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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

OS SETE ANJOS EM APOCALIPSE - CAPITULO 23 - F T Wright

Sete Anjos

     

Capítulo 23

 


O Vinho da Ira Divina


A temível matança que tem lugar durante o tempo do sexto anjo é simbolicamente representada pelo pisar do lagar da ira de Deus não misturada com misericórdia.
“Todos os juízos sobre os homens, antes do final do tempo da graça, foram misturados com misericórdia. O sangue propiciatório de Cristo tem livrado o pecador de os receber na medida completa de sua culpa; mas no juízo final a ira é derramada sem mistura de misericórdia.” O Grande Conflito, 629.
O sétimo anjo dará ordem ao sexto “‘... Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras.’
“E o anjo lançou a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da ira de Deus.
“E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.” Apocalipse 14:18-20.
Esta passagem está enriquecida com metáforas e portanto cheia de informação vital. O segador deve juntar os cachos da vinha da Terra. Estes devem ser lançados no lagar que é pisado fora da cidade. Tão grande é o rio de sangue que chega aos freios dos cavalos pela distância de mil e seiscentos estádios. Cada um destes factos necessita ser estudado por si só.
As uvas são os cachos da vinha e o vinho espremido deles na sua forma não fermentada é usado em toda a Escritura como uma representação da vida que corre de Deus para os pecadores culpados que estão preparados para se arrependerem e receberem a salvação de Deus. A mais clara, mais poderosa e mais conhecida revelação disto foi dada por Cristo na última ceia quando, depois de abençoar o pão e o vinho, declarou que o pão era a Sua carne e o vinho era o Seu sangue.
“E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: ‘Bebei dele todos;
“‘Porque isto é o Meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.’” Mateus 26:27, 28.
Cristo veio à Terra, não apenas para dar aos homens o perdão, apesar disto ser tão essencial, mas para substituir com a Sua própria vida eterna, a vida que a humanidade perdeu quando Adão pecou no Éden. Ele exprimiu esta preciosa verdade nestas palavras: “...Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.”  João 10:10.
“E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho.
“Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” 1João 5:11, 12.
A Escritura diz que “... a vida da carne está no sangue...” Levítico 17:11. Isto é verdade no sentido físico, porque nenhum homem pode sobreviver desde que uma percentagem do seu sangue seja retirado. É pelo sangue que o oxigénio essencial à vida é distribuído por todo o corpo, enquanto o tratamento com o mortal dióxido de carbono e outros materiais inúteis são enviados para os vários órgãos purificadores para serem expulsos do corpo. Logo que a corrente sanguínea pára, a morte chega rapidamente.
O mesmo princípio se aplica ao sustento da vida espiritual na alma apesar do sangue não estar literalmente envolvido. Tal como um contínuo fluxo de sangue quente sustentador da vida tem que correr através do corpo a fim de evitar a morte física, assim tem que haver uma constante corrente de vida de Cristo a fluir d’Ele para o crente.
Foi por esta razão que, enquanto esteve na Terra, Cristo passou tempo considerável todos os dias a atrair para Si a corrente de vida espiritual que fluía do Pai para Si mesmo. Ele fez isto nas longas horas que passou a orar durante a noite ou de manhã cedo.
“Nenhuma outra vida já foi tão assoberbada de trabalho e responsabilidade como a de Jesus; todavia, quantas vezes estava Ele em oração! Quão constante, Sua comunhão com o Pai! Repetidamente, na história de Sua vida terrestre, se encontram registros como esses: ‘E, levantando-Se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava.’ ‘Ajuntava-se muita gente para O ouvir, e para ser por Ele curada das suas enfermidades. Porém Ele retirava-Se para os desertos, e ali orava.’ ‘E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.’ Mar. 1:35; Luc. 5:15 e 16; Luc. 6:12.” O Desejado de Todas as Nações, 362.
Jesus não se limitou apenas a “dizer as Suas orações” durante estas sessões. Houve ocasiões em que Ele literalmente se lançou sobre a altíssima fonte de vida e poder que era o Seu Pai. A corrente de vida espiritual que nessa altura fluía para Ele e através d’Ele no sentido espiritual e que também Lhe trazia rejuvenescimento físico, é semelhante à circulação do sangue no sistema humano.
“Em Cristo, o grito da raça humana chegava até ao Pai de infinita piedade. Como homem, suplicava ao trono de Deus, até que Sua humanidade fosse de tal modo carregada com a corrente celestial, que pudesse estabelecer ligação entre a humanidade e a divindade. Mediante contínua comunhão recebia vida de Deus, de maneira a poder comunicar vida ao mundo. Sua experiência deve ser a nossa.” O Desejado de Todas as Nações,  363.
É criticamente importante que todo o crente em Jesus tenha realmente esta experiência. Ele deve beber o sangue do Filho de Deus, que é simbolizado pela participação do doce, fresco, não fermentado sumo de uva. Fazer isto é sustentar e nutrir a vida espiritual para activo crescimento, ao passo que negligenciar fazê-lo é morte espiritual.
Mas o sangue que corre do lagar em Apocalipse 14:19, 20, não é o símbolo da perfeita vida de Deus em Jesus Cristo. Este é o vinho da ira de Deus que traz morte, não vida, a todos os que beberem dele. A referência a isto foi feita anteriormente no capítulo.
“E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão,
“Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.” Apocalipse 14:9, 10.
Excepto no sentido em que ele limpa a Terra do pecado e dos pecadores e detém os ímpios na construção de um terrível tempestade de retribuição contra si mesmos, não há bênção no vinho da ira de Deus mas apenas uma maldição temível, tratando com a morte que não cessa o seu poder até que as vítimas sejam totalmente aniquiladas. A destruição como a ilustrada em Apocalipse 14:20 é tão grande que um verdadeiro oceano de sangue, em profundidade chegando aos freios dos cavalos numa distância de mil e seiscentos estádios.
Assim há um vinho que simboliza a imaculada vida de Cristo e dá vida eterna a quem a receber e o vinho que tipifica a ira de Deus e a terrível destruição que acompanha aqueles que ingerirem esta poderosa bebida. Pareceria que eles são muito diferentes um do outro e, nalguns aspectos, são. Contudo, originalmente eles eram o mesmo. Por um lado, no vinho de Cristo, a qualidade natural, inerente pureza e abençoadora da vida, foram preservadas, mas no outro, o vinho da ira de Deus, a corrupção tem transformado a bênção em maldição.
O vinho é um símbolo apropriado do processo pelo qual o pecado começou a existir. Todo o pecado é a perversão de tudo aquilo que é bom, natural, puro e justo tal como veio das mãos criadoras de Deus, tal como o vinho intoxicante é a fermentação daquele sumo que era doce e fresco no primeiro caso. Nunca teria havido coisa como vinho fermentado se não tivesse havido sumo de uva doce para começar. Assim, o pecado nunca podia ter existido a menos que primeiramente tivesse havido justiça.
Um momento de reflexão confirma a verdade destes factos. Se o pecado não é uma perversão da justiça, então ele tinha que ter uma criação só para si na qual o pecado teria sido criado directamente como tal. Chegar a esta conclusão significa que, se ao mesmo tempo aderimos à verdade que existe apenas um Criador, nomeadamente Deus através de Jesus e do Espírito Santo, então temos que acreditar e ensinar que o pecado é uma obra directa de Deus; que Ele criou o pecado. Esta posição então apenas pode levar à convicção que Deus é o culpado por toda a tristeza, destruição e morte que alguma vez afligiu a infeliz raça humana. 3/8/2006
Mas nenhum verdadeiro filho de Deus jamais aceitaria a ideia de Deus ser o Criador do mal mesmo que Satanás argumente isto com considerável veemência e determinação. Contudo, se alguém nega correctamente que Deus criou o pecado, ao passo que continua a rejeitar a verdade que o pecado é a perversão da justiça, então esse tem que concluir que há outro criador que estava dedicado à produção do mal.
Uma vez mais, nenhum verdadeiro filho pode possivelmente apoiar essa posição, pela simples razão que houve apenas um propósito criador no Pai, Filho e Espírito Santo, e que foi produzir o bem no qual não havia mal. Falando de Cristo a quem o Pai entregou a obra da criação, a Escritura diz:
“O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
“Porque n’Ele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele.” Colossenses 1:15, 16.
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” João 1:3.
Portanto, tão seguramente como há apenas um Criador que trouxe apenas bem à existência, o pecado como ele existe neste mundo tem que ser a perversão da justiça, tal como o vinho intoxicante é a perversão do puro sumo de uva. Isto significa que onde quer que se encontre a justiça, há o potencial para o aparecimento do mal, exactamente como a disponibilidade do bom e doce sumo de uva é a certeza que o vinho fermentado pode ser feito.
Enquanto o não fermentado sumo de uva pode ser transformado em veneno mortal que inflama, corrompe e destrói todo o ser humano, o procedimento não pode ser invertido. O vinho fermentado não pode ser invertido ao seu puro estado original. Semelhantemente, quando os grandes poderes da justiça são pervertidos em iniquidade e pecado, não podem reverter à sua primeira condição. A única possibilidade é a erradicação do mal e a sua substituição pelo bem.
Este vinho, que foi pervertido do seu estado puro, doce e sustentador da vida, sai do lagar da ira de Deus e é chamado “... o vinho da ira de Deus ....” Apocalipse 14:10. Isto desenvolve na mente de alguns a ilustração de um Deus pessoalmente irado vociferarando a Sua ira vingadora sobre as cabeças desprotegidas daqueles que Lhe desagradaram. Nenhum conceito podia estar mais longe da verdade embora esteja declarado que é a ira de Deus que destrói os ímpios.
Uma das características de Deus que sobressaem é a imutável consistência. Ele com verdade declara acerca de Si próprio: “... Eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.”
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.” Hebreus 13:8. “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” Tiago 1:17.
Isto não é verdade quanto ao humano ou satânico. Estes passam por temperamentos em resposta às pressões colocadas sobre eles e das necessidades que lhes são apresentadas. O facto deles estarem sempre felizes e contentes em qualquer altura não é garantia que isto continuará. Se sentirem que podem ganhar algo sendo gentis e amigáveis, é esta a forma pela qual se manifestam, mas se são contrariados, então explodem em fúria destruidora contra o ofensor.
Estas mudanças não se encontram em Deus. Nenhuma circunstância pode mudá-l’O de qualquer forma. O Seu amor infinito não tem limites; não há ponto algum onde ele acaba ou muda. Nem mesmo o diabo que tem feito mais mal ao reino de Deus do que qualquer outro ser criado, em afectado esse amor no mais pequeno grau. Apesar de ser difícil para alguns compreenderem esta verdade, é contudo um facto que Deus ama Satanás hoje como quando ele era um querubim cobridor brilhante no santuário celestial. Não confundi o amor de Deus por Satanás com comunhão com ele. Devido ao espírito e atitude de Satanás, é impossível Deus ter qualquer tipo de relação com o inimigo, mas isto não diminui o amor de Deus para com Satanás no mínimo.
Esta é uma situação dolorosa para o eterno Pai, porque não há nada mais terrível do que amar os filhos que vós próprios criastes com grau infinito sem ser capaz de ter qualquer relação com eles, contudo, é isto que Deus experimenta a respeito de Satanás e todo o pecador que existe. Por outro lado, não há nada mais maravilhoso do que estar cheio de profundo amor por uma pessoa estando ao mesmo tempo unidos em íntima e harmoniosa comunhão.
A questão é que Deus nunca muda. Portanto, Ele nunca passa de um estado de terna paciência para uma fúria irada, porque isso seria impossível. Como podem então as Escrituras falarem da ira de Deus se Deus nunca altera e portanto nunca experimenta em Si a ira?
Para encontrar a resposta, tem apenas que se procurar uma das manifestações da ira de Deus relatada nas Escrituras. Não há melhor exemplo do que em Mateus 22:7.
“E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.”
Nesta parábola, o rei é Deus, os exércitos os dos romanos, os homicidas os judeus e a cidade Jerusalém.
Sob todas as aparências este versículo ilustra Deus num estado de fúria pessoal e seria interpretado desta forma pelo comum estudante da Bíblia. Parece que Deus, motivado pela ira a ferver n’Ele, pessoalmente ordenou aos romanos que avançassem sobre Jerusalém, destruíssem a cidade e matassem ou levassem escravos os seus habitantes.
Todavia, esta não é a interpretação destas palavras como ela se encontra no Espírito de Profecia, onde é mostrado que o terrível sofrimento infligido aos judeus não foram a expressão da ira pessoal de Deus, mas foram a obra dos homens que, por terem saído do controlo de Deus, se tornaram encolerizados agentes de destruição. Era naqueles homens que se encontrava a ira, não no Deus que lhes deu os poderes pelos quais puseram em ruínas a cidade e os seus habitantes. Enquanto os homens se destruíam uns aos outros, o coração de Deus estava cheio de inexprimível tristeza que somente um Pai eterno cujo ser inteiro está carregado de amor infinito pode conhecer. Não havia ira em Deus nesta altura. Toda ela estava nos homens que O haviam rejeitado e à Sua salvadora graça.
“Os judeus haviam forjado seus próprios grilhões; eles mesmos encheram a taça da vingança. Na destruição completa que lhes sobreveio como nação, e em todas as desgraças que os acompanharam depois de dispersos, não estavam senão recolhendo a colheita que suas próprias mãos semearam. Diz o profeta: ‘Para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra Mim’ (Osé. 13:9), ‘pelos teus pecados tens caído.’ Osé. 14:1. Seus sofrimentos são muitas vezes representados como sendo castigo a eles infligido por decreto direto da parte de Deus.” O Grande Conflito, 35.
Esta última frase é uma simples declaração do facto que deixa por responder a questão se esta interpretação do comportamento de Deus é verdadeiro ou falso. Mas isto é esclarecido nas frases seguintes que confirmam que é o método de Satanás culpar Deus da sua própria obra maligna. Não foi Deus que escolheu e aplicou os castigos que caíram sobre os judeus. Este foi um resultado natural do seu próprio mau caminho.
“É assim que o grande enganador procura esconder sua própria obra. Pela obstinada rejeição do amor e misericórdia divina, os judeus fizeram com que a proteção de Deus fosse deles retirada, e permitiu-se a Satanás dirigi-los segundo a sua vontade. As horríveis crueldades executadas na destruição de Jerusalém são uma demonstração do poder vingador de Satanás sobre os que se rendem ao seu controle....
“Deus não fica em relação ao pecador como executor da sentença contra a transgressão; mas deixa entregues a si mesmos os que rejeitam Sua misericórdia, para colherem aquilo que semearam.” O Grande Conflito, 35, 36.
Em que sentido podem as Escrituras dizerem com verdade que Deus estava irado quando de facto não vinham d’Ele emoções dessas?
Embora rejeitemos os ensinos panteístas que declaram que Deus está literal e pessoalmente em cada coisa criada, temos de reconhecer que a genuína verdade está próxima desta contrafacção. Quando Deus “... falou, e foi feito;” quando “... mandou, e logo apareceu.” Salmos 33:9, tudo isto foi feito pela energia criadora que procedia e era transmitida d’Ele. Quando Ele decidiu construir um Universo cheio de galáxias habitadas, não tinha materiais existentes a partir dos quais construí-lo. A Sua única força de energia estava n’Ele e, à medida que derramava isto na Sua obra criadora transformou-o em matéria. É portanto literalmente verdade que: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca.” Salmos 33:6. Portanto, Ele é a Fonte de todas as coisas. Nada existe que não tenha vindo d’Ele, de modo que, num sentido muito real, tudo é parte d’Ele.
Esta é uma verdade que o panteísmo tem levado longe demais. Por causa de tudo o que existo veio e saiu de Deus, os panteístas vêem a pessoa de Deus estar literalmente presente em todas as coisas, mas tem que ser feita uma distinção entre a Pessoa que é Deus e as obras criadas que saíram d’Ele quando “... falou, e foi feito;” quando “... mandou, e logo apareceu.” Salmos 33:9.
O verdadeiro filho de Deus que por causa de Deus ser a única Fonte donde todas as coisas procedem, então todas as coisas que estavam antes n’Ele são de facto ainda parte d’Ele.
Esta presença de Deus nas Suas obras criadas não é o Criador em pessoa, mas aquilo que veio da Pessoa e que, através do pecado, pode ser separado da Pessoa. Mesmo quando é separado e ficou pervertido num estado maligno, continua ainda a vir de Deus e é uma parte d’Ele.
Agora, enquanto Deus a Pessoa nunca pode mudar, aquilo que saiu e veio d’Ele certamente que pode. Os homens e a natureza, que sob o controlo de Deus permanecem em paz e dão apenas bom fruto, tornar-se-ão certamente furiosos agentes de destruição quando saem do Seu controlo pessoal. Este facto expõe uma falta grave nos ensinos do panteísmo. Se Deus em Pessoa estivesse realmente e literalmente em cada coisa criada, então seria impossível ocorrerem quaisquer manifestações destruidoras na natureza. Os brandos e refrescantes ventos não podiam transformar-se em devastadores furacões, as nuvens construírem impetuosas tempestades, os mares em contundente fúria, ou mesmo homens em selvagens homicidas uns dos outros. Deus, em Pessoa, não pode mudar. Portanto, se cada elemento da natureza é literalmente Deus em Pessoa como o panteísmo ensina, então nada das grandes mudanças para mal que ocorrem nos homens e na natureza podiam alguma vez acontecer. Como certamente elas acontecem, provam que o panteísmo está errado.
É quando os homens não santificados e os elementos da natureza fora de controlo estão colocados numa tumultuosa destruição por toda a terra, que se diz que a Terra sofre a ira de Deus. Quando o carácter de Deus é compreendido e a diferença vista entre Deus a Pessoa e os poderes criadores que estão no homem e na natureza que vieram do Criador, não há dificuldade em compreender quão homens enfurecidos e os elementos da natureza podem correctamente ser chamados a ira de Deus. Em primeiro lugar, todos estes poderes são a presença de Deus na natureza, e em segundo lugar, eles certamente estão num estado de fúria, mas apenas porque estão separados do Seu controlo. Ao mesmo tempo, o imutável Deus, a Pessoa, permanece no Seu perfeito estado sereno embora cheio do inexprimível tristeza quando vê as desnecessárias agonias dos amados mas rebeldes filhos.
Em Apocalipse 14:19, 20, os cachos do vinho da terra são lançados no grande lagar da ira de Deus onde são pisados até sair sangue ao nível dos freios dos cavalos. Esta é uma ilustração apropriada dos homens e da natureza tão totalmente fora do controlo de Deus que todas as forças que foram originalmente criadas neles pelo terno Deus para sua bênção e progresso, transformaram-se num enraivecido dilúvio de terrível destruição.
Será o tempo descrito em O Grande Conflito, 36, 37.
“A profecia do Salvador relativa aos juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual aquela terrível desolação não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade escolhida podemos contemplar a condenação de um mundo que rejeitou a misericórdia de Deus e calcou a pés a Sua lei. Tenebrosos são os registros da miséria humana que a Terra tem testemunhado durante seus longos séculos de crime. Ao contemplá-los confrange-se o coração e o espírito desfalece. Terríveis têm sido os resultados da rejeição da autoridade do Céu. Entretanto, cena ainda mais tenebrosa se apresenta nas revelações do futuro. Os registros do passado — o longo cortejo de tumultos, conflitos e revoluções, a ‘armadura daqueles que pelejavam com ruído, e os vestidos que rolavam no sangue’ (Isa. 9:5) — que são, em contraste com os terrores daquele dia em que o Espírito de Deus será totalmente retirado dos ímpios, não mais contendo a explosão das paixões humanas e ira satânica! O mundo contemplará então, como nunca antes, os resultados do governo de Satanás.” 4/11/06
O lagar será seguramente pisado fora da cidade e o sangue correrá até que nenhuma pessoa fique viva. Muitos morrerão às mãos de outros quando com fúria incontrolada se atacam uns aos outros. Outros serão pulverizados pela terrível saraiva ou mortos pelo grande terramoto que abala os próprios fundamentos da Terra, ou arrastados pela irresistível vaga que completará a obra da destruição. Os poucos que sobreviverão fugirão para as cavernas a fim de se esconderem da face do vindouro Rei e morrerão quando as montanhas a desfazerem-se os sepultam mesmo como eles oram para que assim seja.
Esta será a experiência mais terrível que jamais assolou a humanidade. Absoluto horror que nunca houve coisa igual que se compare. Infelizmente, os que lêem esta Escritura hoje quando o mal está controlado pelo ministério do Espírito de Deus, dificilmente têm qualquer conceito da total agonia e terror que esse dia infligirá sobre eles se nessa altura forem encontrados do lado errado do grande conflito. Então, demasiado tarde, desejarão ter procurado a salvação do Senhor diligentemente de modo a poderem ficar sob a Sua protecção quando nenhuma outra segurança houver.





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