Os SETE ANJOS
Capítulo 10
Uma
Crise desnecessária
“A
passagem que, mais que todas as outras, havia sido tanto a base como a coluna
central da fé do advento, foi: ‘Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o
santuário será purificado.’ Dan. 8:14.” O
Grande Conflito, 409.
O
final da profecia dos 2.300 anos trouxe a igreja a um ponto nunca alcançado
anteriormente em qualquer período da sua história passada. O tempo havia
terminado depois do qual os inimigos de Deus e do Seu povo nunca mais podiam
tirar o diário, pisar os exércitos a pés, derrubar algumas das estrela ao chão,
exaltarem-se a si mesmos até ao Príncipe dos príncipes e remover o santuário do
seu lugar designado no Céu para uma nova posição sobre a Terra.
O
próprio Jeová enviou o Seu mensageiro escolhido, o anjo Gabriel, para confirmar
esta maravilhosa promessa. Daniel necessitava desta informação para ver o fim
do futuro aparentemente sem esperança tal como lhe foi revelado em Daniel 8. Foram-lhe mostrados ali os
sucessivos levantamentos ao domínio mundial da Medo Pérsia, Grécia e Roma pagã.
Depois disso veio a desolação da ponta pequena, o papado, que teria sucesso em
reduzir a igreja à mesma lamentável condição em que se encontrava durante o
período da supremacia de BabilóniaDaniel reconheceu que séculos atrás de
séculos foram cobertos pela profecia, e, à medida que ficava terrivelmente
consciente de que a igreja não estava a regressar do seu cativeiro actual e rapidamente
via o grande conflito no fim, ficou chocado com o completo horror das terríveis
probabilidades. Parecia-lhe que o futuro não reservava melhor esperança do que
a encontrada no passado.
Ele
sabia que o Senhor tinha chamado Israel para cumprir um propósito muito
especial no estabelecimento da justiça em todo o mundo. Para assegurar o seu
seguro sucesso, tinha-lhes dado todos os recursos para a obra. Colocou-os na
terra de Cannaã, o cruzamento estratégico do mundo. Deu-lhes a liberdade, o
santuário, os serviços diários e a direcção pessoal do próprio Cristo.
Estabelecimento da justiça em todo mundo
Recursos para obra (dados por Deus)
1. Colocação
Estratégica:
§
Canaã (Antes) Cristão (Hoje)
2. Liberdade
para não sofrerem:
§ Censura
§ Filtração
de pensamentos e literatura
§ Sujeição
de ideias
3. Santuário:
§ Representação
de Deus na terra
o
Êxodo 25:8
o
Levítico 26:11, 12
§ Compreender
o porquê do Santuário
o
O Propósito de Deus na construção do Santuário era para que o
povo olha-se e visse a possibilidade, e o desejo e a intenção de Deus habitar
no templo de seus corações.
§ Cristão
o
2 Coríntios 6:16
§ Demonstração
do trabalho que tem que ser feito no Cristão
Testemunhos
adicionais:
“Todos
os que receberam luz sobre estes assuntos devem dar testemunho das grandes
verdades que Deus lhes confiou. O santuário no Céu é o próprio centro da obra
de Cristo em favor dos homens. Diz respeito a toda a alma que vive sobre a
Terra. Patenteia-nos o plano da redenção, transportando-nos mesmo até o final
do tempo, e revelando o desfecho triunfante da controvérsia entre a justiça e o
pecado. É da máxima importância que todos investiguem acuradamente estes
assuntos, e possam dar resposta a qualquer que lhes peça a razão da esperança
que neles há. O Grande Conflito, págs. 488 e 489.”
4. Serviço
Diário:
§ Vigia
§ Oração
§ Estudo
Diligente
§ Prática
Testemunhos
adicionais:
“Somos
embaixadores de Cristo e devemos viver, não para salvar a nossa reputação, mas
tirar da perdição as almas que estão a perecer. Nosso esforço diário deve ser
mostrar-lhes que podem obter a verdade e a justiça. Em lugar de procurarmos
despertar simpatia para nós mesmos dando aos outros a impressão de que não
somos apreciados, devemos omitir completamente o eu; e se deixarmos de fazer
isto, por falta de discernimento espiritual e vital piedade, Deus requererá de
nossas mãos as almas daqueles por quem devíamos ter trabalhado. Tomou Ele
providência para que todo obreiro a Seu serviço possa ter graça e sabedoria, e
tornar-se epístola viva, conhecida e lida por todos os homens. Concelhos sobre
Saúde págs. 560.”
5. Direcção
pessoal do próprio Cristo:
§ Ordem
Evangélica
o
O princípio do Reino de Deus, algo que Satanás combate com
todas as Suas forças porque é contra; e a melhor maneira de derrubar o povo de
Deus e cortar a ligação com o líder. (Ex. Adão e Eva no Jardim do Éden)
Sob
estas circunstâncias, não havia razão para eles falharem, porém incrivelmente,
falharam todas as vezes que o Senhor os restabeleceu depois de cada fracasso
anterior. Todas as vezes que caíram, o diabo foi rápido em tirar a sua
liberdade, derrubar o santuário, remover o diário e remover a sua ligação com
Cristo, a sua Cabeça divina.
Olhando
para o passado de Israel, Daniel podia ver repetidos fracassos onde nada mais devia
haver do que consistentes vitórias e um rápido e permanente fim da capacidade
de Babilónia de atrasar a obra de Deus. Em seguida o anjo revelou-lhe que o
futuro continha a mesma perspectiva desanimadora. Ele compreendeu que se o
padrão nunca fosse quebrado, o grande conflito nunca terminaria a favor de
Deus.[ADF1]
Mas
o Senhor, vendo todos os pormenores do futuro, abriu à mente dele o glorioso
facto que havia um limite para o poder de Satanás. Durante séculos, cada
vitória que ele tinha obtido sobre a igreja enfraqueceu-o. Não aumentou a sua
força tal como poderia supor, até chegar o tempo em 1844 depois do qual nunca
mais alcançaria a supremacia que havia conhecido anteriormente.
Isto
significa que quando os 2.300 anos terminaram em 1844, o palco estava montado
para o povo adventista avançar rapidamente para a finalização da obra. O poder
de Roma estava quebrado, as poderosas mensagens de Deus estavam a ser
transmitidas aos crentes através de sucessivos anjos mensageiros, Cristo estava
a cumprir a Sua missão como Refinador, um profeta vivo foi estabelecido entre
eles de modo que o Senhor podia informá-los quanto à Sua vontade e propósito e
a sala do julgamento no Céu foi aberta para a expiação final e regresso de
Cristo. Havia todas as razões para esperar que os três anjos finalizassem
rapidamente a sua obra e o fim viesse.[1]
Mas
não devia ser assim. Apesar de todas as vantagens conquistadas, a igreja perdeu
o caminho e um longo atraso começou. Que isto é assim é confirmado pelo
seguinte testemunho escrito em 1886:
“Se
todos os que trabalharam unidos na obra em 1844 tivessem recebido a mensagem do
terceiro anjo[ADF2],
proclamando-a no poder do Espírito Santo, o Senhor teria poderosamente operado
por seus esforços. Caudais de luz ter-se-iam derramado sobre o mundo. Haveria
anos que os habitantes da Terra teriam sido avisados, a obra final estaria
consumada, e Cristo teria vindo para a redenção de Seu povo.” O Grande Conflito, 291, edição de 1886.
O mesmo testemunho é encontrado na página 458 da edição normalizada.[ADF3]
Estas
palavras foram escritas há 99 anos e os filhos de Deus ainda estão nesta Terra
amaldiçoada pelo pecado. Isto não devia ser assim e é da maior importância que
a geração actual compreenda o que é que falhou. O próprio testemunho faz
referência ao facto que uma grande proporção dos que trabalharam unidos no
movimento que conduziu ao grande desapontamento falhou em aceitar a terceira
mensagem angélica e proclamá-la no poder do Espírito Santo. Isto significa que
se não tivessem caído, mas ficado firmes, então o Senhor teria vindo antes de
1886.
Então
porque é que eles caíram?
Por
terem provado ser incapazes de suportar o teste. Isto não significa que não
podiam ter sobrevivido à tremenda pressão que os fracassos das suas esperanças
impuseram sobre eles. Houve os que conseguiram ultrapassá-lo sem perder a fé na
mensagem, e, tão seguramente quanto o fizeram, assim podia o resto ter feito.
O
facto é que foi um teste que nenhum deles necessitava passar. Deus fez tudo o que
podia e tudo o que era necessário para remover deles este conceito errado que
evitava que compreendessem mal a verdadeira natureza do acontecimento a ocorrer
no final dos 2.300 anos. A verdade a respeito disto é mais fácil e claramente
compreendida se for estudada à luz da experiência paralela pela qual os
discípulos de Cristo passaram quando a Sua crucifixão frustrou as esperanças
deles e desapontou as suas expectativas.
“A
experiência dos discípulos que pregaram ‘o evangelho do reino’ no primeiro
advento de Cristo, teve seu paralelo na experiência dos que proclamaram a
mensagem de Seu segundo advento.” O
Grande Conflito, 351.
Isto
é verdade num sentido muito claro, porque, em ponto a ponto os dois movimentos são
paralelos entre si. Ambos proclamaram a vinda de Cristo, anunciando o cumprimento
de um tempo de profecia e chamava os homens a prepararem-se para estes
acontecimentos afastando o pecado e a viver justamente. O resto do parágrafo
citado confirma isto:
“Assim
como saíram os discípulos a pregar: ‘O tempo está cumprido, o reino de Deus
está próximo’, Miller e seus companheiros proclamaram que o período profético
mais longo e o último apresentado na Bíblia estava a ponto de terminar, que o
juízo estava próximo, e que deveria ser inaugurado o reino eterno. A pregação
dos discípulos com relação ao tempo, baseava-se nas setenta semanas de Daniel
9. A mensagem apresentada por Miller e seus companheiros anunciava a terminação
dos 2.300 dias de Daniel 8:14, dos quais as setenta semanas fazem parte. Cada
uma dessas pregações se baseava no cumprimento de uma porção diversa do mesmo
grande período profético.” O Grande
Conflito, 351.
Causas que levam ao DESAPONTAMENTO
Desapontamento:
por outras palavras quando lutamos por algo com todas as nossas forças e
entendimento e damos o nosso melhor e depois simplesmente algo corre mal e não
somos bem sucedidos.
v “ambos
os grupos foram vítimas de ideias e
teorias preconcebidas.”
v “tanto
os discípulos como os mileritas sofreram um desnecessário desapontamento devido
à sua continuada, mas indesculpável
ignorância da verdade.”
v “Erros, que havia muito se achavam
estabelecidos na igreja, impediam-nos de
chegar a uma interpretação correcta de um ponto importante da profecia.”
v “As
suas mentes estavam tão prisioneiras das preconcebidas teorias e
desejos pessoais que foi como se Ele não tivesse feito qualquer tentativa
para lhes dar qualquer luz.”
v “Aquilo
que eles sabiam era devido aos dedicados esforços de Cristo para os iluminar a
respeito daquilo que iria acontecer. Mas não
o sabiam com a clareza, convicção e força com que deviam conhecer. Tão fraco e confuso era o conhecimento
deles e tão fortes eram os seus
acariciados sonhos, que era de facto como se nada soubessem absolutamente.”
v “Foi
a resultante ignorância que lhes causou
o problema. Eles pregavam a mensagem que o Senhor lhes deu, mas através “…
de uma errônea compreensão do sentido, sofreram desapontamento.” O Grande Conflito, 352.”
Conclusão:
Desapontamento é resultado do “EU”.
O
foco da atenção neste estudo não está em qualquer destes pontos mas no facto
que tanto os discípulos como os mileritas sofreram um terrível e desnecessário
desapontamento porque ambos os grupos foram vítimas de ideias e teorias
preconcebidas. Portanto, o estudo do problema que atingiu os discípulos e as
terríveis consequências desse erro, é de grande valor na compreensão do que causou
o grande desapontamento e confirma a verdade que ele nunca teria acontecido. Esta
é a verdade, muito embora existam alguns testemunhos que algumas pessoas
erradamente usam para suportar o seu argumento que o Senhor deliberadamente
escondeu a verdade dos mileritas a fim de alcançar um propósito que Ele
considerou necessário. Um exame destes argumentos será feito mais tarde neste
capítulo. Por agora, limitaremos as nossas considerações ao facto que tanto os
discípulos como os mileritas sofreram um desnecessário desapontamento devido à
sua continuada, mas indesculpável ignorância da verdade.
“Do
mesmo modo que os primeiros discípulos, Guilherme Miller e seus companheiros
não compreenderam inteiramente o significado da mensagem que apresentavam. Erros,
que havia muito se achavam estabelecidos na igreja, impediam-nos de chegar a
uma interpretação correcta de um ponto importante da profecia. Portanto, se bem
que proclamassem a mensagem que Deus lhes confiara para transmitir ao mundo, em
virtude de uma errônea compreensão do sentido, sofreram desapontamento.” O Grande Conflito, 351, 352.
Assim,
é feita claramente a ligação entre uma “má compreensão” da mensagem que eles
tinham e o terrível “desapontamento”. Não foi por falta do Salvador que os Seus
discípulos foram mantidos em contínua ignorância dos acontecimentos que deviam
ter lugar durante a missão do Messias na Terra. Repetida e insistentemente, com
incomparável clareza e destreza e no infinito poder do Espírito Santo, Ele
tinha-lhes dito exactamente o que deviam esperar. O tempo provou a clareza e
exactidão das Suas predições, mas demasiado tarde para os salvar da sua
chocante experiência. As suas mentes estavam tão prisioneiras das preconcebidas
teorias e desejos pessoais que foi como se Ele não tivesse feito qualquer
tentativa para lhes dar qualquer luz.
Conhecendo
a delicadeza e dificuldade de lhes ensinar aquilo que não desejavam ouvir, evitou
fazer qualquer menção ao Seu destino até sentir que tinham crescido o
suficiente nas coisas espirituais para aceitar o que Ele tinha para lhes dizer.[ADF4]
Ele abordou o assunto perguntando-lhes quem diziam os homens que Ele era. Responderam
que Ele era aceite como profeta na categoria de Isaías, Jeremias ou João
Baptista. Quando lhes perguntou quem era Ele, Pedro respondeu:
“…
Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Mateus
16:16.
Cristo
reconheceu que a compreensão dele a respeito desta preciosa e poderosa verdade
não tinha a sua fonte no homem, mas tinha-lhes sido revelada pelo Seu Pai. A
capacidade deles para ver isto indicava que tinham feito um progresso
considerável na educação espiritual e que tinham avançado mais do que qualquer
dos seus contemporâneos. O seu nível de desenvolvimento espiritual tinha
alcançado o ponto onde o Mestre podia começar a instrui-los no assunto dos Seus
iminentes sofrimentos e morte. Assim foi:
“Desde
então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém,
e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos
escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.” Mateus 16:21.
Instantaneamente
e de modo enfático, aqueles discípulos rejeitaram esta revelação vital e
continuaram a fazê-lo até mesmo ao fim. A instrução foi repetida mais tarde
quando viajavam para Jerusalém, mas apesar da sua reacção desta vez não ter
sido oral nem enfática, a verdade ainda não tinha penetrado a sólida barreira
das ideias e teorias preconcebidas. A propósito desta experiência está escrito:
“E,
subindo Jesus a Jerusalém, chamou de parte os seus doze discípulos, e no caminho
disse-lhes: Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos
príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e condená-lo-ão à morte. E o
entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem, e
ao terceiro dia ressuscitará.” Mateus
20:17-19.
A
acção do Salvador ao entrar triunfalmente em Jerusalém montado num jumento
tranquilizou as esperanças deles da Sua proclamação como Rei quando as
multidões se reuniram para a Páscoa, mas somente porque eles compreendiam mal e
interpretaram mal as acções d’Ele. Por fim, quando o trágico fim-de-semana
chegou, Ele disse-lhes:
“Bem
sabeis que daqui a dois dias é a Páscoa; e o Filho do homem será entregue para
ser crucificado.” Mateus 26:2.
Aquilo
que eles sabiam era devido aos dedicados esforços de Cristo para os iluminar a
respeito daquilo que iria acontecer. Mas não o sabiam com a clareza, convicção
e força com que deviam conhecer. Tão fraco e confuso era o conhecimento deles e
tão fortes eram os seus acariciados sonhos, que era de facto como se nada
soubessem absolutamente.
O
que lhes aconteceu quando Cristo foi preso, julgado, condenado e crucificado é
bem conhecido.[ADF5]
Agora é altura de considerar quão diferente teria sido a história se tivessem
compreendido, aceite e crido aquilo que Cristo passou tanto tempo a tentar
ensinar-lhes. Isto pode ser compreendido, não pela suposição, mas pelo estudo
do comportamento da pessoa que não tinha ilusões acerca do caminho de
sofrimento e vergonha pelo qual Ele tinha que passar. Consequentemente, não
estava limitado pelas falsas esperanças nem vivia agitado pela expectativa de
reafirmação pessoal e da honra do mundo. Além do mais, compreendia claramente
porque é que os acontecimentos tinham que seguir o curso que seguiram. Estava plenamente
consciente que não podia completar com sucesso aquilo para que tinha sido
enviado para realizar sem sofrer uma morte ignominiosa e uma triunfante
ressurreição. Sabia que antes de ganhar a coroa, tinha que sofrer a cruz.[ADF6]
Solução para não cair no DESAPONTAMENTO
“não tinha ilusões
acerca do caminho de sofrimento e vergonha pelo qual Ele tinha que passar.”
“não estava limitado pelas falsas esperanças nem vivia agitado pela expectativa de reafirmação pessoal
e da honra do mundo.”
“compreendia
claramente porque é que os acontecimentos tinham que seguir o curso que
seguiram.”
“Estava plenamente
consciente que não podia completar
com sucesso aquilo para que tinha sido enviado para realizar sem sofrer uma
morte ignominiosa e uma triunfante ressurreição.”
“Sabia que antes de
ganhar a coroa, tinha que sofrer a cruz.” Mateus 10:38 e 16:24
Assim
prevenido quanto ao que iria acontecer, Cristo foi capaz de trilhar o penoso caminho
com fortaleza de espírito, fé, coragem e paciência. Aos discípulos foi
oferecida a mesma informação, mas eles não estavam preparados para crer naquilo
que lhes tinha sido dito. Foi a resultante ignorância que lhes causou o
problema. Eles pregavam a mensagem que o Senhor lhes deu, mas através “… de uma
errônea compreensão do sentido,
sofreram desapontamento.” O Grande
Conflito, 352. Há necessidade de salientar o pensamento que esta grave má
compreensão não foi devida de modo algum à negligência ou indiferença da parte
do Altíssimo. Ele fez tudo o que Lhe era possível para os libertar das suas
ideias e teorias erradas e substitui-las com a informação exacta e
compreensível do que iria acontecer. Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo,
foi o instrumento do Pai para alcançar este propósito de amor. A confusão,
perplexidade, desapontamento e consequente abandono de Cristo que ocorreu
durante o aprisionamento, julgamento e crucifixão, podem ser atribuídos
unicamente à cegueira e erro humanos.
Deus
não pode estar em falta, pois Ele não esconde a Sua verdade de todo aquele que
tem um coração e uma mente para a receber. “Deus não encobre Sua verdade aos
homens. Por seu próprio procedimento obscurecem-na eles mesmos.” Parábolas de Jesus, 105.
O
Altíssimo nunca muda. Portanto, para os crentes em 1844 Ele não faria algo
diferente ou inferior ao que fez pelos discípulos no tempo deles. A única
diferença seria que nos dias que levaram ao Calvário, Ele tinha em Cristo um
canal de comunicação muito mais eficaz do teve no período do fim dos 2.300
anos. Contudo, o resultado final foi o mesmo em ambos os casos.
Uma
investigação da história do Movimento do Segundo Advento mostra que o Senhor
chamou de facto mensageiros escolhidos e procurou comunicar através deles a luz
que, se entendida e aceite, salvaria os crentes do grande desapontamento. O
primeiro a receber a missão divina foi William Foy, cujo eventual fracasso em
seguir o que o Senhor lhe ordenou fazer, foi seguido pela entrega da mesma obra
a Hazen Foss. Quando este também se desviou do caminho da obediência, a obra
foi dada a Ellen Harmon. Na altura em que ela foi chamada era demasiado tarde
para salvar o movimento do grande desapontamento.
As
notas que se seguem acerca destes dois homens são tiradas de A Prophet Among You, por T. Housel
Jemison, 485-487, publicado pela Pacific Press em 1955.
“A
William E. Foy, um membro da Igreja Baptista Freewill, que estava a ser
preparado para o ministério, foram dadas duas visões em Boston em 1842 — uma em
18 de Janeiro e outra em 4 de Fevereiro. No princípio destas duas revelações,
Foy viu o glorioso galardão dos fiéis e a punição dos pecadores. Por não ser
instruído a contar aos outros o que lhe foi mostrado, não contou a ninguém a
respeito da sua visão; mas ele não tinha paz mental. Na segunda revelação
testemunhou as multidões da Terra acusadas perante a barra do julgamento
celestial; um ‘poderoso anjo’ com uma trombeta de prata na mão prestes a descer
à Terra por ‘três vezes;’ os livros de registo no Céu; a vinda de Cristo e o
galardão dos fiéis. Foi-lhe ordenado, ‘Deves revelar aquelas coisas que viste,
e também avisar os teus semelhantes a fugirem da ira futura.’ The Christian Experience of Wm. E. Foy, Together With The Two Visions He
Received
(1845).
“Dois
dias depois desta revelação foi-lhe pedido pelo pastor da igreja de Bloomfield
Street em Boston para relatar as visões. Apesar de ser um orador fluente,
acedeu relutantemente, receando que o preconceito geral contra visões, e o
facto de ser mulato, tornaria a sua obra difícil. ‘a grande assembleia reunida’
foi suspensa, e com este encorajamento inicial, Foy viajou três meses, pregando
a mensagem a ‘casas cheias.’ Então a fim de assegurar os meios de sustento da
sua família, deixou a obra pública durante algum tempo, mas, por não encontrar
‘repouso nem de dia nem de noite,’ retomou-a outra vez. Ellen Harmon, quando
era apenas uma jovem, ouviu-o falar no Beethoven Hall em Portland, Maine.
(Entrevista de D. E. Robinson com a sra. W. G. White, 1912. White Publications,
D. F. 231).
“Perto
do tempo de espera em 1844, de acordo com J.N. Loughborough, foi dada a Foy uma
terceira visão em que lhe foram apresentadas três plataformas, que ele não
podia compreender à luz das suas crenças na iminente vinda de Cristo, e cessou
a sua obra pública. (The Great Second
Advent Movement, 146, 147.)
“Assim
foi que pouco tempo depois disto, Foy esteve presente numa reunião em que Ellen
White relatou as primeiras visões dela. Ela não sabia que ele estava presente
até ele a interromper com um grito, e exclamou que era exactamente o que tinha
visto. (D. F. 231.) Foy não viveu muito tempo depois disto.
“Perto
da altura do esperado advento no Outono de 1844, também foi dada a Hazen Foss,
um jovem talento adventista, uma revelação da experiência do povo do advento.
“Pouco
tempo depois de passar o tempo, foi convidado a relatar a visão aos outros, mas
não estava inclinado a fazer isto. Ele foi avisado por Deus quanto às
consequências de falhar em relatar aos outros aquilo que lhe foi revelado e
foi-lhe dito que se recusasse, a luz seria dada a outro. Todavia, sentiu muito
intensamente o desapontamento de 1844, e ‘disse que tinha sido enganado.’
Depois de um severo conflito mental, ‘decidiu que não relataria as visões.’
Então, ‘teve sentimentos muito estranhos, e uma voz lhe disse, “ofendeste o
Espírito do Senhor.”’ – Carta 37 de 1890, E.G. White.
“‘Horrorizado
perante a sua teimosia e rebelião, ‘disse ao Senhor que relataria a visão,’ mas
quando tentou fazê-lo perante um grupo de crentes, não a pode trazer à mente.
Foram em vão as suas tentativas de recordar as cenas que lhe tinham sido
mostradas; e então em profundo desespero exclamou, ‘passou de mim; não posso
dizer nada, e o Espírito do Senhor deixou-me.’ Testemunhas oculares
descreveram-na como ‘a reunião mais terrível em que estiveram.’ Idem.
“Cedo,
em 1845, Foss ouviu Ellen Harmon a relatar a sua primeira visão ao grupo de
crentes em Portland, Maine. Ele reconheceu o relato dela como uma descrição do
que lhe fora mostrado. Depois de a encontrar na manhã seguinte, ele contou de
novo a sua experiência, a qual ela não conhecera antes, e encorajou-a a realizar
fielmente a sua obra, dizendo: ‘acredito que as visões me foram tiradas e dadas
a si. Não recuse obedecer a Deus, porque será com perigo da sua própria alma. Eu
sou um homem perdido. Você é escolhida de Deus; seja fiel na execução da sua
obra, e a coroa que eu podia ter tido, você receberá.’ Idem. Na comparação das datas, descobriram que isto não aconteceu
senão depois que foi dito que as visões tinham sido tiradas dele, que Ellen
Harmon tinha recebido a sua primeira revelação. Embora Hazen Foss vivesse até
1893, nunca mais manifestou interesse pelas coisas religiosas. (Arthur L. White em Ellen G. White, Messenger to the Remnant,
págs. 29, 30.)”
Um
dos graves bloqueios das mentes dos mileritas era a ideia que tinham a mensagem
final. Portanto, eles viram apenas um anjo quando deveriam ter visto pelo menos
três. (Vede O Grande Conflito, 353.)
Se estas falhas tivessem sido corrigidas, deviam ter esperado o aparecimento de
outros dois mensageiros celestiais e as mensagens e movimentos que eles
representavam. Teriam compreendido que o Salvador não podia vir em Outubro de
1844, porque havia ainda outras profecias a serem cumpridas antes do advento.
Foi
por esta razão que Deus deu a William E. Foy a visão que envolvia as três
plataformas. Foi trágico que, por causa desta visão não se conciliar com as
suas expectativas, recusaram ensinar isso aos outros. Se o tivessem feito e se
a mensagem tivesse sido compreendida e recebida, os crentes certamente teriam
sido poupados ao grande desapontamento. A mesma visão das três plataformas foi
dada a Ellen Harmon. Quando ela relatou esta mensagem aos adventistas do seu
tempo, serviu realmente para corrigir ideias erradas a respeito da vinda de
Cristo. Infelizmente, devido ao atraso por causa do fracasso de William Foy,
tornou-se demasiado tarde para os salvar do grande desapontamento.
Por
isso há sólidas evidências para confirmar que o Senhor fez tudo o que podia
através da relutância e da ineficiência dos canais de que Ele dispunha, a fim
de iluminar os expectantes crentes ao ponto em que pudessem ver a transição de
Cristo do lugar santo para o santíssimo em 1844. Assim, em vez de olharem com
esperançosa expectação para a Sua vinda nas nuvens do céu, deviam tê-l’O
seguido pela fé enquanto Ele ia perante Deus O Pai.
Todavia,
há testemunhos que alguns devem ter usado para suportar as suas ideias erradas
que Deus deliberadamente escondeu informação a fim de purificar a igreja
submetendo-os a um severo teste. Isto não pode ser assim, porque as Escrituras
claramente ensinam que Deus não tenta homem algum;
“Bem-aventurado o
homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da
vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta.” Tiago 1:12, 13.
Propositadamente
trazer teste e provação sobre o Seu povo escondendo deliberadamente a verdade
deles, é ser culpado de tentar os filhos, uma obra que Deus declarou nunca
fazer.
Será
agora feito um exame de alguns destes testemunhos “difíceis”. No primeiro a ser
considerado, é traçado um paralelo entre o cumprimento da profecia em que
Cristo triunfantemente entrou em Jerusalém montado no jumento e a obra dos
mileritas.
“Quinhentos
anos antes, o Senhor declarara pelo profeta Zacarias: ‘Alegra-te muito, ó filha
de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu Rei virá a ti, justo e
Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de
jumenta.’ Zac. 9:9. Não teriam os discípulos cumprido esta profecia, se
compreendessem que Cristo Se encaminhava para o julgamento e a morte.
“De
igual maneira, Miller e seus companheiros cumpriram a profecia e proclamaram a
mensagem que a Inspiração predissera, mas não o teriam feito se tivessem
compreendido completamente as profecias que indicavam o seu desapontamento e
outra mensagem a ser pregada a todas as nações antes que o Senhor viesse. As
mensagens do primeiro e segundo anjos foram dadas no tempo devido e cumpriram a
obra a que foram por Deus designadas.” O
Grande Conflito, 405.
Esta
citação é essencialmente uma declaração do facto. No caso dos discípulos o
facto foi que, se tivessem compreendido que Cristo fosse preso, julgado e
crucificado, em vez de ser elevado a um trono real, nunca podiam ter cumprido a
profecia. É bem verdade! Não o podiam ter feito!
Mas,
agora vem o problema. Neste ponto, as pessoas em geral começam a raciocinar
incorrectamente. Elas parecem ter a ideia preconcebida que as profecias de Deus
são um testemunho a respeito daquilo que Ele fará e não uma declaração daquilo
que vai acontecer. Deus não faz predições e depois arbitrariamente usa o Seu
altíssimo poder para assegurar que elas se tornem verdadeiras.
Por
exemplo, quando Ele predisse através de Noé que a Terra seria inundada com água,
Deus não estava a predizer aquilo que iria fazer, mas a inevitável consequência
do descontrolado caminho do pecado prosseguido por aquela geração ímpia. Se,
por outro lado, os antediluvianos tivessem aceite as advertências de Jeová,
como deviam ter feito e como Ele desejava que tivessem feito, o desastre teria
sido evitado. A Terra não teria sido destruída e a sua população devastada. O
facto é que o Senhor sabia o que ia acontecer e avisou a população da terrível sorte
que a esperava. Em seguida, Ele faz tudo para evitar que a Sua profecia se
torne verdade. Foi por esta razão que Ele encheu Noé com o Seu poder e
ordenou-lhe que convidasse o povo ao arrependimento. Se os esforços do Senhor
tivessem sido bem sucedidos, as coisas não teriam acontecido como preditas.
Portanto, o dilúvio veio apesar dos esforços de Deus para o contrário e não
simplesmente por causa d’Ele o ter predito. Devia ser notado que se o povo
tivessem deixado os seus maus caminhos e, em consequência o dilúvio não tivesse
vindo, isto não teria feito Deus e o Seu servo Noé falsos profetas. Há sempre
uma cláusula condicional para este tipo de profecia que está claramente
expressa em Jeremias 18:7-10.
“‘No
momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para
derrubar, e para destruir,
“‘Se
a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu
me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe.[ADF7]
“‘No
momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar e para plantar,
“‘Se
fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me
arrependerei do bem que tinha falado que lhe faria.’”
Deus
demonstrou a Sua entrega a estes princípios em algumas ocasiões. Um
extraordinário exemplo disto encontra-se na visita de Jonas a Nínive. Foi-lhe
ordenado que fizesse uma específica declaração que Nínive cairia daí a 40 dias,
todavia, o povo arrependeu-se e a destruição foi adiada para muito mais tarde,
altura em que negaram o seu arrependimento e caíram em apostasia ainda pior.
Quando
Israel foi tirado do Egipto, o Senhor especificamente prometeu que os levaria e
aos seus filhos à terra prometida, mas, quando apostataram em Cades Barneia,
Ele não foi capaz de os fazer entrar. Em vez disso, voltaram atrás para uma
marcha mortal de quarenta anos na qual quase nenhum dessa geração sobreviveu
excepto Caleb e Josué e membros da tribo não numerada de Levi. A maldição foi
pronunciada contra as tribos numeradas. “Neste deserto cairão os vossos
cadáveres, como também todos os que de
vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima.” Números 14:29.
Uma
vez compreendidos estes princípios, a profecia de Zacarias não apresenta problemas. O Senhor sabia quando fez a
profecia que Cristo teria doze discípulos e que eles estariam cativos de ideias
e teorias erradas. Portanto, sabia exactamente como reagiriam ao espectáculo da
entrada de Cristo em Jerusalém como rei e descreveu isto na profecia. Se,
entretanto, os esforços de Cristo para os iluminar tivessem sido bem sucedidos,
então teriam reagido de maneira diferente e não podiam ter cumprido essa
profecia.[ADF8]
O
mesmo é verdade a respeito dos mileritas. O Senhor escreveu a predição da sua
experiência, não que Ele desejasse que ela acontecesse, mas como sabia que ela
aconteceria. Depois, a fim de salvar o melhor que podia ser salvo do triste
resultado das suas ideias acariciadas, aproveitou os acontecimentos o melhor
possível para a mensagem.[ADF9]
É esse pensamento que está contido no testemunho seguinte:
“A
mensagem era destinada à prova e purificação da igreja” O Grande Conflito, 353.
Estas
palavras parecem dizer que Deus pessoalmente decidiu o desapontamento de
maneira a impor um teste tão grande para que a igreja fosse purificada daqueles
indivíduos que eram meros professos da verdade. Contudo, o contexto do
testemunho dá mais luz sobre o assunto:
“Não
obstante, Deus cumpriu Seu misericordioso propósito, permitindo que a advertência do juízo fosse feita exactamente como
o foi. O grande dia estava próximo e, pela providência divina, o povo foi
provado em relação ao tempo definido, a fim de que lhes fosse manifesto o que
estava em seu coração. A mensagem era destinada à prova e purificação da igreja.
Esta deveria ser levada a ver se suas afeições estavam postas neste mundo ou em
Cristo e no Céu. Professava amar o Salvador; deveria agora provar seu amor.
Estavam os crentes dispostos a renunciar às esperanças e ambições mundanas,
acolhendo com alegria o advento do Senhor? A mensagem tinha por fim
habilitá-los a discernir seu verdadeiro estado espiritual; foi
misericordiosamente enviada a fim de despertá-los para que buscassem o Senhor
com arrependimento e humilhação.” O
Grande Conflito, 353.[ADF10]
Seja
notado que o Senhor permitiu, não ordenou que a mensagem fosse dada do
modo como foi. Ele nunca teria ordenado aos crentes que declarassem que Cristo
estava para vir à Terra em 22 de Outubro de 1844, porque isso não era verdade. Deus, que é a verdade, nunca ordenaria que fosse proclamado algo que não fosse
verdade. “… Eu sou o caminho, a verdade, e a vida….” João 14:6. Tudo o que Ele podia fazer era permitir, porque não podia evitar que isso fosse pregado. Ele havia
feito o Seu melhor através dos canais de que dispunha a fim de assegurar que
apenas a verdade fosse proclamada. Contudo, quando os Seus esforços falharam,
não abandonou o Seu povo, mas usou os acontecimentos para mesmo assim alcançar
o melhor benefício, por este acto de amor e misericórdia, Ele sabia que seria
mal interpretado e falsamente condenado. Ele tem sido injustamente acusado de
esconder as verdades que tão esforçadamente tem trabalhado para revelar.[ADF11]
Este
autor não está a acusar os mileritas de deliberado engano em 1844. Eles
conscientemente acreditaram que estavam a ensinar a verdade e pregaram-na como
tal. Contudo, era uma mentira e, como tal, criou um excitamento não natural que
atraiu um largo número de pessoas não santificadas dos quais o movimento teve
que ser purificado. Isto aconteceu da seguinte maneira:
Um
erro sempre atrai mais seguidores do que a pura verdade. Dizer ao mundo que o
Rei dos reis estava para vir pessoalmente à Terra em menos de três meses era
muito mais atractivo do que ensinar que Ele estava a mudar-se do primeiro para
o segundo compartimento de um templo muito distante no Céu, depois do que, numa
data indefinida, viria à Terra. Isso, também, era uma mensagem solene mas seria
vista como tal apenas pelos que tinham discernimento espiritual. Assim, se a
verdade de Deus tivesse sido proclamada livre de erros em 1844, teria havia
muito menos virgens loucas no movimento e a necessidade de uma drástica
purificação não teria estado presente.
Provavelmente
o testemunho mais difícil de todos é o seguinte:
“Vi
o povo de Deus, com alegria, em expectação, aguardando o seu Senhor. Mas era
intento de Deus prová-los. Sua mão ocultou um engano na contagem dos períodos
proféticos. Aqueles que estavam esperando pelo seu Senhor não descobriram este
erro, e os homens mais doutos que se opunham ao tempo também deixaram de o ver.
Era intuito de Deus que Seu povo defrontasse com o desapontamento…. De novo
foram levados às suas Bíblias, a fim de examinar os períodos proféticos. A mão
do Senhor removeu-se dos algarismos, e o erro foi explicado. Viram que o
período profético chegava a 1844 …” Primeiros
Escritos, 235, 236.
Assim,
a mão do Senhor ocultou os números
até Ele a remover e os expôs. Se as palavras que descrevem aqui o comportamento
de Deus forem interpretadas da mesma forma como são aplicadas quando descrevem
o comportamento do homem, então Deus seria culpado de deliberadamente esconder
informação de tal maneira que podia engendrar um teste que expulsaria os não
santificados. Mas esta purificação tornou-se necessária apenas por causa dos
ensinos errados terem inundado o movimento com uma proporção tão grande de
pessoas não santificadas, que dos cinquenta mil que se apressaram a entrar
durante o clamor da meia-noite, apenas uma minoria muito pequena sobreviveu à
terrível prova. Essa é uma conclusão inaceitável para aqueles que conhecem a
verdade acerca do carácter de Deus. Ele nunca usa o falso princípio que o fim
justifica os meios. Ele opera exclusivamente na justiça e verdade; nunca em
pecado e erro.
Isto
significa que, se temos que entender a expressão, “Sua mão ocultou um engano na
contagem,” uma nova definição escriturística deve ser dada à palavra “ocultou”
quando se aplica ao comportamento de Deus. Será verificado que o mesmo
princípio de interpretação é aplicável quando se define a expressão “Deus
destrói”.
O
processo pelo qual Deus destrói é que Ele se aproxima do pecador com uma mensagem
de amor e misericórdia. Se o pecador rejeitar estes apelos de amor, fortalece
os seus poderes de resistência exercitando-os. Assim o seu coração se endurece
de cada vez que recusa a oferta da graça divina. Desta forma Deus o destrói
tentando salvá-lo. Quanto mais o Senhor trabalha para o libertar, mais ele é
destruído.
Se
Jeová sabe que este é o resultado das Suas tentativas, então porque é que Ele
se aproxima do pecador quando ao fazê-lo piora a situação dele?
Mas,
qual é a alternativa?
É
deixar o pecador sem fazer qualquer tentativa para o salvar e isso é algo que o
coração divino é incapaz de fazer. Assim, se Deus nada faz pelo pecador,
destrói-o deixando-o à sua sorte, ao passo que, se estender o braço para o
salvar, leva-o à apostasia total a menos que a pessoa escolha aceitar a
salvação. De qualquer maneira Deus destrói o pecador. Mas quão diferente é esta
obra da destruição efectuada pelos métodos do homem. Deus é apenas um salvador.
Cada movimento Seu destina-se a salvar do pecado e da morte e portanto nunca é
calculado para destruir. É apenas quando os homens rejeitam o ministério
salvador de Deus que o transformam numa obra de destruição.
O
mesmo é verdade quando é dito que Deus ocultou a verdade. Ele oculta-a tentando
revelá-la. Quando Ele procura revelar a Sua verdade salvadora àqueles que estão
fixos nas ideias e teorias preconcebidas, os Seus esforços são rejeitados, os
olhos estão fechados para as revelações divinas e a verdade está oculta. Se o
Senhor adopta o caminho alternativo de não fazer qualquer tentativa para
derramar luz nas mentes obscurecidas, então está outra vez a encobrir a
verdade. Se escolhe o primeiro caminho, então cobre a verdade ao tentar
revelá-la. Se escolhe o último, então cobre a verdade não a declarando. No caso
dos mileritas, Ele fez tudo o que era possível sob as circunstâncias para
revelar a verdade, mas as ideias preconcebidas eram tão fortes que as correctas
interpretações se mantiveram escondidas.
Testemunhos:
1.
“Aproximamo-nos do grande dia de Deus. Os sinais estão-se
cumprindo. E, no entanto, não temos uma mensagem que nos diga o dia e a hora do
aparecimento de Cristo. O Senhor ocultou isso prudentemente de nós, para que
sempre estejamos num estado de expectativa e de preparação para o segundo
aparecimento de nosso Senhor Jesus Cristo nas nuvens do céu. Carta 28, 1897.”
Eventos Finais p33
2.
“No dia 23 de Setembro, o Senhor mostrou-me que Ele havia
estendido a Sua mão pela segunda vez para reaver o remanescente do Seu povo, e
que se deviam fazer esforços redobrados neste tempo do ajuntamento. Na
dispersão, Israel fora castigado e maltratado, mas agora no tempo do
ajuntamento, Deus sarará o Seu povo e o unirá. Na dispersão fizeram-se esforços
para espalhar a verdade com pouco êxito, pouco ou nada tendo sido conseguido;
mas no ajuntamento, quando Deus coloca a Sua mão para readquirir o Seu povo,
esforços para disseminar a verdade terão o seu esperado efeito. Todos devem
estar unidos e cheios de zelo na obra. Vi que era errado se referirem alguns à
dispersão, daí tirando exemplos para nos governar no ajuntamento; pois se Deus
não fizesse mais por nós agora do que fez então, Israel jamais seria ajuntado.
Tenho visto que o diagrama de 1843 foi dirigido pela mão do Senhor, e que ele
não deve ser alterado; que as figurações eram o que Ele desejava que fossem, e
que Sua mão estava presente e ocultou um engano em alguma figuração, de maneira
que ninguém pudesse vê-lo, até que Sua mão fosse removida .” Primeiro Escritos p74
Por
esta razão o ensino do erro que Cristo viria em 1844 produziu uma situação que
nunca devia ter-se desenvolvido. Isto inundou as fileiras com cerca de
cinquenta mil pessoas, muitas das quais eram motivadas pelo receio da eterna
destruição por um lado e a perspectiva de riquezas eternas por outro. A sua
presença nunca podia ter sido uma bênção para a causa e era preciso que fossem
afastadas, uma tarefa realizada pelo teste do grande desapontamento.
Assim,
nos dias que conduziram a 22 de Outubro de 1844, tinha-se desenvolvido uma
triste situação por causa do ensinamento do erro. É um erro supor que a
purificação do grande desapontamento colocou as coisas todas bem outra vez.
Este
não é o caso. Os falsos ensinadores foram sacudidos da verdade, mas os fiéis
que foram capazes de sobreviver à prova e permaneceram foram terrivelmente
feridos pelo resultado. Além do mais, foram dados aos inimigos da verdade
poderosos argumentos com que desacreditar o pequeno grupo de fiéis. Eles tinham
específica e confiantemente declarado que Cristo viria, e, uma vez que não veio,
foram denunciados como falsos mensageiros. Era uma acusação fácil de crer pelos
que zombavam e difícil de suportar pelos adventistas.
O
registo disto é encontrado particularmente em Testimonies 1:113-197. Estes são os primeiros testemunhos dirigidos
à igreja. As primeiras palavras escritas em 1855, são assustadoras: “Vi que o
Espírito do Senhor tem estado a extinguir-Se na igreja. Os servos de Deus têm
confiado demasiado na força do argumento, e não têm mantido em Deus aquela
firme confiança que deveriam ter.” Testemunhos
Selectos, 1:29.
Desta
página em diante, mensagem atrás de mensagem foi dada, advertindo os membros da
igreja da sua condição de progressivo declínio espiritual até serem informados
que tinham descido à terrível condição de Laodicea, não tendo ouro, vestidos
brancos, ou colírio. Isto significa que não tinham a justificação pela fé, a justiça
de Cristo, ou o discernimento espiritual. Isto por seu lado era declarar que
tinham perdido o evangelho de Jesus Cristo e não eram mais do que ensinadores
formais.
Dessa
trágica condição, a Igreja Adventista do Sétimo Dia nunca recuperou. Que essas
coisas tinham piorado por volta de 1890 é evidente desta inspirada declaração:
“Desde
o tempo da reunião de Minneapolis, tenho visto o estado da Igreja de Laodicea
como nunca antes. Ouvi a repreensão de Deus dirigida àqueles que se sentiram
tão bem satisfeitos, que não conhecem a sua destituição espiritual. Jesus fala
a estes como fez à mulher de Samaria: ‘Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é
o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.’
“Tal
como os judeus, muitos têm fechado os olhos para não verem; mas há agora grande
perigo em fechar os olhos à luz, e andar separado de Cristo, não sentindo falta,
tal como era quando Ele estava na Terra. Foram-me mostradas muitas coisas que
tenho apresentado perante o nosso povo em solenidade e sinceridade, mas aqueles
cujos corações têm sido endurecidos pelo criticismo, cobiça e más suspeitas,
não sabendo que são pobres, e miseráveis, e cegos, e nus. Aqueles que têm
resistido às mensagens de Deus através dos Seus humildes servos, pensam que
estão em desacordo com a irmã White, por causa das ideias dela não estarem em
harmonia com as deles; mas esta discordância não é com a irmã White, mas com o
Senhor, que lhe deu a obra para fazer.” The
Review and Herald, 26 Agosto de 1890.
O
Senhor enviou os pastores Waggoner e Jones a fim de tirar a igreja da condição
de Laodicea e levá-la de volta à mensagem do terceiro anjo[ADF12]
em verdade, o vivo, poderoso, salvador evangelho de Jesus Cristo. Mas os
esforços falharam. A maioria dos membros permaneceu onde estavam. Desde então,
a única mensagem que curaria a doença tem sido mantida fora da igreja. A doença
da mornidão laodiceana na qual a igreja sucumbiu por volta de 1859, nunca foi
curada, nem há esperança que o seja, na organização adventista do sétimo-dia,
nunca será.
Esta
tragédia é o pior resultado jamais desenvolvido a partir do erro ensinado em
1844 e demonstra que os efeitos dos ensinamentos e práticas errados são muito
mais mortais e muito mais abrangentes do que normalmente se supõe. Lembrai, por
exemplo, as consequências que se desenvolveram quanto Paulo, durante a sua
última visita a Jerusalém, permitiu que os dirigentes da igreja se tornassem os
seus solucionadores de problemas no lugar de Deus. Isto conduziu ao seu
aprisionamento, à sua morte prematura, acelerou a apostasia na igreja, a
excessiva extensão de tempo e o terrível desenvolvimento do papado.[2]
A
profundidade da ferida infligida no movimento de 1844 pelo grande
desapontamento não é medida meramente pelo número dos que foram sacudidos para
fora. O problema vai muito mais fundo do que isso. Aqueles que foram sacudidos
não mais influenciaram ou dirigiram o caminho que a igreja devia tomar, mas o
que permaneceram, transportando as cicatrizes mentais e espirituais infligidas
sobre eles, realmente decidiram o destino da igreja.[ADF13]
Uma
indicação do problema é revelada em particulares iniquidades que inundaram os
crentes adventistas à medida que desciam ao laodiceanismo. Repetidamente
naqueles primeiros testemunhos, o Senhor indicou egoísmo e cobiça como os
pecados que separavam Deus deles e convidavam a presença do diabo.
O
primeiro testemunho de todos dos Testemunhos
é intitulado “Guardador do Irmão”. Através dele o Senhor tornou muito claro que
o Espírito Santo estava a extinguir-se da igreja. A razão dada para isto foi a
concentração egoísta no desenvolvimento da segurança material, enquanto
ignoravam as necessidades físicas e espirituais dos seus irmãos e dos pobres.
Eles estavam ocupados “…estavam ajuntando sítio a sítio, e terra a terra, e
casa a casa….” Foram avisados que eram guardadores dos seus irmãos e se
continuassem a ignorar esta responsabilidade à custa dos irmãos, iriam
sacrificar a sua herança eterna.
O
terceiro testemunho tem o título “Sê Zeloso e Arrepende-te” e foi apresentado à
igreja em 1857. Nele, o Senhor especificamente declara que:
“O
espírito mundano, o egoísmo e a cobiça têm estado a corroer a espiritualidade e
a vida do povo de Deus.
“O
perigo do povo de Deus durante alguns anos passados, tem sido o amor do mundo.
Disto têm brotado os pecados do egoísmo e da cobiça. Quanto mais tiram deste
mundo, tanto mais aí colocam suas afeições; e ainda se esforçam por obter mais.
Disse o anjo: ‘É mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que
entrar um rico no reino de Deus.’ Luc. 18:25. Todavia muitos que professam crer
que estamos dando as últimas notas de advertência ao mundo, estão lutando com
todas as energias para se colocarem em posição em que é mais fácil um camelo
passar pelo fundo de uma agulha, do que eles entrarem no reino do Céu.” Testemunhos Selectos 1:40.
Outra
vez em Outubro de 1857, o Senhor usou a história dramática do rico e jovem
príncipe para chamar a atenção dos crentes para o perigo inerente num amor ao
mundo e suas riquezas. Egoísmo e cobiça provaram ser a ruína daquele jovem que
escolheu voltar as costas à vida eterna em vez de sacrificar tudo pelo Senhor.
Nenhum
esforço tem sido feito aqui para citar todos os testemunhos salientando o
egoísmo e a cobiça como sendo os pecados particulares que estavam a destruir a
espiritualidade da igreja e a levar os membros à condição desolada de
Laodiceia. Já foi citado o suficiente para estabelecer o facto que estes pecados
eram os problemas que prevaleciam. É recomendado que o diligente leitor estude Testimonies 1:113-195, para ver por si
mesmo como repetidamente estes dois males são nomeados como a causa do declínio
da igreja.
Mas
porque é que estes pecados específicos eram aqueles que imperavam na igreja
durante este período? Porque estavam os membros obcecados com este desmedido
desejo de fortalecer a sua segurança material tanto quanto pudessem? Havia
muitos outros pecados a que estavam devotados, mas pouco se alguma coisa é dito
acerca deles. Porquê estes?
Há
uma razão válida para isto. Eles tinham passado pela traumática experiência no
grande desapontamento que os tinha afectado muito profundamente. Nunca mais
foram os mesmos, por causa de terem sido incapazes de emergir da prova com a
sua confiança em Deus intacta. Uma ilustração disto é dada na experiência
daqueles que sofreram o primeiro e muito mais suave desapontamento, quando, em
Abril de 1844, o ano passou durante o qual tinham primeiramente esperado o
aparecimento do seu amado Salvador. Durante esse tempo de expectação, a sua fé
era forte, o seu entusiasmo era alto e viviam na certeza que em breve estariam
no Céu.
Estavam
confortados pela compreensão que tinham esquecido o tempo de tardança ou tempo
de espera, mas apesar disso, houve uma mudança. Estavam mais cautelosos, mais
reservados. Não estavam preparados para se lançarem no espírito do adventismo
como haviam feito antes. A respeito disto, escreve a pena da inspiração:
“Resplandeceu,
nesta sua atitude, luz da Palavra de Deus, e descobriram um tempo de tardança:
‘Se [a visão] tardar, espera-O’ Hab. 2:3. Em seu amor pela imediata vinda de
Cristo, deixaram de tomar em consideração a tardança da visão, que estava
destinada a tornar manifestos os que na verdade estavam a esperar. Outra vez
tiveram um tempo indicado. Vi, contudo, que muitos deles não puderam
levantar-se acima de seu severo desapontamento, para possuir aquele grau de
zelo e energia que assinalou sua fé em 1843.” Primeiros Escritos, 236.
Agora
considerai a experiência pela qual os crentes passaram quando veio o grande
desapontamento. Estavam tão absolutamente seguros que o Senhor estava vindo que
não permitiram qualquer outra eventualidade. Confiantes que não passariam outro
Inverno nesta Terra, não colheram as suas searas, não acumularam uma provisão
de comida e combustível e por isso não fizeram provisão para o difícil Inverno
que estava na sua frente.
Enchia-os
a mais felizes expectações. Podiam geralmente passar uma esponja sobre a troça
dos seus inimigos que, em qualquer dos casos, eram de alguma maneira
restringidos pelo convincente poder da mensagem. Nenhum sacrifício era
considerado demasiado grande. A sua dedicação à mais digna das causas era
completa e total.
Depois
veio o absolutamente inacreditável. O Senhor não apareceu. Eles estavam
chocados, aturdidos, desanimados, perplexos, confusos e nalguns casos, nem um
pouco zangados com Deus. Muitos sentiram que tinham sido enganados e traídos,
que Deus os tinha usado. Depois de pouco tempo, os seus inimigos irromperam em
descontrolado escarnecimento e troça. Que dura ferida e humilhação isto causou
aos sofredores filhos de Deus!
E
o duro Inverno do nordeste americano estava a chegar com temperatura abaixo de
zero, ventos muito frios, profundas e inultrapassáveis montes de neve e
violentas tempestades de Inverno. Consideráveis suprimentos de alimento e lenha
tinham que ser armazenados antecipadamente, mas o tempo e o dinheiro
normalmente destinado a isto tinha sido gasto na mensagem e no movimento. Com
que frenéticos esforços devem eles ter trabalhado para reunirem os suprimentos
necessários à medida que os dias se tornavam mais pequenos e frios. Mas por
muito que trabalhassem, muitos senão todos eles devem ter enfrentado uns difíceis
três ou quatro meses. Com escassez de alimento e combustível, devem ter passado
muitas horas sofrendo frio e fome durante as quais veementemente decidiram que
nunca mais iriam deixar-se apanhar desta forma outra vez.
A
fé da maioria foi arruinada para além de reparação. Estes deixaram a verdade
para nunca mais voltarem. Não fazendo mais parte do movimento, a sua reacção
não teve efeito sua história futura. Mas foram os sobreviventes que tiveram. Embora
tivessem ainda fé na verdade e aceitassem a luz que lhes mostrou onde se tinham
enganado, estavam ainda feridos. Apesar de não darem importância ao pensamento,
contudo, lá no fundo ele realmente contava, sentiram que Deus os tinha
enganado, que Ele os tinha usado e que haviam sido traídos. Não compreenderam
as maravilhosas verdades que agora apreciavam a respeito do perfeito e recto
carácter de Deus.[3] Nunca
lhes tinha sido mostrado que Deus é um Deus justo que guarda as suas próprias
leis, que Ele é a verdade e nunca engana ninguém, que nunca destrói e que o Seu
amor é verdadeiramente infinito e não contém o mais pequeno traço de egoísmo.
Por
causa de não conhecerem Deus sob esta luz, sentiram que não podiam confiar
n’Ele incondicionalmente. Portanto, voltaram-se para as suas próprias obras a
fim de estabelecer a sua própria segurança.[ADF14]
Trabalharam com uma diligência e intensidade digna de melhores objectivos,
sítio a sítio, terra a terra e casa a casa. Agiram como se esta Terra fosse o
seu Céu. Era uma reacção natural, que, devido à grande magnitude do seu
desapontamento, se tornou uma obsessão. Por essa razão, cobiça e egoísmo foram
o fruto natural destes desenvolvimentos infelizes e desnecessários.[ADF15]
Em
resumo façamos um sumário da evolução desta triste história. Antes da mensagem
do segundo advento começar a soar, a comunidade religiosa estava nas mãos do
erro que este mundo é o santuário. Por isso, quando William Miller começou a
pregar Daniel 8:14, pensou que a
purificação do santuário era a purificação desta Terra pelo fogo quando Cristo
regressasse. Esse erro apenas podia conduzir a falsas expectativas que por sua
vez feriria grandemente a mensagem e o movimento. Deus procurou evitar a crise
enviando mensagens através de William Foy, o primeiro a ser chamado para o
ofício profético. O ministério de Foy começou em Janeiro de 1842.
Quando
ele avançou sob a direcção de Deus, a sua obra enfrentou um notável sucesso,
mas veio o tempo em que ele desistiu dos seus labores porque a mensagem entrava
em conflito com as suas opiniões acerca da segunda vinda.
Tivesse
a mensagem que o Senhor lhe deu sido compreendida e aceite, nunca teria
ocorrido a construção das intensas e falsas expectações. Pelo contrário, as
mentes do povo teriam sido dirigidas para o lugar santíssimo no Céu para uma
obra posterior de refinação e purificação na preparação para o julgamento. Muito
menos pessoas ter-se-iam junto ao movimento obviando a necessidade duma
drástica purificação do acampamento. A obra teria tido então melhor
oportunidade para avançar de um nível de perfeição para outro e podia ter sido
rapidamente completada.
Em
vez disso, foi levantada uma falsa expectativa a um elevado nível de
intensidade, seguida de um avassalador desapontamento. Muitos caíram para nunca
mais voltarem, ao passo que pelo menos uma maior proporção daqueles que
permaneceram subsconscientemente determinara que nunca mais seriam apanhados
dessa forma outra vez. Isto levou a um ênfase de estabelecer a sua própria
segurança pessoal e prosperidade material. Isto tirou Deus do lugar de
Solucionador de problemas e Planeador deles e colocaram-se a si mesmos nessa
posição. O único resultado possível é separação de Deus, afastamento do
Espírito Santo e perda do evangelho. A verdadeira religião é substituída por um
formalismo mortal que destrói o corpo, a mente e a natureza espiritual.
Por
isso aconteceu que, em vez de verem a obra finalizada e entrarem mais cedo no
reino, os crentes adventistas caíram na condição de Laodicea da qual nunca
recuperaram.
Sumário
v Erro:
o
Comunidade religiosa acreditar que o mundo é o Santuário.
§ Miller
prega a mensagem de Daniel 8:14, pensa que a purificação do santuário era a
purificação da terra pelo fogo quando Cristo regressasse.
v Erro conduz a:
o
Falsas expectativas
§ Ferir
grandemente a mensagem e o movimento
v Deus Intervém procurando evitar a crise:
o
Como é que Deus intervém? Sempre das mesma forma, enviando
mensageiros.
§ William
Foy (Janeiro de 1842)
·
Sob a direcção de Deus obteve notável sucesso
·
desistiu dos seus labores porque a mensagem entrava em
conflito com as suas opiniões acerca da segunda vinda.
v Se a mensagem tivesse sido compreendida
e aceite pelo povo:
o
nunca teria ocorrido a construção das intensas e falsas
expectações
o
As mentes do povo teriam sido dirigidas para o lugar
santíssimo no Céu para uma obra posterior de refinação e purificação na
preparação para o julgamento.
o
Muito menos pessoas ter-se-iam junto ao movimento obviando a
necessidade duma drástica purificação do acampamento.
§ A
obra teria tido então melhor oportunidade para avançar de um nível de perfeição
para outro e podia ter sido rapidamente completada.
v Resultado do Erro:
o
Falsa expectativa a um elevado nível de intensidade
§ Avassalador
desapontamento
Embora
este terrível destino tenha sido o resultado natural do erro tão convincente e
conscientemente ensinado em 1844, os crentes não tinham que sucumbir à tentação
de desconfiarem de Deus e tornarem-se obcecados com o desejo de fortalecer a
sua própria base material de segurança. Os discípulos de Cristo sofreram uma
tentação ainda maior, mas rejeitaram qualquer disposição para serem os seus
próprios solucionadores de problemas e entregaram-se sem reserva à causa.
“Frequentemente
me tem sido referida a parábola das dez virgens, cinco das quais eram prudentes,
e cinco loucas. Esta parábola tem sido e será cumprida literalmente….” The Review and Herald, 19 de Agosto de
1890.
Estamos
agora a viver num tempo em que, sob o ministério do quarto anjo, as mensagens
do primeiro, segundo e terceiro anjos estão a ser repetidas. A parábola das dez
virgens está outra vez no processo de cumprimento. A história do passado está a
ser repetida, mas com algumas diferenças felizmente diferentes.
Isto
não significa que ambos os cumprimentos não sejam cumpridos à letra como
profetizado. A profecia desenha a sequência
de acontecimentos onde existe um perfeito paralelo entre o que teve lugar
no primeiro cumprimento e o ocorre no segundo. As diferenças estão entre as
compreensões e expectações das virgens que saíram nos dias de Miller e as que irão
sair agora.
Naquela
altura, a mensagem era baseada no tempo definido ao qual o acontecimento errado
estava anexado. Nunca outra vez haverá outro chamamento baseado numa data
específica. Isto significa que uma intensidade impulsionadora baseada no
ensinamento do erro, não será repetida nestes últimos dias. Isto significará
que a proporção das virgens loucas não devia ser tão elevada como naquela
altura.
O
dilúvio de luz que tem sido derramada sobre nós no ministério do quarto anjo
tem-nos libertado de muitos conceitos errados que cegavam os olhos deles no
passado. Eles cometeram o erro de supor que o seu movimento era o último quando
era de facto apenas o primeiro dos sete. Deus tem-nos levado ao ponto onde
sabemos que o quarto movimento não é o último. Depois dele haverá o quinto, o
sexto e o sétimo. Sabemos exactamente qual a natureza da obra final,
nomeadamente a perfeita revelação do carácter de Deus em contraste com o
carácter de Satanás, através da qual as mentiras do diabo serão expostas e o
grande conflito terminado.
Não
listamos estas diferenças para indicar que somos melhores do que eles. Aquela
geração estava ainda a sair das trevas da Idade Média, e, se nós tivéssemos
sido um deles, estaríamos no mesmo erro que eles, ao passo que, se eles
vivessem hoje, teriam conhecido toda a verdade que conhecemos. Não é que
sejamos melhores do que eles porque não somos. Estamos a viver num tempo de
maior luz.
O
que isto significa é que temos um alcance da verdade que habilitará o Senhor a
conduzir-nos mais eficazmente e com maior sucesso através do conflito final.
[1] Vede Os Caminhos de Deus no Santuário, capítulos 1 e 26, do mesmo autor.
[2] Vede O Repouso do Sábado, Capítulos 10 e 11do mesmo autor.
[3] Vede Eis Aqui o Vosso Deus, do mesmo autor.
[ADF1]Mais uma vez podemos
verificar aqui que o homem tem a tendência para nunca aprender com a história e
se repararmos os erros cometidos no passado e hoje são sempre os mesmo.
[ADF2]Mensagem do 3º Anjo
foi a seguir ao desapontamento em Outubro de 1844. Edson e Crosier,
Apocalipse 14:9-12.
[ADF3]Ainda
havia muito para aprenderem acerca de Deus e Seus caminhos antes que pudessem
ser alcançadas as mudanças ainda maiores e mais profundas necessárias neles. A luz adicional pela qual podiam ser educados e
transformados devia vir do lugar santíssimo e portanto ser-lhes-ia dada
depois de aparecer o terceiro anjo.
O nosso grande Sumo Sacerdote não entrou no lugar santíssimo senão para fazer o
julgamento investigativo, realizar a expiação final, limpar os pecados deles e
colocar o selo do Deus vivo neles. Esse é o culminar da Sua obra ali. Antes
desse tempo chegar, Ele faz uma obra poderosa nos crentes de modo que estes
ficam completamente preparados para o escrutinador exame do julgamento e ficam
prontos para receber os benefícios da expiação final. Os Sete Anjos 9
[ADF4]Isto é sempre o modo
de actuar de Cristo. Nada nos será revelado quando não tivermos crescido o
suficiente nas coisas espirituais para poder conseguir compreender e aceitar as
revelações de Cristo.
[ADF6]Isto é certamente
aquilo que temos que ter me nossa mente que para podermos alcançar a coroa
temos que sofrer a cruz e a vida de um cristão é uma cruz e nela não podemos
fugir para podermos obter a salvação, temos que a carregar.
[ADF7]Aquilo que mais Deus
teme e não deseja para Seu povo e tenta por todos os meios evitar é que o
resultado das acções pecaminosas do povo levem a que Ele tenha que se afastar e
assim vir sobre eles a destruição, destruição essa feita pelo pecado e não por
Deus pois Ele apenas se afasta porque onde está o pecado Ele não pode demaneira
alguma habitar.
[ADF8]Da mesma forma que
Deus preveu que Ninive iria cair e assim enviou a Jonas para os alertar, como
enviou Noé, Cristo e os três, William Foy, Hazen Foss e Ellen Harmon.
[ADF9]Mesmo assim, depois do
povo falhar ou cometer erros como em todos os casos da História Deus aproveita
sempre para tentar salvar o melhor que pode ser salvo e aproveitar tudo o que
acontece para dar a mensagem.
[ADF10]A mensagem não era
para decidir o desapontamento nem para impor um teste mas sim para habilitar e
preparar o povo para o tempo do fim e para receber o Senhor.
[ADF11]E porque que é assim?
Porque Deus sendo um Deus de amor e não impositor nem ditador, nunca faria,
mesmo tendo poder para isso, fazer o povo acreditar ou fazer a Sua vontade mas
dar a liberdade para ele escolher o caminho que tomar.
[ADF12]Mensagem do 3º Anjo
foi a seguir ao desapontamento em Outubro de 1844. Edson e Crosier,
Apocalipse 14:9-12.
14:9 Seguiu-os ainda um terceiro anjo, dizendo com
grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na
fronte, ou na mão, 14:10 também o tal beberá do vinho da ira
de Deus, que se acha preparado sem mistura, no cálice da sua ira; e será
atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do
Cordeiro.
14:11 A fumaça do seu tormento sobe para
todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta
e a sua imagem, nem aquele que recebe o sinal do seu nome.
14:12 Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os
mandamentos de Deus e a fé em Jesus.
[ADF13]Não foi os que foram
sacudidos que causaram o maior problema mas sim aqueles, que por aquela experiência
passaram que de acordo com as suas feridas e problemas marcam o destino do
movimento.
[ADF14]Esta falta de
confiança que o povo tinha em Deus era na parte da segurança material algo que
faltou-lhes devido ao que passaram… portanto como diz atrás acreditam na
verdade, tem fé se é assim acreditam em Deus mas confiam até a um certo ponto e
esse ponto é aonde acham que Deus falhou para com eles.
[ADF15]Portanto passaram as
culpas para Deus da terrível consequência que lhes proveio depois das acções
tomadas, mas esqueceram-se que o que aconteceu não foi mais que o resultado dos
seus planos, interpretações e ideias erradas acerca das profecias e Carácter de
Deus.
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