas e como as aplicar. É no capítulo seguinte em O Grande Conflito, com o título “O Livramento dos Justos”, que encontramos a descrição das três últimas pragas. Este capítulo abre com a descrição desse terrível tempo em que o povo de Deus, tendo perdido toda a protecção das leis humanas, são declarados foras-da-lei. Isto dá a qualquer um o direito de os matar à vista sem recurso a um julgamento. As multidões conspirarão para destruí-los numa única determinada noite e preparam-se para o acontecimento. Entretanto, menos para os que estão confinados a celas de prisão, os 144,000 fugiram para as montanhas a fim de encontrarem refúgio nas cavernas e outros caminhos solitários e desolados. Por fim, momento de morte previamente marcado chega e homens e mulheres gritando e amaldiçoando são lançados numa busca como animais à caça das suas presas.
“Com brados de triunfo, zombaria e imprecação, multidões de homens maus estão prestes a cair sobre a presa, quando, eis, um denso negror, mais intenso do que as trevas da noite, cai sobre a Terra.” O Grande Conflito, 635, 636.
Esta é a quinta praga como descrita em Apocalipse 16:10, 11, nestas palavras: “E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor. E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras.”
O trono da besta não está limitado a Roma nesta altura, porque nessa altura todo o mundo terá a mesma base de operações. Embora, num sentido secundário, Babilónia é a grande besta, esta organização é apenas o instrumento através de quem o diabo trabalha. Na realidade, Satanás é a besta que, em virtude do facto de ter capturado todo o mundo através das suas artes enganadoras, terá tornado este mundo o seu trono do poder.
Todo o mundo estará cheio com impenetráveis trevas tão densas que nada será visível. Será literalmente tão negro quanto um túmulo. Os 144,000 estarão convencidos que a morte caiu sobre eles tornando-os desse modo mártires pela causa. Mas nessa altura, o Altíssimo, rodeando cada grupo dos Seus filhos com uma gloriosa luz como a luz do arco-íris que atravessa os céus e que é o símbolo do concerto entre Deus e o homem, pelo qual declara que eles mantiveram a sua fé e são dignos de um lugar no Seu trono.
“Então o arco-íris, resplandecendo com a glória do trono de Deus, atravessa os céus, e parece cercar cada um dos grupos em oração. As multidões iradas subitamente se detêm. Silenciam seus gritos de zombaria. É esquecido o objeto de sua ira sanguinária. Com terríveis pressentimentos contemplam o símbolo da aliança de Deus, anelando pôr-se ao amparo de seu fulgor insuperável.
“É ouvida pelo povo de Deus uma voz clara e melodiosa, dizendo: ‘Olhai para cima’ (Luc. 21:28); e, levantando os olhos para o céu, contemplam o arco da promessa. As nuvens negras, ameaçadoras, que cobriam o firmamento se fendem e, como Estêvão, olham fixamente para o céu, e vêem a glória de Deus, e o Filho do homem sentado sobre o Seu trono. Divisam em Sua forma divina os sinais de Sua humilhação; e de Seus lábios ouvem o pedido, apresentado ante Seu Pai e os santos anjos: ‘Aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.’ João 17:24. Novamente se ouve uma voz, melodiosa e triunfante, dizendo: ‘Eles vêm! eles vêm! santos, inocentes e incontaminados. Guardaram a palavra da Minha paciência; andarão entre os anjos’; e os pálidos, trêmulos lábios dos que mantiveram firme a fé, proferem um brado de vitória.” O Grande Conflito, 636.
Este é o momento da vitória final. A última batalha a ser travada, a guerra é finalizada e a grande controvérsia concluída excepto para as cenas do último julgamento no fim do milénio. Deus é o vencedor e Satanás o derrotado.
Quando Jesus obteve a vitória na cruz momentos antes de entregar a Sua vida, exclamou “está consumado”. Assim será de novo. Logo que a vitória seja obtida o Senhor Deus Altíssimo anunciará dos Céus, “está feito”. Apocalipse 16:17. Imediatamente segue-se a sétima e última praga, constituída por um grande terramoto, o enfurecimento das águas e o derramamento da saraiva destruidora.
É neste ponto da tão longa luta que grandes mudanças têm lugar na atitude dos ímpios. Pela primeira vez nas suas vidas olharão para Deus e Sua lei na verdadeira luz. Todo o falso conceito desaparecerá e Satanás aparecerá perante eles no seu verdadeiro carácter.
Estes pormenores não estão incluídos no capítulo cujos parágrafos citámos atrás. Eles encontram-se no seguinte que se intitula, “Será Desolada a Terra”. Este capítulo cobre o mesmo assunto que o anterior, mas em vez de descrever as experiências dos justos, trata com o que acontece aos ímpios no momento em que chega a vitória de Deus e do Seu povo.
“Quando a voz de Deus põe fim ao cativeiro de Seu povo, há um terrível despertar daqueles que tudo perderam no grande conflito da vida.” O Grande Conflito, 654.
Essa libertação é descrita na página 636. Os acontecimentos que conduzem a ela são as trevas as trevas que detêm o ímpeto dos ímpios com as suas intenções homicidas contra o povo de Deus, seguido pelo glorioso arco-íris que cerca cada grupo em oração, depois do que vem a voz de Deus anunciando a libertação do Seu povo, enquanto ele responde soltando um brado de vitória. Para culminar tudo, Deus diz, “está feito”.
É neste momento que o “...terrível despertar daqueles que tudo perderam no grande conflito da vida” tem lugar.
“Enquanto perdurou o tempo da graça, estiveram cegos pelos enganos de Satanás, e desculpavam sua conduta de pecado. Os ricos se orgulhavam de sua superioridade sobre aqueles que eram menos favorecidos; mas obtiveram suas riquezas violando a lei de Deus. Negligenciaram alimentar o faminto, vestir o nu, tratar com justiça e amar a misericórdia. Procuraram exaltar-se, e obter a homenagem de seus semelhantes. Agora estão despojados de tudo que os fazia grandes, e se encontram desamparados e indefesos. Olham com terror para a destruição dos ídolos que antepuseram ao seu Criador. Venderam a alma em troca das riquezas e gozos terrestres, e não procuraram enriquecer para com Deus. O resultado é que sua vida foi um fracasso; seus prazeres agora se transformaram em amargura, seus tesouros em corrupção. Os ganhos de uma vida inteira foram em um momento varridos. Os ricos lastimam a destruição de suas soberbas casas, a dispersão de seu ouro e prata. Mas suas lamentações silenciam pelo temor de que eles próprios devem perecer, juntamente com seus ídolos.” O Grande Conflito, 654.
A terrível tomada de consciência do custo do caminho da sua vida, leva-os a ver a relação entre a causa e o efeito. Até aqui, acreditaram que todas as suas dificuldades eram colocadas sobre eles por um Deus ofendido que vertia a Sua ira contra eles todas as vezes que falhavam em agradar-Lhe. Agora são levados a ver que a sua perda e sofrimento tem sido em consequência da transgressão da lei.
“O ministro que sacrificara a verdade a fim de alcançar o favor dos homens, percebe agora o caráter e influência de seus ensinos. É evidente que os olhos oniscientes o estiveram acompanhando enquanto se achava ao púlpito, enquanto andava pelas ruas, enquanto se confundia com os homens nas várias cenas da vida. Toda emoção da alma, toda linha escrita, cada palavra pronunciada, todo ato que levava os homens a descansar em um refúgio de falsidade, esteve a espalhar sementes; e agora, nas infelizes e perdidas almas em redor dele, contempla a colheita.
“Diz o Senhor: ‘Curam a ferida da filha de Meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz, quando não há paz.’ ‘Entristecestes o coração do justo com falsidade, não o havendo Eu entristecido, e esforçastes as mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu mau caminho, e vivesse.’ Jer. 8:11; Ezeq. 13:22.
“‘Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do Meu pasto. ... Eis que visitarei sobre vós a maldade de vossas ações.’ ‘Uivai, pastores, e clamai, e rebolai-vos na cinza, principais do rebanho, porque já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos ... E não haverá fugida para os pastores, nem salvamento para os principais do rebanho.’ Jer. 23:1 e 2; 25:34 e 35.
“Ministros e povo vêem que não mantiveram a devida relação para com Deus. Vêem que se rebelaram contra o Autor de toda lei reta e justa. A rejeição dos preceitos divinos deu origem a milhares de fontes para males, discórdias, ódio, iniqüidade, até que a Terra se tornou um vasto campo de contenda, um poço de corrupção. Este é o quadro que ora se apresenta aos que rejeitaram a verdade e preferiram acalentar o erro. Nenhuma linguagem pode exprimir o anelo que o desobediente, o desleal experimenta por aquilo que para sempre perdeu: a vida eterna. Homens que o mundo adorou pelos talentos e eloqüência vêem agora estas coisas sob a sua verdadeira luz. Compenetram-se do que perderam pela transgressão, e caem aos pés daqueles de cuja fidelidade zombaram, com menosprezo, confessando que Deus os amou.” O Grande Conflito, 654, 655.
Hoje os ministros e povo não vêem estas coisas na sua verdadeira luz. Além do mais, eles não podem mesmo ser convencidos destes factos, mas isto não deverá continuar para sempre. Tal como se descreve em cima, está a chegar o terrível dia em que eles serão capazes de ver por si mesmos a verdadeira natureza da sua rebelião contra Deus e Sua santa lei. Compreenderão que a culpa de todas as suas dificuldades jaz à sua porta e reconhecerão que os seus problemas são o inevitável resultado do seu próprio mau caminho.
O último parágrafo citado necessita de um cuidadoso exame a fim de ser claramente discernido que aquilo que está a ser descrito nele é a revelação do carácter de Deus perante aqueles que anteriormente eram tão ignorantes a respeito dele que estavam no processo de destruir os próprios através de quem o Senhor estava de facto a revelar-Se a Si mesmo.
“Vêem que se rebelaram contra o Autor de toda lei reta e justa.” Juntamente com isto adquiriram por fim a visão que a “... rejeição dos preceitos divinos” que “deu origem a milhares de fontes para males, discórdias, ódio, iniqüidade, até que a Terra se tornou um vasto campo de contenda, um poço de corrupção.”
O reconhecimento de Deus como o Autor de toda a lei recta e justa é o despertar que Ele é de facto recto e justo. Isso por sua vez é compreender que Ele é amor, pois ninguém pode ser verdadeiramente justo sem, ao mesmo tempo, ter amor. Injustiça é o produto do egoísmo — esse ímpio, cruel processo usado pelos homens do poder para privar os outros da saúde ou liberdade para que eles, o injusto opressor, possam gozar os frutos dos trabalhos dos outros.
Por causa de Deus ser recto, benigno e justo, as Suas leis também são rectas, benignas e justas. Isto tem que ser assim porque, “Sua lei é um transcrito de Seu caráter....” Parábolas de Jesus, 315. Os legisladores reflectem sempre o que são nas leis que fazem. Se eles são rudes, egoístas e cruéis, as suas normas serão o mesmo, mas quando eles são nobres, generosos e verdadeiros, assim serão as suas ratificações. Quando estes princípios forem totalmente apreciados, os cristãos respirarão sentida gratidão por Deus ser na verdade totalmente verdadeiro, benigno, generoso e justo.
Deus é amor num grau infinito. Isto é confirmado por todos os seres criados que têm olhos para o ver em duas grandes declarações na Escritura. A primeira é: “Deus é amor....” 1João 4:16. A segunda é que com Ele “... não há mudança nem sombra de variação.” Tiago 4:16. Quando estas duas grandes verdades estão combinadas, elas levam à inevitável conclusão que Deus ama de forma infinita. Não pode ser encontrado um ponto onde o amor, em exaustão, dá lugar à ira pessoal, ódio, rejeição, malícia, ou qualquer outro problema semelhante. Não há nada que possamos fazer que altere a atitude de Deus em relação a nós. Ele ama Satanás agora tanto como quando ele era Lúcifer, o brilhante e maravilhoso querubim cobridor.
O amor infinito significa ilimitada abnegação. Este é o carácter de Deus que é o Autor de toda a lei justa. Tem havido alguns legisladores nobres, altruístas na história humana, mas nenhum tão puro e perfeito em que todo o traço de injustiça fosse eliminado. Isto não é verdade quanto às leis de Deus. Elas são tão totalmente rectas e justas que não pode ser encontrado nelas o mais pequeno traço de mal, apesar das afirmações de Satanás em contrário.
Isto significa que o Altíssimo nunca faz o que quer que seja com o Seu próprio interesse em mente. Tudo o que Ele faz é para os outros e isto nunca foi mais verdadeiro do que na criação deste mundo. “Toda manifestação de poder criador é uma expressão de amor infinito. A soberania de Deus compreende a plenitude de bênçãos a todos os seres criados.” Patriarcas e Profetas, 33.
O estabelecimento neste mundo dessa lei que é a expressão da justiça, misericórdia e amor de Deus foi inteira e unicamente para o bem e bênção dos Seus filhos. O Senhor sabia que não podia derramar o valioso dom da liberdade nos Seus seres criados sem a presença da lei para os guardar de serem destruídos pelas poderosas forças que estavam na natureza e neles próprios. Ele tornou isto claro aos nossos primeiros pais para que eles fossem agentes moralmente livres com o poder de escolher se O serviam ou não. “Nossos primeiros pais, se bem que criados inocentes e santos, não foram colocados fora da possibilidade de praticar o mal. Deus os fez como entidades morais livres, capazes de apreciar a sabedoria e benignidade de Seu caráter, e a justiça de Suas ordens, e com ampla liberdade de prestar obediência ou recusá-la.” Patriarcas e Profetas, 48.
Ao mesmo tempo, de acordo com o Seu amor e justiça, advertiu-os de forma adequada de quais seriam as consequências da desobediência. Ele mostrou-lhes que as suas dificuldades viriam sobre eles, não como aflição administrada em ira por Ele, mas como o resultado inevitável do procedimento errado deles. Satanás perverteu esta verdade. Ele ensinou que Deus era egoísta, que a lei tinha sido cuidadosamente formulada para Sua própria exaltação, não importava o que isto pudesse custar aos outros. Portanto, os homens têm concluído que tempestades, doenças, guerras e todas as outras tribulações são manifestações da ira de Deus.
Mas a introdução do pecado não fez alterações em Deus, embora tivesse com certeza feito em muitas das Suas criaturas e no mundo em que a humanidade pecaminosa vive. O mesmo amor, rectidão, justiça e misericórdia manifestada são liberalmente antes do pecado entrar, tem sido mantido através da longa controvérsia.
“A história do grande conflito entre o bem e o mal, desde o tempo em que a princípio se iniciou no Céu até o final da rebelião e extirpação total do pecado, é também uma demonstração do imutável amor de Deus.” Patriarcas e Profetas, 33.
Estas são grandes verdades que devem ser vistas pelos homens injustos antes do propósito do grande conflito poder ser por fim alcançado. A obra que Cristo completou na cruz para os anjos e mundos não caídos, tem Ele que levar até à última conclusão fazendo o mesmo para os homens. Os parágrafos citados de O Grande Conflito claramente descrevem o tempo em que isto será alcançado. Será quando os homens virem por si mesmos que Deus é o Autor de toda a lei recta e justa e que pôr de lado os preceitos divinos é o que realmente dá lugar a toda a morte, tristeza e sofrimento que desceu sobre esta Terra.
É a missão especial dos 144,000 possibilitar a Cristo ter os instrumentos através de quem esta demonstração final do carácter de Deus pode ser dada. Então, quando o último indivíduo vivo vir por si mesmo que Deus não é o que o diabo tem representado que Ele é, o propósito do grande conflito será terminado e a rebelião acabará.
Isto torna claro que a obra final não é a pregação do evangelho a todas as nações da Terra. Esse é o ministério final do terceiro anjo quando a ele se junta o quarto, mas, apesar dessa ser uma maravilhosa declaração do carácter de Deus não penetrará as obscurecidas mentes dos ímpios. Eles entrarão no tempo da grande tribulação ainda afligidos com o espírito de rebelião que é o fruto das representações erradas do carácter de Deus feitas por Satanás.
Isto significa que, durante o tempo de angústia depois do ministério do quarto anjo ter terminado, uma apresentação do carácter de Deus ainda mais poderosa do que aquela que raiou nas mentes dos homens durante o alto clamor. Será tão intensa e penetrante que removerá os últimos traços das más interpretações de Satanás das mentes deles e os encherá com a consciência daquilo que o Pai realmente é. Por este meio, toda a simpatia por Satanás será removida e verificarão que estão completamente sozinhos sem ninguém para os ajudar. Essa é a tarefa final e somente quanto ela estiver realizada terá o caminho sido preparado para a vinda do Rei.
Este ilimitado reconhecimento pelos ímpios da perfeita justiça de Deus não lhes trará salvação. Eles desperdiçaram a oportunidade de gozar a redenção quando as derradeiras ofertas lhes foram feitas durante o período do alto clamor antes do fim da provação. Não podem ser salvos agora, porque, apesar de verem e confessarem a justiça e amor de Deus, continuam os mesmos em si próprios e mantêm a sua rejeição de Deus. Esta continuada separação de Deus não nega a vitória obtida por Cristo através do Seu povo. Isto é atingido convencendo-os de que Satanás é o mentiroso e Deus é verdade, e quando, com as suas mentes capacitadas para verem as coisas como elas são realmente, confessam isto com a mais profunda convicção pessoal, o propósito de Deus terá sido alcançado e a rebelião terminada.
Tem sido mostrado que os seres não caídos e aqueles que viverão durante o conflito final serão libertos de todos os falsos conceitos a respeito do carácter de Deus, mas é isto suficiente? O que se dirá daqueles que morreram acreditando ainda que Deus era egoísta, caprichoso e despótico?
Deus também fez provisão para eles. Quando os justos que morreram com limitada visão do carácter de Deus ressurgirem na manhã da ressurreição, terão uma apresentação das cenas das vitórias de Cristo obtidas, primeiro através da Sua própria humanidade e depois através dos 144,000. Verão estas coisas ainda com maior vivacidade do que se estivessem pessoalmente presentes nestes grandes acontecimentos. O que lhes será mostrado afastará das suas mentes todo o conceito errado e levá-los-á à total e completa harmonia com Deus.
O mesmo serviço ser prestado às vastas multidões de ímpios quando ressuscitarem no final do milénio. Quando eles se reunirem à volta da cidade depois de serem detidos na sua marcha contra ela, os grandes acontecimentos do conflito passarão perante os seus olhos. Quando virem estas coisas na sua verdadeira luz, também eles serão libertados das satânicas trevas e abertamente reconhecerão que o Senhor é verdade.


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