O QUE É SAIR DE BABILÓNIA?
O QUE SIGNIFICA DEIXAR O MUNDO?
Sermões nº 9 a 12 apresentados
na reunião da Conferência Geral de 1895
A.T.
Jones
Aqui,
então, está a situação como se apresenta hoje em todos os lados: Todo elemento
do mundo--seja no papado, no protestantismo apostatado, ou de parte do próprio governo--tudo
está nos conduzindo ao ponto em que somos compelidos a decidir e separar-nos do
mundo e de tudo quanto nele há. Bem, portanto, não consideraremos a questão do
ponto de vista da verdade de Deus para ter o Seu Espírito que verdadeiramente
nos separará e revestirá com poder tal que desperte o mundo quanto ao perigo e
salve da ruína iminente toda alma que será salva. Aqui está a Palavra: Isaías
40:9:
"Tu,
ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto: Tu, que anuncias
boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e
dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus".
Assim,
o Senhor nos diz neste tempo: "Alçai aos altos montes e erguei a voz com
toda força, e não temais. Dizei ao povo: Eis o vosso Deus. Ele é o vosso
refúgio; Ele é vossa salvação; Ele é a vossa proteção".
Agora
volvamo-nos ao estudo do que significa sair de Babilónia. Todos sabem agora que
sair de Babilónia é sair do mundo e separar-se de Babilónia é separar-se do
mundo. O que desejamos saber em seguida é o que representa sair do mundo? O que
é separar-se do mundo? Gal. 1:4 responderá a esta pergunta numa palavra; teremos
que ler o terceiro e quarto versos juntos para obter a conexão, mas o quarto
verso é aquele que fundamenta a questão.
"Graças
a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo,
o qual Se entregou a Si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste
mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai".
Ao
entregar-Se Ele por nossos pecados a fim de livrar-nos deste presente mundo
mau, segue-se claramente que a conexão com o presente mundo mau jaz em nossa
pecaminosidade. Portanto, para livrar-nos deste mundo devemos ser livrados do
pecado. Não de alguns pecados particulares, mas do próprio pecado, a coisa, a
raiz e tudo quanto a ele se refere. A Palavra de Deus não apanha um homem e
descobre quanto bem há nele e quanto mal há nele, e então remenda o bem sobre o
lugar da maldade e leva-o para o céu dessa maneira. Não se deve colocar remendo
novo em pano velho; Cristo o disse, e assim é. Destarte, não temos que ver
quanto bem há em nós, quantos bons traços temos e damos por esses crédito e
então obtemos bondade suficiente do Senhor para suprir o montante de que
possamos carecer. Não. Não há bondade, nem nenhuma coisa boa lá em absoluto. A
cabeça inteira está doente e o coração inteiro é débil. Desde o alto da cabeça
até a planta dos pés não há integridade nele, antes, existem machucaduras e
contusões e feridas em putrefação. "Quem me livrará do corpo desta
morte?" Rom. 7:24. É um corpo de morte simplesmente porque é um
"corpo de pecado". Rom. 6:6. Ser libertos do pecado, portanto, é ser
livrados de nós mesmos. É isso que representa sair de Babilónia.
Muitas
pessoas têm desenvolvido a ideia de que se saírem da Igreja Metodista ou da
Igreja Presbiteriana, ou da Igreja Católica e entrarem para a Igreja Adventista
do Sétimo Dia, então estão fora de Babilónia. Não. Isso não é suficiente, a
menos que estejam convertidos, a menos que estejam separados deste mundo não
estarão fora de Babilónia, conquanto estejam na Igreja Adventista do Sétimo Dia
e no Tabernáculo de Battle Creek. Isto não quer dizer que a Igreja Adventista
do Sétimo Dia seja Babilónia; absolutamente não. Mas o homem que está ligado a
si mesmo está ligado ao mundo, e o mundo é Babilónia. Vocês separaram-se do
pecado, separaram-se deste mundo, para estar fora de Babilónia. "Tendo
forma de piedade, negando, porém, o seu poder" é simplesmente outra
expressão que descreve Babilónia e sua condição nos últimos dias. Sendo assim,
se eu, um adventista do sétimo dia, tenho a forma de piedade sem o poder,
pertenço a Babilónia; não importa como me intitule a mim próprio, sou um
babilônico; tenho sobre mim uma capa babilônica. Trago Babilónia para a igreja
onde quer que eu vá.
Outra
palavra sobre este verso de Gálatas: Cristo "Se entregou a Si mesmo pelos
nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso".
Tudo
deste mundo que pode prejudicar um homem ou atrapalhá-lo em sua jornada para o
céu é simplesmente o que está dentro dele; é simplesmente o que há nele.
Portanto, quando Cristo livra um homem deste presente mundo perverso, ele
simplesmente o livra do pecado e de si próprio. Então, esse homem está no reino
de Deus; ele está no mundo mas não é do mundo. Assim Jesus declara: "Eu
vos escolhi deste mundo; se sois do mundo, o mundo amará o que era seu".
Muito bem; aqui estou eu. Suponham que eu sou do mundo. Então o mundo amará o
que é seu. Isso é, o mundo que existe em mim e de mim amará o mundo e se
apegará ao mundo. Não pode fazer nada mais, e eu não posso fazer nada mais,
porque essencialmente sou do próprio mundo. O mundo fora de mim e ao meu redor
amará o que é seu, isso é verdade; mas tão certamente quanto eu sou do mundo,
me apegarei ao mundo e o amarei; o mundo dentro de mim amará e se apegará ao
mundo exterior. Eu posso estar me chamando de cristão ao mesmo tempo, mas isso
não alterará o caso o mundo amará o que é seu. Se no coração eu me libertar
deste mundo, estarei livre dele, mas se o mundo está lá, eu amarei o mundo, e
quando vier o teste, quando a crise chegar, eu me renderei ao mundo e seguirei
os caminhos do mundo em geral permanecerei em Babilónia e adorarei a besta.
Agora
volvamo-nos ao terceiro capítulo de 2 Timóteo. Ali temos a mesma coisa sendo
ensinada:
"Sabe,
porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão
egoístas. Foge também destes".
Assim,
se sou amante do eu, dele tenho que fugir. Mas de quem terei de fugir? Do eu,
seguramente. Sair de Babilónia, fugir disso. Não se trata de dever eu olhar
para ti, e estudar-te e ver se és amante de teu próprio eu, ver se és avarento
e jactancioso e orgulhoso e então separar-me de tua companhia. De modo algum.
Não
se trata de eu olhar para outros e dizer: "Oh, não desejo estar numa
igreja com irmãos dessa espécie. Não posso ser o tipo certo de cristão aqui.
Penso que é melhor ir para Oakland e unir-me à igreja de lá, ou penso que é
melhor que eu vá a Battle Creek para unir-me à igreja ali; os irmãos aqui
parecem ser tão, tão nem tenho palavras para descrevê-los, mas é muito
desagradável e muito difícil ser um cristão aqui. Penso que terei de deixar
esta igreja e unir-me a alguma outra". Isso não será absolutamente a
resposta, pois a menos que estejamos genuinamente convertidos e separados do
mundo, quando tivermos feito tudo isso, a igreja a que nos unimos é tão pior do
que era antes e tão mais babilónica por apenas estarmos ali presentes.
"Foge também destes". Assim, sendo que devo fugir de mim mesmo, onde
fica Babilónia? Onde fica o mundo? Inteiramente no eu, tal como encontramos em
Gálatas, capítulo quatro.
Consideremos
o terceiro capítulo de 2 Timóteo um pouco mais e vejamos se algum de nós ali se
acha. "Os homens serão egoístas, avarentos". Podemos dizer o que
levará um homem que professa pertencer ao Senhor e amar ao Senhor o que o
levará a reter do Senhor aquilo que o Senhor declara explicitamente a Ele
pertencer, o dízimo, por exemplo? Aqui estão meios que vêm às minhas mãos; o Senhor
declara que um décimo disso é dEle. Eu professo amar o Senhor; vou aos cultos
cada sábado; professo pertencer ao Senhor; professo ser consagrado, porém não
permito que o Senhor tenha o que Lhe pertence. Qual é a raiz disso? O eu. E qual
é o primeiro fruto do eu? A cobiça. Eu não roubei nada de meu semelhante nem
retive nada dele, mas retive aquilo que pertence ao Senhor. Então devo fugir de
meu cobiçoso eu.
Blasfemadores:
Não podemos tomar cada um desses pontos pormenorizadamente. "jactanciosos,
orgulhosos, blasfemadores". Um blasfemador, na acepção comum da palavra,
é alguém que emprega o nome de Deus profanamente; alguém que toma o nome de Deus
em vão. Um dos mandamentos de Deus é estabelecido contra isso. Mas conquanto eu
não use o nome de Deus profanamente com os lábios, se professo o nome de Deus,
se o tenho tomado sobre mim e daí seguido um curso de ação para mostrar que
tudo é em vão, não tomei o nome do Senhor em vão? E não irei, por somente
seguir tal comportamento, levar outras pessoas a blasfemar o nome do Senhor?
Então, ao professar ser eu do Senhor e contudo adotar tal comportamento, que,
na natureza das coisas, faz com que o nome do Senhor seja blasfemado, a blasfemia
começa comigo.
Há
um verso que poderíamos ler a respeito disso: I Tim. 6:1:
"Todos
os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra os próprios
senhores, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados".
Aqui
a própria Palavra de Deus lança a verdade bem no coração do indivíduo, que ele
deva adotar tal comportamento a fim de que o nome de Deus e Sua doutrina não
sejam blasfemados; que devemos guardar da blasfêmia o nome e a doutrina de Deus.
Mas se eu a sanciono, então é certo que a blasfêmia começa comigo. Tomei o nome
de Deus em vão e fui em vão seu portador.
Eis outro teste: Romanos 2, começando com
o verso 17:
"Se, porém, tu que tens por sobrenome
judeu, repousas na lei e te glorias em Deus; que conheces a Sua vontade. Tu,
pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não
se deve furtar, furtas?"
"Aqui
estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus". Tu que
te glorias na lei, tu que ensinas que um homem não deve furtar, que estás
fazendo? Estás sonegando impostos? Estás conseguindo vantagem em negociatas? Se
se desse de estar na direção de algum de Seus negócios, estarás pronto para
fazer uma negociata para o Senhor? Julgas ser isso integridade para a Causa?
Não. É desonestidade. É iniqüidade. Não posso ser egoísta para o Senhor. Isso
não quer dizer que não devemos ser cuidadosos e econômicos, mas significa que não
posso fazer negociatas para o Senhor mais do que para mim próprio e ainda ser
honesto. Portanto, "Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?"
Ou és tu honesto?
"Dizes
que não se deve cometer adultério, e o cometes?" Mantêm a relação matrimonial
sagrada? Honram essa ordenança? Ou como tem-se revelado muito comum entre os
nosso rapazes especialmente, e mesmo alguns que estão "se preparando para
o ministério" também, que parecem considerar levianamente essa solene
ordenança de Deus ao ponto de saírem por aí e se comprometerem em namoro com
alguma jovem que possa ajustar-se a sua fantasia à primeira vista, e depois,
vendo outra que inspira em maior medida a sua fantasia, rompem o seu
compromisso. E daí, se não se casam antes de encontrarem outra mais, estão
prontos para repetir esse curso de ação.
O
sétimo mandamento foi colocado na lei de Deus para guardar a instituição
matrimonial, a ordenança do casamento, e os homens não podem desconsiderar a
instituição matrimonial, essa solene ordenança de Deus, sem violar o
mandamento. Num único ano pude apontar pelo menos meia dúzia de jovens,
professos cristãos, que se haviam comprometido com senhoritas e cada um deles
rompeu seu compromisso casando-se com alguma outra, porque se ajustava mais à
sua fantasia. E alguns desses estavam se preparando para "a obra do Senhor".
Desejo saber se vem a ser um preparo apropriado para a obra do Senhor pisotear
uma das mais sagradas ordenanças de Deus na primeira oportunidade.
"Dizes
que não se deve cometer adultério, e o cometes?" Você honra os mandamentos
de Deus? Você honra Suas ordenanças? "Bem", dirá alguém,
"poderia admitir que um homem se case com uma mulher que não ame?"
Não, não admitiria, mas o faria saber do que se trata o amor e o que realmente
deseja na vida antes de comprometer-se com uma jovem. Nesse comportamento que
estou descrevendo não há amor, para começo de conversa. Trata-se apenas de
fantasias sem rumo. A jovem pode ser perfeitamente honesta na questão; pode
haver amor de sua parte e na maioria dos casos isso se dá. Mas da parte dele é
tudo mera fantasia. E se se desse o caso de o matrimônio consumar-se antes que
outra inspire sua fantasia com mais vigor do que se deu com a primeira, algum
dia ele pode encontrar alguém que o faça, e então não estará seguro de sua
posição. Qualquer homem que viole a sagrada confiança que jurou desse modo a
uma mulher nunca estará seguro de que
será fiel a outra mulher. Quando pisoteou essa coisa sagrada em que Deus
reservou a máxima felicidade para os seres humanos como tais, ele não tem
garantias, mesmo a seu próprio respeito, de que será fiel em qualquer outro
caso do mesmo tipo.
Mas
que dizer do homem, seja como for, que vá tão longe para obter o amor de uma
mulher e termina por traí-lo? A Bíblia, ao falar do amor mútuo de dois homens,
encontra sua mais forte ilustração em descrevê-lo como "superando o amor
das mulheres". Contudo, um homem o obtém e prende-a por seu amor a ele,
para daí rudemente romper todas as cordas de afeto e colocá-lo sob pés. Isso é
uma violação do sétimo mandamento. É pisotear a instituição que esse mandamento
visa guardar, ao tomarem medidas que, se levadas a sua conclusão lógica somente
uns poucos passos conduzirão ao fato real.
Permitam-me
dizê-lo novamente que não desejaria que nenhuma pessoa se casasse com alguém a
quem não ama, mas desejaria que toda alma tivesse reverência suficiente pela
ordenança de Deus, sobriedade suficiente e consciência cristã para conhecer
seus próprios sentimentos. Gostaria que tivesse suficiente senso para saber o
que está fazendo, descobrir perante Deus o que é o amor antes de entrar nessa
relação soleníssima com suas sagradas obrigações.
"Dizes
que não se deve cometer adultério, e o cometes?" Esta é a questão.
"Abominas
os ídolos, e lhes roubas os templos?" Mas dirás, "Eu não adoro paus e
pedras; eu não me inclino perante imagens de escultura". Não, você não o
faz. Mas que dizer das modas do mundo? Que tipo de chapéu é esse que está
trajando? Que tipo de bengala é esta que está carregando? Que tipo de vestido é
este que cortou e fez? Por que o corta e segue o modelo, como faz? É porque é
mais confortável dessa maneira? É porque é mais agradável a Deus dessa maneira?
Não. Sabes que és, antes, porque estás mais perto do que dita a moda. Sabes que
és porque te conformas mais com o mundo e te ajustarás melhor ao que se pratica
no mundo. Mas este mundo é vaidade; é idolatria. Satanás é o deus deste mundo.
"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de
vossa mente". "Todo aquele que é amigo do mundo é inimigo de Deus".
Portanto, embora eu não me curve diante de imagens esculpidas; conquanto eu
possa não adorar o pau e a pedra, contudo se eu seguir as modas, os métodos e
as coisas deste mundo e conformar-me com os caminhos do mundo em lugar de
indagar a Deus o que Ele deseja, então o que estarei adorando? O deus deste
século. Há nisso idolatria também. Existe inimizade contra Deus.
Nada
sei de mais incoerente, mais irrazoável do que a moda desejar todos moldados
num mesmo estilo e ajustados ao mesmo modelo, para que todos se pareçam iguais.
Por que Deus não nos criou todos iguais desde o princípio? A mentalidade da
moda é precisamente a do diabo. Ele deseja tornar todos do mesmo molde em
religião e assim precisa tornar isso tão atraente que todos usem isso e daí
tenham o governo tomando e determinando na lei e requerendo que todos utilizem
essa forma de religião da moda. E toda essa concessão à moda em vestuário é
simplesmente uma forma de levá-los a fazer concessões no mundo da religião. Oh,
é tudo idolatria. "Abominas os ídolos, e lhes roubas os templos?"
Se
Deus desejasse que fossemos todos iguais e parecessemos iguais, por que não nos
criou todos iguais? Ora, às vezes vemos pessoas trajando certas roupas que de
modo algum lhes assenta, mas são-lhe inteiramente desajustadas. Podem trajar um
chapéu ou um vestido de uma cor que fá-los parecerem como se estivessem se recuperando
de uma crise de icterícia. Mas nem se incomodam com isso. Tudo em que pensam é
que isso está agora na moda.
Mas
Deus nos criou neste mundo de modo a que duas pessoas não sejam iguais. Cada um
é alguém com personalidade e individualidade própria. E o Senhor tenciona que
cada cristão exerça uma influência neste mundo que nenhuma outra pessoa neste
mundo possa exercer. Ele espera que cada um de nós se vista de modo a que a
forma em que Deus o fez será representada para o mundo em perfeita harmonia,
perfeita adequação em todos os aspectos; de modo a que Deus possa empregar a
individualidade que criou para os propósitos aos quais Ele os criou. Vistam-se
para adequar-se ao Senhor, e então tudo quanto trazemos em nós falará de Deus e
das coisas justas. Mas alguém pode destruir tudo quanto Deus intencionou fazer
por um jovem ou uma jovem que professam o cristianismo e então esperam exercer
influência no mundo por vestir-se segundo a maneira deste mundo! Isso não pode
ocorrer. As duas coisas não operarão absolutamente juntas. Não podes
impressionar ninguém em favor do cristianismo dessa maneira, porque tudo aquilo
por meio de que o Senhor operaria é bloqueado por esse tributo à idolatria.
Vistam-se do modo como o Senhor aprovaria e descobrirão que não é caro, nem
requererá muita elaboração ou criatividade para se estar vestido de modo
adequado e sóbrio. "Abominas os
ídolos, e lhes roubas os templos?" É isso que desejo saber. Tua mente está
em Deus? Vestes-te para agradá-Lo? Estás buscando agradá-Lo? Ou estás preocupado
com o que dirá este ou aquele? "Abominas os ídolos, e lhes roubas os
templos?"
"Tu,
que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como
está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa
causa".
Estudo
2
Pelo
que entendo, alguns pensam que eu não falei o suficiente sobre vestuário na
noite passada. Julgo que talvez assim seja, porque é bem provável que os que
pensam que eu não falei suficientemente sobre vestuário se alegrariam se eu
tivesse falado sobre os que se vestem adequada e mesmo elegantemente, enquanto
eles próprios pensam que estão bem.
Há
pessoas que, quando vêem alguém bem vestido logo toma isso como evidência de
orgulho. Mas é tanto evidência de orgulho quando alguém se gaba de seu descuido
ao vestir, quanto ao orgulhar-se de sua aparência. Tenho visto pessoas que se
orgulhavam de seu desleixo. Tenho visto pessoas orgulhosas de sua falta de
orgulho. Agradeciam a Deus por não serem orgulhosos. Mas eram.
Talvez
por essa razão eu não falei o suficiente sobre vestuário antes, e portanto eu
acrescentaria isto, de que os que se orgulham por sua falta de orgulho e nesse
orgulho julgam-se certos, quando poderiam e deveriam vestir-se melhor ou mais
adequadamente do que o fazem, fariam bem em corrigir-se e atingir um padrão
mais elevado.
Contudo,
não estava falando sobre vestuário. Esse não era o tema. Estava falando sobre
sair de Babilónia. Estou falando contra a idolatria, que grande sacrilégio é, e
quão abominável é a adoração de ídolos.
Tínhamos
atingido no terceiro capítulo de 2 Timóteo a palavra
"blasfemadores"'. Não podemos apanhar cada uma dessas palavras
individualmente, mas há palavras ao longo daquela lista que merecem ser
destacadas por nós. Uma dessas é "ingratos". Nestes últimos dias as
pessoas, tendo uma forma de piedade sem o seu poder, serão ingratas. Ser
ingrato é não ser grato. Grato significa cheio de gratidão. Como é contigo? Em
que condição te achas? Professas a religião; professas santidade?. Estás
repleto de gratidão? Ou és grato quando tudo corre bem e te convém? Mas quando
as coisas não saem de acordo com os teus interesses, então tens dúvidas, és impaciente
e ficas a imaginar como isso terminará para ti. Estás descontente e ingrato
quando tal e tal coisa acontece? És às vezes grato e às vezes ingrato? Se eu às
vezes sou grato e outras vezes ingrato, então serei grato? Não. "Foge
também destes".
Os
que têm uma forma de piedade sem o seu poder têm os seus altos e baixos,
segundo os sentimentos. Mas Deus não deseja que nenhum cristão tenha altos e
baixos em absoluto, somente altos. Ele nos anima; isto é, nos dá vida e nos
eleva dentre os mortos para início, e tenciona que prossigamos até nos determos
na mão direita de Deus.
Tomemos
outra figura: Somos plantados. Somos chamados árvores árvores de
justiça enraizados e firmados no amor de Deus, e espera-se que essa árvore
cresça mais e mais. Não crescer, e daí recuar. Como me disseram na Flórida,
quando lá estive no último outono, algumas de suas laranjeiras ficam
"mortiças". Elas crescem depressa, superando em altura todas as
demais árvores, e então ficam como mortas, quase até ao nível do chão. No ano
seguinte novamente crescem rápido, superando em altura todas as árvores e outra
vez ficam como mortas. Mas esse não é o tipo de árvore que Deus tem em Sua
horta. Ele planta árvores de justiça e espera que elas não fiquem nesse alto e
baixo, crescendo rapidamente e quase mortas depois, mas deseja que cresçam, somente
cresçam.
"Irreverentes":
Todos sabemos o que somente torna algo santo a presença de Jesus Cristo. A
presença constante de Deus somente pode tornar qualquer lugar ou qualquer coisa
santa. Mas os que têm apenas aparência de piedade sem a presença de Deus são
necessariamente irreverentes. E esta passagem declara: "Foge também
destes". Se eu sou irreverente, desse tal devo fugir; isso é, fugir de mim
mesmo. O único lugar a que podemos fugir de nós mesmos é junto a Deus. E isso
traz a permanente presença de Deus, o que torna santo e santifica.
"Desafeiçoados": Como tratas os
filhos? Logicamente nossos filhos não são perfeitos; eles não são nascidos
santinhos, porque são nossos filhos. Descobrimos muitas coisas esquisitas sobre
eles em sua conduta, isso é verdade. Mas, ainda assim, como os tratamos? Como
chegaram a trilhar esses caminhos tortuosos? Como assimilaram aquelas coisas vis?
Ouvimos muitas pessoas dizerem de certos atos ou traços de caráter numa
criança: "Bem, essa criança está sendo autentica com isso". Sim, isso
é verdade. De fato, haverá algo que a criança manifesta que não lhe seja autentico?
Logicamente que não, pois a criança não se trouxe a si mesmo ao mundo. Não
estou em nenhum sentido dizendo que se devam permitir tais traços sem controle.
Mas ao corrigi-los devemos tratá-las como se fossem inteiramente responsáveis
por eles? Ou consideraremos que nós próprios somos responsáveis em certa medida
por eles? Como será connosco, "desafeiçoados" ou admitiremos que temos
algo a ver com isso? Permitiremos que a isso ali esteja naturalmente e atue
dessa forma, não somente com afeto mas com a afeição da graça divina?
"Implacáveis":
Uma trégua se estabelece quando dois exércitos estão em guerra. Uma bandeira é
enviada por um lado ou outro que se chama bandeira de trégua. Uma trégua é uma
pausa em meio à guerra, uma interrupção de hostilidades. Pode dar-se para o
sepultamento dos mortos. Pode dar-se para uma conferência visando à paz. Pode
dar-se por uma razão ou outra, mas uma trégua é uma interrupção de todo combate
e toda disputa por aqueles que haviam estado anteriormente em guerra. Se for
para o sepultamento dos mortos, eles podem misturar-se entre si, sentar-se e
conversar, tudo em perfeita paz. Mas quando a trégua termina, a guerra
recomeça. A Escritura declara (Tito 3:2,3): "Não difamem a ninguém; nem
sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia para com todos
os homens". Há uma trégua agora. Mas o que se dava antes? "Pois nós
também outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda
sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos
uns aos outros". Era assim que costumava ser; e aquele que odeia
quebrantou o mandamento que diz: "Não matarás". Anteriormente havia
disputas, inveja, ciúmes, malícia, ódio e maledicência e coisas tais. Assim se
dava antes. Agora encontramos a Cristo ou professamos fazê-lo e isso inspira
paz, e esta é a trégua. Isso é aceito entre os cristãos, entre os que chamaram
ao nome de Cristo.
Portanto,
após apelar ao nome de Cristo e professar ser dEle, o homem que se dedica a
qualquer malícia, inveja, ódio, maledicência, disputas o que é ele? É um
implacável [irreconciliável, segundo Almeida Antiga]. És um desses? "Foge
também destes".
"Caluniadores":
A próxima expressão vem inevitavelmente, "implacáveis, caluniadores".
E o termo grego traduzido por "caluniadores" é diaboloi, diabos, porque o termo grego para o diabo é diabolos o acusador, o principal de
todos os acusadores entre os que acusam. Lembram-se de Apocalipse 12, que
declara dele: "foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os
acusa de dia, e de noite, diante do nosso Deus". Isso refere-se ao próprio
diabo o acusador principal. E aqui na palavra que estamos estudando, é expressa
no plural diaboloi diabos. Isto é,
eles seguem os caminhos do diabo, o acusador-chefe, e assim são chamados
diabos, também falsos acusadores. Agora não os estou chamando de diabos. Estou
chamando a atenção de vocês ao fato de que o Senhor os chama de diabos. Os
caluniadores. És um deles?
Agora
estamos estudando Babilónia e o sentido de sair de Babilónia. Tenho uma pequena
citação aqui que oferece alguma ideia de como é realmente estar em Babilónia,
onde a mãe das prostitutas está, onde Babilónia, a mãe se assenta--na própria
Roma. E será esta uma ilustração do que isso significa aqui e o que é
assinalado nas palavras "implacáveis" e "caluniadores".
O
Cardeal Gibbons no ano passado, pouco depois de retornar de Roma, concedeu uma
entrevista ao correspondente do New York
World, e a entrevista foi reproduzida no Catholic Standard no mês de outubro de 1894, e eis uma declaração
da entrevista:
"Ao
falar, sua eminência pesa suas palavras elegantemente. Conquanto ele não tenha
sombra de reserva quando está tratando com pessoas em quem confia, é cuidadoso
na expressão de seus pontos de vista. Uma vez ele me assegurou que o prazer que
obtinha de ver Roma era grandemente diminuído pela necessidade de conservar uma
guarda sobre os lábios. 'No estranho clima de Roma', ele explicava, 'suas
palavras mais leves são apanhadas, comentadas e mal-interpretadas'. 'Estou
acostumado a dizer o que penso, clara e diretamente, em nosso estilo
americano', acrescentou ele".
Mas
em Roma ele não podia agir assim. Como é em Battle Creek? Como é em Oakland?
Como se dá em College View? Como se dá na igreja que você frequenta? Tem essa
perfeita confiança como para com um irmão com todos os demais a quem fala, que
nenhuma palavra é apanhada, comentada e mal-interpretada? Ou existe tal coisa
de apanhar palavras, tornando um homem um ofensor por uma palavra? Não tomar
tempo para entender o que ele disse, não saber se ouviste distintamente o que
se disse, apreendeste algum tipo de som indefinido e não te pareceu muito bem.
Então precisas correr ao Presidente da Associação ou algum outro irmão em
posição importante para narrar-lhe. "Oh, o irmão tal e tal disse isto e
aquilo. Como podem tê-lo no ministério? Como podem sustentar um homem que
mantém tais doutrinas?" Já viram acontecer algo assim? Eu simplesmente
faço essas perguntas. Vocês podem decidir.
"Podes
dizer se é assim ou não em Battle Creek ou qualquer outro lugar entre os
adventistas do sétimo dia, então onde fica a diferença sobre esse ponto entre
estes e a própria sede de Babilónia Roma, onde tuas palavras são
"apanhadas, comentadas e mal-interpretadas!" Se assim é, não seria
tempo de sair de Babilónia? Não é tempo de fugir desses e achar a ligação com Jesus
Cristo, uma confiança e fé perduráveis nEle a ponto de haver perfeita confiança
cristã entre todos quantos professam o nome de Cristo, de modo que suas
palavras não sejam apanhadas, comentadas, e mal-interpretadas?
Agora,
é verdade que o cristão deve ser tão absolutamente veraz, franco e transparente
que não precise preocupar-se com o que as pessoas façam de suas palavras. Mas o
que os que professam ser cristãos estão prontos para fazer com suas palavras?
Essa é a questão. E se assim é nas igrejas onde você assiste, então "foge
também destes". Quero dizer, se você for um desses, fuja de si próprio.
Caluniadores,
sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos.
"Atrevidos":
Há uma expressão que é comum entre as pessoas hoje que expressa a mesma coisa.
É a palavra, "cabeçudo". Atrevido as informações todas jazem na
cabeça. Tudo quanto sabem está em sua cabeça, e pensam que há tanto que até se
surpreendem de como sua cabeça pode conter tudo. Mas essa é uma das características
dos últimos dias. As pessoas serão atrevidas. Isto é, têm o seu conhecimento na
cabeça.
Mas
Deus deseja pessoas de bom coração nestes dias. Em lugar de as pessoas serem
cabeçudas, ele deseja que tenham um grande coração. Deus deu a Salomão um
grande coração, e a exortação para nós todos, em Coríntios, é "sede
compassivos". Deus deseja pessoas de grande coração pessoas de coração
grande, não de cabeça grande. E não há alternativas para isso; os Testemunhos
frequentemente nos têm dito suficientemente bem que há demasiadas teorias entre
os adventistas do sétimo dia e não suficiente experiência do amor de Cristo no
coração. Demasiados dogmas e insuficiente dotação do Espírito de Deus.
Demasiada forma e muito pouca experiência prática real do poder de Deus e da
verdade operando no coração e resplandecendo na vida. Foge também destes.
Permitamos que Deus Se aposse do coração inteiramente, que o amplie com o
preenchimento de toda a Sua plenitude.
"Enfatuados":
A próxima palavra procede logicamente desta. É a consequência disto, tanto
quanto os caluniadores vêm dos implacáveis. Estes são "enfatuados".
Há uma palavra sobre isso no 12º capítulo de Romanos, verso 16: "Tende o
mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos,
condescendei com o que é humilde". Como se dá em nossa obra de estudos
bíblicos, reuniões de tendas, e assim por diante? Alegramo-nos quando alguns
dos ricos vêm, alguns da "alta sociedade", e demonstram simpatia pela
mensagem, quando então pensamos: "Oh, estamos realizando grandes
coisas"? E outro homem, como Tiago descreveu, "pobre andrajoso",
entra na tenda e sua aparência não é inspiradora. E dizemos ao homem de roupas
vistosas, "Oh, venha para aqui. Há um lugar onde assentar-se". O
outro homem - Oh, não o conhecemos em absoluto. Como se dá? Tiago diz que isso
é acepção de pessoas. Fazes acepção de pessoas? "Se fazeis acepção de
pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores". Não
podem fazer isso. "Em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é
humilde". Não estou querendo dizer que devemos rebaixar o rico ou aqueles
que têm alta posição social; em absoluto. Eles devem ser chamados a Cristo e
converter-se tanto quanto todos os demais. O que estou pedindo é, estamos
cortejando a estes e julgando que algo muito relevante é feito quando um desses
revelam algum interesse ou favor para connosco ou a verdade, enquanto
desconsideramos ou rebaixamos o pobre e o destituído? Não há acepção de pessoas
para com Deus. "Se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado".
"Em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não
sejais sábios aos vossos próprios olhos".
Há
outro verso em Filipenses que toca o mesmo ponto, com uma exortação a todos
nós. Fil. 2:3-6:
"Nada
façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um
os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é
propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus".
"Antes
amigos dos prazeres que amigos de Deus": Não preciso chamar atenção especial
para isso. A lição do irmão Prescott na noite passada foi suficientemente
apropriada neste ponto em particular. "Tendo forma de piedade,
negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes".
Agora,
há outra passagem sobre essa fase particular do estudo, quanto ao que significa
sair do mundo e onde o mundo se acha e em que ponto estamos ligados ao mundo.
Volvamos
atenção a Tiago 4:4:
"Infiéis,
não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que
quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus".
Não
apela isto a cada um a indagar-se a si próprio: Tenho amizade com o mundo? Não,
tenho eu mais amizade pelo mundo do que pelo Senhor? Tenho alguma medida disso?
"Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus".
Isto é o que está escrito, e assim é. Observem como inicia vigorosamente:
"Infiéis". Consideremos essa expressão e vejamos o que significa em
conexão com Babilónia. Bem nessa expressão podemos descobrir como Babilónia se
originou e cresceu. Volvamo-nos a Romanos 7:1-4:
"Porventura
ignorais, irmãos, pois falo aos que conhecem a lei, que a lei tem domínio sobre
o homem toda a sua vida? Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido,
enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal.
De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com
outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei, e não será
adúltera se contrair novas núpcias. Assim, meus irmãos, também vós morrestes
relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a Outro, a
saber, Aquele que ressuscitou dentre os mortos"
Quem que professa o nome de Cristo se
posta numa posição em que sua própria profissão declara estar casado com Jesus
Cristo, como a esposa está casada com o seu marido. Agora, a esposa que tem um
marido e fixa sua mente sobre outro homem e coloca sua dependência sobre outro
homem, o que é ela? Vocês sabem.
O
seu marido ali está o tempo todo, o marido está vivendo e vivendo com ela.
Nosso marido está vivo, e ele declara: "Nunca te deixarei e nunca te
esquecerei". Ele não se assemelha a um marido humano, que às vezes é
convocado por um longo tempo, mas mesmo que o marido humano seja chamado para
ficar distante por um longo período, isso não justifica a esposa de depositar
sua dependência sobre outro homem".
Mas
há esse marido celestial com quem estamos unidos, como uma esposa na associação
matrimonial. Ele veio do céu para atrair-nos para longe deste mundo, para longe
do deus deste mundo e toda ligação com o mundo, para Deus. Cristo declara:
"Eu não sou do mundo". Ele é o segundo Adão. O primeiro homem o
primeiro Adão é da terra, terreno; o segundo homem é o Senhor do céu. Como é o
terreno, tais são também aqueles que são da terra. E como é o celestial, tais
são também os que são do céu. Nosso marido é do céu e é somente celestial.
Quando Ele estava no mundo, não era do mundo. Ele não depositou dependência
sobre o mundo. Não tinha nenhuma ligação com ele. Como é o celestial, assim são
também os que são celestiais.
Aqui
estamos, então, unidos àquele marido celestial nessa relação celestial. E
aquele que professa isso e então tem a sua mente, suas afeições, sua amizade,
para com o mundo e sobre o mundo o que é isso? É uma violação da associação matrimonial.
É este o significado quando a Palavra declara: "Infiéis". Assim se dá
com o indivíduo. O que será, pois, numa combinação de indivíduos que compõem
uma igreja? Um indivíduo é ligado com Cristo em uma experiência cristã
individual e mantém uma ligação cristã individual. Uma inteira combinação destas
ligadas a Cristo formam a igreja de Cristo e deveria ter uma experiência de
igreja e uma ligação de igreja.
Tomem,
então, um desses indivíduos que se desviaram de Cristo, o verdadeiro marido e
legítimo Senhor, e tem amizade com o mundo, deposita sua confiança nos
governantes deste mundo. Ele é um adúltero, como no texto. Coloque com ele uma
inteira combinação de pessoas que estão agindo assim, fazendo uma igreja também
desse tipo, isso é o que tornou Babilónia a mãe--cometendo fornicação com os
reis deste mundo, os meios deste mundo--colocando sua confiança sobre os
governos e alianças deste mundo. Portanto, a próxima expressão que vemos nas
Escrituras descrevendo-a é onde ela tem cometido fornicação com os reis da
terra, e se assenta sobre uma besta de cor escarlate, tendo sobre sua testa um
nome escrito: "MISTÉRIO, BABILÓNIA A GRANDE, MÃE DE TODAS AS MERETRIZES E
ABOMINAÇÕES DA TERRA". Ela estabelece o exemplo de impiedade, e outras
igrejas professamente protestantes têm seguido o mau exemplo e assim têm-se
tornado filhas dessa baixa linhagem.
Assim
podem ver que aquilo mesmo a que Tiago se refere, que o leva a empregar o termo
"infiéis"- essa amizade com o mundo por aqueles que professam o nome
de Cristo isso é o que fez Babilónia no início e é o que faz Babilónia a mãe e
as filhas e todo o completo conjunto denominado Babilónia. É a professa igreja
de Jesus Cristo, tendo a forma de piedade sem contar com o seu poder. Mas tendo
a amizade do mundo. Tendo ligação com o mundo, dependendo dos reinos e modos
deste mundo, e não do forte, amorável braço de seu marido legítimo. A amizade
com o mundo contém em si mesma tudo que Babilónia é. É inimizade com Deus.
Portanto,
podem ver que toda consideração, todo princípio sobre que a Escritura toca,
requer, meramente no princípio indicado, plena separação do mundo e de tudo
quanto nele há. Mas quando o mundo está nessa condição e todos se afastando de
Deus e reunindo-se para um confronto com o Senhor, contra o Seu Cristo, nas pessoas
daqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro, morto desde a
fundação do mundo de todos os tempos que jamais existiram sobre a Terra, agora
é o tempo em que essas passagens devem obter força viva e poder vivo com aqueles
que clamam pelo nome de Cristo e especialmente aqueles cujos nomes estão escritos
no livro da vida.
Agora,
notem: Temos estudado até aqui o que Babilónia é e o que abrange. E descobrimos
que abrange o mundo inteiro. Portanto, o que deve dela sair não difere de sair
do mundo. Ultimamente temos visto o que é sair do mundo, e é certo que se trata
de separar-se inteiramente do mundo e de tudo quanto nele há, não tendo ligação
em absoluto com ele. A próxima indagação deve ser--Como se deve cumprir isso? Deus
fez completa provisão para isso. Essas provisões estão totalmente prontas para
a nossa aceitação. E agora, ao começarmos o estudo desta parte do tema, devemos
saber que cada coração que receber a Palavra de Deus no Espírito de Cristo com
a submissão que se requer o próprio Senhor fará com que essa verdade realize a
própria coisa que se faz necessária para cada um que a receba. Essa verdade nos
separará verdadeiramente; ela cumprirá essa obra por nós. Não podemos fazê-lo
por nós mesmos. Não podemos separar-nos de nós mesmos. Mas Deus tem uma verdade
que realizará isso, e ela nos separará de nós mesmos, nos livrará desse
presente mundo maligno, nos livrará do pecado no abstrato não simplesmente dos
pecados individuais, mas do pecado de modo que o pecado não terá domínio sobre
nós, mas em seu lugar atuará o poder de Deus.
Deus
tem uma verdade em Sua Palavra que realizará exatamente isso e nos erguerá
acima do mundo a fim de que habitemos na luz da glória de Deus e do reino de Deus.
Esse poder estará sobre nós e em nós e ao nosso redor de modo que avançaremos à
obra a que fomos chamados, para realizar a obra que Deus tem a cumprir e fazer
soar fortemente a mensagem de advertência e o chamado que deve agora ser dado a
todos: "Retirai-vos dela, povo Meu".
Não
podemos fazer esse chamado a menos que estejamos fora completamente nós mesmos.
Não posso chamar alguém para fora do mundo quando eu próprio não estou fora.
Não posso levar alguém a ver o que é a separação do mundo. Não posso fazê-lo
com a verdade de Deus, a menos que eu veja e saiba por minha própria
experiência o que significa a separação do mundo. Não posso chamar as pessoas a
se separarem inteiramente do mundo ou de qualquer coisa dele e fazê-las
depositarem sua confiança inteiramente em Deus e em nada mais, quando eu
próprio estou ligado ao mundo. Não pode realizar-se. Podemos declarar as
palavras dirigidas a elas: "Retirai-vos dela", mas não haverá poder
nas palavras que as alcance para trazê-las para fora, como somente o poder de Deus
é capaz, e não podem sair por si mesmos.
Como
vimos numa lição anterior, é a "voz do céu" que chama as pessoas a
saírem de Babilónia. Então, certamente é verdade que deste tempo em diante
devemos estar tão ligados com o céu em nosso trabalho, que quando falamos a
Palavra de Deus, as pessoas ouvirão a voz do céu, que cumprirá o desígnio do
solene chamado. E na linha de verdade que é para vir na próxima divisão do
tema, Deus de tal modo ligará com o céu todos que a recebam que tal indivíduo
encontrará o céu sobre a terra, segundo as Escrituras. E Ele fará com que isso
se cumpra com todos que se submeterem inteiramente a Deus e a Sua verdade, e
ouvirem a voz do céu.
Portanto, eu pedirei que entre esta e a
próxima lição todos coloquem a mente e coração solene e sagradamente em preparo
para o que o Senhor tem a dizer, para tudo quanto Ele nos dará e para tudo que
Ele fará por nós.
Deus
tem importante verdade para nós que cumprirá a grande obra que deve ser feita
por nós, e precisamos ter tudo submetido a Ele, dizendo: "Fala, Senhor, que
o Teu servo ouve". E quando Ele fala, deixem de lado tudo, aceitem a
Palavra, porque é a Palavra de Deus, e essa palavra nos erguerá acima do mundo.
Então, quando Deus nos tem levantado, nós podemos reluzir.
Estudo
3
Começaremos
este estudo com a passagem que estivemos estudando na noite passada: Tiago 4:4.
Desejo especialmente que todos analisem estes versos por si mesmos e estudem
cuidadosamente o que dizem. Nos tempos que atravessamos e à posição a que temos
sido trazidos pelas evidências que não podemos evitar e contra que é impossível
fechar os olhos, sei que nunca me dediquei a um estudo da Bíblia em minha vida
como o faço com este desta noite, e desejo que todos submetam toda faculdade à
direção do Espírito de Deus, com o espírito inteiramente submetido a Deus,
para que Ele nos guia aonde deseja nos
levar.
"Infiéis,
não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que
quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus".
Desejamos
assinalar particularmente a indagação: "não compreendeis que a amizade do
mundo é inimiga de Deus?" Segue-se, portanto, que a única possibilidade de
qualquer alma neste mundo de ser separada deste mundo, e assim de Babilónia, é ter essa inimizade destruída. Pois, digo
novamente, a amizade do mundo não é inimizade com Deus. Mas não é isto; é a
coisa em si é "inimizade". E a inimizade contra Deus, aquilo que é
inimizade com Deus, nos coloca em inimizade com Ele. Os homens podem ser
reconciliados com Deus por terem a inimizade removida, mas a própria inimizade
nunca pode ser reconciliada com Deus. E a humanidade, cuja inimizade a coloca
em inimizade com Deus, reconcilia-se com Deus unicamente pela remoção da
própria inimizade.
Temos
a chave para toda a situação no fato de que a amizade do mundo é inimizade com
Deus. "A amizade do mundo", e "a inimizade" são idênticas;
um homem não pode ter a inimizade sem a amizade do mundo, pois assim é--a
amizade com o mundo nela está.
Portanto,
novamente afirmo: A única esperança de que um homem se separe do mundo, como
requerido pelas Escrituras e que nossos tempos requerem como nunca antes no
mundo (se puder haver qualquer diferença) é ter essa inimizade removida. Isso é
tudo quanto temos que buscar, tudo que há para ser feito, pois quando isso se
der, estaremos livres.
No
capítulo oitavo de Romanos esse mesmo aspecto é mencionado, começando com o
verso sétimo. "Os que estão na carne", ou, como consta do original
grego, "a mente da carne é inimizade contra Deus; pois não está sujeita à
lei de Deus, nem na verdade pode estar". Isso torna enfático o pensamento
apresentado em ligação com o outro texto, de que não há possibilidade dessa
inimizade ser reconciliada com Deus. Nada pode ser feito com ela, mas
removê-la, destruí-la. Nada pode ser feita por ela em absoluto. Algo pode ser
feito com ela, mas nada pode ser feito por ela, e pela razão de que é contra Deus;
não está sujeita à lei de Deus, nem em verdade pode estar. Não pode ser submetida
à lei de Deus. O próprio Deus não pode tornar a mente carnal, a mente da
carnalidade, sujeita a Sua lei. Isso não pode ser feito. Isso não é dito com
irreverência ao Senhor ou limitando o Seu poder, mas não pode ser feito. Deus
pode destruir a impiedade e tudo quanto a acarretou, mas Ele não pode fazer
nada por ela, reformá-la ou torná-la melhor.
"Portanto, os que estão na carne não
podem agradar a Deus". Contudo, este mundo é inteiramente da carne:
"Mas vós não sois do mundo", pois, declara o Senhor, "Eu vos
chamei do mundo". Ele separou o cristão da carne, dos caminhos da carnalidade,
dos da mente carnal e do domínio da carne. Isso nos separa do mundo por
separar-nos daquilo que por si mesmo nos prende ao mundo. Nada, a não ser o
poder de Deus, pode fazer isso.
Agora,
remontemos brevemente ao tempo em que Deus fez o homem. Gênesis 2. Quando Deus
fez o homem, Ele pronunciou a respeito dele, bem como de todas as demais coisas
que havia feito, não simplesmente bom, mas "muito bom". Daí o homem,
o primeiro Adão, tal como se apresentava, alegrava-se em ouvir a voz de Deus.
Ele se deleitava com a Sua presença; todo o seu ser respondia jubilosamente a
Seu chamado.
Mas
surgiu alguém mais no Jardim do Éden e lançou desconfiança a respeito de Deus
nas mentes daqueles seres. A serpente disse à mulher: "É assim que Deus
disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto
das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe
que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis
conhecedores do bem e do mal".
A insinuação teve o seu efeito:
O próprio Deus sabe que não é assim, e sabe que não foi assim que Ele disse;
isso mostra que havia algo por detrás. Ficou insinuado que Deus não nos trata de
modo justo. Ele não deseja que estejamos onde isso possa trazê-lo. Ele não
deseja que tenha o que isso lhe propiciará. Ele sabe o que isso fará para connosco
e não deseja que assim seja, e é por isso que diz: Não façam isso. Suas
sugestões foram dadas e tão logo foram acatadas, ela julgava que agora via o
que antes não conseguia ver e aquilo que de fato não era verdade. Como o Senhor
os fez e tencionou que assim permanecessem, eles deviam receber toda sua
instrução e todo o seu conhecimento de Deus. Deviam
ouvir a Sua palavra, e aceitar essa palavra e permitir-lhe que os guiasse e neles
vivesse. Assim, eles teriam a mente de Deus; pensariam os pensamentos de Deus
por terem a Sua palavra, expressiva de Seus pensamentos, neles permanecendo.
Mas ali havia outra mente, diretamente oposta, a que deram ouvidos. Outras
sugestões foram aceitas. Outros pensamentos foram permitidos. Outras palavras
foram recebidas, acatadas e obedecidas, de modo que a mulher viu "que a
árvore era boa para se comer". Era a árvore boa para se comer? Não. Mas
por dar ouvidos àquelas palavras ela viu coisas que não eram daquela forma. Ela
viu as coisas numa maneira que não foram vistas antes e nunca poderiam ter sido
vistas à luz de Deus. Mas ao submeter-se a essa outra mente ela viu coisas sob
uma óptica inteiramente falsa. Ela viu que a árvore era boa para se comer e uma
árvore a ser desejada como fonte de sabedoria para alguém. Não se tratava de
nada disso. Contudo, foi assim que ela entendeu.
Isso
revela o poder de engano que há nas palavras e métodos de Satanás que fez
aquelas sugestões naquele tempo. Certamente na medida em que alguém inclina sua
mente nessa direção ou tem algo em sua mente que de si mesma se inclinaria
naquele rumo, isto dá a Satanás uma chance de operar e levar essa pessoa a ver
coisas dum modo errado, levando-a a ver coisas como sendo as únicas necessárias,
o que não é verdadeiro em absoluto e não somente são desnecessárias, mas absolutamente
falsas em todo aspecto.
Quando
Eva "viu" tudo isso, foi somente a consequência natural.
"Tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu".
Examinem
o registro um pouco mais detidamente. O verso oitavo: "Quando ouviram a
voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da
presença do Senhor Deus". Qual foi a causa disso? Havia algo a respeito
deles que evitaria a presença de Deus, algo que não estava em harmonia com Deus
e os levou a esconder-se, antes que a acolhê-Lo.
"E
chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi
a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi. Perguntou-lhe
Deus: Quem te fez saber que estavas nu?" Agora a pergunta: "Comeste
da árvore de que te ordenei que não comesses?" E ele disse: Sim, comi, e
estou inclinado a pensar que isso não foi exatamente correto. Sinto muito. Foi
assim que ele fez? Oh, não. A pergunta é: "Comeste da árvore de que te
ordenei que não comesses?" Não comera ele? Certamente que sim. Por que ele
não disse: Sim? Quanto à questão do "por que", prosseguirei um pouco
mais com a lição e então formularei essa indagação novamente, e então todos
veremos porquê.
O
facto é que ele não respondeu sim. Contudo, essa seria a única resposta para a
qual haveria lugar. Mas ele disse: "A mulher que me deste por esposa, ela
me deu da árvore, e eu comi". Finalmente, admitia ele envolvimento no
caso. Mas como teria se metido nisso? Foi numa última hipótese. A mulher, e até
mesmo o próprio Senhor, terminam tendo a culpa atribuída antes que o homem se
permitisse ser tido por culpado. Em tudo isso, ele, em resumo, estava dizendo:
"Eu não teria feito isso se não fosse pela mulher, porque ela me deu do
fruto; e se essa mulher não estivesse aqui, ela não o teria feito; e se não
tiveste colocado esta mulher aqui, ela não estaria aqui. Portanto, se ela não
estivesse por aqui, ela não me teria dado a comer, e se não o tivesse feito,
não teria comido do fruto. Assim, logicamente, de fato eu comi, mas a
responsabilidade vai além de mim". O que deu nele que o levou a implicar
todo mundo mais no universo antes de si próprio e antes de admitir que tinha
alguma participação no incidente? Nada mais do que amor ao eu, autodefesa,
autoproteçção.
"Disse
o Senhor Deus à mulher". E entra outra pergunta clara: "Que é isso
que fizeste? Respondeu a mulher: Oh, eu apanhei o fruto da árvore e comi dele,
e ofereci-o ao meu marido, e ele comeu também, e isso foi lamentável".
Não. Ela não disse nada disso. Percebam: A pergunta do Senhor não foi, "O
que fizeste?", mas "Que é isso que fizeste?" (Ele tampouco
indagou: "Quem fez isso?", mas "Que é isso que fizeste?").
"Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi". Ela respondeu
a pergunta do mesmo modo que ele o fizera. A mesma coisa a levou a recuar ante
a pergunta e envolver alguém mais que teria levado Adão àquele ato. Todo mundo
deve ser envolvido, menos eles próprios.
Agora
eu pergunto mais uma vez: Por que não responderam de modo direto aquela pergunta
direta? Eles não podiam fazer isso. E não podiam fazê-lo porque a mente com a
qual agiam, que havia deles tomado posse, que os havia escravizado e dominado
sob o seu poder, é a mente que originou a exaltação própria no lugar de Deus e
nunca se permitirá um segundo lugar, mesmo onde Deus esteja. Todos sabemos que
essa é a mente de Satanás, logicamente. Mas lá naquela ocasião, quando começou,
sabemos que a coisa que o levou a alcançar a posição onde se postou na época
era a exaltação própria.
Ele
volveu seus olhos de Deus e olhou a si mesmo, deu a si próprio crédito para a
grande glória, e o lugar onde estava não era suficientemente grande para ele, e
precisava exaltar-se. "Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. Subirei
acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo". Isso era
pecado. O Senhor o chamou para perdoar-lhe o pecado e sua errónea atitude, a
voltar-se para Deus, aceitando uma vez mais os Seus caminhos. Sabemos que isso
é assim, porque está escrito: "Deus não faz acepção de pessoas". Não
há acepção de pessoas com Deus. E sendo a família celestial e a família
terrestre uma só família, sendo que Deus não faz acepção de pessoas, quando o homem
pecou, Deus lhe deu uma segunda chance e apelou-lhe para que retornasse--tão
certamente quanto não há acepção de pessoas para com Deus, assim certamente Deus
deu a Lúcifer uma segunda chance e apelou-lhe para um retorno. Isto é certo.
Ele poderia ter-lhe perdoado a conduta errada; ele poderia ter-se arrependido e
se submetido a Deus. Mas em vez de submeter-se, recusou esse chamado, rejeitou
o dom de Deus, recusou renunciar a seus descaminhos e submeter-se a Deus uma
vez mais. E nisso ele simplesmente confirmou-se, a despeito de tudo que o Senhor
poderia fazer nesse seu rumo de auto-afirmação. Assim, a mente que estava nele
confirma em pecado e rebelião contra Deus em inimizade não simplesmente em
inimizade; é a própria inimizade: "Não está sujeita à lei de Deus, nem
mesmo pode estar".
Agora,
aquela mente foi aceita por Adão e Eva. E tendo sido aceita por eles, levou
consigo o mundo inteiro, porque eles, nessa aceitação, submeteram este mundo a
Satanás e assim ele se tornou o deus deste mundo. Nesse sentido, esta é a mente
deste mundo; esta é a mente que controla o mundo. Essa mente de Satanás, a
mente do deus deste mundo, é a mente que controla a humanidade como a
humanidade é neste e deste mundo e é, por si mesma, "inimizade contra Deus,
pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar".
Agora,
isto é por que Adão e Eva não podiam responder aquela pergunta directa com uma
resposta directa. Os homens poderiam responder a pergunta de modo directo
agora. Mas naquele tempo não podiam fazê-lo, pela razão de que Satanás havia-os
tomado sob sujeição e não havia outro poder para controlá-los. O seu controle
era absoluto e ali, naquele momento, era "depravação total". Mas Deus
não os deixou ali. Ele não deixou a raça naquela condição. Ele a seguir se
dirige à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher". Deus rompia
a cadeia satânica sobre a vontade do homem, libertava uma vez mais o homem
para decidir que autoridade ele seguiria, que rei e que mundo teria. Neste
mundo, Deus quebrou o domínio absoluto de Satanás e colocou o homem em liberdade
para escolher que mundo terá. E desde aquela ocasião o homem que escolhesse os
caminhos de Deus e submetesse a sua vontade ao controle de Deus pode responder
uma pergunta directa para o Senhor, de modo que quando o Senhor vem e indaga: Agiu assim e assim?, Ele pode responder: Sim,
sem levar de roldão todo mundo consigo. Isso é confissão de pecado. E assim
surgiu a capacidade para confessar pecado e revelar a bendita verdade de que o
poder de confessar pecados--arrependimento--é um dom de Deus.
Agora,
a mente de Satanás sendo a mente deste mundo, a mente que controla o homem
natural, é inimizade contra Deus, e coloca o homem em inimizade com Deus. Não
pode ser reconciliada com Deus, "pois não está sujeito à lei de Deus, nem
mesmo pode estar". A única coisa a ser feita é tirá-la do caminho de algum
modo. Se isso pode ser feito, então o homem será reconciliado com Deus, e então
estará bem. Ele se unirá novamente com Deus e a Palavra de Deus, os pensamentos
de Deus, as sugestões de Deus podem alcançá-lo uma vez mais para ser o seu guia
e seu poder de total controle. E segundo a coisa não pode ser reconciliada com
Deus, o único que se pode fazer com ela é destruí-la. Então, somente então, e
por esse meio podem os homens estar em paz com Deus e separar-se do mundo. E
graças ao Senhor que Ele nos deu as alegres novas de que está destruído.
Sobre
como isso é feito e como podemos beneficiar-nos com isso abordaremos em outros
estudos. Considero boas novas que Deus nos envia o fato de que a coisa está
feita. Então, no que tange a levar-nos ao benefício disso, a alegria disso, a
glória disso, e o poder disso, restará ao Senhor nos conduzir. Sabemos que essa
inimizade--essa mente do eu e de Satanás--separou o homem de Deus, mas Deus
abriu o caminho para o homem retornar. O Senhor deu ao homem uma chance de
escolher que mundo teria. E este é o tema integral de nosso estudo. Devemos
deixar este mundo se nalgum tempo tivermos de sair de Babilónia. Foi para dar
ao homem uma chance de escolher que mundo preferia que o Senhor disse a
Satanás: "Porei inimizade entre ti" e a descendência da mulher. Assim
a única e duradoura pergunta é que mundo? Que mundo? Que mundo o homem
escolherá? E quando Deus em Sua maravilhosa misericórdia abriu o caminho e nos
deu o poder de escolher um mundo melhor do que este, por que teria de haver
ainda algum tipo de hesitação?
Volvamo-nos
ao segundo capítulo de Efésios, começando com o primeiro verso, e leiamos as
boas novas de que a inimizade contra Deus está destruída de modo que todos
podem estar livres. Comecemos com o primeiro versículo:
"Ele
vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados; nos quais
andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade
do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência".
Nós
caminhamos segundo esse espírito. Que espírito é, então, o que rege os filhos
da desobediência? O espírito que controla o mundo, a mente que originou o mal
no jardim e que é inimizade contra Deus. Quem é o príncipe da potestade do ar?
O espírito que opera nos filhos da desobediência, o deus deste mundo--que nada
tem em Jesus Cristo, graças ao Senhor.
"Entre os quais também todos nós andamos
outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e
dos pensamentos".
A
mente deste mundo, sendo deste mundo, naturalmente adere às maneiras do mundo.
"Éramos por natureza filhos da ira, como também os demais". Nós
éramos.
Antes
de ler mais em Efésios, volvamo-nos a Colossenses 1:21: "Outrora éreis
estranhos e inimigos no entendimento". Então onde jazia a inimizade que
nos tornava inimigos? Na mente, a mente carnal. A mente carnal é inimizade e ao
nos controlar nos põe em inimizade e nos torna inimigos "pelas vossas obras
malignas".
Agora,
Efésios 2:11: "Portanto, lembrai-vos de que outrora vós, gentios na carne,
chamados incircuncisão" pelo Senhor? Não, mas "por aqueles que se
intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas". Então aqui estão
alguns homens na carne chamando outros homens na carne de certos nomes, fazendo
certas distinções entre eles.
"Naquele
tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às
alianças da promessa e sem Deus no mundo".
Outra
passagem em ligação com esta está no quarto capítulo, versos 17 e 18, que
leremos antes de prosseguir mais aqui:
"Isto,
portanto, digo, e no Senhor testifico, que não mais andeis como também andam os
gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento,
alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza dos seus
corações".
Aqueles
que estão na carne, afastados de Deus, estão caminhando na vaidade de suas
mentes, sendo alienados de Deus e separados da vida de Deus. Inimigos mentais;
isto é o que éramos. Lendo novamente Efésios 2:13: "Mas agora" quando?
Refiro-me a nós que agora estamos estudando as Escrituras, temos de nos
submeter à Palavra de Deus exatamente como ela é, a fim de que possa nos levar
aonde Ele deseja que estejamos. Portanto, eu pergunto, Quando? Agora, bem onde
nos encontramos.
"Mas
agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe". Longe de quem?
Longe de Deus? Ou afastados dos judeus? O verso anterior declara longe de Deus,
"sem Deus", alienados da vida de Deus. "Vós, que antes estáveis
longe, fostes aproximados" de quem? De Deus? ou dos judeus? Aproximados de
Deus, logicamente.
"Vós,
que antes estáveis longe, fostes aproximados, pelo sangue de Cristo. Porque Ele
é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede da separação
que estava no meio, a inimizade". Graças ao Senhor. Ele "aboliu"
a inimizade e podemos separar-nos do mundo.
"Tendo
derrubado a parede da separação que estava no meio"--de quem? Entre os
homens e Deus, certamente. Como Ele o fez? Como quebrou ele o muro de separação
de intermeio entre nós e Deus? Por abolir a inimizade. Bom.
É
verdade, essa inimizade havia operado divisão e uma separação entre os homens
sobre a terra, entre a circuncisão e a incircuncisão, entre a circuncisão
segundo a carne e a incircuncisão de acordo com a carne. Havia-se manifestado
em suas divisões, em fazer erguer-se outro muro entre judeus e gentios--isso é
verdade, mas se os judeus tinham tido a Deus e não se haviam separado dEle,
teriam eles jamais edificado um muro entre eles e todos os demais? Não,
certamente não, mas em sua separação de Deus, em suas mentes carnais, na
inimizade que havia em suas mentes e na cegueira mediante a descrença que pusera o véu sobre os seus corações tudo
isso os separava de Deus. E então, devido às leis e cerimonias que Deus lhes
tinha dado, eles se atribuíram crédito de serem do Senhor e de serem tão
melhores do que outras pessoas que até edificaram um grande muro de separação
entre eles e outros povos. Mas onde jaz a raiz de tudo isso, como entre eles e
outras pessoas? Jaz na inimizade que estava neles e que os separava primeiro de
Deus. E estando separados dEle, a consequência segura era que se separariam dos
outros.
"Porque
Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um". De ambos feitos quem?--Deus e
os homens, certamente. "Tendo derrubado a parede da separação que estava
no meio,.para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a
paz".
Consideremos
isto novamente. Tendo abolido a inimizade na Sua carne. Agora, omitindo a
cláusula seguinte (não estamos estudando isto nesta lição), para o quê Ele
aboliu essa inimizade? Para quê derrubou esse muro de separação? Porque?
"Para que dos dois criasse em Si mesmo um novo homem, fazendo a paz".
Cria Cristo um novo homem a partir de um judeu e um gentio? Não. A partir de um
pagão e alguém mais? Não. A partir de um pagão e outro pagão? Não.
Deus
cria um novo homem a partir de Deus e um homem. E em Cristo, Deus e o homem se
encontram de modo a que possam ser um.
Todos
os homens estavam separados de Deus e em sua separação de Deus estavam
separados uns dos outros. Verdadeiramente, Cristo deseja trazer todos para
juntos uns dos outros; Ele foi introduzido no mundo com "Paz na terra; boa
vontade aos homens". Este é o Seu objetivo. Mas gasta Ele o tempo tentando
obter esses reconciliados uns aos outros e tentando destruir todas essas
separações entre os homens e levá-los a dizer: "Oh, muito bem, esqueçamos
o que passou; agora enterraremos a machadinha; agora começaremos de novo e
viraremos a página e viveremos melhor deste tempo em diante"?
Cristo
poderia ter feito isso. Se tivesse seguido esse rumo, há milhares de pessoas a
quem Ele poderia ter persuadido a fazer assim; milhares a quem Ele poderia
persuadir a dizer: "Bem, é lamentável que tenhamos agido desse modo uns
para com os outros; não é correto e lamento por isso. Agora vamos todos deixar
isso para trás e virar esta página e doravante fazer o melhor". Ele
poderia ter levado pessoas a concordar com isso. Mas poderiam firmar-se nisso?
Não. Pois o elemento de iniqüidade ali ainda está que produziu a divisão. O que
causou a divisão? A inimizade, a separação deles de Deus provocou a separação
de uns para com os outros. Então de que no mundo teria valido o próprio Senhor
tentar levar os homens a concordarem pôr de lado suas diferenças sem irem à
raiz da questão, livrando-se da inimizade que provocou a separação? A separação
deles de Deus havia forçado uma separação entre eles. E a única maneira de
destruir a separação deles de uns para com os outros era necessariamente
destruir sua separação de Deus. E isto Ele fez por abolir a inimizade. E nós,
ministros, podemos extrair uma lição disto, quando as igrejas nos chamam para
tentar resolver dificuldades. Nada temos em absoluto para fazer com a resolução
de dificuldades entre os homens como tais. Devemos resolver a dificuldade entre
Deus e o homem e quando isso for feito, toda outra separação cessará.
É
verdade, os judeus em sua separação de Deus haviam edificado separações extras
entre si e os gentios. É verdade que Cristo desejava eliminar todas aquelas
separações e Ele o fez. Mas a única maneira por que Ele o fez e a única forma
em que pôde fazê-lo foi destruindo aquilo que os separava de Deus. Todas as separações
entre eles e os gentios se desfariam, quando a separação, a inimizade, entre
eles e Deus tivesse desaparecido.
Oh,
que benditas novas de que a inimizade está abolida! Está abolida; graças ao Senhor.
Agora, portanto, não há necessidade de falharmos na obediência à lei de Deus.
Nenhuma necessidade de qualquer falha em sermos sujeitos a Deus, pois Jesus
Cristo tirou a inimizade do caminho. Ele aboliu-a, destruiu-a. Ele destruiu o
elemento iníquo em que jaz a amizade com o mundo, em que jaz a falta de sujeição
a Deus e falha em sujeitar-se a Sua lei. Desapareceu; em Cristo isso se foi.
Não fora de Cristo. Em Cristo se foi, está abolida, aniquilada. Graças ao Senhor.
Isso é verdadeiramente liberdade.
Isso
sempre foi boas novas, logicamente. Mas para mim agora, em vista da situação em
que Deus nos tem mostrado como agora estamos colocados no mundo, essas benditas
boas novas têm vindo a mim em recente ocasião como se nunca as tivesse ouvido
antes. Vieram-me trazendo tal gozo, tão genuíno deleite cristão que--bem,
parece que estou tão feliz quanto um cristão.
Oh,
o bendito fato de que Deus declara que a coisa que nos separa de Deus, que nos
une ao mundo e que causa toda a miséria, está abolida nEle, que é nossa Paz.
Levemos essas boas novas esta noite, regozijemo-nos nelas a noite toda e todo o
dia, que Deus possa conduzir-nos mais e mais nas verdes pastagens e às águas
tranqüilas de Seu glorioso reino a que Ele nos transportou. "Não temais;
eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo; é
que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor".
Graças a Deus.
Estudo
4
O
mesmo texto que encerrou o estudo na noite passada será nosso estudo por várias
lições ainda por vir. Portanto, se qualquer parte do texto for passado por alto
e julgarem que não foi explicado ainda ou não foi observado, apenas tenham em
mente que ainda não concluímos o seu exame e cada parte se ajustará por fim.
Efésios 2:13-18:
"Mas
agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo
sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo
derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade . . . para que
dos dois criasse em Si mesmo um novo homem, fazendo a paz".
Isso
é o que Ele fez para estabelecer a paz. Paz somente é feita por esse meio. E é
tudo "em Si mesmo". E Ele fez essa paz, "para que dos dois
[judeus e gentios]" criasse para Deus num só corpo pela cruz, "por
intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade". No alemão é dito
"tendo posto à morte a inimizade mediante Si mesmo". "E vindo,
evangelizou paz a vós outros que estáveis longe, e paz também aos que estavam
perto; porque, por Ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito".
Mencionaria
novamente, como fiz na noite passada brevemente, que é a separação, a
inimizade, que existia entre os judeus e os gentios que está aqui sendo
considerada. É verdade que a destruição dessa separação e inimizade é
considerada, a remoção disso é estudada e explicada, e também o meio pelo qual
é removida e a sua destruição é contada. Mas como fizemos menção na noite passada,
Cristo não passou tempo algum tentando fazer com que judeus e gentios se
reconciliassem, por si mesmos. Ele não começou tentando fazê-los concordar em
desfazer suas diferenças, virarem uma nova página e tentarem agir melhor, e
esquecerem o passado. Ele não gastou dois minutos nisso, e se tivesse gasto dez
mil anos, não teria sido de nenhum valor, porque essa separação, essa inimizade
entre eles era somente a conseqüência, o fruto, da inimizade que existia entre
eles e Deus.
Portanto,
a fim de efetivamente destruir toda a árvore do mal e seus frutos, como se
apresentava entre eles, Ele destruiu a raiz da coisa toda por abolir a
inimizade entre eles e Deus. E tendo feito isso veio e "evangelizou paz a
vós outros que estáveis longe, e paz também aos que estavam perto".
Verso
décimo-terceiro: Portanto, "agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis
longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa paz, o
qual de ambos fez um". É verdade que Ele fez tanto judeus quanto gentios
um, mas primeiro Ele fez outro, a fim de que esses dois, "judeus e
gentios", pudessem ser um e antes que pudessem ser feitos um. Portanto, o
"ambos" neste verso, de que são feitos um, não é o "ambos"
do verso 18. No verso 13 os dois, o "ambos" são Deus e o homem, que
está separado de Deus esteja longe ou perto.
Portanto,
primeiro, Ele é a nossa paz ao fazer de ambos, Deus e o homem, um partindo o
muro de separação entre Deus e o homem, tendo abolido em Sua carne a
inimizade; isto é, a inimizade que existe no homem contra Deus, que não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Isso Ele fez a fim de que em Si
mesmo dos dois pudesse criar um novo homem, assim fazendo a paz.
O
novo homem não é criado de dois homens que estão em desavença, mas feito de Deus
e o homem. No início o homem foi criado "à imagem de Deus". E isso
significa muito mais do que a forma de Deus. Alguém olhando a si próprio seria
levado a pensar em Deus. Ele refletia a imagem de Deus; Deus seria sugerido a
quem quer que olhasse para o homem. Deus e o homem eram um. E Deus e o homem
teriam sempre permanecido um também, não tivesse o homem dado ouvidos a Satanás
e recebido sua mente, que é inimizade contra Deus. Essa mente que é inimizade
contra Deus, quando recebida pelo homem, separou-o de Deus. Agora eles eram
dois, e não um. E estando separado de Deus e em pecado, Deus não pode vir a ele
por si mesmo, pois o homem não pode suportar a glória não velada de sua
presença. "Nosso Deus é um fogo consumidor" para o pecado, e assim,
para que Deus encontre um homem no eu desse homem ou sozinho teria sido somente
para consumi-lo.
Os
homens não podem encontrar a Deus sozinhos e sobreviver. Isso é revelado em Apoc.
6:13-17. O grande dia em que o céu se encolher como um pergaminho, e a face de
Deus for vista por todos os ímpios sobre a Terra, então os "reis da terra,
os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre
se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e
aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face d’Aquele que Se assenta no
trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira deles; e quem é
que pode suster-se?" Um homem que está em pecado, um homem em e por si
mesmo encontrando a Deus, preferiria ter uma montanha sobre si do que estar
onde a glória não velada de Deus resplandeça sobre si.
Portanto,
a fim de que Deus pudesse alcançar o homem e unir-se a ele uma vez mais; a fim
de que Deus possa ser revelado ao homem uma vez mais, e para que o homem
pudesse uma vez mais estar no lugar para o qual Deus o criou, Jesus deu-Se e Deus
apareceu-Lhe com Sua glória tão velada pela carne humana que o homem pecador
pode olhar para Ele e viver. Em Cristo o homem pode encontrar a Deus e
sobreviver, porque em Cristo a glória de Deus está tão velada, tão modificada,
que o homem pecador não é consumido. Tudo de Deus está em Cristo, pois
"n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade". Quando Jesus
veio para levar o homem uma vez mais para Deus, Ele velou essa glória consumidora
de modo que agora os homens podem olhar para Deus tal como Ele é em toda a Sua
glória em Jesus Cristo e viver. Por seu turno, fora de Cristo, em Si mesmo,
sozinho, nenhum homem pode ver a Deus e viver. Em Cristo, fora de Si mesmo,
nenhum homem pode ver a Deus e não viver. Em Cristo, ver a Deus é viver, pois
n’Ele está a vida, e a vida é a luz dos homens.
Assim,
Deus e o homem, pela inimizade, estavam separados, mas Cristo veio entre os
dois e n’Ele o homem e Deus se encontraram, e quando Deus e o homem se
encontram em Cristo, então os dois "ambos" são um, e há um novo
homem. E somente assim a paz é feita. De modo que em Cristo, Deus e o homem são
tornados um; consequentemente, Cristo é a expiação entre Deus e os homens. Em
inglês a palavra para expiação é atonement
que teria o sentido de "numa só mente" (at-one-ment). Por
consequência, o Senhor Jesus deu-Se a Si e em Si aboliu a inimizade para fazer
n’Ele de dois--Deus e o homem--um novo homem, fazendo a paz.
Agora
atentemos ao outro "ambos" do verso 18: "Porque, por ele, ambos
[tanto judeus como gentios] temos acesso ao PAI em um Espírito". Tendo
feito a reconciliação "vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis
longe [os gentios], e paz também aos que estavam perto [os judeus]".
Os
judeus estavam perto "por causa de seus pais". Por si próprios,
fiados em seus próprios méritos, os judeus se haviam separado de Deus e estavam
tão distanciados quanto os gentios. Mas Deus havia feito promessas a seus pais
e eles eram amados por causa dos pais. E tinham tido a vantagem, pois a eles
pertenciam "a adopção, e a glória, e os concertos, e a dádiva da lei, e o
serviço de Deus, e as promessas". Nesse sentido, e por essa causa, estavam
perto. E Ele pregou paz aos que estavam perto; eles careciam que lhes fosse
pregada paz.
Assim,
"mediante Ele ambos temos acesso ao Pai em um Espírito".
Agora,
sigamos esta expressão, de que a inimizade é destruída em Si mesmo.
"Tendo
abolido em Sua carne a inimizade" tendo morto a inimizade em Si mesmo. Em
Si mesmo para que de dois criasse um, fazendo a paz. É tudo de Si mesmo. Nenhum
homem pode ter o benefício da excepção n’Ele. Se houver aqueles na audiência a
quem isso pareça obscuro e que diria, "não posso compreender isso" e
se saísse daqui e buscasse considerá-lo como se fosse algo que tente dominar de
fora dele, eu diria a tais pessoas, você nunca o atingirá dessa maneira. Não é
desse modo que se faz isso. É n’Ele que é feito, não fora d’Ele. n’Ele somente
isso pode ser conhecido, não fora d’Ele, de modo algum. Submeta-se a Ele,
oculte o seu eu n’Ele, então se fará suficientemente claro. Somente n’Ele é
feito, e somente n’Ele pode ser conhecido. Agora estudaremos como foi cumprido
n’Ele. E sabendo isso, saberemos como foi feito para cada um de nós n’Ele.
Primeiro
de tudo, eu chamaria a especial atenção para essa expressão "n’Ele".
Esta expressão não é empregada nas Escrituras e eu nunca espero utilizá-la em
qualquer sentido que deixe implícita a ideia de ser n’Ele, como num
receptáculo, ou reservatório, a que nos dirijamos e de onde retiremos o que
talvez necessitemos e o pomos sobre nós e a nós o apliquemos. Não, de modo
algum! Não é assim. Jamais se obterá dessa maneira. Não está lá como num
receptáculo a quem devemos ir e retirar o que pudermos e desfrutá-lo e aplicar
a nós e dizer: "Agora o obtive".
Não,
está n’Ele, e nós próprio devemos estar n’Ele, a fim de o ter. Devemos
mergulhar n’Ele. Nosso eu deve perder-se n’Ele. Então Ele nos terá. Somente
n’Ele é. Somente o encontramos n’Ele. E mesmo quando n’Ele o obtivermos, é
somente por termos sido dominados n’Ele. Nunca devemos pensar em ir e ali
obtê-lo e retirá-lo e usá-lo nós próprios. Portanto, onde as Escrituras
empregam a expressão "n’Ele" significa somente isso para tudo. Tudo
está n’Ele e o obtemos estando nós próprios n’Ele.
Muitas
pessoas cometem aqui um erro. Dizem: "Oh sim, eu creio n’Ele. Sei que está
n’Ele e d’Ele obtenho". E propõem-se a tomá-lo d’Ele e aplicá-lo a si
próprios. Então em breve tornam-se satisfeitos de que são justos; são santos, e
vão ao ponto de, em sua própria estima, torna-se um fato estabelecido de serem
perfeitos e simplesmente não poderem pecar, e até estão acima da tentação. Tal
ponto de vista certamente trará somente tal resultado, porque é fora d’Ele. E
eles próprios é que o fazem.
Mas
não é por esse caminho. Isso ainda é o eu porque está fora de Cristo. E
"sem Mim", isto é, fora d’Ele, "nada podeis fazer", porque
somos nada. N’Ele é e somente n’Ele. E somente ao estarmos n’Ele podemos tê-lo
ou tirar proveito disso. As Escrituras tornarão isso tudo claro. Julguei melhor
apresentar essa explicação a fim de que nos estudos que virão sobre o que é
feito n’Ele e o que é dado está n’Ele, não cometamos o erro de pensar que
encontraremos n’Ele e tirar dali. Não. Nós temos que ir a Ele para obtê-lo. É
ali onde se acha, e quando vamos a Ele devemos entrar n’Ele pela fé e o Espírito
de Deus e ali permanecer e sempre "ser achado n’Ele". Fil. 3:9.
Volvamo-nos
ao livro de Hebreus agora e estudemos os primeiros dois capítulos para completar
esta lição. A questão agora é, como Cristo aboliu essa inimizade um Sua
carne", "em Si mesmo"? Primeiramente declararei o argumento em
ambos os capítulos a fim de que possamos cobrir os dois capítulos no curto
tempo que teremos.
Nesses
dois capítulos e até o quinto versículo do segundo está o contraste entre Cristo
e os anjos, com Cristo muito acima dos anjos como Deus é, porque Ele é Deus. No
segundo capítulo, do quinto verso em diante, há o contraste entre Cristo e os
anjos, mas com Cristo muito abaixo dos anjos, como os homens o são, porque Cristo
Se torna homem.
Este
é o esboço dos dois capítulos. Essa é a declaração do caso. Leiamos o capítulo:
"Havendo
Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da
glória e a expressão exacta do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela
palavra do Seu poder".
Ou,
como diz a tradução alemã, "sustendo todas as coisas pela Sua poderosa
palavra". Isso dá outra direcção ao sentido; não simplesmente a palavra do
Seu poder, mas Ele leva todas as coisas, sustém-nas, por Sua poderosa palavra.
Poderíamos fazer uma pausa por um momento nesta declaração. Quantas coisas são
sustidas por Sua palavra? Todas as coisas. O mundo? Sim. O sol? Sim. Todos os
céus estrelados? Sim. A palavra que os fez ainda os sustém? Sim. Podemos ser
enumerados entre essas "todas as coisas"? Certamente que sim. Irá Ele
suster a todos aqui por Sua palavra poderosa? Essa é a única maneira por que
Ele sustém alguma coisa.
Já
se sentiu incomodado alguma vez em sua vida, quando se levantou de manhã com o
sol, por temer que o sol fosse despencar de seu lugar antes do meio-dia ou
antes do ocaso? Oh, não. Já se sentiu incomodado ao levantar-se com o sol por
temer que você mesmo, como um cristão, pudesse escorregar do lugar antes do ocaso?
Você sabe que já lhe ocorreu. Por que não lhe incomodou na mesma proporção o
pensamento de o sol cair de seu lugar antes do ocaso, escorregando e caindo
como poderia dar-se com você? Oh, logicamente ninguém jamais tem em mente tão
ansiosas preocupações do tipo por que o sol não cai? Ele está sempre lá e ali
há de permanecer.
Mas
é perfeitamente justo que o cristão pergunte: Por que o sol não despenca de seu
lugar? E a resposta é a "poderosa palavra" de Jesus Cristo sustém o
sol lá e fá-lo seguir o seu curso. E esse mesmo poder deve suster o crente em Jesus.
Essa mesma palavra deve suster o crente em Jesus e este deve depositar
confiança em que assim se dará, assim como Ele sustém o sol e a lua. A mesma
palavra poderosa deve suster o cristão no seu curso de acção, precisamente do
mesmo modo como Ele sustém o sol em sua órbita. O cristão deve depositar
confiança nessa palavra, crer que ela o susterá, ao depositar confiança em que
essa palavra irá suster o sol, descobrirá que essa palavra o susterá tal como
sustém o sol.
Se
pensar nesta passagem amanhã cedo quando se levantar, lembrará que Deus está
sustendo o sol. Você não se maravilhará com isso, nem ficará na expectativa, ou
observando se o sol irá despencar de seu lugar ou não. Você simplesmente irá
dedicar-se a suas actividades com a mente sobre o trabalho e deixará a sustentação do sol inteiramente a
cargo de Deus, a quem isso pertence. Também amanhã cedo quando levantar-se com
o sol, apenas esperará que a mesma palavra poderosa o susterá como ocorre com o
sol. Deixe esta parte com Deus também e prossiga com suas ocupações com todas
as suas forças e concentre sua mente nessas tarefas. Deixe que Deus atenda
aquilo que Lhe compete e aplique a mente naquilo que Ele lhe designou fazer. E
assim sirva a Deus "com toda a mente". Não podemos evitar sempre de
cair. Não podemos suster-nos. E Ele não atribuiu tal tarefa a cumprir.
Isso
não entra em contradição com o texto que diz: "Aquele que está de pé,
cuide que não caia" porque desse modo o homem está confiando em que Deus
há de sustê-lo e não depende de seus próprios esforços. E aquele que
constantemente tem em mente que Deus o está sustendo e que ele deve ser sustido
não irá vangloriar-se de sua capacidade de permanecer de pé. Se eu tivesse que
ser carregado para cá nesta noite, inteiramente desajudado e dois ou três dos
irmãos tivessem que aqui permanecer para me suster, não seria muito coerente
que eu dissesse: "Vejam como eu posso me suster". Eu não estaria
firme em pé. Eu não poderia firmar-me. No exacto momento em que eles me
soltassem, eu cairia.
É
precisamente assim que se passa com o cristão. A palavra de Deus declara do
cristão: "Para o seu próprio Senhor está em pé ou cai". Rom. 14:4. E
o homem a quem Deus está sustendo, que está confiando em Deus para sustê-lo, e
que sabe que é somente Deus quem o está fazendo permanecer de pé--é impossível
que esse homem comece a dizer: "Estou agora firme em pé, e portanto não
há perigo de que eu caia". Haverá qualquer perigo de um homem cair
enquanto Deus o sustém? Logicamente, não. É somente quando ele se desvencilha
das mãos do Senhor e começa a tentar manter-se em pé, e então se vangloria de
que pode ficar firme, é então que há não somente o perigo, mas o fato ocorre.
Ele já caiu. Ele se desvencilha da mão de Deus e está prestes a cair.
Agora,
prosseguindo com Hebreus 1: 3 a 8.
"Depois
de ter feito a purificação dos pecados, assentou-Se à direita da Majestade nas
alturas".
Quando
Se assentou Ele à destra de Deus? Há quanto tempo atrás? Lá atrás, ao erguer-Se
dentre os mortos e foi para o céu--quase dezanove séculos atrás. Mas, observem,
Ele havia purificado os nossos pecados--o tempo verbal é o passado--e depois
assentou-Se". Está contente com isso? Está contente de que Ele purificou
os seus pecados há tanto tempo assim? n’Ele estão. NEle o encontramos.
Agradeçamos-Lhe por isso. A Palavra assim o diz.
"Tendo-Se
tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei? E outra
vez: Eu Lhe serei Pai, e Ele Me será Filho? E novamente, ao introduzir o Primogénito
no mundo, diz: E todos os anjos de Deus O adorem. Ainda, quanto aos anjos, diz:
Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; mas
acerca do Filho: O Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre".
O
que é o Seu nome? Como o Pai O chama? De Deus. "O Teu trono, ó Deus".
Então, esse é o Seu nome. Como o obteve? O verso quatro: "Tendo-se
tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que
eles". Você e eu temos um nome que recebemos por herança. Podemos ter quatro
ou cinco nomes, mas somente temos um nome recebido por herança. E esse é o nome
de nosso Pai. E esse nome o temos tão logo existimos e apenas porque existimos.
Pelo próprio fato de nossa existência, temos esse nome; ele nos pertence por
natureza. O Senhor Jesus "herdou" este nome de "Deus".
Então esse nome Lhe pertence tão-só porque Ele existe. Pertence-Lhe por
natureza. Qual é a Sua natureza, então? Precisamente a natureza de Deus. E Deus
é o seu nome, porque isso é o que Ele é. Ele não era algo mais e daí assim
designado para fazer isso, mas Ele era isso e foi chamado de Deus, porque é Deus.
"Ceptro
de equidade é o ceptro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade;
por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos
Teus companheiros".
Falando
ainda, o Pai diz:
"No
princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das
Tuas mãos; eles perecerão; Tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão
qual vestido, também, qual manto, os enrolarás, como vestidos serão igualmente
mudados; Tu, porém, és o mesmo".
Nenhuma
mudança com Ele. Observem a conexão nestas palavras: "Eles
perecerão"; "Tu permaneces"; "eles serão mudados; Tu,
porém, és o mesmo". Quando esses perecem e se vão, não há passagem de
tempo para Ele--Tu permaneces. Quando esses são enrolados qual vestes, e
mudados, não há mudança n’Ele, "Tu és o mesmo".
"Os
Teus anos jamais terão fim. Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à
Minha direita, até que Eu ponha os Teus inimigos por estrado dos Teus pés? Não
são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço a favor dos que
hão de herdar a salvação? Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais
firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se
tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão e
desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos
tão grande salvação? a qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos
depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com
eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espírito
Santo segundo a Sua vontade".
Ocorre
aí o contraste entre Cristo e os anjos. E onde está Cristo no contraste? Onde
está Deus, com os anjos O adorando. E se a palavra de um anjo era firme e
recebia uma justa recompensa e justiça quando desconsiderada, como escaparemos
se negligenciarmos a palavra d’Aquele que é mais alto do que os anjos? Como
escaparemos se negligenciarmos a Palavra de Deus proferida por Ele mesmo?
Agora,
volvamo-nos ao outro contraste. Hebreus 2:5:
"Pois
não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos
falando".
Há
aquelas duas palavras sobre que falamos na noite passada. Deus disse que poria
inimizade entre o homem e Satanás. E isso dá ao homem uma chance de escolher
que mundo será o seu. Temos escolhido o mundo que há de vir. Aos anjos Ele não
pôs em sujeição esse mundo tampouco; este é o tema de que está tratando. O
mundo por vir que temos escolhido não é posto em sujeição para os anjos.
"Antes,
alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele
te lembres? ou o filho do homem, que o visites?"
Agora,
qual é o propósito, qual é a força, de colocar a palavra "antes" ali?
Ele não o pôs em sujeição aos anjos, mas disse assim e assim do homem.
Sugeriria, então, que o pôs em sujeição ao homem? O que pensa? Vejamos
novamente. "Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre
o qual estamos falando; antes." A que parte da declaração se refere esse
"antes"? Uma conjunção. A conjunção serve para unir duas partes de
uma sentença. Mas esta é uma conjunção de um tipo peculiar, uma conjunção
disjuntiva. Uma junção é uma unificação, conjunto é reunir junto, disjuntar é
separar. Então, aqui está uma palavra que tanto une quanto separa. É uma
conjunção no que une duas cláusulas; é um disjuntivo no que separa os
pensamentos que estão nas duas sentenças ou cláusulas, como seja o caso.
Muitas
pessoas dizem: "Eu creio na Bíblia, mas..."; "Sim, eu creio que
o Senhor perdoa pecados, mas..."; "Sim, eu confessei os meus pecados,
mas..." Esse "mas" os desune de tudo quanto disseram; revela que
não crêem absolutamente no que disseram. O que são as duas coisas, portanto,
que estão separadas por esse "antes" em Hebreus 2:6? Primeiro, quem
são as duas pessoas separadas pelo "antes"? Uma são os anjos e a
outra é o homem Ele não pôs em sujeição aos anjos o mundo que há de vir, mas o
pôs em sujeição a alguém, e esse alguém é o homem. Estudemos mais essa bendita
verdade.
"Antes,
alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele
Te lembres? ou o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, por um pouco, menor
que os anjos, de glória e de honra o coroaste [e o constituíste sobre as obras
das Tuas mãos]. Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que
lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém,
ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas". Mas vemos a Jesus.
Onde
vemos Jesus? "Tendo sido feito um pouco menor que os anjos". Aqui
ocorre o contraste novamente entre Cristo e os anjos. No outro contraste vimos
a Jesus mais elevado do que os anjos; aqui vemo-Lo menor do que os anjos. Por
que? Porque o homem foi feito menor do que os anjos e pelo pecado
inferiorizou-se ainda mais. Agora vemos certamente como é verdade que como Jesus
estava onde Deus está, tão certamente Ele veio para onde o homem está.
Há
outro pensamento que desejamos ajustar a esse. Aquele que está com Deus onde Deus
está, está com o homem onde o homem está. E Aquele que estava com Deus como Deus
está, está com o homem como o homem está. E assim certamente como Sua natureza
de Deus anterior, igualmente é Sua a natureza do homem aqui.
Leiamos
este bendito fato agora nas Escrituras, e isso encerrará a lição para esta
noite. O verso décimo:
"Porque
convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem,
conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimentos o
Autor da salvação deles. Pois, tanto o que santifica, como os que são
santificados, todos vêm de um só".
Cristo
santifica, e são os homens os santificados, e quantos há deles? Um. Foi Cristo
e Deus no céu, e quantos havia deles? Um em natureza. Como está Ele com o homem
na terra e quantos há deles? Um, "vêm de um só".
"Por
isso é que Ele não Se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos
declararei o Teu nome, cantar-Te-ei louvores".
Esse
tempo em breve chegará, quando Cristo no meio da igreja conduzirá o cântico.
Lembrem-se, isso é Cristo falando nessas citações. "Eu porei n’Ele a Minha
confiança". Este é Cristo falando--através dos Salmos, também.
"Eis
aqui estou Eu, e os filhos que Deus Me deu. Visto, pois, que os filhos têm
participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente,
participou, para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da
morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam
sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois Ele, evidentemente, não socorre a
anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo convinha que, em
todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos".
Aquele
que era um com Deus tornou-Se um com o homem.
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