Os Sete Anjos
Capítulo 4
O Primeiro Anjo
Os primeiros três anjos, a sua mensagem e os seus movimentos
são mais compreendidos do que os últimos quatro. Mais de um século e meio
passou desde que o primeiro anjo começou a derramar tremenda luz sobre os que
estavam dispostos a recebê-lo. Entretanto, tantos sermões têm sido pregados e
livros publicados acerca destes anjos e da sua missão divinamente apontada, que
todos os crentes adventistas conhecem bem estas verdades básicas.
Contudo, o cegador efeito limitador do laodiceanismo não deve
ser passado por alto. Quando este factor é levado em linha de conta, deve ser
esperado que o professo povo de Deus que agora afirma ser o guardião desta
grande luz, mas que está afligido com a pobreza e cegueira laodicense, teria
grave má compreensão a respeito da obra destes anjos.
Assim se tem provado ser o caso. Uma vez que a mensagem do laodiceanismo
se torne aplicável ao povo do advento como foi por volta de 1858, perdeu o
evangelho e desse modo perdeu a “vida” e “a luz dos homens.” João 1:4,.[1]
Todavia, ao mesmo tempo, não perderam as revelações
doutrinais e proféticas que lhes tinham sido reveladas através do ministério
destes primeiros três anjos. Portanto, permaneceram confiantes que ainda possuíam
e ensinavam a mensagem do terceiro anjo quando na verdade o que todos tinham
era uma forma sem vida. Que estas coisas são assim é evidente da sua
incapacidade de reconhecer a verdadeira mensagem do terceiro anjo quando lhes
foi apresentada pelo quarto anjo através dos pastores Waggoner e Jones. Chamaram-lhe
uma falsa luz e rejeitaram-na, assim como aos homens que Deus a enviou e ao
Deus que comissionou aqueles mensageiros. O terrível resultado foi que um grave
adiamento foi introduzido na finalização da obra de Deus, tendo como resultado
que hoje ainda estamos neste mundo pecador quando devíamos estar no reino.
Em face de toda a confusão acerca de quais são realmente as
tarefas atribuídas a estes três anjos, é necessário rever cuidadosamente a obra
deles para assegurarmos que não acariciamos qualquer compreensão errada hoje.
Para tratar com este assunto compreensivamente eram precisos tantos volumes
para os quais não temos tempo e espaço aqui, mas não será necessário tratar o
assunto tão exaustivamente para ganhar uma visão correcta da mensagem e missão
do primeiro, segundo e terceiro anjos. Começaremos com um estudo da mensagem do
primeiro anjo e o movimento que se desenvolveu sob a sua direcção.
Por causa do grande Movimento do Segundo Advento se
desenvolver mais forte e rapidamente nos Estados Unidos da América, a atenção é
normalmente focada no seu nascimento e desenvolvimento ali ao passo que os
anteriores começos na Europa são amplamente passados por alto.
Muito curiosamente, as primeiras vozes dirigindo a atenção
para as profecias que relatavam o segundo advento vieram de sacerdotes da
igreja Católica Romana, o mais notável dos quais foi Manuel de Lacunza, que
viveu entre 1731 e 1801. Ele nasceu de pais abastados em Santiago, Chile,
América do Sul. Recebeu uma profunda educação religiosa “no Colégio Máximo, ou Escola Superior, e
foi admitido a exame na ordem Jesuíta em 1747, com a idade de dezasseis anos.
Depois de completar os seus dois anos de votos, continuou o estudo da filosofia
e teologia em Bucalemu, terminado com honra. Quando terminou o seu terceiro ano
de prova, recebeu as ordens sagradas. Insatisfeito quanto ao silêncio e
isolamento impostos por essa vida, foi-lhe dada a supervisão educativa e
espiritual dos estudantes mais jovens. Mas nem mesmo isto o satisfez
completamente, por isso tornou-se um professor de latim e prosseguiu estudos em
astronomia e geometria.
“Lacunza foi celebrado localmente como sacerdote, e em 1766
tomou os quatro votos dos jesuítas. Porém, no Outono de 1767 foi expulso do
Chile, com todos os membros da ordem, pelo decreto de Carlos III de Espanha,
cuja acção envolvia todos os domínios espanhóis. Lacunza foi enviado
primeiramente para Cadis, Espanha, e depois colocado em Imola, perto de
Bolonha, na Itália central, residindo aí até à sua morte. Não expressou
amargura por causa do exílio em solo estranho, mas em 1772 retirou-se do mundo,
tornando-se um eremita, ou recluso, para o resto dos seus dias, mantendo
relação apenas com os seus livros. A sua vida frugal foi sem conforto, pois a
pensão eclesiástica era parca. Para encontrar alívio dos seus desapontamentos,
começou a estudar acerca dos pais e depois sobre as profecias, lendo todos os
comentários que podia encontrar num convento próximo. Foi incansável na sua
aplicação ao estudo, invocando constantemente a graça do Espírito Santo. Ele
viveu uma vida de notável piedade e oração, passando cinco horas diárias nessas
devoções. Ele solucionou as difíceis questões que se levantavam sobre textos
por longos períodos de oração em busca de iluminação divina, na qual se juntou
o seu amanuense [secretário] Padre Gonzalez Carvajal.” The
Prophetic Faith of Our Fathers,
3:307, 308, por LeRoy Edwin Froom.
Por trinta anos entregou-se ao estudo das Escrituras e
descobriu a chave que há duas vindas de Cristo, uma em humildade e sofrimento
que já estava no passado e outra em glória e majestade que ainda está no
futuro. “Ele separou as partes confusas, e deu ênfase ao segundo advento para o
início do milénio.” The
Prophetic Faith of Our Fathers,
3:308, por LeRoy Edwin Froom.[ADF1]
Por fim, escreveu as suas descobertas numa publicação com o
nome La Venida del Mesias en Gloria y
Magestad (A Vinda do Messias em Glória e Majestade.) Esta obra levou vinte
anos a completar, tão exacto, exaustivo e profundo foi o seu saber. Receando
que as suas descobertas fossem colocadas no Index
das obras proibidas, produziu-a numa manuscrita sob o pseudónimo de Rabbi Juan
Josafat Bem-Ezra, um cristão hebreu e dedicado ao “Cristófilo” — amante de
Cristo.
“O tratado de Lacunza, produzido quase à sombra do Vaticano,
chegou a Espanha e à América do Sul em manuscrito, levantando interesse e
admiração imediatamente. Em breve se tornou popular na forma manuscrita e
apesar da laboriosa duplicação manual, tinha uma espantosa circulação desde
‘Havana ao Cabo Horn.’ Foi traduzido para o latim e depois para o italiano.
Velez, erudito advogado da igreja em Buenos Aires preparou uma elaborada
refutação e começou uma longa controvérsia. Havia amigos entusiastas e
acérrimos opositores. Seguiram-se acesas discussões que Lacunza esperava. A
discussão agitou grandemente tanto a Europa como a América. Entretanto, Lacunza
reviu o seu manuscrito e autorizou a sua publicação, enquanto deplorava as
cópias imperfeitas que circulavam na Europa e nas colónias da América do Sul.” The
Prophetic Faith of Our Fathers,
3:309, por LeRoy Edwin Froom.[ADF2]
Manuel Lacunza morreu acidentalmente em 1801, quando foi
encontrado morto na margem do rio que corre perto de Imola, mas os seus
escritos sobreviveram-lhe para produzirem um maravilhoso ímpeto para o estudo
do segundo advento de Cristo. Não foram impressos senão depois da sua morte,
quando, apesar dos esforços da parte dos poderosos sacerdotes e bispos
católicos, se espalharam pela Europa e América do Sul, dando origem tanto ao
interesse como à oposição onde fossem lidos.
Em 1826, Edward Irving de Londres, um homem que viria a ter
uma poderosa influência no despertamento do Movimento do Segundo Advento, leu a
edição espanhola e foi profundamente afectado por ela. Começou então a
traduzi-la para inglês. Ela tornou-se o assunto de muita discussão na famosa
Albury Park Prophetic Conference.
Através destes espantosos meios, o interesse na segunda vinda
de Cristo foi despertado na Europa e América do Sul. Os fundamentos foram
lançados sobre os quais aqueles que vieram depois foram capazes de construir.
Até hoje a obra continua e não parará até ao seu climax no segundo advento de
Cristo.
Outros grandes mensageiros deviam seguir-se cada um na sua
vez. Dez anos antes de Miller receber o seu chamamento de Deus e muito
relutantemente sair a pregar o seu primeiro sermão sobre a mensagem do advento
em 1831, Joseph Wolff começou na Ásia a pregar a segunda vinda de Cristo.##
“Os trabalhos missionários de Wolff de 1821 a 1826 incluíram
a Palestina, Egipto, a Península Sinaica, Mesopotâmia, Pérsia, Crimeia, Geórgia
e o Império Ottomano...
“Entre os anos 1826 e 1830 Wolff viajou continuamente através
da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda, Alemanha, Medirerrâneo, Malta, ilhas
gregas, Egipto, Jerusalém e Chipre, com relatos contínuos em O Expositor Judeu....
“De 1835 e 1838 Wolff estava a viajar outra vez — em
Gibraltar, Malta, Egipto, Mt. Sinai, Jiddah, Masowah (África), Kamazien, Tigre,
Abissínia, Bombay, St. Helena e por fim nos Estados Unidos e Inglaterra.” The
Prophetic Faith of Our Fathers,
3:470, 471, por LeRoy Edwin Froom.
Joseph Wolff foi um poderoso pregador da mensagem de primeiro
anjo. Ele esperava que Cristo viesse em 1847 e proclamou isto onde quer que
fosse com base nas profecias em Daniel.
Mas ele não foi o único. No momento em que o papado caíu em 1798, o interesse
dos estudantes da Bíblia moveu-se imediatamente da profecia dos 1260 para os
2300 anos. Quando a luz começou a abrir-se nas mentes em que o Espírito Santo foi
convidado a ministrar, aqueles que foram assim abençoados não podiam evitar
escrever e pregar o que lhes tinha sido revelado. Muitos destes nomes são
desconhecidos dos crentes adventistas de hoje, contudo, eles têm um lugar muito
importante no desenvolvimento da mensagem do primeiro anjo.
Entre eles esteve John Tudor, editor de Church of England Quartely Review; William Jones, um escritor
religioso baptista; Alphonse M. F. Nicole, um proeminente advogado suíço; John
Fry, um graduado de University College, Oxford, Inglaterra; Henry Drummond, um
banqueiro e membro do parlamento que fez uma tremenda contribuição para o
despertamento; e James H. Frere que, com Edward Irving e Lewis Way, formou a
Prophetic Investigation Society em Inglaterra para o estudo da profecia e
produziu a publicação timestral The
Morning Watch. A Sociedade foi formada em 1826, mas ainda florescia em
1848.
Talvez o mais conhecido de todos os envolvidos no
despertamento adventista britânico foi Edward Irving que viveu entre 1792 e
1834. Este homem provou ser um pregador muito dotado cuja congregação se tornou
tão grande e rica que tiveram que se mudar para uma nova igreja em Regent
Square. “Ali um milhar de pessoas enchiam a igreja domingo após domingo para
ouvir as longas exposições da profecia de Irving. Em 1828 ele encetou uma
viagem pela Escócia para proclamar o iminente advento. As superlotadas galerias
da maiores igrejas não podiam acomodar as multidões, onde ele era ouvido com
entusiasmo. O povo de Edimbugo saiu para ouvi-lo às cinco da manhã. Em Holywood
e Dunscourse ele pregou a uma congregação ao ar livre de 10,000 a 12,000
pessoas. Antes em 1829 o jornal trimestral das profecias não cumpridas The Morning Watch, foi fundado pelos
membros da Albury Conference.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:516, por LeRoy Edwin Froom.
Quando, em 1830, ele escreveu um tratado sobre a
natureza humana de Cristo, foram lançadas contra ele acusações de heresia.
Profundamente preocupado, ele deixou de escrever enquanto examinava o seu
coração com lágrimas e oração, mas apenas se convenceu mais da sua firmeza
teológica. Mais problemas se levantaram quando na sua congregação alguns
começaram a falar outras línguas que levou os dirigentes da igreja a negar-lhe
o púlpito em 1832. Cerca de 800 membros da sua congregação de Londres
juntaram-se a ele, mas depois de uma viagem à Escócia onde pregou a grandes
multidões ao ar livre, voltou a Londres onde verificou que tinha perdido a sua
congregação e que lhe tinha sido atribuída uma baixa posição. A sua saúde
declinou rapidamente e morreu em Glasgow em 1834. Contudo, ele teve uma
brilhante carreira e uma pessoa que deu uma grande proeminência persuasiva ao
despertamento do advento.
Aqueles que aprenderam a importância da natureza
humana e sabem que declarar que Ele veio em carne e sangue santos sem pecado é
fazer parte do anticristo, teriam grande interesse em saber exactamente o que
este grande pregador ensinou sobre este assunto. Estava ele a caminhar para o
fanatismo devido ao orgulho do seu grande sucesso, ou estava ele a sair das
trevas que dominaram a Europa durante tanto tempo? Podia acreditar-se e mesmo
esperar que fosse o último. A descrição do que se segue a respeito do que ele
ensinou neste campo torna muito claro que era ele e não os pais da igreja que o
retiraram do púlpito estava certo.
“Irving tinha entretanto desenvolvido a opinião que Cristo
veio na carne caída e pecaminosa, com apetites e desejos semelhantes e que a
obra do Espírito era subjugar e manter sob controlo todos os movimentos da carne,
o que na verdade fez. E esta mesma obra, pensou ele, o Espírito Santo deve
fazer no homem até que ele seja liberto do pecado. Junto com isto estava a
crença que os completos e milagrosos dons do Espírito deviam habitar na igreja
e os homens falham em possuí-los devido à sua falta de fé e que deviam orar
diligente e continuamente por estes dons. Esta posição provocou ataques sobre
Irving de todos os quadrantes e discussões sobre os dons espirituais tanto dos
jornais como dos livros, por homens como M’Neile, Pym, Noel e Leslie.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:525, por LeRoy Edwin Froom.
É muito interessante ver esta posição a
desenvolver-se tão cedo no aparecimento do Despertamento Adventista. Edward
Irving tinha a verdade neste assunto. A conclusão que uma pessoa pode viver uma
vida sem pecado é consistente com o ensinamento que Cristo veio na mesma carne
e sangue daqueles que veio salvar.[ADF3]
Outro desenvolvimento e um dos mais notáveis no levantamento
do movimento do advento na Europa, foi a operação da inspiração do Espírito
Santo através de pregadores infantis na Suécia. É feita referência a elas em O Grande Conflito, 366, 367.
“Na Escandinávia, também, a mensagem do advento foi
proclamada e suscitou grande interesse. Muitos despertaram do descuidoso
sentimento de segurança para confessar e abandonar seus pecados, buscando
perdão em Cristo. O clero da igreja do Estado, porém, opôs-se ao movimento, e
por meio de sua influência alguns que pregavam a mensagem foram lançados na
prisão. Em muitos lugares, onde os pregadores da próxima vinda do Senhor foram
desta maneira silenciados, Deus Se serviu enviar a mensagem de um modo
miraculoso, por meio de criancinhas. Como fossem menores, a lei do Estado não
as poderia proibir, e foi-lhes permitido falar sem serem molestadas.[ADF4]
“O movimento ocorreu, principalmente, entre as classes mais
humildes, e o povo reunia-se nas modestas moradas dos trabalhadores para ouvir
a advertência. Os mesmos pregadores infantis eram na maior parte habitantes
pobres de cabanas. Alguns deles não tinham mais de seis ou oito anos de idade;
e, ao mesmo tempo que sua vida testificava que amavam o Salvador e procuravam
viver em obediência aos santos mandamentos de Deus, manifestavam, de ordinário,
apenas a habilidade e inteligência que geralmente se vêem nas crianças daquela
idade. Quando se encontravam em pé diante do povo, evidenciava-se, entretanto,
que eram movidos por uma influência acima dos seus dotes naturais. O tom da voz
e as maneiras se transformavam, e com poder solene faziam a advertência do
juízo, empregando as próprias palavras das Escrituras: ‘Temei a Deus, e dai-Lhe
glória; porque vinda é a hora de Seu juízo.’ Reprovavam os pecados do povo, não
somente condenando a imoralidade e o vício, mas repreendendo o mundanismo e a
apostasia, admoestando os ouvintes a que fugissem apressadamente da ira
vindoura.
“O povo ouvia com tremor. O Espírito convincente de Deus
falava-lhes ao coração. Muitos eram levados a pesquisar as Escrituras com novo
e mais profundo interesse; os intemperantes e imorais corrigiam-se; outros
abandonavam as práticas desonestas, e fazia-se uma obra tão assinalada, que
mesmo pastores da igreja do Estado eram obrigados a reconhecer que a mão de
Deus estava no movimento.
“Era vontade de Deus que as novas da vinda do Salvador fossem
dadas nos países escandinavos; e, quando silenciou a voz de Seus servos, pôs
Ele Seu Espírito sobre as crianças para que a obra pudesse cumprir-se.”[ADF5]
Estes notáveis acontecimentos tiveram lugar nos anos 1840
precisamente poucos anos antes do final da profecia dos 2.300 anos.
“Quando na Suécia em 1885, Ellen G. White, quando
inquirida acerca destes episódios, declarou que os filhos assim afectados
estavam inconscientes do que se passava à sua volta. Elas tinham todas as
características daqueles que estavam em visão de Deus e falavam com poder
convincente que causavam grande influência. Elas perderam o seu comportamento
infantil e falavam com toda a força e poder de homens e mulheres crescidos.
Muitos dos que as viram e ouviram firmemente creram que Deus estava a usá-las
para proclamarem a mensagem profeticamente esperada nessa altura. No relato de
uma testemunha ocular de uma assembleia numa casa de campo, dirigida por uma
menina pregadora, é citado:
“‘Quando as restantes [pessoas] tinham chegado, as
suas maneiras mudaram completamente, tanto na intrepidez como nos movimentos,
indicando claramente que ela estava movida por um poder invisível, e não pelos
seus próprios dons naturais. Quando começou a falar, a sua voz também mudou.
Ela disse, ‘Temei a Deus, e daí-Lhe glória; porque é vinda a hora do juízo.’
Ela reprovou pecados, como o beber, roubo, adultério, blasfémia, maledicência e
também reprovou os frequentadores de igrejas por apoiarem a igreja com vista
aos seus negócios mundanos, em vez de ouvirem a palavra de Deus e conformarem a
sua vida com ela. A sua voz e palavras eram solenes. Muitos choravam e
suspiravam. Era-lhes dito que lhes havia sido dado tempo para se arrependerem,
mas tinham que o fazer imediatamente e não adiarem.” The Prophetic Faith of
Our Fathers, 3:674,
por LeRoy Edwin Froom.
A mensagem e obra do primeiro anjo eram também
visíveis na Suíça, França e Alemanha. O mensageiro mais digno de atenção foi
Louis Gaussen, cuja obra é descrita em O
Grande Conflito, 364-366. Ele adoptou a estratégia de trabalhar com as
crianças na esperança que assim achasse acesso aos pais. O plano resultou
extremamente bem e em breve considerável número de adultos vieram para ouvir e
serem abençoados.
“Conquanto um dos mais distintos e queridos pregadores
da língua francesa, Gaussen, depois de algum tempo, foi suspenso do ministério
pela falta principal de usar a Bíblia, ao dar instrução aos jovens, em vez do
catecismo da igreja - manual fraco e racionalista, quase destituído de fé
positiva. Mais tarde se tornou professor numa escola de teologia, e aos
domingos continuava seu trabalho como catequista, falando às crianças e
instruindo-as nas Escrituras. Suas obras sobre as profecias despertaram também
muito interesse. Da cátedra de professor, por intermédio da imprensa, e pela
sua ocupação favorita como mestre de crianças continuou durante muitos anos a
exercer vasta influência, sendo o instrumento a chamar a atenção de muitos para
o estudo das profecias que indicavam a próxima vinda do Senhor.” O Grande Conflito, 366.
“Na Alemanha, a doutrina fora ensinada no século
XVIII por Bengel, pastor da Igreja Luterana e célebre sábio e crítico da
Bíblia. Completando sua educação, Bengel ‘havia-se dedicado ao estudo de
teologia, a quem o pendor de seu espírito grave e religioso, acentuado e
fortalecido pelo seu primitivo ensino e disciplina, naturalmente o inclinava.
Como outros jovens de caráter meditativo, antes e depois dele, teve que lutar
com dúvidas e dificuldades de natureza religiosa; e ele faz alusão, muito
sentidamente, às muitas setas que lhe traspassavam o pobre coração,
tornando-lhe a juventude difícil de suportar’. — Enciclopédia Britânica, art.
Bengel. Ao tornar-se membro do consistório de Wuerttemberg, advogou a causa da
liberdade religiosa. ‘Ao passo que mantinha os direitos e privilégios da
igreja, defendia toda liberdade razoável aos que se sentiam obrigados, por
motivos de consciência, a retirar-se de sua comunhão.’ — Enciclopédia
Britânica. Os bons efeitos desta política são ainda sentidos em sua província
natal.
“Foi enquanto preparava um sermão sobre Apocalipse
21, para o ‘Domingo do Advento’, que a luz da segunda vinda de Cristo raiou no
espírito de Bengel. As profecias do Apocalipse desvendaram-se-lhe à compreensão
como nunca dantes. Vencido pela intuição da importância estupenda e
extraordinária glória das cenas apresentadas pelo profeta, foi obrigado a
desviar-se por algum tempo da contemplação do assunto. No púlpito este se lhe
apresentou novamente em toda a sua clareza e poder. Desde aquele tempo se
dedicou ao estudo das profecias, especialmente as do Apocalipse, e logo chegou
à crença de que elas mostravam a proximidade da vinda de Cristo. A data que
fixou como o tempo do segundo advento diferia, em muito poucos anos, da que
mais tarde Miller admitiu.
“Os escritos de Bengel têm sido espalhados por toda
a cristandade. Suas idéias sobre profecias foram, de modo geral, recebidas em
seu próprio Estado de Wuerttemberg, e até certo ponto em outras partes da
Alemanha. O movimento continuou depois de sua morte, e a mensagem do advento
ouviu-se na Alemanha ao mesmo tempo em que despertava a atenção dos homens em
outras terras. Logo no início alguns dos crentes foram à Rússia e ali formaram
colônias; e a crença na próxima vinda de Cristo é ainda mantida pelas igrejas
alemãs daquele país.” O Grande Conflito,
363, 364.
Cada um destes e muitos outros deram testemunho nas
suas áreas individuais, desde o jesuíta católico romano, Manuel Lacunza, que
estudou a mensagem e enviou os seus escritos do seu retiro virtualmente à
sombra do centro do poder papal; através de Joseph Wolff, o missionário do
mundo; às pequenas crianças na Suécia que proclamaram a mensagem sob a
inspiração directa do Espírito Santo.
Muitas destas testemunhas nunca se encontraram entre
si e noutros casos eram ignorantes quanto à existência uns dos outros. Contudo,
houve uma notável reunião onde estudantes daquelas profecias que se
relacionavam com a segunda vinda de Cristo, se reuniram para orar e estudar
mais. Esta reunião dava-se em Londres cada ano entre 1826 e1830, foi chamada
The Albury Park Prophetic Conference.
“Num desejos de comparar opiniões e chegar a uma
melhor e mais unida compreensão das profecias relativas aos tempos, grupos de
comentadores mantiveram reuniões periódicas no Verão de 1826. Depois, sob
sugestão de Lewis Way, Henry Drummond convidou por carta certos ministros e
homens de leis que ele cria estarem interessados em se reunir pelo final do ano
para uma semana completa de estudo e discussão ininterrupto. Vinte estudantes
da profecia responderam ao primeiro chamado, Joseph Wolff estava entre esse
número e Hugh M’Neile, reitor da paróquia de Albury, serviu de moderador.
“Assim a primeira Conferência Profética sobre o
Despertamento do Advento na Europa aconteceu — a primeira do seu género,
aparentemente, na história moderna da igreja. O luxuoso palacete de Albury
Park, perto de Guilford, em Surrey, alcançado por uma estrada fácil através de
bosques, foi admiravelmente apropriado para uma tal assembleia. Proporcionava
retirados passeios à sombra para contemplação ou discussão. Os participantes
estavam vitalmente interessados nos sinais imediatos do cumprimento da profecia
e estavam ansiosos para encontrar aplicações satisfatórias para pontos
divergentes.
“Estas conferências foram repetidas anualmente até
1830. Quarenta e quatro pessoas ao todo assistiram a uma ou mais, representando
várias igrejas e comunidades. O carácter inter-igreja do grupo é revelado pelo
facto que dezanove eram homens do clero da Inglaterra, um era morávio, dois
ministros dissidentes, quatro ministros da igreja oficial da Escócia, onze
homens de leis da Inglaterra, um advogado presbítero escocês e seis outros eram
de credo indefinido. Nomes bem conhecidos incluíam Drummond, M’Neile,
Cuninghame, Wolff, Irving, Daniel Wilson (depois bispo de Calcutá), Frere,
Hawtrey, Vaughan, Bayford, Stewart, Simons, Marsh, John Tudor (mais tarde
editor de The Morning Watch) e Lord
Mandeville.” The Prophetic Faith of Our Fathers, 3:449, 450, por LeRoy Edwin Froom.
Durante estas conferências o dia era todo devotado à
oração, estudo e debates. Havia três sessões diárias, a primeira, antes do
pequeno almoço, a segunda, antes do almoço e a terceira fim da tarde. Um orador
escolhido apresentava um tópico durante a primeira sessão que durava uma hora,
enquanto os outros ouviam atentamente e tomavam notas sobre aquilo que ouviam.
Voltavam a encontrar-se às onze. Durante as duas horas que se seguiam o estudo
bíblico da manhã, era servido o pequeno almoço, mas a principal ocupação durante
esse período era a estudiosa consideração do estudo da manhã acompanhada de
oração.
Depois de estarem de novo sentados à volta da grande
mesa de conferência e terem intercedido pela presença e ministério do Espírito
Santo, o moderador pedia a cada pessoa na sua vez para exprimir as suas
convicções sobre os pensamentos apresentados no estudo da manhã. Quatro ou
cinco horas eram passadas desta maneira com cada um claramente, mas com
cortesia apresentando o que havia descoberto sobre o assunto.
A sessão final acontecia depois da ceia quando era
se devotava tempo a qualquer questão ou dificuldade que tivesse surgido durante
as sessões do dia. Os procedimentos continuavam no espírito de diligente
oração, ampla fé e profunda dedicação à verdade. Os que estavam presentes eram
grandemente abençoados e levavam consigo a solene compreensão que estavam a
viver nos últimos dias da história humana.
Isto era de esperar em vista da solene e alarmante
natureza da mensagem do primeiro anjo. Sempre que estas grandes verdades eram
pregadas, primeiramente no Velho Mundo e depois no Novo, incitavam almas a
procurar o arrependimento, ou irritáva-os de modo a perseguirem e oporem-se à
obra de Deus e dos que se consagravam a ela.
Como esta breve história mostra, houve um despertamento
muito activo, profundo e significativo na Europa, Ásia, África e América do Sul
antes do poderoso movimento do Advento abriu caminho nos Estados Unidos da
América. Houve outra diferença e foi que no mundo de Lacunza, Irving, Wolff e a
crianças suiças, a pregação de uma data definida para o segundo advento de
Cristo did not feature as prominentemente ou especificamente como fez no outro
lado do Atlântico, com o resultado que os crentes não sofreram o mesmo terrível
desapontamento como aconteceu nos Estados Unidos. Contudo, o despertamento na
Europa esmoreceu depois do tempo esperado ter passado.
Felizmente, não se provou ser este o caso com o
movimento do Advento na América do Norte. Embora sofrendo um desapontamento tão
esmagador em 1844 que quase destruiu o movimento, o Senhor foi capaz de enviar
luz através das trevas para nova direcção e ímpeto à obra. O povo de Deus com
renovada coragem avançou para construir o poderoso movimento do Advento que se
disseminou desde os Estados Unidos para encher o mundo.
O pai fundador desse movimento foi Guilherme Miller,
um agricultor honesto que se tinha desiludido com os ensinamentos religiosos
dos seus dias e voltou-se para o seu próprio estudo pessoal da palavra de Deus
a fim de aprender a verdade como ali está escrita. Ele nasceu em 1782 e morreu
em 1849.
Quando rapaz tinha uma ávida sede de conhecimento e
leu todos os livros que conseguia. Muitos destes apresentavam sentimentos
infiéis uma vez que era o tempo em o agnóstico e o ateísta era popular. A
leitura destes livros e a sua associação com deístas levou-o a duvidar da
autoridade e autenticidade das Escrituras e a pô-las de parte. Conquanto se
encontrasse numa situação pior em resultado, manteve estas opiniões durante
quase doze anos.
Ele experimentou um crescente sentido de falta de
esperança e receava pelo futuro e carregou este desespero até ao dia em o
Senhor lançou luz na sua mente. “‘Subitamente’, diz ele, ‘gravou-se-me ao vivo
no espírito o caráter de um Salvador. Pareceu-me que bem poderia existir um Ser
tão bom e compassivo que por nossas transgressões fizesse expiação,
livrando-nos, assim, de sofrer a pena do pecado. Compreendi desde logo quão
amável esse Ente deveria ser, e imaginei poder lançar-me aos Seus braços,
confiante em Sua misericórdia. Mas surgiu a questão: Como se pode provar a
existência desse Ser? Afora a Bíblia, achei que não poderia obter prova da
existência de semelhante Salvador, nem sequer de uma existência futura. ...
“‘Vi que a Escritura Sagrada apresentava
precisamente um Salvador como o que necessitava; e fiquei perplexo por ver como
um livro não inspirado desenvolvia princípios tão perfeitamente adaptados às
necessidades de um mundo decaído. Fui constrangido a admitir que as Escrituras
devem ser uma revelação de Deus. Tornaram-se elas o meu deleite; e em Jesus
encontrei um amigo. O Salvador tornou-Se para mim o primeiro entre dez mil; e
as Escrituras, que antes eram obscuras e contraditórias, tornaram-se agora a
lâmpada para os meus pés e luz para meu caminho. Meu espírito tranquilizou-se e
ficou satisfeito. Achei que o Senhor Deus é uma Rocha em meio do oceano da
vida. A Bíblia tornou-se então o meu estudo principal e, posso em verdade
dizer, pesquisava-a com grande deleite. Vi que a metade nunca se me havia dito.
Admirava-me de que me não tivesse apercebido antes, de sua beleza e glória; e
maravilhava-me de que já a pudesse haver rejeitado. Tudo que o coração poderia
desejar, encontrei revelado, como um remédio para toda enfermidade da alma.
Perdi todo o gosto para outra leitura, e apliquei o coração a obter a sabedoria
de Deus.’" O Grande Conflito,
319.
Guilherme Miller nunca tinha planeado o momento,
lugar e método pelo qual esta conversão viria. Foi o seu Pai celestial que fez
tudo, não só trazer-lhe salvação pessoal, mas também efectuar nele uma poderosa
preparação espiritual para a sua futura grande obra. Este é um padrão distinto
que aparece nas vidas de todos a quem o Senhor chama para serem seus
mensageiros. Martinho Lutero descobriu-o quando lutava penosamente em Roma na “escada
de S. Pedro”; veio a John Wesley na sala de reunião na rua Aldersgate, Londres;
e à irmã White na sua juventude antes do grande desapontamento testar os
crentes em 1844. Esta conversão deve ser experimentada por todos aqueles que
são chamados por para serem mensageiros na causa de Deus, porque a obra do
evangelho apenas pode ser levada avante por aqueles que primeiro a possuem.
Quando alguém afirma ser mensageiro por designação divina mas não pode
referir-se a uma específica experiência de libertação do senhor do pecado, não
tem por isto bases suficientes para o seu ministério. Não receais separar-vos
dessa pessoa.
Tendo sido assim transformado, Guilherme Miller
devotou os dois anos seguintes ao estudo das Escrituras. Ele seguiu um
procedimento muito seguro e acertado, o ponto principal do qual foi aceitar que
a Bíblia é o seu próprio intérprete.
Esforçou-se por deixar de lado todas as ideias
preconcebidas e comentário humanos; comparou Escritura com Escritura; estudou de maneira regular e metódica;
começou com Génesis
e leu para a frente versículo a versículo; e avançou apenas quando o significado era
descoberto; quando encontrou alguma coisa obscura, comparou todos os textos que pareciam ter implicação
na dificuldade; e trabalhava nisto até que a obscuridade era
substituída pela clareza.
Assim para cada texto difícil de entender; Encontrou uma explicação nalguma outra parte das
Escrituras.
Vede O Grande
Conflito, 320
Em 1818, no final dos dois anos de intenso estudo,
chegou à solene conclusão que Cristo viria em cerca de 25 anos, mas estas
descobertas estavam tão fora da harmonia com os ensinamentos do seu tempo, que
pôs em dúvida se apenas ele estava certo e tantos outros em erro.
Para se proteger de desviar outros e ele mesmo,
dedicou os cinco anos seguintes à mais cuidadosa verificação e reverificação
das ideias recentemente formadas, mas foi incapaz de descobrir quaisquer erros
básicos nos seus ensinos.
A responsabilidade de dizer aos outros agora começou
a pesar fortemente na sua mente, mas, olhando para si próprio como uma pessoa
não preparada, excepto de forma pessoal calma, para comunicar tão momentosa
luz, não proclamou publicamente estas verdades até que, passados nove anos de
hesitação, veio o chamamento de Deus para uma ocupação a tempo inteiro no
evangelismo público com clareza, força e poder que ele não se atreveu a
recusar.
“A agonia e luta interior de consciência que se
aprofundava em Miller acerca do seu dever de falar sobre as suas convicções ao
mundo teve o seu climax num movimentado dia de verão em 1831. Era o segundo
sábado do mês, que era 13 de Agosto, e Miller estava em casa em Low Hampton.
Tinha terminado o pequeno almoço, e tinha passado um pouco de tempo na sua
secretária antiga na agradável sala leste da sua sturdy farm house , examinando
mais sobre ‘o mesmo ponto’ no seu estudo. Quando se levantou para retomar a
mesma tarefa, veio a convicção á sua mente com maior premência do que jamais
antes, ‘vai e di-lo ao mundo.’ foi como se Deus tivesse dito estas palavras. A
impressão era tão real e tão poderosa que caiu para trás.
[ADF1]Esta
foi a descoberta de Lacunza. O inicio ou o caminho para o 1º Anjo que seria a
preparação do povo de Deus para a 2ª vinda de Cristo.
[ADF2]Podemos
verificar por aqui que quando Deus trabalha em conjunto com o Homem para
preparar os Seus caminhos pode-se verificar um avanço grande na sua obra.
[ADF3]Isto
era o caminho para a mensagem do 1º Anjo pois para haver uma preparação para a
2ª vinda de Cristo pois aquilo que Irving provou foi que se Cristo venceu e deu
o exemplo então essa era a mesma obra que teria que ser efectuada em nós.
[ADF4]Deus
ultiliza-se de todos os meios para fazer a sua obra progredir e por mais que
nós homens façamos para travar a obra nada acontece pois como aconteceu com o
louco em Jerusalém ou como está escrito que farei as pedras falarem mas a obra
será feita.
[ADF5]Quando
uma porta se fecha Deus logo abre outra e tem sempre uma solução para aqueles
que O procuram.
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