Os Sete Anjos
Capítulo 20
A Sua Súplica
De acordo com Apocalipse 14:15, as únicas palavras ditas pelo movimento do quinto
anjo são dirigidas a Cristo enquanto Ele viaja na grande nuvem branca em
direcção a esta Terra: “... Lança a Tua foice, e sega; porque já é vinda a hora
de segares, porque já a seara da terra está madura.” Apocalipse 14:15 (King James.)
Obviamente estas não são as únicas
palavras que eles dizem. Eles passarão incontáveis horas devotadas à mais
diligente súplica ao Senhor, durante cada sessão pronunciarão milhares de
palavras. Quando, contudo, todas aquelas orações são apontadas para esse único
ponto que será o vivo coração das suas petições e a expressão exacta da atitude
e posição deles nessa altura, todas elas estão resumidas naquelas breves
palavras: “Lança a Tua foice e sega, porque já é vinda a hora de segares, pois
a seara da terra está madura.”
A consideração inicial destas palavras
deixa-nos a impressão que há pouco significado nelas. Parecem ser apenas um
simples pedido a Cristo para reunir a colheita de modo que todos eles possam ir
para o lar, mas um cuidadoso estudo à luz dos relevantes factos e princípios,
começa a revelar que há na verdade grande significado nestas palavras. Elas
contêm uma expressa determinação da parte dos 144,000 que, apesar da
persistente e terrível pressão que será exercida sobre eles para assim fazer,
não trairão a causa de Deus como todos os outros movimentos no passado fizeram.
O ataque de Satanás ao carácter de Deus
naturalmente incluía uma rejeição do Altíssimo no papel de Solucionador de
problemas, Planeador e Transportador de aflições. Foi por Satanás ter rejeitado
o Altíssimo nestes papéis e a colocação de si mesmo nestas posições que a
rebelião se iniciou. Desde essa altura, ele tem trabalhado incessantemente para
incitar os homens a substituir os procedimentos de Deus com os seus caminhos.
Ele argumenta com demasiado sucesso que apenas os seus caminhos podem assegurar
aos homens prosperidade e paz, embora, de facto, o resultado seja o oposto em
cada caso. Apesar das claras advertências contidas na palavra de Deus e
provadas no resultado real dos acontecimentos, mesmo os grandes movimentos que
Deus tem chamado para O representar têm escolhido, um atrás de outro, seguir os
caminhos de Satanás em preferência dos Seus. Tão certo quanto eles fizeram
isto, assim chegaram ao desastre e o Senhor teve que chamar outro povo.
Na grande luta final dos séculos, todos
estes pontos chegarão à sua final confrontação. Satanás terá estabelecido no
mundo o mais ambicioso e extenso exercício em planeamento satânico e humano que
a história jamais produziu. A ninguém será permitido opor-se ao poderoso
movimento. Toda a ameaça será dirigida àquele que ousar resistir aos poderes
existentes e somente os que conhecem realmente o seu Deus serão capazes de
ficar firmes. Todo o mundo seguramente se maravilhará e seguirá após a besta.
“E vi uma das suas cabeças como ferida
de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a
besta.” Apocalipse 13:3.
Esta crise não se desenvolverá num
momento. Ela levará tempo a amadurecer e está mesmo agora no processo de o
fazer. Todo o crente em Jesus devia compreender o que está a ter lugar no
cumprimento das profecias escritas há muito tempo.
Uma das mais claras representações do
que irá acontecer é dada no comportamento de Acabe e Jezabel, o rei e a rainha
do Israel apostatado.
A Bíblia especificamente cita Jezabel
como o tipo de Babilónia que se levantou na Idade Média e que se levantará de
novo na luta final com o Deus do Céu. Nas advertências dadas à igreja de
Tiatira, a testemunha verdadeira fez específica referência a Jezabel e à sua
operação entre eles nestas palavras:
“Mas tenho contra ti que toleras
Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.” Apocalipse 2:20.
Se esta ímpia rainha é um símbolo
directo da igreja papal apostatada da Idade Média, continuará a ser o símbolo
dessa mesma Babilónia quando ela assumir o poder universal no futuro próximo.
Ela é a mulher de Apocalipse 17 que
aparece vestida de púrpura e escarlate e está montada na besta cor de
escarlata.
“E levou-me em espírito a um deserto, e
vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia
de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres.
“E a mulher estava vestida de púrpura e
de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua
mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição;
“E na sua testa estava escrito o nome:
Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra. E
vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das
testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.” Apocalipse 17:3-6.
Aqui o seu nome é chamado “a grande
Babilónia,” mas isto não muda o facto que noutro lado seja chamada aquela
mulher ímpia Jezabel. Quer no tempo de Acabe, ou no antítipo na Idade Média, ou
outra vez no fim do tempo, ela é sempre a mesma. Os seus princípios e
procedimentos nunca se alteraram, nem se alterarão, porque ela reivindica
infalibilidade e insiste que nunca errou ou jamais errará. Para compreender
como ela operará no futuro, apenas temos que estudar como ela operava no
passado. Esse estudo começa com uma revisão da sua desobediência quando casou
com Acabe e se tornou rainha de Israel. O seu verdadeiro carácter e método de
trabalho em lado algum é melhor revelado do que no incidente da vinha de
Nabote.
“E sucedeu depois destas coisas que,
Nabote, o jizreelita, tinha uma vinha em Jizreel junto ao palácio de Acabe, rei
de Samaria.
“Então Acabe falou a Nabote, dizendo:
‘Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha ao lado da
minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor: ou, se for do teu agrado,
dar-te-ei o seu valor em dinheiro.’
“Porém Nabote disse a Acabe: ‘Guarde-me
o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais.’” 1Reis 21:1-3.
A resposta de Nabote soa a insolência,
mas essa não era a sua atitude. Pelo contrário, ele estava simplesmente a
recordar a Acabe que a lei divina proibia que se fizesse essa transacção. Os
judeus não deviam vender a herança fora da tribo. Vede Números 36. Isto tinha pouca importância para o rei, porque ele não
tinha respeito por Jeová e Seus justos mandamentos, mas isso preocupava Nabote
que amava e respeitava os estatutos e juízos divinos.
Quando o rei verificou que era incapaz
de adquirir o pedaço da terra cobiçada, ficou frustrado pelo seu problema ao
ponto de sofrer uma grave depressão.
“Então Acabe veio desgostoso e indignado
à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando
disse: ‘Não te darei a herança de meus pais.’ E deitou-se na sua cama, e voltou
o rosto, e não comeu pão.” Versículo 4.
Quando a sua mulher, Jezabel, o
descobriu naquele estado, rapidamente soube da causa da sua miséria e do mesmo
modo tomou sobre si a resolução do problema.
“Então Jezabel, sua mulher lhe disse:
‘Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-se o teu
coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizreelita.’
“Então escreveu cartas em nome de Acabe,
e as selou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que
havia na sua cidade e habitavam com Nabote.” Versículos 7 e 8.
Em obediência às ordens dela, Nabote foi
falsamente acusado e morto. Uma vez afastado este obstáculo, Acabe ficou livre
para tomar posse da vinha.
No tipo, esta história descreve a
operante relação que será mantida entre a igreja e o Estado nos últimos dias.
Jezabel representa o lado religioso da aliança, ao passo que Acabe é o símbolo
dos poderes civis. Jezabel era a “...filha de Etbaal, rei dos sidónios ...” 1Reis 16:31. O nome do seu pai indica
especial dedicação ao serviço dos deuses falsos, assegurando que jezabel
crescesse num ambiente totalmente hostil ao verdadeiro Deus. Tal como é
facilmente visto no seu tratamento com o infeliz Nabote, ela foi dedicada a
todos os princípios e procedimento babilónicos.
Jezabel levou a cabo a sua vontade
usando o poder do rei. Com efeito ela disse, “usarei o teu poder e com ele
resolverei os teus problemas.” Assim será uma vez mais no fim dos tempos. Os
Estados Unidos, essa grande nação que foi construída com base no princípio da
total separação da igreja do Estado será a principal a aceitar esta proposta.
O palco para este desenvolvimento já se
está a preparar. Todos os dias, os problemas que perturbam as nações agravam-se
cada vez mais. Elas não são capazes de compreender a fonte dos seus ais, embora
esteja claramente explicado nas Escrituras e na história. A raiz destes
problemas pode ser traçada no passado até à queda no Éden. Mas as causas mais
imediatas são encontradas na grande rejeição do evangelho que teve lugar em
1844.
Antes de soar a mensagem do primeiro
anjo, embora já tivessem mergulhado numa cada vez mais profunda apostasia, as
igrejas da Reforma ainda ensinavam a obrigação que repousava sobre todo o
professo filho de Deus de obedecer aos Seus mandamentos. Contudo, quando lhes
foi oferecido o evangelho eterno, rejeitaram-no e desse modo colocaram-se a si
mesmos onde era impossível ver e aceitarem as mensagens que se seguiram, como
está escrito:
“Os que rejeitavam a primeira mensagem
não podiam ser beneficiados pela segunda, nem o eram pelo clamor da meia-noite,
que devia prepará-los para entrar com Jesus pela fé no lugar santíssimo do
santuário celestial. E pela rejeição das duas primeiras mensagens, ficavam com
o entendimento tão entenebrecido que não podiam ver qualquer luz na mensagem do
terceiro anjo, que mostra o caminho para o lugar santíssimo.” Primeiros Escritos, 260, 261.
A sua incapacidade para ver a terceira
mensagem angélica, significava que não podiam ver a luz contida na verdade do
sábado, nem aceitá-la. Isto lançou-os num dilema. Professavam crer na Bíblia
como única autoridade para os cristãos e tinham ensinado a obrigatoriedade dos
reclamos da lei, contudo não podiam ver e aceitar a inteiramente escriturística
e de acordo com a lei, verdade do sábado. O que tornou este problema grave foi
a actividade dos adventistas, que, com verdadeiro zelo evangélico, estavam a
chamá-los ao reconhecimento e observância do sétimo dia. Como se tornou
impossível fazer isto, a única alternativa era rejeitar tanto a lei como o
sábado e foi isto que em seguida fizeram.
“E, ao insistir-se com o povo acerca das
reivindicações do quarto mandamento, verifica-se que a observância do sábado do
sétimo dia é ordenada; e, como único meio de livrar-se de um dever que não
estão dispostos a cumprir, declaram muitos ensinadores populares que a lei de
Deus não mais está em vigor. Repelem, assim, a lei e o sábado juntamente. À
medida que se estende a obra da reforma do sábado, esta rejeição da lei divina para
evitar as reivindicações do quarto mandamento se tornará quase universal.” O Grande Conflito, 587.
Esta foi de todas a pior solução que
podiam adoptar. Deviam ter sido honestos e simplesmente deixar completamente a
religião, em vez de rejeitarem a mensagem que o Senhor tinha enviado enquanto
ainda afirmavam serem Seus filhos. Tivessem eles sido capazes de ver qual viria
a ser o fruto das suas acções, talvez não tivessem escolhido a solução que
escolheram, porque deram início a uma corrente de males que foram incapazes de
controlar.
“Os ensinos dos dirigentes religiosos
abriram a porta à incredulidade, ao espiritismo e ao desdém para com a santa
lei de Deus; e sobre esses dirigentes repousa a terrível responsabilidade pela
iniqüidade que existe no mundo cristão.” O
Grande Conflito, 587.
Os devotos dirigentes da igreja de hoje
são as últimas pessoas de quem se suspeitaria de serem a causa da tão rápida
ampla disseminação da iniquidade no mundo, mas o facto é que eles são os
próprios sobre quem a culpa deve cair. É impossível aos homens ensinarem que a
lei de Deus já não vigora e ao mesmo tempo não serem instigadores do mal. Tão
seguramente como a colheita de plantas nocivas se segue à sementeira das suas
sementes, assim a desobediência moral e civil se sucederá aos ensinos expostos
por estes modernos guias espirituais.
Não é segredo que o crime, terrorismo,
extorsão, imoralidade, vício e violência estão a aumentar. Os criminosos estão
a tornar-se cada vez mais audazes e mais cruéis com cada vez menos a serem
presos e levados perante a justiça. Mesmo então, parte deles são postos em
liberdade sem condenação. Rompem guerras em várias partes do mundo e as
economias nacionais estão ameaçadas pelo colapso.
Naturalmente, a sociedade deseja ser
liberta dessas pragas. Os povos querem uma solução para estes problemas, desde
que não seja o caminho de Deus a fazê-lo. É uma questão simples hoje começar
uma conversa com um estranho quanto à incerteza do futuro. Pode confiar-se nele
na expressão do desejo que toda a confusão será esclarecida, mas se começardes
a descrever o caminho de Deus para alcançar isto, o interesse normalmente
desaparece e a conversa é terminada.
Uma vez que o homem embarque na sua
própria solução de problemas em vez de deixar esta obra para o Senhor, apenas
piorará as coisas para si mesmo se usar os mesmos procedimentos num esforço
para solucionar os problemas que os seus próprios esforços causaram. Ele não
entende o ponto de vista que, se tanto dos seus esforços para solucionar os
problemas causaram tantos problemas, então mais da mesma coisa apenas causará
mais dificuldades.
Por isso, as más soluções dos dirigentes
religiosos com vista a solucionar a questão do sábado e que trouxeram sobre
eles inumeráveis problemas, será seguido de medidas ainda piores. A
obrigatoriedade da observância do domingo é exigida na base de “... que a
corrupção que rapidamente se alastra é atribuível em grande parte à profanação
do descanso dominical, e que a imposição da observância do domingo melhoraria
grandemente a moral da sociedade.” O
Grande Conflito, 587.
Esta é uma rejeição adicional do sábado
e dos princípios nele contidos; um passo que apenas se pode seguir a um piorar
dos males que assolam a Terra. Crime, terrorismo, iniquidade e imoralidade
continuarão a aumentar. Mas estes não são os únicos efeitos destes movimentos.
Eles claramente mostram o caminho de regresso a Roma e à sua subsequente
exaltação ao domínio mundial, e, pela retirada da presença do Espírito Santo da
Terra, abriram a porta para a entrada do espiritismo.
“Mediante os dois grandes erros — a
imortalidade da alma e a santidade do domingo — Satanás há de enredar o povo em
suas malhas. Enquanto o primeiro lança o fundamento do espiritismo, o último
cria um laço de simpatia com Roma. Os protestantes dos Estados Unidos serão os
primeiros a estender as mãos através do abismo para apanhar a mão do
espiritismo; estender-se-ão por sobre o abismo para dar mãos ao poder romano;
e, sob a influência desta tríplice união, este país seguirá as pegadas de Roma,
desprezando os direitos da consciência.” O
Grande Conflito, 588.
Nem este é o limite das assolações. À
medida que estes movimentos levam o mundo para cada vez mais longe de Deus,
Satanás ganha um crescente domínio do tremendo poder dos elementos naturais.
Isto dá-lhe a oportunidade para operar como um destruidor embora professe trabalhar
como amigo da humanidade.
“Por meio do espiritismo Satanás aparece
como benfeitor da humanidade, curando as doenças do povo e pretendendo
apresentar um novo e mais elevado sistema de fé religiosa; ao mesmo tempo,
porém, ele opera como destruidor. Suas tentações estão levando multidões à
ruína. A intemperança destrona a razão; seguem-se a satisfação sensual, a
contenda e a matança. Satanás deleita-se na guerra; pois esta excita as mais
vis paixões da alma, arrastando então para a eternidade as suas vítimas
engolfadas no vício e sangue. É seu objetivo incitar as nações à guerra umas
contra as outras; pois pode assim desviar o espírito do povo da obra de preparo
para estar em pé no dia de Deus.” O
Grande Conflito, 589.
Quando Satanás teve permissão para afligir
o patriarca Jó, demonstrou o maravilhoso conhecimento que tinha da operação das
forças da natureza e mostrou a sua capacidade para manipular estes poderes em
seu favor. À medida que o Espírito é retirado da Terra, Satanás aproveita a sua
oportunidade para transformar o poderes da natureza em furiosos mensageiros de
destruição. Tende a certeza que é ele e não o nosso terno Pai celestial, que
está a desolar a Terra hoje. Estas devastações irão de mal a pior antes de
tornarem no pior de tudo.
“Ao mesmo tempo em que aparece aos
filhos dos homens como grande médico que pode curar todas as enfermidades,
trará moléstias e desgraças até que cidades populosas se reduzam à ruína e
desolação. Mesmo agora está ele em atividade. Nos acidentes e calamidades no mar
e em terra, nos grandes incêndios, nos violentos furacões e terríveis
saraivadas, nas tempestades, inundações, ciclones, ressacas e terremotos, em
toda parte e sob milhares de formas, Satanás está exercendo o seu poder.
Destrói a seara que está a amadurar, e seguem-se fome, angústia. Comunica ao ar
infecção mortal, e milhares perecem pela pestilência. Estas visitações devem
tornar-se mais e mais freqüentes e desastrosas. A destruição será tanto sobre o
homem como sobre os animais. ‘A Terra pranteia e se murcha’, ‘enfraquecem os
mais altos dos povos. ... Na verdade a Terra está contaminada por causa dos
seus moradores; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos, e quebram a
aliança eterna.’ Isa. 24:4 e 5.” O Grande
Conflito, 589, 590.
Satanás tem prazer na compreensão de que
tudo isto é apenas o começo das aflições, pois sabe que quanto mais os homens
se enredarem nos seus sofrimentos e dificuldades, mais prontos estão para serem
manobrados pelo controlo dele. A prosperidade do mundo está directamente relacionada
com a sua produção agrícola. Quando as convulsões generalizadas da natureza
descritas no parágrafo anterior chegarem a proporções realmente graves, haverá
desesperada escassez de alimento e outras comodidades. Os preços inflacionarão
a níveis inacreditáveis; milhões estarão desempregados; sindicatos lutarão por
melhores salários; e haverá insurreições, violência, pilhagens e terrorismo tal
jamais visto ou se acreditasse ser possível. O crime aumentará grandemente à
medida que as pessoas ficam desesperadas por causa de alimento e vestes. Será
uma situação de tal magnitude que as autoridades civis reconhecerão que as
coisas estão totalmente fora de controlo e verão com aterradora apreensão as
perspectivas do futuro — isto é, se puderem acreditar que ele existirá.
Entretanto, o povo de cada nação
tornou-se cada vez menos confiante nos seus dirigentes políticos. Estes homens
são eleitos para as suas posições no poder com o intuito de resolverem os
problemas que afligem os seus países. Conseguem os votos do povo
prometendo-lhes coisas maravilhosas, mas vez após vez está demonstrado que eles
não têm capacidade para realizarem o que dizem que farão. Quando um partido
falha, os votantes tentam outro, encontrando unicamente o mesmo resultado
desapontador. Para tornar as coisas ainda piores, os partidos não mais evitam
lutar entre si, mas passam tempo em guerra dentro das suas próprias fileiras.
Isto destrói ainda mais a confiança na sua sinceridade e sua capacidade para
fazerem o que é necessário para trazer um regresso da estabilidade e
prosperidade.
O povo será assim preparado para olhar
numa nova direcção em busca de um solucionador de problemas eficaz. Na sua
crescente ansiedade e desespero, aceitarão a oferta que lhes é feita e Satanás,
sabendo isto, oferece-se a si próprio na pessoa de um guia que aparentemente
dará aos habitantes do mundo a perfeita solução eficaz para os seus
sofrimentos. Será ele o homem que está à cabeça das igrejas de todas as nações
da Terra unidas.
A fim de convencer realmente como
candidato a esta posição, o guia religioso do mundo tem que ter uma igreja
livre de escândalos e divisão. Árduos esforços já estão a ser feitos para levar
as igrejas à completa união e considerável sucesso tem sido alcançado. Há ainda
dissidentes, mas à medida que o tempo passa, eles diminuirão em número até
“haver um laço de união universal, uma grande harmonia, uma confederação das
forças de Satanás.” The
S.D.A. Bible Commentary 7:983.
A igreja será capaz de se aproximar das
autoridades civis com o argumento que resolveu os seus problemas, como é
evidente pelo estado unido e provará desse modo que serão capazes de encontrar
resposta para as dificuldades que ameaçam destruir a sociedade humana. Os
governos terrestres terão provado com certeza que não o podem fazer, e, à
semelhança de Acabe, estarão doentes por causa da frustração e da preocupação.
Com efeito, a igreja dirá então aos legisladores, “dai-nos o vosso poder e nós
solucionaremos os vossos problemas.”
Exactamente como Jezabel tomou o poder
do rei e executou a vontade dela em nome dele, assim as igrejas farão o mesmo
na luta final. Este será o mais ambicioso e “prometedor” exercício do
planeamento e solução de problemas que a história jamais testemunhou e virá no
fim do tempo quando os povos de todo o globo estiverem ansiosos por alívio das
suas misérias. As multidões saudarão isto como a segura introdução do tão
longamente esperado milénio de paz e prosperidade. O clamor de paz e segurança
soará e a ninguém será permitido colocar-se no caminho do poderoso movimento.
Todo o que o fizer, será visto como uma ameaça à sobrevivência da sociedade
humana. Será tomada a posição que é melhor que uns poucos morram do que pereça
toda a humanidade.
O verdadeiro povo de Deus que foi
educado nos princípios do repouso do sábado, será rápido a discernir este erro
fatal que o mundo está a cometer. Verão que a única consequência possível da
acção recomendada e implementada pelas igrejas, será piorar a já desesperada
situação que resultará na exterminação da raça e a total desolação da Terra.
Será nesta hora de suprema crise que o
tremendo poder do Espírito Santo será derramado na chuva serôdia. O povo de
Deus assim equipado, descrevendo as repetidas lições da Escritura, será capaz
de convincentemente demonstrar que todas as vezes que os homens tentaram
remediar os seus problemas com soluções humanas, apenas terão sucesso em tornar
uma situação má noutra ainda pior. Lembrarão o esforço original da parte de
Lúcifer para resolver os seus próprios problemas e as terríveis consequências
desse horrendo erro. Mostrarão como o pecado se estabeleceu no Éden através dos
mesmos procedimentos. Apontarão para os esforços de Abrão e Sarai para realizar
a promessa de Deus através das suas próprias invenções; os sucessos de Deus
como Planeador e Solucionador de problemas no êxodo do Egipto; o triste
retrocesso em Cades Barneia; a vitória de Josué em Jericó, e o insucesso em Ai;
a tragédia do povo judeu que estavam determinados em aceitar o Messias apenas
na condição que eles retivessem a tarefa de planeadores, ao passo que Ele, pela
aplicação do Seu poder aos planos deles, os fizesse operar com sucesso; o
estabelecimento na primitiva igreja cristã do mistério da iniquidade através da
rendição de Paulo à pressão imposta sobre ele pelos dirigentes da igreja em
Jerusalém; e muito mais.
Estes argumentos serão tão poderosos que
ninguém na Terra será capaz de opor-se. Eles patentearão a verdadeira estrutura
das grandes propostas avançadas por Babilónia a Grande. Demonstrarão como este
último e mais ambicioso de todos os esquemas humanos para solucionar problemas
trará em vez disso o pior tempo de tribulação possível. Mostrarão que estas
medidas não resultarão na libertação de todos os sofrimentos humanos e
conduzirão ao longamente desejado milénio de paz e prosperidade.
Mas, muitas pessoas, intoxicadas com o
sonho de grandeza mundana que crêem sucederá a nova ordem de coisas, serão
incapazes de chegar ao verdadeiro significado daquilo que os santos estão a
dizer. Em vez de perceberem o amor e sabedoria expressos na mensagem que lhes é
transmitida no poder do Espírito Santo, olharão a mensagem dos mensageiros de
Deus como inimigos mortais dedicados à sua tortura e destruição.
No início, na crença que será suficiente
silenciar esta voz minoritária, os crentes serão ridicularizados, mas quando
isto falhar, medidas mais severas serão usadas. Segue-se a perseguição, depois
da qual vem a imposição de pesadas multas e duras sentenças de prisão. Quando
isto não silenciar o seu testemunho, os filhos de Deus, verão negado o seu
direito de comprar ou vender, depois do que serão sentenciados à morte por
causa da sua firmeza.
“O povo de Deus não estará livre de
sofrimento; mas conquanto perseguidos e angustiados, conquanto suportem
privações, e sofram pela falta de alimento, não serão abandonados a perecer. O
Deus que cuidou de Elias, não desamparará nenhum de Seus abnegados filhos.
Aquele que conta os cabelos de sua cabeça, deles cuidará; e no tempo de fome
serão alimentados. Enquanto os ímpios estão a morrer de fome e pestilências, os
anjos protegerão os justos, suprindo-lhes as necessidades. Para aquele que
‘anda em justiça’ é esta promessa: ‘O seu pão lhe será dado, as suas águas
serão certas. Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua
se seca de sede; mas Eu, o Senhor os ouvirei, Eu o Deus de Israel, os não
desampararei.’ Isa. 33:16; 41:17.” O
Grande Conflito, 629.
Estas maravilhosas promessas estão
seguras para todos os que puserem a sua total confiança nelas e no Senhor que
disse estas palavras. Durante a angústia de Jacó, o pão e a água serão dadas e
Deus não abandonará os Seus escolhidos. Eles serão libertos dos seus inimigos e
não serão afligidos como serão os ímpios pelas sete últimas pragas.
Mas deve ser tomado cuidado para assegurar
que impressões erradas não sejam formadas acerca das experiências pelas quais
os santos passarão durante este tempo. Temos a tendência para raciocinar que as
promessas do Senhor fez garantem que logo que apareçam as aflições, temos
apenas que invocar o Senhor e Ele instantaneamente resolverá a dificuldade. Mas
não será assim. pelo contrário,
parecerá que o Senhor se esqueceu das Suas promessas, não se importa com a
vitoriosa acção da Sua própria obra e abandonou o Seu povo à malícia do ímpio.
Diligente e perseverantemente os santos clamarão dia e noite, mas não obterão
resposta.
Para eles a consideração supremamente
importante será a honra do nome de Deus e a vindicação do Seu carácter. Eles
arderão com inexprimível desejo do fim do pecado e o estabelecimento da justiça
eterna. Os seus próprios interesses pessoais serão tão insignificantes,
relativamente a estas imensas questões, que terão muito pouca influência no seu
comportamento.
Então, por causa de não verem indicação
visível de que o Soberano do Universo tem a mínima preocupação com o problema,
sentirão que, tão seguramente como o Senhor não está a fazer nada, alguém tem
que assumir a responsabilidade de fazer alguma coisa para assegurar a derrota
do inimigo. Será a mesma tentação em que Abrão e Sarai caíram a respeito da
promessa de Deus lhes dar um filho — um filho da fé e não das obras. O mesmo
erro foi cometido em Cades Barneia quando os judeus tiraram a Jeová a obra de
planear a conquista de Canaã. Isto tem sido feito uma e outra vez e, de cada vez,
tem resultado em graves adiamentos dos propósitos divinos e tem assim
prolongado o reino do pecado.
Durante a angústia de Jacó todos estes
erros do passado têm que ser deixados para trás para sempre. A pressão será
incomensuravelmente maior, quanto maior for o facto, de modo que seria
impossível ser pior. Será uma luta agonizante para o povo de Deus resistir à
terrível tentação de deixar a sua absoluta fé em Deus e tomar a obra nas suas
próprias mãos. Evidentemente, eles fariam isto por causa do Senhor e da
verdade, mas isto não o tornaria correcto por um momento.
O povo de Deus não devia ficar
surpreendido quando há uma longa espera antes das suas orações serem
respondidas, porque isto aconteceu uma e outra vez excepto quando procuraram a
vitória sobre o pecado. Então a resposta é sempre imediata. “Em alguns casos de
cura, Jesus não concedeu imediatamente a bênção buscada. No caso da lepra,
todavia, tão depressa foi feito o apelo, seguiu-se a promessa. Quando pedimos
bênçãos terrestres, a resposta a nossa oração talvez seja retardada, ou Deus
nos dê outra coisa que não aquilo que pedimos; não assim, porém, quando pedimos
livramento do pecado.” O
Desejado de Todas as Nações, 266.
Quando Jesus esteve no deserto da
tentação, a Sua súplica tornou-se desesperada. Dia e noite, rogou ao Seu Pai
por libertação, mas apesar das suas orações serem perseverantes e saturadas de
fé, os dias passavam lentamente sem qualquer resposta de cima.
Assim será com os justos durante a
angústia de Jacó. À medida que o tempo se arrastar sem qualquer evidência
visível de que suas orações são ouvidas e respondidas, a pressão que pesará
sobre eles para tomarem as coisas nas suas próprias mãos passará quaisquer
limites, mas, desenvolverão a fé de Jesus e a paciência dos santos. Terrível
como será essa prova, os santos estarão entregues aos princípios do repouso do
sábado pelos quais serão tão firmes como foi Jesus em deixar que o Senhor faça
o que prometeu fazer a seu tempo e à Sua maneira. Esta resolução encontrará a
sua expressão nas palavras dirigidas por eles a Cristo quando Ele viaja no
carro de nuvens do Céu para a Terra:
“... Lança a Tua foice, e sega; porque já é vinda a hora de segares, porque já a
seara da terra está madura.” Apocalipse
14:15 (King James.)
Que riqueza de verdade está contida
neste testemunho e seria visto por nós se a nossa visão espiritual fosse limpa!
Nesta súplica, os 144,000 estarão a dizer, “a pressão está sobre nós para assumir a responsabilidade da
finalização da obra, mas lembramos a nós próprios constantemente que Tu és o
Solucionador de problemas e que é criticamente essencial que deixemos a Tua obra para Ti. Nós não nos moveremos no mínimo para assumir as Tuas
responsabilidades. Tu és o segador. Por isso, lança Tu a Tua foice afiada e
ceifa a colheita da Terra.”
Esta é a expressão da sua determinação
de deixar para Cristo a obra d’Ele. Eles tornam claro que não importa a
pressão, a desesperada necessidade, ou os tremendos desastres que os ameacem e
à causa do Senhor, não usurparão o Seu lugar. Eles ganharão a vitória que todos
os movimentos anteriores falharam alcançar e que por causa dos seus fracassos,
falharam em ver a obra terminada.
É quase impossível a qualquer um que
viva agora ter um correcto conceito de quão terrível será a prova através da
qual os 144,000 têm que passar. Não pode ser conhecido quão próximo os crentes
chegarão do ponto de rotura. Somente os que passam vivos pela angústia de Jacó
compreenderão alguma vez o que é estar envolvido e o que custará a vitória.
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