Os Sete Anjos
Capítulo 25
O Sétimo Anjo
[Do Sétimo anjo
está escrito:
“E saiu do altar outro anjo, que tinha
poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda,
dizendo: ‘Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra,
porque já as suas uvas estão maduras. ‘” Apocalipse
14:18.
Esta é uma descrição da obra especial do
movimento do sétimo anjo, o último da série. Quando esta obra estiver completa
juntamente com os outros seis, O Senhor será capaz de regressar a esta Terra a
fim de juntar a grande messe de remidos.
Este anjo, tal como o quinto e o sexto,
não se dirige a todas as nações, tribos, língua e povos como os primeiros
quatro. Ele dirige as suas instruções ou pedidos a um dos dois seres que levam
consigo foices agudas nas mãos. Estes dois são o sexto anjo e o Filho do Homem
no seu duplo papel de Rei dos reis e o grande Segador. É uma questão muito
simples determinar a qual destes dois – Jesus Cristo ou o sexto anjo – se
dirige o sétimo.
Apenas tem que se notar qual destes dois
responde à mensagem do sétimo anjo para descobrir a resposta a essa questão. Não
é Cristo mas o sexto anjo que age quando o sétimo anjo se dirige a ele para
lançar a foice e segar a seara da Terra. Embora ainda não seja óbvio nesta
altura do estudo, este pedido e a resposta a ele é vitalmente importante e
inteiramente necessário à finalização bem sucedida do grande conflito. Isto
tornar-se-á evidente à medida que o estudo continue.
Já foi mostrado que o quinto anjo avança
a obra ao ponto onde mesmo a pessoa mais ímpia verá a verdadeira natureza da
lei de Deus e a sua rebelião pessoal contra ela e prostrar-se-á aos pés dos
santos para reconhecê-los como verdadeiros servos do Altíssimo. Deste modo será
satisfeita esta exigência do longo conflito. As poderosas águas do grande rio
Eufrates terão secado e o caminho dos reis do oriente terá sido preparado.
Para juntar a isto, o sexto anjo terá
sido o instrumento através do qual outro requisito vital é satisfeito. Este
requisito deve ser satisfeito antes do regresso de Cristo. No Calvário, o
pecado demonstrou aquilo que faria ao Criador, Jesus Cristo o Filho de Deus,
mas não mostrou o que faria aos que desprezassem e perseguissem o Salvador.
Apesar de Jesus ter sofrido terrivelmente,
perder a Sua vida humana e ser sepultado na terra, os Seus perseguidores
pareceram escapar a qualquer retribuição imediata, continuaram em posições de
riqueza e poder e continuaram a receber a veneração da maioria do povo. Parecia
que o pecador era o único que tinha a ganhar com o mal, ao passo que os justos
pareciam ser os derrotados, mesmo apesar da verdade ser realmente o contrário.
Por exemplo, o que não era visto pelos
que conheciam os dirigentes judeus que crucificaram o Salvador era a implacável
tortura de alma que aqueles homens sofreram para o resto das suas vidas.
“Os sacerdotes e os principais estavam
em contínuo terror, não acontecesse que, ao andar pelas ruas, ou no interior
das próprias casas, se viessem a encontrar face a face com Jesus. Sentiam que
não havia segurança para eles. Ferrolhos e traves não passavam de frágil
proteção contra o Filho de Deus. De dia e de noite achava-se diante deles
aquela horrível cena do tribunal, quando clamaram: ‘O Seu sangue caia sobre nós
e sobre nossos filhos.’ Mat. 27:25. Nunca mais se lhes havia de apagar da
memória aquela cena. Jamais desceria sobre eles um sono tranqüilo.” O Desejado de Todas as Nações, 785.
Que destino terrível caiu sobre aqueles
homens! Nunca mais houve uma noite para eles em que não acordassem nas suas
mais profundas trevas com todos os seus seres torturados pela apreensão e o
medo. Por muito que tentassem, não podiam incutir nos seus receosos corpos o
alívio e dormissem outra vez. Muitas foram as horas que passaram andando de um
lado para outro desejando que chegasse a manhã. Isto era uma contínua tortura
de alma da qual nunca encontram alívio até morrerem.
Todavia, durante o dia, mantiveram a sua
digna compostura e assim esconderam do povo o agonizante sofrimento que estava
a desgastar a sua vitalidade física e mental. Desse modo foram capazes de dar
suporte à mentira que o pecado abençoa ao passo que a justiça despoja.
Antes do conflito poder ser resolvido,
todas as questões a respeito da verdade e do erro devem ser estabelecidas para
sempre, esta também está incluída. O que o pecado fará aos homens e à natureza,
deve ser revelado com desfraldada clareza de modo que todos, tantos justos como
injustos, possam ver o verdadeiro resultado do pecado.
Quando, na horas finais do grande tempo
de provação, quando a louca, terrível, ilimitado rompimento da paixão humana e
descontroladas forças da natureza trazendo incrível sofrimento e tristeza sobre
os homens não arrependidos, a todos será dado uma convincente demonstração
desta temível verdade. Ninguém falhará em ver aquilo que o pecado faz ao que
não se arrepende.
O que é deixado então para o sétimo anjo
realizar? Parecia que o quinto e sexto anjos faziam tudo o faltava ser feito,
deixando o sétimo sem nada para fazer. Mas, o próprio facto que ele ali está e
é descrito pela inspiração como desempenhando um papel, é evidência suficiente
que ele tem uma obra fundamental para fazer. Caso contrário não seria incluído,
porque Deus nada faz que não seja necessário. Quando a obra deste anjo for
cuidadosamente estudada e verdadeiramente compreendida, será visto que a sua
participação é tão essencial para o sucesso final da obra como a dos seis
anteriores. Além do mais, ela trará à luz um aspecto muito belo do maravilhoso
carácter de amor e misericórdia de Deus. Para aprender estas verdades,
determinemos os factos acerca deste anjo.
Em primeiro lugar, é dito que ele sai do
altar, o que é um lugar diferente de onde saem o quinto e o sexto anjos. Estes
vêm do templo de Deus no Céu. Portanto, não pode ser o mesmo grupo de pessoas –
os 144.000 – que formam os movimentos do quinto e do sexto anjos. Contudo, ao
mesmo tempo, o Senhor não tem outro grupo de pessoas na Terra aparte dos
144.000. Quem podem ser, então, os que saem do altar? Isto pode soar a mistério
insolúvel, mas a resposta é bastante fácil de encontrar.
As Escrituras, sendo o seu próprio
intérprete, dão a resposta. Deve esperar-se que em algum lado nos escritos
sagrados, sejam encontradas outras referências a almas debaixo do altar. Uma
dessas referências informativas encontra-se nos textos que descrevem o quinto
selo.
“E, havendo aberto o quinto selo, vi
debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e
por amor do testemunho que deram.
”E clamavam com grande voz, dizendo:
‘Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue
dos que habitam sobre a terra? ‘
”E foram dadas a cada um compridas
vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que
também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de
ser mortos como eles foram.” Apocalipse
6:9-11.
Agora torna-se evidente que o altar é o
altar do sacrifício sob o qual são vistos os exércitos daqueles que pagaram o
supremo sacrifício pela causa de Deus. Eles esperaram durante séculos até
chegar a hora da sua ressurreição. A lamentável extensão do tempo de provação
faz com que eles perguntem quanto tempo demorará a sua libertação da prisão.
Compreendemos evidentemente que os
mortos são incapazes de medir a passagem de tempo, de sentir angústia perante
essa extensão, ou de fazer a ansiosa pergunta de quanto tempo têm que esperar. As
Escrituras são muito claras quanto à verdade que os mortos estão inconscientes
acerca daquilo que se passa quer na Terra quer no Céu.
“Porque os vivos sabem que hão de
morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles
recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.
”Também o seu amor, o seu ódio, e a sua
inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do
que se faz debaixo do sol.” Eclesiastes
9:5, 6.
O sentido em que os mortos são
representados como gritando da prisão da sepultura quando não podem de facto
fazê-lo fisicamente, é simbólico. Era o que eles fariam se estivessem
conscientes do que estava acontecer à sua volta enquanto estivessem numa
impotente inactividade, desperdiçando tempo quando podiam estar a partilhar
todas as alegrias da vida, aprendendo grandes verdades à medida que elas fossem
reveladas e regozijando-se nos contínuos triunfos da causa de Deus.
Contudo, o mais importante é a mensagem
que vem das frias sepulturas silenciosas para os vivos. Os que andam em íntima
relação espiritual com Cristo e que compreendem o princípio que depende dos
santos vivos apressarem o dia do regresso de Cristo e assim abreviar o tempo de
espera, sentirão uma tremenda responsabilidade pelos amados e crentes que
desperdiçam o tempo dormindo nas sepulturas. Pensai a respeito da perda de Adão
e Eva que têm repousado por mais de cinco mil anos na terra, perdendo todos os
tremendos desenvolvimentos do grande conflito. Por quanto tempo tem isto que
continuar? Essa é a pergunta que escapa dos lábios dos justos vivos quando vêem
as almas debaixo do altar. Eles também têm que compreender que se a obra não
for feita rapidamente e os mortos ressuscitados das sepulturas na manhã da
ressurreição, então os justos vivos, em vez de receberem a gloriosa
trasladação, cairão na morte juntando-se às almas que estão debaixo do altar. É
inútil então desempenhar qualquer parte no apressar o regresso de Jesus, elas
estarão totalmente dependentes dos vivos para fazerem o que eles podiam ter
feito.
A resposta dada às almas que estão
debaixo do altar é altamente significativa. Foram informadas de que deviam
repousar um pouco mais até serem mortos os seus conservos como elas foram.
O grande exército de mártires ilustrados
sob o altar no quinto selo, foi o produto das terríveis perseguições efectuadas
por Roma pagã e pela Roma papal. Isto foi terminado antes da abertura do sexto
selo com o grande terramoto de Lisboa que atingiu a Europa em 1755. A perseguição tinha
terminado antes do fim dos 1260 anos em 1798 porque o sistema apostatado da
igreja tinha perdido o apoio do Estado para impor os seus decretos tal como
Cristo havia profetizado em Mateus
24:21,22.
“Porque haverá então grande aflição,
como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de
haver.
“E, se aqueles dias não fossem
abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados
aqueles dias.”
Um cuidadoso estudo da igreja e da
história secular confirma a verdade destas palavras embora esta não seja a
impressão inicial que se desenvolve. Em 1966, fiquei retido no Egipto durante
uma semana devido a uma avaria do avião que me devia levar à Nigéria. Durante
esse tempo, li O Grande Conflito
desde o início até ao fim. Os primeiros capítulos descreveram-me as terríveis
perseguições, envolvendo a massiva matança de cristãos que quase limpou os
valdenses. As autoridades da igreja no poder não pararam perante quaisquer
meios que podiam ser bem sucedidos para descobrir e destruir os santos. Depois
das autoridades eclesiásticas, apoiadas pelos poderes civis, terem feito a sua
obra, pelo menos em alguns lugares parecia que a obra de Deus tinha sido
obliterada da Terra, ao passo que o papado tinha sido fortalecido.
Com coração magoado, continuei a ler,
esperando encontrar a igreja de Deus diminuído em força, enquanto o papado
crescia. Contudo, para meu espanto, em breve vi que a igreja perseguidora
realmente enfraqueceu em vez de crescer. Os próprios meios pelos quais ela
procurou governar incontestavelmente sobre a Terra provou serem os meios pelos
quais ela se enfraqueceu a si própria. Por isso as perseguições pararam antes
dos 1260 anos chegarem ao fim.
Entre essa altura e agora, tem havido
suficiente liberdade religiosa mesmo nas áreas mais intolerantes da Terra para
assegurar que nenhuma mortandade de grande magnitude tenha ocorrido de modo a
coincidir com os pormenores da profecia de Apocalipse
6:11.
Mas há um tempo no futuro em que a
perseguição religiosa se levantará outra vez numa incomparável escala mesmo com
as terríveis opressões do passado. Quando a igreja tiver adquirido o apoio dos
poderes civis para impor os seus decretos, serão adoptadas medidas progressivamente
mais restritas para impor a aliança universal. Nenhum dissidente será tolerado.
No início, será usado o ridículo pensando-se que isso será suficiente para
silenciar a minoria, mas falhando isto em alcançar o efeito desejado, multas e
prisão serão impostos quando for invocada a lei contra os guardadores dos dez
mandamentos. Logo depois, serão proibidos de comprar ou vender e em seguida
como último recurso serão condenados à morte.
Até a sentença de morte ser realmente
passada, ninguém esperaria que se executassem morticínios, porque, antes deste
tempo, a igreja não tem poder para executar os que não concordam com ela. Assim
aconteceu no passado. Os dirigentes da igreja judaica não tinham autorização
para crucificar Cristo. Semelhantemente, na Idade Média a igreja não podia
queimar alguém, decapitá-la, ou de qualquer outro modo silenciar os cristãos
até estar segura do suporte das autoridades civis.
Assim será no futuro. Enquanto as
autoridades civis não passarem o decreto de morte em resposta às insistências
dos dirigentes religiosos quando fechar a porta da graça, não terão poder para
destruir o povo de Deus. Seria então de esperar que até ao encerramento da
porta da graça, ninguém fosse realmente morrer por causa da sua fé; nem
qualquer morte desde essa altura uma vez que o martírio não traria vantagem
para a causa de Deus nesse tempo. No testemunho que se segue que se refere ao
tempo de angústia depois da provação terminar em que será passado o decreto de
morte e determinado um dia em particular para a sua execução, é-nos assegurado
que não existirão mártires.
“Se o sangue das fiéis testemunhas de
Cristo fosse derramado nessa ocasião, não seria como o sangue dos mártires,
qual semente lançada a fim de produzir uma colheita para Deus. Sua fidelidade
não seria testemunho para convencer outros da verdade; pois que o coração
endurecido rebateu as ondas de misericórdia até não mais voltarem. Se os justos
fossem agora abandonados para caírem como presa de seus inimigos, seria um
triunfo para o príncipe das trevas. Diz o salmista: ‘No dia da adversidade me
esconderá no Seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá.’ Sal.
27:5. Cristo falou: ‘Vai, pois, povo Meu, entra nos teus quartos, e fecha as
tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Porque
eis que o Senhor sairá do Seu lugar, para castigar os moradores da Terra, por
causa da sua iniqüidade.’ Isa. 26:20 e 21. Glorioso será o livramento dos que
pacientemente esperaram pela Sua vinda, e cujos nomes estão escritos no livro
da vida.” O Grande Conflito, 634.
Contudo, o tempo que conduz ao decreto
de morte será preenchido de uma tal intensidade que muitos não esperarão pelo
direito legal para matar os justos, porque nos é dito que alguns morrerão por
causa da sua fé nesta altura. Sem dúvida que este será parcialmente o resultado
da violência da multidão quando as autoridades policiais levantam a mão para defender
o povo de Deus da fúria daqueles que são levados a crer que os santos são a
causa dos ais que afligem a Terra. Outros morrerão em lugares secretos porque
não renunciam à sua fé em favor dos ensinos e soluções populares para o
sofrimento e tristeza humanos.
“Os dois exércitos permanecerão
distintos e separados, e essa distinção será tão acentuada que muitos que
estarão convencidos da verdade colocar-se-ão ao lado do povo que guarda os
mandamentos de Deus. Quando essa grandiosa obra ocorrer na batalha, antes do
conflito final, muitos serão encarcerados, muitos fugirão das cidades e vilas para
salvar a vida, e muitos serão mártires por amor a Cristo, colocando-se em
defesa da verdade...” Mensagens
Escolhidas 3:397.
Roma “está a erguer suas altaneiras e
maciças estruturas, em cujos secretos recessos se repetirão as anteriores
perseguições.” O Grande Conflito,
581.
Contudo, embora as únicas mortes reais
que possam ter lugar entre o povo de Deus ocorram antes da porta da graça se
fechar, estes mártires não são os únicos a serem mortos como eles foram. Pelo
contrário, os próprios 144.000, que, embora não derramem o seu próprio sangue,
são classificados como mártires pelo supremo Juiz do Universo. Deus faz isto
porque eles sentem realmente tudo o um mártir pode sentir. Será como se
tivessem de facto morrido por causa da sua fé.
Considerai a sequência dos
acontecimentos que trouxe progressivamente cada vez mais severos sofrimentos
aos mártires do passado e que do mesmo modo trará intenso sofrimento sobre os
144.000. Em primeiro lugar, os mártires aceitaram o evangelho de Jesus Cristo
como uma salvadora, viva experiência dentro de si mesmos e ficaram firmes do
lado de Deus e Sua verdade independentemente das consequências. Por causa de
serem chamados a fazer isto numa altura em que a liberdade religiosa foi
retirada e medidas cada vez mais coercivas estavam a ser usadas para forçar a
consciência, foram lançados numa luta de vida ou morte com os poderes das
trevas que conspiram para livrar a Terra deles sentenciando-os à morte. Os que
não foram colocados na prisão eventualmente encontraram refúgio na fuga. Isto
foi apenas um alívio temporário, porque foram procurados e descobertos pelos
seus incansáveis inimigos. Encurralados como animais, suplicaram por divina
protecção e livramento dos seus inimigos que levantaram as suas armas sobre as
suas cabeças desprotegidas. No caso dos mártires do passado, a experiência
seguinte foi a escuridão da morte. Nos casos dos 144.000, a espessa
escuridão que cai sobre eles neste exacto momento serão as trevas da quinta
praga, mas não compreenderão isto imediatamente. Pensarão em vez disso que são
as trevas da morte. Na rapidez de tudo isto, não lhes ocorrerá nesse momento
que a sua consciência indica que ainda estão vivos.
Assim os 144.000 passarão
verdadeiramente pela mesma experiência dos mártires com duas diferenças. Primeiro,
os sofrimentos da última geração serão muito mais severos do que alguma vez foi
experimentado por qualquer outro crente no passado à excepção do próprio Cristo
quando agonizou no Getsêmane. Em segundo lugar, eles não terão morrido como
morreram os mártires do passado, contudo, tão completamente terão provado a
experiência dos mártires que será como se eles derramassem de facto o seu
sangue por causa da justiça.
É a totalidade da experiência pela qual
passam que faz com que o Altíssimo os tenha na conta de mártires e é assim que
devia ser. Esta verdade é confirmada nas Escrituras.
Depois da segunda e da terceira pragas
terem transformado os mares e as correntes dos rios em sangue, os vigias
celestiais declaram que isto é uma justa punição, porque os ímpios derramaram o
sangue do verdadeiro povo de Deus.
“E ouvi o anjo das águas, que dizia:
‘Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas
coisas.
“‘Visto como derramaram o sangue dos
santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são
merecedores.’” Apocalipse 16:5, 6.
Ter-se-ia a tendência para concluir que
o povo de Deus morre realmente em consequência do decreto de morte, mas não é
assim. A explicação que se segue destes versículos tornam o seu significado
muito claro.
“Declara o anjo de Deus: ‘Justo és Tu, ó
Senhor, ... porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos
santos e dos profetas, também Tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são
merecedores.’ Apoc. 16:2-6. Condenando o povo de Deus à morte, são tão culpados
do crime do derramamento de seu sangue como se este tivesse sido derramado por
suas próprias mãos. De modo semelhante declarou Cristo serem os judeus de Seu
tempo culpados de todo o sangue dos homens santos que havia sido derramado
desde os dias de Abel; pois possuíam o mesmo espírito, e estavam procurando
fazer a mesma obra daqueles assassinos dos profetas.” O Grande Conflito, 628.
##Por isso, apesar dos 144.000 não
morrerem de facto, pelo facto de serem condenados à morte e por serem levados
precisamente a esse ponto, o Senhor considera-os como mártires pela Sua causa.
Portanto, eles são os servos seguidores referidos no quinto selo por cujo
martírio as almas debaixo do altar devem esperar antes de poderem ser libertadas
da sua prisão.
Esta resposta tal como dada aos santos
que estão debaixo do altar torna-se muito interessante quando vista à luz da
lei das primícias. Aquelas almas que esperam sob o altar do sacrifício pela sua
hora de libertação são parte dessa grande messe que Cristo juntará quando
regressar em poder e grande glória. Os 144.000 são as primícias. Os que estão
debaixo do altar são informados que eles, a colheita, não podem ser colhidos e
levados para o Céu enquanto os seus conservos, as primícias, não forem levados
ao auge do seu testemunho. Então, assim que isso tiver sido completado, a sua
libertação pode ser efectuada, mas não antes. Nunca deve ser esquecido que jamais
pode haver uma colheita enquanto as primícias não tiverem cumprido a sua missão
divinamente apontada.
No tempo indicado no quinto selo, não
havia possibilidade de um rápido fim para o grande conflito. Eles ainda estavam
na Idade das Trevas embora tivesse sido enviada grande luz por Deus através dos
reformadores protestantes. Esses dias foram marcados pelo início da recuperação
e muito tempo havia sido necessário para avançar a obra até à sua completa
finalização. Por conseguinte, a pergunta natural a ser feita nessa altura era “Quanto tempo levaria
até que Deus finalizasse a Sua obra e pudéssemos ser libertos da nossa prisão e
ser admitidos no Céu?”
No tempo em que o quinto e o sexto anjos
estão a fazer a sua obra, prevalecerá uma situação muito diferente. Terá
chegado o tempo em que a obra de Deus estará pendente da vitória final, assim o
povo de Deus esteja à altura da exigência da hora, porque, a menos que se
entreguem sem reservas ao serviço do Senhor, Satanás, não o Altíssimo, sairá
vitorioso na luta.
A fim de assegurar que eles se entregam
sem reserva neste conflito final, as vozes das sepulturas fornecerão um
poderoso incentivo sem o qual os justos falhariam. Nunca mais estas vozes
perguntarão, Quanto tempo? porque essa nunca mais será a questão. A hora
crítica e culminante terá chegado e a grande pergunta será então, levantar-se-ão
os vivos à altura da exigência da hora de modo a assegurar a vitória para a
causa de Deus?
É seguro dizer que sem este apelo vindo
das sepulturas, eles não conseguiriam! Mas como pode isto ser? Terão eles com
certeza suficiente motivação para os incitar a prestar um serviço imensurável,
um sacrifício total e uma ilimitada entrega de tudo o que têm a fim de
assegurar que a vitória seja ganha em completa derrota do pecado?
Poderia esperar-se que sim, até ser dada
consideração ao que eles se terão tornado nesta altura. A imagem de Cristo
ter-se-á desenvolvido completamente neles o que significa que eles, tal como
Ele, estarão despojados de qualquer disposição de lutar pelos seus direitos.
Este desenvolvimento da semelhança divina neles é o objectivo final do
ministério de Cristo no Céu, e, quando for alcançado, Ele virá pela segunda vez
como está escrito:
“‘Quando já o fruto se mostra, mete-lhe
logo a foice, porque está chegada a ceifa.’ Mar. 4:29. Cristo aguarda com
fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de
Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los
como Seus.” Parábolas de Jesus, 69.
Isto apenas pode significar que as
mesmas respostas a uma dada situação que apareceram em Cristo aparecerão neles
semelhantemente. Uma coisa que Jesus nunca faria seria lutar pelos Seus
direitos. “Jesus não contendia por Seus direitos. Muitas vezes, por ser
voluntário e não Se queixar, Seu trabalho era tornado desnecessariamente
penoso. No entanto, não fracassava nem ficava desanimado. Vivia acima dessas
dificuldades, como à luz da face de Deus. Não Se vingava, quando rudemente
tratado, mas sofria com paciência o insulto.” O Desejado de Todas as Nações, 89.
Seguramente como Jesus nunca lutou pelos
Seus direitos, também os 144.000 não lutarão. Isto cria um problema, porque no
tempo do fim, o reino pertencer-lhes-á por direito, mas os ímpios estarão a
fazer tudo para resistir à posse desse direito. Para que os justos adquiram o
que é seu teriam que entrar em demanda pela questão, mas os atributos de Cristo
dentro deles não lhes permitirão isto. Eles não lutarão pelos seus direitos.
Por isso, a própria justiça sem a qual eles nunca poderiam ganhar a vitória
parece negar-lhes essa vitória.
Por conseguinte conclui-se que, se a
vitória tiver que ser alcançada, o Senhor tem que lhes dar um outro incentivo
para que levem a batalha até à conclusão final. Ele pode fazer isto na base de
outro atributo cristão, o espírito do serviço abnegado. Enquanto por um lado
eles não lutam pelos seus direitos, por outro farão tudo o que Deus lhes ordena
para satisfazer as necessidades dos outros. Sepultados nos seus túmulos está um
vasto movimento de pessoas em desesperada necessidade, uma necessidade que
apenas pode ser satisfeita por Cristo unicamente se as primícias cumprirem a
sua missão divinamente apontada. Jazendo nas sepulturas está a grande colheita
de justos mortos, que, aprisionados, inconscientes e imóveis nas suas camas
estreitas, estão sem poder para se restabelecerem na arena da actividade da
vida. Outros têm que fazer por eles o que eles não podem fazer por si mesmos.
Os 144.000 compreendem isto
perfeitamente. O Espírito Santo dirige as suas mentes para a súplica dessas
maravilhosas pessoas – Adão, Eva, Abraão, Isaque, Jacó, Daniel, Paulo, e
milhões de outros incluindo os seus amados que foram arrebatados deles pela
morte. Desde as suas sepulturas ouvem-nos gritando com efeito, “Lança a tua
foice, e sega; a hora de segar te é vinda. Fá-lo para que possamos ser
libertados desta prisão terrível e tornar-nos vivos e activos servos do
Altíssimo.”
É um apelo para o qual o exército final
do Senhor é incapaz de deixar de ouvir. Lembro-me disto quando estava no
cemitério em Battle Creek, Michigan, ao lado das campas de James e Ellen White
e membros da sua família.
Recordei
as muitas coisas maravilhosas a respeito destas pessoas dedicadas e pesaroso
quando lembrava da perda para Deus e o homem quando eles adormeceram para
descansar. Meditei no seu rogo e vi quanto estavam sem esperança absoluta de
ressuscitar da sepultura e viver outra vez. Nessa altura, já compreendia o
princípio das primícias e da colheita e portanto, podia ouvir o apelo que me
faziam como se estivessem de facto a falar-me. Ouvi-os dizendo, “descemos ao
nosso repouso sem ver a sagrada obra de Deus finalizada por causa da geração a
que pertencemos ter falhado em alcançar a estatura completa de homens e
mulheres para serem as primícias. Pelo contrário, as nossas tarefas não foram
terminadas, tomámos lugar na grande colheita por recolher, esperando sempre até
a bem sucedida apresentação das primícias tornar possível a colheita da grande
messe. Pertences a uma geração que não precisa falhar como nós. Por causa de
nós e pelos milhões que dormem em Jesus, ressuscitam no completo potencial para
o que o Senhor vos chamou. Tornarem-se
primícias! Lança a foice afiada e colhe os cachos da vinha da Terra porque já
estão maduros. Façam por nós aquilo que não podemos fazer por nós mesmos.
Lembrem-se, se não o fizerem, então, na devida altura juntar-se-ão a nós no
nosso estado sem esperança e terão de esperar até outra geração ter alcançado o
que vós podíeis ter realizado.”
Foi uma experiência comovente que me
inspirou de modo intenso a erguer o desafio do momento e ser tudo o que o Senhor
desejava que eu fosse para que esses desamparados santos que dormiam pudessem
sair da sepultura.
Mas a profundidade e intensidade do
apelo que senti nessa altura e lugar em nada se compara com aquilo que será
quando se travarem os acontecimentos finais. Os 144.000 conhecerão
profundamente a responsabilidade de serem as primícias para Cristo, o Senhor da
seara e a multidão de justos que não podem ressuscitar dos mortos enquanto as
primícias não tiverem cumprido a sua missão. Eles compreenderão isto muito
melhor do que a vaga ideia que hoje temos. Portanto, aquelas vozes que vêm da
sepultura farão naquela altura um apelo muitíssimo maior do que hoje. Qualquer
hesitação da parte dos justos desaparecerá à medida que se tornem mais
conscientes do dilema que envolve os seus irmãos mortos. Com esta poderosa
motivação, entregar-se-ão sem reservas na última grande luta, pensando e
trabalhando apenas pelos outros e não dedicando qualquer pensamento a si
mesmos.
O Salvador passou pelas mesmas agonias
no Getsêmane onde sentiu a terrível pressão de abandonar a Sua missão e deixar
o homem a perecer na sua iniquidade ao passo que Ele regressaria ao Seu
maravilhoso lar celestial onde tudo era paz e alegria. De longe melhor do que
aquilo que fazemos, precisamos compreender e apreciar a terrível natureza da
batalha que Cristo travou e ganhou nessa terrível noite. Há demasiada tendência
para repousar complacentemente na ideia que Cristo simplesmente avançou até um
certo pré programado ponto seguro quando efectuou a nossa salvação. Temos a
tendência para pensar, mesmo que tentemos negar, com a mente intelectual, que
Cristo não podia falhar que a nossa salvação era uma provisão segura desde o
momento que Deus e Cristo se entregaram à sua realização.
Todavia, este não é o caso. Cristo
passou uma luta no Getsêmane que O levou tão próximo quanto possível de
desistir da luta e deixar o mundo para o príncipe das trevas. Ele podia ter-nos
abandonado e quase o fez. O único factor salvador foi a revelação do total
desamparo e o completo desespero da situação humana. Ele esqueceu-se então da
Sua própria desesperada e perigosa dificuldade quando o Seu grande coração de
infinito amor O levou a morrer pelo perdido não importasse o custo que isso
tivesse para Si. Desta forma, tal como será no conflito final, a balança
inclinou para a direcção correcta com o resultado que Cristo determinou não
falhar. Quando os sofrimentos de Cristo no Getsêmane forem melhor compreendidos
e apreciados, os crentes estarão muito mais gratos ao Salvador pelos Seus incríveis
sofrimentos e sacrifício do que estão agora. Quando vier essa altura, um novo
dia de poder e glória anunciado entre nós. O pecado será exposto em toda a sua
monstruosidade e a justiça brilhará no seu verdadeiro brilho e glória. Oremos
para que este tempo venha rapidamente.
Aqui está uma inspirada descrição
parcial daquilo que ocorreu nessa tremenda noite.
“Voltando, Jesus tornou a procurar o Seu
retiro, caindo prostrado, vencido pelo horror de uma grande treva. A humanidade
do Filho de Deus tremia naquela probante hora. Não orava agora pelos
discípulos, para que a fé deles não desfalecesse, mas por Sua própria alma
assediada de tentação e angústia. O tremendo momento chegara – aquele momento
que decidiria o destino do mundo. Na balança oscilava a sorte da humanidade.
Cristo ainda podia, mesmo então, recusar beber o cálice reservado ao homem
culpado. Ainda não era demasiado tarde. Poderia enxugar da fronte o suor de
sangue, e deixar perecer o homem em sua iniqüidade. Poderia dizer: Receba o
pecador o castigo de seu pecado, e Eu voltarei a Meu Pai. Beberá o Filho de
Deus o amargo cálice da humilhação e da agonia? Sofrerá o Inocente as
conseqüências da maldição do pecado, para salvar o criminoso? Trêmulas caem as
palavras dos pálidos lábios de Jesus: ‘Pai Meu, se este cálice não pode passar
de Mim sem Eu o beber, faça-se a Tua vontade.’ Mat. 26:42.” O Desejado de Todas as Nações, 690.
“Na
balança oscilava a sorte da humanidade.” Essa é a ilustração de quão perto
chegou. Tudo o que era preciso para inclinar a balança para um lado ou para o
outro era uma pequena palha. A raça humana estava próximo de ser abandonada ao
seu destino – a destruição eterna. Embora Deus tivesse prometido ao Seu povo
que Cristo morreria por ele, a prova desse testemunho foi assegurada no Getsêmane
apenas quando a balança se inclinou na direcção certa. Com intenso interesse os
anjos olhavam a terrível batalha e imaginavam qual seria a decisão que Cristo
tomaria, enquanto os milhões desta Terra cuja sorte estava a ser decidida ignoravam
o que estava a acontecer. Mesmo agora, apesar da maravilhosa luz que foi
derramada no nosso caminho, temos apenas um pequeno conceito daquilo que o Getsêmane
significa para nós pessoalmente, individualmente e colectivamente. Sem a
vitória alcançada ali, a humanidade e a Terra teriam deixado de existir.
Com os acontecimentos tão próximos como
estavam no Jardim, algum factor tinha que ser acrescentado à situação para
inclinar a balança para o lado de Deus e do homem. Misericordiosamente, houve
esse factor. Neste momento crítico levantou-se na mente de Cristo uma
verdadeira avaliação da condição perdida da raça humana combinada com a clara
consciência que somente Ele estava numa posição e tinha o poder para salvar o
que perecia. Até esse momento, Ele suplicava por libertação da amarga taça ser
bebida pelos Seus lábios, mas uma vez que esta clara tomada de consciência
encheu a Sua mente, as coisas mudaram. Ele tomou a decisão depois do que a Sua
oração respirava apenas submissão.
‘Três vezes proferiu essa oração. Três
vezes recuou Sua humanidade do derradeiro, supremo sacrifício. Surge, porém,
então, a história da raça humana diante do Redentor do mundo. Vê que os
transgressores da lei, se deixados a si mesmos, têm de perecer. Vê o desamparo
do homem. Vê o poder do pecado. As misérias e os ais do mundo condenado
erguem-se ante Ele. Contempla-lhe a sorte iminente, e decide-Se. Salvará o
homem custe o que custar de Sua parte. Aceita Seu batismo de sangue, para que,
por meio dEle, milhões de almas a perecer obtenham a vida eterna. Deixou as
cortes celestiais, onde tudo é pureza, felicidade e glória para salvar a única
ovelha perdida, o único mundo caído pela transgressão. E não Se desviará de Sua
missão. Tornar-Se-á a propiciação de uma raça que quis pecar. Sua prece agora
respira apenas submissão: ‘Se este cálice não pode passar de Mim sem Eu o
beber, faça-se a Tua vontade.’ Mat. 26:42.” O
Desejado de Todas as Nações, 690, 693.
Assim saiu Cristo vitorioso desta
batalha titânica. Para ganhar, Ele tinha que ter todo o factor favorável e
talento ao Seu dispor. Se algum destes não estivesse disponível ou presente, o
Seu fracasso teria sido certo. Assim, tão necessário quanto era, não era
suficiente ser abençoado com o infinito amor divino. Nem era suficiente ter o
compromisso anterior do Pai, do Universo e dos homens, para que Ele levasse a
cabo a salvação do perdido não importasse o custo que isso tivesse para Si. A
terrível fraqueza e pecaminosidade da Sua humanidade cancelavam estes factores
ao ponto d’Ele estar literalmente balouçando na beira do desastre. Todo este
estado crítico, tinha que ser reunido num outro factor que era, como já foi
visto, o apelo que vinha da família humana muito embora ela na sua condição de
morte espiritual estavam inconscientes de que estavam realmente a fazer um
apelo.
Do mesmo modo, os mortos na sua
sepultura estarão inconscientes do apelo que estarão a fazer aos justos vivos.
Não saberão mais do que quando na Idade Média desconheciam a sua súplica, “Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso
sangue dos que habitam sobre a terra?”
Mesmo apesar do impacto e significado do
seu apelo ser seu desconhecido, será ainda assim um factor decisivo em todo o
acontecimento. À medida que a mensagem vinda das sepulturas chega aos 144.000,
eles elevar-se-ão aos mais altos níveis do altruísmo e total sacrifício para
fazer a vontade de Deus independentemente do custo para si próprios. Então, a
vitória será alcançada como foi no Getsêmane, esse lugar sagrado no qual em
solene juramento os membros desse ilustre grupo deve frequentemente dar os seus
passos. Aí é apresentada a mais clara ilustração possível da experiência pela
qual o exército final dos verdadeiros filhos de Deus passará.
A provisão de Deus que os santos que
dormem participem na obra final, dá-nos uma maravilhosa revelação do Seu
carácter. Ele sabe que enquanto estavam vivos, não havia nada que mais
desejassem ver senão o pecado derrotado. No final, o Senhor não só lhes dará a
alegria de verem o mal terminado para sempre, mas lhes designará um papel
importante no último acto do drama. No tempo da sua participação, eles estarão
totalmente inconscientes do seu significado. A alegria que é sua por direito
apenas será conhecida por si depois da ressurreição.
Durante a sua jornada terrestre, estas
preciosas almas fiéis terão dado tudo ao serviço do Mestre, muitas vezes
inconscientes dos serviços que terão de facto prestado à causa. Muitas palavras
de fé foram ditas, feitas múltiplas obras de caridade e diligentes petições em
favor dos que pereciam, mas quão escondido dos olhos humanos na sua maior parte
estão os efeitos do seu ministério. Pais e professores vão para o repouso sem
verem qualquer resposta aos seus trabalhos para com aqueles que, nalguns casos,
vêm ao Senhor muitos anos depois das mortes daqueles que transportaram pesados
fardos em favor deles. Todavia, não permanecerão na ignorância destas coisas
para sempre. Na gloriosa escola do além todas estas coisas tornar-se-ão
absolutamente claras e nessa altura quão felizes ficarão estes pais e
professores quando se encontrarem com esses amados no reino e virem a verdadeira
marca dos seus serviços de amor!
“Todas as perplexidades da vida serão
então explicadas. Onde para nós apareciam apenas confusão e decepção, propósitos
frustrados e planos subvertidos, ver-se-á um propósito grandioso, predominante,
vitorioso, uma harmonia divina.
“Ali, todos os que trabalharam com um
espírito desinteressado contemplarão os frutos de seus esforços. Ver-se-á o
resultado de todo princípio correto e nobre ação. Alguma coisa disto aqui
vemos. Mas quão pouco dos resultados dos mais nobres trabalhos deste mundo é o
que se manifesta nesta vida aos que os fazem! Quantos labutam abnegadamente,
incansavelmente por aqueles que ficam além de seu alcance e conhecimento! Pais
e professores tombam em seu último sono, parecendo o trabalho de sua vida ter
sido feito em vão; não sabem que sua fidelidade descerrou fontes de bênçãos que
jamais poderão deixar de fluir; apenas pela fé vêem as crianças que educaram
tornarem-se uma bênção e inspiração a seus semelhantes, e essa influência
repetir-se mil vezes mais. Muito obreiro há que envia para o mundo mensagens de
alento, esperança e ânimo, palavras que levam bênçãos aos corações em todos os
países; mas, quanto aos resultados, nada sabe, afadigando-se ele em solidão e
obscuridade. Assim se concedem dons, aliviam-se cargas, faz-se trabalho. Os
homens lançam a semente, da qual, sobre as suas sepulturas, outros recolhem a
abençoada colheita. Plantam árvores para que outros comam o fruto. Aqui estão
contentes por saberem que puseram em atividade forças para promover o bem. No
além serão vistas a ação e reação de todas estas forças.” Educação, 305, 306.
Assim também os santos que estarão nas
sepulturas no final, chegam ao conhecimento quando estiverem no Céu, do
impressionante significado da sua insuspeita mas vital contribuição para o
sucesso dos planos divinos. Que alegria será a sua verem que o Senhor os
incluiu na sua última grande batalha. Que bondosa e maravilhosa provisão o
Senhor terá feito para eles. Enquanto estavam vivos na Terra, nada mais
desejaram senão participar na derrota total dos poderes das trevas, mas, quando
chegou a altura para eles cessarem os seus labores, sentiram que perderam este
privilégio, mas na ressurreição verificarão que não foi assim. Eles estarão ali
quando a última batalha for travada e terão o seu lugar onde o seu papel será
tão vital para o sucesso para o drama como todos os restantes.
É agora evidente que o movimento do
sétimo anjo é composto, não pelos santos vivos, mas por aqueles que ainda
repousam nas sepulturas. Isto tem que ser assim, porque, enquanto há santos
vivos que desempenham o papel dos movimentos do quinto e do sexto anjos, há
nessa altura, ninguém vivo que preencha as especificações estabelecidas para
satisfazer a posição do sétimo anjo. Todo o membro do povo de Deus que estiver
na Terra nessa altura, terá vindo do templo de Deus no Céu, não de debaixo do
altar como se diz do movimento do sétimo anjo. Portanto, apenas este vasto
grupo de pessoas que dormem nas sepulturas podem estar qualificadas. Estes são
aqueles que clamam ao sexto anjo para lançar a sua foice e colher os cachos da
vinha da Terra e pisá-los no grande lagar da ira de Deus. O sexto anjo executa
o convite. A sua missão é cumprida quando os justos vivos, motivados pela
necessidade de remover o obstáculo à ressurreição dos justos, cumprem o papel
que lhes foi apontado.
Então virá o fim. As águas do poderoso e
aparentemente inconquistável Eufrates secarão para sempre, o caminho dos reis
do oriente será preparado e Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores,
aparecerá como grande Segador para ressuscitar os Seus santos que dormem.
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu
com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro.
“Depois nós, os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos
ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
“Portanto, consolai-vos uns aos outros
com estas palavras.” 1Tessalonissenes
4:16-18.
Por isso a gloriosa obra do Senhor na
batalha contra o pecado chegará ao seu apontado final, excepto para a
demonstração final que tomará lugar no final do milénio. Ela necessitará dos
serviços coordenados dos movimentos dos sete anjos, não apenas três como tantos
têm suposto durante tanto tempo. Cada um destes movimentos tem um papel
especial a cumprir, uma obra particular a realizar, sem a qual a obra não pode
ser finalizada e o fim vir.
Os crentes que vivem na Terra hoje devem
compreender que são candidatos a membros destes movimentos. No actual, que é o
quarto, estão combinados os primeiros três, porque ele é o alto clamor do
terceiro anjo. Os que permanecem vivos até o alto clamor acabar quando o quarto
anjo tiver terminado a sua obra de proclamação do evangelho a todas as nações
da Terra, tornar-se-ão depois nos membros dos movimentos do quinto e do sexto
anjos. Nenhum destes será membro do movimento do sétimo anjo, porque não terão
as qualificações dos mortos e que repousam nas sepulturas durante o período do
ministério do quinto e do sexto anjos.
Obviamente, há uma grande obra de
preparação que deve ser começada antes de alguém estar qualificado para ser
membro destes últimos movimentos. Os que não vêem para além do ministério do
terceiro anjo não compreenderão correctamente o que é essa obra, pois verão
nada mais do que a necessidade de se tornar proficiente na argumentação das
verdades do terceiro anjo a fim de converter tantos quanto possível.
Porém esta não é a obra final. O grande
conflito somente pode ser levado ao seu auge quando o carácter de Deus e o de
Satanás estiverem demonstrados em contraste na sua plenitude pelos seus
representantes humanos. Os ímpios não têm que tomar qualquer preparação
consciente para este papel. Para eles isto chega sem esforço. É natural ultrapassar
aquilo que eles são e do que se alimentam materialmente, moralmente e
espiritualmente cada dia.
Mas isto não é assim para os justos.
Eles têm que compreender especificamente o objectivo colocado perante si e
saber o que se espera deles. Têm que resistir ao mal com todos os poderes que o
Senhor lhes tornou possível alcançar, enquanto cultivam a graça espiritual pela
qual o carácter alcançará a total maturidade neles. Não é uma tarefa fácil, mas
ocupará todos os momentos do seu tempo, exercitará toda a faculdade do seu ser
e exigirá deles que disponibilizem todas as faculdades dadas pelo Céu para esse
propósito.
Actualmente, quando ainda existe
oportunidade, o Senhor está a apelar a todos nós que alcancemos a elevada norma
colocada perante nós. Ninguém precisa falhar nisto. Toda a provisão tem sido
dada para que nos possamos tornar como Deus. Ele certamente finalizará a obra
que começou em nós e nós nos alegraremos à medida que vemos quão eficazmente
Ele fará isto. Em breve desde agora, o alto clamor começará quando o quarto
anjo entrar na segunda e última fase do seu ministério. Então, virá o fim da
provação em que o quinto e o sexto anjos realizarão as suas obras. Ao mesmo
tempo o sétimo anjo dará a sua contribuição vital e assim vê a obra finalizada.
Ninguém de nós pode saber nesta altura
exactamente onde estaremos ou precisamente que serviços realizaremos quando
este momentoso momento tiver lugar, mas podemos ser participantes deles e
sê-lo-emos se formos fiéis a tudo o que o Senhor nos chamar a fazer. Possa cada
um que professa ser crente em Jesus compreender as implicações dos movimentos
dos sete anjos e não repousar até estar a ocupar o seu lugar designado e a capacitar
o Senhor a lançar a sua foice aguda e a colher a messe de todos os séculos. Oh!
Que inexplicável alegria será ficar firme do lado certo!
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