Translate

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

OS SETE ANJOS EM APOCALIPSE - CAPITULO 4 - F T Wright






Os Sete Anjos


Capítulo 4



O Primeiro Anjo


Os primeiros três anjos, a sua mensagem e os seus movimentos são mais compreendidos do que os últimos quatro. Mais de um século e meio passou desde que o primeiro anjo começou a derramar tremenda luz sobre os que estavam dispostos a recebê-lo. Entretanto, tantos sermões têm sido pregados e livros publicados acerca destes anjos e da sua missão divinamente apontada, que todos os crentes adventistas conhecem bem estas verdades básicas.
Contudo, o cegador efeito limitador do laodiceanismo não deve ser passado por alto. Quando este factor é levado em linha de conta, deve ser esperado que o professo povo de Deus que agora afirma ser o guardião desta grande luz, mas que está afligido com a pobreza e cegueira laodicense, teria grave má compreensão a respeito da obra destes anjos.
Assim se tem provado ser o caso. Uma vez que a mensagem do laodiceanismo se torne aplicável ao povo do advento como foi por volta de 1858, perdeu o evangelho e desse modo perdeu a “vida” e “a luz dos homens.” João 1:4,.[1]
Todavia, ao mesmo tempo, não perderam as revelações doutrinais e proféticas que lhes tinham sido reveladas através do ministério destes primeiros três anjos. Portanto, permaneceram confiantes que ainda possuíam e ensinavam a mensagem do terceiro anjo quando na verdade o que todos tinham era uma forma sem vida. Que estas coisas são assim é evidente da sua incapacidade de reconhecer a verdadeira mensagem do terceiro anjo quando lhes foi apresentada pelo quarto anjo através dos pastores Waggoner e Jones. Chamaram-lhe uma falsa luz e rejeitaram-na, assim como aos homens que Deus a enviou e ao Deus que comissionou aqueles mensageiros. O terrível resultado foi que um grave adiamento foi introduzido na finalização da obra de Deus, tendo como resultado que hoje ainda estamos neste mundo pecador quando devíamos estar no reino.
Em face de toda a confusão acerca de quais são realmente as tarefas atribuídas a estes três anjos, é necessário rever cuidadosamente a obra deles para assegurarmos que não acariciamos qualquer compreensão errada hoje. Para tratar com este assunto compreensivamente eram precisos tantos volumes para os quais não temos tempo e espaço aqui, mas não será necessário tratar o assunto tão exaustivamente para ganhar uma visão correcta da mensagem e missão do primeiro, segundo e terceiro anjos. Começaremos com um estudo da mensagem do primeiro anjo e o movimento que se desenvolveu sob a sua direcção.
Por causa do grande Movimento do Segundo Advento se desenvolver mais forte e rapidamente nos Estados Unidos da América, a atenção é normalmente focada no seu nascimento e desenvolvimento ali ao passo que os anteriores começos na Europa são amplamente passados por alto.
Muito curiosamente, as primeiras vozes dirigindo a atenção para as profecias que relatavam o segundo advento vieram de sacerdotes da igreja Católica Romana, o mais notável dos quais foi Manuel de Lacunza, que viveu entre 1731 e 1801. Ele nasceu de pais abastados em Santiago, Chile, América do Sul. Recebeu uma profunda educação religiosa “no Colégio Máximo, ou Escola Superior, e foi admitido a exame na ordem Jesuíta em 1747, com a idade de dezasseis anos. Depois de completar os seus dois anos de votos, continuou o estudo da filosofia e teologia em Bucalemu, terminado com honra. Quando terminou o seu terceiro ano de prova, recebeu as ordens sagradas. Insatisfeito quanto ao silêncio e isolamento impostos por essa vida, foi-lhe dada a supervisão educativa e espiritual dos estudantes mais jovens. Mas nem mesmo isto o satisfez completamente, por isso tornou-se um professor de latim e prosseguiu estudos em astronomia e geometria.
“Lacunza foi celebrado localmente como sacerdote, e em 1766 tomou os quatro votos dos jesuítas. Porém, no Outono de 1767 foi expulso do Chile, com todos os membros da ordem, pelo decreto de Carlos III de Espanha, cuja acção envolvia todos os domínios espanhóis. Lacunza foi enviado primeiramente para Cadis, Espanha, e depois colocado em Imola, perto de Bolonha, na Itália central, residindo aí até à sua morte. Não expressou amargura por causa do exílio em solo estranho, mas em 1772 retirou-se do mundo, tornando-se um eremita, ou recluso, para o resto dos seus dias, mantendo relação apenas com os seus livros. A sua vida frugal foi sem conforto, pois a pensão eclesiástica era parca. Para encontrar alívio dos seus desapontamentos, começou a estudar acerca dos pais e depois sobre as profecias, lendo todos os comentários que podia encontrar num convento próximo. Foi incansável na sua aplicação ao estudo, invocando constantemente a graça do Espírito Santo. Ele viveu uma vida de notável piedade e oração, passando cinco horas diárias nessas devoções. Ele solucionou as difíceis questões que se levantavam sobre textos por longos períodos de oração em busca de iluminação divina, na qual se juntou o seu amanuense [secretário] Padre Gonzalez Carvajal.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:307, 308, por LeRoy Edwin Froom.
Por trinta anos entregou-se ao estudo das Escrituras e descobriu a chave que há duas vindas de Cristo, uma em humildade e sofrimento que já estava no passado e outra em glória e majestade que ainda está no futuro. “Ele separou as partes confusas, e deu ênfase ao segundo advento para o início do milénio.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:308, por LeRoy Edwin Froom.[ADF1] 
Por fim, escreveu as suas descobertas numa publicação com o nome La Venida del Mesias en Gloria y Magestad (A Vinda do Messias em Glória e Majestade.) Esta obra levou vinte anos a completar, tão exacto, exaustivo e profundo foi o seu saber. Receando que as suas descobertas fossem colocadas no Index das obras proibidas, produziu-a numa manuscrita sob o pseudónimo de Rabbi Juan Josafat Bem-Ezra, um cristão hebreu e dedicado ao “Cristófilo” — amante de Cristo.
“O tratado de Lacunza, produzido quase à sombra do Vaticano, chegou a Espanha e à América do Sul em manuscrito, levantando interesse e admiração imediatamente. Em breve se tornou popular na forma manuscrita e apesar da laboriosa duplicação manual, tinha uma espantosa circulação desde ‘Havana ao Cabo Horn.’ Foi traduzido para o latim e depois para o italiano. Velez, erudito advogado da igreja em Buenos Aires preparou uma elaborada refutação e começou uma longa controvérsia. Havia amigos entusiastas e acérrimos opositores. Seguiram-se acesas discussões que Lacunza esperava. A discussão agitou grandemente tanto a Europa como a América. Entretanto, Lacunza reviu o seu manuscrito e autorizou a sua publicação, enquanto deplorava as cópias imperfeitas que circulavam na Europa e nas colónias da América do Sul.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:309, por LeRoy Edwin Froom.[ADF2] 
Manuel Lacunza morreu acidentalmente em 1801, quando foi encontrado morto na margem do rio que corre perto de Imola, mas os seus escritos sobreviveram-lhe para produzirem um maravilhoso ímpeto para o estudo do segundo advento de Cristo. Não foram impressos senão depois da sua morte, quando, apesar dos esforços da parte dos poderosos sacerdotes e bispos católicos, se espalharam pela Europa e América do Sul, dando origem tanto ao interesse como à oposição onde fossem lidos.
Em 1826, Edward Irving de Londres, um homem que viria a ter uma poderosa influência no despertamento do Movimento do Segundo Advento, leu a edição espanhola e foi profundamente afectado por ela. Começou então a traduzi-la para inglês. Ela tornou-se o assunto de muita discussão na famosa Albury Park Prophetic Conference.
Através destes espantosos meios, o interesse na segunda vinda de Cristo foi despertado na Europa e América do Sul. Os fundamentos foram lançados sobre os quais aqueles que vieram depois foram capazes de construir. Até hoje a obra continua e não parará até ao seu climax no segundo advento de Cristo.
Outros grandes mensageiros deviam seguir-se cada um na sua vez. Dez anos antes de Miller receber o seu chamamento de Deus e muito relutantemente sair a pregar o seu primeiro sermão sobre a mensagem do advento em 1831, Joseph Wolff começou na Ásia a pregar a segunda vinda de Cristo.##
“Os trabalhos missionários de Wolff de 1821 a 1826 incluíram a Palestina, Egipto, a Península Sinaica, Mesopotâmia, Pérsia, Crimeia, Geórgia e o Império Ottomano...
“Entre os anos 1826 e 1830 Wolff viajou continuamente através da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda, Alemanha, Medirerrâneo, Malta, ilhas gregas, Egipto, Jerusalém e Chipre, com relatos contínuos em O Expositor Judeu....
“De 1835 e 1838 Wolff estava a viajar outra vez — em Gibraltar, Malta, Egipto, Mt. Sinai, Jiddah, Masowah (África), Kamazien, Tigre, Abissínia, Bombay, St. Helena e por fim nos Estados Unidos e Inglaterra.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:470, 471, por LeRoy Edwin Froom.
Joseph Wolff foi um poderoso pregador da mensagem de primeiro anjo. Ele esperava que Cristo viesse em 1847 e proclamou isto onde quer que fosse com base nas profecias em Daniel. Mas ele não foi o único. No momento em que o papado caíu em 1798, o interesse dos estudantes da Bíblia moveu-se imediatamente da profecia dos 1260 para os 2300 anos. Quando a luz começou a abrir-se nas mentes em que o Espírito Santo foi convidado a ministrar, aqueles que foram assim abençoados não podiam evitar escrever e pregar o que lhes tinha sido revelado. Muitos destes nomes são desconhecidos dos crentes adventistas de hoje, contudo, eles têm um lugar muito importante no desenvolvimento da mensagem do primeiro anjo.
Entre eles esteve John Tudor, editor de Church of England Quartely Review; William Jones, um escritor religioso baptista; Alphonse M. F. Nicole, um proeminente advogado suíço; John Fry, um graduado de University College, Oxford, Inglaterra; Henry Drummond, um banqueiro e membro do parlamento que fez uma tremenda contribuição para o despertamento; e James H. Frere que, com Edward Irving e Lewis Way, formou a Prophetic Investigation Society em Inglaterra para o estudo da profecia e produziu a publicação timestral The Morning Watch. A Sociedade foi formada em 1826, mas ainda florescia em 1848.
Talvez o mais conhecido de todos os envolvidos no despertamento adventista britânico foi Edward Irving que viveu entre 1792 e 1834. Este homem provou ser um pregador muito dotado cuja congregação se tornou tão grande e rica que tiveram que se mudar para uma nova igreja em Regent Square. “Ali um milhar de pessoas enchiam a igreja domingo após domingo para ouvir as longas exposições da profecia de Irving. Em 1828 ele encetou uma viagem pela Escócia para proclamar o iminente advento. As superlotadas galerias da maiores igrejas não podiam acomodar as multidões, onde ele era ouvido com entusiasmo. O povo de Edimbugo saiu para ouvi-lo às cinco da manhã. Em Holywood e Dunscourse ele pregou a uma congregação ao ar livre de 10,000 a 12,000 pessoas. Antes em 1829 o jornal trimestral das profecias não cumpridas The Morning Watch, foi fundado pelos membros da Albury Conference.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:516, por LeRoy Edwin Froom.
Quando, em 1830, ele escreveu um tratado sobre a natureza humana de Cristo, foram lançadas contra ele acusações de heresia. Profundamente preocupado, ele deixou de escrever enquanto examinava o seu coração com lágrimas e oração, mas apenas se convenceu mais da sua firmeza teológica. Mais problemas se levantaram quando na sua congregação alguns começaram a falar outras línguas que levou os dirigentes da igreja a negar-lhe o púlpito em 1832. Cerca de 800 membros da sua congregação de Londres juntaram-se a ele, mas depois de uma viagem à Escócia onde pregou a grandes multidões ao ar livre, voltou a Londres onde verificou que tinha perdido a sua congregação e que lhe tinha sido atribuída uma baixa posição. A sua saúde declinou rapidamente e morreu em Glasgow em 1834. Contudo, ele teve uma brilhante carreira e uma pessoa que deu uma grande proeminência persuasiva ao despertamento do advento.
Aqueles que aprenderam a importância da natureza humana e sabem que declarar que Ele veio em carne e sangue santos sem pecado é fazer parte do anticristo, teriam grande interesse em saber exactamente o que este grande pregador ensinou sobre este assunto. Estava ele a caminhar para o fanatismo devido ao orgulho do seu grande sucesso, ou estava ele a sair das trevas que dominaram a Europa durante tanto tempo? Podia acreditar-se e mesmo esperar que fosse o último. A descrição do que se segue a respeito do que ele ensinou neste campo torna muito claro que era ele e não os pais da igreja que o retiraram do púlpito estava certo.
“Irving tinha entretanto desenvolvido a opinião que Cristo veio na carne caída e pecaminosa, com apetites e desejos semelhantes e que a obra do Espírito era subjugar e manter sob controlo todos os movimentos da carne, o que na verdade fez. E esta mesma obra, pensou ele, o Espírito Santo deve fazer no homem até que ele seja liberto do pecado. Junto com isto estava a crença que os completos e milagrosos dons do Espírito deviam habitar na igreja e os homens falham em possuí-los devido à sua falta de fé e que deviam orar diligente e continuamente por estes dons. Esta posição provocou ataques sobre Irving de todos os quadrantes e discussões sobre os dons espirituais tanto dos jornais como dos livros, por homens como M’Neile, Pym, Noel e Leslie.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:525, por LeRoy Edwin Froom.
É muito interessante ver esta posição a desenvolver-se tão cedo no aparecimento do Despertamento Adventista. Edward Irving tinha a verdade neste assunto. A conclusão que uma pessoa pode viver uma vida sem pecado é consistente com o ensinamento que Cristo veio na mesma carne e sangue daqueles que veio salvar.[ADF3] 
Outro desenvolvimento e um dos mais notáveis no levantamento do movimento do advento na Europa, foi a operação da inspiração do Espírito Santo através de pregadores infantis na Suécia. É feita referência a elas em O Grande Conflito, 366, 367.
“Na Escandinávia, também, a mensagem do advento foi proclamada e suscitou grande interesse. Muitos despertaram do descuidoso sentimento de segurança para confessar e abandonar seus pecados, buscando perdão em Cristo. O clero da igreja do Estado, porém, opôs-se ao movimento, e por meio de sua influência alguns que pregavam a mensagem foram lançados na prisão. Em muitos lugares, onde os pregadores da próxima vinda do Senhor foram desta maneira silenciados, Deus Se serviu enviar a mensagem de um modo miraculoso, por meio de criancinhas. Como fossem menores, a lei do Estado não as poderia proibir, e foi-lhes permitido falar sem serem molestadas.[ADF4] 
“O movimento ocorreu, principalmente, entre as classes mais humildes, e o povo reunia-se nas modestas moradas dos trabalhadores para ouvir a advertência. Os mesmos pregadores infantis eram na maior parte habitantes pobres de cabanas. Alguns deles não tinham mais de seis ou oito anos de idade; e, ao mesmo tempo que sua vida testificava que amavam o Salvador e procuravam viver em obediência aos santos mandamentos de Deus, manifestavam, de ordinário, apenas a habilidade e inteligência que geralmente se vêem nas crianças daquela idade. Quando se encontravam em pé diante do povo, evidenciava-se, entretanto, que eram movidos por uma influência acima dos seus dotes naturais. O tom da voz e as maneiras se transformavam, e com poder solene faziam a advertência do juízo, empregando as próprias palavras das Escrituras: ‘Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque vinda é a hora de Seu juízo.’ Reprovavam os pecados do povo, não somente condenando a imoralidade e o vício, mas repreendendo o mundanismo e a apostasia, admoestando os ouvintes a que fugissem apressadamente da ira vindoura.
“O povo ouvia com tremor. O Espírito convincente de Deus falava-lhes ao coração. Muitos eram levados a pesquisar as Escrituras com novo e mais profundo interesse; os intemperantes e imorais corrigiam-se; outros abandonavam as práticas desonestas, e fazia-se uma obra tão assinalada, que mesmo pastores da igreja do Estado eram obrigados a reconhecer que a mão de Deus estava no movimento.
“Era vontade de Deus que as novas da vinda do Salvador fossem dadas nos países escandinavos; e, quando silenciou a voz de Seus servos, pôs Ele Seu Espírito sobre as crianças para que a obra pudesse cumprir-se.”[ADF5] 
Estes notáveis acontecimentos tiveram lugar nos anos 1840 precisamente poucos anos antes do final da profecia dos 2.300 anos.
“Quando na Suécia em 1885, Ellen G. White, quando inquirida acerca destes episódios, declarou que os filhos assim afectados estavam inconscientes do que se passava à sua volta. Elas tinham todas as características daqueles que estavam em visão de Deus e falavam com poder convincente que causavam grande influência. Elas perderam o seu comportamento infantil e falavam com toda a força e poder de homens e mulheres crescidos. Muitos dos que as viram e ouviram firmemente creram que Deus estava a usá-las para proclamarem a mensagem profeticamente esperada nessa altura. No relato de uma testemunha ocular de uma assembleia numa casa de campo, dirigida por uma menina pregadora, é citado:
“‘Quando as restantes [pessoas] tinham chegado, as suas maneiras mudaram completamente, tanto na intrepidez como nos movimentos, indicando claramente que ela estava movida por um poder invisível, e não pelos seus próprios dons naturais. Quando começou a falar, a sua voz também mudou. Ela disse, ‘Temei a Deus, e daí-Lhe glória; porque é vinda a hora do juízo.’ Ela reprovou pecados, como o beber, roubo, adultério, blasfémia, maledicência e também reprovou os frequentadores de igrejas por apoiarem a igreja com vista aos seus negócios mundanos, em vez de ouvirem a palavra de Deus e conformarem a sua vida com ela. A sua voz e palavras eram solenes. Muitos choravam e suspiravam. Era-lhes dito que lhes havia sido dado tempo para se arrependerem, mas tinham que o fazer imediatamente e não adiarem.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:674, por LeRoy Edwin Froom.
A mensagem e obra do primeiro anjo eram também visíveis na Suíça, França e Alemanha. O mensageiro mais digno de atenção foi Louis Gaussen, cuja obra é descrita em O Grande Conflito, 364-366. Ele adoptou a estratégia de trabalhar com as crianças na esperança que assim achasse acesso aos pais. O plano resultou extremamente bem e em breve considerável número de adultos vieram para ouvir e serem abençoados.
“Conquanto um dos mais distintos e queridos pregadores da língua francesa, Gaussen, depois de algum tempo, foi suspenso do ministério pela falta principal de usar a Bíblia, ao dar instrução aos jovens, em vez do catecismo da igreja - manual fraco e racionalista, quase destituído de fé positiva. Mais tarde se tornou professor numa escola de teologia, e aos domingos continuava seu trabalho como catequista, falando às crianças e instruindo-as nas Escrituras. Suas obras sobre as profecias despertaram também muito interesse. Da cátedra de professor, por intermédio da imprensa, e pela sua ocupação favorita como mestre de crianças continuou durante muitos anos a exercer vasta influência, sendo o instrumento a chamar a atenção de muitos para o estudo das profecias que indicavam a próxima vinda do Senhor.” O Grande Conflito, 366.
“Na Alemanha, a doutrina fora ensinada no século XVIII por Bengel, pastor da Igreja Luterana e célebre sábio e crítico da Bíblia. Completando sua educação, Bengel ‘havia-se dedicado ao estudo de teologia, a quem o pendor de seu espírito grave e religioso, acentuado e fortalecido pelo seu primitivo ensino e disciplina, naturalmente o inclinava. Como outros jovens de caráter meditativo, antes e depois dele, teve que lutar com dúvidas e dificuldades de natureza religiosa; e ele faz alusão, muito sentidamente, às muitas setas que lhe traspassavam o pobre coração, tornando-lhe a juventude difícil de suportar’. — Enciclopédia Britânica, art. Bengel. Ao tornar-se membro do consistório de Wuerttemberg, advogou a causa da liberdade religiosa. ‘Ao passo que mantinha os direitos e privilégios da igreja, defendia toda liberdade razoável aos que se sentiam obrigados, por motivos de consciência, a retirar-se de sua comunhão.’ — Enciclopédia Britânica. Os bons efeitos desta política são ainda sentidos em sua província natal.
“Foi enquanto preparava um sermão sobre Apocalipse 21, para o ‘Domingo do Advento’, que a luz da segunda vinda de Cristo raiou no espírito de Bengel. As profecias do Apocalipse desvendaram-se-lhe à compreensão como nunca dantes. Vencido pela intuição da importância estupenda e extraordinária glória das cenas apresentadas pelo profeta, foi obrigado a desviar-se por algum tempo da contemplação do assunto. No púlpito este se lhe apresentou novamente em toda a sua clareza e poder. Desde aquele tempo se dedicou ao estudo das profecias, especialmente as do Apocalipse, e logo chegou à crença de que elas mostravam a proximidade da vinda de Cristo. A data que fixou como o tempo do segundo advento diferia, em muito poucos anos, da que mais tarde Miller admitiu.
“Os escritos de Bengel têm sido espalhados por toda a cristandade. Suas idéias sobre profecias foram, de modo geral, recebidas em seu próprio Estado de Wuerttemberg, e até certo ponto em outras partes da Alemanha. O movimento continuou depois de sua morte, e a mensagem do advento ouviu-se na Alemanha ao mesmo tempo em que despertava a atenção dos homens em outras terras. Logo no início alguns dos crentes foram à Rússia e ali formaram colônias; e a crença na próxima vinda de Cristo é ainda mantida pelas igrejas alemãs daquele país.” O Grande Conflito, 363, 364.
Cada um destes e muitos outros deram testemunho nas suas áreas individuais, desde o jesuíta católico romano, Manuel Lacunza, que estudou a mensagem e enviou os seus escritos do seu retiro virtualmente à sombra do centro do poder papal; através de Joseph Wolff, o missionário do mundo; às pequenas crianças na Suécia que proclamaram a mensagem sob a inspiração directa do Espírito Santo.
Muitas destas testemunhas nunca se encontraram entre si e noutros casos eram ignorantes quanto à existência uns dos outros. Contudo, houve uma notável reunião onde estudantes daquelas profecias que se relacionavam com a segunda vinda de Cristo, se reuniram para orar e estudar mais. Esta reunião dava-se em Londres cada ano entre 1826 e1830, foi chamada The Albury Park Prophetic Conference.
“Num desejos de comparar opiniões e chegar a uma melhor e mais unida compreensão das profecias relativas aos tempos, grupos de comentadores mantiveram reuniões periódicas no Verão de 1826. Depois, sob sugestão de Lewis Way, Henry Drummond convidou por carta certos ministros e homens de leis que ele cria estarem interessados em se reunir pelo final do ano para uma semana completa de estudo e discussão ininterrupto. Vinte estudantes da profecia responderam ao primeiro chamado, Joseph Wolff estava entre esse número e Hugh M’Neile, reitor da paróquia de Albury, serviu de moderador.
“Assim a primeira Conferência Profética sobre o Despertamento do Advento na Europa aconteceu — a primeira do seu género, aparentemente, na história moderna da igreja. O luxuoso palacete de Albury Park, perto de Guilford, em Surrey, alcançado por uma estrada fácil através de bosques, foi admiravelmente apropriado para uma tal assembleia. Proporcionava retirados passeios à sombra para contemplação ou discussão. Os participantes estavam vitalmente interessados nos sinais imediatos do cumprimento da profecia e estavam ansiosos para encontrar aplicações satisfatórias para pontos divergentes.
“Estas conferências foram repetidas anualmente até 1830. Quarenta e quatro pessoas ao todo assistiram a uma ou mais, representando várias igrejas e comunidades. O carácter inter-igreja do grupo é revelado pelo facto que dezanove eram homens do clero da Inglaterra, um era morávio, dois ministros dissidentes, quatro ministros da igreja oficial da Escócia, onze homens de leis da Inglaterra, um advogado presbítero escocês e seis outros eram de credo indefinido. Nomes bem conhecidos incluíam Drummond, M’Neile, Cuninghame, Wolff, Irving, Daniel Wilson (depois bispo de Calcutá), Frere, Hawtrey, Vaughan, Bayford, Stewart, Simons, Marsh, John Tudor (mais tarde editor de The Morning Watch) e Lord Mandeville.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:449, 450, por LeRoy Edwin Froom.
Durante estas conferências o dia era todo devotado à oração, estudo e debates. Havia três sessões diárias, a primeira, antes do pequeno almoço, a segunda, antes do almoço e a terceira fim da tarde. Um orador escolhido apresentava um tópico durante a primeira sessão que durava uma hora, enquanto os outros ouviam atentamente e tomavam notas sobre aquilo que ouviam. Voltavam a encontrar-se às onze. Durante as duas horas que se seguiam o estudo bíblico da manhã, era servido o pequeno almoço, mas a principal ocupação durante esse período era a estudiosa consideração do estudo da manhã acompanhada de oração.
Depois de estarem de novo sentados à volta da grande mesa de conferência e terem intercedido pela presença e ministério do Espírito Santo, o moderador pedia a cada pessoa na sua vez para exprimir as suas convicções sobre os pensamentos apresentados no estudo da manhã. Quatro ou cinco horas eram passadas desta maneira com cada um claramente, mas com cortesia apresentando o que havia descoberto sobre o assunto.
A sessão final acontecia depois da ceia quando era se devotava tempo a qualquer questão ou dificuldade que tivesse surgido durante as sessões do dia. Os procedimentos continuavam no espírito de diligente oração, ampla fé e profunda dedicação à verdade. Os que estavam presentes eram grandemente abençoados e levavam consigo a solene compreensão que estavam a viver nos últimos dias da história humana.
Isto era de esperar em vista da solene e alarmante natureza da mensagem do primeiro anjo. Sempre que estas grandes verdades eram pregadas, primeiramente no Velho Mundo e depois no Novo, incitavam almas a procurar o arrependimento, ou irritáva-os de modo a perseguirem e oporem-se à obra de Deus e dos que se consagravam a ela.
Como esta breve história mostra, houve um despertamento muito activo, profundo e significativo na Europa, Ásia, África e América do Sul antes do poderoso movimento do Advento abriu caminho nos Estados Unidos da América. Houve outra diferença e foi que no mundo de Lacunza, Irving, Wolff e a crianças suiças, a pregação de uma data definida para o segundo advento de Cristo did not feature as prominentemente ou especificamente como fez no outro lado do Atlântico, com o resultado que os crentes não sofreram o mesmo terrível desapontamento como aconteceu nos Estados Unidos. Contudo, o despertamento na Europa esmoreceu depois do tempo esperado ter passado.
Felizmente, não se provou ser este o caso com o movimento do Advento na América do Norte. Embora sofrendo um desapontamento tão esmagador em 1844 que quase destruiu o movimento, o Senhor foi capaz de enviar luz através das trevas para nova direcção e ímpeto à obra. O povo de Deus com renovada coragem avançou para construir o poderoso movimento do Advento que se disseminou desde os Estados Unidos para encher o mundo.
O pai fundador desse movimento foi Guilherme Miller, um agricultor honesto que se tinha desiludido com os ensinamentos religiosos dos seus dias e voltou-se para o seu próprio estudo pessoal da palavra de Deus a fim de aprender a verdade como ali está escrita. Ele nasceu em 1782 e morreu em 1849.
Quando rapaz tinha uma ávida sede de conhecimento e leu todos os livros que conseguia. Muitos destes apresentavam sentimentos infiéis uma vez que era o tempo em o agnóstico e o ateísta era popular. A leitura destes livros e a sua associação com deístas levou-o a duvidar da autoridade e autenticidade das Escrituras e a pô-las de parte. Conquanto se encontrasse numa situação pior em resultado, manteve estas opiniões durante quase doze anos.
Ele experimentou um crescente sentido de falta de esperança e receava pelo futuro e carregou este desespero até ao dia em o Senhor lançou luz na sua mente. “‘Subitamente’, diz ele, ‘gravou-se-me ao vivo no espírito o caráter de um Salvador. Pareceu-me que bem poderia existir um Ser tão bom e compassivo que por nossas transgressões fizesse expiação, livrando-nos, assim, de sofrer a pena do pecado. Compreendi desde logo quão amável esse Ente deveria ser, e imaginei poder lançar-me aos Seus braços, confiante em Sua misericórdia. Mas surgiu a questão: Como se pode provar a existência desse Ser? Afora a Bíblia, achei que não poderia obter prova da existência de semelhante Salvador, nem sequer de uma existência futura. ...
“‘Vi que a Escritura Sagrada apresentava precisamente um Salvador como o que necessitava; e fiquei perplexo por ver como um livro não inspirado desenvolvia princípios tão perfeitamente adaptados às necessidades de um mundo decaído. Fui constrangido a admitir que as Escrituras devem ser uma revelação de Deus. Tornaram-se elas o meu deleite; e em Jesus encontrei um amigo. O Salvador tornou-Se para mim o primeiro entre dez mil; e as Escrituras, que antes eram obscuras e contraditórias, tornaram-se agora a lâmpada para os meus pés e luz para meu caminho. Meu espírito tranquilizou-se e ficou satisfeito. Achei que o Senhor Deus é uma Rocha em meio do oceano da vida. A Bíblia tornou-se então o meu estudo principal e, posso em verdade dizer, pesquisava-a com grande deleite. Vi que a metade nunca se me havia dito. Admirava-me de que me não tivesse apercebido antes, de sua beleza e glória; e maravilhava-me de que já a pudesse haver rejeitado. Tudo que o coração poderia desejar, encontrei revelado, como um remédio para toda enfermidade da alma. Perdi todo o gosto para outra leitura, e apliquei o coração a obter a sabedoria de Deus.’" O Grande Conflito, 319.
Guilherme Miller nunca tinha planeado o momento, lugar e método pelo qual esta conversão viria. Foi o seu Pai celestial que fez tudo, não só trazer-lhe salvação pessoal, mas também efectuar nele uma poderosa preparação espiritual para a sua futura grande obra. Este é um padrão distinto que aparece nas vidas de todos a quem o Senhor chama para serem seus mensageiros. Martinho Lutero descobriu-o quando lutava penosamente em Roma na “escada de S. Pedro”; veio a John Wesley na sala de reunião na rua Aldersgate, Londres; e à irmã White na sua juventude antes do grande desapontamento testar os crentes em 1844. Esta conversão deve ser experimentada por todos aqueles que são chamados por para serem mensageiros na causa de Deus, porque a obra do evangelho apenas pode ser levada avante por aqueles que primeiro a possuem. Quando alguém afirma ser mensageiro por designação divina mas não pode referir-se a uma específica experiência de libertação do senhor do pecado, não tem por isto bases suficientes para o seu ministério. Não receais separar-vos dessa pessoa.
Tendo sido assim transformado, Guilherme Miller devotou os dois anos seguintes ao estudo das Escrituras. Ele seguiu um procedimento muito seguro e acertado, o ponto principal do qual foi aceitar que a Bíblia é o seu próprio intérprete.
Esforçou-se por deixar de lado todas as ideias preconcebidas e comentário humanos; comparou Escritura com Escritura; estudou de maneira regular e metódica;
começou com Génesis e leu para a frente versículo a versículo; e avançou apenas quando o significado era descoberto; quando encontrou alguma coisa obscura, comparou todos os textos que pareciam ter implicação na dificuldade; e trabalhava nisto até que a obscuridade era substituída pela clareza.
Assim para cada texto difícil de entender; Encontrou uma explicação nalguma outra parte das Escrituras.
Vede O Grande Conflito, 320
Em 1818, no final dos dois anos de intenso estudo, chegou à solene conclusão que Cristo viria em cerca de 25 anos, mas estas descobertas estavam tão fora da harmonia com os ensinamentos do seu tempo, que pôs em dúvida se apenas ele estava certo e tantos outros em erro.
Para se proteger de desviar outros e ele mesmo, dedicou os cinco anos seguintes à mais cuidadosa verificação e reverificação das ideias recentemente formadas, mas foi incapaz de descobrir quaisquer erros básicos nos seus ensinos.
A responsabilidade de dizer aos outros agora começou a pesar fortemente na sua mente, mas, olhando para si próprio como uma pessoa não preparada, excepto de forma pessoal calma, para comunicar tão momentosa luz, não proclamou publicamente estas verdades até que, passados nove anos de hesitação, veio o chamamento de Deus para uma ocupação a tempo inteiro no evangelismo público com clareza, força e poder que ele não se atreveu a recusar.
“A agonia e luta interior de consciência que se aprofundava em Miller acerca do seu dever de falar sobre as suas convicções ao mundo teve o seu climax num movimentado dia de verão em 1831. Era o segundo sábado do mês, que era 13 de Agosto, e Miller estava em casa em Low Hampton. Tinha terminado o pequeno almoço, e tinha passado um pouco de tempo na sua secretária antiga na agradável sala leste da sua sturdy farm house , examinando mais sobre ‘o mesmo ponto’ no seu estudo. Quando se levantou para retomar a mesma tarefa, veio a convicção á sua mente com maior premência do que jamais antes, ‘vai e di-lo ao mundo.’ foi como se Deus tivesse dito estas palavras. A impressão era tão real e tão poderosa que caiu para trás.



[1] Footnote 1






 [ADF1]Esta foi a descoberta de Lacunza. O inicio ou o caminho para o 1º Anjo que seria a preparação do povo de Deus para a 2ª vinda de Cristo.


 [ADF2]Podemos verificar por aqui que quando Deus trabalha em conjunto com o Homem para preparar os Seus caminhos pode-se verificar um avanço grande na sua obra.


 [ADF3]Isto era o caminho para a mensagem do 1º Anjo pois para haver uma preparação para a 2ª vinda de Cristo pois aquilo que Irving provou foi que se Cristo venceu e deu o exemplo então essa era a mesma obra que teria que ser efectuada em nós.


 [ADF4]Deus ultiliza-se de todos os meios para fazer a sua obra progredir e por mais que nós homens façamos para travar a obra nada acontece pois como aconteceu com o louco em Jerusalém ou como está escrito que farei as pedras falarem mas a obra será feita.


 [ADF5]Quando uma porta se fecha Deus logo abre outra e tem sempre uma solução para aqueles que O procuram.

Sem comentários:

Enviar um comentário