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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

JESUS CRISTO E O SÁBADO - A. T. JONES

 

JESUS CRISTO E O SÁBADO


 

A. T. Jones

 

Jesus Cristo foi perseguido porque não observava o sábado segundo a mentalidade dos fariseus, escribas e sacerdotes em Seu tempo de vida terrena.

Cristo não foi perseguido somente, mas foi rejeitado, e um ladrão e assassino veio a ser escolhido em Seu lugar, sendo Ele crucificado, porque não queria observar o sábado segundo determinavam os fariseus, escribas e os sacerdotes.

Conquanto Ele próprio fosse o Senhor do sábado, foi denunciado como quebrantador do sábado, objecto de espionagem e perseguido. Finalmente veio a ser rejeitado e um ladrão e assassino escolhido em Seu lugar, enquanto recebia a condenação de crucifixão por não querer conformar-se com as idéias estreitas e limitadas quanto à observância sabática, mantidas por fariseus, escribas e doutores da lei.

Tudo isso merece especial atenção sob todos os aspectos agora, quando os fariseus, os escribas, os principais sacerdotes e os doutores da lei estão agitando em grande medida a questão do dia de repouso e espionando, perseguindo e prendendo pessoas como "quebrantadores do sábado", que na realidade são observadoras do sábado segundo a mais clara instrução do Senhor, e de acordo com o exemplo de toda a vida do próprio Jesus Cristo. Em vista disso, convém estudar a vida e exemplo de Jesus nesse aspecto.

"Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo-Sacerdote da nossa confissão, Jesus, o qual é fiel àquele que O constituiu".  Hebreus 3:1,2.

A única coisa que nos resta fazer a todos o tempo todo é considerar a Cristo Jesus. N’Ele todas as perfei­ções confluem; n’Ele encontramos fidelidade em todos os pontos; e se você deseja ser fiel, e "manter-se fiel", tão-só considere a Cristo Jesus que foi fiel, e atraia d’Ele fidelidade. Devemos captar d’Ele fidelidade, tanto quanto devemos atrair justiça e toda outra virtude. Ele deve ser-nos fidelidade, tanto quanto deve ser-nos sabedoria e justificação, e santificação, e redenção.  "Por isso considerai atentamente o Apóstolo e Sumo-Sacerdote da nossa confissão, Jesus, o qual é fiel àquele que O constituiu". 

Este verso começa com um "por isso"; ou seja, por esta razão; e a razão é expressa num verso precedente. "Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados". "Por isso", ou seja, por essa razão, "considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, o qual é fiel". Isso é verdade em tudo, e para nós, especialmente agora, é enfaticamente verdade; e devemos considerar Sua fidelidade em conexão com o sábado do Senhor, e sua observância, se desejamos ser fiéis na sua observância. O sábado significa Cristo, e Cristo significa o sábado. O sábado é o próprio sinal do que Jesus Cristo é para os homens; e de­vemos considerá-Lo com respeito a ele, e Sua fidelidade em observá-lo.

Juntamente com isso, devemos considerar Sua fidelidade na observância do sábado sob perseguição e sob o risco de Sua vida, renunciando à própria vida antes que a renunciar ao sábado do Senhor. Em vista de ter sido por não observar o sábado para adequar-se aos métodos dos escribas e doutores da lei é que Ele foi primeiramente perseguido; e quando persistiu em Sua forma de observar o sábado, ou seja, segundo a maneira do Senhor, a des­peito da perseguição por parte deles tomaram, então, a iniciativa de matá-Lo. E quando Ele não renunciou, eles O mataram. Mas Deus O levantou dentre os mortos e levou-O a um mundo onde pode observar o sábado sem ser perturbado, e sem "perturbar" ninguém.

Quando Jesus veio, não veio exatamente do modo que Se ajustasse aos fariseus, escribas e doutores da lei; não obstante, não estavam certos se Ele passaria a adotar o seu estilo depois de algum tempo. Conseqüente­mente, estudaram o Seu comportamento por um considerável tempo, sem se Lhe oporem publicamente. De fato, por cerca de dezoito meses de Seu ministério público, aquela gente esteve estudando e observando para decidir o que fazer com Ele caso não adotasse a prática deles e Se conformasse com suas idéias. E O observavam para ver como a questão se desenvolveria. Mas Ele não fez grande demonstração de pôr-Se em destaque ou de chamar a­tenção para Si próprio; simplesmente seguiu tranqüilamente ensinando e curando as pessoas, fazendo o bem por toda parte onde ia. Eles não podiam com facilidade achar falta n’Ele, e parecia-lhes ótimo se Ele no final agisse segundo a expectativa que tinham.

Mas após ter-se passado um ano e meio, Sua fama se havia espalhado por toda a terra, e atraíra a atenção dos fariseus, escribas e doutores da lei, bem como do povo comum. Por esse tempo Ele havia atraído a ativa aten­ção deles, a interessada atenção e sua atenção egoísta também; porque segundo O observavam em Suas atitudes, viam não só que Ele não agia segundo d’Ele esperavam mas, ao contrário, viam que estava ganhando influência junto ao povo de um modo que não correspondia a seus interesses; e que na medida que passava o tempo, as pes­soas eram ainda mais atraídas a Ele. Esperavam que se o Seu comportamento não viesse a corresponder ao que desejavam - de fato, pensavam e realmente supunham, que se Ele não agisse segundo o modo de pensar deles - en­tão, logicamente, isso evidenciaria por si só que possivelmente não era o Messias, e, portanto, Sua obra não leva­ria a parte alguma.

Mas parecia haver em Suas palavras algo que prendia a atenção das pessoas - o povo comum. Alegravam-se em ouvi-Lo novamente quando O tinham ouvido uma vez; pois Suas palavras eram pronunciadas com mansi­dão, e com uma simplicidade que todos podiam entender. Ele não falava no estilo erudito e sofisticado dos douto­res da lei e escribas, mas sempre empregava linguagem que o povo conseguia entender. Não tinham que empregar um dicionário para descobrir o sentido das palavras empregadas por Ele. Suas palavras eram bem simples e pode­rosas, dirigia-se ao povo e permanecia com eles, e tinham sempre uma tendência de atraí-los mais e mais para Ele. Vendo isso, os fariseus e escribas começaram a perceber que tinham de fazer algo caso desejassem preservar o seu próprio crédito junto ao povo. Assim, ao final do primeiro ano e meio, perto da Sua segunda Páscoa , deu-se aquele evento registrado no quinto capítulo de Lucas; está também registrado no segundo capítulo de Marcos; mas o registro de Lucas traz um ou dois pormenores que não constam em Marcos. Era a ocasião em que Ele estava na casa ensinando. Uma grande multidão havia-se juntado ao redor da casa, e alguns homens vieram transportando um homem doente de paralisia. Eles não podiam atravessar a porta devido à pressão das pessoas, e assim subiram até o teto da casa, removeram as telhas e fizeram o homem descer aos pés de Jesus, que disse: "Estão perdoados os teus pecados". Agora, o registro reza: "Ora, aconteceu que num daqueles dias, estava Ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com Ele para curar". Lucas 5:17.

Quando Jesus declarou ao homem paralítico: "Estão perdoados os teus pecados", aqueles fariseus e doutores da lei começaram a argumentar e murmurar entre si: "Quem pode perdoar pecados senão Deus?" E em lugar de seguirem a lógica de sua própria proposição - de que ninguém podia perdoar pecados, senão Deus, e ali estava Alguém que perdoava pecados, e, portanto, era Ele Deus com eles, - tomaram a outra direção, e disseram: "Quem é este que diz blasfêmias?" Mas, lemos:

"Mas, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para casa. Imediatamente se levantou diante deles e, tomando o leito em que permanecera deitado, voltou para casa, glorificando a Deus". Lucas 5:24,25.

Haviam ouvido suas palavras, "Estão perdoados os teus pecados", mas em vista de não poderem ver o poder de Sua palavra nisso, Ele também disse ao homem: "Levanta-te, toma o teu leito, e vai para casa". Viram então que havia poder divino, mesmo criador, na palavra proferida. Seguiu-se a isso que havia poder para perdoar pecados na palavra de perdão que Ele havia proferido. E como eles próprios tinham alegado que somente Deus podia perdoar pecados, seguia-se que as evidências que Ele lhes deu, segundo a sua própria proposição, comprovavam ser Ele Deus. Contudo, seus corações egoístas não se rendiam à evidência, e apesar de Jesus ter-lhes dado a prova a respeito da própria proposição deles, de que era Deus com eles, e Deus ali presente, não o aceitaram, mas prosseguiram com suas arengas quanto a ser um blasfemador.

      Depreende-se desta passagem quão extensiva era naquele tempo a atenção entre aquelas classes - os fariseus, e os escribas, e os doutores da lei, - e as razões do que se seguiu. Este verso mostra claramente que Cristo tinha por essa época atraído a atenção interessada e egoísta dessa classe de homens por toda a terra, de Jerusalém e outras partes. E em nada havia o egoísmo dos fariseus e doutores da lei tomado um rumo mais perverso do que na questão do sábado e seu verdadeiro sentido e propósito. No que tange ao sentido e propósito do sábado do Senhor, eles o haviam perdido de vista inteiramente, e segundo suas tradições e determinações tinham-no ocultado totalmente das mentes e corações das pessoas. Esse foi o resultado derradeiro da atitude de perversa mentalidade deles. Sendo Jesus o Senhor do sábado, e para trazer à lembrança o que Ele é para a humanidade, uma vez que é o verdadeiro intento do sábado, - noutras palavras, Ele próprio ao viver entre eles sendo a manifestação da verdadei­ra intenção do sábado, - é evidente que em nada poderia Sua atitude despertar mais, ou mais amargo antagonismo daqueles homens do que em Suas palavras e atos relativos ao sábado.

      O texto há pouco citado situa-se no final do primeiro ano inteiro, perto da Páscoa a que Ele havia assisti­do; a passagem seguinte foi durante Sua segunda Páscoa. Pode ter sido dentro de poucos dias da outra, mas caso fosse menos ou mais, tratou-se de um período de tempo breve.

      "Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu para Jerusalém. Ora, existe ali junto à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco pavilhões. Nestes jazia uma mul­tidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos [esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse]. Estava ali um homem, enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim, havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho nin­guém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Então lhe disse JESUS: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso disseram os juDeus ao que fora curado: Hoje é sábado e não te é lícito carregar o leito. Ao que Ele lhes respondeu: O mesmo que me curou me disse: Toma o teu leito e anda. Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus Se havia retirado, por haver muita gente naquele lugar. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior. O homem reti­rou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o havia curado". João 5:1-15.

Logicamente, eles então sabiam quem era que havia dito a ele para praticar aquela coisa "ilegal" - apanhar sua cama e caminhar, no dia de sábado.

"E os judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado". João 5:16.

Sabemos, e sempre soubemos, que a perseguição virá às pessoas que neste tempo observam o sábado do Senhor. Então, dentre todos os povos, precisamos exatamente agora considerar a fidelidade de Jesus na observân­cia do sábado. Esta passagem fala-nos exatamente agora: "Por isso, santos irmãos, que participais da vocação ce­lestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, o qual é fiel àquele que O constituiu", quando Ele foi perseguido por observar o sábado. Precisamos de Sua fidelidade na observância do sábado, para nos manter fiéis na sua observância, durante o tempo que estamos para adentrar.

Jesus foi perseguido por observar o sábado. Então, quem quer que seja perseguido por isso está em companhia grandissimamente abençoada.

Agora, pensem nisto. Jesus, sendo o Senhor do sábado, e o sábado sendo o sinal do que Ele é para a humanidade, e sendo Ele a expressão viva do sábado em Sua vida, era-Lhe impossível fazer qualquer coisa no sábado que não fosse a observância sabática, porque o próprio praticar do ato era a expressão do sentido do sábado por si só.

Mas a Sua observância do sábado não se ajustava às idéias dos fariseus, doutores da lei e escribas, e con­sideraram aquilo um quebrantamento do sábado. Assim, Ele foi considerado como um violador do sábado quando era um observador do sábado. Vemos pessoas em nossos dias que, à semelhança d‘Ele, são consideradas violadoras do sábado quando realmente são observadoras do sábado. Que todos esses sejam semelhantes a Ele realmente em todos os demais aspectos.

As idéias de Cristo quanto ao sábado são as idéias de Deus a esse respeito. As idéias dos fariseus quanto ao sábado e sua observância, estando diretamente opostas às idéias do Senhor, eram erradas. Portanto, a contro­vérsia naqueles dias entre Cristo e os fariseus e doutores da lei era simplesmente se as idéias de Deus quanto ao sábado deviam prevalecer, ou se as idéias do homem a tal respeito deviam prevalecer. Não havia então disputa quanto a que dia era o sábado; a disputa era quanto a qual era a correta noção do sábado. Em nosso tempo preva­lece a mesma controvérsia, mas com ela há uma disputa quanto ao dia; contudo, o pensamento é o mesmo hoje como então se dava, - se a idéia de Deus quanto ao sábado, ou a do homem a tal respeito, é que devia prevalecer. Deus declara que o sétimo dia é o sábado; o homem declara que o primeiro dia é o sábado; assim é ainda a mesma controvérsia entre Cristo e os fariseus deste tempo que prossegue entre Cristo e os fariseus da Sua época.

Bem, então, tal como Jesus foi perseguido por violação do sábado quando o observava verdadeiramente, todas as pessoas para sempre estão em boa companhia quando são perseguidas por violação do sábado ao observa­rem o sétimo dia.

"E os judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado. Mas Ele lhes disse: Meu Pai traba­lha até agora, e Eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-Lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era Seu próprio Pai, fazendo-Se igual a Deus". João 5:16-18.

Por isto, vemos adicionalmente que os primeiros passos que os fariseus e doutores da lei sempre tomavam contra Jesus Cristo para prejudicá-Lo em qualquer maneira eram tomadas porque Ele não observava o sábado para adequar-se ao pensamento deles. Essa era a controvérsia entre Cristo e eles; e sobre este ponto tudo o mais girava.

Logo após isso temos o registro no segundo capítulo de Marcos, verso 23, até o verso 6 do terceiro capítulo; está também no capítulo décimo segundo de Mateus, e no sexto de Lucas, versos 1-12; mas o registro de Marcos oferece um pormenor que não consta em nenhum dos outros dois, e é de suma importância:

"Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos ao passar colhiam espigas. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Mas Ele lhes respondeu: Nunca les­tes o que fez Davi, quando se viu em necessidade, e teve fome, ele e os seus companheiros? Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão só aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele? E acrescentou: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do homem é Senhor também do sábado".

Mateus e Marcos prosseguem com o relato como se fora o mesmo dia de sábado. O registro de Lucas diz que "em outro sábado"; mas tudo indica que não foi outro muito mais distante do que o sábado seguinte. Assim, lemos:

"Entrou Ele na sinagoga e ensinava. Ora, achava-se ali um homem, cuja mão direita estava ressequida. Os escribas e os fariseus observavam-No, procurando ver se Ele faria a cura no sábado, a fim de acharem de que O acusar".

Agora, notem: eles já O estavam perseguindo por observar o sábado,- por violar o sábado como o enten­diam,- e estavam prontos para matá-Lo. Da próxima vez que tiveram oportunidade, estavam-No observando para ver se iria submeter-Se às exigências deles, e comprometer o sábado, ou comprometer-Se a Si mesmo, a fim de agradá-los. Estavam-nO observando agora para ver se a tentativa deles de conseguir que Ele Se comprometesse com eles e Se submetesse a suas idéias estava sendo bem sucedida; e assim eles O observam para ver o que faria, para que O pudessem acusar se agisse segundo o fizera previamente. E se ele Se compromete agora e Se submete às idéias deles quanto ao sábado, acusa-Lo-ão e prosseguirão segundo o que revela o registro.

      JesusS sabia que O estavam observando, e o que pensavam a respeito, e para que O vigiavam. Sabia que a atenção deles estava toda sobre Ele. E para que tivessem a evidência mais plena possível, chamou o homem com a mão ressequida, e lhe disse: "Levanta-te, e vem para o meio". O homem dirigiu-se ao centro da sinagoga. Isso chamou a atenção de todos para Jesus, e o homem ficou ali em pé, aguardando. Então Ele perguntou aos fariseus e aos que O estavam acusando: "É lícito no sábado fazer o bem ou mal? salvar a vida ou deixá-la perecer?" Eles não podiam dizer que era lícito fazer o mal, pois isso seria contrário a tudo quanto os seus próprios ensinos esta­beleciam, e não ousariam declarar ser lícito fazer o bem, porque então estariam sancionando a cura daquele homem por Ele no sábado.  "É lícito.salvar a vida ou deixá-la perecer?" Eles não ousavam dizer que era lícito matar, e não ousavam dizer que era lícito salvar a vida. Pois Ele lhes disse diretamente, e sabiam que assim era, que se um deles tivesse uma ovelha que caísse num poço no dia de sábado, eles a puxariam para fora a fim de sal­var-lhe a vida. Não importa se o fizessem por misericórdia da ovelha ou por temor de perder o montante de seu preço, sabiam que tal era o caso. Portanto, "eles ficaram em silêncio", e se tivessem agido assim mais freqüente­mente, teriam se saído muito melhor.

"Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada. Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra Ele, em como Lhe tirariam a vida".

Aqui está outro elemento que entra na história. Os fariseus tomaram conselho com os herodianos. Os herodianos eram uma seita dos juDeus que se postava no polo oposto ao do farisaísmo. Eles derivavam o seu nome--herodianos--de serem amigos, apoiadores, e os rígidos partidários de Herodes e sua casa ao governarem a nação de Israel. Os fariseus eram os "santos" da nação, especialmente em sua própria avaliação. Eles mantinham ser os justos da nação, aqueles que se postavam mais próximos de Deus, e, portanto, colocavam-se o mais distan­te de Herodes e de Roma. Desprezavam Herodes; odiavam Roma. Os herodianos eram os apoiadores políticos de Herodes, e conseqüentemente, amigos de Roma e do poder romano. Portanto, como denominação, seita, os fari­seus e os herodianos estavam tão distanciados quanto possível.

Herodes era o estranho que se sentava no trono de Judá quando a profecia, de que Jacó havia falado, teve cumprimento. "O cetro não se apartará de Judá, nem um legislador dentre os seus pés, até que venha Siló; e a Ele se reunirão os povos". Herodes, um estranho, um indumeu, sentava-se no trono de Judá e foi legislador para Judá por designação direta de Roma e do senado romano; e todos sabiam que chegara o tempo para o aparecimento do Messias. Pois quando os sábios vieram a Jerusalém e disseram: "Onde está o recém-nascido Rei dos juDeus?", Herodes ficou alarmado "e com ele, toda Jerusalém". Por que ficou Herodes perturbado, e toda a Jerusalém com ele ao ouvirem que Cristo nascera? Porque sabiam que era chegado o tempo para o Seu nascimento. E, portanto, chamaram os escribas e inquiriram-lhes onde Cristo deveria nascer: "Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a Meu povo, Israel". Mateus 2:1-6; Miquéias 5:2.

Herodes era estrangeiro, e os fariseus o odiavam, bem como a sua família, porque ele era procedente dos gentios, dos pagãos, que estava reinando sobre a casa de Deus. Mais do que isso, odiavam Roma, porque fora o poder romano que não somente os submetia, mas dava sustentação a Herodes.

Por isso se pode ver também que esses herodianos eram uma seita política,--eram também uma seita religiosa, em certa medida, porém mais política do que religiosa. Eram partidários de Herodes e de sua casa, para sustentá-lo entre o povo, pleitearem por ele, escusá-lo e apresentá-lo sob a luz mais favorável o tempo todo; e também, como conseqüência, precisavam ser amistosos para com Roma, e fazer o mesmo por Roma, porque o poder romano sustinha a Herodes.

Quando os fariseus viram que Cristo não ia dobrar-Se a suas idéias quanto à observância sabática, a fim de levar avante o seu propósito de matá-Lo,--e era um propósito de envergadura--, uniram-se, não somente com os seus inimigos sectários, mas com aqueles inimigos sectários particulares de caráter religioso-político, a fim de que pudessem exercer influência sobre Herodes, e finalmente sobre Pilatos, de modo a terem o governo do seu lado, tendo o poder civil sob o seu controle, tornando, desse modo, eficaz o propósito de destruírem a Jesus. Destarte, ingressaram na política.

Finalmente, Herodes e Pilatos tornaram-se amigos com base nesse mesmo fato; os sacerdotes, escribas e fariseus levaram Cristo a Pilatos, e Pilatos O remeteu a Herodes para que O julgasse, e ele o fez. Levaram-no, então, novamente a Pilatos, e posteriormente, sob ameaças, pressionaram Pilatos a julgá-Lo também. Agora po­demos ver o propósito de longo alcance que tinham os fariseus em seu contacto com os herodianos. Era para as­segurarem tanto o poder de Herodes quanto o de Roma em suas mãos, a fim de levarem a cabo o determinado propósito de matarem a Jesus devido a que não se submetia à idéia deles quanto ao sábado, renunciando às idéias de Deus sobre o sábado.

É por isso que uniram forças com os herodianos - desejavam poder político, e o poder político que eles também desprezavam. Os fariseus desprezavam esse poder político; e professadamente eram dele separados, estando infinitamente acima dele. Desprezavam a Herodes e odiavam Roma, mas odiavam Jesus mais do que odiavam a essas coisas. E a fim de levarem a cabo o seu propósito contra Jesus - que na verdade era contra o sábado - uniram-se aos seus inimigos sectários extremistas a fim de conseguirem poder político para executarem os seus desejos; porque não poderiam levar avante o que desejavam sem o poder político.

Bem, podemos bem estabelecer um paralelo. Não temos nós, e todas as pessoas, visto a mesma coisa não somente em nosso tempo, mas dentro dos últimos cinco anos? Não temos visto um povo professamente e confes­samente separado do poder político - protestantes, devotados a uma separação total do poder político, não tendo absolutamente nada a ver com isso - não temos visto um professo protestantismo, em clara oposição ao sábado do Senhor, unindo-se com políticos e com a própria Roma, o principal poder político sobre a Terra, também de caráter religioso-político? Não temos visto isto, o protestantismo tomando conselho com o catolicismo para obter a posse do poder civil para eliminar a existência da idéia divina sobre o sábado, exatamente o sábado do Senhor tal como Ele o fez e como o denominou, a fim de estabelecer o do homem, o domingo do papado, como a Igreja Católica o designou? Então não precisamos considerar Jesus Cristo, o Apóstolo e Sumo-Sacerdote de nossa confissão em sua fidelidade à observância do sábado num tempo tal como este? Esta história de Jesus foi escrita para nós. Foi escrita para o povo que vive nos Estados Unidos e no mundo hoje. Então, cuidemos para que consideremos a Sua fidelidade, e extraiamos Dele essa fidelidade que nos conservará tão fiéis às idéias de Deus quanto ao sábado, como O mantiveram.

E exatamente aqui há outro aspecto importante. O registro declara: "Mas eles se encheram de furor e discutiam entre si quanto ao que fariam a Jesus. Naqueles dias, retirou-Se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus". Lucas 6:11,12. Enquanto eles tramavam, Ele estava orando. Enquanto cortejavam o poder civil, Ele estava suplicando pelo poder de Deus. Enquanto depositavam a sua confiança no poder do homem e do governo terrestre, Ele depositava Sua única confiança somente sobre o Deus do céu e da Terra. Que seja assim agora conosco, e com todos os que desejam ser como Ele.

O próximo exemplo se acha no capítulo sétimo de João. Isto se segue não muito depois do outro. Começando com o verso primeiro:

"Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque não desejava percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-Lo".

E por que procuravam matá-Lo?-Porque guardava o sábado do Senhor segundo as idéias de Deus, e não Se submetia a eles, nem a suas idéias.

"Ora, a festa dos judeus, chamada dos tabernáculos, estava próxima. Dirigiram-se, pois, a Ele os Seus irmãos, e Lhe disseram:  Deixa este lugar e vai para a Judéia, para que também os Teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-Te ao mundo. Pois nem mesmo os Seus irmãos criam n’Ele. Disse-lhes, pois, Jesus: O Meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente. Não pode o mundo odiar-vos, mas a Mim Me odeia, porque Eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más. Subi vós outros à festa; Eu por enquanto não subo, porque o Meu tempo ainda não está cumprido. Disse-lhes Jesus estas coisas, e conti­nuou na Galiléia. Mas, depois que Seus irmãos subiram para a festa, então subiu Ele também, não publicamente, mas em oculto. Ora, os judeus O procuravam na festa, e perguntavam: Onde estará Ele? E havia grande murmuração a Seu respeito entre as multidões. Uns diziam: Ele é bom. E outros: Não, antes engana o povo. Entretanto, ninguém falava d’Ele abertamente, por ter medo dos juDeus. Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava".

E ao ensinar Ele no templo, lemos isto no verso 19:

"Não vos deu Moisés a lei? contudo ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-Me? Respondeu a multidão: Tens demônio. Quem é que procura matar-Te? Replicou-lhes Jesus: Um só feito realizei, e todos vos admirais. Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão, se bem que ela não vem dele mas dos pa­triarcas, no sábado circuncidais um homem. E se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos indignais contra Mim, pelo fato de Eu ter curado, num sábado, ao todo, um homem? Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça".

Sobre que é ainda a controvérsia? - O sábado. Leiamos o verso 30:

"Então procuravam prendê-Lo; mas ninguém Lhe pôs a mão, porque ainda não era chegada a Sua hora. E, contudo, muitos de entre a multidão creram n’Ele, e diziam: Quando vier o Cristo, fará, porventura, maiores sinais do que este homem tem feito? Os fariseus, ouvindo a multidão murmurar estas coisas a respeito d’Ele, jun­tamente com os principais sacerdotes enviaram guardas para O prenderem".

Mas quando os oficiais O apanharam, ouviram-No falando, e permaneceram ali encantados, ouvindo Suas palavras. E quando Jesus parou de falar, volveram e retornaram sem Ele ao Sinédrio de onde haviam sido mandados. Agora, começando com o verso 43:

"Assim houve uma dissensão entre o povo por causa d’Ele; alguns deles queriam prendê-Lo, mas ninguém Lhe pôs as mãos. Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não O trouxestes? Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes enganados? Porventura creu n’Ele alguém dentre as autorida­des, ou algum dos fariseus? Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita. Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles: Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia? Examina, e verás que da Galiléia não se levanta profeta. E cada um foi para sua casa". João 7:43-53.

      Em seu irado zelo estavam a ponto de julgá-Lo e condená-Lo ali mesmo, sem qualquer audiência, e mesmo sem a Sua presença, mas Nicodemos levantou uma questão de ordem ao indagar: "Acaso a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?" A assembléia se dispersou e cada um foi para a sua ca­sa. Mas Jesus dirigiu-Se ao Monte das Oliveiras. João 8:1. Enquanto se engajavam em suas ímpias maquinações contra Ele, Ele próprio foi para o Monte das Oliveiras para orar, e orar por eles. Salmos 31:13-15; 69:11-13. Enquanto aliavam-se ao poder político, Ele se apegava a Deus. Enquanto depositavam sua confiança no poder terreno, Ele revelava firme confiança em Deus.

Quanto ao ponto seguinte nesse respeito, volvamo-nos ao capítulo nove de João, começando com o pri­meiro versículo. Ali Jesus encontra o homem que havia nascido cego, e ungiu-lhe os olhos com argila, enviando-o ao poço de Siloam, e o homem foi e lavou-se podendo assim ver. Seus vizinhos e outros levaram aos fariseus aquele cuja visão havia sido restaurada.

"E era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos, . . . Por isso alguns dos fariseus diziam: Esse homem não é de Deus, porque não guarda o sábado". João 14:14-16.

O próximo episódio é relatado em Lucas 13:10-17:

"Ora, ensinava Jesus no sábado numa das sinagogas. E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus. O chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado,  disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, nesses dias para serdes curados, e não no sábado. Disse-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura no sábado o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber? Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro em dia de sábado esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos? Tendo Ele dito estas palavras todos os Seus adversários se envergonharam. Entretanto o povo se alegrava por todos os gloriosos feitos que Jesus realizava".

Mais uma vez, lemos:

"Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que O estavam observando. Ora, diante Dele se achava um homem hidrópico. Então Jesus, dirigindo-Se aos intérpretes da lei e aos fariseus, perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado? Eles, porém, nada disseram. E, tomando-o, o curou e o despediu. A seguir lhes perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? A isto nada puderam responder". Lucas 14:1-6.

Cada vez que O observavam para ver se iria agir dum modo ou de outro no dia de sábado, viam somente aquilo que estavam procurando. E viam-no tão declaradamente, também, que não havia como se enganarem. Nem jamais desculpou-Se por isso; nem jamais tentou provar que o que fazia não podia "perturbar" quem quer que fosse.

Agora leiamos o capítulo 11 de João. Jesus continuou realizando Seus milagres, ao ponto de ressuscitar Lázaro dentre os mortos, e eles chegaram a tentar matar Lázaro para destruir a evidência do poder de Jesus para ressuscitar os mortos. Mas ao prosseguir o trabalho com Cristo, descobriram que estavam perdendo mais e mais terreno junto ao povo, e Cristo conseguindo cada vez maior influência.

"Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram n’Ele. Outros, porém, foram ter com os fariseus e lhes contaram dos feitos que Jesus realizara". João 11:45, 46.

Foi então que Ele ressuscitou Lázaro dentre os mortos. Agora o relato prossegue a partir deste ponto. Alguns deles foram aos fariseus para relatar as coisas que Jesus havia feito na ressurreição de Lázaro. Ali, então, os principais dos sacerdotes e fariseus tomaram conselho e disseram:

"Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se O deixarmos assim todos crerão n’Ele; depois virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação". João 11:47,48.

Agora, notem o argumento que lhes estava no coração, e, de fato, em suas palavras. Estavam acusando Jesus o tempo todo de violação do sábado; e agora eles declaram: "Se O deixarmos assim todos crerão n’Ele", e isso tornará todos os homens quebrantadores do sábado, e será esta uma nação de quebrantadores do sábado, e quando a nação se torna uma de violadores do sábado, os juízos de Deus nos visitarão, e o Senhor trará os roma­nos e fará desaparecer a nação inteira.

"Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não venha a perecer toda a nação. . . . Desde aquele dia resolveram matá-Lo". João 11:49,50,53.

Agora, por que determinaram eles pô-Lo à morte? Sua observância do sábado, que teimavam em dizer ser violação do sábado, é a razão. E agora, alegam, se Ele prosseguir quebrando o sábado, todos os homens crerão Nele e isso tornará todos os homens violadores do sábado, e então essa será uma nação inteira de violadores do sábado; a própria nação será uma violação do sábado. Portanto, a fim de salvar a nação, eles propõem-se a matar Jesus. Mas quando o fizerem, estarão matando o Salvador. Assim, com vistas a salvar a nação, sim, salvar-se a si mesmos e a nação, destruiriam o Salvador deles próprios e da nação. Então, a quem isso faria de salvador da nação e de si próprios? - Eles mesmos. Jesus era o Salvador da nação, e o Salvador do povo se cressem n’Ele. Jesus estava observando o sábado, o sinal de que Ele é o Salvador. Agora, porém, eles rejeitaram a sua salvação, e a si próprios, e tudo com Ele, sábado inclusive, a fim de salvar a nação; desse modo o que os torna seus próprios salvadores, e isso faz com que a  auto-salvação seja o meio de salvação, em lugar de ser Cristo o caminho da salvação.

Então, em última análise, o conflito entre Cristo e os fariseus era se a salvação seria por Ele ou por eles. Estavam-No destruindo, o Salvador deles próprios e da nação, a fim de salvarem-se e à nação. De modo que tudo se resume nisto: Cristo é o caminho da salvação, ou o eu é o caminho da salvação? E o sábado, na idéia de Cristo quanto ao sábado, é o sinal de salvação por Cristo. A idéia do homem quanto ao sábado é o sinal da salvação por si próprio, a salvação do eu, pelo eu, mediante o eu, e para o eu--o eu todo o tempo. Assim, na questão sabática, estava envolvida a pergunta: Quem é o Salvador? É Cristo, pela fé e poder de Deus somente? Ou são os líderes eclesiásticos que a si mesmo se designaram, pelo poder e força do governo terreno?

Eles tentaram mais um esquema, contudo, antes de prosseguirem no rumo da violência declarada. Prepa­raram uma armadilha a fim de levá-Lo a proferir alguma palavra ou dar algum sinal que pudessem distorcer em acusação de traição ou desrespeito pela autoridade, para colocá-Lo nas garras do poder e autoridade romanas. "Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como O surpreenderiam em alguma palavra". E O observavam. "E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos", como espias, que desempenhariam o papel de apenas homens comuns para captarem palavras ditas por Ele a fim de O entregarem ao poder e autoridade do governador. Dirigiram-Lhe, então, aquela pergunta insidiosa com respeito ao tributo, quando Ele respondeu: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Não puderam apanhá-Lo em palavra alguma di­ante do povo; e, admirados da Sua resposta, calaram-se". Mateus 22:15-22; Lucas 20:20-30; Marcos 12:17. Isso foi na terça-feira, antes da crucifixão. Então, exatamente no dia seguinte, "os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás; e deliberaram prender Jesus à traição e matá-Lo. Mas diziam: Não durante a festa para que não haja tumulto entre o povo". Então naquele mesmo dia (quarta-feira) Judas "foi se entender com os principais sacerdotes e os capitães de como lhes entregaria a Jesus. Deram-lhe as trinta moedas de prata, "Judas concordou e buscava uma boa ocasião de Lho entregar sem tumulto". E na noite do dia seguinte eles O prenderam no Getsêmani, após a meia-noite, e O conduziram a Anás, e depois a Caifás, em seguida a Pilatos, e depois a Herodes; e de volta a Pilatos.

Por duas vezes Pilatos tentou fazê-los julgarem-No por si próprios; mas eles respondiam que não lhes era lícito pôr um homem à morte. "Temos uma lei, e por nossa lei Ele deve morrer". E quando Pilatos insistiu, pela sexta vez, que não achava n’Ele culpa, e falou três vezes de soltá-Lo, e realmente buscou um meio de soltá-Lo, então, em seu desespero, eles clamaram: "Se soltas a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César". Pilatos então tomou o assento de juiz, e eles exigiram que Jesus fosse crucificado. Pilatos disse: "Hei de crucificar o vosso rei?" E em completa renúncia de Deu e de tudo quanto Ele havia feito por eles, responderam: "Não temos rei, senão César!" Daí, portanto, O entregaram para que O crucificassem.

Desse modo, cumpriram eles o seu propósito: perseguiram a Jesus até a morte por observância sabática--chamando àquilo quebrantamento do sábado todo o tempo. Desse modo, destruíram o Filho de Deus, o Salva­dor do mundo, e praticaram tudo quanto estava sob o poder deles para eliminar do mundo as idéias de Deus quanto ao sábado, a fim de que prevalecessem as idéias dos homens.

Eliminaram do mundo o Filho de Deus e Sua salvação, e o Seu sinal dessa salvação, para que pudessem apresentar-se a si próprios como os salvadores de si mesmos. Mas como realizaram isso? Quando Pilatos estava determinado a soltá-Lo e buscava um meio de libertá-Lo, e perceberam que Ele estava para escapar de suas mãos, criaram uma acusação de alta traição contra Ele, envolvendo tanto Pilatos quanto Jesus; Pilatos, se O deixasse ir, e Jesus, se Pilatos assumisse o julgamento do caso.

Agora, quem quer que se apresentasse como rei, ou fizesse quaisquer pretensões nesse sentido, no Império Romano, fosse por um sinal ou palavra, era culpado de alta traição naquela época; pois Tibério reinava. Que um judeu fizesse tal coisa seria ainda pior, e para um judeu galileu de maior gravidade ainda. Os juDeus eram os mais agitados dentre os povos sob o tacão de Roma, e os galileus os mais turbulentos dentre os judeus. E quando disseram a Pilatos --"Se soltas a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César" -- eles simplesmente diziam-lhe, em outras palavras: "Aqui está um judeu, e ainda por cima um judeu galileu, que se apresenta como rei dos judeus. Nós, os juDeus, o temos apresentado perante o teu tribunal. Agora, se recusares assumir esse caso, permitindo assim que esse indivíduo com pretensão de ser rei dos judeus te escape, e nos escape, quando informarmos a Tibério em Roma que um judeu galileu apresentou-se como rei e nós o rejeitamos, e o a­presentamos perante o tribunal de Roma, mas tu sancionaste a sua reivindicação e o deixaste ir, e recusaste dar-nos ouvidos,--sabes o que te sucederá. Sabes que será a tua ruína". Esse era o sentido do argumento deles, e ele sabia e eles sabiam, que tal relatório a Tibério representaria somente morte para ele, por sancionar a regência de um judeu. E, portanto, sob esta ameaça fizeram com que Pilatos executasse aquilo que de sua própria iniciativa não estava determinado a fazer.

E quando proclamaram -- "Não temos rei, senão César!"--e assim  iriam levar a Roma, juntamente com o seu relatório, este de que tinham unanimemente proclamado a si próprios leais a César, e o próprio Pilatos havia se volvido um traidor de César, e combatido os desejos deles, -- podem ver que peso imenso isso daria a uma tal acusação nas ameaçadoras representações deles junto a Tibério. Assim, finalmente cumpriram o seu propósito perseguidor contra Jesus por observar o sábado de um modo que não se ajustava ao pensamento deles.

Mas este não é o fim da história. Eles agiram daquela forma para salvarem a nação dos romanos. Julgavam que se O deixassem livre, todos os homens creriam Nele, e os romanos viriam e tirariam tanto o lugar deles como a nação. Eles não O deixaram livre, e os romanos vieram e tomaram tanto o lugar como a nação deles para sempre. Os seus esforços para salvar a nação na verdade a destruíram. Os esforços próprios visando à salvação sempre destruirão quem os faz.

Mas, prossigamos nisto em seu intento e propósito diretos. Os esforços deles para salvar a nação, não somente acarretou a destruição nacional; mas aquilo que fizeram aquela noite estabeleceu a sorte de destruição daquela nação para sempre. Não havia mais salvação para aquela nação, como tal, após aquela noite do que havia para Sodoma quando Ló dela retirou-se. Seria somente uma questão de tempo até que viesse a destruição. E em vista dessa destruição, Jesus enviou os Seus discípulos com o evangelho eterno desse mesmo Salvador a quem eles tinham crucificado; para chamar a todos na nação, como indivíduos, a crerem Nele, não somente para a salvação do eu, mas para a salvação da destruição que certamente adviria. Todo crente em Jesus escapou da destruição que haveria de vir. Aqueles que não creram n’Ele não escaparam.

Daquele tempo em diante eles careciam de Jesus Cristo para a sua salvação nesta vida, bem como para a outra vida. Eram exatamente tão dependentes de Jesus para salvá-los da ruína que lhes sobreviria, como Dele dependiam para salvá-los de seus próprios pecados pessoais. E Ele lhes deu um sinal pelo qual deveriam saber quando fugir para salvar a vida e escapar da ruína que se avizinhava:

"Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos não entrem nela. . . . Os que estiverem sobre o eirado não desçam a tirar de casa alguma coisa. . . Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado". Lucas 21:20-22; Mateus 24:16-20.

Assim, a sorte da nação foi fixada naquela noite. E tudo quando o próprio Senhor pôde fazer por eles posteriormente foi enviar a Sua mensagem salvadora para a nação inteira, para todo o povo, dizendo-lhes para crerem em Jesus e seriam salvos para fora da nação, e da ruína que deveria sobrevir a toda a nação que não cresse.

Já fizemos menção a um paralelo dessa linha de ação em nossos dias. Atentemos a isso em maior profundidade agora. Tem existido nesta nação por quase cinqüenta anos agora [150 anos em 1995] um povo, os adventistas do sétimo dia, dando uma mensagem especial em que as idéias de Deus sobre o sábado são destacadamente advogadas, cridas e observadas. Os fariseus e doutores da lei viram isto quando ela começou, e têm-na observado desde então; e têm dito: "Oh, isso não levará a nada; isso é apenas um pequeno movimento; sua pregação cria uma certa agitação por pouco tempo, mas tão logo saem, a coisa toda desaparece, e termina em nada". Disseram isso no princípio, e por todo o tempo; mas firmemente têm visto que as coisas não se passam desse modo. Firmemente têm visto as idéias de Deus quan­to ao sábado encontrando lugar entre o povo, em proporção cada vez maior, e tornando-se mais difundidas. Con­quanto a palavra possa ser proferida em fraqueza, houve isso com respeito às palavras que foram proferidas e que fizeram com que perdurassem junto ao povo, e permanecessem no coração de uma pessoa por vinte anos ou mais, e finalmente a levasse a Deus. Viram-na realizando isso. E então viram que teriam que tomar medidas mais drás­ticas caso quisessem manter as idéias do homem sobre o sábado em lugar das idéias de Deus a respeito. E o fize­ram. Estabeleceram leis dominicais estaduais em maior ou menor extensão em diferentes ocasiões, e em diferentes lugares; mas isso não deteve a divulgação do sábado do Senhor. Sua promoção prosseguiu. Disseram então: "Se deixarmos isso quieto e deixarmos o povo assim, esta se tornará um nação inteira de quebrantadores do sábado. Eles vão a uma comunidade e pregam, e conseguem somente uns poucos, quando muito, e provavelmente nenhum sequer para observarem o sábado; mas eles interferem na observância dominical das pessoas e, desse modo, estão simplesmente tornando a nação uma nação de violadores do dia de repouso; e isso precisa ser detido, ou a nação perecerá por violação do dia de repouso; os juízos de Deus virão sobre a terra e nos destruirá a todos".

Portanto, foram compelidos a ter o poder da nação a seu serviço para pisotear e eliminar da existência, tanto quanto estava em seu poder, a idéia de Deus do sábado para exaltar a do homem. Ele o tentaram pouco a pouco, e mais e mais, sobre a legislatura nacional e o poder nacional; mas grandes números de legisladores nacionais, a exemplo de Pilatos do passado, disseram primeiramente: "Não vemos falta nisso; nada temos a ver com isso; resolvam a questão por si mesmos; trata-se de uma controvérsia de vocês; é uma questão religiosa; e se apa­recer por aqui nós votaremos contra ela, todos nós". Grande número deles disseram isso. Então aqueles fariseus e doutores da lei disseram aos representantes governamentais. "Se não fizerem o que lhes pedimos, se não votarem por essa lei dominical, estabelecendo o domingo aqui como o dia de repouso da nação, jamais votaremos nova­mente em algum de vocês enquanto vivermos, para nenhum posto debaixo do sol".(1)

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(1) Eis um exemplo dessas ameaças. Estava ligada a "abaixo assinados" remetidos pelas igrejas presbite­rianas em Nova Iorque. Assim reza:

Resolvido, que nós, nesta, comprometemo-nos a nós próprios e com cada um dos demais, que a partir desta época recusaremos votar para qualquer posto ou cargo de confiança em qualquer membro do Congresso, seja senador ou deputado,  que vote por qualquer ajuda adicional a qualquer tipo de Feira Mundial, exceto sob as condições enumeradas nestas resoluções".--Congressional Record, 25 de maio de 1892, p. 5144.

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Então, também, à semelhança de Pilatos, esses legisladores se submeteram e disseram: "Nós o fare­mos--nós o faremos". Sentaram-se em seus assentos oficiais e assumiram a jurisdição do caso, sob as ameaças desses fariseus e doutores da lei. E ao fazerem isso, esses fariseus e doutores da lei volveram costas a Deus tão certamente, e uniram-se a César -- ao poder terreno -- quanto o fizeram os fariseus e sacerdotes e doutores da lei do passado.

O evangelho é o poder de Deus para a salvação; o poder de Deus pertence a todo professor do evangelho, e quem tem o poder de Deus não pode possivelmente ter qualquer outro. Nenhum poder pode ser adicionado ao poder de Deus.

Então quem quer que professe o evangelho, e apele a qualquer outro poder, nega o poder de Deus; e quando nega o poder de Deus e deposita sua confiança no poder do homem, seja o homem como indivíduo ou o homem reunido em governos, coloca sua confiança no poder humano, em vez de ser no poder de Deus. E quando essas pessoas remetem suas petições e orações ao congresso em vez de fazê-lo a Deus, volvem costas ao Senhor, ao poder que acompanha o evangelho, e volvem atenção ao homem em busca de auxílio, para levar avante esta obra em que estão empenhados.

E assim induziram o Congresso -- sim, o governo inteiro dos Estados Unidos -- a assumir a jurisdição do caso. Tomaram o quarto mandamento como registrado na Palavra de Deus, e o puseram no registro oficial dos procedimentos governamentais, e então o alteraram deliberadamente. De modo bem definido e proposital puseram o sábado do Senhor, o sétimo dia, fora do governo de Deus, e no seu lugar instituíram o sábado falso do papado. Declararam que as palavras dia de sábado podem significar "sábado ou domingo; pode ser um dia ou outro, e declaramos que é e será o primeiro dia da semana, comumente chamado domingo", e que é esse o sentido do quarto mandamento.

Assim, sob essas ameaças, os fariseus e doutores da lei de hoje conseguiram que a autoridade do governo para realizar exatamente o que praticou no passado,--valeram-se do poder governamental para pisar a pés o sábado do Senhor, e na medida em que está sob o poder deles, para esmagá-lo e tirá-lo de circulação, colocando as idéias do homem quanto ao sábado em seu lugar. Tal coisa é feita. Todos sobre a Terra sabem que isso está no passado. E hoje chegamos ao ponto segundo o registro feito por Jesus em Sua fidelidade quanto à observância sabática.

Esta nação situa-se agora onde a nação se situava quando rejeitou a Jesus Cristo devido a Suas idéias a respeito da observância sabática. Naquela época eles o faziam para manter suas próprias ideias do sábado contra a opinião do Senhor, e o fizeram para salvar a nação. Estes aqui o fizeram pelo mesmo propósito. Três senadores dos Estados Unidos, cada um em seu lugar, declararam bem definidamente que isso deve ser feito para a salvação da nação. Dois deles tinham mais a fazer do que quaisquer outros para levar a efeito, e o terceiro não muito menos, -- senadores Hawley, de Connecticut, Colquitt, da Georgia, e Frye, do Maine, cada um dos três colocando a salvação da nação e o propósito de estabelecer o domingo como dia de repouso sob essas ameaças.(2)

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(2) O Senador Hawley declarou:

"Neste exato dia e hora não irei, pela riqueza de dez exposições, ter sobre meus ombros a responsabili­dade de ter decidido a questão erradamente sobre o que pode ser um ponto estratégico na história dos Estados Unidos. Abram-se a Exposição no domingo e os portões estarão escancarados. Peço-vos que considereis aquilo que é de incomensurável importância na salvação de uma nação, o grande, profundo sentimento de obrigação religiosa" .-- Congressional Report, 12 de julho de 1892, pp. 6699-6700.

O Senador Conquitt declarou:

"Sem legislação referente às grandes disputas que estão em processo neste país, sem a interferência de baionetas, sem convocar as milícias, sem a reunião das forças armadas, se há um paliativo, se há uma prevenção, se há um impedimento, se há um remédio que irá curar todos esses elementos discordantes de luta e derramamento de sangue, é a observância do dia do dia de repouso [refere-se ao domingo] e a observância das restrições de nosso lar adicionalmente". Ibid., 13 de julho de 1892, p. 6755.

O Senador Frye disse:

"Creio que a salvação deste país depende da proximidade com que se aplica à observância do dia de repouso [ele fala aqui do domingo] dos dias primitivos. Temos estado nos desviando dele de tempos em tempos, afastando-nos dele. Quanto mais cedo voltarmos a ele, melhor será para esta República".--Ibid., 12 de julho de 1892, p. 6703.

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Então, tal como a mesma coisa tem sido feita aqui e agora pelos partidos semelhantes, para o mesmo propósito, e pelos mesmos meios, estamos a essas alturas no relato. E o que acontece em seguida? Será o resto da conta paga? Com certeza será; mas estava tudo escrito para nós. Situamo-nos agora no ponto em que a nação se apresentou quando Pilatos se submeteu e assumiu a jurisdição. E quando chegaram àquele ponto, o destino da nação estava selado. Tal como aquilo que fizeram naquele tempo fixou inalteravelmente a sorte da nação rumo à destruição, e como a destruição certamente seguiu-se, também a destruição desta nação se seguirá em consequência daquilo que foi feito, tão certamente quanto a destruição daquela nação seguiu-se àquilo que realizaram naque­le tempo aquela noite.

Quando aquilo se passou naquela noite, e a sorte da nação foi fixada, aquele juízo não desabou de imediato. Não; Jesus disse a Seus discípulos que deviam dar testemunho Dele em Jerusalém, na Judéia, e depois em Samaria, e até os confins da Terra. Em Jerusalém e na Judéia primeiro, porque a ruína ali pairava; depois a todo o mundo. Mas para Jerusalém e Judéia em primeiro lugar, a fim de salvar por esse evangelho aqueles que se salvariam da ruína que certamente desabaria. E esta nação se posta agora onde aquela se postou então. A ruína está determinada; isso está fixado; é somente uma questão de tempo quanto à ocasião em que se dará.

Mas eis que Jesus tem um povo hoje que está mantendo o Seu sábado, e a idéia de Deus quanto ao sábado tal como a revela para o mundo. A esse povo Ele diz pela voz do anjo:

"Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura tendo o evangelho eterno para pregar a toda nação e tribo e língua e povo". Marcos 16:15; Apocalipse 14:6,7.

Tal fato interessa a toda nação, e tribo, e língua, e povo, porque a influência desta nação é mundial, e aquilo que esta nação tem realizado nesta terra, levará todas as outras nações pela mesma iníqua maneira, e a ruína que desaba nesta, envolve todas as demais.

Bem, então a mensagem agora é "Ide", tão certa quanto o foi então, "a todo o mundo", porque está con­denado. Ide, portando o evangelho eterno para salvar quantos serão salvos da ruína que está estabelecida por isso que foi feito.

Mas antes que esses discípulos fossem, Jesus lhes disse:

"Permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder". "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, e em Samaria, e até aos confins da Terra". Lucas 24:49; Atos 1:8.

      Eles não foram até o Pentecoste ter-lhes repleto com poder. Estamos na presença do segundo Pentecoste. Devemos ser repletos com poder. Buscarão esse poder? Não podem ser fiéis ao sábado do Senhor como Jesus Cristo foi, sem Sua presença viva que esse Espirito Santo traz. "Que em vós esteja a mente que estava em Cristo Jesus". Agora o chamado é: Ide a toda a Terra e pregai este evangelho a toda criatura, para que possam ser salvos deste mundo os que escaparão da ruína que certamente desabará, e isso bem depressa, também. Nós e esta nação estamos agora postados onde eles estavam naquela noite quando rejeitaram a Jesus Cristo, e quando a sorte daquela nação foi fixada. Postamo-nos agora onde eles então se postaram, e é somente uma questão de tempo so­bre quando aquela ruína certamente se precipitará.

Sendo o sábado do Senhor -- o sétimo dia -- o próprio sinal da salvação em Jesus Cristo, sendo o sinal de que Cristo é para os homens, então, ao rejeitarem o sábado do Senhor estão rejeitando a Cristo.(3) Tal como os fariseus no passado, ao rejeitarem a Cristo rejeitaram o sábado do Senhor, estes atuais, rejeitando ao sábado do Senhor, estão rejeitando a Cristo. Pois o sábado do Senhor significa Jesus Cristo, e Cristo significa o sábado do Senhor. àqueles no passado, Ele disse: "A pedra que os edificadores rejeitaram, a mesma se tornou pedra de es­quina". "Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular". Mateus 22:42; Atos 4:11. E aos do tempo presente Ele declara a mesma coisa. Tendo sido sua salvação envolvida nisso que re­jeitaram no passado, também a salvação desses agora está envolvida nisso que eles rejeitaram naquela ocasião.  É verdade que os príncipes deste mundo então não sabiam o que estavam fazendo, pois se tivessem sabido, "não te­riam crucificado o Senhor da glória". Mas eles o fizeram. Nem sabem estes o que estão fazendo. Mas também o fizeram.

Eles, lá no passado, não sabiam o que estavam fazendo quando condenaram e rejeitaram a Jesus em razão do sábado. Estes que têm praticado este grande mal em nossos dias não sabem o que fizeram, e o que estão fazendo -- não sabem que ao condenarem e rejeitarem o sábado, estão também condenando e rejeitando ao Senhor Jesus Cristo. Não sabem que nisto que fizeram lançam a sorte desta nação. No passado não se aperceberam disso, tampouco. Mas não o fizeram naquela ocasião? -- Certamente. Não poderiam tê-lo feito mais certamente se houves­sem conhecido tudo a respeito desde o princípio. Estes agora não sabem o que fizeram; mas o fizeram; e não poderiam tê-lo feito mais certamente se o tivessem intencional e sabidamente praticado, e seguiram adiante para pra­ticá-lo desde o começo.

Esse relato inteiro foi escrito para advertência e instrução de homens nas épocas que se seguem. E a ne­nhuma outra era ou tempo poderia possivelmente ser mais aplicável, ou mais pertinente, do que exatamente para estes dias e esta época nos Estados Unidos. O paralelo está completo: Aqui os fariseus, os escribas, e os doutores da lei rejeitaram a idéia de Deus quanto ao sábado e estabeleceram a do homem.(4) A idéia de Deus sobre este assunto é claramente definida: "O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus". A idéia do homem é, e está de­clarada: "O domingo é e será o dia de repouso", e isto claramente em lugar do sábado do Senhor, como o Senhor mesmo estabeleceu a questão.

Hoje também as seitas mais separadas em profissão, o protestantismo e os católicos, uniram-se tal como fizeram os fariseus e herodianos a fim de obterem o controle do poder governamental para tornarem efetivos os seus propósito de rebaixar a idéia divina do sábado e exaltar uma do homem--mesmo a do "homem do pecado". Estes, também, hoje, como os do passado, realizam o seu propósito sobre as autoridades governamentais mediante ameaças de ruína política, como também os do passado fizeram sobre Pilatos.(5) E hoje, em muitas partes da ter­ra, esses fariseus estão perseguindo os que mantêm a idéia do Senhor quanto ao sábado, tal como expressa em Suas próprias palavras, exatamente como aqueles fariseus no passado perseguiam a Jesus por fazer a mesma coisa. Hoje esses fariseus estão observando, espiando, aqueles que são leais à idéia de Deus sobre o sábado, tal como os que no passado observavam a Jesus e O espiavam pela mesma razão. Hoje, esses fariseus estão fazendo tudo isso para levarem os adventistas do sétimo dia a se comprometerem ou renunciarem à idéia divina quanto ao sábado e adotarem a idéia humana, que não passa da idéia do homem do pecado, como fizeram os fariseus no passado a fim de levarem Jesus a fazer a mesma coisa.

E tendo agora prevalecido sobre o poder governamental do seu lado e sob o seu controle, eles o empregarão, como fizeram os fariseus do passado, para perseguirem à morte todos quanto não renunciarem às idéias de Deus sobre o sábado e adotarem as do homem do pecado. Apocalipse 13:15.

Estamos por demais felizes em saber, e ter esses fariseus descobrindo, que há algumas pessoas hoje muito semelhantes a Jesus, que quando estão sob perseguição para se obter deles a renuncia ao sábado do Senhor a fim de adotarem a do homem, eles não o fazem. Estamos contentes em saber que existem hoje algumas pessoas que se assemelham tanto a Jesus que quando estão se conformando estritamente com a idéia de Deus sobre o sábado, e são, portanto, fiéis observadoras do sábado, são mesmo assim perseguidas e aprisionadas como violadores do dia de repouso. E estamos especialmente felizes em saber que essas pessoas se assemelham tanto a Jesus que quando os fariseus de hoje se põem a espiá-las e observá-las secretamente, como fizeram outros ao redor de Jesus, vêem somente aquilo de que estão em busca, tal como se dava com os fariseus que espiavam a Jesus.

E esperamos sinceramente que essas pessoas sejam ainda semelhantes a Jesus ao ponto de sofrerem perseguição e morte como Ele fez, em lugar de comprometer-se e submeter-se que seja por um fio de cabelo a sua aliança à idéia divina do sábado, ou adotarem a idéia humana do sábado em paralelo às do Senhor. Está escrito a respeito dos valdenses observadores do sábado, que "muitos do verdadeiro povo de Deus tornaram-se tão desorientados que, conquanto observassem o sábado, abstinham-se também de trabalhar no domingo". -- O Grande Conflito, Vol. IV, p. 65. Deus nos livre que qualquer um que pertence ao verdadeiro povo de Deus em nossos dias se faça tão desorientado sobre isso! Muito melhor é ser semelhante a Jesus e morrer pela aliança à verdade de Deus, do que viver por compromissos com as mentiras e abominações dos fariseus e herodianos, respaldados pelo poder governamental.

"Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, o qual é fiel àquele que O constituiu".

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