Sete Anjos
Capítulo 23
O Vinho da Ira Divina
A temível matança que tem lugar durante
o tempo do sexto anjo é simbolicamente representada pelo pisar do lagar da ira
de Deus não misturada com misericórdia.
“Todos os juízos sobre os homens, antes
do final do tempo da graça, foram misturados com misericórdia. O sangue
propiciatório de Cristo tem livrado o pecador de os receber na medida completa
de sua culpa; mas no juízo final a ira é derramada sem mistura de
misericórdia.” O Grande Conflito,
629.
O sétimo anjo dará ordem ao sexto “‘...
Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as
suas uvas estão maduras.’
“E o anjo lançou a sua foice à terra e
vindimou as uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da ira de Deus.
“E o lagar foi pisado fora da cidade, e
saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e
seiscentos estádios.” Apocalipse
14:18-20.
Esta passagem está enriquecida com
metáforas e portanto cheia de informação vital. O segador deve juntar os cachos
da vinha da Terra. Estes devem ser
lançados no lagar que é pisado fora da
cidade. Tão grande é o rio de sangue que chega aos freios dos cavalos pela
distância de mil e seiscentos estádios. Cada um destes factos necessita ser
estudado por si só.
As uvas são os cachos da vinha e o vinho espremido deles na sua forma não
fermentada é usado em toda a Escritura como uma representação da vida que corre
de Deus para os pecadores culpados que estão preparados para se arrependerem e
receberem a salvação de Deus. A mais clara, mais poderosa e mais conhecida
revelação disto foi dada por Cristo na última ceia quando, depois de abençoar o
pão e o vinho, declarou que o pão era a Sua carne e o vinho era o Seu sangue.
“E, tomando o cálice, e dando graças,
deu-lho, dizendo: ‘Bebei dele todos;
“‘Porque isto é o Meu sangue, o sangue
do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.’” Mateus 26:27, 28.
Cristo veio à Terra, não apenas para dar
aos homens o perdão, apesar disto ser tão essencial, mas para substituir com a
Sua própria vida eterna, a vida que a humanidade perdeu quando Adão pecou no
Éden. Ele exprimiu esta preciosa verdade nestas palavras: “...Eu vim
para que tenham vida, e a tenham com abundância.” João
10:10.
“E
o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu
Filho.
“Quem
tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” 1João 5:11, 12.
A Escritura diz que “... a vida da carne
está no sangue...” Levítico 17:11.
Isto é verdade no sentido físico, porque nenhum homem pode sobreviver desde que
uma percentagem do seu sangue seja retirado. É pelo sangue que o oxigénio
essencial à vida é distribuído por todo o corpo, enquanto o tratamento com o
mortal dióxido de carbono e outros materiais inúteis são enviados para os
vários órgãos purificadores para serem expulsos do corpo. Logo que a corrente
sanguínea pára, a morte chega rapidamente.
O mesmo princípio se aplica ao sustento
da vida espiritual na alma apesar do sangue não estar literalmente envolvido. Tal
como um contínuo fluxo de sangue quente sustentador da vida tem que correr
através do corpo a fim de evitar a morte física, assim tem que haver uma
constante corrente de vida de Cristo a fluir d’Ele para o crente.
Foi por esta razão que, enquanto esteve
na Terra, Cristo passou tempo considerável todos os dias a atrair para Si a
corrente de vida espiritual que fluía do Pai para Si mesmo. Ele fez isto nas
longas horas que passou a orar durante a noite ou de manhã cedo.
“Nenhuma outra vida já foi tão
assoberbada de trabalho e responsabilidade como a de Jesus; todavia, quantas
vezes estava Ele em oração! Quão constante, Sua comunhão com o Pai!
Repetidamente, na história de Sua vida terrestre, se encontram registros como
esses: ‘E, levantando-Se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi
para um lugar deserto, e ali orava.’ ‘Ajuntava-se muita gente para O ouvir, e
para ser por Ele curada das suas enfermidades. Porém Ele retirava-Se para os
desertos, e ali orava.’ ‘E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e
passou a noite em oração a Deus.’ Mar. 1:35; Luc. 5:15 e 16; Luc. 6:12.” O Desejado de Todas as Nações, 362.
Jesus não se limitou apenas a “dizer as
Suas orações” durante estas sessões. Houve ocasiões em que Ele literalmente se
lançou sobre a altíssima fonte de vida e poder que era o Seu Pai. A corrente de
vida espiritual que nessa altura fluía para Ele e através d’Ele no sentido
espiritual e que também Lhe trazia rejuvenescimento físico, é semelhante à
circulação do sangue no sistema humano.
“Em Cristo, o grito da raça humana
chegava até ao Pai de infinita piedade. Como homem, suplicava ao trono de Deus,
até que Sua humanidade fosse de tal modo carregada com a corrente celestial,
que pudesse estabelecer ligação entre a humanidade e a divindade. Mediante
contínua comunhão recebia vida de Deus, de maneira a poder comunicar vida ao
mundo. Sua experiência deve ser a nossa.” O
Desejado de Todas as Nações,
363.
É criticamente importante que todo o
crente em Jesus tenha realmente esta experiência. Ele deve beber o sangue do
Filho de Deus, que é simbolizado pela participação do doce, fresco, não
fermentado sumo de uva. Fazer isto é sustentar e nutrir a vida espiritual para
activo crescimento, ao passo que negligenciar fazê-lo é morte espiritual.
Mas o sangue que corre do lagar em Apocalipse 14:19, 20, não é o símbolo da
perfeita vida de Deus em Jesus Cristo. Este é o vinho da ira de Deus que traz
morte, não vida, a todos os que beberem dele. A referência a isto foi feita
anteriormente no capítulo.
“E seguiu-os o
terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua
imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão,
“Também este
beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua
ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do
Cordeiro.”
Apocalipse 14:9, 10.
Excepto no sentido em que ele limpa a
Terra do pecado e dos pecadores e detém os ímpios na construção de um terrível
tempestade de retribuição contra si mesmos, não há bênção no vinho da ira de
Deus mas apenas uma maldição temível, tratando com a morte que não cessa o seu
poder até que as vítimas sejam totalmente aniquiladas. A destruição como a
ilustrada em Apocalipse 14:20 é tão
grande que um verdadeiro oceano de sangue, em profundidade chegando aos freios
dos cavalos numa distância de mil e seiscentos estádios.
Assim há um vinho que simboliza a
imaculada vida de Cristo e dá vida eterna a quem a receber e o vinho que
tipifica a ira de Deus e a terrível destruição que acompanha aqueles que ingerirem
esta poderosa bebida. Pareceria que eles são muito diferentes um do outro e,
nalguns aspectos, são. Contudo, originalmente eles eram o mesmo. Por um lado,
no vinho de Cristo, a qualidade natural, inerente pureza e abençoadora da vida,
foram preservadas, mas no outro, o vinho da ira de Deus, a corrupção tem transformado
a bênção em maldição.
O vinho é um símbolo apropriado do
processo pelo qual o pecado começou a existir. Todo o pecado é a perversão de
tudo aquilo que é bom, natural, puro e justo tal como veio das mãos criadoras
de Deus, tal como o vinho intoxicante é a fermentação daquele sumo que era doce
e fresco no primeiro caso. Nunca teria havido coisa como vinho fermentado se
não tivesse havido sumo de uva doce para começar. Assim, o pecado nunca podia
ter existido a menos que primeiramente tivesse havido justiça.
Um momento de reflexão confirma a
verdade destes factos. Se o pecado não é uma perversão da justiça, então ele
tinha que ter uma criação só para si na qual o pecado teria sido criado
directamente como tal. Chegar a esta conclusão significa que, se ao mesmo tempo
aderimos à verdade que existe apenas um Criador, nomeadamente Deus através de
Jesus e do Espírito Santo, então temos que acreditar e ensinar que o pecado é
uma obra directa de Deus; que Ele criou o pecado. Esta posição então apenas
pode levar à convicção que Deus é o culpado por toda a tristeza, destruição e
morte que alguma vez afligiu a infeliz raça humana. 3/8/2006
Mas nenhum verdadeiro filho de Deus
jamais aceitaria a ideia de Deus ser o Criador do mal mesmo que Satanás
argumente isto com considerável veemência e determinação. Contudo, se alguém
nega correctamente que Deus criou o pecado, ao passo que continua a rejeitar a
verdade que o pecado é a perversão da justiça, então esse tem que concluir que
há outro criador que estava dedicado à produção do mal.
Uma vez mais, nenhum verdadeiro filho
pode possivelmente apoiar essa posição, pela simples razão que houve apenas um
propósito criador no Pai, Filho e Espírito Santo, e que foi produzir o bem no
qual não havia mal. Falando de Cristo a quem o Pai entregou a obra da criação,
a Escritura diz:
“O
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
“Porque
n’Ele foram criadas todas as coisas
que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para
Ele.”
Colossenses 1:15, 16.
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” João 1:3.
Portanto, tão seguramente como há apenas
um Criador que trouxe apenas bem à existência, o pecado como ele existe neste
mundo tem que ser a perversão da justiça, tal como o vinho intoxicante é a
perversão do puro sumo de uva. Isto significa que onde quer que se encontre a
justiça, há o potencial para o aparecimento do mal, exactamente como a
disponibilidade do bom e doce sumo de uva é a certeza que o vinho fermentado
pode ser feito.
Enquanto o não fermentado sumo de uva
pode ser transformado em veneno mortal que inflama, corrompe e destrói todo o
ser humano, o procedimento não pode ser invertido. O vinho fermentado não pode
ser invertido ao seu puro estado original. Semelhantemente, quando os grandes
poderes da justiça são pervertidos em iniquidade e pecado, não podem reverter à
sua primeira condição. A única possibilidade é a erradicação do mal e a sua
substituição pelo bem.
Este vinho, que foi pervertido do seu
estado puro, doce e sustentador da vida, sai do lagar da ira de Deus e é chamado
“... o vinho da ira de Deus ....” Apocalipse 14:10. Isto desenvolve na
mente de alguns a ilustração de um Deus pessoalmente irado vociferarando a Sua
ira vingadora sobre as cabeças desprotegidas daqueles que Lhe desagradaram. Nenhum
conceito podia estar mais longe da verdade embora esteja declarado que é a ira de Deus que destrói os ímpios.
Uma das características de Deus que
sobressaem é a imutável consistência. Ele com verdade declara acerca de Si
próprio: “... Eu, o
Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.”
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e
eternamente.”
Hebreus 13:8. “Toda a boa dádiva e todo o dom
perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem
sombra de variação.”
Tiago 1:17.
Isto não é verdade quanto ao humano ou
satânico. Estes passam por temperamentos em resposta às pressões colocadas
sobre eles e das necessidades que lhes são apresentadas. O facto deles estarem
sempre felizes e contentes em qualquer altura não é garantia que isto
continuará. Se sentirem que podem ganhar algo sendo gentis e amigáveis, é esta
a forma pela qual se manifestam, mas se são contrariados, então explodem em
fúria destruidora contra o ofensor.
Estas mudanças não se encontram em Deus.
Nenhuma circunstância pode mudá-l’O de qualquer forma. O Seu amor infinito não
tem limites; não há ponto algum onde ele acaba ou muda. Nem mesmo o diabo que
tem feito mais mal ao reino de Deus do que qualquer outro ser criado, em
afectado esse amor no mais pequeno grau. Apesar de ser difícil para alguns
compreenderem esta verdade, é contudo um facto que Deus ama Satanás hoje como
quando ele era um querubim cobridor brilhante no santuário celestial. Não
confundi o amor de Deus por Satanás com comunhão com ele. Devido ao espírito e
atitude de Satanás, é impossível Deus ter qualquer tipo de relação com o
inimigo, mas isto não diminui o amor de Deus para com Satanás no mínimo.
Esta é uma situação dolorosa para o
eterno Pai, porque não há nada mais terrível do que amar os filhos que vós
próprios criastes com grau infinito sem ser capaz de ter qualquer relação com
eles, contudo, é isto que Deus experimenta a respeito de Satanás e todo o
pecador que existe. Por outro lado, não há nada mais maravilhoso do que estar
cheio de profundo amor por uma pessoa estando ao mesmo tempo unidos em íntima e
harmoniosa comunhão.
A questão é que Deus nunca muda. Portanto,
Ele nunca passa de um estado de terna paciência para uma fúria irada, porque
isso seria impossível. Como podem então as Escrituras falarem da ira de Deus se Deus nunca altera e
portanto nunca experimenta em Si a ira?
Para encontrar a resposta, tem apenas
que se procurar uma das manifestações da ira de Deus relatada nas Escrituras. Não
há melhor exemplo do que em Mateus 22:7.
“E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e,
enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua
cidade.”
Nesta parábola, o rei é Deus, os
exércitos os dos romanos, os homicidas os judeus e a cidade Jerusalém.
Sob todas as aparências este versículo
ilustra Deus num estado de fúria pessoal e seria interpretado desta forma pelo
comum estudante da Bíblia. Parece que Deus, motivado pela ira a ferver n’Ele, pessoalmente
ordenou aos romanos que avançassem sobre Jerusalém, destruíssem a cidade e
matassem ou levassem escravos os seus habitantes.
Todavia, esta
não é a interpretação destas palavras como ela se encontra no Espírito de
Profecia, onde é mostrado que o terrível sofrimento infligido aos judeus não
foram a expressão da ira pessoal de Deus, mas foram a obra dos homens que, por
terem saído do controlo de Deus, se tornaram encolerizados agentes de
destruição. Era naqueles homens que
se encontrava a ira, não no Deus que
lhes deu os poderes pelos quais puseram em ruínas a cidade e os seus
habitantes. Enquanto os homens se destruíam uns aos outros, o coração de Deus
estava cheio de inexprimível tristeza que somente um Pai eterno cujo ser
inteiro está carregado de amor infinito pode conhecer. Não havia ira em Deus
nesta altura. Toda ela estava nos homens que O haviam rejeitado e à Sua
salvadora graça.
“Os judeus haviam forjado seus próprios
grilhões; eles mesmos encheram a taça da vingança. Na destruição completa que
lhes sobreveio como nação, e em todas as desgraças que os acompanharam depois
de dispersos, não estavam senão recolhendo a colheita que suas próprias mãos
semearam. Diz o profeta: ‘Para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra Mim’
(Osé. 13:9), ‘pelos teus pecados tens caído.’ Osé. 14:1. Seus sofrimentos são
muitas vezes representados como sendo castigo a eles infligido por decreto
direto da parte de Deus.” O Grande
Conflito, 35.
Esta última frase é uma simples
declaração do facto que deixa por responder a questão se esta interpretação do
comportamento de Deus é verdadeiro ou falso. Mas isto é esclarecido nas frases
seguintes que confirmam que é o método de Satanás culpar Deus da sua própria
obra maligna. Não foi Deus que escolheu e aplicou os castigos que caíram sobre
os judeus. Este foi um resultado natural do seu próprio mau caminho.
“É assim que o grande enganador procura
esconder sua própria obra. Pela obstinada rejeição do amor e misericórdia
divina, os judeus fizeram com que a proteção de Deus fosse deles retirada, e
permitiu-se a Satanás dirigi-los segundo a sua vontade. As horríveis crueldades
executadas na destruição de Jerusalém são uma demonstração do poder vingador de
Satanás sobre os que se rendem ao seu controle....
“Deus não fica em relação ao pecador
como executor da sentença contra a transgressão; mas deixa entregues a si
mesmos os que rejeitam Sua misericórdia, para colherem aquilo que semearam.” O Grande Conflito, 35, 36.
Em que sentido podem as Escrituras
dizerem com verdade que Deus estava irado quando de facto não vinham d’Ele
emoções dessas?
Embora rejeitemos os ensinos panteístas
que declaram que Deus está literal e pessoalmente em cada coisa criada, temos
de reconhecer que a genuína verdade está próxima desta contrafacção. Quando
Deus “... falou, e foi
feito;”
quando “... mandou, e
logo apareceu.”
Salmos 33:9, tudo isto
foi feito pela energia criadora que procedia e era transmitida d’Ele. Quando
Ele decidiu construir um Universo cheio de galáxias habitadas, não tinha
materiais existentes a partir dos quais construí-lo. A Sua única força de
energia estava n’Ele e, à medida que derramava isto na Sua obra criadora
transformou-o em matéria. É portanto literalmente verdade que: “Pela palavra do Senhor foram feitos os
céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca.” Salmos 33:6. Portanto,
Ele é a Fonte de todas as coisas. Nada existe que não tenha vindo d’Ele, de
modo que, num sentido muito real, tudo é parte d’Ele.
Esta é uma verdade que o panteísmo tem
levado longe demais. Por causa de tudo o que existo veio e saiu de Deus, os
panteístas vêem a pessoa de Deus estar literalmente presente em todas as
coisas, mas tem que ser feita uma distinção entre a Pessoa que é Deus e as
obras criadas que saíram d’Ele quando “...
falou, e foi feito;”
quando “... mandou, e
logo apareceu.”
Salmos 33:9.
O verdadeiro filho de Deus que por causa
de Deus ser a única Fonte donde todas as coisas procedem, então todas as coisas
que estavam antes n’Ele são de facto ainda parte d’Ele.
Esta presença de Deus nas Suas obras
criadas não é o Criador em pessoa, mas aquilo que veio da Pessoa e que, através
do pecado, pode ser separado da Pessoa. Mesmo quando é separado e ficou
pervertido num estado maligno, continua ainda a vir de Deus e é uma parte
d’Ele.
Agora, enquanto Deus a Pessoa nunca pode
mudar, aquilo que saiu e veio d’Ele certamente que pode. Os homens e a
natureza, que sob o controlo de Deus permanecem em paz e dão apenas bom fruto,
tornar-se-ão certamente furiosos agentes de destruição quando saem do Seu
controlo pessoal. Este facto expõe uma falta grave nos ensinos do panteísmo. Se
Deus em Pessoa estivesse realmente e literalmente em cada coisa criada, então
seria impossível ocorrerem quaisquer manifestações destruidoras na natureza. Os
brandos e refrescantes ventos não podiam transformar-se em devastadores
furacões, as nuvens construírem impetuosas tempestades, os mares em contundente
fúria, ou mesmo homens em selvagens homicidas uns dos outros. Deus, em Pessoa,
não pode mudar. Portanto, se cada elemento da natureza é literalmente Deus em
Pessoa como o panteísmo ensina, então nada das grandes mudanças para mal que
ocorrem nos homens e na natureza podiam alguma vez acontecer. Como certamente
elas acontecem, provam que o panteísmo está errado.
É quando os homens não santificados e os
elementos da natureza fora de controlo estão colocados numa tumultuosa
destruição por toda a terra, que se diz que a Terra sofre a ira de Deus. Quando
o carácter de Deus é compreendido e a diferença vista entre Deus a Pessoa e os
poderes criadores que estão no homem e na natureza que vieram do Criador, não
há dificuldade em compreender quão homens enfurecidos e os elementos da
natureza podem correctamente ser chamados a ira de Deus. Em primeiro lugar,
todos estes poderes são a presença de Deus na natureza, e em segundo lugar,
eles certamente estão num estado de fúria, mas apenas porque estão separados do
Seu controlo. Ao mesmo tempo, o imutável Deus, a Pessoa, permanece no Seu
perfeito estado sereno embora cheio do inexprimível tristeza quando vê as
desnecessárias agonias dos amados mas rebeldes filhos.
Em Apocalipse
14:19, 20, os cachos do vinho da terra são lançados no grande lagar da ira de
Deus onde são pisados até sair sangue ao nível dos freios dos cavalos. Esta é
uma ilustração apropriada dos homens e da natureza tão totalmente fora do
controlo de Deus que todas as forças que foram originalmente criadas neles pelo
terno Deus para sua bênção e progresso, transformaram-se num enraivecido
dilúvio de terrível destruição.
Será o tempo descrito em O Grande Conflito, 36, 37.
“A profecia do Salvador relativa aos
juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual
aquela terrível desolação não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade
escolhida podemos contemplar a condenação de um mundo que rejeitou a
misericórdia de Deus e calcou a pés a Sua lei. Tenebrosos são os registros da
miséria humana que a Terra tem testemunhado durante seus longos séculos de
crime. Ao contemplá-los confrange-se o coração e o espírito desfalece.
Terríveis têm sido os resultados da rejeição da autoridade do Céu. Entretanto, cena
ainda mais tenebrosa se apresenta nas revelações do futuro. Os registros do
passado — o longo cortejo de tumultos, conflitos e revoluções, a ‘armadura
daqueles que pelejavam com ruído, e os vestidos que rolavam no sangue’ (Isa.
9:5) — que são, em contraste com os terrores daquele dia em que o Espírito de
Deus será totalmente retirado dos ímpios, não mais contendo a explosão das
paixões humanas e ira satânica! O mundo contemplará então, como nunca antes, os
resultados do governo de Satanás.” 4/11/06
O lagar será seguramente pisado fora da
cidade e o sangue correrá até que nenhuma pessoa fique viva. Muitos morrerão às
mãos de outros quando com fúria incontrolada se atacam uns aos outros. Outros
serão pulverizados pela terrível saraiva ou mortos pelo grande terramoto que
abala os próprios fundamentos da Terra, ou arrastados pela irresistível vaga
que completará a obra da destruição. Os poucos que sobreviverão fugirão para as
cavernas a fim de se esconderem da face do vindouro Rei e morrerão quando as
montanhas a desfazerem-se os sepultam mesmo como eles oram para que assim seja.
Esta será a experiência mais terrível
que jamais assolou a humanidade. Absoluto horror que nunca houve coisa igual
que se compare. Infelizmente, os que lêem esta Escritura hoje quando o mal está
controlado pelo ministério do Espírito de Deus, dificilmente têm qualquer
conceito da total agonia e terror que esse dia infligirá sobre eles se nessa
altura forem encontrados do lado errado do grande conflito. Então, demasiado
tarde, desejarão ter procurado a salvação do Senhor diligentemente de modo a
poderem ficar sob a Sua protecção quando nenhuma outra segurança houver.
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