Os Sete Anjos
Capítulo 18
O Grande Rio Eufrates
No capítulo anterior, todas as pragas
excepto a sexta foram positivamente identificadas, contudo, nenhum estudo
adequado dos sete anjos estaria completo sem que fosse dada cuidadosa
consideração à mensagem contida na descrição profética da sexta praga.
“E o sexto anjo derramou a sua taça
sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o
caminho dos reis do oriente. E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca
do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são
espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis
da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande
dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que
vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas
vergonhas. E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom.” Apocalipse 16:12-16.
Um propósito específico está atribuído à
seca deste grande rio. É dessa forma que o caminho dos reis do oriente pode ser
preparado. Isto apenas pode significar que a chegada destes reis nunca pode ter
lugar enquanto estas águas não tiverem secado. O próprio facto que estes
acontecimentos são mencionados na profecia é uma indicação que eles são de
grande importância e deviam ser compreendidos pelos filhos de Deus. Além do
mais, não é possível compreender completamente o ministério especial das
primícias sem saber o que estas coisas significam.
A interpretação comum desta passagem vê
o Eufrates como um símbolo das nações que estão em cada um dos lados do seu
curso. Para aqueles que pensam nestes termos geográficos, os reis do oriente
são os que vivem nas terras a Leste do rio, nomeadamente, Índia, China, Japão,
Tibete, Afeganistão, etc. Nesta compreensão da seca do rio significa a remoção
dos poderes que habitam junto ao rio de modo que as nações passam sem oposição
para a grande batalha que, se supõe, ser travada entre os poderes ocidentais e
orientais nas planícies de Esdraelon na Palestina.
Esta interpretação é baseada na premissa
que onde estais determina quem sois, pelo que fazendo da localização geográfica
a consideração toda-importante. O estudante da Bíblia verdadeiramente iluminado
rejeita isto, pois sabe que o princípio do evangelho é que o lugar onde estais
não é o factor decisivo. Pelo contrário, é aquilo
que sois que faz de vós quem sois.
O sistema geográfico, mesmo apesar de
ser o mais popular, não pode ser mantido com consistência. Por exemplo, seria
impossível identificar a Babilónia de Apocalipse
17 localizando os poder que hoje ocupam o mesmo território que Babilónia
ocupava no tempo de Daniel. Ninguém habitou naquela cidade desde que ela caiu,
como foi profetizado em Isaías
13:19-22:
“E Babilônia, o ornamento dos reinos, a
glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as
transtornou.
“Nunca mais será habitada, nem nela
morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem
tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
“Mas as feras do deserto repousarão ali,
e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os
avestruzes, e os sátiros pularão ali.
“E os animais selvagens das ilhas
uivarão em suas casas vazias, como também os chacais nos seus palácios de
prazer; pois bem perto já vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se
prolongarão.”
Assim, se a Babilónia geográfica não
pode ser usada para identificar a sua moderna contrapartida, então o Eufrates
também não tem significado geográfico. Outro sistema de interpretação tem que
ser usado, que, se estiver de acordo com os princípios bíblicos e puder ser
consistentemente aplicado a todas as situações possíveis, deve ser aceite como
o correcto. O sistema que se qualifica sob estas especificações é um em que um
poder é identificado por aquilo que é
em vez de onde ele se encontra.
No tempo de Daniel, havia duas
Babilónias. Em primeiro lugar, havia a cidade literal construída de tijolo,
pedra, madeira e outros materiais físicos. Essa passou e nunca mais será
reconstruída ou habitada. Em segundo lugar, havia o poder civil que era também
chamado de Babilónia e que também desapareceu. Por fim, havia o sistema de
religião que ainda não desapareceu. Ele tem mudado de local, mas não houve
alteração no carácter, objectivos, ou procedimentos. Hoje, encontrado em todos
os países do globo, está a reunir forças na sua preparação para o conflito
final durante o qual será conhecida como Babilónia a Grande. Ela é a obra-prima
das artes de engano de Satanás, o sistema pelo qual os homens, se posicionam
como cabeça no lugar de Deus sobre os homens, tentando construir o reino de
Deus à maneira do homem.
Deus pretende que quando lemos acerca de
Babilónia nas Escrituras, vejamos o terceiro ponto, não os dois primeiros,
excepto que, por um curto espaço de tempo, eles eram os meios de suporte para o
sistema malévolo. Se este princípio for aceite, não haverá dificuldade em
identificar Babilónia em qualquer ponto da história da Terra. Também será
reconhecido que é um erro assumir que o Eufrates significa os poderes que hoje
vivem nas margens do rio. Deve ser dada atenção ao que era o rio, em vez de onde
ele se encontrava, a fim de compreender o que o Eufrates é hoje.
A primeira menção do grande rio está em Génesis, onde é chamado como um dos
quatro grandes rios da vida no Éden.
“E saía um rio do Éden para regar o
jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.
“O nome do primeiro é Pisom; este é o
que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.
“E o ouro dessa terra é bom; ali há o
bdélio, e a pedra sardônica.
“E o nome do segundo rio é Giom; este é
o que rodeia toda a terra de Cuxe.
“E o nome do terceiro rio é Tigre; este
é o que vai para o lado oriental da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.” Génesis 2:10-14.
Este era o rio da vida que fluía através
do Paraíso do mesmo modo como fluirá quando a Terra for restaurada à sua beleza
e perfeição original. Era o sistema suporte da vida providenciado por Deus e
nenhum outro devia o homem alguma vez procurar. Embora o jardim já não esteja
na Terra, a santa cidade que é a igreja de Deus na Terra, devia ainda construir
sobre esse rio. Ele não pode fazer isto literalmente, porque esta é uma
edificação espiritual não confinada ao espaço no interior de paredes de tijolo
e cimento. Construir dessa maneira requer que a igreja mantenha uma contínua
confiança no poder de Deus para seu suporte, enquanto fielmente resiste à
tentação de confiar mais e mais nos dons vindos do Dador e cada vez menos no
Dador em si mesmo.
Até agora na história da humanidade,
nenhum movimento chamado por Deus tem sobrevivido à pressão de se desviar para
a apostasia. A auto-suficiência tem tomado o lugar da confiança no poder divino
até a situação se deteriorar ao ponto que a igreja compreende que perdeu o
poder de Deus e não mais tem a capacidade de realizar as tarefas que lhe foram
destinadas. É neste ponto que os dirigentes do movimento procuram outro poder
para substituir aquele que foi perdido, em vez de estarem convictos que devem
voltar ao Senhor com arrependimento e contrição. Números e dinheiro tornam-se
mais importantes do que a presença do Espírito Santo. A.T. Jones reconheceu o
desenvolvimento deste processo no levantamento de Babilónia nos anos que
levaram à Idade das Trevas:
“A igreja estava plenamente consciente
da sua perda do poder de Deus antes de procurar o poder do Estado. Se ela não o
tivesse visto, nunca teria feito quaisquer aberturas à autoridade imperial, nem
teria recebido com favor quaisquer avanços dele. Há um poder que pertence ao
evangelho de Cristo e é inseparável da verdade do evangelho; isto é, o poder de
Deus. De facto, o evangelho não é mais do que a manifestação desse poder;
porque o evangelho ‘é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.’
Portanto, enquanto qualquer ordem ou organização de pessoas que professe o
evangelho de Cristo mantiver em sinceridade o princípio desse evangelho, o
poder de Deus estará com eles e não terão necessidade de qualquer outro poder
para fazer com que a sua influência seja sentida para o bem onde quer que sejam
conhecidos. Mas assim que qualquer pessoa ou organização que professe o
evangelho perca o seu espírito,
também o poder desapareceu. Então, e
somente então, essa organização procurará outro tipo de poder para substituir
aquele que foi perdido.
“Assim aconteceu com a igreja deste
tempo. Ela caiu, deploravelmente caiu, da pureza
e da verdade, e portanto do poder do evangelho. E tendo perdido o
poder de Deus e da divindade, avidamente procurou o poder do Estado e da
impiedade. E assegurar leis pelas quais pudesse impor as suas disciplinas e
dogmas sobre aqueles sobre quem perdeu o poder tanto para convencer como
persuadir, foi o claro propósito que o bispado tinha em vista quando fez aquele
acordo com Constantino, e emprestou-lhe a influência da igreja nas suas
aspirações imperiais.” Great Empires of
Prophecy, 472.
O povo da poderosa Babilónia que se
situava ao lado do Eufrates no tempo de Daniel tinha chegado onde chegaram
devido aos mesmos procedimentos. Era um povo apóstata que há muito tinha
desligado todas as ligações com o Altíssimo. Tendo perdido o poder vivo que
está no evangelho de Jesus Cristo, voltaram-se para o uso errado dos poderes no
homem e no dinheiro. O que necessita ser apreciado é que, apesar de não o
compreenderem, a escolha de um local para a sua cidade era uma declaração muito
significativa do que eles tinham feito e onde estava fundada a sua confiança.
Se tivessem vivido antes do dilúvio e construído a sua cidade no Eufrates
original tal como ele corria no curso indicado por Deus, teria sido uma
declaração que viviam na dependência do poder de Deus e trabalhavam de acordo
com os Seus procedimentos. Poderia ter sido um falso testemunho, mas mesmo
assim teria sido pelo menos uma profissão da verdade. Contudo, quando
construíram a sua capital no outro Eufrates, estavam a dizer com verdade e
exactidão que confiavam nos dons do Dador em vez de confiarem no próprio Dador.
Para eles, o Eufrates era em si mesmo o rio da vida, não uma
bênção que dependia da Altíssima Fonte para o sustentar. Ele corria com
infalível certeza através da cidade, proporcionando-lhes colheitas com um
suficiente suprimento de água que aparentemente lhes garantia uma vida
perpétua. Os inimigos podiam cercar a cidade indefinidamente, mas não podiam
submetê-los através da fome. Tinham suficiente terra extremamente fértil dentro
dos muros para dar comida para eles e para os animais para sempre. Eram tão
auto-suficientes que não precisavam de nada do resto do mundo para os manter —
desde que o rio se mantivesse correndo. Legitimamente teriam olhado para Deus
com profunda gratidão por lhes ter dado este suprimento de água sustentadora da
vida, mas pensavam apenas na própria corrente. A ideia que ela se secaria nunca
lhes passou pela cabeça, porque desafiaram o Céu e a Terra a desapossá-los dos
seus direitos.
Para os babilónios, esse rio era
altamente simbólico. Embora não o pudessem ter compreendido conscientemente,
ele representava a sua dependência naqueles poderes a que a igreja recorre
quando perde o poder de Deus e hoje tem o mesmo significado. Desde essa altura
até agora, onde quer que o sistema de Babilónia opere, assim tem feito por
causa do suporte que lhe é dado em termos do poder do dinheiro e poder das
pessoas. Enquanto isto não secar, Babilónia dominará a raça humana e desafiará
o Deus do Céu. Isto continuará até ao dia fatal em que o povo, tendo aberto os
olhos, retirará o seu suporte pessoal e financeiro. Então essa grande e
terrível cidade cairá para nunca mais se levantar.
Esta interpretação do símbolo, “o grande
rio Eufrates”, pode ser aplicada com consistência sempre que o rio é mencionado
nas Escrituras. Nenhuma tentativa será feita aqui para examinar todas as
referências escriturísticas a este importante rio, porque a primeira
preocupação é compreender a mensagem de Apocalipse
16:12-16.
A primeira referência ao rio Eufrates no
Novo Testamento encontra-se na mensagem da sexta trombeta. “E tocou o sexto
anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de
ouro, que estava diante de Deus,
“A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a
trombeta: ‘Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio
Eufrates.’” Apocalipse 9:13, 14.
Uma interpretação tipicamente geográfica
destes versículos é a seguinte: “Os quatro anjos. – que são os quatro
principais sultanados que compuseram o Império Otomano, localizado no país
banhado pelo Eufrates. Estes sultanados ficavam situados em Aleppo, Inconium,
Damasco e Bagdad. Anteriormente eles tinham sido seguros; mas Deus ordenou e
eles fossem soltos.” Daniel and Revelation, 506, por Uriah Smith, ed. 1944.
Esta interpretação parece tão óbvia que as pessoas em geral
aceitam-na sem questionar, mas ela não pode estar correcta, porque é baseada no
princípio em onde estais determina quem sois. Nenhuma consideração é dada ao
que era o rio para a Babilónia antiga como a indicação daquilo que procurar na
aplicação antitípica. Muitas pessoas sentiriam que estão confinadas a esta
interpretação quer queiram quer não, porque parece não haver alternativa.
Todavia, se esta interpretação baseada no local geográfico é em
princípio falsa, tem que haver uma correcta explicação alternativa do rio
simbólico.
Onde estiver Babilónia, ai tem que estar o rio, porque a cidade e as
águas que a suportam nunca serão separados até que venha a derradeira seca e
queda de Babilónia. Na procura do Eufrates, a primeira tarefa é identificar a
Babilónia dessa época. Será então fácil reconhecer o Eufrates. Onde, então,
estava esta grande cidade de apostasia nos dias da sexta trombeta que foi antes
de 1840? Esta pergunta admite apenas uma resposta – no papado! Embora os mesmos
princípios de operação sejam encontrados no sistema islâmico, não é chamado por
Babilónia mas ateísmo.
Uma vez identificada Babilónia, temos apenas que perguntar quem eram as
pessoas e onde estava o dinheiro que a suportavam, a fim de saber onde estava o
Eufrates nessa altura. Esta é uma questão simples de determinar. Ela sentava-se
em Roma, rodeada por todos os lados por um vasto mar de pessoas que lhe davam
apoio e protecção. Para lá das margens orientais deste grande rio, os exércitos
maometanos impacientemente esperavam a sua hora, mas não podiam avançar por
causa dos quatro anjos que estavam junto ao grande rio firmemente segurando os
quatro ventos da contenda e impedindo desse modo o avanço islâmico. Contudo,
chegou a altura em que aqueles anjos foram libertos e a grande carnificina
contra Roma começou.
É digno de nota que, nesta altura, a profecia não indicava que a água
secava e Babilónia cairia, porque isto não aconteceu. As águas recuaram, em
alguns lugares para longe, mas havia um amplo suporte deixado a Roma para
assegurar a sua continuação. Mais tarde, ela devia receber a chaga tão mortal
que os poderes da Terra considerariam que os seus dias tinham terminado, mas
ela está a levantar-se de novo na preparação da sua última tentativa para
usurpar a posição de Deus.
Estes princípios indicam que Babilónia sofre duas quedas sucessivas. A
primeira é espiritual e a segunda é material e física. Um exemplo disto é dado
na história da antiga Babilónia. No tempo em que Nabucodonosor chegou à sua
posição de domínio do mundo, a nação já tinha sofrido a sua queda espiritual e
estava alinhada com os inimigos de Deus e destruidores do Seu povo. A queda
material e física chegou no tempo de Belsazar, quando os medos e os persas
tomaram de assalto a cidade depois de terem encontrado acesso pelo leito do
rio.
Semelhantemente, em 1844, em consequência da sua rejeição do evangelho
que lhe foi enviado pelo primeiro anjo, as igrejas denominacionais
experimentaram uma queda espiritual. Isto foi um antítipo da seca do rio da
vida que corre do trono de Deus directamente para o Seu povo. Está perto o
tempo como predito em Apocalipse
16:12-16, em que o grande rio Eufrates secará quando o suporte de toda a
humanidade for retirado ao papado e então ela sofrerá a segunda e última queda.
Cairá para nunca mais se levantar.
A forma como a antiga Babilónia caiu é uma ilustração exacta ilustração
da queda da moderna Babilónia. As Escrituras em Apocalipse descrevem a última, exactamente como descrevem a
primeira. Em ambos os casos, a seca do grande rio derruba a cidade depois do
que ela nunca mais se levanta.
A história da queda da antiga Babilónia é bem conhecida. Perante as
notícias do avanço do rei Ciro contra a sua capital, os babilónios fecharam a
cidade aos medo-persas. Completamente confiantes de que estavam seguros na sua
fortaleza, reuniram-se para uma enorme festa, inconscientes de que Ciro estava
a executar um plano que provar-se-ia completamente bem sucedido. Ele ordenou
aos seus homens que desviassem o rio para uma enorme depressão que tinham
cavado para esse efeito. Quando as águas baixaram o suficiente, os soldados
atravessaram por debaixo dos muros. Uma vez no interior, verificaram que as
portas do rio não tinham sido fechadas e foram capazes de executar a queda da
cidade numa única noite.
Esta foi a seca do rio Eufrates que preparou o caminho para Ciro, o rei
do oriente. Assim será nos últimos dias. O grande rio Eufrates tem que secar “… E o sexto anjo
derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para
que se preparasse o caminho dos reis do oriente.” Apocalipse 16:12.
Não há dúvida quanto a quem era o rei do oriente no tempo de Belsazar,
mas quem é o seu paralelo nos últimos dias?
A resposta não é difícil de encontrar. Tal como Ciro foi aquele que
venceu o rei de Babilónia, assim o seu paralelo nos últimos dias tem que ser
aquele que obterá a vitória sobre a mística Babilónia a Grande. Tudo o que tem
que se perguntar então é: Quem é o poderoso rei que nos últimos dias ganhará a
vitória sobre Babilónia a Grande?
Uma coisa certa é que ele não será um dos reis cujo domínio se situa
geograficamente a oriente do rio Eufrates, porque todos eles, juntamente com
todos os outros reis da Terra, estarão apoiando Babilónia a Grande. Esta
verdade é claramente salientada em Apocalipse
17:12-14:
“E
os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas
receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta.
“Estes têm um mesmo intento, e
entregarão o seu poder e autoridade à besta.”
“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o
Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão
os que estão com Ele, chamados, e eleitos, e fiéis.”
Os dez reis referidos aqui não estão limitados a qualquer parte do mundo
como a Europa, como tantos supõem. Esta é uma confederação mundial da
apostasia. Não há uma única nação na Terra que não tome parte nela como é confirmado
pelas palavras seguintes:
“‘Estes
têm um mesmo intento’ haverá uma união universal, uma grande harmonia, uma
confederação das forças de Satanás. ‘e entregarão o seu poder e autoridade à
besta.’
“Na guerra que se travará nos últimos dias estarão unidos, em oposição a
Deus, todos os poderes corruptos que apostataram da aliança à lei de Jeová.” The S.D.A. Bible Commentary 7:983.
Mesmo se a mais poderosa nação na Terra estivesse em
oposição ao papado em vez de o apoiar, não teria a capacidade de vencer Babilónia
a Grande. Há apenas um que o pode fazer – Jesus Cristo, o vitorioso Rei
conquistador. “o
Cordeiro os vencerá….” Apocalipse 17:14. Portanto, Ele é o rei do oriente cujo caminho é
preparado pela seca do grande rio Eufrates. Os outros reis que estão com Ele
são aqueles remidos que já estão no Céu onde foram feitos “… reis e
sacerdotes para Deus e seu Pai….” Apocalipse 1:6.
O rei Ciro, no seu papel de vencedor de Babilónia, é
um tipo específico da obra de Cristo como vencedor final de Babilónia a Grande.
Alguns podem pôr isto em causa perante o facto que Ciro não era um cristão,
nem, tanto quanto saibamos, alguma vez se tornasse. Houve pelo menos uma
ocasião em que este rei foi “…constrangido a reconhecer o seu [de Daniel] Deus
como ‘o Deus vivo e para sempre permanente, e o Seu reino não se pode
destruir.’” Profetas e Reis, 545.
Mas, isto não prova que houve uma verdadeira conversão, porque muitas pessoas
têm sido obrigadas a admitir que o Altíssimo é o Deus dos deuses, sem ter sido
convertidas. Continuação 16/12/2004
Contudo, ele foi um tipo de Cristo duma forma
limitada. Ele “… fora chamado ao trono do império do mundo a fim de libertar os
cativos do Senhor….” O Desejado de Todas
as Nações, 44.
A verdade é que o nosso vindouro Salvador é o único
que podia cumprir, a respeito da queda da moderna Babilónia, as palavras ditas
acerca de Ciro, o ungido do Senhor, que foi especificamente mencionado pelo
nome muito tempo antes de ter nascido. Através do Seu servo, o profeta Isaías,
mais de cento e setenta anos antes do acontecimento ter lugar, Deus mencionou o
rei Ciro pelo nome como o homem que lançaria a glória dos caldeus por terra,
como está escrito:
“Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem
tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os
lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão.” Isaías 45:1.
Estas palavras foram cumpridas à letra naquela
fatídica noite em que o rei Ciro guiou os seus soldados por baixo dos muros de
Babilónia, pelo leito do rio e através das portas do rio abertas para a cidade.
Tivessem os embriagados guardas estado sóbrios e fiéis ao seu dever, as pesadas
portas tinham sido fechadas e os persas não teriam outra alternativa senão
marchar para fora antes do rio voltar ao seu nível normal. Porém, os guardas
babilónios estavam tão confiantes que a cidade nunca cairia que descuidadamente
deixaram as portas destrancadas e assim deixaram o caminho totalmente aberto
para o rei Ciro e as suas tropas entrarem no coração da cidade. Tão grande foi
a surpresa que os defensores de Babilónia foram lançados em grande confusão e a
cidade caiu na mesma noite.
Outra vez, através de Isaías, Deus tinha ainda mais a
dizer profeticamente de Ciro:
“‘Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos
endireitarei; ele edificará a minha cidade, e soltará os meus cativos, não por
preço nem por presente,’ diz o Senhor dos Exércitos.” Isaías 45:13.
Estas palavras são exactamente a descrição da missão
de Cristo, que, por causa da ilimitada e mais inteligente dedicação ao Seu Pai,
as cumpriu a um nível de perfeição muito maior do que o alcançado por Ciro.
Como de costume, o tipo reflecte apenas uma sombra de glória alcançada pelo
Antítipo. Portanto, o Ser Eterno chamou Ciro em justiça e dirigiu todos os seus
caminhos num sentido limitado ou qualificado, mas guiou Jesus num sentido mais
completo e perfeito. A perfeição da resposta de Cristo à liderança de Seu Pai é
revelada nestas palavras: “Tão plenamente vazio do próprio eu era Jesus, que
não elaborava planos para Si mesmo. Aceitava os que Deus fazia a Seu respeito,
e o Pai os desdobrava dia a dia. Assim devemos nós confiar em Deus, para que
nossa vida seja uma simples operação de Sua vontade.” O Desejado de Todas as Nações, 208.
Ele devia construir a cidade de Deus. Esta é a Nova
Jerusalém, a capital do reino. A construção dessa cidade é a construção do
reino de Deus, uma obra que apenas Cristo pode realizar. Através do rei persa,
Deus alcançou isto duma forma limitada quando o rei pagão, movido pelo Espírito
de Deus e a específica profecia escrita acerca dele, escreveu o primeiro
decreto que permitia aos judeus regressarem e reconstruírem a cidade e o
santuário. Mas esta foi a Jerusalém que está em baixo ao passo que nós estamos
preocupados com “… a Jerusalém que é de cima,” a qual “é livre, e mãe de todos
nós.” Gálatas 4:26. Esta é a cidade
que o grande Libertador, Cristo Jesus, construirá e durará eternamente.
O rei persa permitiu aos judeus regressarem a
Jerusalém sem impor qualquer tipo de resgate sobre eles. Não foi por preço ou
galardão que ele os deixou ir. Este é um símbolo apropriado da obra de Cristo
da libertação dos escravos do pecado e da morte sem qualquer exigência de que
pagassem pelo serviço. A salvação é livre. Cristo é o único Campeão com a
capacidade de efectuar esta libertação. Mesmo agora, Ele está a trabalhar à
direita de Seu Pai para “… salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Hebreus 7:25.
Nenhum outro aparte de Cristo Jesus responde ao tipo
estabelecido nos serviços prestados a Deus pelo rei Ciro. Nenhum outro
governante nestes últimos dias libertará o povo de Deus envolvendo a queda e
destruição de Babilónia. Portanto, Cristo e os reis que O acompanham do Céu
para testemunharem a completa e final derrota da Grande Babilónia, são os reis
do oriente mencionados em Apocalipse
16:12. O seu caminho é preparado pela seca do rio Eufrates do moderno e
antitípico rio Eufrates.
O quê, então, é correctamente identificado como sendo
o grande rio Eufrates mencionado em Apocalipse
16? Para encontrar a resposta, façamos outra pergunta: quais são as forças
sustentadoras de vida das quais Babilónia dependerá nos últimos dias? A
resposta é: as pessoas e o dinheiro desta Terra. Estes serão o seu suposto rio
da vida, e, pelo tirar a máscara dos enganos de Satanás, este suporte humano e
material secará completa e eternamente.
Há uma adequada confirmação disto em O Grande Conflito, 636. Esta página foi
citada extensivamente no capítulo anterior para mostrar a relação entre o
derramamento da quinta praga em que as trevas cobrem a Terra e a libertação
final do povo de Deus. O que não estava localizado no último capítulo era onde
a sexta praga teria lugar. É agora tempo para fazer isso.
No princípio da página 636 de O Grande Conflito, é feita referência à quinta praga – as trevas
que cobrem toda a Terra. No final da mesma página, começa a descrição da sétima
praga. Uma vez que todas as pragas foram mencionadas na sua ordem correcta e a
sexta é altamente significativa para nós, ela tem que se encontrar na página
636 de O Grande Conflito, entre a
quinta e a sétima praga.
Ali não estão escritas exactamente as palavras da
Bíblia, mas ela está lá mesmo assim e todo o estudante da Bíblia que compreende
aquilo que procurar, encontrará a sexta praga precisamente onde ela pertence –
entra a quinta e a sexta. Todos os que procuram uma seca literal das nações
geograficamente localizadas ao longo do rio actual, não encontrarão vestígio da
sexta praga nesta página em O Grande
Conflito. Por outro lado, o estudante da Bíblia que compreende os correctos
princípios de interpretação profética esperará encontrar a completa retirada do
suporte de Babilónia dado até então pelas pessoas e pelo dinheiro, porque isto
é o que a seca do rio simboliza.
É isto precisamente que está escrito aqui. À medida
que o tempo da praga das trevas se aproxima, Babilónia é vista em total comando
das multidões que, em obediência às suas ordens, estão a ponto de se lançarem
sobre a sua presa para matar os crentes. Este é o ponto alto para Babilónia a
Grande. Nunca Satanás chegou tão perto de alcançar os seus objectivos. Somente
segundos o separam da completa vitória, porque, se ele pudesse acabar com a
existência dos santos neste ponto do tempo, “… o seu triunfo seria completo.” O Grande Conflito, 618. A Mãe das
Prostitutas e Abominações da Terra sentir-se-á totalmente segura neste momento,
como fez Belsazar naquela noite de festa precisamente antes dos medos e dos
persas entrarem.
Mas, para aquela cidade grande e ímpia, o momento de
aparente vitória foi o tempo da completa e eterna derrota. As impenetráveis
trevas da quinta praga envolve os ímpios, seguido pelo brilhante arco-íris que
“… atravessa os céus, e parece cercar cada um dos grupos em oração.” O Grande Conflito, 636.
Chegou o tempo da sexta praga, a seca do grande rio e
aqui está ela: “As multidões iradas subitamente se detêm. Silenciam seus gritos
de zombaria. É esquecido o objeto de sua ira sanguinária. Com terríveis
pressentimentos contemplam o símbolo da aliança de Deus, anelando pôr-se ao
amparo de seu fulgor insuperável.” O
Grande Conflito, 636.
Informação adicional do que acontece nesta altura é dada no capítulo
seguinte, onde é declarado que o povo está tão completamente consciente dos
enganos que Babilónia tem praticado sobre ele que lhe retira o seu apoio e em
seguida volta-se contra ela e a destroem. “Quando a voz de Deus põe fim ao
cativeiro de Seu povo, há um terrível despertar daqueles que tudo perderam no
grande conflito da vida…. O povo vê que foi iludido…. As multidões estão cheias
de furor. ‘Estamos perdidos!’ exclamam; ‘e vós sois a causa de nossa ruína’; e
voltam-se contra os falsos pastores. Aqueles mesmos que mais os admiravam,
pronunciarão as mais terríveis maldições sobre eles. As mesmas mãos que os
coroavam de lauréis, levantar-se-ão para destruí-los. As espadas que deveriam
matar o povo de Deus, são agora empregadas para exterminar os seus inimigos.
Por toda parte há contenda e morticínio.” O
Grande Conflito, 654-656.
“E
os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a
colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo.
“Porque Deus tem posto em seus corações,
que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu
reino, até que se cumpram as palavras de Deus.” Apocalipse 17:16, 17.
O poderoso rio de pessoas que aparentemente corria como uma irresistível
maré de apoio babilónico pára e depois inverte o sentido. O Eufrates está seco;
a sexta praga caiu. As multidões da Terra retiraram o seu suporte e a sua
aliança ao papado.
Tal como a seca do antigo rio Eufrates levou à destruição da antiga
Babilónia, assim a seca do moderno rio Eufrates levará à destruição da moderna
Babilónia. Então as multidões de todas as nações para quem a mãe das
prostitutas olhará como um meio de ganhar ascendência sobre Deus e o Seu povo,
serão em vez disso os seus executores.
Uma vez reconhecidos estes factos, será visto que a mensagem de Apocalipse 16:12 está em harmonia com a
lei das primícias e as condições que devem ser estabelecidas antes do grande
conflito poder terminar.
O fim da rebelião apenas pode ser alcançada quando as mentiras acerca do
carácter de Deus tenha sido substituída pela verdade.
Portanto, não pode haver colheita e nenhum segundo advento até as
primícias terem feito a obra que lhes foi destinada.
Assim, o grande rio da humanidade que deu o ilimitado suporte a
Babilónia deve secar antes de ser possível ao Rei dos reis aparecer nas nuvens
do Céu.
Tudo isto é aquilo que o Céu está à espera, e, não importa o tempo que
isso demore, o tempo tem que ser adiado até estas coisas acontecerem, o que
nunca pode acontecer enquanto os filhos de Deus não tiverem alcançado um nível
de perfeição requerido para dar uma imaculada revelação do carácter de Deus.
Quando os verdadeiros filhos de Deus compreenderem completamente o que Deus
pretende realizar através deles, trabalharão com maior inteligência,
intensidade, diligência e fé, para chegarem ao padrão exigido.
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