Os
Sete Anjos
Capítulo
14
Colheitas e
Primícias
É
agora tempo de considerar o papel especial do quinto anjo de quem está escrito
o seguinte:
“E olhei, e eis uma nuvem branca, e
assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua
cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. E outro anjo saiu do
templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a
tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está
madura. E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra,
e a terra foi segada.” Apocalipse 14:14-16.
Já
foi determinado que este anjo que se dirigiu ao Ser glorioso que estava na
grande nuvem branca é o símbolo do povo de Deus, os 144.000, que estarão na
Terra nesta altura. Também já foi visto que o tempo em questão aqui é o período
da angústia de Jacó depois do fim do tempo de provação. Em harmonia com o facto
que depois dessa altura, não há mais luz a ser transmitida aos completamente
apostatados e eternamente perdidos habitantes da Terra, este anjo não transmite
qualquer mensagem à humanidade, mas fala somente para Jesus Cristo, Aquele que
está na nuvem branca.
Por
causa de ter sido mantida a ideia por tanto tempo que a última e única obra é a
salvação de almas pela pregação do evangelho aos povos de todas as nações,
levanta-se naturalmente a pergunta acerca da necessidade deste quinto movimento
e o que Deus pretende realizar através dele? Para muitas mentes, parece que dar
uma missão a um movimento depois de fechar a porta da graça, acrescenta outra
obra depois da obra “final”.
É
quando Apocalipse 14 for “compreendido
em todas as suas implicações” que a obra altamente significativa e essencial do
quinto, sexto e sétimo anjos será reconhecida. Será então visto que a pregação
do evangelho, embora aperfeiçoe a obra que deve ser finalizada antes da
provação terminar e o regresso de Cristo, não é, como erradamente suposto, a
última obra a ser feita. Quando o sermão final for pregado e a última alma
jamais conquistada for reunida, o grande conflito ainda não estará terminado.
Ele estender-se-á pela angústia de Jacó e continuará até os movimentos dos
últimos três anjos fazerem as tarefas que lhes foram apontadas. Somente então
virá o fim e o Salvador volta nas nuvens do céu.
É
pela compreensão da obra atribuída tanto a Cristo como aos 144.000 durante o
período da angústia de Jacó que é possível conhecer o que será realizado pelos
movimentos do quinto, sexto e sétimo anjos.
Neste tempo de regresso o Salvador é descrito com uma coroa de
ouro na cabeça e uma foice aguda na mão. Desse
modo Ele é representado como a vinda dum Rei e grande Ceifeiro. Ele está a
descer a este mundo amaldiçoado pelo pecado com terrível majestade para ceifar
a colheita da Terra e regressar ao Céu com os frutos do Seu sacrifício e
labores.
Alguns
podem experimentar alguma dificuldade na compreensão do papel de Cristo como
ceifeiro numa altura em que toda a colheita do evangelho do passado está
finalizada. Isto acontece por causa da ideia preconcebida que há apenas um
único tipo de colheita – a que é feita pela pregação do evangelho. Por exemplo,
quando uma igreja nos seus esforços para promover um objectivo missionário, lançasse
com o slogan, “Uma Colheita de Mil dias”,
nenhum membro teria a menor dificuldade em compreender o que isto envolvia.
Sabiam que era um chamamento para passar perto dos três anos seguintes num
concentrado esforço missionário realmente conquistando almas para a igreja.
Este
não é um uso impróprio da palavra, “colheita”, porque seja qual for a extensão
da pregação do verdadeiro evangelho, junta almas para Jesus Cristo, isto é uma
colheita ou uma ceifa. O ponto é que este não é o único tipo de colheita
referida nas Escrituras. O estudante da Bíblia deve comhecer o facto que,
frequentemente duas coisas são bastante diferentes mas são chamadas pelo mesmo
nome. O estudante cuidadoso está ciente e sabe como fazer as necessárias
distinções. Deste modo, a colheita que Cristo vem fazer na Sua segunda vinda
envolve, não a pregação do evangelho, porque essa colheita está totalmente no
passado, mas a ressurreição dos santos justos de todas as idades. Será um
emocionante e magnificente acontecimento e é poderosamente descrito nos
parágrafos seguintes.
“Por entre as vacilações da Terra, o
clarão do relâmpago e o ribombo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os
santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos
para o céu, brada: ‘Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e
surgi!’ Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos ouvirão aquela
voz, e os que ouvirem viverão. E a Terra inteira ressoará com o passar do
exército extraordinariamente grande de toda nação, tribo, língua e povo. Do
cárcere da morte vêm eles, revestidos de glória imortal, clamando: ‘Onde está,
ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?’ I Cor. 15:55. E
os vivos justos e os santos ressuscitados unem as vozes em prolongada e
jubilosa aclamação de vitória.” O Grande Conflito, 644.
A
vinda de Cristo à Terra como divino Ceifeiro para reunir os remidos de todos os
séculos, foi ilustrada nos serviços típicos do Antigo Testamento, bem como nas
declarações das parábolas do Novo. Inseparavelmente ligado às típicas colheitas
do Antigo Testamento estava o serviço especial dos primeiros frutos que era
oferecido no décimo sexto dia do primeiro mês, o terceiro dia após a Páscoa. Eram
observadas leis muito rigorosas e seguidos rigorosos procedimentos na
observância desta ordenança. Isto era importante, porque o serviço tinha que
ser uma exacta revelação da obra de Cristo como o Segador.
Depois
de determinado que, no tipo, tinha que haver a apresentação dos primeiros
frutos antes da colheita ser reunida, é claro que tem de haver uma relação
semelhante na colheita final. Essa não pode ser colocada no celeiro até que os
primeiros frutos tenham sido apresentados. Portanto, a questão é: quem são os
primeiros frutos quando Cristo vier como Rei e Segador? As Escrituras
claramente apontam os 144.000.
“E olhei e eis que estava o Cordeiro
sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas
tinham escrito o nome de seu Pai.
“E ouvi uma voz do céu, como a voz de
muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas,
que tocavam com as suas harpas.
“E cantavam um como cântico novo diante
do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender
aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da
terra.
“Estes são os que não estão contaminados
com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde
quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias
para Deus e para o Cordeiro.
“E na sua boca não se achou engano;
porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus.” Apocalipse 14:1-5”.
Cristo,
então, é o Segador, os remidos de todos os séculos são a colheita e os 144.00
são as primícias.
A
designação dos 144.000 como primícias é a chave que desvenda a informação
relativa ao papel dos movimentos do quinto, sexto e sétimo anjos. Isso dirige a
mente para o passado para o estudo do tipo Antigo Testamento e para a forma
como esse serviço simbólico foi em primeiro lugar cumprido por Jesus Cristo
quando, na ressurreição da morte, saiu como primícias dos que dormiam. Ter
cumprido o papel das primícias nessa altura, qualificou-o, juntamente com
outras qualificações, para ser o Segador quando viesse pela segunda vez. Nessa
altura, não Ele, mas os 144.000, ter-se-ão tornado as primícias.
Aqui
precisa ser feita uma distinção entre dois importantes tipos do Antigo
Testamento e os seus antítipos. Eles são o cordeiro sacrifical e as primícias.
Também estes dois apontavam e claramente explicavam duas missões diferentes que
Cristo devia cumprir quando esteve na Terra, mas somente uma delas – as
primícias – também aponta e explica a obra dos 144.000.
Deve
ser admitido que num certo sentido limitado o cordeiro sacrifical tipifica
realmente a obra dos 144.000, porque eles sacrificam-se pela causa até à morte
que virá num ápice da sua experiência real. Todavia, eles não cumprem este tipo
no sentido em que a sua morte paga na realidade um resgate pelo pecador. Somente
Cristo como Cordeiro de Deus pode fazer isso.
Mas
quando se refere às primícias, a questão é diferente, porque, embora as
Escrituras nunca chamem a alguém o cordeiro excepto a Cristo, especificamente
declaram que os 144.000 são as primícias tal como reconhecem Cristo na mesma
posição. Portanto, este tipo do Antigo Testamento aponta e explica uma obra
idêntica a realizar por Cristo e pelos 144.00; uma obra que, tipificada como é
por oferta sem sangue, também não envolve a morte.
Se
tanto Cristo como os 144.000 são representados pelo mesmo tipo, devem fazer
precisamente a mesma obra no que respeita às especificações apresentadas em
particular para este símbolo, porque duas coisas não podem ser iguais à mesma
coisa a menos que sejam iguais entre si. Esta é uma grande vantagem ao que
investiga a verdade nestes últimos dias, pois é abençoado não apenas pela lição
contida no tipo, mas também com a forma como foi cumprido pelo próprio Mestre. Com
esta revelação dupla, seria difícil o estudante errar. Conclui-se então, que um
sério estudo de Cristo no papel de primícias devia preceder qualquer
consideração sobre os 144.000 na mesma missão.
Repetidamente,
o Salvador é referido nas Escrituras como o primogénito e as primícias. Aqui
estão alguns exemplos disto:
“João, às sete igrejas que estão na
Ásia:
“Graça e paz seja convosco da parte
daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão
diante do seu trono;
“E da parte de Jesus Cristo, que é a
fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra….”
Apocalipse 1:4, 5.
A mesma verdade é repetida nesta referência:
“E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é
o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
preeminência.” Colossenses 1:18.
O
mais forte e extenso testemunho de todos encontra-se na primeira carta escrita
por Paulo aos Coríntios:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou
dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de
mortos?
“E, se não há ressurreição de mortos,
também Cristo não ressuscitou.
“E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã
a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.
“E assim somos também considerados como
falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a
Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam.
“Porque, se os mortos não ressuscitam,
também Cristo não ressuscitou.
“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a
vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
“E também os que dormiram em Cristo
estão perdidos.
“Se esperamos em Cristo só nesta vida,
somos os mais miseráveis de todos os homens.
“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre
os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.
“Porque assim como a morte veio por um
homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.
“Porque, assim como todos morrem em
Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.
“Mas cada um por sua ordem: Cristo as
primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.” 1Coríntios 15:12-23.
Com
ressuscitar dentre os mortos, Paulo declara, Cristo tornou-se as primícias dos
que tinham estado a repousar nas suas sepulturas e, em virtude deste
acontecimento, Ele garantiu que aqueles que adormeceram n’Ele também
ressuscitariam para a vida eterna. Contudo, as primícias não são determinadas
na base de serem os primeiros a ressuscitarem no tempo, porque se assim fosse,
então Moisés teria sido as primícias. Em lado algum nas Escrituras é declarado
que ele foi, nem a ressurreição dos filhos de Deus que repousam dependiam da
ressurreição de Moisés.
Os
factos são que, no ponto de tempo, Cristo foi a oitava pessoa a ser
ressuscitada dos mortos. O primeiro foi Moisés, depois ser sepultado “…num
vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor;…” Deuteronómio 34:6. É esta ressurreição de Moisés que se refere em Judas 9.
“Mas o arcanjo Miguel, quando contendia
com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar
juízo de maldição contra ele; mas disse: ‘O Senhor te repreenda.’”
Moisés “Mas não ficou muito tempo no
túmulo. O próprio Cristo, com os anjos que sepultaram a Moisés, desceu do Céu
para chamar o santo que dormia." Patriarcas e Profetas, 478. Evidência
convincente de que ele foi ressuscitado é dada no relato da experiência de
Cristo e Seus três discípulos no monte da transfiguração.
O reavivamento da morte seguinte foi
através de Elias quando ressuscitou o filho da viúva de Sarepta. A história é
contada em 1Reis 17:17-24. Quando a viúva lhe apresentou o filho morto, o
profeta estendeu-se sobre o corpo três vezes e ele voltou à vida.
“Então se estendeu sobre o menino três
vezes, e clamou ao Senhor, e disse: ‘Ó Senhor meu Deus, rogo-te que a alma
deste menino torne a entrar nele.’
“E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a
alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.” 1Reis 17:21, 22.
Esta
ressurreição, tal como a sexta que se seguiu antes da ressurreição de Cristo, não
foi para a vida eterna. O menino viveu a sua vida terrestre normal e morreu
pela segunda a fim de esperar, se fiel, a ressurreição dos justos na segunda
vinda de Cristo.
O
terceiro regresso dos mortos foi realizado nos dias do profeta seguinte,
Eliseu, quando o filho do casal sunamita lhes foi restituído. O filho tinha
sido levado do campo queixando-se duma forte dor de cabeça. Esteve sobre os
joelhos da sua mãe até que morreu ao meio-dia. Ela imediatamente o fez saber ao
homem de Deus que regressou à casa dela e tratou o caso exactamente como Elias
havia feito e com igual sucesso.
“E, chegando Eliseu àquela casa, eis que
o menino jazia morto sobre a sua cama.
“Então entrou ele, e fechou a porta
sobre eles ambos, e orou ao Senhor.
“E subiu à cama e deitou-se sobre o
menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos
dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do
menino aqueceu.” 2Reis 4:32-34.
Poucos momentos depois o menino abriu os
olhos e o profeta então desceu as escadas e entregou-o à mãe agradecida.
O acontecimento seguinte é um
acontecimento curioso que teve lugar na morte de Eliseu.
“Depois morreu Eliseu, e o sepultaram.
Ora, as tropas dos moabitas invadiram a terra à entrada do ano.
“E sucedeu que, enterrando eles um
homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e,
caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou sobre
os seus pés.” 2Reis 13:20, 21.
Isto
completa a lista de ressurreições registadas no Antigo Testamento. Pode ter
havido outras das quais não se fez registo, e se assim for, nada sabemos a
respeito delas. Apenas a primeira – a de Moisés – foi para a vida eterna.
Semelhantemente,
há quatro ressurreições no Novo Testamento antes do Calvário e todas foram
operadas por Jesus o Dador da vida. A primeira foi quando Ele encontrou um
cortejo fúnebre da vila de Naím para o cemitério, e, pelo poder do Seu
Altíssimo Pai, tirou a necessidade do povo continuar até ao lugar do
sepultamento.
“E, chegando-se, tocou o esquife (e os
que o levavam pararam), e disse: ‘Jovem, a ti te digo: Levanta-te.’ E o defunto
assentou-se, e começou a falar.
“E entregou-o a sua mãe.” Lucas 7:14,
15.
Isto foi seguido pelo reavivamento da
filha de Jairo. Quando o pai inicialmente se aproximou de Cristo, a donzela
estava gravemente doente mas ainda não tinha expirado. A viagem do Mestre até à
casa foi atrasada pela pressão da multidão e, antes d’Ele chegar junto da cama
da doente, esta tornou-se o leito de morte. Depois de chegar por fim à casa do
príncipe, Jesus anunciou que a criança estava apenas a dormir, em resposta ao
que aqueles que ali estavam O ridicularizaram.
“Mas ele, pondo-os todos fora, e
pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: ‘Levanta-te, menina.’
“E o seu espírito voltou, e ela logo se
levantou;….” Lucas 8:54, 55.
A seguir veio a impressionante e
irrefutável ressurreição de Lázaro, que forneceu a prova para sempre que Cristo
era o Dador da vida. Também foi o milagre que uniu os fariseus e os saduceus
contra Ele e confirmou a Sua morte pela crucifixão. Juntamente com as chorosas
irmãs e seus amigos, Jesus foi à gruta onde Lázaro havia sido colocado alguns
dias antes e pediu que a pedra selando a entrada fosse retirada.
“Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto
jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: ‘Pai, graças te dou, por
me haveres ouvido.
“Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu
disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me
enviaste.’
“E, tendo dito isto, clamou com grande
voz: ‘Lázaro, sai para fora.’
“E o defunto saiu, tendo as mãos e os
pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus:
Desligai-o, e deixai-o ir.” João 11:41-44.
Depois
de tudo isto veio a ressurreição mais maravilhosa de todas; a do próprio Jesus,
o oitavo a regressar do vale sombrio. Tendo descido à profundidade do inferno,
rompeu as cadeias da morte e regressou com a vitória eterna nas mãos. A Sua
ressurreição é a certeza que todos aqueles que crêem n’Ele também sairão do
túmulo.
Foi
aquilo que Ele realizou na Sua ressurreição que O qualifica para ser as
primícias. A posição da Sua ressurreição como oitava na sequência dos que
ressuscitaram dos mortos não está em consideração. Se assim fosse, então Moisés
e não Cristo, teria sido as primícias. Isto seria lamentável porque, sem
desprezar o poderoso e maravilhoso homem que Moisés foi, deve ser reconhecido que
a sua morte e ressurreição não obteve a vitória sobre a morte e a sepultura
como a de Cristo obteve. Portanto, a sua obra não produz uma colheita como as
verdadeiras primícias devem produzir.
A
inviolável lei que não pode haver colheita das sepulturas para a imortalidade
no Céu antes da oferta das primícias ser oferecida, está claramente
estabelecida no testemunho que se segue:
“Cristo ressurgiu dos mortos como as
primícias dos que dormem. Era representado pelo molho movido, e Sua
ressurreição teve lugar no próprio dia em que o mesmo devia ser apresentado
perante o Senhor. Por mais de mil anos esta simbólica cerimônia fora realizada.
Das searas colhiam-se as primeiras espigas de grãos maduros, e quando o povo
subia a Jerusalém, por ocasião da páscoa, o molho das primícias era movido como
uma oferta de ações de graças perante o Senhor. Enquanto essa oferenda não fosse
apresentada, a foice não podia ser metida aos cereais, nem estes ser reunidos
em molhos. O molho dedicado a Deus representava a colheita. Assim Cristo, as
primícias, representava a grande colheita espiritual para o reino de Deus. Sua
ressurreição é o tipo e o penhor da ressurreição de todos os justos mortos.
‘Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em
Jesus dormem Deus os tornará a trazer com Ele.’ I Tess. 4:14.”
O Desejado de Todas as Nações, 785, 786.
Seria
bom que todo o verdadeiro estudante dos sete anjos fizesse uma nota especial da
frase chave deste parágrafo: “Enquanto essa oferenda não fosse apresentada, a
foice não podia ser metida aos cereais, nem estes ser reunidos em molhos.” Esta
é uma lei rigorosa e inalterável das primícias. Este estudo demonstrará que
nenhuma concessão será feita por Deus a este princípio. A menos que as
primícias sejam apresentadas com sucesso e aceites por Deus, com a sua fiel e
total obra feita, não pode haver colheita.
Esta é a verdadeira missão dos 144.000 tal como foi com Jesus. Que este facto
nunca seja esquecido!
O
grão, ao contrário dos frutos, chega à maturação em todo o campo antes dos
ceifeiros começarem o seu trabalho. Precisamente antes da Páscoa, esta condição
tinha que ser alcançada na colheita da cevada que tinha atingido o dourado
amadurecimento. Os judeus não tinham permissão para lhe tocar a menos que
colhessem um molho e o levassem a Jerusalém e o apresentassem ali, apesar do
facto de todo o campo estar pronto para ser ceifado, tal como sempre estaria. Somente
quando o molho movido tivesse feito a longa jornada em segurança até ao templo
e tivesse sido apresentado, podia o agricultor regressar a casa e recolher os
grãos que esperavam.
Imaginai
um galileu que vivia a uma considerável distância do templo de Jerusalém. O
tempo da Páscoa aproximava-se, por isso, ele fazia a preparação para a jornada,
ia ao seu campo de cevada onde escolhia e cortava o seu molho movido. Suponhamos
que, na viagem para o templo e o cansaço da longa jornada lhe roubavam a
vigília e tornava-se cada vez menos vigilante desse precioso molho. Numa noite
não prende a sua montada como devia. O animal liberta-se e passa a hora
seguinte roendo o molho movido. Ou talvez o fogo, mal apagado, faz saltar uma
fagulha, que, levada pelo vento, cai no molho seco. Demasiado tarde, o
agricultor acorda verificando que as primícias estavam destruídas.
O
que pode ele então fazer?
Pode
ele apressar-se para recolher um segundo molho a fim de substituir aquele que
se perdeu? Não, ele não pode fazer isto sem destruir a lição do tipo. Apanhar
um molho para substituir aquele seria indicar que o Senhor tinha um segundo
Filho para continuar a batalha se o Salvador tivesse falhado. Mas Deus não tem
outro Filho em reserva para alcançar a vitória se Jesus fosse derrotado, nem
Ele, nos últimos dias, tem um grupo de reserva para substituir os 144.000.
Os
israelitas regressavam a casa sem perda de tempo para recolher a sua preciosa
cevada depois do molho movido ter aberto o caminho para que o fizessem. Semelhantemente,
Deus não está interessado em adiar a colheita depois das primícias terem sido
oferecidas. Devemos esperar então, que no momento em que Jesus tenha cumprido a
Sua missão como primícias, haverá uma colheita e com certeza haverá. Quando Ele
foi crucificado, o terramoto abriu muitas sepulturas das quais, na manhã da Sua
ressurreição, um piedoso grupo de crentes se levantou que, no tempo devido, O
acompanhou ao Céu, como está escrito:
“E Jesus, clamando outra vez com grande
voz, rendeu o espírito.
“E eis que o véu do templo se rasgou em
dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;
“E abriram-se os sepulcros, e muitos
corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;
“E, saindo dos sepulcros, depois da
ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.” Mateus
27:50-53.
“Quando Cristo ressurgiu, trouxe do
sepulcro uma multidão de cativos. O terremoto, por ocasião de Sua morte,
abrira-lhes o sepulcro e, ao ressuscitar Ele, ressurgiram juntamente. Eram os
que haviam colaborado com Deus, e que à custa da própria vida tinham dado
testemunho da verdade. Agora deviam ser testemunhas dAquele que os ressuscitara
dos mortos.” O Desejado de Todas as Nações, 786.
Tudo
isto estava em exacta harmonia com o tipo e cumpriu-o na perfeição. Nenhuma
colheita podia ser apanhada até as primícias serem apresentadas, mas assim que
Cristo completou a Sua obra nesta capacidade, seguiu-se uma colheita. Todo
aquele que, a custo da sua própria vida tenha sido testemunho da verdade, foi
ressuscitado nesta altura para acompanhar Cristo ao Céu. Este ilustre grupo
terá começado com Abel, o primeiro mártir e provavelmente com João Baptista.
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