O Sacrifício Eterno, O Eterno Propósito Como Atender ao "Dai-Lhe Glória"
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Parte 1
Sermão nº 20 apresentado na
reunião da Conferência Geral de 1895
A.T.
Jones
Em João 17:4 a primeira cláusula do verso
retrata as palavras de Cristo naquela oração por nós todos: "Eu Te
glorifiquei na Terra". Na lição anterior fomos levados a considerar o
propósito de Deus com respeito ao homem, inclusive o Seu propósito eterno e que
esse propósito se cumpre perante todo o universo em Jesus Cristo na forma de
carne humana. O propósito da existência do homem é glorificar a Deus, e isso
tem sido demonstrado perante o universo em Jesus Cristo, pois o eterno
propósito de Deus concernente ao homem foi proposto em Cristo e levado avante
em Cristo por todo homem, desde que o homem pecou, e Ele diz: "Eu Te
glorifiquei na Terra". Isso revela que o propósito de Deus na criação é
que o homem O glorifique. E o que estudaremos esta noite é como devemos
glorificar a Deus, como Deus é glorificado no homem, e o que representa
glorificar a Deus.
Quando estudamos a Cristo e vemos o que
Ele fez e o que Deus fez nEle, sabemos o que é glorificar a Deus. E nEle
descobrimos qual é o propósito de nossa criação, qual é o propósito de nossa
existência, e, de fato, qual é o propósito da criação e existência de cada
criatura inteligente no universo.
Vimos em lições precedentes que Deus
somente foi manifestado em Cristo no mundo. O próprio Cristo não Se manifestou;
Ele foi esvaziado e tornou-se nós próprios do lado humano, e então Deus, e Deus
somente, manifestou-Se nEle. Então, o que significa glorificar a Deus? É estar
no lugar onde Deus e Deus somente será manifestado no indivíduo. Este é o
propósito da criação e da existência de cada anjo e de cada homem.
Glorificar a Deus é necessário para cada um
estar na condição e na posição em que ninguém, senão Deus, será manifestado,
porque essa foi a posição de Jesus Cristo. Assim, disse Ele: "As palavras
que Eu vos digo não as digo por Mim mesmo" (João 14:10). "Eu desci do
céu, não para fazer a Minha própria vontade; e, sim, a vontade Daquele que Me
enviou". "O Pai que permanece em Mim, faz as Suas obras". (João
14:10). "Eu nada posso fazer de Mim mesmo" (João 5:30). "Ninguém
pode vir a Mim se o Pai que Me enviou não o trouxer" (João 6:44).
"Quem Me vê a Mim, vê o PaiI: como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (João
14:9). "Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o
que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro e nEle não há
injustiça". (João 7:18).
Portanto, Ele disse: "As palavras que
Eu vos digo não as digo de Mim mesmo" porque como no outro versículo,
aquele que fala de si mesmo, ou seja, a partir de si próprio, busca a sua
própria glória. Mas Cristo não estava em busca de Sua própria glória. Ele
estava buscando a glória dAquele que O enviou; destarte, declarou: "As palavras que Eu vos digo não as digo
de Mim mesmo". Ao fazê-lo, Ele buscava a glória dAquele que O enviou, e
consta o registro de que "esse é verdadeiro e nEle não há injustiça".
Ele estava tão inteiramente despido de Si mesmo, tão inteiramente distante
estava de ser manifestado em qualquer medida, que nenhuma influência derivava dEle,
exceto a influência do Pai. Isso se dava em tal extensão que nenhum homem podia
ir até Ele, excepto se o Pai a Ele remetesse alguém. Isso revela quão
completamente Ele próprio foi mantido numa posição secundária, quão
completamente esvaziou-Se. Assim foi feito tão completamente que nenhum homem
podia ir a Ele nenhum homem podia sentir qualquer influência dEle ou a Ele ser
atraído, exceto a partir do próprio Pai. A manifestação do Pai isso poderia
atrair qualquer homem a Cristo.
Isso apenas ilustra que o grande fato que
estamos estudando exatamente agora o que significa glorificar a Deus. É ser tão
inteiramente esvaziado do eu que nada, senão Deus, se manifestará e nenhuma
influência derivará do indivíduo a não ser a influência de Deus tão esvaziado
que tudo, toda palavra tudo quanto é manifesto será somente de Deus e falará
tão-só do Pai.
"Eu Te glorifiquei na Terra". Quando
Ele esteve sobre a Terra achava-Se em nossa carne humana, pecaminosa, e quando
Se esvaziou e Se manteve em posição secundária, o Pai nEle habitou e Se
manifestou através Dele de tal modo que todas as obras da carne foram abafadas,
e a glória excepcional de Deus, o caráter de Deus, a bondade de Deus, foram
manifestados em lugar de qualquer coisa do humano.
Isso é o mesmo que vimos numa lição
anterior, de que Deus manifesto em carne, Deus manifesto na natureza
pecaminosa, é o mistério de Deus não Deus manifesto em carne sem pecado. Isso
significa dizer, Deus habitará em tal medida em nossa carne pecaminosa hoje que
embora essa carne seja pecaminosa, sua pecaminosidade não será sentida ou
reconhecida, nem exercerá influência alguma sobre outros, de que Deus habitará
de tal modo na carne pecaminosa que a despeito de toda a pecaminosidade da
carne pecaminosa, Sua influência, Sua glória, Sua justiça, Seu caráter, serão
manifestos onde quer que essa pessoa vá.
Esse foi precisamente o que se deu com Jesus
na carne. Assim DeusS tem-nos demonstrado a todos como devemos glorificar a Deus.
Ele tem demonstrado ao universo como o universo deve glorificar a Deus ou seja,
que Deus e Deus somente será manifestado em toda inteligência do universo. Essa
foi a intenção de Deus desde o princípio. Esse foi o Seu propósito, Seu eterno
propósito, que Ele propôs em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Devemos lê-lo agora. Teremos ocasião de
referir-nos a isso posteriormente. Leremos o texto que fala disso numa palavra.
Efés. 1:9,10: "Desvendando-nos o mistério a Sua vontade, segundo o Seu
beneplácito que propusera em Cristo". Qual é essa vontade que Ele havia
proposto nEle? Ele, sendo o Deus terno, propondo a Sua vontade nEle, sendo esse
o Seu próprio propósito o mesmo que é referido noutro lugar como o "eterno
propósito". Qual é o eterno propósito que Ele propôs em Cristo Jesus, o Senhor?
Eis aqui: "De fazer convergir nEle, na dispensação da plenitude dos
tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da Terra".
Reconsidere tudo agora e pense em como Deus
"pôde reunir todas as coisas em Cristo". Quem é Aquele em quem Deus
reúne todas as coisas em Cristo? Esse é Deus. Quem estava em Cristo? "Deus
estava em Cristo". Ninguém foi manifestado, mas Deus. Deus habita em Cristo.
Agora em Cristo Ele está reunindo "todas as coisas, tanto as do céu como
as da Terra". Portanto, o Seu propósito na dispensação da plenitude dos
tempos é reunir nEle todas as coisas em Cristo. Mediante Cristo, por Cristo, e
em Cristo, todas as coisas no céu e na Terra são reunidas em um Deus, de modo
que Deus somente será manifestado por todo o universo, de modo que quando se
completar a dispensação dos tempos e o eterno propósito de Deus se apresente
completo diante do universo, aonde quer que olhemos, sobre quem quer que seja
que olhemos, veremos a Deus refletido. Verão todos a imagem de Deus refletida.
E Deus será "tudo em todos". É isso que vemos em Jesus Cristo. 2 Cor.
4:6: "Porque Deus que disse: 'De trevas resplandecerá luz', Ele mesmo
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus
na face de Cristo".
Contemplamos a face de Jesus Cristo. O que
vemos? Vemos a Deus. Não vemos a Cristo refletido na face de Jesus Cristo. Ele
esvaziou-Se para que Deus pudesse ser refletido, para que Deus pudesse brilhar
à vista do homem que não poderia suportar a Sua presença em carne humana. Jesus
Cristo assumiu a carne do homem que, como um véu, modificou de tal modo os
raios da glória divina a fim de que pudéssemos ver e viver. Não podemos olhar para
a face desvelada de Deus na mesma maneira em que os filhos de Israel não podiam
contemplar a face de Moisés. Portanto, Jesus reúne em Si mesmo a carne humana e
recobre a glória refulgente e consumidora do Pai, de modo que nós, olhando para
Sua face, podemos ver a Deus refletido e podemos vê-Lo e amá-Lo tal como Ele é
e assim ter a vida que há nEle.
Esse pensamento é observado em 2 Cor.
3:18. Irei mencionar por alto o versículo neste momento. Teremos ocasião de
referir-nos a ele novamente antes de concluirmos a lição. "E todos nós com
o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor". Onde
contemplamos a glória do Senhor? Na "Sua própria imagem". Mas é dito
aqui que contemplamos como num espelho. Para que serve um espelho? Um espelho
não fornece luz de si mesmo. Um espelho reflete a luz que sobre ele cai. Nós
todos, com rosto desvendado, contemplamos na imagem de Jesus Cristo, como por
um espelho, a glória do Senhor; portanto, Cristo é Aquele mediante Quem o Pai é
refletido para o universo inteiro.
Ele somente poderia refletir o Pai em Sua
plenitude, porque as Suas saídas são desde os dias da eternidade, e, como é
dito no oitavo capítulo de Provérbios, "Eu estava com Ele e era Seu arquiteto".
Ele era um de Deus, igual a Deus e Sua natureza é a natureza de Deus. Portanto,
uma grande necessidade que Ele somente poderia vir ao mundo e salvar o homem
foi devido a que o Pai desejou manifestar-Se plenamente para os filhos dos
homens, e ninguém no universo poderia manifestar o Pai em Sua plenitude, exceto
o Filho unigênito, que está na imagem do Pai. Nenhuma criatura poderia fazê-lo
por não ser suficientemente grande. Somente Aquele cujas saídas foram desde os
dias da eternidade poderia fazê-lo; consequentemente, Ele veio e Deus habitou nEle.
Quanto? "Toda a plenitude da Divindade" é refletida nEle
"corporalmente". E isso não é somente para os homens sobre a Terra,
mas dá-se a fim de que na dispensação da plenitude dos tempos Ele pudesse
reunir num em Cristo todas as coisas que estão no céu e sobre a Terra. Em Cristo
Deus é manifestado aos anjos e refletido aos homens no mundo dum modo em que
não podem ver a Deus diferentemente.
Assim, pois, temos tanto a aprender a
respeito do que significa glorificar a Deus e sobre como isso é feito.
Significa ser tão esvaziado do eu que Deus somente será manifestado em Sua
justiça, Seu caráter, que é a Sua glória. Em Cristo é revelado o propósito do Pai
com respeito a nós. Tudo quanto se deu em Cristo foi revelar o que será feito
em nós, pois Ele foi a nós próprios. Portanto, devemos constantemente ter em
mente o grande pensamento de que devemos glorificar a Deus sobre a Terra.
NEle e por Ele descobrimos aquela mente
divina que em Cristo Se esvaziou de Sua justa personalidade. Por essa mente
divina, nossa injustiça é esvaziada, a fim de que Deus possa ser glorificado em
nós e se faça verdade em nós Suas palavras "glorifiquei a Ti sobre a
Terra".
Leiamos aqueles dois versos em Coríntios
agora para nosso próprio benefício: Há pouco os lemos da perspectiva divina.
"Porque Deus que disse: 'De trevas resplandecerá luz', Ele mesmo
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus
na face de Cristo". 2 Cor. 4:6. Olhemos para nós agora. O que, em primeiro
lugar, Deus realizou? Resplandeceu em nossos corações. Para quê? "Para
iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo". Percebem,
pois, que Deus em Jesus Cristo está Se manifestando, revelando-Se da face de Cristo
Sua glória a qual, refletida em nós, refulge também para outros? Portanto,
"vós sois a luz do mundo". Somos a luz do mundo porque a luz da
glória de Deus, resplendendo a partir de Jesus Cristo em nossos corações, se
reflete aos outros, de modo que as pessoas nos vendo, vêem as nossas boas obras
e podem glorificar a Deus no "dia da visitação". "Possam
glorificar ao Pai que está nos céus".
Estudem o processo. Lá está o Pai,
habitando na luz de que nenhum homem pode aproximar-se, que nenhum homem jamais
viu, nem pode ver, de tão transcendente glória, de tão consumidor fulgor de
santidade, que nenhum homem poderia contemplar e viver. Mas o Pai deseja que
olhemos para Ele e vivamos. Portanto, o unigênito do Pai submeteu-Se livremente
como o dom e tornou-se como nós na carne humana a fim de que o Pai nEle pudesse
velar de tal modo a Sua glória consumidora e os raios de Seu fulgor, de maneira
que pudéssemos ver e viver. E quando olhamos para ali e vivemos, esse brilho,
essa glória fulgurante da face de Jesus Cristo reflete-se em nossos corações e
é transmitida para o mundo.
Agora, o último verso do terceiro capítulo
novamente: "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Sennor, somos transformados de glória em glória, na Sua
própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito". A imagem de quem? A imagem
de Jesus Cristo. Somos "transformados de glória em glória, na Sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito". Jesus Cristo refletia a imagem de Deus;
nós, mudados na mesma imagem, refletiremos a imagem de Deus.
A versão alemã oferece outro texto, ainda
mais enfático do que o nosso aqui. Lerei o equivalente no inglês: "Mas
agora está refletido em nós toda a glória do Senhor". Percebem? "Mas
agora em nós todos está refletida a glória do Senhor". A idéia em nossa
versão inglesa e esta idéia no alemão são ambas corretas. Vemos na face de Cristo
a glória e somos mudados na mesma imagem de glória em glória, e então há também
refletida em nós a glória do Senhor.
Agora lerei o resto do versículo no
alemão: "Mas agora está refletida em nós todos a glória do Senhor com face
descoberta e somos glorificados na mesma imagem de uma glória a outra como de
parte do Senhor, que é o Espírito". O Senhor que é o Espírito; o verso
precedente declarou que o Senhor é esse Espírito.
Assim, podem ver que o sentido todo é que Deus
será glorificado em nós, para que sejamos glorificados por essa glória e que
isso pode ser refletido a todos os homens por toda parte a fim de que possam
crer em Deus e glorificá-Lo.
Observem agora novamente o capítulo décimo
sétimo de João. Traz o mesmo relato ali em João 17:22. Lerei novamente os
versos 4 e 5:
"Eu Te glorifiquei na Terra,
consumando a obra que Me confiaste para fazer; e agora, glorifica-Me, ó Pai,
contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse
mundo".
Agora, o verso 22: "Eu lhes tenho
transmitido a glória que Me tens dado"'. Ele no-la tem dado. Portanto,
ela nos pertence. Essa glória pertence ao crente em Jesus. E quando nos
submetemos a Ele, Ele nos concede aquela mente divina que nos esvazia e então Deus
em Jesus Cristo resplandece em nossos corações do qual é refletida a Sua
própria glória, Sua própria imagem divina. E isso será tão perfeitamente
cumprido que quando Ele vem a todo crente sobre o qual lança os olhos, verá a
Si próprio. "Ele Se assentará como um ourives e purificador de
prata". Ele Se vê a Si próprio refletido em Seu povo de modo que todos
reflitam a imagem e glória de Deus.
Empreguemos coisas naturais a fim de que
possamos, se possível, ver isto de modo mais claro. Ali está o sol brilhando no
céu. Vocês e eu gostaríamos de olhar o sol e vê-lo como ele é. Mas mesmo um
relance ofusca de tal modo os nossos olhos que leva um tempo para recuperarem
sua força natural. Assim, não podemos olhar o sol para contemplar as glórias
que lá estão. O sol possui glórias e belezas ao brilhar nos céus. Agora, se se
valerem de um prisma um de três faces, três pedaços de vidro em ângulo agudo e
o submeterem à luz solar de modo que os raios do sol brilhem através dele, verão
refletidos sobre a parede, sobre o terreno, ou onde quer que possa cair o
reflexo em tal reflexo verão o sol tal como é. Mas o que observarão? Como se
chama aquilo? Um arco-íris. E o que é mais belo do que um arco-íris? Não podem
ter um conjunto mais maravilhoso de cores do que no arco-íris, mas esse
arco-íris é simplesmente o sol, com sua glória tão distribuída que podemos
olhá-lo diretamente e ver quão bonito é. Olhamos adiante. Toda essa glória ali
está, mas não podemos vê-la ali. Não podemos vê-la em face do sol. O sol é por
demais fulgurante. Nossos olhos não estão acostumados à luz. Não podemos
suportá-la. Portanto, o prisma toma essa glória e faz com que brilhe com raios
tais que possamos olhá-la. E isso nos capacita a ver o sol como não poderíamos
fazê-lo doutro modo. Contudo, quando olhamos o arco-íris, estamos somente
olhando o sol. Olhando o arco-íris simplesmente vemos a glória que há no sol
segundo brilha no céu. Contemplando a face aberta do sol não podemos vê-lo como
é. Mas encarando o reflexo, vemos a glória do sol numa forma que nos deleita
fazê-lo.
Agora, Deus sempre é tão mais brilhante do
que o sol. Se o sol ofusca os nossos olhos por um mero relance, o que faz a
glória transcendente do Senhor sobre nossos olhos mortais e pecaminosos? Ele
nos consumiria. Portanto, não podemos contemplá-Lo tal como é em Sua glória
desvelada e não alterada. Nossa natureza não tem condições de suportá-la. Mas
Ele deseja que vejamos a Sua glória. Deseja que todo o universo contemple a Sua
glória. Portanto, Jesus Cristo colocou-Se aqui entre o Pai e nós, e o Pai faz
com que toda a Sua glória seja Nele manifesta, e assim como resplandece de sua
face, a glória é distribuída de tal forma, tão modificada, que podemos olhá-la,
e é tornada tão bela que nos deleitamos nela. Então somos capacitados a ver a Deus
como Ele é. Em Jesus Cristo nada vemos que não seja de Deus no pleno fulgor de
Sua glória desvelada.
Agora o sol refulge nos céus naturais dia
após dia e todas essas glórias Ele torna conhecidas aos filhos dos homens e
lugares diante dos filhos dos homens. Tudo quanto o sol precisa a fim de
conservar suas glórias sempre perante nós dessa bela maneira é um prisma um
meio mediante o qual brilhar para a refração de Sua glória, e algo sobre que
esses raios caiam para refletirem após terem passado pelo prisma. Poderiam ter
um arco-íris todo dia do ano se tivessem um prisma e algo sobre que os raios
refratados pudessem ser mostrados.
Assim também podem ter a glória de Deus
manifesta cada dia do ano, se apenas mantiverem a Jesus Cristo perante os olhos
como um bendito prisma para refratar os brilhantes raios da glória de Deus e a
si próprio apresentado a Deus tal como Deus gostaria que esses raios refratados
se fizessem visíveis no reflexo. Então, não somente nós, mas outras pessoas
constantemente verão a glória de Deus. Tudo quanto Deus deseja, tudo quanto Ele
necessita, a fim de que o homem veja e conheça a Sua glória é um prisma
mediante o qual brilhar. Em Jesus Cristo isso é concedido de modo completo. A
seguir Ele deseja algo sobre que esses raios refratados possam repousar e ser
refletidos, para que as pessoas possam vê-los. Permitirão que ali fique, aberto
aos refratados raios da glória de Deus, ao brilharem mediante esse bendito
prisma que é Cristo Jesus? Que esses raios da glória de Deus caiam sobre nós a
fim de que os homens olhando para nós possam ver refletida a glória de Deus. É
isso que se deseja.
Outro pensamento: Tome o seu prisma e
segure-o contra o sol. Os raios refratados de luz caem sobre a parede da casa e
observem no reflexo o belo arco-íris! Mas esse muro rebocado é apenas barro.
Pode esse barro manifestar a glória do sol? Pode o sol ser glorificado por esse
barro? Sim. Certamente. Pode esse barro refletir os brilhantes raios do sol de
modo que seja belo? Como pode o barro fazê-lo? Oh, não está no barro. Está na
glória. Podem segurar o prisma contra o sol e deixar que os raios refratados
caiam sobre a Terra. Podem mantê-lo ali, e para que a Terra possa manifestar a
glória do sol, não porque a Terra tenha qualquer glória, mas devido à glória do
sol.
É demais, portanto, que pensemos que a
carne pecaminosa, tal como a nossa, indignos pó e cinzas, como somos é demais
pensar que indivíduos como nós possam manifestar a glória do Senhor, refratada
mediante Jesus Cristo a glória do Senhor refulgindo da face de Jesus Cristo?
Pode dar-se que vocês são barro; pode dar-se que sejam os mais baixos sobre a
Terra; pode dar-se que sejam pecadores como qualquer homem o é, mas simplesmente
ponham-se ali e permitam que a glória refulja sobre vocês como Deus gostaria
que ocorresse e então glorificarão a Deus. Oh, quão freqüentemente a
desencorajadora pergunta é formulada: "Como pode alguém como eu glorificar
a Deus?" A virtude não está em nós, está na glória. Isso é o que significa
glorificar a Deus.
Requer o esvaziamento do eu a fim de que Deus
em Cristo possa ser glorificado. A mente de Cristo faz isso, e assim Deus é
glorificado. Conquanto tenhamos sido pecadores por toda a nossa existência e
nossa carne seja pecaminosa, Deus é glorificado, não pelo mérito que existe em
nós, mas pelo mérito que há na glória. E é esse o propósito pelo qual Deus
criou todo ser no universo. É que todo ser seja um meio de refletir e tornar conhecido
o fulgor da glória do caráter de Deus como revelado em Jesus Cristo.
Muito além, no passado, houve alguém que
era tão brilhante e glorioso pela glória do Senhor que começou a dar a si
próprio crédito por isso e propôs brilhar por si mesmo. Propôs-se a refletir
luz de si mesmo. Mas desde então não tem brilhado com nenhuma luz real. Tudo
tem sido trevas desde então. Essa é a origem das trevas no universo. E os
resultados que disso derivam, desde o início até o último resultado que jamais
dele advirá, são simplesmente os resultados daquele esforço para manifestar o
eu, para deixar o eu brilhar, para glorificar a si mesmo. E o fim disso é que
tudo perece e termina em nada.
Glorificar o eu é terminar em nada, deixar
de existir. Glorificar a Deus é continuar eternamente. A razão por que Ele faz
as pessoas é para que O glorifiquem. Aquele que O glorifica não pode senão
viver por toda a eternidade. Deus deseja seres tais no universo. A questão para
todo homem de fato será: "Ser ou não ser; essa é a questão".
Decidiremos ser, e ser um meio de glorificar a Deus por toda a eternidade? Ou
decidiremos glorificar o eu por um pequeno tempo e isso somente em trevas, e
então partir para a escuridão eterna? Oh, em vista do que Deus realizou, não é
difícil decidir que escolha deve ser feita. Não é difícil decidir. Então não
será nossa escolha agora e para sempre escolher somente a maneira de Deus?
Decidir glorificá-Lo e a Ele somente?
Agora, outra palavra quanto a que isso
implica. Eis aqui uma passagem em João 12:23:
"Respondeu-lhes Jesus: É chegada a
hora de ser glorificado o Filho do homem".
Daí, novamente, no verso 27:
"Agora está angustiada a Minha alma,
e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? Mas precisamente com este propósito
vim para esta hora".
O que, disse então, Ele? "Pai,
glorifica o Teu nome". Ali estava Ele, à sombra do Getsêmani. Sabia que
era vinda a hora e também compreendia o que aquilo representava. Ali estava
aquela angústia pressionando a Sua alma divina e levando-O a dizer: "Que
direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim
para esta hora". A única coisa, pois, que havia a dizer, ao chegar Ele
àquela hora para tal propósito, a única coisa que pôde dizer foi: "Pai,
glorifica o Teu nome". Após isso deu-se o Getsêmani, a cruz e a morte. Mas
nessa submissão, "Pai, glorifica o Teu nome", estava tomado o passo
que deu-Lhe vitória no Getsêmani e sobre a cruz, e sobre a morte.
Houve Sua vitória e vocês e eu iremos
àquele lugar muitas vezes. Temos estado já naquele lugar onde vem um tempo em
que sobre mim pode ser feita essa exigência. Essa experiência tem de ser
enfrentada e considerando-a como se apresenta e como a vemos, seremos tentados
a dizer: "Oh, será necessário que se tenha de suportar isso? Não é até
mais do que Deus requer que um homem suporte? "Agora está angustiada a
Minha alma, e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora?" Quem O trouxe para
essa hora? Que O fez deparar essa dificuldade? Como chegou aí? O Pai está
lidando conosco; Ele nos levou até ali. Então, quando sob a Sua mão somos
levados ao ponto em que parece como se custasse a um homem a sua própria alma
suportá-lo, o que diremos? Pai, salva-me dessa hora? Ora, por essa razão vim
para esta hora. Ele me trouxe até ali para um propósito. Posso não saber qual é
a experiência que Ele tem para mim além dessa; posso não saber qual é a
experiência que Ele tem reservado para mim além disso; posso não saber qual é o
propósito divino nessa prova, mas de uma coisa sei. Decidi glorificar a Deus.
Decidi que Deus, em lugar de mim mesmo, será glorificado em mim, que o Seu
caminho será encontrado em mim em lugar de meu caminho. Portanto, não podemos
dizer, PaiI, salva-me dessa hora. A única coisa a fazer é curvar-nos em
submissão; a única palavra a dizer é, Pai, glorifica o Teu nome. O Getsêmani
pode seguir-se imediatamente. A cruz certamente seguir-se-á, mas é a vitória
nesse Getsêmani. É a vitória sobre aquela cruz e sobre tudo que possa vir.
Isso certamente é verdade porque Deus não
nos deixa sem a palavra. Leia adiante agora.
O que diremos? Pai, salva-me desta hora?
mas por esta causa eu vim para esta hora. Pai, glorifica o Teu nome. Então veio
uma voz do céu, dizendo: "Tenho-O glorificado e O glorificarei
novamente".
Essa palavra é para vocês e para mim em
toda provação, porque "a glória que Me deste, Eu lhes dei". A nós
pertence. Ele verá que é refletida sobre nós e mediante nós a fim de que os
homens saibam que Deus é ainda manifesto na carne. Qual, então, será a nossa
escolha? Que isso seja determinado de uma vez por todas. É, ser, ou não ser? O
que escolheremos? Ser? Mas ser significa glorificar a Deus. O único propósito
da existência no universo é glorificar a Deus. Portanto, a escolha por ser é a
escolha de glorificar a Deus e a escolha de glorificar a Deus é a escolha de
que o eu seja esvaziado e perdido, e Deus somente apareça e seja visto.
Então, quando tudo for realizado, o
capítulo 15 de I Coríntios oferece a grande consumação. Versos 24 a 28:
"E então virá o fim, quando Ele
entregar o reino ao Deus e PaiI, quando houver destruído todo principado, bem
como toda potestade e poder. Porque convém que Ele reine até que haja posto
todos os inimigos debaixo dos Seus pés. O último inimigo a ser destruído é a
morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos Seus pés. E quando diz que
todas as coisas Lhe estão sujeitas, certamente exclui aquele que tudo lhe
subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então o
próprio Filho também Se sujeitará àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para
que Deus seja tudo em todos".
Tudo em quantos? Ele será tudo em mim; Ele
será tudo em vocês; Ele será tudo em todos mediante Jesus Cristo. Ali vemos o
plano completo--de que o universo inteiro e tudo nele reflita a Deus.
Este é o privilégio que Deus estabeleceu
perante todo ser humano. É o privilégio que Ele estabeleceu perante toda
criatura no universo. Lúcifer e multidões delas que com ele foram recusaram-na.
Os homens a recusaram. O que eu e você faremos? Aceitaremos o privilégio?
Vejamos se podemos obter alguma idéia da
medida desse privilégio. O que custou trazer esse privilégio a vocês e a mim?
Quanto custou? Custou o infinito preço do Filho de Deus.
Agora, a pergunta: Foi esse um dom de
somente trinta e três anos? Em outras palavras, tendo consistido em eternidade
até que Ele veio a este mundo, veio Jesus então a este mundo como o fez por somente
trinta e três anos, e então retornou ao que era antes, para consistir em todos
os aspectos como era antes através da eternidade vindoura? E assim o Seu
sacrifício será praticamente por somente trinta e três anos? Foi aquele um
sacrifício por somente trinta e três anos? Ou foi um sacrifício eterno? Quando
Jesus Cristo deixou os céus, Ele Se esvaziou e mergulhou em nós por quanto
tempo foi isso? Esta é a questão. E a resposta é que isso foi por toda a
eternidade. O Pai renunciou a Seu Filho por nós, e Cristo entregou-Se por toda
a eternidade. Nunca outra vez será Ele em todos os respeito como foi antes. Ele
entregou a Sua vida por nós.
Agora, não me empenho em definir isso.
Simplesmente lerei uma palavra sobre isso do Espírito de Profecia para que saibam
ser um fato e para que saibam que não estamos sobre terreno seguro, e então a
acatemos como a verdade bendita e deixemos a sua explicação com Deus e a
eternidade. Eis aqui a palavra:
"Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho unigênito". Ele O deu não apenas para habitar
entre os homens, para suportar os seus pecados e morrer o sacrifício deles;
deu-O à raça caída. Cristo devia identificar-Se com os interesses e
necessidades da raça humana. Aquele que é um com Deus ligou-Se com os filhos
dos homens por laços que nunca devem ser desfeitos.
Em que ponto ligou-Se conosco? Em nossa
carne, em nossa natureza. Em que medida uniu-Se a nós? "Por laços que
nunca serão desfeitos". Graças a Deus! Então Ele renunciou à natureza de Deus,
que tivera com Deus antes que o mundo existisse, e assumiu a nossa natureza, e
carrega a nossa natureza para todo o sempre. Esse é o sacrifício que ganha os
corações dos homens. Fosse isso considerado, como muitos realmente o consideram,
que o sacrifício de Cristo somente perdurou por trinta e três anos e então
morreu a morte da cruz e voltou para a eternidade em todos os aspectos como
fora antes, os homens poderiam argumentar que em vista da eternidade anterior,
e a eternidade posterior, trinta e três anos não é um sacrifício tão infinito,
afinal de contas. Mas quando consideramos que Ele mergulhou Sua natureza em
nossa natureza humana por toda a eternidade, esse é um sugestivo sacrifício.
Esse é o amor de Deus. E nenhum coração pode argumentar contra isso. Não há coração
neste mundo que possa arrazoar contra esse fato. Aceite-o ou não o coração,
creia nisso ou não o homem, há um poder compulsivo nesse fato, e o coração deve
permanecer em silêncio ante a presença da tremendo realidade.
Esse é o sacrifício que Ele fez, e
prossigo lendo:
"Aquele que é um com Deus ligou-Se
com os filhos dos homens por laços que nunca serão desfeitos". Jesus não
se envergonha "de chamá-los irmãos"; nosso Sacrifício, nosso Advogado,
nosso Irmão, carregando nossa forma perante o trono do Pai e por eras eternas,
um com a raça que redimiu o Filho do homem.
Isto é o que custa: O eterno sacrifício dAquele
que era um com Deus. É isso que custa levar aos homens o privilégio de glorificar
a Deus.
Agora, outra questão: Foi o privilégio ali
digno do sacrifício? Ou foi o preço pago para criar o privilégio? Por favor,
pense nisso cuidadosamente. Qual é o privilégio? Temos descoberto que o privilégio
trazido a toda alma é glorificar a Deus. O que custou trazer-nos tal
privilégio? Custou o sacrifício infinito do Filho de Deus. Agora, fez Ele o
sacrifício para criar o privilégio, ou estava ali o privilégio e valeu o
sacrifício?
Vejo ser esta uma nova reflexão para
muitos de vocês, mas não a temam. Está correta. Por favor, considere-a
cuidadosamente e pensem. Isso é tudo quanto se faz necessário. Repetirei, até
duas ou três vezes, se necessário, pois vale plenamente a pena o fazê-lo.
Desde que esse bendito fato veio até mim, o sacrifício eterno do Filho de Deus
representa um sacrifício eterno inteiramente por mim, a palavra tem estado
sobre minha mente quase incessantemente: "Andarei mansamente perante o Senhor
todos os meus dias".
A questão é, Ele criou o privilégio por
fazer o sacrifício? Ou estava já ali o privilégio e o perdemos, e valeu a pena
o sacrifício que Ele fez para no-lo
trazer outra vez?
Então, quem pode avaliar o privilégio que Deus
nos dá no bendito privilégio de glorificá-Lo? Nenhuma mente o poderá entender.
Para que valha a pena o sacrifício pago por Ele -- um sacrifício eterno -- Oh,
não fez bem Davi quando exclamou: "Senhor.tal conhecimento é maravilhoso
demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir"?
"Grande é o mistério da piedade; pois
Deus foi manifesto em carne". O Filho do homem recebido em glória
significa nós próprios. E nisso Ele nos trouxe o infinito privilégio de
glorificar a Deus. Isso valeu o preço que foi pago. Jamais poderíamos ter
imaginado que o privilégio fosse tão imenso. Mas Deus contemplou o privilégio,
Jesus Cristo contemplou o privilégio do que é glorificar a Deus. E contemplar
isso e ver onde fomos, foi dito que valeu a pena o preço. Cristo declarou:
"Eu pagarei o preço". "Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o Seu Filho unigênito", e assim trouxe-nos o privilégio de
glorificar a Deus.
COMO ATENDER AO “DAI-LHE GLÓRIA”
-
Parte II
Sermão nº 21 apresentado na
reunião da Conferência Geral de 1895
A.T. Jones
Estamos ainda estudando o que temos em Cristo.
Não devemos esquecer que o Senhor nos ressuscitou e nos estabeleceu em Cristo à
Sua própria destra na existência celestial. E graças ao Senhor que é ali onde
Ele habita, em Seu glorioso reino. Estamos ainda estudando o que temos nEle,
onde Ele está e que privilégios e riquezas nEle temos a nosso dispor.
Começaremos esta lição esta noite com
Efés. 2:11, 12, 19:
"Portanto, lembrai-vos de que outrora
vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam
circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo,
separados da comunidade de Israel, e estranhos
às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.
"Assim já não sois estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus".
Bem, estou feliz com isso. Nosso lugar
está completamente mudado, nossa condição transformada. E tudo isso é realizado
em Cristo; essa mudança é operada em nós nEle, pois "Ele é a nossa
paz".
Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes
estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa
paz, o qual de ambos [Deus e nós, um] fez um; e, tendo derrubado a parede da
separação que estava no meio, a inimizade, para que dos dois criasse em Si
mesmo um novo homem, fazendo a paz. porque, por Ele, ambos temos acesso ao
Pai em um Espírito. Assim [em razão de termos acesso ao Pai nEle] já não sois
estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos.
O texto alemão dá outro sentido às
palavras no verso 19: "Agora, pois, não mais sois hóspedes e estrangeiros,
mas cidadãos". A força disso será vista mais claramente quando eu
mencionar que em Levítico, onde nossa Bíblia reza "estrangeiros e
peregrinos contigo" o alemão traz "estrangeiros e peregrinos estão
contigo". Destarte, em Cristo não mais somos estrangeiros e peregrinos;
não somos nem mesmo visitantes. Estamos mais perto do que isso.
Novamente, Efésios 2:19:
"Assim já não sois estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus".
Um hóspede não é membro da família; é
apenas alguém bem recebido, mas meramente vem e vai. Mas aquele que pertence à
família vem para ficar. O termo alemão onde nossa palavra "família" é
empregada nos ajudará a ver o real sentido implícito. A palavra é Hausgenossen e deriva de essen, que significa "comer". Haugenossen é alguém que come na casa e
ali reside. Ele está em casa, e quando entra, não o faz como um visitante. Ele
entra porque pertence àquele lugar.
Esse texto mostra o contraste até aqui
entre o que éramos e o que somos, mas há outros textos que nos trazem ainda
mais próximo disso. Volvamo-nos ao quarto capítulo de Gálatas, começando com o
primeiro verso e obtenhamos o pleno contraste:
"Digo, pois, que durante o tempo em
que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de
tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai.
Assim também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos
rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a
fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus
aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai. De sorte que
já não és escravo".
Não estamos na casa como um servo não mais
somos servos. Somos servos do Senhor, isso é certo, e nosso serviço é dedicado
ao Senhor, mas o que estamos estudando agora é nosso relacionamento com o Senhor
e o lugar que Ele nos concede na família.
Isso mostra que o Senhor nos concede um
relacionamento mais íntimo Consigo do que o que se atribui a um servo numa casa
de família. Não estamos nessa família celestial como servos, mas como filhos.
"De sorte que já não és escravo,
porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus". A visão que nos é
dada aqui é a de filho, que pode ser filho único; toda a propriedade dos pais
lhe será atribuída no curso regular do processo de herança, mas ele é uma
criança ainda, e está sob tutores e curadores, e é treinado e conduzido do modo
como o pai deseja até que alcance a idade em que o pai o chamará a mais íntimo
relacionamento consigo nos assuntos familiares e nos negócios, e todas as
questões relativas à propriedade. Ele tem algo mais para aprender antes de ser
levado a esse relacionamento mais íntimo, mesmo com relação ao pai, mas quando
tiver recebido o treinamento que seu pai designou-lhe e tiver alcançado a idade
apropriada, então o pai o leva para mais íntimo relacionamento consigo. Ele
tudo lhe dirá a respeito dos negócios. Pode dar-lhe parceria nos negócios e
permitir que o supervisione em igualdade consigo.
Vejamos agora João 15:13-15. É Cristo que
está falando: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos. Vós sois Meus amigos; se fazeis o que Eu vos
mando. Já não vos chamo de servos," chamo-vos filhos, porque o filho mora
na casa para sempre. Existe uma boa razão por que Jesus não mais nos chama de
servos. Haveremos de morar na casa para sempre. Pertencemos àquele lugar; nosso
lar é ali. "Não vos chamo servos," chamo-vos filhos, porque o filho
mora na casa para sempre. Éramos estrangeiros e peregrinos antes; Ele nos
trouxe para mais perto do que jamais um servo que pensasse em viver na casa
enquanto vivesse. Ele nos trouxe para mais perto do que um filho que ainda não
atingiu a condição de maturidade. Ele nos leva para além disso tudo, para a
condição de amigos e filhos em possessão, para ser levados aos concílios com
Aquele que é o cabeça e possuidor de toda a propriedade.
Leiamos o restante do verso: "Já não
vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas
tenho-vos chamado amigos". Ele não nos chama de servos, porque o servo não
sabe o que o seu senhor faz. Ele nos chama de amigos, porque não nos omitirá
coisa alguma. Jesus declara: "Não vos chamo de servos, porque o servo não
sabe o que faz o seu senhor". Eu vos levo para mais perto do que isso. Eu
vos chamo de amigos. Porquê? "Tenho-vos chamado de amigos, porque tudo
quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer".
Como podem ver, portanto, Ele propõe-Se a
conduzir-nos para os Seus conselhos domésticos. Ele não tem segredos para nos
ocultar. Ele não se propõe a omitir-nos nada. Isso não quer dizer que nos
contará tudo num dia. Não pode fazer isso, porque não somos suficientemente
grandes para assimilar tudo, caso o tentasse. Mas o fato é que Ele nos diz:
"Tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer". Sois
benvindos ao conhecimento de tais coisas. Mas nos dá tempo para podermos
apreender Sua verdade. Quanto tempo nos concede? A vida eterna, a eternidade.
Assim, dizemos: "Senhor, vá em frente; toma o Teu tempo. Dize-o.
Declara-nos a Tua própria vontade. Nós esperaremos para aprender".
Agora, consideremos Efésios novamente. Há
uma palavra que, tirada do alemão, ilustra isto ainda mais plenamente. Efés.
1:3-9:
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas
regiões celestiais em Cristo [no alemão reza: "possessões
celestiais"], assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para
Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito
de Sua vontade, para louvor da glória de Sua graça, que Ele nos concedeu
gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo Seu sangue, a remissão
dos pecados, segundo a riqueza da Sua graça, que Deus derramou abundantemente
sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da Sua
vontade, segundo o Seu beneplácito que propusera em Cristo".
"Desvendando-nos o mistério da Sua
vontade"; o termo alemão para "mistério" aqui é geheimnis. Geheimnis, em alemão, é, logicamente, o mesmo que nossa palavra
"mistério". É um segredo. Mas remontemos à raiz dessa palavra e então
veremos o segredo que aqui buscamos. Agora, é verdade que geheimnis é uma coisa secreta ou algo misterioso, oculto ou
encoberto. Agora secretamente, em alemão, é heimlich.
José de Arimatéia era um discípulo do Senhor, mas heimlich--por temor dos judeus; isto é, secretamente por temor dos
judeus. Mas o que esse heimlich
significa? Heim é lar. Geheimnis refere-se aos negócios
domésticos privados, ou mais literalmente, os segredos de uma casa. Em toda família
há o que se conhece como segredos de família. Pertencem por direito somente à
família. Um estranho não pode intrometer-se nisso. Um convidado pode vir e
ir-se, mas jamais terá direito a familiarizar-se com qualquer desses segredos
de família. Não lhe são dados a conhecer. Agora, essa palavra
"segredo" a coisa secreta nos negócios familiares, entre marido e
mulher e filhos essas coisas que pertencem particularmente à família, aos
interesses domésticos, e aos conselhos secretos da família essa é a idéia
implícita na palavra alemã para "segredo" ou "mistério".
Assim, Jesus está agora nos levando ao Seu lar e nos torna conhecidos os geheimnis de Sua vontade os segredos
familiares da família celestial. O Senhor nos leva para um relacionamento tão
íntimo Consigo que as coisas secretas da família até mesmo os mais profundos
segredos familiares não nos são omitidos. Ele assim o diz.
Há outro versículo que podemos ler. Agora,
observem: há negócios dessa família divina, há segredos dessa família, que datam
de tempos bem remotos, de bem antes de termos adentrado a família. Éramos estranhos
à família. Não tínhamos ligação com a família em absoluto. Mas o Senhor chamou
e viemos, e agora Ele nos adotou na família e nos leva a essa íntima relação
Consigo, no que Se propõe a tornar-nos conhecidos todos os segredos da família.
A fim de assim fazer, como descobrimos há pouco, precisamos de um longo tempo
para estar lá, e, de qualquer modo, Ele precisa de um longo tempo para fazê-lo,
porque nossa capacidade é tão pequena em comparação com a grande riqueza disso,
que levará bastante tempo para que Ele o cumpra.
Mais ainda: precisamos de alguém para nos
dizer isso, que esteja familiarizado com os assuntos da família desde o
princípio. Haverá alguém na família familiarizado com todos os negócios da casa
desde o princípio e que terá empenho para nos mostrar ao redor e dizer-nos o
que precisamos saber? Volvamo-nos a Provérbios 8, começando com o verso 22:
"O Senhor me possuía no início de Sua
obra, antes de Suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida;
desde o princípio, antes do começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci,
e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem
firmados; antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda Ele não tinha feito a terra,
nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando Ele criava os céus, aí estava eu;
quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de
cima, quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu termo,
para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os
fundamentos da terra; então eu estava com Ele e era Seu arquiteto".
Agora, Ele é Aquele que me disse e a mim a
vocês, "Já não vos chamo servos", e sim de amigos, pois "o servo
não sabe o que faz o seu senhor. Tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a
conhecer". Ele não só nos concede tempo para que no-lo conte, mas é Aquele
que Se qualifica para contá-lo, porque ali tem estado desde o princípio. Ele
conhece todos os negócios e declara que Se propõe a nada nos omitir. Bem,
irmãos, isso demonstra que Ele tem muita confiança em nós. Lerei uma palavra
que veio na última correspondência da Austrália e vocês reconhecerão a voz:
"Não só é o homem perdoado mediante o
sacrifício expiatório, mas pela fé ele é aceito mediante o Amado. Retornando a
sua lealdade para com Deus, cuja lei tem transgredido, ele não é meramente
tolerado, como honrado como um filho de Deus, membro da família celestial. Ele
é um herdeiro de Deus e co-herdeiro com Jesus Cristo".
Mas é tão natural pensar a respeito de nós
mesmos que Ele deveras somente nos tolera quando cremos em Jesus; pensar que
por forçá-lo a fazer isso Ele pode suportar nossos descaminhos um pouco mais,
se por algum modo podemos nos tornar suficientemente bons de modo a que Ele
possa gostar de nós o suficiente para ter confiança em nós. Digo, é tão natural
colocar-nos nessa posição. E Satanás está tão pronto para falar-nos nesse
sentido e conseguir pôr-nos nessa posição.
Mas o Senhor não deseja que fiquemos
hesitantes e duvidosos quanto a nossa posição diante dEle. Não, em absoluto.
Ele declara: "Quando credes em Mim, quando Me aceitais, sois aceitos em
Mim, e não Me proponho a tolerar-vos, meramente tentar conviver convosco.
Proponho-me a depositar confiança em vós como num amigo e levar-vos aos
concílios de Minha vontade e dar-vos uma parte em todos os negócios da herdade.
Nada há que proponha omitir-vos". Isso é confiança.
Tenho ouvido pessoas dizerem que estavam
gratas pela confiança que tinham no Senhor. Não tenho objeções a isso, mas não creio
tratar-se de uma grande realização ou algo digno de qualquer grande elogio que
eu deva ter confiança num tal Ser como o Senhor, considerando quem eu sou e
Quem Ele é. Não creio ser uma grande virtude de minha parte ter confiança no Senhor.
Mas é um fato admirável que Ele tenha confiança em mim. É nisso que firmo minha
admiração. Vendo quem Ele é e o que eu sou, e então vendo que Ele me levanta e
me diz em palavras claras o que Se propõe a fazer comigo e quão intimamente me
leva junto a Si e que confiança deposita em mim isso é maravilhoso.
Considerando este fato, sob qualquer ângulo, digo que é algo admirável para mim
e que me inspira gratidão que Deus tenha confiança em mim. Que Ele possa ter
qualquer confiança em nós, este é um fato extraordinário, mas a verdade é que
não há limite para Sua confiança em nós.
A partir dos textos que lemos podem ver
que não há limite para Sua confiança em nós. Haverá qualquer limite para a
confiança de um homem num amigo a quem ele leva para casa, torna um membro da família,
e desvenda-lhe os seus próprios segredos familiares? Vocês sabem que é a
última coisa que um ser humano alcançaria em termos de confiança e amizade
entre os seres humanos, que os segredos da família devam ser-lhe revelados e
que seja a eles introduzido. Quando um homem põe outro em contacto com seus
próprios assuntos domésticos e com os segredos de sua família, isso demonstra
que esse homem não tem limites para o grau de confiança no outro indivíduo.
Contudo, este é precisamente o modo em que o Senhor trata o crente em Jesus.
Esse outro homem pode trair a sagrada
confiança que este homem depositou-lhe, mas isso não altera o fato de que tal
confiança foi-lhe depositada. Assim, podemos falhar em nossa apreciação da
confiança que Deus depositou em nós e os homens podem na verdade trair o
depósito sagrado, mas o ponto é que Deus não pergunta se iremos fazê-lo ou não.
Ele não nos toma sob suspeita nem meramente nos tolera. Ele declara:
"Vinde a Mim". Vós sois aceitos no Amado. Deposito confiança em vós.
Vinde, sejamos amigos. Vinde à casa pois este é o vosso lugar. Sentai-vos à
mesa e comei ali. Doravante sois da família, em igualdade de condições com os
que sempre aqui estiveram. Ele não nos tratará como um servo, mas como um rei e
nos tornará conhecido tudo quanto há para saber.
Irmãos, não irá isso atrair nossa gratidão
e amizade para com o Senhor? Não O trataremos mais como Ele nos trata? Não
permitiremos que essa confiança exerça seu efeito sobre nós e nos leve a
submeter-nos a Ele e a nos provarmos dignos dessa confiança? Na realidade, nada
há que tanto atraia um homem em termos de seu autoconceito do que ter revelada
confiança nEle. A suspeição nunca O ajuda.
"Vós sois meus amigos se fazeis o que
vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos
tenho dado a conhecer".
Agora o capítulo dezesseis e verso doze:
"Tenho ainda muito o que vos dizer". A quem? Não limitemos isso lá no
passado, aplicável àqueles discípulos. Refere-se a vocês e a mim, aqui e agora.
Não nos ergueu Ele dentre os mortos? Não nos concedeu Ele vida com Jesus Cristo?
E "juntamente com Ele" não nos elevou Ele para o alto, assentando-nos
à Sua mão direita no céu? "Tenho ainda muito o que vos dizer". Quem
tem? Jesus. "Mas vós não podeis suportar agora". Muito bom. A
eternidade me dará lugar para crescer em conhecimento e entendimento de modo a
que os possa suportar. Não precisamos apressar-nos.
"Quando
vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo". Isto é, Ele não falará por Sua iniciativa. Não se trata
de que não falará a Seu próprio respeito; não é esse o pensamento. É verdade
que Ele não falará a respeito de Si próprio; mas o pensamento aqui é que Ele
não falará como sendo de Sua própria iniciativa. Ele não Se destaca para propor
dizer algo como sendo de Si mesmo. Pois Ele disse: "As palavras que vos
digo, não as digo de Mim mesmo". "O Pai que Me enviou, esse Me tem
prescrito o que dizer e o que anunciar". João 12:49. E assim como Jesus
não Se estabeleceu para dizer algo como sendo de Si próprio, mas o que havia ouvido
do Pai isso declarou; igualmente o Espírito Santo não fala de Si mesmo; mas o
que o Espírito de Deus ouve, isso fala.
"Porque não falará por Si mesmo, mas
dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir".
Muito bem. Aqui estamos nós, pertencentes
à família celestial. Jesus é aquele que tem estado na família desde o princípio
e a Ele somos confiados, e Ele é o que nos dirá todas essas coisas. E está
escrito, como sabem, que "seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá".
Bom! Ele tem algo para nos dizer, e tem algo para nos revelar e nos concede o Espírito
Santo como Seu representante pessoal, trazendo-nos Sua presença pessoal, para
que por esse meio possa revelar-nos essas coisas, que por Ele pode nos falar o
que tem para dizer.
Ele "vos anunciará coisas que hão de
vir. Ele Me glorificará porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar".
Agora, por que Jesus declarou que o Espírito
Santo tirará de Si para mostrar-nos? Porque "Tudo quanto o Pai tem é Meu;
por isso é que vos disse que há de receber do que é Meu e vo-lo há de
anunciar". Quantas coisas há que o Espírito Santo deve revelar-nos? Todas
as coisas. Todas as coisas de quem? Todas as coisas que o Pai tem. Nada é
omitido.
Agora recorramos a I Cor. 2:9-12:
"Mas, como está escrito: Nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que O amam".
Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Jesus Cristo, e Deus O designou "Herdeiro de todas as coisas".
"Todas as coisas", portanto, que o universo contém Ele tem preparado
para os que O amam. Todas as coisas que o Pai tem, Ele preparou para aqueles
que O amam. Isso, por si só, deveria induzir-nos a amá-Lo. Mas como os olhos
não viram nem os ouvidos ouviram, nem entrou jamais no coração do homem, essas
grandes coisas, como, então, podemos saber a respeito delas? Ah! "Deus no-las
revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo
as profundezas de Deus".
Por que penetra Ele nas coisas profundas
de Deus? Para trazê-las ao nosso conhecimento. Elas são muito profundas para
nós. Se o Senhor no-las abrir e disser: "Entrai ali e descobri tudo quanto
puderdes", não poderíamos encontrá-las. São muito profundas, mas Ele não
nos deixa assim. Ele Se propõe a no-las revelar, portanto coloca-as todas nas
mãos de Jesus, que teve convivência com Ele e que é um de nós, e Jesus Cristo
no-las revela mediante o Seu Espírito.
"Porque, qual dos homens sabe as
coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? assim também as
coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos
recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus".
O que diz Ele? Temo-las recebido.
Sejamos-Lhe gratos por O termos recebido. Ora, vi outro dia uma linha do
Testemunho de Jesus, de que alguns estão aguardando o tempo em que o Espírito
deve ser derramado. É dito que o tempo é "agora", e que devemos
pedi-Lo e recebê-Lo agora.
A descida do Espírito Santo sobre a igreja
é vista como algo futuro; mas é privilégio da igreja recebê-Lo agora. Buscai-O,
pedi-O, crede nEle.
Ele diz: "Recebei o Espírito Santo".
"Assim como o Pai Me enviou, Eu vos envio". "Agora tendes recebido
o Espírito que procede de Deus". Não nos temos submetido a Ele? Não temos
nos entregado inteiramente a Ele? Não Lhe temos aberto o coração para receber a
mente de Jesus Cristo, a fim de que possamos conhecer Aquele que é verdadeiro e
estar nAquele que é a verdade, no Seu
Filho Jesus Cristo? E este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Sendo assim,
então "porque sois filhos, Deus enviou o Espírito de Seu Filho aos vossos
corações". Ele o enviara; Ele assim o diz. Portanto, agradeçam-Lhe por ter Ele o Espírito Santo e "recebei
o Espírito Santo". Recebei-O com gratidão e permiti que o Espírito nos
use, em vez de esperar e ansiar receber alguma maravilhosa demonstração exterior
que nos dará um sentimento que nos leve a imaginar: "Oh, agora eu posso
realizar grandes coisas". Isso nunca lhe virá dessa maneira. Se o Espírito
Santo deve ser derramado sobre nós esta noite como ocorreu no Pentecoste, o
homem que tivesse essa idéia não O receberia.
Mas eu afirmo: Devemos revolucionar nossos
pensamentos com respeito a isso e removê-lo de qualquer demonstração exterior
para que possamos ver com os nossos olhos ou que nos dê um sentimento tangível
pelo qual saberemos que temos o Espírito de Deus e que seremos capazes de
realizar grandes coisas.
Deus proferiu a palavra; Ele fez a
promessa. Ele nos ressuscitou e nos assentou à Sua própria destra em Jesus Cristo,
e agora Ele diz: "Tudo vos está aberto e o Espírito ali está para
mostrar-vos tudo e dizer-vos tudo que há para saber. Que mais podemos, então,
pedir? O que mais podemos pedir dEle, para mostrar a Sua mente e Sua disposição
de que teremos o Espírito de Deus agora?
Os céus estão esperando para concedê-Lo; o
que se requer para recebê-Lo? Buscai-O, orai por Ele, crede nEle. Quando isso é
feito não há nada que O retenha; quando isso é feito então tudo que Ele nos
pede para fazer é "recebei o Espírito Santo". Ele nos diz como
recebê-Lo; é buscá-Lo, orar por Ele, crer nEle. E aquele que crê recebe. Se
pedirmos segundo a Sua vontade, Ele nos ouve, e se sabemos que Ele nos ouve,
sabemos que temos a petição que desejamos dEle.
O Espírito de Deus nos está guiando. O Senhor
nos tem guiado assim a Sua verdade. Ele nos ressuscitou para as alturas por Sua
verdade que nunca conhecemos antes. Para que nos ergueu Ele para lá? Ele nos
tem revelado o que é essencial. É renunciar ao mundo e a tudo para somente ter
a Deus, por toda a eternidade. Renunciar a todos os planos, todas as
perspectivas, tudo sobre que sempre teve a mente concentrada. Renunciar ao eu e
ao mundo, e a tudo o mais, e receber a Deus e a nada prender-se a não ser a Deus.
Então estamos em Jesus Cristo à destra de Deus e todo o universo por toda a
eternidade está aberto a nós e o Espírito de Deus nos é dado para ensinar todas
essas coisas e tornar conhecidos os mistérios de Deus a todos quantos crêem.
Agora recebemos, não o espírito do mundo,
mas o espírito que é de Deus; para que possamos conhecer as coisas que nos são
livremente dadas da parte de Deus.
Portanto, tomemos todos este texto como o
nosso texto de gratidão, nossa oração, à qual dizemos amém. Efés. 3:14-21.
"Por esta causa me ponho de joelhos
diante do PaiI, de Quem toma o nome toda a família, tanto no céu como sobre a
terra, para que, segundo a riqueza da Sua glória, vos conceda que sejais
fortalecidos com poder, mediante o Seu Espírito no homem interior; e assim
habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e
alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é
a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de
Cristo que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a
plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do
que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós, a
Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para
todo o sempre. Amém".
E que todos para sempre digam, Amém e
Amém.
Paulo, apóstolo de Jesus Cristopor vontade
de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis
em Cristo Jesus: (Efés. 1:1).
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.
(Efés. 1:3).
De
convergir nEle, na dispensação
da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra: (Efés.
1:10).
Pois nEle
vivemos, e nos movemos, e existimos, porque dEle também somos geração. (Atos
17:28).
O qual exerceu Ele em Cristo,
ressuscitando-O dentre os mortos, e fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares
celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no
vindouro". (Efés. 1:21).
E juntamente com Ele nos ressuscitou e nos
fez assentar nos lugares celestiais em Cristo
Jesus. (Efés. 2:6).
Tende em
vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus. (Fil. 2:5).
Ora,
todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. (2 Tim. 3:12).
Como está escrito: Por amor de ti, somos
entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o
matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio dAquele
que nos amou. Porque Eu estou bem certo
de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente,
nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus Nosso Senhor.
(Rom. 8:36-39).
E nós conhecemos e cremos o amor que Deus
nos tem. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus
nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que no dia do juízo mantenhamos
confiança; pois segundo Ele é, Também nos somos Neste Mundo. No amor não existe
medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento;
logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. (I João 4:16-18).
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