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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

QUEM É A GRANDE MULTIDÃO?

 

A Grande Multidão 

Por F. T. Wright





Parte 1

 

Ninguém pode deixar o estudo dos cento e quarenta e quatro mil, que temos prosseguido nos vários últimos acontecimentos, sem considerar o assunto da grande multidão. Foi mencionado no início destas séries que entre as teorias em circulação a respeito dos cento e quarenta e quatro mil havia uma que defendia que os cento e quarenta e quatro mil serão escolhidos dentro da igreja adventista, serão julgados e selados e que depois voltarão e durante o alto clamor conquistarão a grande multidão para a verdade. Realmente é surpreendente a quantidade de grupos que defendem este ponto de vista de uma maneira ou de outra. Contudo, uma cuidadosa e honesta investigação em todas as evidências na palavra do Deus vivo, Deus mostra que esta posição não tem base escriturística. O principal argumento usado para defender este ponto de vista é baseado em Apocalipse 14:4. “Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro.” É claramente declarado que os 144.000 serão as primícias da colheita da Terra. No décimo quinto versículo do mesmo capítulo, quando Cristo está a descer nas nuvens do céu, o anjo diz ao que está sentado na nuvem com uma foice nas mãos, “Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura.” Com isto é assumido que a colheita é a recolha dos salvos nos últimos dias quando a chuva serôdia cai e amadurece a seara da Terra na vinda do Filho do Homem. No tempo da colheita há as primícias que amadurecem em primeiro lugar, depois do que há a recolha do corpo principal da colheita. Por isso é concluído que os 144.000 estão maduros em primeiro lugar e depois essa grande multidão como segundos frutos. A análise deste raciocínio mostra que a expressão “primícias” é vista sob o ponto de vista do tempo. Isto é, o grupo especial chega à plena maturidade e perfeição num ponto de tempo à frente do resto da colheita que amadurece um pouco mais tarde e também é recolhida mais tarde. Essa é a teoria que não só não encontra suporte na Palavra de Deus mas também está em divergência com o simbolismo da natureza, embora seja verdade que nalguns frutos tal como citrinos e alguns tipos de uvas há uma pequena proporção de frutos escolhidos que amadurecem antes do restante, isto não é verdade quanto aos campos de trigo e cevada que são usados aqui como símbolo. Vós não ides ao campo e recolheis um ou dois molhos de primeiros frutos maduros antes da chuva serôdia como a teoria acima sugere, e no final da chuva serôdia fazeis a colheita do restante. Pelo contrário o agricultor espera que a chuva serôdia faça o seu trabalho totalmente, e todo o campo chegue ao tom dourado para a colheita, então nessa altura recolhe o molho das primícias que também está na colheita. O próprio facto que ele pode recolher as primícias é ao mesmo tempo uma indicação que o restante também está pronto.

Não Um Ponto de Tempo O verdadeiro significado da palavra “primícias” é espiritual e não tem qualquer ligação com um ponto de tempo. Esta verdade é tornada verdadeiramente clara nas Escrituras enquanto prosseguimos nos estudos. Temos de manter em mente que a Bíblia tem a sua própria linguagem e o seu próprio intérprete dessa linguagem. Quando a Bíblia usa a palavra “primícias” está a procurar dar uma certa mensagem através desse simbolismo. Há o perigo real que o leitor falhe em compreender a mensagem que se pretende transmitir, por isso, para ficarmos sem desculpa, A palavra é usada noutro lugar num contexto que não deixa qualquer dúvida quanto ao que a palavra pretende significar. A Bíblia é desta maneira o seu próprio intérprete. A coisa importante é compreender que uma vez encontrado o que a Bíblia quer dizer quando usa uma certa palavra, esse significado e uso são consistentes em toda a palavra inspirada. Isto quer dizer o significado de “primícias” não pode ser uma coisa num lugar e outra coisa noutro lugar. Vamos então a outro lugar na palavra para ver como a palavra “primícias” é usada aparte dos 144.000. Há um verdadeiramente claro e indiscutível exemplo, o facto que Jesus Cristo é apontado como primícias daqueles que tinham morrido e necessitavam de ressuscitar para a vida eterna. Há três Escrituras em particular que falam disto. A primeira pode ser citada de 1 Coríntios 15:20. “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.” As outras duas são: “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência.” Colossenses 1:18. “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra.” Apocalipse 1:5. Um momento de reflexão mostrará imediatamente que a Bíblia não pretende que compreendamos que Ele ser as primícias, o primogénito, ou o primeiro a ser gerado dentre os mortos, signifique Ele foi o primeiro a ressuscitar e que depois da Sua ressurreição todos os restantes se seguiram, pois de modo algum foi Ele o primeiro a ser ressuscitado dos mortos no que respeita a um ponto de tempo. Antes de sair da sepultura poeirenta houve sete outros que ressuscitaram antes d’Ele. Moisés foi o primeiro no ponto de tempo, Por isso se o tempo fosse um factor, então seria Moisés e não Cristo a ser designado como primícias dos que dormiam. Depois de Moisés os outros na sua ordem que se seguiram foram os seguintes: O filho da viúva de Sarepta, que ressuscitou pela oração da fé de Elias, 1 Reis 17:17-24; O filho da Sunamita nos dias de Elizeu, 2 Reis 4:36; O homem que foi ressuscitado quando tocou os ossos de Elias; 2 Reis 13:21; A filha de Jairo, Marcos 5:23-43; O filho da viúva de Naim, Lucas 7:11-18; E Lázaro, João11:1-46. Contudo, apesar do facto de Jesus ter sido realmente oitavo a ser ressuscitado dos mortos, é designado como sendo as primícias dos que dormem, o primogénito dentre os mortos, o primeiro a ressuscitar dos mortos. Isto não significa que tenhamos uma contradição excepto entre o que a Bíblia está realmente a dizer e o que nós pensamos que a palavra primícias significa. A única contradição possível é entre o nosso conceito e a verdade da bíblia, à qual o primeiro deve submeter-se. Afinal não é a mente do homem mas a mente de Deus que interessa, e é o Seu pensamento que temos de aprender, não o produto da falível mente humana. Em que sentido afinal foi Jesus de facto as primícias dos que dormem; o primogénito dos mortos; e o primeiro a ressuscitar dos mortos? Como podemos ver claramente então não é no sentido de um ponto de tempo. Poderia pensar-se a seguir que Ele é as primícias no ponto de vista da qualidade e excelência e isso é verdade, mas ainda falha em chegar realmente ao ponto da mensagem contida neste simbolismo. Voltemos agora outra vez ao símbolo como ele é encontrado na natureza no campo dos grãos que chegaram ao estado onde estão prontos para a colheita. Na terra de Israel Deus tinha ordenado um serviço simbólico chamado a festa das primícias em que era pedido ao povo uma oferta dos campos antes de poderem ceifar o resto da seara. “Das searas colhiam-se as primeiras espigas de grãos maduros, e quando o povo subia a Jerusalém, por ocasião da páscoa, o molho das primícias era movido como uma oferta de ações de graças perante o Senhor. Enquanto essa oferenda não fosse apresentada, a foice não podia ser metida aos cereais, nem estes ser reunidos em molhos.” O Desejado de Todas as Nações, 786. Semelhantemente, enquanto Jesus não tivesse morrido e ressuscitado dos mortos a restante colheita não podia ser ceifada, não podia haver ressurreição para ninguém. A confirmação disto é dada em 1 Coríntios 15:13-17. “E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. “E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. “Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” Assim nos termos mais claros possíveis Paulo declara aos coríntios, a nós e a todos os homens, a que sem a ressurreição de Jesus não poderia haver ressurreição para ninguém. Mais do que isto, não poderia mesmo haver libertação do pecado. Mas como pode ser isto? Não foi o sacrifício na cruz total, amplo e completo? Não há a mínima dúvida que sim, e não há nada que necessite de ser acrescentado para nos trazer a salvação, mas tem de ser lembrado que aquilo que Jesus ganhou na cruz somente Ele é o Depositário e Administrador. Na cruz pelo Seu sangue, “obteve eterna redenção” por nós, todavia o que Ele obteve ali, levou Consigo, tal como na própria natureza da situação Ele tinha de fazer, levar Consigo para a sepultura. Não havia mais ninguém que tomasse essa responsabilidade por Ele. Unicamente Ele podia fazer isso, exactamente como só Ele e apenas Ele podia pagar o supremo preço pela salvação da raça humana. Portanto, se o diabo pudesse manter o Salvador no túmulo, tudo aquilo que Jesus tinha em custódia, ter-se-ia mantido com Ele na sepultura, onde não teria a mais pequena utilidade para alguém no mundo. Por outras palavras, tudo estaria perdido, o plano da salvação não teria qualquer efeito, e nós estaríamos na verdade no mundo sem Deus e sem esperança, ou, para dizer pelas palavras dos Escritos Sagrados “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” Portanto, qualquer “evangelho” que pregue apenas a morte de Cristo como sendo toda a mensagem, falha realmente naquilo que é todo o evangelho. Uma morte do Salvador não nos pode trazer efectivamente a salvação. Ele tinha que sair da sepultura e ascender ao santuário do Céu em virtude de cujo ministério, à mão direita do Pai Ele “pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Hebreus 7:25. Desde essa altura Ele ministra ao Seu expectante povo aquilo que assegurou na cruz, a sua eterna redenção que havia levado consigo para o túmulo, mas que trouxe com Ele quando ressuscitou como Vencedor sobre a morte e a sepultura, anunciando sobre a temporária sepultura “Eu sou a ressurreição e a vida.” A Grande Multidão 5 E quando Ele abriu a sepultura na manhã da ressurreição, abriu-a para todos os remidos de todos os tempos. Essa ressurreição era a chave para todo o resto exactamente como o molho movido das primícias era a chave para a restante colheita. É neste sentido que Jesus foi as primícias dos que dormiam, não foi como vimos, qualquer coisa a ver com o tempo, porque quando é considerado do ponto tempo, vemos que Ele não foi de modo algum o primeiro a sair da sepultura, nem foi uma questão de qualidade, embora sem sombra de dúvida Ele é o preeminente de todos os que saíram da sepultura. Ele foi as primícias no sentido em que a Sua ressurreição tinha que ter lugar antes das portas da morte serem derribadas e o resto dos filhos dos homens que obtiveram salvação, pudessem ser livres da morte. Podia ser levantada a questão, que se isto é assim, como é que alguns saíram das suas prisões tumulares antes de Jesus descer ao túmulo e quebrar as suas cadeias? Jesus Cristo é o cordeiro morto desde a fundação do mundo, e embora Ele não tivesse morrido na verdade até à cruz, ainda assim a Sua vida estava completamente dedicada a esse objectivo que para todos os efeitos e propósito era como se já tivesse acontecido. Portanto, aquelas ressurreições aconteceram na certeza de que Jesus ganharia a vitória no facto real quando a batalha fosse finalmente travada. Todavia, tivesse Ele falhado na Sua natureza humana como receou que acontecesse no jardim do Getsémani, então Deus teria que devolver à sepultura os que no passado tinham ressuscitado para que Satanás os reclamasse como seus cativos por direito. Com que interesse então devem Enoque e Elias ter seguido as cenas na Terra, enquanto o Salvador lutava com Satanás até ser por fim depositado no sepulcro! Eles eram parte da colheita e serem definitivamente recolhidos no celeiro celestial dependia da bem-sucedida apresentação das primícias. Assim a Palavra de Deus torna muito claro e indiscutível exactamente o que significa a expressão “as primícias”. E assim, depois de ter tornado tão claro o significado da palavra nesta situação, então a Bíblia, totalmente consistente consigo própria, usa a palavra “primícias” noutro lado rigorosamente com o mesmo significado como aqui e acabámos de observar. Um é a chave para a compreensão do outro, a passagem do conhecido para o desconhecido. A Aplicação do Princípio Equipados como estamos agora com a compreensão do tipo das primícias e do cumprimento desse tipo no caso de Jesus como primícias dos que dormiam, somos capazes de passar adiante para uma outra fase para o ponto onde podemos compreender como os cento e quarenta e quatro mil serão as primícias. No primeiro caso vimos que o ponto de tempo nada tem a ver com o ser as primícias. Vimos que se ponto de tempo fosse o factor decisivo com Jesus ser as primícias, então Ele nunca podia ter sido, em vez disso então essa honra teria passado para Moisés que foi o primeiro no tempo a ser ressuscitado dos mortos. Semelhantemente, se o ponto de tempo fosse o factor decisivo com os cento e quarenta e quatro mil, então, eles nunca podiam ser as primícias porque não serão os primeiros no tempo a receber o selo do Deus vivo. Ao referir o selo aqui, falamos do segundo e último selo pelo qual os justos são anunciados como prontos para a colheita. Os cento e quarenta e quatro mil, não são os primeiros no ponto do tempo, mas são de facto os últimos em relação ao tempo. Em 1844, a obra do selamento começou na qual os justos mortos receberam o segundo e último selo enquanto repousavam nos seus leitos de pó, e foram desse modo declarados como certificados para a grande colheita no dia da ressurreição. Essa obra de selamento começou muito antes com os primeiros crentes a morrer nos dias de Adão e prosseguiu até tratar dos casos daqueles que morreram na fé da mensagem do terceiro anjo e tão depressa quanto cada um terminou a sua jornada terrestre. Contudo, dizer que a obra do selamento começou em 1844, Apesar de ser verdade no sentido geral, é passar por alto o facto que todos aqueles que já estão no Céu, tal como Moisés, Elias e Enoque juntamente com os mártires do Antigo Testamento que foram ressuscitados com Jesus e regressaram ao Céu com Ele, devem ter recebido o segundo e último selo antes de poderem entrar nas cortes celestiais. Está a chegar o tempo em que os últimos mortos terão sido julgados e a obra do selamento passará aos justos vivos, aqueles que serão os cento e quarenta e quatro mil. E quando esse tempo vier eles serão os únicos que faltam selar, por isso, quando consideramos um ponto de tempo eles não serão os primeiros a serem selados mas serão precisamente os últimos. Se então, para se qualificarem como primícias tivessem que ser os primeiros a serem selados, então nunca podiam qualificar-se. Alguém podia presentar o argumento que dos vivos eles serão os primeiros, todavia, nem isto é verdade, porque Enoque e Elias foram ambos selados em vida e transladados para o Céu em resultado disso. Como aprendemos no estudo dos acontecimentos dos últimos dias, ninguém pode receber o segundo e último selo, até ter enfrentado e passado o grande teste final que vem no fim do tempo de provação, exactamente no início do tempo da angústia de Jacó. Este facto põe imediatamente fim à ideia o que uma certa classe receberá o selo no início da chuva serôdia para seguir depois e juntar ao restante da colheita, que por sua vez formará a grande multidão. Essa ideia está muito longe da verdade e é uma negação do próprio princípio envolvido do que significa as primícias. Além do mais, deve ser salientado que na natureza as primícias não saem para juntar o restante da colheita. Portanto, na natureza do caso, então como foi na experiência de Cristo como primícias, os cento e quarenta e quatro mil nunca se qualificarão como primícias se tiver de ser uma questão de precedência no tempo. Nem isto pode ser uma questão de primeira excelência na qualidade do desenvolvimento de carácter. Tal como no caso do Mestre, assim com eles será verdade que terão alcançado um nível de desenvolvimento do carácter mais elevado do que aqueles que ressuscitaram dos mortos em virtude da experiência pela qual terão passado, e por seu lado desfrutarão de especiais privilégios no reino, então, como não foi isto que fez de Cristo as primícias, semelhantemente, não será isso que fará deles as primícias. O quê, então faz deles as primícias se não é nenhuma destas duas outras possibilidades? Aquilo que fará deles as primícias será exactamente o que fez Cristo ser as primícias. Qualquer outra interpretação seria dar às primícias um significado diferente no lugar e no outro e assim destruir a consistência da palavra de Deus. Tal como Cristo tinha que cumprir uma certa obra e obter uma certa vitória antes do resto dos resgatados poderem ressurgir para a eternidade, assim será que Cristo o grande capitão do exército do Senhor terá que cumprir através deles uma obra que tem de ser feita antes da obra de Deus poder ser consumada e a colheita geral de todos as eras recolhida. Para compreender isto é preciso que olhemos para a própria natureza dos argumentos legais envolvidos no grande conflito e este será o assunto estudado a seguir.

 

 

PARTE 2

 No capítulo anterior vimos que os cento e quarenta e quatro mil não podem ser as primícias por causa de qualquer precedência no ponto de tempo ou no desenvolvimento do carácter mas porque Cristo realizará através deles uma obra, sem o sucesso da qual nunca poderia haver a colheita do resto da seara. Para compreender isto devemos ver claramente os pontos cruciais em causa no grande conflito em si, para que possamos compreender o que o diabo está a procurar realizar e o que o Senhor pretende cumprir antes do fim do grande conflito. Que há muito em causa na questão da perfeição dos cento e quarenta e quatro mil enquanto estiverem vivos, e que dessa obra depende a sorte de todos os justos de todos os séculos bem como a segurança e a prosperidade do Universo, é tornado claro neste testemunho. O contexto mostra que ele está a falar do tempo em que o diabo ganhou o controlo sobre todo o mundo e somente um pequeno remanescente permanece em desafio à sua determinação de governar o mundo e quebrar o plano da salvação. A conjuntura são as cenas finais do grande dia da expiação quando de todos os fiéis de Deus somente os cento e quarenta e quatro mil são deixados vivos. O testemunho diz então: “Satanás conta o mundo como súdito seu, ele adquiriu domínio sobre as igrejas apóstatas; mas ali está um pequeno grupo que lhe resiste à supremacia. Caso os pudesse desarraigar da Terra, seu triunfo seria completo.” Testimonies 5:472. A única esperança que ele tem de ser capaz de fazê-los desaparecer da Terra é quebrar a sua fé no poder salvador Deus e desse modo levá-los ao pecado num tempo em que o santuário está fechado e o ministério pelo pecado não existe. Se ele pudesse fazer isto, então podia destrui-los e de facto fá-los-ia desaparecer, e se fosse capaz de fazer isso então o seu triunfo seria completo. Por outras palavras, ele seria o vencedor no grande conflito dos séculos. Ele teria provado que tinha razão e assim provava que Deus era o mentiroso na situação. Desde o princípio do grande conflito, Satanás tem declarado que as leis de Deus são injustas, opressoras e egoístas no que respeita a Deus, e por isso não podem ser obedecidas pelos seres criados. Ele fez esta “descoberta” quando esteve na própria luz da presença Deus e começando a olhar para o seu próprio brilho e talento, e a ver-se a si mesmo merecedor de uma posição muito melhor e mais elevada do que aquela que lhe tinha sido atribuída, naturalmente pensou no início que o Senhor o veria como ele se via a si mesmo e que o elevaria a uma posição de igualdade com Cristo. Ele antecipou isto na base da sua então correcta compreensão de que o Senhor havia dado a cada ser criado uma posição igual aos seus talentos e capacidades. Todavia, à medida que o tempo passou ele não viu evidência da parte do Senhor para lhe dar o que aos seus próprios olhos sentiu ser merecedor. Em vez de verificar para ver se ele era realmente o que pensava ser e então rever a sua atitude para com a lei de Deus, decidiu que o Senhor estava a mantê-lo abaixo a fim de preservar um lugar especial e posição para Si próprio e para o Seu filho Jesus Cristo. Assim, “descobriu” ele por causa da sua agora distorcida e egoísta visão das coisas, que a lei de Deus se destinava a servir um Deus egoísta, e não era de modo algum para a felicidade das criaturas, mas apenas para os manter numa servil escravatura ao poder de Deus e Seu filho. Então nessa altura e só nessa altura, propôs no seu coração que se o Senhor não lhe desse aquilo que ele considerava ser seu por direito e que considerava estar a ser-lhe negado por um Deus egoísta e centrado em Si mesmo então levantar-se-ia e tomá-lo-ia pela força. Ele pensou que a sua reacção era perfeitamente justificada e o único caminho possível a tomar, uma vez que entendia ter sido “enganado” acerca do carácter de Deus, que ele via agora como sendo o mestre da mentira, portanto ficou convicto que a lei de Deus não podia ser guardada de modo algum, e que aqueles que estavam obedecer-lhe faziam-no somente por causa de estarem sob a tirania de uma terrível servidão. Mas fossem os seres criados despertados para a grande “descoberta” que ele fez, e acabariam para sempre com a servidão a Deus e ao Filho. Que isto é assim não é o resultado da invenção ou da leitura da nossa mente porque o próprio diabo o disse. Olhai para o incidente acerca de Jó no Antigo Testamento. “E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal?” Jó 1:8. Na sua resposta Satanás não negou que Jó estava a servir a Deus, mas retorquiu e disse que ele estava a fazer isso porque não compreendia o verdadeiro carácter de Deus. Jó estava tão enganado que via Deus como Lúcifer O via antes, como um benfeitor dos Seus filhos, mas se o Senhor mostrasse o Seu verdadeiro carácter e Jó visse esse carácter como o de um opressor, então Jó amaldiçoaria Deus na Sua face. “Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? “Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. “Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.” Versículos 9-11. Desta maneira, Satanás declarou que rebelião, que é pecado de acordo com a posição, ponto de vista e julgamento de Deus, é inevitável se os seres criados ficarem conscientes da verdadeira natureza da situação. Com esta convicção firme na mente, ele lançou-se ao trabalho de ajudar os anjos não caídos a compreender a sua situação, e foi bem-sucedido em juntar um terço dos exércitos celestiais para o seu lado em aberta e total rebelião contra o poder de Deus. Esta foi uma significativa vitória para o seu lado e deu-lhe um auspicioso começo no agora longo conflito. A conquista de um terço do exército do Céu já era suficiente mau se isso fosse tudo o que ele conseguisse, mas na realidade todo o exército celestial foi enganado em parte e até à cruz do Calvário seguiram Deus com alguma reserva. Até essa altura havia a dúvida nas suas mentes de que talvez o diabo estivesse correcto e que o Senhor estava a enganá-los pelo menos até certo ponto. Que isto é assim é tornado claro nestes testemunhos. “Até à morte de Jesus, o caráter de Satanás não fora ainda claramente revelado aos anjos e mundos não caídos. O arqui-apóstata se revestira por tal forma de engano, que mesmo os santos seres não lhe compreenderam os princípios. Não viram claramente a natureza de sua rebelião.” “Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o Universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse, não mais podia esperar os anjos ao virem das cortes celestiais, nem perante eles acusar os irmãos de Cristo de terem vestes de trevas e contaminação de pecado. Estavam rotos os últimos laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial.” O Desejado de Todas as Nações, 758, 761. Este testemunho claramente declara que os últimos laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial estavam quebrados quando ele matou Cristo na cruz do Calvário. Há uma clara A Grande Multidão 9 diferença entre ter uma simpatia com e ter uma simpatia por outra parte. Porque para existir uma simpatia com ou entre duas partes, tem de haver uma partilha das mesmas atitudes e pensamentos, ou, pelo menos um reconhecimento de que aquilo que o outro homem acredita ou faz, tem uma certa medida de justificação, ao passo que por outro lado podeis ter simpatia por uma pessoa por causa da infeliz situação em que ela se encontra sem no mínimo grau simpatizar com a sua ideologia e forma de viver. Por isso hoje nós podemos sentir e devemos sentir muita pena mesmo do próprio diabo por quem nós mostramos simpatia, todavia, ao mesmo tempo não deve haver a mínima simpatia entre ele e nós acerca de qualquer coisa que ele acredite ou faça. Até à crucificação quando o amor e o carácter de Deus apareceram no seu melhor, enquanto o carácter de Satanás apareceu no seu pior, os seres não caídos não tinham perdido a sua simpatia pelos enganos Satanás, mas com aquela revelação das duas partes em luta, Satanás perdeu tudo no que respeita à simpatia do mundo celeste. Tremendo terreno foi ganho pelas forças da justiça, mas a batalha ainda não estava ganha. É verdade que o Céu tinha-se tornado um lugar seguro, todos os seus habitantes tinham visto por si mesmos a natureza do carácter e dos argumentos de Satanás, e tinham tomado a decisão definitiva necessária para não lhe dar o mínimo acolhimento. A mesma batalha tem que ser levada ao fim nesta Terra de maneira que os homens vejam totalmente que Satanás é o grande enganador e do coração reconheçam essa verdade. Uma certa situação tinha de ser alcançada antes que a vitória pudesse ser ganha pela qual os exércitos do Céu fossem totalmente libertos dos enganos de Satanás e levou quatro mil anos a chegar até ela. Semelhantemente, uma certa situação terá de ser alcançada antes do fim poder vir com a completa revelação aos homens pecadores, bem como aos justos, do verdadeiro carácter de Satanás. Cristo foi o campeão que ganhou a vitória no Calvário, e será outra vez Aquele que ganhará a vitória final, sendo os cento e quarenta e quatro mil o instrumento nas Suas mãos. O que foi feito num grande campo de batalha, a luta pela lealdade dos seres não caídos deve agora ser feito na luta pela conquista das mentes dos seres caídos. Como Cristo cumpriu o papel das primícias nessa primeira grande batalha, assim terá Ele de novo as Suas primícias na reprodução de Si próprio nos cento e quarenta e quatro mil. Vejamos como será isto feito. A Natureza Humana Debaixo de Fogo Quando Adão pecou no Jardim do Éden, Satanás exultou, porque agora ele podia apontar o facto que a perfeita natureza angélica e a perfeita natureza humana não eram à prova da tentação do pecado. Apenas um confronto foi suficiente, a obra de alguns minutos, para vencer Adão e Eva no seu prefeito lar edénico. Ele pensou que agora tinha uma base de operações segura contra o governo do Céu até serem proferidas as palavras “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Génesis 3:15. A partir desse momento, tem sido o esforço de Satanás abolir da face da Terra a justiça de Deus pela destruição do povo de Deus, e muitas vezes tem chegado perigosamente perto de ser bem-sucedido. Uma e outra vez tem ele conduzido Israel ao pecado, e com isso “Esperava estabelecer a pretensão que manifestara quando de sua rebelião no Céu — que as reivindicações de Deus eram injustas, e não podiam ser obedecidas. Mesmo Israel, declara ele, não guardava a lei.” O Desejado de Todas as Nações, 29. Então veio Jesus e naquela mesma natureza humana que tinha falhado tanto antes, e agora enfraquecida por quatro mil anos de pecado e injustiça, demonstrou que a lei pode ser obedecida em cada particular sob as pressões e condições mais terríveis possíveis e ainda assim ser para a melhoria e felicidade daqueles que a guardam, provando dessa maneira que Deus não era injusto, arbitrário ou severo ao fazer essas leis para as Suas criaturas. Satanás sabia que agora iria perder tudo, e que tudo dependia de vencer a natureza humana de Jesus e fazer com que Ele pecasse. Portanto, depois de perder batalha atrás de batalha, chegou o momento em que a batalha final devia ser travada na cruz. Satanás sabia que este seria um esforço derradeiro de vida ou morte, que perderia ou ganharia tudo nesta luta e por isso, a constante exposição total do seu carácter, lançou tudo o que tinha no supremo esforço para destruir o Filho de Deus espiritualmente e moralmente ̶e perdeu. O Filho de Deus triunfou sobre o diabo, provando para sempre a justiça e o amor de Deus. Tendo obtido essa vitória, e saído do túmulo como prova da vitória, tornou-se as primícias dos que dormiam, com isso garantindo que o diabo não tinha poder para manter os justos na sepultura. Aflição para a Terra Não sendo capaz de ser ouvido pelos anjos, então voltou toda a sua atenção para os que restavam no campo de batalha, esta Terra. Enquanto antes de da cruz, ele dividia o seu tempo e energia entre a Terra e os anjos, agora concentrou tudo nos homens e mulheres aqui, por essa razão está escrito, “E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.… Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.” Apocalipse 12:10-12. Todo o seu tempo, energia e esforço, estão agora dedicados ao objectivo de fazer com que aqueles que professam ser filhos do reino pequem e assim possa destruí-los da face da Terra, provando dessa maneira o seu ponto de vista que a natureza humana não é capaz de modo algum cumprir a lei. É verdade que Jesus na nossa natureza humana obedeceu de facto à lei, mas o inimigo perverte a verdade sobre isto espalhando a doutrina de que Ele não era realmente humano como nós somos, mas que possuía qualidades e poderes que uma pessoa comum não conhece e Ele podia não pecar. Ele podia fazer isso mas outra coisa é qualquer pessoa fazê-lo também. E na linha do tempo a triste realidade é que mesmo os professos filhos de Deus têm falhado uma e outra vez a Deus dando por isso credenciais à grande mentira de Satanás. Antes do conflito ser por fim resolvido, antes dos ímpios serem levados voluntariamente a reconhecer que Deus é justo e santo, tem de haver na Terra um povo vivo que sem Mediador nas cortes do Céu, demonstre que sob as mais proibitivas circunstâncias a lei pode ainda ser cumprida para o progresso e bem-estar da família humana. Uma e outra vez o Senhor procura juntar esse povo e de cada vez o diabo tem sido bem sucedido em levar essa grande obra de reavivamento e reforma a um aparente mas não completo fim. Se ele pudesse em qualquer momento fazer isto, então teria ganho a vitória, porque teria provado que a injustiça era mais forte do que a justiça e por isso sairia vitorioso no seu argumento. Finalmente o Senhor terá um povo que será a perfeita reprodução do carácter de Jesus. Em desespero Satanás vê o que isto significa e como fez na cruz reunirá todos os seus poderes e recursos numa poderosa determinação de eliminar este povo justo da face da Terra. Ele sabe que ganhe agora, ou perca para sempre, não haverá outra oportunidade. As duas grandes forças que se confrontaram para a batalha tantas vezes antes, agora enfrentar-se-ão pela última A Grande Multidão 11 vez numa luta de vida ou morte da qual não haverá retirada senão com a vitória de uma ou de outra. Tal como foi na cruz, assim outra vez Satanás falhará completamente e como naquela altura será de novo com um custo tremendo para si. Então o preço que ele pagou foi a total exposição de si mesmo perante os exércitos das cortes celestiais pela qual perdeu toda a simpatia que existia entre eles. Mais uma vez o preço que ele pagará pela derrota será a completa exposição de si mesmo desta vez não perante o exército celestial, porque isso já foi feito, mas perante os moradores desta Terra. Resumidamente aqui está o seu desenvolvimento como revelado na segura palavra da profecia. Satanás levará os governantes desta Terra a passarem o decreto de morte contra os verdadeiros e santos e depois guiará os exércitos dos ímpios para destruir o povo de Deus. A situação chega a um ponto em que os ímpios estão sobre os justos com as suas espadas levantadas a fim de os matar, “quando, eis, um denso negror, mais intenso do que as trevas da noite, cai sobre a Terra. Então o arco-íris, resplandecendo com a glória do trono de Deus, atravessa os céus, e parece cercar cada um dos grupos em oração. As multidões iradas subitamente se detêm. Silenciam seus gritos de zombaria. É esquecido o objeto de sua ira sanguinária. Com terríveis pressentimentos contemplam o símbolo da aliança de Deus, anelando pôr-se ao amparo de seu fulgor insuperável.” Então a voz de Deus fala e liberta o Seu povo e é nesta altura que “há um terrível despertar daqueles que tudo perderam no grande conflito da vida…. O povo vê que foi iludido. Um acusa ao outro de o ter levado à destruição; todos, porém, se unem em acumular suas mais amargas condenações contra os ministros. Pastores infiéis profetizaram coisas agradáveis, levaram os ouvintes a anular a lei de Deus e a perseguir os que a queriam santificar. Agora, em seu desespero, esses ensinadores confessam perante o mundo sua obra de engano.” O Grande Conflito, 654-656. Isto é a seca do rio Eufrates que deve acontecer para que o caminho dos reis do Oriente seja preparado. Isto é dizer que os reis do Oriente, que nós sabemos do nosso estudo da batalha do Armagedom ser Cristo e os Seus exércitos, não podem vir enquanto o caminho não estiver preparado para eles virem, e essa preparação é a seca das águas do simbólico rio Eufrates que é a retirada total do suporte que o diabo terá conquistado nessa altura. “Mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.” Daniel 11:45. Ele será despojado de todo o suporte humano nesse tempo como da simpatia do Céu na crucificação. E terá de ser dessa maneira antes da vitória final no grande conflito ser alcançada pelo Senhor e pelos Seus exércitos, porque é da natureza da lei de Deus que o Seu povo O sirva, não porque tem de ser, mas porque têm uma convicção pessoal que o Seu caminho é o único que é recto e verdadeiro. A convicção é baseada no conhecimento, e é obtida pela experiência. Portanto, o diabo deve revelar-se completamente aos homens, tal como aconteceu também com os anjos, antes de vitória ser alcançada e ganha verdadeiramente a convicção que o Senhor é recto e verdadeiro. Trazer a questão a esta situação; fazer com que as coisas se desenvolvam a este ponto, não é obra de um momento. É preciso um povo que viva uma vida de justiça tão perfeitamente como Jesus viveu enquanto esteve na Terra como visível reprovação do inimigo de toda a justiça. A própria existência desse povo fará manifestar a mais furiosa oposição possível que subirá de intensidade à medida que ele procura por todos os meios destruí-los. Para isso ele será forçado ao ponto em que se ultrapassará a si próprio e dará aos ímpios e também aos justos uma tal ilustração verdadeira de si mesmo que fará com que eles lhe retirem o apoio. Ao mesmo tempo será dada pelos justos a demonstração que a lei pode ser cumprida por aqueles que estão vivos na carne mais enfraquecida de todos os tempos. Não será antes disto estar feito que os justos de todas as eras serão chamados das suas sepulturas e os justos vivos trasladados para o reino. Mas quando estiver feito como a palavra tão claramente diz, o caminho dos Reis do Oriente terá sido preparado e o fim virá. Portanto, como na morte e ressurreição de Jesus foi realizado algo unicamente através do qual a porta da vida eterna pode ser garantida para todo o resto, assim a vitória dos cento e quarenta e quatro mil realizará algo unicamente pelo qual o fim pode vir e os remidos de todas as eras, a grande colheita, será reunida no celeiro celestial. Hoje eles repousam nas suas camas de pó esperando essa colheita, a colheita que depende dessa geração que serão os cento e quarenta e quatro mil, sendo verdadeiros e fiéis todo o caminho até à vitória final. É neste sentido que eles serão as primícias, tal como foi no mesmo sentido que Jesus foi as primícias dos que dormiam. Possa Deus ajudar cada um de nós a ver a responsabilidade da nossa própria geração de se elevar a tudo aquilo que Deus espera do Seu povo de modo que a obra possa ser por fim terminada ao tomar a eterna decisão no último grande conflito com os poderes das trevas.

 

 

PARTE 3

Até agora no estudo da grande multidão vimos que ela não é o grupo reunido pelos cento e quarenta e quatro mil na altura da colheira final. Isto tem de estar claro. Mas não é suficiente dizer quem eles não são, temos de ser capazes de dizer também quem eles são. A questão perante nós é acerca de quem eles serão. Uma segunda teoria é que eles serão os cento e quarenta e quatro mil cuja crença é baseada nos seguintes argumentos. Então ele diz, “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos.” Apocalipse 7:9. Isto parece sugerir à mente que o profeta está agora a dar uma visão sobre aqueles de quem tinha estado a ouvir, uma sugestão que é fortalecida quando informação adicional dada a respeito desta grande multidão. Pouco depois quando João ainda está olhando maravilhado para este grande grupo, é feita a pergunta, “Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram?” João admitiu que não sabia e depois de reconhecer que aquele que perguntava sabia e podia dizer-lhe recebeu a seguinte informação: “E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? “E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. “Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.” Versículos 13-15. De imediato notamos que esta grande multidão servirá a Deus de dia e de noite no Seu templo, onde estão perante o Seu trono. Nós recordamos que a irmã White estava em visão na qual lhe eram mostradas as glórias do lar celestial, estava quase a entrar no templo do Monte de Sião, quando Jesus disse, “somente os cento e quarenta e quatro mil entram neste lugar.” Portanto, o raciocínio daqueles que defendem esta teoria, que a grande multidão são os cento e quarenta e quatro mil, que como a grande multidão servem Deus no Seu templo, deve ser este grupo especial. O que não é levado em conta aqui é que há mais do que um templo localizado na Nova Terra, e aquele onde só os cento e quarenta e quatro mil entram não é aquele onde está o trono de Deus. Sobre isto aprenderemos mais tarde neste artigo. Alguns podem argumentar contra a teoria acima indicada com base no facto de ser dito que a grande multidão é tão grande que nenhum homem podia contar. Eles pensam num número enorme de pessoas, numericamente tão grande para além da capacidade do homem numerar. Tal argumento é realmente inválido apesar da conclusão estar correcta. A posição que nos é apresentada na Palavra de Deus é que a grande multidão representa os salvos de todas as eras. Deve ser reconhecido que eles foram adquiridos da população mundial desde as portas do Éden até ao fecho da porta da graça. A mais optimista contagem daqueles que seriam salvos não produziria um número que o homem não pudesse contar no sentido da contagem numérica, porque o homem é capaz de contar até números astronómicos. Portanto, um momento de clara reflexão mostrará que não é a grandeza do número que torna impossível o homem contá-los. A verdade a respeito disto é outra completamente. Quando em toda a história foi o homem capaz de numerar o Israel de Deus? Elias tentou numa altura em que havia apenas sete mil que não dobraram os seus joelhos a Baal e quão errado estava o seu número. Mesmo se houvesse apenas dez verdadeiros filhos de Deus e vos tivessem dito que havia apenas esses, podíeis numerá-los? Podíeis vós declarar que este podia ser contado com os salvos e outro não? Sabeis que não podíamos e nunca seremos capazes de o fazer. É Deus que numera o Seu povo designando que este ou aquele como Seu de acordo com as decisões do julgamento, primeiro dos mortos e depois dos vivos. Dessa contagem sairá a grande multidão, grande não só pela numérica multiplicidade, mas no desenvolvimento de carácter e merecimento moral. Sempre e ao longo do tempo o povo de Deus tem sido grande, não por causa de serem muitos porque isso ele nunca foi, mas porque residia neles a grandeza do poder de Deus. A Grande Colheita É sempre de grande valor procurar no Espírito de Profecia para encontrar a compreensão ali contida das Escrituras. Os textos que tratam com a grande multidão estão citados em vários lugares em que o contexto não deixa dúvidas sobre o entendimento do Espírito de Profecia a respeito disto. Olhemos então para estas referências e vejamos o que elas dizem. Encontraremos que cada uma delas na sua vez fala dos salvos de todas as idades como a grande multidão e nunca uma só vez os limita aos que são chamados a sair de Babilónia na grande advertência final. O primeiro testemunho é de Educação, 309. “‘Ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos.’ 1 João 3:2. “Então, nos resultados de Sua obra, Cristo contemplará Sua recompensa. Naquela grande multidão que ninguém pode contar, apresentada como ‘irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória’ (Judas 24), Aquele cujo sangue nos redimiu e cuja vida nos ensinou, verá o ‘trabalho da Sua alma’ e ‘ficará satisfeito’. Isaías 53:11.” Aqui a grande multidão é nomeada como sendo o resultado da Sua obra que não pode de modo algum ser limitada à fase final da Sua obra, mas nada menos do que a toda ela. A totalidade deve incluir todos os que foram salvos desde o início do conflito nesta Terra até ao fim. Um testemunho semelhante é encontrado em Atos dos Apóstolos, 601, 602. “O que susteve o Filho de Deus durante Sua vida de trabalho e sacrifício? Ele viu os resultados do trabalho de Sua alma, e ficou satisfeito. Olhando para dentro da eternidade, contemplou a felicidade dos que receberam por intermédio de Sua humilhação, perdão e vida eterna. Seus ouvidos perceberam os louvores dos remidos. Ouviu-os entoando o cântico de Moisés e do Cordeiro. “Podemos ter uma visão do futuro, da felicidade no Céu. Na Bíblia estão reveladas visões da glória futura, cenas pintadas pela mão de Deus, e que são uma preciosidade para Sua igreja. Pela fé, podemos chegar até o limiar da cidade eterna e ouvir as afáveis boas-vindas dadas aos que, nesta vida, cooperaram com Cristo, considerando uma honra sofrer por Sua causa. Ao serem pronunciadas as palavras: ‘Vinde, benditos de Meu Pai’ (Mateus 25:34), eles lançarão suas coroas aos pés do Redentor, exclamando: ‘Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graça. [...] E ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre’. Apocalipse 5:12, 13. A Grande Multidão 15 “Lá, os remidos saúdam os que os conduziram ao Salvador, e todos se unem no louvor Àquele que morreu para que os seres humanos pudessem ter a vida que se mede com a vida de Deus. O conflito está terminado. As tribulações e lutas chegaram ao fim. Cânticos de vitória enchem todo o Céu, enquanto os remidos entoam o jubiloso coro: ‘Digno é o Cordeiro, que foi morto’ (Apocalipse 5:12), e vive outra vez, como triunfante vencedor. “‘Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro’. Apocalipse 7:9, 10. “‘Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para a fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima’. Apocalipse 7:14-17. ‘E não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas’. Apocalipse 21:4.” Todo o sentido deste testemunho cobre todo o campo da história da salvação e seu resultado final. Não há um indício ou uma sugestão nele de que esteja a referir-se apenas ao povo dos últimos dias. No primeiro parágrafo enquanto nos é dito daquilo que susteve o Salvador, aprendemos que “Olhando para dentro da eternidade, contemplou a felicidade dos que receberam por intermédio de Sua humilhação, perdão e vida eterna. Seus ouvidos perceberam os louvores dos remidos. Ouviu-os entoando o cântico de Moisés e do Cordeiro.” Quando Ele contemplou a felicidade daqueles que tinham recebido perdão e vida eterna, estava evidentemente a ver a alegria de todo o grupo de remidos e não só uma secção final deles. E por isso, quando continua a falar dos remidos na cidade de Deus, é evidente que está a falar de todos os remidos e depois à luz de todo este contexto, os textos são directamente citados de Apocalipse 7:9-17, que nos fala acerca da grande multidão, significando sem dúvida a soma total dos remidos de todos os séculos. Isto é tão claro e compreensível que não parece ser necessário comentário adicional no que respeita a este testemunho. Passemos então ao testemunho seguinte a ser considerado. Este testemunho encontrado em O Grande Conflito, 665, é talvez o mais claro de todos. Ele fala daquele tempo em que chegou o fim dos mil anos e os justos são reunidos à volta do seu Salvador, enquanto os ímpios cercam a cidade de Deus no último grande dia de julgamento. Quando os justos se encontram ali, estão divididos em certas classificações facilmente identificáveis. Aqui está todo o testemunho. “Mais próximo do trono estão os que já foram zelosos na causa de Satanás, mas que, arrancados como tições do fogo, seguiram seu Salvador com devoção profunda, intensa. Em seguida estão os que aperfeiçoaram um caráter cristão em meio de falsidade e incredulidade, os que honraram a lei de Deus quando o mundo cristão a declarava nula, e os milhões de todos os séculos que se tornaram mártires pela sua fé. E além está a ‘multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, ... [que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro] trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos.’ Apocalipse 7:9. Terminou a sua luta, a vitória está ganha. Correram no estádio e alcançaram o prêmio. O ramo de palmas em suas mãos é um símbolo de seu triunfo, as vestes brancas, um emblema da imaculada justiça de Cristo, a qual agora possuem.” Nesta ocasião particular aqueles que estarão mais próximo do trono são os que já foram zelosos na causa de Satanás mas que, tendo sido arrancados como tições do fogo seguiram o seu Salvador com profunda, intensa devoção. O apóstolo Paulo estaria certamente nesta classificação. E tem havido outros como ele na história. A seguir vêm aqueles que t aperfeiçoaram o seu carácter no meio da infidelidade e falsidade, aqueles que honraram a lei de Deus quando o mundo cristão a declara nula. Os cento e quarenta e quatro mil devem ser numerados neste grupo, porque eles terão vivido no período da maior infidelidade e falsidade de todos os tempos e serão com certeza os que honrarão a lei de Deus quando o mundo cristão a declarará nula. Na linha seguinte estão os mártires de todas as idades, milhões deles. Estes são os que entregaram a sua vida pelo Mestre. Deve ser evidente que eles são qualificados em mais do que uma categoria. Paulo, por exemplo, é um caso destacado daqueles que estarão na primeira categoria e estará mais perto de Cristo, mas ao mesmo tempo também foi mártir e por isso podia estar também nesta secção. Agora a seguir na lista vem a grande multidão directamente citada de Apocalipse 7:9. Nesta posição, é evidente que eles não podem ser incluídos em qualquer outro grupo, indicando assim que estão entre os justos de todas as idades e não no grupo especial do tempo do fim. De facto, este testemunho é na verdade muito claro de que eles não são conquistados pelos cento e quarenta e quatro mil, depois deste grupo ter sido abençoado com o derramamento da chuva serôdia. Se fosse verdade que, os cento e quarenta e quatro mil são um grupo que sai e ganha a grande multidão, depois essa grande multidão teria de honrar a lei de Deus numa altura em que o mundo cristão a declara nula. Isto significaria que a grande multidão estaria não onde este parágrafo mostra que estão, mas juntamente com aqueles que terão honrado a lei de Deus quando o mundo cristão a declarou nula. Todavia, não vemos que eles estejam entre aquele grupo o que prova para além de qualquer dúvida que eles não viveram durante aquele tempo, e portanto, não podiam ter sido o grupo especial ganho pelos cento e quarenta e quatro mil. Assim é que o Espírito de Profecia, esse dom especialmente prometido para o remanescente dos últimos dias, confirma que a grande multidão não é uma geração dos últimos dias, mas os salvos de toda a história. Há ainda outras referências que podem ser lidas se quisermos procurar todos, mas em cada caso todos eles têm a mesma natureza daqueles que já estudámos e não dizem mais ou menos do que aquilo que já vimos. A Grande Libertação Tendo estabelecido a missão dos cento e quarenta e quatro mil como primícias, e tendo visto que a grande multidão é composta por todas as gerações de salvos e não por uma colheita especial dos últimos dias, é apropriado que investiguemos porque é que os cento e quarenta e quatro mil e a grande multidão são mostrados juntamente no mesmo capítulo. Há uma razão muito real para isso como ordenação da mensagem dada nas profecias não é acidental mas por um propósito definido. No capítulo João ouve o número dos que são selados nesse glorioso e privilegiado grupo, os cento e quarenta e quatro mil. Logo que este selamento estiver completo está presente a consciência visível da grande multidão. É como se o selamento dos primeiros abrisse uma grande porta e lançasse uma onda de salvos na cena. E é exactamente assim que será e esta é a mensagem principal deste capítulo. Tal como vimos antes, a própria razão pela qual o Senhor Deus permitiu que o grande conflito continuasse todos estes anos é para que o verdadeiro carácter e motivos de Satanás sejam revelados. Nós estudámos como isto será feito e vimos que isto será realizado pelos vivos na carne humana caída, da perfeita justiça da lei de Deus por um remanescente do povo neste últimos dias como foi por Jesus na mesma carne humana caída nos Seus dias. Depois, face a esta irrepreensível e inconquistável justiça, o diabo será forçado a revelar-se a si mesmo ao ponto de perder o apoio dos mais próximos a amados dele, os ministros da apostasia. Tal como A Grande Multidão 17 já vimos, esse propósito do grande conflito foi alcançado pelos seres celestiais não caídos e outros mundos mas ainda não foi realizado pela raça humana. Todavia terá de ser alcançado. Se há alguma coisa que temos de compreender é que o Senhor nunca levará o grande conflito ao fim, até que o propósito pelo qual foi permitido que ele continuasse esteja total e finalmente cumprido. Até esse objectivo ser alcançado nem que seja preciso outros mil anos, o que louvemos ao Senhor não acontecerá, como a segura palavra da profecia nos assegura, o conflito terá de continuar. Quando e somente quando os objectivos forem alcançados chegará ele ao seu derradeiro final. Até essa altura a grande multidão permanecerá nas suas sepulturas esperando a vitória final e a total revelação aos homens do verdadeiro carácter e obra de Satanás. Embora essa revelação completa do carácter de Satanás ao ponto onde mesmo os seus seguidores lhe retiram o apoio, seja realizada pela completa e total dedicação de um remanescente do poder e guia de Cristo, aqueles que deverão ser esse remanescente serão eles próprios a chave nas mãos de Cristo para abrir as portas das prisões e libertar os prisioneiros. Por outras palavras, até eles se completarem totalmente, o resto da colheita não pode ser recolhida. Isto é dizer que aqueles que de nós têm professado ser os filhos do Senhor, mas falhado em chegar à estatura completa de homens e mulheres em Cristo Jesus, muito embora lhes tenham sido dado todos os meios necessários, estão a impedir a mais rápida recolha da grande multidão que espera nas suas sepulturas a manhã da ressurreição. Um dia por fim o Senhor terá esse povo. João ouviu o selamento deles como registado em Apocalipse 7. Quando isso acontecer de facto, Ele tê-los-á, então através deles os objectivos do grande conflito serão totalmente alcançados e aí nada adiará a imediata recolha da colheita e o fim da história do mundo. Portanto, exactamente como ilustrado em Apocalipse 7, com o selamento dos cento e quarenta e quatro mil, a ira de Satanás é incitada até ao limite, a exposição de si mesmo é total e a obra é terminada. Então de imediato aparece a grande multidão. Por outras palavras toda a ordenação da informação em Apocalipse 7, mostra que os cento e quarenta e quatro mil são as primícias no sentido em que ao serem os objectivos do grande conflito alcançados através deles, o resto da colheita poder ser ceifada. Que responsabilidade têm então aqueles afirmam ser o povo do Senhor no tempo presente, de pôr um fim a pecado e ao erro de qualquer espécie, para viver a plenitude da justiça da vida de Cristo e planear não para o presente mas para a eternidade, os mortos clamam nos seus leitos de morte, “até quando, ó verdadeiro e santo Dominador?” E a Sua resposta ser sempre, até Eu ter um povo através de quem por fim possa alcançar os objectivos finais do grande conflito. Então, A grande multidão a qual ninguém podia contar de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, as primícias terão sido reunidas e a sua ceifa virá, na libertação das suas sepulturas. Que o Senhor do Céu possa encontrar no Seu povo desta geração o grupo fiel e escolhido que Ele tem procurado. Podeis vós, caros leitores vislumbrar as implicações e responsabilidade desta hora e elevar-vos à altura? Que Deus seja capaz de nos ajudar a fazer exactamente isso, antes de nos juntarmos aos que jazem nas suas camas de pó e esperar que outra geração de justos se levante para fazer o que nós podíamos ter feito.

 

 

PARTE 4

Estamos agora preparados ao continuar o estudo da grande multidão para olhar o glorioso galardão deste grupo. Esta meditação encher-nos-á de maravilha e gozo quando virmos alguma coisa daquilo que o Senhor tem preparado para os Seus filhos e tornar as coisas desta Terra grandemente esbatidas e sem valor em comparação. Vividamente à medida que a ilustração vai sendo preenchida, ainda faltam “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” 1 Coríntios 2:9. Somente quando chegarmos a esse ponto começamos nós a compreender e apreciar a maravilha e glória do Éden restaurado. Ainda assim isso será apenas o início, porque durante toda a eternidade “surgirão ainda novas alturas a atingir, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos objetivos a aguçar as faculdades do espírito, da alma e do corpo.” O Grande Conflito, 677. A Grande Aflição Em primeiro ugar tomemos nota de que eles terão saído da grande aflição. A leitura da margem declara que terá sido a grande aflição, como se especificasse uma certa aflição em particular. Noutro lugar da Palavra de Deus fala-se de específicos tempos de angústia e aflição e descreve-o. Em Mateus 24:21, Jesus disse, “porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.” Depois Ele declara que “e, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.” Versículo 29. Isto, como especialmente descrito em O Grande Conflito, 306, mostra claramente que a aflição referida aqui é o período da Idade das Trevas, esse terrível período coberto pela profecia dos mil duzentos e sessenta anos. Nós já vimos que a grande multidão não é composta apenas por este período da história. Portanto, não pode ser essa a tribulação referida em Apocalipse 7. Depois há o tempo de tribulação e angústia falado por Daniel o Profeta, em Daniel 12:1. “E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.” Este é aquele tempo e que os crentes terão de desenvolver e aperfeiçoar um carácter cristão quando o resto do mundo terá declarado a lei de Deus nula. Os que farão isto serão os cento e quarenta e quatro mil e não a grande multidão. Portanto, Apocalipse 7 não se refere a nenhum destes períodos de tribulação. Isto deixa-nos com a pergunta quanto a quem se está referir e a resposta é bastante simples. A grande tribulação do ponto de vista o Céu e do ponto de vista da eternidade comporta todo o período do grande conflito. Antes desta tribulação começar havia paz e unidade no Céu e nenhuma tribulação, mas desde o início do conflito apenas tem havido tribulação. Mesmo nos E A Grande Multidão 19 período mais pacífico e próspero da igreja tem havido tempos de tribulação. Se não fosse assim, então o diabo devia ter tido tempos em que deixou a igreja em paz e não perseguida. Isto, nós sabemos que nunca aconteceu. A grande tribulação no completo sentido do termo tem sido algo como seis mil anos de duração, e é desse período que sairá a grande multidão como a grande colheita dos séculos, o fruto da obra de Jesus Cristo ao dar a Sua vida em resgate de muitos. No Seu Templo É dito que a grande multidão estará “diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.” Apocalipse 7:15. Nós sabemos que apenas os cento e quarenta e quatro mil entrarão no templo do Monte de Sião na Nova Terra e por essa razão tem sido concluído que a grande multidão são o mesmo grupo especial. Mas toda a dificuldade é removida quando é visto que o templo do Monte de Sião não é o referido aqui no texto acabado de citar. Uma cuidadosa leitura de Primeiros Escritos, 17-19 rapidamente mostra que o templo do Monte de Sião está fora da Cidade Santa. Para chegar a ele da cidade é necessário atravessar campos e bosques até chegar ao templo no cimo de um monte rodeado por sete outros montes. É digno de nota lembrar que a Cidade Santa está numa vasta planície criada pelo aplanamento do Monte das Oliveiras como está escrito “E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul.” Zacarias 14:4. Por isso, não há monte na cidade de Deus, nem ela está construída no cimo de um monte, mas numa planície. É nessa cidade que se encontra o trono de Deus onde também está o templo de Deus. O nosso versículo diz-nos que a grande multidão está perante o trono de Deus e como tal O serve dia e noite no Seu templo, pelo que devemos compreender que estar perante o trono de Deus e na própria presença de Deus é estar ao mesmo tempo no templo de Deus. É revelado que isto é assim na maravilhosa verdade que não há templo na cidade no que respeita a um edifício distinto e separado, porque o Pai e o Filho estão no templo como relatou João: “E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.” Apocalipse 21:22. Hoje, por causa da parede de separação do pecado, a face e a presença de Deus estão veladas do Seu povo. Não podemos olhar a Sua face e viver. Na experiência do Israel do Antigo Testamento, também era assim. A presença de Deus tinha de estar velada dentro da profundidade do santuário no véu interior onde nenhum homem podia aventurar-se e viver excepto o Sumo Sacerdote apenas uma vez por ano, e tinha de ter grandes nuvens de incenso para velar a glória da Presença da Divindade. Ali todos os remidos “verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome.” Apocalipse 22:4. “‘Nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus todo-poderoso, e o Cordeiro.’ Apocalipse 21:22. O povo de Deus tem o privilégio de entreter franca comunhão com o Pai e o Filho. ‘Agora vemos por espelho em enigma.’ 1 Coríntios 13:12. Contemplamos a imagem de Deus refletida como que em espelho, nas obras da Natureza e em Seu trato com os homens; mas então O conheceremos face a face, sem um véu obscurecedor de permeio. Estaremos em Sua presença, e contemplaremos a glória de Seu rosto.” O Grande Conflito, 676-7. É possível para a presente mente humana compreender o que isto significará para o povo de Deus na eternidade vindoura? Não! É impossível! Pensai na alegria e maravilha que é falar com Deus face a face, manter aberta comunhão com Ele e com o Seu maravilhoso Filho. Pensai nisso! Deixemos que a admiração e maravilha disto nos encham com reverência, com humildade e com a mais feliz antecipação. Permitamos que a perspectiva sirva para nos dar força para o conflito que está à nossa frente e nos estimule com um entusiasmo para ganhar essa coroa não importa qual o custo que isto possa ter nesta Terra. “Então será revelada muita coisa na explanação de questões a cujo respeito Deus agora guarda silêncio, por não havermos colhido e apreciado o que tem sido revelado dos mistérios eternos. Os métodos da Providência divina serão esclarecidos; os mistérios da graça por meio de Cristo serão patenteados. O que a mente agora não consegue entender, e que é difícil de compreender será explicado. Discerniremos ordem naquilo que parecia ser inexplicável; sabedoria em tudo o que foi retido; bondade e afável misericórdia em tudo que foi comunicado. A verdade será desdobrada à mente, livre de obscuridade, numa só linha, e seu fulgor será suportável. O coração será levado a cantar de alegria. Os conflitos estarão para sempre terminados, e serão solucionadas todas as dificuldades.” The S.D.A. Bible Commentary 6:1091. Tudo isto e muito mais será a herança que espera a grande multidão quando eles por fim pisarem a terra do lar celestial, juntamente com os cento e quarenta e quatro mil cuja vitória terá tornado possível o regresso de Jesus para levá-los como a grande colheita para o celeiro celestial. A Nova Criação Não seremos ali como somos aqui, fracos, débeis, doentes e a morrer. A obra da segunda criação será completa. Aqui o Senhor nos tem dado uma vida eterna perfeita na alma mas ainda não recebemos a nova criação do corpo no qual essa vida habitará e operará. Esse ser-nos-á dado na segunda vinda de Cristo nas nuvens do céu. Finalmente no fim dos mil anos, depois da Terra ter sido destruída pelo fogo, o Senhor criará “um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.” Apocalipse 21:1. Habituados como estamos às limitações desta carne fraca, não podemos imaginar o que será ser emancipado dela e com isso ser capazes de desfrutar e ver a plenitude de uma vida onde “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21:4. Que maravilhoso vigor físico e mental será o nosso então. Somos informados que a energia vital possuída por Adão na sua criação era vinte vezes superior ao que agora o homem possui. “Deus dotou o homem de tão grande força vital que ele tem resistido ao acúmulo de doenças lançadas sobre a humanidade em consequência de hábitos pervertidos, e tem sobrevivido por seis mil anos. Este fato, por si mesmo, é suficiente para nos mostrar a força e a energia elétrica que Deus conferiu ao ser humano na criação. Foram necessários mais de dois mil anos de delitos e de condescendência com as paixões inferiores para trazer sobre os seres humanos enfermidades físicas em grande escala. Se Adão, ao ser criado, não houvesse sido dotado de vinte vezes maior vitalidade do que os homens possuem agora, a humanidade, com seus atuais métodos de vida que constituem uma violação da lei natural, já estaria extinta. Por ocasião do primeiro advento de Cristo, o ser humano degenerara tão rapidamente que um acúmulo de doenças pesava sobre aquela geração, suscitando uma torrente de aflição e uma carga de sofrimento indescritível.” Testimonies 3:138, 139. “Ao sair Adão das mãos do Criador era de nobre estatura e perfeita simetria. Tinha mais de duas vezes o tamanho dos homens que ora vivem sobre a Terra, e era bem proporcionado.” Spiritual Gifts 3:34; História da Redenção, 21. A Grande Multidão 21 Que maravilhoso espécimen da arte criadora do Criador terá sido este pai da família humana. Se duas vezes mais alto do que os homens que agora vivem ele deve ter tido mais de doze pés1 de altura [3,65 m] maravilhosamente proporcionado e possuía vinte vezes a energia vital no corpo e no cérebro que resta na raça humana hoje, despojados como estamos actualmente por causa de séculos de iniquidade. Mas tudo isto deverá ser restaurado à medida que tivermos acesso à árvore da vida. “Restabelecidos à árvore da vida, no Éden há tanto tempo perdido, os remidos crescerão até à estatura completa da raça em sua glória primitiva. Os últimos traços da maldição do pecado serão removidos, e os fiéis de Cristo aparecerão ‘a beleza do Senhor nosso Deus’, refletindo no espírito, alma e corpo, a imagem perfeita de seu Senhor. Oh! maravilhosa redenção! Há tanto tempo objeto das cogitações, há tanto tempo esperada, contemplada com ávida expectativa, mas nunca entendida completamente!” O Grande Conflito, 645. Contudo, apesar do facto de virmos a ter esta tremenda vitalidade não revela mesmo assim os espantosos poderes que serão dados à grande multidão que estiver nesse céu criado de novo. Por exemplo, não só teremos vinte vezes melhor visão mas seremos equipados com poderes de visão nunca sonhados nesta vida. “Ali, quando for removido o véu que obscurece a nossa visão, e nossos olhos contemplarem aquele mundo de beleza de que ora apanhamos lampejos pelo microscópio; quando olharmos às glórias dos céus hoje esquadrinhadas de longe pelo telescópio; quando, removida a mácula do pecado, a Terra toda aparecer ‘na beleza do Senhor nosso Deus’ — que campo se abrirá ao nosso estudo! Ali o estudante da ciência poderá ler os relatórios da criação, sem divisar coisa alguma que recorde a lei do mal. Poderá escutar a melodia das vozes da Natureza, e não perceberá nenhuma nota de lamento ou tristezas. Poderá enxergar em todas as coisas criadas uma escrita; contemplará no vasto Universo, ‘escrito em grandes letras, o nome de Deus’; e nem na Terra, nem no mar ou no céu permanecerá um indício que seja do mal.” Educação, 303. Este testemunho plenamente declara que ali seremos capazes de ver coisas que agora os mais poderosos microscópios apenas nos dão um vislumbre. Nada estará escondido da nossa vista. Seremos capazes de levar a cabo os mais maravilhosos e profundos estudos dos mais escondidos segredos da natureza, e ver a obra das mãos de Deus, o livro da natureza, com uma clareza e poder impossível para nós aqui. Uma tal visão revelará para nós o carácter do Pai e do Filho e do Espírito Santo como nunca podíamos conseguir aqui nesta Terra. Semelhantemente, os nossos olhos contemplarão aquelas coisas que agora são observadas ao longe com o telescópio, e para além daquilo que pode ser alcançado com o telescópio. Não haverá limites, restrição, lugares de paragem, a aprendizagem, a satisfação e a realização de tudo o que é mais desejável e maravilhoso no coração dos filhos de Deus. “Ali os remidos ‘conhecerão como também são conhecidos.’ O amor e simpatia que Deus plantou na alma encontrarão o mais verdadeiro e suave exercício. A pura comunhão com seres santos, a vida social harmoniosa com os santos anjos e com os fiéis de todos os tempos, que lavaram as suas vestes e as tornaram brancas no sangue do Cordeiro, a santa associação que reúne ‘toda a família no Céu e na Terra’ Efésios 3:15, estes ajudam a constituir a felicidade dos remidos.” Ali, mentes imortais contemplarão com interminável deleite as maravilhas do poder criador, os mistérios do amor que redime. Não haverá cruel inimigo enganador para tentar ao esquecimento de Deus. Toda a faculdade será desenvolvida, toda a capacidade aumentada. A aquisição de conhecimento não fatigará a mente ou exaurirá as energias. Ali os maiores empreendimentos podem ser levados a cabo, as mais elevadas aspirações alcançadas, as mais altas ambições realizadas; e ainda haverá mais alturas a chegar, novas maravilhas para 1 Conversão de medidas inglesas. 1 pé = 0,3048 metros. admirar, novas verdades para compreender, novos objectivos a exigir os poderes da mente, da alma e do corpo. Todos os tesouros do Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Sem as restrições da mortalidade, voarão com voo incansável a mundos longínquos, ̶ mundos que estremeceram de tristeza perante o espectáculo do sofrimento humano, e cantaram com cânticos de alegria com as novas do resgate de uma alma. Com indescritível gozo os filhos da Terra entram na alegria e sabedoria dos seres não caídos. Eles partilham dos tesouros do conhecimento e compreensão obtido durante anos e anos em contemplação das obras das mãos de Deus. Com visão limpa olham para a glória da criação, sistemas solares e constelações, todos nas suas ordens circulando em volta do trono da Divindade. Em todas as coisas desde as mais pequenas às maiores, está escrito o nome do Criador, e em todas estão as riquezas do Seu poder. E os anos da eternidade, à medida que passam, trarão ricas e mais gloriosas revelações de Deus e de Cristo. À medida que o conhecimento progride, assim o amor, reverência e felicidade aumenta. Quanto mais os homens aprendem acerca de Deus, mais será a sua admiração pelo Seu carácter. À medida que Jesus abre perante eles as riquezas da redenção, e os espantosos feitos na grande controvérsia com Satanás os corações dos resgatados estremecem com a mais fervorosa devoção, tocam as suas harpas de ouro com a mais arrebatadora alegria; e dez milhares vezes dez milhares e miríades de vozes se unem para cantar o poderoso coro de louvor. “E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.” Apocalipse 5:13. “O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor.” O Grande Conflito, 677-678. Isto é apenas um fraco vislumbre daquilo que o Senhor tem preparado para os Seus filhos. A grande multidão devia estar neste mesmo momento a viver no mais pleno gozo destes tesouros. Em vez disso repousam nas suas sepulturas, esperando, esperando…. esperando. Não é por causa de algum fracasso ou falta de Deus que eles esperam. Há muito tempo, desde que o convite foi feito “tudo já pronto; vinde às bodas.” Mas o povo de Deus não veio. Demoraram e atrasaram-se e permitiram ser enganados pelo inimigo enquanto todos os mortos dormiam, esperando, esperando… esperando! Por quanto tempo mais, filhos dos homens? Quanto tempo mais antes do Senhor do Deus do Céu ter uma geração de crentes que faça todo o caminho e não falhe em alcançar a Sua glória? Ele tem de a ter antes de poder ver todo o objectivo do grande conflito realizado. Ele tem tudo o que precisamos. Cabe-nos a nós responder, confiar naquilo que Ele tem para nós e ganhar para Ele aquela vitória que permita a libertação da grande multidão para a glória. Possa o Senhor hoje despertar-nos para a solene obra desta hora de maneira a que afastar tudo excepto a Sua verdade e obra para que o fim venha e venha rapidamente.

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