Os
Sete Anjos
Capítulo 7
O Segundo Anjo Seguiu o
Primeiro
Na
descrição da obra do segundo anjo, as Escrituras declaram claramente: “E outro
anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, aquela grande cidade, que a todas
as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.” Apocalipse 14:8.
Há uma
verdade vital no facto que o segundo anjo veio a seguir ao primeiro. Este é o seu lugar divinamente determinado.
Ele só pode vir depois do primeiro anjo. mesmo
quando voa juntamente, como faz uma vez com o primeiro, o segundo tem que esperar
que o primeiro faça a obra dele para poder fazer a sua.
A
própria natureza da mensagem do segundo anjo determina esta relação. Embora o
segundo tenha a missão de anunciar o efeito da mensagem do primeiro, nada tem a
dizer enquanto o efeito não tenha sido produzido. Ele não só profetiza o que
acontecerá, mas declara o que já aconteceu. Portanto, não tem uma obra nem uma
mensagem até o primeiro anjo cumprir as suas responsabilidades.
É por
esta razão que vemos o segundo anjo a derramar a sua luz apenas sobre os que
positivamente receberam o evangelho eterno apresentado pelo seu antecessor, o
primeiro anjo. É assim porque aqueles que recusaram o evangelho eterno nada
podem ver nas revelações que se seguem. Esta verdade é tão importante que é
salientada em mais do que uma revelação dada no Espírito de Profecia.
Um
desses é intitulado “Uma Ilustração do Movimento Adventista” e está relatado em
Primeiros Escritos, 240-245. Em
primeiro lugar, a atenção é dirigida para um número de grupos que estão ligados
entre si por cordas. Muitos deles estavam em totais trevas espirituais com os
olhos fixos em baixo nas coisas terrestres enquanto não tinham qualquer ligação
com Jesus. Os anjos mantinham uma fiel vigilância sobre todos os que tinham
esta ligação espiritual, ao passo que os anjos maus assistiam aos que estavam
em trevas. Depois, é ouvido o som da mensagem, “Temei a Deus e dai-Lhe glória,
porque vinda é a hora do Seu juízo.”
“Uma
gloriosa luz repousou então sobre esses grupos, a fim de iluminar a todos que a
recebessem.” Primeiros Escritos, 240.
Por
isso está claramente escrito que a mensagem do primeiro anjo era dirigida a
todos os que estavam nessas igrejas. Ela veio não só para um número escolhido
nesses grupos. Os que anteriormente tinham mantido uma ligação com o Céu
regozijaram-se por este aumento da preciosa luz juntamente com alguns dos que
estavam em trevas. Porém a maioria das pessoas que estavam em trevas rejeitaram
a luz e começaram a perseguir veementemente aqueles que tinham recebido e
mostraram afeição para com a verdade.
Isto
levou à separação apesar dos esforços dos ministros para evitar a saída dos
fiéis. O primeiro desapontamento, tornado ainda mais severo pela troça dos que
tinham desprezado a mensagem, caiu em seguida sobre eles. Neste ponto crítico da
cena entrou o segundo anjo e juntou a sua voz à mensagem do primeiro anjo. Notai
contudo, que apenas os que se tinham mantido firmes na luz do primeiro anjo
receberam a luz do segundo.
“Então
ouvi a voz de outro anjo dizendo: ‘Caiu! Caiu Babilônia.’ Apoc. 14:8. Uma luz
brilhou sobre os desalentados, e com ardentes desejos por Seu aparecimento,
fixaram de novo os olhos em Jesus.” Primeiros
Escritos, 241.
Quem
eram esses desalentados? Eram os crentes que, tendo recebido a mensagem
proclamada pelo primeiro anjo, estavam à espera que Cristo viesse em Abril de
1844. Uma vez que Ele não veio, sofreram um profundo desapontamento. Mas,
quando a luz do segundo anjo veio, a sua luz brilhou sobre estes. Ela não
brilhou sobre os que tinham recusado a luz que lhes fora oferecida.
Noutra
visão que se intitula, “Uma Firme Plataforma”, é salientada a mesma verdade
fortemente. A evidência para provar este ponto é reunida primeiramente do
desenvolvimento da oposição e rejeição dos judeus a Cristo.
“Minha
atenção foi chamada para a proclamação do primeiro advento de Cristo. João foi
enviado no espírito e poder de Elias a fim de preparar o caminho para Jesus. Os
que rejeitaram o testemunho de João não foram beneficiados pelos ensinos de
Jesus. A oposição, da parte deles, à mensagem que predizia a Sua vinda,
colocou-os onde eles não podiam prontamente receber a melhor evidência de que
Ele era o Messias. Satanás levou os que rejeitaram a mensagem de João a ir
ainda mais longe, a ponto de rejeitar a Cristo e crucificá-Lo. Com este
procedimento, colocaram-se onde não podiam receber as bênçãos do dia do
Pentecoste, o que lhes teria ensinado o caminho para o santuário celestial. A
ruptura do véu do templo mostrou que os sacrifícios e ordenanças judaicos não
mais seriam recebidos. O grande Sacrifício havia sido oferecido e aceito, e o
Espírito Santo, que desceu no dia de Pentecoste, levou a mente dos discípulos
do santuário terrestre para o celestial, onde Jesus havia entrado com o Seu
próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios de Sua
expiação. Mas os judeus foram deixados em trevas completas. Perderam toda a luz
que podiam ter recebido sobre o plano da salvação, e ainda confiavam em seus
inúteis sacrifícios e ofertas. O santuário celestial havia tomado o lugar do
terrestre, mas eles não tiveram conhecimento da mudança. Assim, não podiam ser
beneficiados pela mediação de Cristo no lugar santo.” Primeiros Escritos, 259, 260.
Estão
aqui apresentadas as cinco fases de desenvolvimento no crescimento da obra
entre o ministério de João Baptista e a igreja apostólica. Elas eram: a obra de
João Baptista, o ministério de Cristo, a crucifixão, Pentecostes e o começo do
serviço mediador no primeiro compartimento do santuário celestial. Ninguém
podia receber qualquer bênção ou benefício de qualquer fase subsequente a menos
que tivesse recebido e aceite a luz e a verdade apresentada nas fases
anteriores. Assim aqueles que recusavam as verdades enviadas pelo Céu
proclamadas por João Baptista, eram incapazes de ver e aceitar qualquer coisa
que o Senhor enviasse depois. Para eles, tudo o que restava eram trevas e
destruição.
O mesmo
padrão foi repetido durante o levantamento do grande Segundo Movimento do
Advento à medida que Deus avançava com o Seu povo de um nível espiritual para o
outro. De facto, as duas cenas são paralelas entre si.
“Todo o
Céu observou com o mais profundo interesse a receptividade da mensagem do
primeiro anjo. Porém, muitos que professavam amar a Jesus, e que derramavam
lágrimas ao lerem a história da cruz, ridicularizavam as boas novas de Sua
vinda. Em vez de receber a mensagem com alegria, declaravam ser ela um engano.
Odiavam os que amavam o Seu aparecimento, e expulsaram-nos das igrejas. Os que
rejeitavam a primeira mensagem não podiam ser beneficiados pela segunda, nem o
eram pelo clamor da meia-noite, que devia prepará-los para entrar com Jesus
pela fé no lugar santíssimo do santuário celestial. E pela rejeição das duas
primeiras mensagens, ficavam com o entendimento tão entenebrecido que não
podiam ver qualquer luz na mensagem do terceiro anjo, que mostra o caminho para
o lugar santíssimo. Vi que assim como os judeus crucificaram a Jesus, as
igrejas nominais haviam crucificado essas mensagens, e por isso mesmo não têm
conhecimento do caminho para o santíssimo, e não podem ser beneficiadas pela
intercessão de Jesus ali. Como os judeus, que ofereciam seus inúteis
sacrifícios, elas oferecem suas inúteis orações dirigidas ao compartimento de
onde Jesus já saiu; e Satanás, eufórico com o engano, assume um caráter
religioso, e dirige a mente desses professos cristãos para si mesmos, operando
com o seu poder, com seus sinais e prodígios de mentira, para retê-los em seu
laço.” Primeiros Escritos, 260, 261.
Desde
que o dedicado obreiro de Deus compreenda estes princípios, saberá que qualquer
tentativa para ensinar a mensagem do segundo anjo a uma pessoa que não tenha
recebido a mensagem do primeiro, o evangelho eterno, como uma experiência
pessoal viva, seria completamente vã. Contudo, a tentação de ignorar estes
princípios e ensinar a mensagem denunciando Babilónia sem determinar em
primeiro lugar que o interessado esteja verdadeiramente estabelecido no
evangelho, pode ser verdadeiramente forte.
Isto
acontece como se segue: Uma pessoa, membro de uma igreja apostatada é atraída
para a mensagem, mas, como acontece tantas vezes, ela está mais preocupada com
o relacionamento com a igreja do que com a salvação pessoal. A falta de
preocupação pela necessidade da sua própria alma é porque descansa satisfeita
na suposição que, se alguém é um filho de Deus renascido ela é um deles. Essas
pessoas vêm perguntar se devem ou não ficar na igreja em que vêem graves
afastamentos da verdade e aumento das práticas injustas. Procuram respostas
acerca da igreja ser ou não Babilónia e se devia ser abandonada.
O
crente a quem é feita estas perguntas naturalmente fica entusiasmado por ver um
activo interesse nesses assuntos e naturalmente tem a tendência de apresentar
informação nas áreas onde o interesse é realmente manifestado. Mas a sabedoria
do alto declara o contrário. Aqui a máxima é: Primeiro as primeiras coisas. A
primeira coisa é o evangelho. Recusai absolutamente ser atraídos para a questão
da igreja, seu estado, organização, relação com Deus e seu destino enquanto o
ouvinte não tiver recebido o evangelho, o compreenda e faça dele a sua
experiência pessoal. Se esta regra não for seguida, as almas serão perdidas e a
obra falhará.
Esta
lição foi fortemente gravada na minha mente há alguns anos. Um casal adventista
assistiu a uma reunião que eu havia conduzido na Califórnia. Quando ela acabou,
procuram-me e começaram a falar com a maior preocupação a respeito do terrível
estado de declínio espiritual e moral na igreja. Enumeraram uma série de
afastamentos da justiça e queriam saber onde se encontrava a igreja à vista de
Deus e o que é que ia acontecer com ela.
Ouvi em
silêncio durante algum tempo convencido que eles estavam prontos para uma
apresentação a respeito de Mateus
22:1-14. Esta profecia responderia às suas perguntas mostrando claramente onde
se encontrava a igreja em relação à verdade presente e à vista de Deus. À vista
daquilo que eles tinham dito a respeito da igreja, esperei completamente que se
regozijassem a propósito da poderosa e clara verdade contida nessa profecia,
mas para meu espanto, verifiquei que reagiram de modo bastante diferente. Olharam
para mim como se eu fosse um inimigo mortal, interromperam o estudo e
puseram-me fora da casa. Interroguei-me quanto ao que havia dito que os pudesse
ter ofendido. Não pude nessa altura compreender a psicologia da situação mas
compreendi o suficiente para reconhecer que fora um erro pregar acerca do
segundo anjo a alguém que nunca tinha recebido o primeiro. Decidi que nunca mais
seria apanhado desta forma outra vez.
Porque
é que as pessoas reagem desta maneira?
Uma das
razões é que, se as trevas dentro das pessoas não forem dispersas pelo
evangelho, é provavelmente impossível elas verem que Babilónia está na verdade
para além da redenção e que o único caminho seguro é sair de dentro dela. Ao
contrário, mesmo apesar de admitirem que a igreja está em terrível condição,
vigorosamente argumentam que virá o tempo em que o Senhor a purificará
completamente e finalizará a obra através dela e de nenhuma outra. Portanto,
afirmarão que é essencial que os fiéis não a abandonem porque, quando o Senhor
tiver purificado as suas fileiras, estarão ao dispor d’Ele para executar os
Seus planos e completar a Sua obra, um papel que lhes seria negado se
separarem. Crendo que este é o plano divino, rejeitarão como satânica qualquer
denúncia da queda de Babilónia e qualquer chamamento à separação dela. Desse
modo chamarão às trevas, luz; e luz, às trevas.
Uma
segunda razão para as suas notáveis reacções à apresentação da mensagem do
segundo anjo é que o membro da igreja está literalmente casado como o corpo
eclesiástico. E relação é espiritual e não física, mas é do mesmo modo real. Aplicam-se
as mesmas leis e produzirão as mesmas respostas e reacções. Uma destas é que,
embora a esposa possa estar cheia de queixas por causa do tratamento do marido,
imediatamente se levanta em defesa dele se ele for atacado. Um claro exemplo
disto foi-nos dado através da experiência de uma amigo que caminhava ao cair da
noite numa rua sossegada de uma cidade ao sul de Queensland.
A sua
atenção foi subitamente atraída pelos gritos de socorro de uma mulher. Um homem
embriagado estava a bater-lhe brutalmente. A linguagem usada pelo homem
mostrava que a mulher era a esposa. A cada pancada que atingia o corpo dela, gritava
desesperadamente pela ajuda que o nosso amigo em gentileza estava pronto a dar.
Rapidamente atravessou a rua e tentou impedir o marido que imediatamente
desviou a atenção da sua infeliz esposa para aquele que seria o libertador. O
nosso amigo contava com isto completamente. Era algo com que ele podia lidar. O
que ele não podia compreender nem lidar era o facto que a esposa também se
voltou contra ele para proteger o marido daquele a quem ela tão recentemente
havia gritado por ajuda. O nosso amigo retirou-se da sua fúria combinada
determinado a nunca mais tentar arbitrar disputas entre marido e mulher.
Se a
mulher não fosse casada com aquele homem, então, quando o nosso amigo respondeu
aos seus gritos por ajuda, ela nunca o teria atacado. Pelo contrário, se
fizesse alguma coisa, seria ajudá-lo nos esforços para acalmar a fúria do
atacante dela e ficaria muito grata pela sua intervenção. Foi o facto dela ser
casada com ele que fez toda a diferença.
Mas
porque faria isso tanta diferença?
Porque
ele era o único marido que ela tinha e conhecia e era portanto a sua segurança.
Se ela o perdesse, não via quem pudesse tomar o seu lugar. Apesar dele a
ameaçar e dificilmente cuidar dela, era tudo o que tinha. É um caso em que aquilo
que tendes, por muito mau que seja, é melhor do que nada. Ela via qualquer
ameaça levantada contra ele como sendo um perigo para ela. Por protegê-lo-ia
com todas as suas forças sempre que ele fosse atacado.
Do
mesmo modo há uma actual relação de casamento entre uma igreja apóstata e os
seus membros. Não devia ser assim porque Cristo é o único com quem o crente
devia construir uma relação de casamento. Todavia, quando a incredulidade e
subsequente apostasia separa o povo de Cristo, a igreja toma o lugar d’Ele como
a parte do casamento. Quanto mais profunda for a apostasia em que a organização
caia, mais devotamente os seus membros confiam na igreja por redenção. Ao mesmo
tempo, afastam-se tanto da verdadeira Cabeça da igreja que nada sabem acerca d’Ela
e da capacidade que só Ela tem para os conduzir ao Paraíso. Portanto, a igreja
torna-se o único parceiro do casamento que conhecem. Sentem que sem ela não há
esperança. Consequentemente, qualquer ameaça à igreja é uma ameaça para eles e
fará com que se levantem em defesa dela todas as vezes que ela é atacada por
aqueles que, tendo evangelho eterno, têm a capacidade para expor o seu
desesperado estado. Enquanto se mantiverem casados com a igreja, não importa
quão óbvia possa ser a apostasia dela, intrepidamente a defenderão contra todos
os que vêm e especialmente contra os que possuem em si mesmos a luz e poder que
vem do verdadeiro Marido, Jesus Cristo.
Esperar-se-ia
que, nestas circunstâncias, os membros da igreja nunca seriam acusados de
criticar ou condenar a organização ou os seus dirigentes, mas, por haver um receio
incomodativo que os seus pecados a desqualifiquem para realizar com eficácia o
seu esperado papel de salvador, procuram alguma certeza que, apesar daquelas
falhas, a igreja esteja em boas realmente em boas condições e não desiluda
aqueles que confiam nela e a defendem. Quando se queixam a respeito da
prevalecente apostasia na igreja, em muitos casos a última coisa que querem é
que alguém concorde com eles. Pelo contrário, desejam leves certezas que Deus
conhece tudo acerca da situação, que Ele purificará o movimento separando os
que não estão em sintonia com Ele, honre todos os que clamam e lamentam as
abominações que são feitas na Terra e conduza o bom barco ao seguro porto
celestial.
Condenar
a igreja a uma pessoa que está casada com ela é contra producente. Há apenas
uma única forma pela qual uma pessoa pode ser levada a aceitar a mensagem do
segundo anjo e a sair de Babilónia. Ela tem que se divorciar da presença
interior de Babilónia antes de poder ser separada dela exteriormente. A única
forma pela qual isto pode ser feito é pelo poder de Deus, o evangelho de Jesus
Cristo. Quando a pessoa é levada ao lugar onde está disposta a ser liberta da
presença interior de Satanás pela erradicação do velho homem e está pronta a
receber a vida de Cristo em seu lugar, então, uma vez que tenha uma fé viva e
activa nas capacidades de Cristo para fazer esta maravilhosa obra dentro dela e
por ela, o milagre acontece.
Então
conhecerá o vivo poder do novo marido que lhe dará a plenitude da confiança que
este Homem, Cristo Jesus, com certeza, adequadamente lhe dará tudo o que
necessita para esta vida a para a futura. Perderá toda a afeição pelo velho
marido e sua igreja caída e será capaz de deixar o barco que se afunda sem
olhar para trás. Não olhará para trás com fez a mulher de Ló que de facto não
estava disposta a partir levando Sodoma no seu coração. Por esta razão ela se
transformou numa coluna de sal e morreu com a cidade que amava.
Cristo,
o Mestre Supremo e o mais claro exemplo que temos na técnica de conquistar
almas, demonstrou estes princípios no Seu encontro com Nicodemus. Este homem
não era um fariseu comum. Enquanto os outros dirigentes justificavam os males
da igreja e activamente promoviam o avanço da apostasia, este guia dos judeus
estava preocupado por causa dos pecados da igreja e foi estranhamente atraído
para Jesus. Ele não aprovava a profanação dos pátios do templo pelos
compradores e vendedores e não lucrava com estas vendas como faziam muitos dos
seus companheiros nos lugares elevados. Como um irmão verdadeiramente
preocupado, lamentava e chorava por causa das abominações que estavam a ser
feitas na Terra e desejava uma grande reforma para limpar Israel e trazê-lo de
novo ao favor de Deus.
Todos
estes atributos são dignos de louvor, mas apesar deles, Nicodemus não era um
cristão renascido. Via nas suas boas obras e desejos uma certeza que, se alguém
fosse filho de Deus, ele com certeza era um deles. Por isso quando se encontro
com Jesus, não desejou falar acerca do evangelho e da sua capacidade para
solucionar as necessidades espirituais dele. Queria discutir sobre o tipo de
reino que Jesus estava prestes a estabelecer e exactamente como ele devia ser
organizado. Analisaria então as respostas de Cristo para ver se as Suas
propostas de facto resolveriam os problemas que se agravavam, se os livrariam
do domínio romano e se os elevariam ao nível de nação dirigente na Terra.
Nicodemus
é um típico exemplo dos irmãos das igrejas caídas preocupados que, tal como
ele, sentem que estão espiritualmente vivos. Descansam como ele na noção, que
se não nascerem de novo, dificilmente terão a acentuada preocupação pelo que
está a acontecer na igreja.
“Nicodemos
fora ter com o Senhor pensando em entrar com Ele em discussão, mas Jesus
expôs-lhe os princípios fundamentais da verdade. Disse a Nicodemos: Não é tanto
de conhecimento teórico que precisas, mas de regeneração espiritual. Não
necessitas satisfazer tua curiosidade, mas ter um novo coração. É mister que recebas
nova vida de cima, antes de te ser possível apreciar as coisas celestiais.
Antes que se verifique essa mudança, tornando novas todas as coisas, nenhum
salvador proveito tem para ti o discutir comigo Minha autoridade ou missão.” O Desejado de Todas as Nações, 171.
Nicodemus
ter-se-ia deleitado em discutir com Cristo a Sua autoridade e missão e Jesus
sabia isso. Mas Ele não caiu na armadilha. Sabendo que não havia esperança de
Nicodemus compreender a natureza e qualidade da Sua obra antes de nascer de novo,
Cristo dirigiu a atenção do seu ouvinte para a necessidade de ser convertido e
desse modo tornar-se um candidato para o reino.
A
estratégia, traçada no poder do Espírito Santo, provou ser eficaz. Nicodemus
foi levado a um verdadeiro sentido da sua grande necessidade espiritual, e,
embora não confessasse abertamente a Cristo no início, com certeza o fez no
final. Mas, se o divino Mestre tivesse permitido que Nicodemus ditasse os
termos de referência a discutir na conversa, teria arruinado o que certamente
teria sido a única oportunidade de levar a verdade a este homem. O orgulhoso
fariseu no seu estado de zelo mas não regenerado teria sido incapaz de ver ou
aceitar estes princípios do reino divino e teria perdido todo o interesse em Cristo
como resposta para as necessidades de Israel. Teria verificado que era
impossível abraçar a mensagem do segundo anjo porque nunca tinha visto e
recebido o primeiro.
Tal
como Jesus, nós temos que recusar sempre discutir com os que interrogam a
natureza do novo movimento, sua estrutura organizacional, ou estado decadente
das igrejas caídas a menos que estejamos seguros que compreendem e experimentam
o poder do evangelho nas suas próprias vidas. Há alguns que não mostrarão
interesse neste assunto e recusarão discuti-lo, insistindo que a questão da
igreja seja estudada em seu lugar. O que deve ser então feito nestas
circunstâncias? Não insistam no caso, mas continuai a recusar debater acerca da
igreja. Lembrem-se que nada pode ser ganho invertendo a ordem divina das
coisas. Quando o Senhor diz que o segundo anjo segue o primeiro, tem determinado a sua posição legítima e nenhum
homem deve tentar mudar aquilo que o Senhor estabeleceu.
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