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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

OS SETE ANJOS EM APOCALIPSE - CAPITULO 7 - F T Wright

Os Sete Anjos


Capítulo 7


O Segundo Anjo Seguiu o Primeiro

Na descrição da obra do segundo anjo, as Escrituras declaram claramente: “E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.” Apocalipse 14:8.
Há uma verdade vital no facto que o segundo anjo veio a seguir ao primeiro. Este é o seu lugar divinamente determinado. Ele só pode vir depois do primeiro anjo. mesmo quando voa juntamente, como faz uma vez com o primeiro, o segundo tem que esperar que o primeiro faça a obra dele para poder fazer a sua.
A própria natureza da mensagem do segundo anjo determina esta relação. Embora o segundo tenha a missão de anunciar o efeito da mensagem do primeiro, nada tem a dizer enquanto o efeito não tenha sido produzido. Ele não só profetiza o que acontecerá, mas declara o que já aconteceu. Portanto, não tem uma obra nem uma mensagem até o primeiro anjo cumprir as suas responsabilidades.
É por esta razão que vemos o segundo anjo a derramar a sua luz apenas sobre os que positivamente receberam o evangelho eterno apresentado pelo seu antecessor, o primeiro anjo. É assim porque aqueles que recusaram o evangelho eterno nada podem ver nas revelações que se seguem. Esta verdade é tão importante que é salientada em mais do que uma revelação dada no Espírito de Profecia.
Um desses é intitulado “Uma Ilustração do Movimento Adventista” e está relatado em Primeiros Escritos, 240-245. Em primeiro lugar, a atenção é dirigida para um número de grupos que estão ligados entre si por cordas. Muitos deles estavam em totais trevas espirituais com os olhos fixos em baixo nas coisas terrestres enquanto não tinham qualquer ligação com Jesus. Os anjos mantinham uma fiel vigilância sobre todos os que tinham esta ligação espiritual, ao passo que os anjos maus assistiam aos que estavam em trevas. Depois, é ouvido o som da mensagem, “Temei a Deus e dai-Lhe glória, porque vinda é a hora do Seu juízo.”
“Uma gloriosa luz repousou então sobre esses grupos, a fim de iluminar a todos que a recebessem.” Primeiros Escritos, 240.
Por isso está claramente escrito que a mensagem do primeiro anjo era dirigida a todos os que estavam nessas igrejas. Ela veio não só para um número escolhido nesses grupos. Os que anteriormente tinham mantido uma ligação com o Céu regozijaram-se por este aumento da preciosa luz juntamente com alguns dos que estavam em trevas. Porém a maioria das pessoas que estavam em trevas rejeitaram a luz e começaram a perseguir veementemente aqueles que tinham recebido e mostraram afeição para com a verdade.
Isto levou à separação apesar dos esforços dos ministros para evitar a saída dos fiéis. O primeiro desapontamento, tornado ainda mais severo pela troça dos que tinham desprezado a mensagem, caiu em seguida sobre eles. Neste ponto crítico da cena entrou o segundo anjo e juntou a sua voz à mensagem do primeiro anjo. Notai contudo, que apenas os que se tinham mantido firmes na luz do primeiro anjo receberam a luz do segundo.
“Então ouvi a voz de outro anjo dizendo: ‘Caiu! Caiu Babilônia.’ Apoc. 14:8. Uma luz brilhou sobre os desalentados, e com ardentes desejos por Seu aparecimento, fixaram de novo os olhos em Jesus.” Primeiros Escritos, 241.
Quem eram esses desalentados? Eram os crentes que, tendo recebido a mensagem proclamada pelo primeiro anjo, estavam à espera que Cristo viesse em Abril de 1844. Uma vez que Ele não veio, sofreram um profundo desapontamento. Mas, quando a luz do segundo anjo veio, a sua luz brilhou sobre estes. Ela não brilhou sobre os que tinham recusado a luz que lhes fora oferecida.
Noutra visão que se intitula, “Uma Firme Plataforma”, é salientada a mesma verdade fortemente. A evidência para provar este ponto é reunida primeiramente do desenvolvimento da oposição e rejeição dos judeus a Cristo.
“Minha atenção foi chamada para a proclamação do primeiro advento de Cristo. João foi enviado no espírito e poder de Elias a fim de preparar o caminho para Jesus. Os que rejeitaram o testemunho de João não foram beneficiados pelos ensinos de Jesus. A oposição, da parte deles, à mensagem que predizia a Sua vinda, colocou-os onde eles não podiam prontamente receber a melhor evidência de que Ele era o Messias. Satanás levou os que rejeitaram a mensagem de João a ir ainda mais longe, a ponto de rejeitar a Cristo e crucificá-Lo. Com este procedimento, colocaram-se onde não podiam receber as bênçãos do dia do Pentecoste, o que lhes teria ensinado o caminho para o santuário celestial. A ruptura do véu do templo mostrou que os sacrifícios e ordenanças judaicos não mais seriam recebidos. O grande Sacrifício havia sido oferecido e aceito, e o Espírito Santo, que desceu no dia de Pentecoste, levou a mente dos discípulos do santuário terrestre para o celestial, onde Jesus havia entrado com o Seu próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios de Sua expiação. Mas os judeus foram deixados em trevas completas. Perderam toda a luz que podiam ter recebido sobre o plano da salvação, e ainda confiavam em seus inúteis sacrifícios e ofertas. O santuário celestial havia tomado o lugar do terrestre, mas eles não tiveram conhecimento da mudança. Assim, não podiam ser beneficiados pela mediação de Cristo no lugar santo.” Primeiros Escritos, 259, 260.
Estão aqui apresentadas as cinco fases de desenvolvimento no crescimento da obra entre o ministério de João Baptista e a igreja apostólica. Elas eram: a obra de João Baptista, o ministério de Cristo, a crucifixão, Pentecostes e o começo do serviço mediador no primeiro compartimento do santuário celestial. Ninguém podia receber qualquer bênção ou benefício de qualquer fase subsequente a menos que tivesse recebido e aceite a luz e a verdade apresentada nas fases anteriores. Assim aqueles que recusavam as verdades enviadas pelo Céu proclamadas por João Baptista, eram incapazes de ver e aceitar qualquer coisa que o Senhor enviasse depois. Para eles, tudo o que restava eram trevas e destruição.
O mesmo padrão foi repetido durante o levantamento do grande Segundo Movimento do Advento à medida que Deus avançava com o Seu povo de um nível espiritual para o outro. De facto, as duas cenas são paralelas entre si.
“Todo o Céu observou com o mais profundo interesse a receptividade da mensagem do primeiro anjo. Porém, muitos que professavam amar a Jesus, e que derramavam lágrimas ao lerem a história da cruz, ridicularizavam as boas novas de Sua vinda. Em vez de receber a mensagem com alegria, declaravam ser ela um engano. Odiavam os que amavam o Seu aparecimento, e expulsaram-nos das igrejas. Os que rejeitavam a primeira mensagem não podiam ser beneficiados pela segunda, nem o eram pelo clamor da meia-noite, que devia prepará-los para entrar com Jesus pela fé no lugar santíssimo do santuário celestial. E pela rejeição das duas primeiras mensagens, ficavam com o entendimento tão entenebrecido que não podiam ver qualquer luz na mensagem do terceiro anjo, que mostra o caminho para o lugar santíssimo. Vi que assim como os judeus crucificaram a Jesus, as igrejas nominais haviam crucificado essas mensagens, e por isso mesmo não têm conhecimento do caminho para o santíssimo, e não podem ser beneficiadas pela intercessão de Jesus ali. Como os judeus, que ofereciam seus inúteis sacrifícios, elas oferecem suas inúteis orações dirigidas ao compartimento de onde Jesus já saiu; e Satanás, eufórico com o engano, assume um caráter religioso, e dirige a mente desses professos cristãos para si mesmos, operando com o seu poder, com seus sinais e prodígios de mentira, para retê-los em seu laço.” Primeiros Escritos, 260, 261.
Desde que o dedicado obreiro de Deus compreenda estes princípios, saberá que qualquer tentativa para ensinar a mensagem do segundo anjo a uma pessoa que não tenha recebido a mensagem do primeiro, o evangelho eterno, como uma experiência pessoal viva, seria completamente vã. Contudo, a tentação de ignorar estes princípios e ensinar a mensagem denunciando Babilónia sem determinar em primeiro lugar que o interessado esteja verdadeiramente estabelecido no evangelho, pode ser verdadeiramente forte.
Isto acontece como se segue: Uma pessoa, membro de uma igreja apostatada é atraída para a mensagem, mas, como acontece tantas vezes, ela está mais preocupada com o relacionamento com a igreja do que com a salvação pessoal. A falta de preocupação pela necessidade da sua própria alma é porque descansa satisfeita na suposição que, se alguém é um filho de Deus renascido ela é um deles. Essas pessoas vêm perguntar se devem ou não ficar na igreja em que vêem graves afastamentos da verdade e aumento das práticas injustas. Procuram respostas acerca da igreja ser ou não Babilónia e se devia ser abandonada.
O crente a quem é feita estas perguntas naturalmente fica entusiasmado por ver um activo interesse nesses assuntos e naturalmente tem a tendência de apresentar informação nas áreas onde o interesse é realmente manifestado. Mas a sabedoria do alto declara o contrário. Aqui a máxima é: Primeiro as primeiras coisas. A primeira coisa é o evangelho. Recusai absolutamente ser atraídos para a questão da igreja, seu estado, organização, relação com Deus e seu destino enquanto o ouvinte não tiver recebido o evangelho, o compreenda e faça dele a sua experiência pessoal. Se esta regra não for seguida, as almas serão perdidas e a obra falhará.
Esta lição foi fortemente gravada na minha mente há alguns anos. Um casal adventista assistiu a uma reunião que eu havia conduzido na Califórnia. Quando ela acabou, procuram-me e começaram a falar com a maior preocupação a respeito do terrível estado de declínio espiritual e moral na igreja. Enumeraram uma série de afastamentos da justiça e queriam saber onde se encontrava a igreja à vista de Deus e o que é que ia acontecer com ela.
Ouvi em silêncio durante algum tempo convencido que eles estavam prontos para uma apresentação a respeito de Mateus 22:1-14. Esta profecia responderia às suas perguntas mostrando claramente onde se encontrava a igreja em relação à verdade presente e à vista de Deus. À vista daquilo que eles tinham dito a respeito da igreja, esperei completamente que se regozijassem a propósito da poderosa e clara verdade contida nessa profecia, mas para meu espanto, verifiquei que reagiram de modo bastante diferente. Olharam para mim como se eu fosse um inimigo mortal, interromperam o estudo e puseram-me fora da casa. Interroguei-me quanto ao que havia dito que os pudesse ter ofendido. Não pude nessa altura compreender a psicologia da situação mas compreendi o suficiente para reconhecer que fora um erro pregar acerca do segundo anjo a alguém que nunca tinha recebido o primeiro. Decidi que nunca mais seria apanhado desta forma outra vez.
Porque é que as pessoas reagem desta maneira?
Uma das razões é que, se as trevas dentro das pessoas não forem dispersas pelo evangelho, é provavelmente impossível elas verem que Babilónia está na verdade para além da redenção e que o único caminho seguro é sair de dentro dela. Ao contrário, mesmo apesar de admitirem que a igreja está em terrível condição, vigorosamente argumentam que virá o tempo em que o Senhor a purificará completamente e finalizará a obra através dela e de nenhuma outra. Portanto, afirmarão que é essencial que os fiéis não a abandonem porque, quando o Senhor tiver purificado as suas fileiras, estarão ao dispor d’Ele para executar os Seus planos e completar a Sua obra, um papel que lhes seria negado se separarem. Crendo que este é o plano divino, rejeitarão como satânica qualquer denúncia da queda de Babilónia e qualquer chamamento à separação dela. Desse modo chamarão às trevas, luz; e luz, às trevas.
Uma segunda razão para as suas notáveis reacções à apresentação da mensagem do segundo anjo é que o membro da igreja está literalmente casado como o corpo eclesiástico. E relação é espiritual e não física, mas é do mesmo modo real. Aplicam-se as mesmas leis e produzirão as mesmas respostas e reacções. Uma destas é que, embora a esposa possa estar cheia de queixas por causa do tratamento do marido, imediatamente se levanta em defesa dele se ele for atacado. Um claro exemplo disto foi-nos dado através da experiência de uma amigo que caminhava ao cair da noite numa rua sossegada de uma cidade ao sul de Queensland.
A sua atenção foi subitamente atraída pelos gritos de socorro de uma mulher. Um homem embriagado estava a bater-lhe brutalmente. A linguagem usada pelo homem mostrava que a mulher era a esposa. A cada pancada que atingia o corpo dela, gritava desesperadamente pela ajuda que o nosso amigo em gentileza estava pronto a dar. Rapidamente atravessou a rua e tentou impedir o marido que imediatamente desviou a atenção da sua infeliz esposa para aquele que seria o libertador. O nosso amigo contava com isto completamente. Era algo com que ele podia lidar. O que ele não podia compreender nem lidar era o facto que a esposa também se voltou contra ele para proteger o marido daquele a quem ela tão recentemente havia gritado por ajuda. O nosso amigo retirou-se da sua fúria combinada determinado a nunca mais tentar arbitrar disputas entre marido e mulher.
Se a mulher não fosse casada com aquele homem, então, quando o nosso amigo respondeu aos seus gritos por ajuda, ela nunca o teria atacado. Pelo contrário, se fizesse alguma coisa, seria ajudá-lo nos esforços para acalmar a fúria do atacante dela e ficaria muito grata pela sua intervenção. Foi o facto dela ser casada com ele que fez toda a diferença.
Mas porque faria isso tanta diferença?
Porque ele era o único marido que ela tinha e conhecia e era portanto a sua segurança. Se ela o perdesse, não via quem pudesse tomar o seu lugar. Apesar dele a ameaçar e dificilmente cuidar dela, era tudo o que tinha. É um caso em que aquilo que tendes, por muito mau que seja, é melhor do que nada. Ela via qualquer ameaça levantada contra ele como sendo um perigo para ela. Por protegê-lo-ia com todas as suas forças sempre que ele fosse atacado.
Do mesmo modo há uma actual relação de casamento entre uma igreja apóstata e os seus membros. Não devia ser assim porque Cristo é o único com quem o crente devia construir uma relação de casamento. Todavia, quando a incredulidade e subsequente apostasia separa o povo de Cristo, a igreja toma o lugar d’Ele como a parte do casamento. Quanto mais profunda for a apostasia em que a organização caia, mais devotamente os seus membros confiam na igreja por redenção. Ao mesmo tempo, afastam-se tanto da verdadeira Cabeça da igreja que nada sabem acerca d’Ela e da capacidade que só Ela tem para os conduzir ao Paraíso. Portanto, a igreja torna-se o único parceiro do casamento que conhecem. Sentem que sem ela não há esperança. Consequentemente, qualquer ameaça à igreja é uma ameaça para eles e fará com que se levantem em defesa dela todas as vezes que ela é atacada por aqueles que, tendo evangelho eterno, têm a capacidade para expor o seu desesperado estado. Enquanto se mantiverem casados com a igreja, não importa quão óbvia possa ser a apostasia dela, intrepidamente a defenderão contra todos os que vêm e especialmente contra os que possuem em si mesmos a luz e poder que vem do verdadeiro Marido, Jesus Cristo.
Esperar-se-ia que, nestas circunstâncias, os membros da igreja nunca seriam acusados de criticar ou condenar a organização ou os seus dirigentes, mas, por haver um receio incomodativo que os seus pecados a desqualifiquem para realizar com eficácia o seu esperado papel de salvador, procuram alguma certeza que, apesar daquelas falhas, a igreja esteja em boas realmente em boas condições e não desiluda aqueles que confiam nela e a defendem. Quando se queixam a respeito da prevalecente apostasia na igreja, em muitos casos a última coisa que querem é que alguém concorde com eles. Pelo contrário, desejam leves certezas que Deus conhece tudo acerca da situação, que Ele purificará o movimento separando os que não estão em sintonia com Ele, honre todos os que clamam e lamentam as abominações que são feitas na Terra e conduza o bom barco ao seguro porto celestial.
Condenar a igreja a uma pessoa que está casada com ela é contra producente. Há apenas uma única forma pela qual uma pessoa pode ser levada a aceitar a mensagem do segundo anjo e a sair de Babilónia. Ela tem que se divorciar da presença interior de Babilónia antes de poder ser separada dela exteriormente. A única forma pela qual isto pode ser feito é pelo poder de Deus, o evangelho de Jesus Cristo. Quando a pessoa é levada ao lugar onde está disposta a ser liberta da presença interior de Satanás pela erradicação do velho homem e está pronta a receber a vida de Cristo em seu lugar, então, uma vez que tenha uma fé viva e activa nas capacidades de Cristo para fazer esta maravilhosa obra dentro dela e por ela, o milagre acontece.
Então conhecerá o vivo poder do novo marido que lhe dará a plenitude da confiança que este Homem, Cristo Jesus, com certeza, adequadamente lhe dará tudo o que necessita para esta vida a para a futura. Perderá toda a afeição pelo velho marido e sua igreja caída e será capaz de deixar o barco que se afunda sem olhar para trás. Não olhará para trás com fez a mulher de Ló que de facto não estava disposta a partir levando Sodoma no seu coração. Por esta razão ela se transformou numa coluna de sal e morreu com a cidade que amava.
Cristo, o Mestre Supremo e o mais claro exemplo que temos na técnica de conquistar almas, demonstrou estes princípios no Seu encontro com Nicodemus. Este homem não era um fariseu comum. Enquanto os outros dirigentes justificavam os males da igreja e activamente promoviam o avanço da apostasia, este guia dos judeus estava preocupado por causa dos pecados da igreja e foi estranhamente atraído para Jesus. Ele não aprovava a profanação dos pátios do templo pelos compradores e vendedores e não lucrava com estas vendas como faziam muitos dos seus companheiros nos lugares elevados. Como um irmão verdadeiramente preocupado, lamentava e chorava por causa das abominações que estavam a ser feitas na Terra e desejava uma grande reforma para limpar Israel e trazê-lo de novo ao favor de Deus.
Todos estes atributos são dignos de louvor, mas apesar deles, Nicodemus não era um cristão renascido. Via nas suas boas obras e desejos uma certeza que, se alguém fosse filho de Deus, ele com certeza era um deles. Por isso quando se encontro com Jesus, não desejou falar acerca do evangelho e da sua capacidade para solucionar as necessidades espirituais dele. Queria discutir sobre o tipo de reino que Jesus estava prestes a estabelecer e exactamente como ele devia ser organizado. Analisaria então as respostas de Cristo para ver se as Suas propostas de facto resolveriam os problemas que se agravavam, se os livrariam do domínio romano e se os elevariam ao nível de nação dirigente na Terra.
Nicodemus é um típico exemplo dos irmãos das igrejas caídas preocupados que, tal como ele, sentem que estão espiritualmente vivos. Descansam como ele na noção, que se não nascerem de novo, dificilmente terão a acentuada preocupação pelo que está a acontecer na igreja.
“Nicodemos fora ter com o Senhor pensando em entrar com Ele em discussão, mas Jesus expôs-lhe os princípios fundamentais da verdade. Disse a Nicodemos: Não é tanto de conhecimento teórico que precisas, mas de regeneração espiritual. Não necessitas satisfazer tua curiosidade, mas ter um novo coração. É mister que recebas nova vida de cima, antes de te ser possível apreciar as coisas celestiais. Antes que se verifique essa mudança, tornando novas todas as coisas, nenhum salvador proveito tem para ti o discutir comigo Minha autoridade ou missão.” O Desejado de Todas as Nações, 171.
Nicodemus ter-se-ia deleitado em discutir com Cristo a Sua autoridade e missão e Jesus sabia isso. Mas Ele não caiu na armadilha. Sabendo que não havia esperança de Nicodemus compreender a natureza e qualidade da Sua obra antes de nascer de novo, Cristo dirigiu a atenção do seu ouvinte para a necessidade de ser convertido e desse modo tornar-se um candidato para o reino.
A estratégia, traçada no poder do Espírito Santo, provou ser eficaz. Nicodemus foi levado a um verdadeiro sentido da sua grande necessidade espiritual, e, embora não confessasse abertamente a Cristo no início, com certeza o fez no final. Mas, se o divino Mestre tivesse permitido que Nicodemus ditasse os termos de referência a discutir na conversa, teria arruinado o que certamente teria sido a única oportunidade de levar a verdade a este homem. O orgulhoso fariseu no seu estado de zelo mas não regenerado teria sido incapaz de ver ou aceitar estes princípios do reino divino e teria perdido todo o interesse em Cristo como resposta para as necessidades de Israel. Teria verificado que era impossível abraçar a mensagem do segundo anjo porque nunca tinha visto e recebido o primeiro.
Tal como Jesus, nós temos que recusar sempre discutir com os que interrogam a natureza do novo movimento, sua estrutura organizacional, ou estado decadente das igrejas caídas a menos que estejamos seguros que compreendem e experimentam o poder do evangelho nas suas próprias vidas. Há alguns que não mostrarão interesse neste assunto e recusarão discuti-lo, insistindo que a questão da igreja seja estudada em seu lugar. O que deve ser então feito nestas circunstâncias? Não insistam no caso, mas continuai a recusar debater acerca da igreja. Lembrem-se que nada pode ser ganho invertendo a ordem divina das coisas. Quando o Senhor diz que o segundo anjo segue o primeiro, tem determinado a sua posição legítima e nenhum homem deve tentar mudar aquilo que o Senhor estabeleceu.



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