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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O SACRIFÍCIO ETERNO, O ETERNO PROPÓSITO, COMO ATENDER AO "DAI-LHE GLÓRIA" SERMÃO 20 A.T. JONES


 

O Sacrifício Eterno, O Eterno Propósito

Como Atender ao "Dai-Lhe Glória"

 


Parte 1 

Sermão nº 20 apresentado na

reunião da Conferência Geral de 1895

A.T. Jones

 

      Em João 17:4 a primeira cláusula do verso retrata as palavras de Cristo naquela oração por nós todos: "Eu Te glorifiquei na Terra". Na lição anterior fomos levados a considerar o propósito de Deus com respeito ao homem, inclusive o Seu propósito eterno e que esse propósito se cumpre perante todo o universo em Jesus Cristo na forma de carne humana. O propósito da existência do homem é glorificar a Deus, e isso tem sido demonstrado perante o universo em Jesus Cristo, pois o eterno propósito de Deus concernente ao homem foi proposto em Cristo e levado avante em Cristo por todo homem, desde que o homem pecou, e Ele diz: "Eu Te glorifiquei na Terra". Isso revela que o propósito de Deus na criação é que o homem O glorifique. E o que estudaremos esta noite é como devemos glorificar a Deus, como Deus é glorificado no homem, e o que representa glorificar a Deus.

      Quando estudamos a Cristo e vemos o que Ele fez e o que Deus fez nEle, sabemos o que é glorificar a Deus. E nEle descobrimos qual é o propósito de nossa criação, qual é o propósito de nossa existência, e, de fato, qual é o propósito da criação e existência de cada criatura inteligente no universo.

      Vimos em lições precedentes que Deus somente foi manifestado em Cristo no mundo. O próprio Cristo não Se manifestou; Ele foi esvaziado e tornou-se nós próprios do lado humano, e então Deus, e Deus somente, manifestou-Se nEle. Então, o que significa glorificar a Deus? É estar no lugar onde Deus e Deus somente será manifestado no indivíduo. Este é o propósito da criação e da existência de cada anjo e de cada homem.

      Glorificar a Deus é necessário para cada um estar na condição e na posição em que ninguém, senão Deus, será manifestado, porque essa foi a posição de Jesus Cristo. Assim, disse Ele: "As palavras que Eu vos digo não as digo por Mim mesmo" (João 14:10). "Eu desci do céu, não para fazer a Minha própria vontade; e, sim, a vontade Daquele que Me enviou". "O Pai que permanece em Mim, faz as Suas obras". (João 14:10). "Eu nada posso fazer de Mim mesmo" (João 5:30). "Ninguém pode vir a Mim se o Pai que Me enviou não o trouxer" (João 6:44). "Quem Me vê a Mim, vê o PaiI: como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (João 14:9). "Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro e nEle não há injustiça". (João 7:18).

      Portanto, Ele disse: "As palavras que Eu vos digo não as digo de Mim mesmo" porque como no outro versículo, aquele que fala de si mesmo, ou seja, a partir de si próprio, busca a sua própria glória. Mas Cristo não estava em busca de Sua própria glória. Ele estava buscando a glória dAquele que O enviou; destarte, declarou:  "As palavras que Eu vos digo não as digo de Mim mesmo". Ao fazê-lo, Ele buscava a glória dAquele que O enviou, e consta o registro de que "esse é verdadeiro e nEle não há injustiça". Ele estava tão inteiramente despido de Si mesmo, tão inteiramente distante estava de ser manifestado em qualquer medida, que nenhuma influência derivava dEle, exceto a influência do Pai. Isso se dava em tal extensão que nenhum homem podia ir até Ele, excepto se o Pai a Ele remetesse alguém. Isso revela quão completamente Ele próprio foi mantido numa posição secundária, quão completamente esvaziou-Se. Assim foi feito tão completamente que nenhum homem podia ir a Ele nenhum homem podia sentir qualquer influência dEle ou a Ele ser atraído, exceto a partir do próprio Pai. A manifestação do Pai isso poderia atrair qualquer homem a Cristo.

      Isso apenas ilustra que o grande fato que estamos estudando exatamente agora o que significa glorificar a Deus. É ser tão inteiramente esvaziado do eu que nada, senão Deus, se manifestará e nenhuma influência derivará do indivíduo a não ser a influência de Deus tão esvaziado que tudo, toda palavra tudo quanto é manifesto será somente de Deus e falará tão-só do Pai.

       "Eu Te glorifiquei na Terra". Quando Ele esteve sobre a Terra achava-Se em nossa carne humana, pecaminosa, e quando Se esvaziou e Se manteve em posição secundária, o Pai nEle habitou e Se manifestou através Dele de tal modo que todas as obras da carne foram abafadas, e a glória excepcional de Deus, o caráter de Deus, a bondade de Deus, foram manifestados em lugar de qualquer coisa do humano.

      Isso é o mesmo que vimos numa lição anterior, de que Deus manifesto em carne, Deus manifesto na natureza pecaminosa, é o mistério de Deus não Deus manifesto em carne sem pecado. Isso significa dizer, Deus habitará em tal medida em nossa carne pecaminosa hoje que embora essa carne seja pecaminosa, sua pecaminosidade não será sentida ou reconhecida, nem exercerá influência alguma sobre outros, de que Deus habitará de tal modo na carne pecaminosa que a despeito de toda a pecaminosidade da carne pecaminosa, Sua influência, Sua glória, Sua justiça, Seu caráter, serão manifestos onde quer que essa pessoa vá.

      Esse foi precisamente o que se deu com Jesus na carne. Assim DeusS tem-nos demonstrado a todos como devemos glorificar a Deus. Ele tem demonstrado ao universo como o universo deve glorificar a Deus ou seja, que Deus e Deus somente será manifestado em toda inteligência do universo. Essa foi a intenção de Deus desde o princípio. Esse foi o Seu propósito, Seu eterno propósito, que Ele propôs em Cristo Jesus, nosso Senhor.

      Devemos lê-lo agora. Teremos ocasião de referir-nos a isso posteriormente. Leremos o texto que fala disso numa palavra. Efés. 1:9,10: "Desvendando-nos o mistério a Sua vontade, segundo o Seu beneplácito que propusera em Cristo". Qual é essa vontade que Ele havia proposto nEle? Ele, sendo o Deus terno, propondo a Sua vontade nEle, sendo esse o Seu próprio propósito o mesmo que é referido noutro lugar como o "eterno propósito". Qual é o eterno propósito que Ele propôs em Cristo Jesus, o Senhor? Eis aqui: "De fazer convergir nEle, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da Terra".

      Reconsidere tudo agora e pense em como Deus "pôde reunir todas as coisas em Cristo". Quem é Aquele em quem Deus reúne todas as coisas em Cristo? Esse é Deus. Quem estava em Cristo? "Deus estava em Cristo". Ninguém foi manifestado, mas Deus. Deus habita em Cristo. Agora em Cristo Ele está reunindo "todas as coisas, tanto as do céu como as da Terra". Portanto, o Seu propósito na dispensação da plenitude dos tempos é reunir nEle todas as coisas em Cristo. Mediante Cristo, por Cristo, e em Cristo, todas as coisas no céu e na Terra são reunidas em um Deus, de modo que Deus somente será manifestado por todo o universo, de modo que quando se completar a dispensação dos tempos e o eterno propósito de Deus se apresente completo diante do universo, aonde quer que olhemos, sobre quem quer que seja que olhemos, veremos a Deus refletido. Verão todos a imagem de Deus refletida. E Deus será "tudo em todos". É isso que vemos em Jesus Cristo. 2 Cor. 4:6: "Porque Deus que disse: 'De trevas resplandecerá luz', Ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conheci­mento da glória de Deus na face de Cristo".

      Contemplamos a face de Jesus Cristo. O que vemos? Vemos a Deus. Não vemos a Cristo refletido na face de Jesus Cristo. Ele esvaziou-Se para que Deus pudesse ser refletido, para que Deus pudesse brilhar à vista do homem que não poderia suportar a Sua presença em carne humana. Jesus Cristo assumiu a carne do homem que, como um véu, modificou de tal modo os raios da glória divina a fim de que pudéssemos ver e viver. Não podemos olhar para a face desvelada de Deus na mesma maneira em que os filhos de Israel não podiam contemplar a face de Moisés. Portanto, Jesus reúne em Si mesmo a carne humana e recobre a glória refulgente e consumidora do Pai, de modo que nós, olhando para Sua face, podemos ver a Deus refletido e podemos vê-Lo e amá-Lo tal como Ele é e assim ter a vida que há nEle.

      Esse pensamento é observado em 2 Cor. 3:18. Irei mencionar por alto o versículo neste momento. Teremos ocasião de referir-nos a ele novamente antes de concluirmos a lição. "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor". Onde contemplamos a glória do Senhor? Na "Sua própria imagem". Mas é dito aqui que contemplamos como num espelho. Para que serve um espelho? Um espelho não fornece luz de si mesmo. Um espelho reflete a luz que sobre ele cai. Nós todos, com rosto desvendado, contem­plamos na imagem de Jesus Cristo, como por um espelho, a glória do Senhor; portanto, Cristo é Aquele mediante Quem o Pai é refletido para o universo inteiro.

      Ele somente poderia refletir o Pai em Sua plenitude, porque as Suas saídas são desde os dias da eternida­de, e, como é dito no oitavo capítulo de Provérbios, "Eu estava com Ele e era Seu arquiteto". Ele era um de Deus, igual a Deus e Sua natureza é a natureza de Deus. Portanto, uma grande necessidade que Ele somente poderia vir ao mundo e salvar o homem foi devido a que o Pai desejou manifestar-Se plenamente para os filhos dos homens, e ninguém no universo poderia manifestar o Pai em Sua plenitude, exceto o Filho unigênito, que está na imagem do Pai. Nenhuma criatura poderia fazê-lo por não ser suficientemente grande. Somente Aquele cujas saídas foram desde os dias da eternidade poderia fazê-lo; consequentemente, Ele veio e Deus habitou nEle. Quanto? "Toda a plenitude da Divindade" é refletida nEle "corporalmente". E isso não é somente para os homens sobre a Terra, mas dá-se a fim de que na dispensação da plenitude dos tempos Ele pudesse reunir num em Cristo todas as coisas que estão no céu e sobre a Terra. Em Cristo Deus é manifestado aos anjos e refletido aos homens no mundo dum modo em que não podem ver a Deus diferentemente.

      Assim, pois, temos tanto a aprender a respeito do que significa glorificar a Deus e sobre como isso é feito. Significa ser tão esvaziado do eu que Deus somente será manifestado em Sua justiça, Seu caráter, que é a Sua glória. Em Cristo é revelado o propósito do Pai com respeito a nós. Tudo quanto se deu em Cristo foi revelar o que será feito em nós, pois Ele foi a nós próprios. Portanto, devemos constantemente ter em mente o grande pensamento de que devemos glorificar a Deus sobre a Terra.

      NEle e por Ele descobrimos aquela mente divina que em Cristo Se esvaziou de Sua justa personalidade. Por essa mente divina, nossa injustiça é esvaziada, a fim de que Deus possa ser glorificado em nós e se faça verdade em nós Suas palavras "glorifiquei a Ti sobre a Terra".

      Leiamos aqueles dois versos em Coríntios agora para nosso próprio benefício: Há pouco os lemos da perspectiva divina. "Porque Deus que disse: 'De trevas resplandecerá luz', Ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo". 2 Cor. 4:6. Olhemos para nós agora. O que, em primeiro lugar, Deus realizou? Resplandeceu em nossos corações. Para quê? "Para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo". Percebem, pois, que Deus em Jesus Cristo está Se mani­festando, revelando-Se da face de Cristo Sua glória a qual, refletida em nós, refulge também para outros? Portanto, "vós sois a luz do mundo". Somos a luz do mundo porque a luz da glória de Deus, resplendendo a partir de Jesus Cristo em nossos corações, se reflete aos outros, de modo que as pessoas nos vendo, vêem as nossas boas obras e podem glorificar a Deus no "dia da visitação". "Possam glorificar ao Pai que está nos céus".

      Estudem o processo. Lá está o Pai, habitando na luz de que nenhum homem pode aproximar-se, que nenhum homem jamais viu, nem pode ver, de tão transcendente glória, de tão consumidor fulgor de santidade, que nenhum homem poderia contemplar e viver. Mas o Pai deseja que olhemos para Ele e vivamos. Portanto, o unigênito do Pai submeteu-Se livremente como o dom e tornou-se como nós na carne humana a fim de que o Pai nEle pudesse velar de tal modo a Sua glória consumidora e os raios de Seu fulgor, de maneira que pudéssemos ver e viver. E quando olhamos para ali e vivemos, esse brilho, essa glória fulgurante da face de Jesus Cristo reflete-se em nossos corações e é transmitida para o mundo.

      Agora, o último verso do terceiro capítulo novamente: "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Sennor, somos transformados de glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito". A imagem de quem? A imagem de Jesus Cristo. Somos "transformados de glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito". Jesus Cristo refletia a imagem de Deus; nós, mudados na mesma imagem, refletiremos a imagem de Deus.

      A versão alemã oferece outro texto, ainda mais enfático do que o nosso aqui. Lerei o equivalente no inglês: "Mas agora está refletido em nós toda a glória do Senhor". Percebem? "Mas agora em nós todos está refletida a glória do Senhor". A idéia em nossa versão inglesa e esta idéia no alemão são ambas corretas. Vemos na face de Cristo a glória e somos mudados na mesma imagem de glória em glória, e então há também refletida em nós a glória do Senhor.

      Agora lerei o resto do versículo no alemão: "Mas agora está refletida em nós todos a glória do Senhor com face descoberta e somos glorificados na mesma imagem de uma glória a outra como de parte do Senhor, que é o Espírito". O Senhor que é o Espírito; o verso precedente declarou que o Senhor é esse Espírito.

      Assim, podem ver que o sentido todo é que Deus será glorificado em nós, para que sejamos glorificados por essa glória e que isso pode ser refletido a todos os homens por toda parte a fim de que possam crer em Deus e glorificá-Lo.

      Observem agora novamente o capítulo décimo sétimo de João. Traz o mesmo relato ali em João 17:22. Lerei novamente os versos 4 e 5:

      "Eu Te glorifiquei na Terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer; e agora, glorifica-Me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo".

      Agora, o verso 22: "Eu lhes tenho transmitido a glória que Me tens dado"'. Ele no-la tem dado. Portan­to, ela nos pertence. Essa glória pertence ao crente em Jesus. E quando nos submetemos a Ele, Ele nos concede aquela mente divina que nos esvazia e então Deus em Jesus Cristo resplandece em nossos corações do qual é refle­tida a Sua própria glória, Sua própria imagem divina. E isso será tão perfeitamente cumprido que quando Ele vem a todo crente sobre o qual lança os olhos, verá a Si próprio. "Ele Se assentará como um ourives e purificador de prata". Ele Se vê a Si próprio refletido em Seu povo de modo que todos reflitam a imagem e glória de Deus.

      Empreguemos coisas naturais a fim de que possamos, se possível, ver isto de modo mais claro. Ali está o sol brilhando no céu. Vocês e eu gostaríamos de olhar o sol e vê-lo como ele é. Mas mesmo um relance ofusca de tal modo os nossos olhos que leva um tempo para recuperarem sua força natural. Assim, não podemos olhar o sol para contemplar as glórias que lá estão. O sol possui glórias e belezas ao brilhar nos céus. Agora, se se valerem de um prisma um de três faces, três pedaços de vidro em ângulo agudo e o submeterem à luz solar de modo que os raios do sol brilhem através dele, verão refletidos sobre a parede, sobre o terreno, ou onde quer que possa cair o reflexo em tal reflexo verão o sol tal como é. Mas o que observarão? Como se chama aquilo? Um arco-íris. E o que é mais belo do que um arco-íris? Não podem ter um conjunto mais maravilhoso de cores do que no arco-íris, mas esse arco-íris é simplesmente o sol, com sua glória tão distribuída que podemos olhá-lo diretamente e ver quão bonito é. Olhamos adiante. Toda essa glória ali está, mas não podemos vê-la ali. Não podemos vê-la em face do sol. O sol é por demais fulgurante. Nossos olhos não estão acostumados à luz. Não podemos suportá-la. Portanto, o prisma toma essa glória e faz com que brilhe com raios tais que possamos olhá-la. E isso nos capacita a ver o sol como não poderíamos fazê-lo doutro modo. Contudo, quando olhamos o arco-íris, estamos somente olhando o sol. Olhando o arco-íris simplesmente vemos a glória que há no sol segundo brilha no céu. Contemplando a face aberta do sol não podemos vê-lo como é. Mas encarando o reflexo, vemos a glória do sol numa forma que nos deleita fazê-lo.

      Agora, Deus sempre é tão mais brilhante do que o sol. Se o sol ofusca os nossos olhos por um mero relance, o que faz a glória transcendente do Senhor sobre nossos olhos mortais e pecaminosos? Ele nos consumiria. Portanto, não podemos contemplá-Lo tal como é em Sua glória desvelada e não alterada. Nossa natureza não tem condições de suportá-la. Mas Ele deseja que vejamos a Sua glória. Deseja que todo o universo contemple a Sua glória. Portanto, Jesus Cristo colocou-Se aqui entre o Pai e nós, e o Pai faz com que toda a Sua glória seja Nele manifesta, e assim como resplandece de sua face, a glória é distribuída de tal forma, tão modificada, que podemos olhá-la, e é tornada tão bela que nos deleitamos nela. Então somos capacitados a ver a Deus como Ele é. Em Jesus Cristo nada vemos que não seja de Deus no pleno fulgor de Sua glória desvelada.

      Agora o sol refulge nos céus naturais dia após dia e todas essas glórias Ele torna conhecidas aos filhos dos homens e lugares diante dos filhos dos homens. Tudo quanto o sol precisa a fim de conservar suas glórias sempre perante nós dessa bela maneira é um prisma um meio mediante o qual brilhar para a refração de Sua glória, e algo sobre que esses raios caiam para refletirem após terem passado pelo prisma. Poderiam ter um arco-íris todo dia do ano se tivessem um prisma e algo sobre que os raios refratados pudessem ser mostrados.

      Assim também podem ter a glória de Deus manifesta cada dia do ano, se apenas mantiverem a Jesus Cristo perante os olhos como um bendito prisma para refratar os brilhantes raios da glória de Deus e a si próprio apresentado a Deus tal como Deus gostaria que esses raios refratados se fizessem visíveis no reflexo. Então, não somente nós, mas outras pessoas constantemente verão a glória de Deus. Tudo quanto Deus deseja, tudo quanto Ele necessita, a fim de que o homem veja e conheça a Sua glória é um prisma mediante o qual brilhar. Em Jesus Cristo isso é concedido de modo completo. A seguir Ele deseja algo sobre que esses raios refratados possam repousar e ser refletidos, para que as pessoas possam vê-los. Permitirão que ali fique, aberto aos refratados raios da glória de Deus, ao brilharem mediante esse bendito prisma que é Cristo Jesus? Que esses raios da glória de Deus caiam sobre nós a fim de que os homens olhando para nós possam ver refletida a glória de Deus. É isso que se deseja.

      Outro pensamento: Tome o seu prisma e segure-o contra o sol. Os raios refratados de luz caem sobre a parede da casa e observem no reflexo o belo arco-íris! Mas esse muro rebocado é apenas barro. Pode esse barro manifestar a glória do sol? Pode o sol ser glorificado por esse barro? Sim. Certamente. Pode esse barro refletir os brilhantes raios do sol de modo que seja belo? Como pode o barro fazê-lo? Oh, não está no barro. Está na glória. Podem segurar o prisma contra o sol e deixar que os raios refratados caiam sobre a Terra. Podem mantê-lo ali, e para que a Terra possa manifestar a glória do sol, não porque a Terra tenha qualquer glória, mas devido à glória do sol.

      É demais, portanto, que pensemos que a carne pecaminosa, tal como a nossa, indignos pó e cinzas, como somos é demais pensar que indivíduos como nós possam manifestar a glória do Senhor, refratada mediante Jesus Cristo a glória do Senhor refulgindo da face de Jesus Cristo? Pode dar-se que vocês são barro; pode dar-se que sejam os mais baixos sobre a Terra; pode dar-se que sejam pecadores como qualquer homem o é, mas simplesmente ponham-se ali e permitam que a glória refulja sobre vocês como Deus gostaria que ocorresse e então glorificarão a Deus. Oh, quão freqüentemente a desencorajadora pergunta é formulada: "Como pode alguém como eu glorificar a Deus?" A virtude não está em nós, está na glória. Isso é o que significa glorificar a Deus.

      Requer o esvaziamento do eu a fim de que Deus em Cristo possa ser glorificado. A mente de Cristo faz isso, e assim Deus é glorificado. Conquanto tenhamos sido pecadores por toda a nossa existência e nossa carne seja pecaminosa, Deus é glorificado, não pelo mérito que existe em nós, mas pelo mérito que há na glória. E é esse o propósito pelo qual Deus criou todo ser no universo. É que todo ser seja um meio de refletir e tornar conhecido o fulgor da glória do caráter de Deus como revelado em Jesus Cristo.

      Muito além, no passado, houve alguém que era tão brilhante e glorioso pela glória do Senhor que começou a dar a si próprio crédito por isso e propôs brilhar por si mesmo. Propôs-se a refletir luz de si mesmo. Mas desde então não tem brilhado com nenhuma luz real. Tudo tem sido trevas desde então. Essa é a origem das trevas no universo. E os resultados que disso derivam, desde o início até o último resultado que jamais dele advirá, são simplesmente os resultados daquele esforço para manifestar o eu, para deixar o eu brilhar, para glorificar a si mesmo. E o fim disso é que tudo perece e termina em nada.

      Glorificar o eu é terminar em nada, deixar de existir. Glorificar a Deus é continuar eternamente. A razão por que Ele faz as pessoas é para que O glorifiquem. Aquele que O glorifica não pode senão viver por toda a eternidade. Deus deseja seres tais no universo. A questão para todo homem de fato será: "Ser ou não ser; essa é a questão". Decidiremos ser, e ser um meio de glorificar a Deus por toda a eternidade? Ou decidiremos glorificar o eu por um pequeno tempo e isso somente em trevas, e então partir para a escuridão eterna? Oh, em vista do que Deus realizou, não é difícil decidir que escolha deve ser feita. Não é difícil decidir. Então não será nossa escolha agora e para sempre escolher somente a maneira de Deus? Decidir glorificá-Lo e a Ele somente?

      Agora, outra palavra quanto a que isso implica. Eis aqui uma passagem em João 12:23:

      "Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem".

      Daí, novamente, no verso 27:

      "Agora está angustiada a Minha alma, e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora".

      O que, disse então, Ele? "Pai, glorifica o Teu nome". Ali estava Ele, à sombra do Getsêmani. Sabia que era vinda a hora e também compreendia o que aquilo representava. Ali estava aquela angústia pressionando a Sua alma divina e levando-O a dizer: "Que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora". A única coisa, pois, que havia a dizer, ao chegar Ele àquela hora para tal propósito, a única coisa que pôde dizer foi: "Pai, glorifica o Teu nome". Após isso deu-se o Getsêmani, a cruz e a morte. Mas nessa submissão, "Pai, glorifica o Teu nome", estava tomado o passo que deu-Lhe vitória no Getsêmani e sobre a cruz, e sobre a morte.

      Houve Sua vitória e vocês e eu iremos àquele lugar muitas vezes. Temos estado já naquele lugar onde vem um tempo em que sobre mim pode ser feita essa exigência. Essa experiência tem de ser enfrentada e considerando-a como se apresenta e como a vemos, seremos tentados a dizer: "Oh, será necessário que se tenha de suportar isso? Não é até mais do que Deus requer que um homem suporte? "Agora está angustiada a Minha alma, e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora?" Quem O trouxe para essa hora? Que O fez deparar essa dificuldade? Como chegou aí? O Pai está lidando conosco; Ele nos levou até ali. Então, quando sob a Sua mão somos levados ao ponto em que parece como se custasse a um homem a sua própria alma suportá-lo, o que diremos? Pai, salva-me dessa hora? Ora, por essa razão vim para esta hora. Ele me trouxe até ali para um propósito. Posso não saber qual é a experiência que Ele tem para mim além dessa; posso não saber qual é a experiência que Ele tem reservado para mim além disso; posso não saber qual é o propósito divino nessa prova, mas de uma coisa sei. Decidi glorificar a Deus. Decidi que Deus, em lugar de mim mesmo, será glorificado em mim, que o Seu caminho será encontrado em mim em lugar de meu caminho. Portanto, não podemos dizer, PaiI, salva-me dessa hora. A única coisa a fazer é curvar-nos em submissão; a única palavra a dizer é, Pai, glorifica o Teu nome. O Getsêmani pode seguir-se imediatamente. A cruz certamente seguir-se-á, mas é a vitória nesse Getsêmani. É a vitória sobre aquela cruz e sobre tudo que possa vir.

      Isso certamente é verdade porque Deus não nos deixa sem a palavra. Leia adiante agora.

      O que diremos? Pai, salva-me desta hora? mas por esta causa eu vim para esta hora. Pai, glorifica o Teu nome. Então veio uma voz do céu, dizendo: "Tenho-O glorificado e O glorificarei novamente".

      Essa palavra é para vocês e para mim em toda provação, porque "a glória que Me deste, Eu lhes dei". A nós pertence. Ele verá que é refletida sobre nós e mediante nós a fim de que os homens saibam que Deus é ainda manifesto na carne. Qual, então, será a nossa escolha? Que isso seja determinado de uma vez por todas. É, ser, ou não ser? O que escolheremos? Ser? Mas ser significa glorificar a Deus. O único propósito da existência no universo é glorificar a Deus. Portanto, a escolha por ser é a escolha de glorificar a Deus e a escolha de glorificar a Deus é a escolha de que o eu seja esvaziado e perdido, e Deus somente apareça e seja visto.

      Então, quando tudo for realizado, o capítulo 15 de I Coríntios oferece a grande consumação. Versos 24 a 28:

      "E então virá o fim, quando Ele entregar o reino ao Deus e PaiI, quando houver destruído todo principa­do, bem como toda potestade e poder. Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos Seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos Seus pés. E quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas, certamente exclui aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então o próprio Filho também Se sujeitará àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos".

      Tudo em quantos? Ele será tudo em mim; Ele será tudo em vocês; Ele será tudo em todos mediante Jesus Cristo. Ali vemos o plano completo--de que o universo inteiro e tudo nele reflita a Deus.

      Este é o privilégio que Deus estabeleceu perante todo ser humano. É o privilégio que Ele estabeleceu perante toda criatura no universo. Lúcifer e multidões delas que com ele foram recusaram-na. Os homens a recusaram. O que eu e você faremos? Aceitaremos o privilégio?

      Vejamos se podemos obter alguma idéia da medida desse privilégio. O que custou trazer esse privilégio a vocês e a mim? Quanto custou? Custou o infinito preço do Filho de Deus.

      Agora, a pergunta: Foi esse um dom de somente trinta e três anos? Em outras palavras, tendo consistido em eternidade até que Ele veio a este mundo, veio Jesus então a este mundo como o fez por somente trinta e três anos, e então retornou ao que era antes, para consistir em todos os aspectos como era antes através da eternidade vindoura? E assim o Seu sacrifício será praticamente por somente trinta e três anos? Foi aquele um sacrifício por somente trinta e três anos? Ou foi um sacrifício eterno? Quando Jesus Cristo deixou os céus, Ele Se esvaziou e mergulhou em nós por quanto tempo foi isso? Esta é a questão. E a resposta é que isso foi por toda a eternidade. O Pai renunciou a Seu Filho por nós, e Cristo entregou-Se por toda a eternidade. Nunca outra vez será Ele em todos os respeito como foi antes. Ele entregou a Sua vida por nós.

      Agora, não me empenho em definir isso. Simplesmente lerei uma palavra sobre isso do Espírito de Profecia para que saibam ser um fato e para que saibam que não estamos sobre terreno seguro, e então a acatemos como a verdade bendita e deixemos a sua explicação com Deus e a eternidade. Eis aqui a palavra:

      "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito". Ele O deu não apenas para habitar entre os homens, para suportar os seus pecados e morrer o sacrifício deles; deu-O à raça caída. Cristo devia identificar-Se com os interesses e necessidades da raça humana. Aquele que é um com Deus ligou-Se com os filhos dos homens por laços que nunca devem ser desfeitos.

      Em que ponto ligou-Se conosco? Em nossa carne, em nossa natureza. Em que medida uniu-Se a nós? "Por laços que nunca serão desfeitos". Graças a Deus! Então Ele renunciou à natureza de Deus, que tivera com Deus antes que o mundo existisse, e assumiu a nossa natureza, e carrega a nossa natureza para todo o sempre. Esse é o sacrifício que ganha os corações dos homens. Fosse isso considerado, como muitos realmente o consideram, que o sacrifício de Cristo somente perdurou por trinta e três anos e então morreu a morte da cruz e voltou para a eternidade em todos os aspectos como fora antes, os homens poderiam argumentar que em vista da eternidade anterior, e a eternidade posterior, trinta e três anos não é um sacrifício tão infinito, afinal de contas. Mas quando consideramos que Ele mergulhou Sua natureza em nossa natureza humana por toda a eternidade, esse é um sugestivo sacrifício. Esse é o amor de Deus. E nenhum coração pode argumentar contra isso. Não há coração neste mundo que possa arrazoar contra esse fato. Aceite-o ou não o coração, creia nisso ou não o homem, há um poder compulsivo nesse fato, e o coração deve permanecer em silêncio ante a presença da tremendo realidade.

      Esse é o sacrifício que Ele fez, e prossigo lendo:

      "Aquele que é um com Deus ligou-Se com os filhos dos homens por laços que nunca serão desfeitos". Jesus não se envergonha "de chamá-los irmãos"; nosso Sacrifício, nosso Advogado, nosso Irmão, carregando nos­sa forma perante o trono do Pai e por eras eternas, um com a raça que redimiu o Filho do homem.

      Isto é o que custa: O eterno sacrifício dAquele que era um com Deus. É isso que custa levar aos homens o privilégio de glorificar a Deus.

      Agora, outra questão: Foi o privilégio ali digno do sacrifício? Ou foi o preço pago para criar o privilégio? Por favor, pense nisso cuidadosamente. Qual é o privilégio? Temos descoberto que o privilégio trazido a toda alma é glorificar a Deus. O que custou trazer-nos tal privilégio? Custou o sacrifício infinito do Filho de Deus. Agora, fez Ele o sacrifício para criar o privilégio, ou estava ali o privilégio e valeu o sacrifício?

      Vejo ser esta uma nova reflexão para muitos de vocês, mas não a temam. Está correta. Por favor, considere-a cuidadosamente e pensem. Isso é tudo quanto se faz necessário. Repetirei, até duas ou três vezes, se neces­sário, pois vale plenamente a pena o fazê-lo. Desde que esse bendito fato veio até mim, o sacrifício eterno do Filho de Deus representa um sacrifício eterno inteiramente por mim, a palavra tem estado sobre minha mente quase incessantemente: "Andarei mansamente perante o Senhor todos os meus dias".

      A questão é, Ele criou o privilégio por fazer o sacrifício? Ou estava já ali o privilégio e o perdemos, e valeu a pena o sacrifício que  Ele fez para no-lo trazer outra vez?

      Então, quem pode avaliar o privilégio que Deus nos dá no bendito privilégio de glorificá-Lo? Nenhuma mente o poderá entender. Para que valha a pena o sacrifício pago por Ele -- um sacrifício eterno -- Oh, não fez bem Davi quando exclamou: "Senhor.tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir"?

      "Grande é o mistério da piedade; pois Deus foi manifesto em carne". O Filho do homem recebido em glória significa nós próprios. E nisso Ele nos trouxe o infinito privilégio de glorificar a Deus. Isso valeu o preço que foi pago. Jamais poderíamos ter imaginado que o privilégio fosse tão imenso. Mas Deus contemplou o privilégio, Jesus Cristo contemplou o privilégio do que é glorificar a Deus. E contemplar isso e ver onde fomos, foi dito que valeu a pena o preço. Cristo declarou: "Eu pagarei o preço". "Porque Deus amou o mundo de tal manei­ra que deu o Seu Filho unigênito", e assim trouxe-nos o privilégio de glorificar a Deus.

COMO ATENDER AO “DAI-LHE GLÓRIA”

 - Parte II

 

Sermão nº 21 apresentado na

reunião da Conferência Geral de 1895

A.T. Jones

 

 

      Estamos ainda estudando o que temos em Cristo. Não devemos esquecer que o Senhor nos ressuscitou e nos estabeleceu em Cristo à Sua própria destra na existência celestial. E graças ao Senhor que é ali onde Ele habita, em Seu glorioso reino. Estamos ainda estudando o que temos nEle, onde Ele está e que privilégios e riquezas nEle temos a nosso dispor.

      Começaremos esta lição esta noite com Efés. 2:11, 12, 19:

      "Portanto, lembrai-vos de que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos  às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.

      "Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus".

      Bem, estou feliz com isso. Nosso lugar está completamente mudado, nossa condição transformada. E tudo isso é realizado em Cristo; essa mudança é operada em nós nEle, pois "Ele é a nossa paz".

      Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos [Deus e nós, um] fez um; e, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, para que dos dois criasse em Si mesmo um novo homem, fazendo a paz. porque, por Ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. Assim [em razão de termos acesso ao Pai nEle] já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos.

      O texto alemão dá outro sentido às palavras no verso 19: "Agora, pois, não mais sois hóspedes e estrangeiros, mas cidadãos". A força disso será vista mais claramente quando eu mencionar que em Levítico, onde nossa Bíblia reza "estrangeiros e peregrinos contigo" o alemão traz "estrangeiros e peregrinos estão contigo". Destarte, em Cristo não mais somos estrangeiros e peregrinos; não somos nem mesmo visitantes. Estamos mais perto do que isso.

      Novamente, Efésios 2:19:

      "Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus".

      Um hóspede não é membro da família; é apenas alguém bem recebido, mas meramente vem e vai. Mas aquele que pertence à família vem para ficar. O termo alemão onde nossa palavra "família" é empregada nos ajudará a ver o real sentido implícito. A palavra é Hausgenossen e deriva de essen, que significa "comer". Haugenossen é alguém que come na casa e ali reside. Ele está em casa, e quando entra, não o faz como um visitante. Ele entra porque pertence àquele lugar.

      Esse texto mostra o contraste até aqui entre o que éramos e o que somos, mas há outros textos que nos trazem ainda mais próximo disso. Volvamo-nos ao quarto capítulo de Gálatas, começando com o primeiro verso e obtenhamos o pleno contraste:

      "Digo, pois, que durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai. Assim também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai. De sorte que já não és escravo".

      Não estamos na casa como um servo não mais somos servos. Somos servos do Senhor, isso é certo, e nosso serviço é dedicado ao Senhor, mas o que estamos estudando agora é nosso relacionamento com o Senhor e o lugar que Ele nos concede na família.

      Isso mostra que o Senhor nos concede um relacionamento mais íntimo Consigo do que o que se atribui a um servo numa casa de família. Não estamos nessa família celestial como servos, mas como filhos.

      "De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus". A visão que nos é dada aqui é a de filho, que pode ser filho único; toda a propriedade dos pais lhe será atribuída no curso regular do processo de herança, mas ele é uma criança ainda, e está sob tutores e curadores, e é treinado e conduzido do modo como o pai deseja até que alcance a idade em que o pai o chamará a mais íntimo relacionamento consigo nos assuntos familiares e nos negócios, e todas as questões relativas à propriedade. Ele tem algo mais para aprender antes de ser levado a esse relacionamento mais íntimo, mesmo com relação ao pai, mas quando tiver recebido o treinamento que seu pai designou-lhe e tiver alcançado a idade apropriada, então o pai o leva para mais íntimo relacionamento consigo. Ele tudo lhe dirá a respeito dos negócios. Pode dar-lhe parceria nos negócios e permitir que o supervisione em igualdade consigo.

      Vejamos agora João 15:13-15. É Cristo que está falando: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois Meus amigos; se fazeis o que Eu vos mando. Já não vos chamo de servos," chamo-vos filhos, porque o filho mora na casa para sempre. Existe uma boa razão por que Jesus não mais nos chama de servos. Haveremos de morar na casa para sempre. Pertencemos àquele lugar; nosso lar é ali. "Não vos chamo servos," chamo-vos filhos, porque o filho mora na casa para sempre. Éramos estrangei­ros e peregrinos antes; Ele nos trouxe para mais perto do que jamais um servo que pensasse em viver na casa enquanto vivesse. Ele nos trouxe para mais perto do que um filho que ainda não atingiu a condição de maturidade. Ele nos leva para além disso tudo, para a condição de amigos e filhos em possessão, para ser levados aos concílios com Aquele que é o cabeça e possuidor de toda a propriedade.

      Leiamos o restante do verso: "Já não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu se­nhor; mas tenho-vos chamado amigos". Ele não nos chama de servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Ele nos chama de amigos, porque não nos omitirá coisa alguma. Jesus declara: "Não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor". Eu vos levo para mais perto do que isso. Eu vos chamo de ami­gos. Porquê? "Tenho-vos chamado de amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer".

      Como podem ver, portanto, Ele propõe-Se a conduzir-nos para os Seus conselhos domésticos. Ele não tem segredos para nos ocultar. Ele não se propõe a omitir-nos nada. Isso não quer dizer que nos contará tudo num dia. Não pode fazer isso, porque não somos suficientemente grandes para assimilar tudo, caso o tentasse. Mas o fato é que Ele nos diz: "Tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer". Sois benvindos ao conhecimento de tais coisas. Mas nos dá tempo para podermos apreender Sua verdade. Quanto tempo nos concede? A vida eterna, a eternidade. Assim, dizemos: "Senhor, vá em frente; toma o Teu tempo. Dize-o. Declara-nos a Tua própria vontade. Nós esperaremos para aprender".

      Agora, consideremos Efésios novamente. Há uma palavra que, tirada do alemão, ilustra isto ainda mais plenamente. Efés. 1:3-9:

      "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo [no alemão reza: "possessões celestiais"], assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para louvor da glória de Sua graça, que Ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo Seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da Sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito que propusera em Cristo".

      "Desvendando-nos o mistério da Sua vontade"; o termo alemão para "mistério" aqui é geheimnis. Geheimnis, em alemão, é, logicamente, o mesmo que nossa palavra "mistério". É um segredo. Mas remontemos à raiz dessa palavra e então veremos o segredo que aqui buscamos. Agora, é verdade que geheimnis é uma coisa secreta ou algo misterioso, oculto ou encoberto. Agora secretamente, em alemão, é heimlich. José de Arimatéia era um discípulo do Senhor, mas heimlich--por temor dos judeus; isto é, secretamente por temor dos judeus. Mas o que esse heimlich significa? Heim é lar. Geheimnis refere-se aos negócios domésticos privados, ou mais literalmente, os segredos de uma casa. Em toda família há o que se conhece como segredos de família. Pertencem por direito somente à família. Um estranho não pode intrometer-se nisso. Um convidado pode vir e ir-se, mas jamais terá direito a familiarizar-se com qualquer desses segredos de família. Não lhe são dados a conhecer. Agora, essa palavra "segredo" a coisa secreta nos negócios familiares, entre marido e mulher e filhos essas coisas que pertencem particularmente à família, aos interesses domésticos, e aos conselhos secretos da família essa é a idéia implícita na palavra alemã para "segredo" ou "mistério". Assim, Jesus está agora nos levando ao Seu lar e nos torna conhecidos os geheimnis de Sua vontade os segredos familiares da família celestial. O Senhor nos leva para um relacionamento tão íntimo Consigo que as coisas secretas da família até mesmo os mais profundos segredos familiares não nos são omitidos. Ele assim o diz.

      Há outro versículo que podemos ler. Agora, observem: há negócios dessa família divina, há segredos dessa família, que datam de tempos bem remotos, de bem antes de termos adentrado a família. Éramos estranhos à família. Não tínhamos ligação com a família em absoluto. Mas o Senhor chamou e viemos, e agora Ele nos adotou na família e nos leva a essa íntima relação Consigo, no que Se propõe a tornar-nos conhecidos todos os segredos da família. A fim de assim fazer, como descobrimos há pouco, precisamos de um longo tempo para estar lá, e, de qualquer modo, Ele precisa de um longo tempo para fazê-lo, porque nossa capacidade é tão pequena em comparação com a grande riqueza disso, que levará bastante tempo para que Ele o cumpra.

      Mais ainda: precisamos de alguém para nos dizer isso, que esteja familiarizado com os assuntos da famí­lia desde o princípio. Haverá alguém na família familiarizado com todos os negócios da casa desde o princípio e que terá empenho para nos mostrar ao redor e dizer-nos o que precisamos saber? Volvamo-nos a Provérbios 8, começando com o verso 22:

      "O Senhor me possuía no início de Sua obra, antes de Suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida; desde o princípio, antes do começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados; antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda Ele não tinha feito a terra, nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando Ele criava os céus, aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima, quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu termo, para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os fundamentos da terra; então eu estava com Ele e era Seu arquiteto".

      Agora, Ele é Aquele que me disse e a mim a vocês, "Já não vos chamo servos", e sim de amigos, pois "o servo não sabe o que faz o seu senhor. Tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer". Ele não só nos concede tempo para que no-lo conte, mas é Aquele que Se qualifica para contá-lo, porque ali tem estado desde o princípio. Ele conhece todos os negócios e declara que Se propõe a nada nos omitir. Bem, irmãos, isso demonstra que Ele tem muita confiança em nós. Lerei uma palavra que veio na última correspondência da Austrália e vocês reconhecerão a voz:

      "Não só é o homem perdoado mediante o sacrifício expiatório, mas pela fé ele é aceito mediante o Amado. Retornando a sua lealdade para com Deus, cuja lei tem transgredido, ele não é meramente tolerado, como honrado como um filho de Deus, membro da família celestial. Ele é um herdeiro de Deus e co-herdeiro com Jesus Cristo".

      Mas é tão natural pensar a respeito de nós mesmos que Ele deveras somente nos tolera quando cremos em Jesus; pensar que por forçá-lo a fazer isso Ele pode suportar nossos descaminhos um pouco mais, se por al­gum modo podemos nos tornar suficientemente bons de modo a que Ele possa gostar de nós o suficiente para ter confiança em nós. Digo, é tão natural colocar-nos nessa posição. E Satanás está tão pronto para falar-nos nesse sentido e conseguir pôr-nos nessa posição.

      Mas o Senhor não deseja que fiquemos hesitantes e duvidosos quanto a nossa posição diante dEle. Não, em absoluto. Ele declara: "Quando credes em Mim, quando Me aceitais, sois aceitos em Mim, e não Me propo­nho a tolerar-vos, meramente tentar conviver convosco. Proponho-me a depositar confiança em vós como num amigo e levar-vos aos concílios de Minha vontade e dar-vos uma parte em todos os negócios da herdade. Nada há que proponha omitir-vos". Isso é confiança.

      Tenho ouvido pessoas dizerem que estavam gratas pela confiança que tinham no Senhor. Não tenho objeções a isso, mas não creio tratar-se de uma grande realização ou algo digno de qualquer grande elogio que eu deva ter confiança num tal Ser como o Senhor, considerando quem eu sou e Quem Ele é. Não creio ser uma grande virtude de minha parte ter confiança no Senhor. Mas é um fato admirável que Ele tenha confiança em mim. É nisso que firmo minha admiração. Vendo quem Ele é e o que eu sou, e então vendo que Ele me levanta e me diz em palavras claras o que Se propõe a fazer comigo e quão intimamente me leva junto a Si e que confiança deposita em mim isso é maravilhoso. Considerando este fato, sob qualquer ângulo, digo que é algo admirável para mim e que me inspira gratidão que Deus tenha confiança em mim. Que Ele possa ter qualquer confiança em nós, este é um fato extraordinário, mas a verdade é que não há limite para Sua confiança em nós.

      A partir dos textos que lemos podem ver que não há limite para Sua confiança em nós. Haverá qualquer limite para a confiança de um homem num amigo a quem ele leva para casa, torna um membro da família, e des­venda-lhe os seus próprios segredos familiares? Vocês sabem que é a última coisa que um ser humano alcançaria em termos de confiança e amizade entre os seres humanos, que os segredos da família devam ser-lhe revelados e que seja a eles introduzido. Quando um homem põe outro em contacto com seus próprios assuntos domésticos e com os segredos de sua família, isso demonstra que esse homem não tem limites para o grau de confiança no outro indivíduo. Contudo, este é precisamente o modo em que o Senhor trata o crente em Jesus.

      Esse outro homem pode trair a sagrada confiança que este homem depositou-lhe, mas isso não altera o fato de que tal confiança foi-lhe depositada. Assim, podemos falhar em nossa apreciação da confiança que Deus depositou em nós e os homens podem na verdade trair o depósito sagrado, mas o ponto é que Deus não pergunta se iremos fazê-lo ou não. Ele não nos toma sob suspeita nem meramente nos tolera. Ele declara: "Vinde a Mim". Vós sois aceitos no Amado. Deposito confiança em vós. Vinde, sejamos amigos. Vinde à casa pois este é o vosso lugar. Sentai-vos à mesa e comei ali. Doravante sois da família, em igualdade de condições com os que sempre aqui estiveram. Ele não nos tratará como um servo, mas como um rei e nos tornará conhecido tudo quanto há para saber.

      Irmãos, não irá isso atrair nossa gratidão e amizade para com o Senhor? Não O trataremos mais como Ele nos trata? Não permitiremos que essa confiança exerça seu efeito sobre nós e nos leve a submeter-nos a Ele e a nos provarmos dignos dessa confiança? Na realidade, nada há que tanto atraia um homem em termos de seu autoconceito do que ter revelada confiança nEle. A suspeição nunca O ajuda.

      "Vós sois meus amigos se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a co­nhecer".

      Agora o capítulo dezesseis e verso doze: "Tenho ainda muito o que vos dizer". A quem? Não limitemos isso lá no passado, aplicável àqueles discípulos. Refere-se a vocês e a mim, aqui e agora. Não nos ergueu Ele dentre os mortos? Não nos concedeu Ele vida com Jesus Cristo? E "juntamente com Ele" não nos elevou Ele para o alto, assentando-nos à Sua mão direita no céu? "Tenho ainda muito o que vos dizer". Quem tem? Jesus. "Mas vós não podeis suportar agora". Muito bom. A eternidade me dará lugar para crescer em conhecimento e enten­dimento de modo a que os possa suportar. Não precisamos apressar-nos.

      "Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo". Isto é, Ele não falará por Sua iniciativa. Não se trata de que não falará a Seu próprio respeito; não é esse o pensamento. É verdade que Ele não falará a respeito de Si próprio; mas o pensamento aqui é que Ele não falará como sendo de Sua própria iniciativa. Ele não Se destaca para propor dizer algo como sendo de Si mesmo. Pois Ele disse: "As palavras que vos digo, não as digo de Mim mesmo". "O Pai que Me enviou, esse Me tem prescrito o que dizer e o que anunciar". João 12:49. E assim como Jesus não Se estabeleceu para dizer algo como sendo de Si próprio, mas o que havia ouvido do Pai isso declarou; igualmente o Espírito Santo não fala de Si mesmo; mas o que o Espírito de Deus ouve, isso fala.

      "Porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir".

      Muito bem. Aqui estamos nós, pertencentes à família celestial. Jesus é aquele que tem estado na família desde o princípio e a Ele somos confiados, e Ele é o que nos dirá todas essas coisas. E está escrito, como sabem, que "seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá". Bom! Ele tem algo para nos dizer, e tem algo para nos revelar e nos concede o Espírito Santo como Seu representante pessoal, trazendo-nos Sua presença pessoal, para que por esse meio possa revelar-nos essas coisas, que por Ele pode nos falar o que tem para dizer.

      Ele "vos anunciará coisas que hão de vir. Ele Me glorificará porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar".

      Agora, por que Jesus declarou que o Espírito Santo tirará de Si para mostrar-nos? Porque "Tudo quanto o Pai tem é Meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar". Quantas coisas há que o Espírito Santo deve revelar-nos? Todas as coisas. Todas as coisas de quem? Todas as coisas que o Pai tem. Nada é omitido.

      Agora recorramos a I Cor. 2:9-12:

      "Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam".

      Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Jesus Cristo, e Deus O designou "Herdeiro de todas as coisas". "Todas as coisas", portanto, que o universo contém Ele tem preparado para os que O amam. Todas as coisas que o Pai tem, Ele preparou para aqueles que O amam. Isso, por si só, deveria induzir-nos a amá-Lo. Mas como os olhos não viram nem os ouvidos ouviram, nem entrou jamais no coração do homem, essas grandes coisas, como, então, podemos saber a respeito delas? Ah! "Deus no-las revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus".

      Por que penetra Ele nas coisas profundas de Deus? Para trazê-las ao nosso conhecimento. Elas são muito profundas para nós. Se o Senhor no-las abrir e disser: "Entrai ali e descobri tudo quanto puderdes", não podería­mos encontrá-las. São muito profundas, mas Ele não nos deixa assim. Ele Se propõe a no-las revelar, portanto coloca-as todas nas mãos de Jesus, que teve convivência com Ele e que é um de nós, e Jesus Cristo no-las revela mediante o Seu Espírito.

      "Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus".

      O que diz Ele? Temo-las recebido. Sejamos-Lhe gratos por O termos recebido. Ora, vi outro dia uma linha do Testemunho de Jesus, de que alguns estão aguardando o tempo em que o Espírito deve ser derramado. É dito que o tempo é "agora", e que devemos pedi-Lo e recebê-Lo agora.

      A descida do Espírito Santo sobre a igreja é vista como algo futuro; mas é privilégio da igreja recebê-Lo agora. Buscai-O, pedi-O, crede nEle.

      Ele diz: "Recebei o Espírito Santo". "Assim como o Pai Me enviou, Eu vos envio". "Agora tendes recebido o Espírito que procede de Deus". Não nos temos submetido a Ele? Não temos nos entregado inteiramente a Ele? Não Lhe temos aberto o coração para receber a mente de Jesus Cristo, a fim de que possamos conhecer Aquele que é verdadeiro e estar nAquele  que é a verdade, no Seu Filho Jesus Cristo? E este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Sendo assim, então "porque sois filhos, Deus enviou o Espírito de Seu Filho aos vossos corações". Ele o enviara; Ele assim o diz. Portanto, agradeçam-Lhe  por ter Ele o Espírito Santo e "recebei o Espírito Santo". Recebei-O com gratidão e permiti que o Espírito nos use, em vez de esperar e ansiar receber al­guma maravilhosa demonstração exterior que nos dará um sentimento que nos leve a imaginar: "Oh, agora eu posso realizar grandes coisas". Isso nunca lhe virá dessa maneira. Se o Espírito Santo deve ser derramado sobre nós esta noite como ocorreu no Pentecoste, o homem que tivesse essa idéia não O receberia.

      Mas eu afirmo: Devemos revolucionar nossos pensamentos com respeito a isso e removê-lo de qualquer demonstração exterior para que possamos ver com os nossos olhos ou que nos dê um sentimento tangível pelo qual saberemos que temos o Espírito de Deus e que seremos capazes de realizar grandes coisas.

      Deus proferiu a palavra; Ele fez a promessa. Ele nos ressuscitou e nos assentou à Sua própria destra em Jesus Cristo, e agora Ele diz: "Tudo vos está aberto e o Espírito ali está para mostrar-vos tudo e dizer-vos tudo que há para saber. Que mais podemos, então, pedir? O que mais podemos pedir dEle, para mostrar a Sua mente e Sua disposição de que teremos o Espírito de Deus agora?

      Os céus estão esperando para concedê-Lo; o que se requer para recebê-Lo? Buscai-O, orai por Ele, crede nEle. Quando isso é feito não há nada que O retenha; quando isso é feito então tudo que Ele nos pede para fazer é "recebei o Espírito Santo". Ele nos diz como recebê-Lo; é buscá-Lo, orar por Ele, crer nEle. E aquele que crê recebe. Se pedirmos segundo a Sua vontade, Ele nos ouve, e se sabemos que Ele nos ouve, sabemos que temos a petição que desejamos dEle.

      O Espírito de Deus nos está guiando. O Senhor nos tem guiado assim a Sua verdade. Ele nos ressuscitou para as alturas por Sua verdade que nunca conhecemos antes. Para que nos ergueu Ele para lá? Ele nos tem reve­lado o que é essencial. É renunciar ao mundo e a tudo para somente ter a Deus, por toda a eternidade. Renunciar a todos os planos, todas as perspectivas, tudo sobre que sempre teve a mente concentrada. Renunciar ao eu e ao mundo, e a tudo o mais, e receber a Deus e a nada prender-se a não ser a Deus. Então estamos em Jesus Cristo à destra de Deus e todo o universo por toda a eternidade está aberto a nós e o Espírito de Deus nos é dado para ensinar todas essas coisas e tornar conhecidos os mistérios de Deus a todos quantos crêem.

      Agora recebemos, não o espírito do mundo, mas o espírito que é de Deus; para que possamos conhecer as coisas que nos são livremente dadas da parte de Deus.

      Portanto, tomemos todos este texto como o nosso texto de gratidão, nossa oração, à qual dizemos amém. Efés. 3:14-21.

      "Por esta causa me ponho de joelhos diante do PaiI, de Quem toma o nome toda a família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da Sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o Seu Espírito no homem interior; e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós, a Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém".

      E que todos para sempre digam, Amém e Amém.

      Paulo, apóstolo de Jesus Cristopor vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: (Efés. 1:1).

      Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. (Efés. 1:3).

      De  convergir nEle, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra: (Efés. 1:10).

      Pois nEle vivemos, e nos movemos, e existimos, porque dEle também somos geração. (Atos 17:28).

      O qual exerceu Ele em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos, e fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro". (Efés. 1:21).

E juntamente com Ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. (Efés. 2:6).

      Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus. (Fil. 2:5).

      Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. (2 Tim. 3:12).

      Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ove­lhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou. Porque Eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus Nosso Senhor. (Rom. 8:36-39).

      E nós conhecemos e cremos o amor que Deus nos tem. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que no dia do juízo mantenhamos confiança; pois segundo Ele é, Também nos somos Neste Mundo. No amor não existe medo; an­tes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. (I João 4:16-18).

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