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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

OS SETE ANJOS EM APOCALIPSE - CAPITULO 16 - F T Wright


 

Os Sete Anjos


Capítulo 16


Satanás Desmascarado



Satanás estava muito mais preocupado a respeito do sucesso de Cristo em desmascarar as suas mentiras acerca do perfeito carácter de Deus do que por causa da morte de Cristo pela raça caída, pois ele sabia muito bem que quando Cristo tivesse chegado a esse objectivo estava derrotado e condenado. Ele sabia que Jesus tinha adiado a Sua entrada no campo de acção até ao momento em que a depravação moral da raça humana e sua consequente decadência física, mental e espiritual tivesse alcançado um tal limite que a sobrevivência da humanidade estivesse ameaçada. O Salvador podia então fazer a revelação contrastante do carácter de amor do Seu Pai que derrotaria o diabo.
Deve ser compreendido que se a única obra que Cristo tinha que fazer fosse pagar a penalidade pelos pecados do homem, podia ter vindo à Terra fazer esse serviço assim que Adão e Eva caíram no Jardim e assim teria feito, porque não é por vontade divina que o pecado tivesse permissão para existir mais tempo do que o necessário.
Porém, esperou quatro mil anos até à chegada desse momento que as Escrituras definem como “Plenitude dos tempos”.
“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.” Gálatas 4:4.
Contudo, houve um período, em que, apenas 1656 anos depois da queda, a impiedade do mundo se tornou tão grande que o Senhor permitiu que ela fosse destruída pelo dilúvio. A rebelião estava tão profundamente implantada e desafiadora que Jesus declarou que ela era uma ilustração daquilo que será nos últimos dias em que o pecado chegará à sua maturação final. O Salvador disse:
“E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.” Mateus 24:37.
Se isto era assim, porque não veio o Salvador para dar a demonstração necessária acerca do carácter de Deus pela qual o fim viria? Não estava o carácter de Satanás completamente revelado? Não podia a revelação do carácter de Deus ter sido dada em contraste nessa altura?
Embora fosse verdade que a impiedade e rebelião tinham atingido a completa maturidade no dilúvio e quando Cristo veio por fim, mas havia ainda uma tão clara diferença entre os dois períodos que Cristo teve que esperar até à segunda oportunidade. Nos dias que conduziram ao dilúvio, apesar da iniquidade não restringida, os efeitos do pecado dificilmente eram visíveis na raça humana. Tão grande era a vitalidade concedida à humanidade na criação que nem mesmo a deliberada entrega ao pecado que marcava as vidas dos antediluvianos não foi suficiente para os abater numa extensão importante. Parecia como se estivessem a pecar sem impunidade.
“O livro de Gênesis apresenta um relato bem definido da vida social e individual, e, todavia, não temos notícia de alguma criança que nascesse cega, surda, aleijada, deformada ou imbecil. Não é mencionado um só caso de morte natural na infância, meninice ou juventude. Não há relato algum de homens e mulheres vitimados por doenças. Os obituários no livro de Gênesis declaram o seguinte: ‘E foram todos os dias que Adão viveu novecentos e trinta anos; e morreu.’ Gên. 5:5. ‘E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos; e morreu.’ Gên. 5:8. Com referência a outros, diz o relato: ‘Morreu em boa velhice, velho e farto de dias.’ Gên. 25:8. Era tão raro morrer um filho antes de seu pai, que tal acontecimento foi considerado digno de menção: ‘Morreu Harã, estando seu pai Terá ainda vivo.’ Gên. 11:28. Harã já era pai ao tempo de sua morte.
“Deus dotou o homem de tão grande força vital, que ele tem resistido à acumulação de doenças trazidas sobre a humanidade em conseqüência de hábitos pervertidos, e tem continuado por seis mil anos. Este fato, por si mesmo, é suficiente para evidenciar-nos a força e a energia elétrica que Deus concedeu ao homem na sua criação. Levou mais de dois mil anos de crime e de condescendência com vis paixões para trazer sobre o ser humano doenças físicas em larga escala. Se Adão, em sua criação, não houvesse sido dotado de vinte vezes mais força vital do que os homens têm agora, a humanidade, com os seus atuais hábitos de vida, em violação da lei natural, estaria extinta. Por ocasião do primeiro advento de Cristo, o ser humano degenerara tão rapidamente que um acúmulo de doenças pesava sobre aquela geração, ocasionando uma torrente de aflição e um fardo de inexprimível desdita.” Fundamentos da Educação Cristã, págs. 22 e 23.
Dois mil anos depois da queda, chega aos dias de Terá e Abraão, o que significa que a doença era praticamente desconhecida quando o dilúvio aconteceu cerca de quatrocentos anos antes. Quão diferente era isto antes dos dias de Cristo em que a condição física das pessoas era nada menos do que desesperada. Tão grande era o fardo da doença, cegueira, enfermidade, desordens mentais e possessões demoníacas, que Jesus passou mais tempo a aliviar as moléstias físicas e mentais do povo do que na pregação do evangelho. Os anjos observadores e os habitantes dos mundos não caídos não tiveram dificuldade em ver qual era o resultado do governo de Satanás. O tempo tinha chegado totalmente em que o confronto necessário tinha que acontecer, resultando numa vitória da justiça que não deixaria perguntas sem resposta para formar uma base de dúvida em qualquer mente.
Satanás sabia que havia uma saída para evitar confrontar-se com Cristo neste campo de batalha, muito embora se sentisse confiante que alcançaria a vitória. Nenhum homem tinha escapado das suas tentações e esperava que quando Jesus tomasse sobre si a fraqueza da humanidade caída e andasse sozinho pelo reino de Satanás, tê-l’O-ia então sob o seu poder e far-Lhe-ia conforme lhe aprouvesse. Todavia, Satanás não tinha intenção de esperar até ao último momento para lançar todos os seus recursos no grande conflito.
Ele sabia perfeitamente que a natureza do grande conflito exigia de Cristo uma demonstração na mesma carne e sangue como aquela em que o seu mau carácter foi mostrado. Portanto, uma forma para assegurar que Cristo não pudesse realizar a Sua missão era destruir a humanidade e o mundo em que ela vivia, antes da plenitude do tempo ter chegado e o Salvador aparecesse.
Induzindo Adão e Eva a pecar, esperou que eles pudessem ser imediata e permanentemente separados de Deus e assim serem instantaneamente destruídos. Para sua frustração, o Senhor desceu e, depois de falar aos nossos primeiros pais, dirigiu-se directamente à “... antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás...” Apocalipse 12:9. O inimigo de Deus e do homem foi informado que o Senhor lutaria pessoalmente pelos Seus filhos e resgatá-los-ia das mãos do destruidor.
“Desde a declaração feita à serpente no Éden: ‘Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a sua semente e a tua semente’ (Gên. 3:15), Satanás ficara sabendo que não manteria absoluto controle do mundo. Manifestava-se nos homens a operação de um poder que contrabalançaria seu domínio. Fundamente interessado, observava ele os sacrifícios oferecidos por Adão e seus filhos. Discernia nessas cerimônias um símbolo de comunhão entre a Terra e o Céu. Aplicou-se a interceptar essa comunhão. Desfigurou a Deus, e deu falsa interpretação aos ritos que apontavam ao Salvador. Os homens foram levados a temer a Deus como um Ser que Se deleitasse na destruição deles. Os sacrifícios que deveriam haver revelado Seu amor, eram oferecidos apenas para Lhe acalmar a ira. Satanás despertava as más paixões dos homens, a fim de firmar sobre eles o poder. Quando foi dada a Palavra escrita de Deus, Satanás estudou as profecias concernentes ao advento do Salvador. De geração a geração operou no intuito de cegar o povo para essas profecias, de modo a rejeitarem a Cristo em Sua vinda.” O Desejado de Todas as Nações, 115.
Era a sua intenção que a raça humana fosse exterminada no dilúvio e chegou perigosamente do sucesso. Uma pessoa pode imaginar a amarga frustração dele quando um justo remanescente sobreviveu. Ele sabia que deles cresceriam grandes nações através de quem o Senhor procuraria alcançar os Seus propósitos. Quando o diabo viu que não podia fazer desaparecer toda a raça humana, concentrou-se especialmente no povo escolhido. Sabendo que os planos de Deus eram para ser executados através dos descendentes de Abraão e David, tentou quanto pôde para exterminar esta linhagem. Numa altura chegou tão próximo de conseguir isso que o remanescente foi um frágil bebé que milagrosamente sobreviveu para se tornar o rei Joaz.
Apesar dos seus decididos esforços nos quais nenhuns meios eram considerados demasiado baixos ou cruéis, a linhagem real sobreviveu até Cristo aparecer em Belém. Tinha chegado o tempo em que Satanás tinha perante si a última oportunidade para impedir o Salvador de cumprir a Sua missão. “Satanás viu que, ou venceria, ou seria vencido. Os resultados do conflito envolviam demasiado para ser ele confiado aos anjos confederados. Ele próprio devia dirigir em pessoa o conflito. Todas as forças da apostasia se puseram a postos contra o Filho de Deus. Cristo Se tornou o alvo de todas as armas do inferno.” O Desejado de Todas as Nações, 116.
Quando a hora de crise se aproximou em que a radiante justiça no seu melhor tinha que enfrentar a manifesta impiedade no seu pior aspecto, a humanidade estava ignorante quanto à dimensão da batalha que estava próxima. Nem mesmo os homens que tinham seguido o Salvador durante os anos do Seu ministério sabiam o que estava em causa ou para vir. Mas isto não era verdade a respeito dos anjos ou dos habitantes que enchiam os miríades mundos no espaço exterior. Eles tinham esperado muito tempo para ver se Deus podia responder a todas as acusações que Satanás tinha lançado contra Ele. Precisavam ver por si mesmos o verdadeiro carácter de Deus e o dos Seus inimigos. Este era para eles o ponto decisivo na eternidade. Ou perderiam todos os traços de simpatia para com Satanás, ou perderiam para sempre a fé em Deus.
“Para os anjos e os mundos não caídos, o brado: ‘Está consumado’ teve profunda significação. Fora em seu benefício, bem como no nosso, que se operara a grande obra da redenção. Juntamente conosco, compartilham eles os frutos da vitória de Cristo.” O Desejado de Todas as Nações, 758.
As Escrituras declaram que um terço dos anjos seguiram Satanás ao sair do Céu e isto é verdade, como está escrito:
“E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra...” Apocalipse 12:4.
“Satanás na sua rebelião levou consigo uma terça parte dos anjos. Eles deixaram o Pai e o Seu Filho e uniram-se ao instigador da rebelião.” Testimonies 3:115.
“Quando Satanás se tornou indesejável no Céu, não apresentou ele sua queixa perante Deus e Cristo; foi, porém, aos anjos que o julgavam perfeito, afirmando que Deus lhe fizera injustiça, preferindo Cristo a ele. O resultado dessa falsidade foi, por motivo de lhe terem aderido, um terço dos anjos perderam sua inocência, sua alta posição e seu lar feliz.” Testimonies 5:291.
Mas, apesar de um terço dos anjos terem seguido o diabo, os outros dois terços foram seriamente enganados por ele. Estes sentiram que ele podia ter alguma razão e, até certo ponto, tinham simpatia para com a causa dele. Contudo, recusaram-se a deixar a sua lealdade a Deus a quem continuaram a servir apesar das persistentes dúvidas não respondidas que inundavam as suas mentes. Sem dúvida que Deus lhes havia assegurado que aquelas dúvidas seriam completamente tratadas por Cristo quando Ele viesse à Terra. Portanto, foi com intenso interesse que esses anjos e mundos não caídos observaram o desenvolvimento do conflito entre Cristo e Satanás. Termino 3/9/2005
“Para os anjos e os mundos não caídos, o brado: "Está consumado" teve profunda significação. Fora em seu benefício, bem como no nosso, que se operara a grande obra da redenção. Juntamente conosco, compartilham eles os frutos da vitória de Cristo.
Até à morte de Jesus, o caráter de Satanás não fora ainda claramente revelado aos anjos e mundos não caídos. O arqui-apóstata se revestira por tal forma de engano, que mesmo os santos seres não lhe compreenderam os princípios. Não viram claramente a natureza de sua rebelião.
“Era um ser admirável de poder e glória o que se pusera em oposição a Deus. De Lúcifer, diz o Senhor: ‘Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.’ Ezeq. 28:12. Lúcifer fora o querubim cobridor. Estivera à luz da presença divina. Fora o mais elevado de todos os seres criados, e o primeiro em revelar ao Universo os desígnios divinos. Depois de pecar, seu poder de enganar tornou-se consumado, e mais difícil o descobrir-lhe o caráter, em virtude da exaltada posição que mantivera junto do Pai.” O Desejado de Todas as Nações, 758, 759.
Antes da queda, Lúcifer tinha sido grandemente amado por aqueles anjos cuja capacidade de amar era muito profunda, elevada e mais ampla do que qualquer coisa experimentada pela humanidade hoje. Portanto, a sua afeição por Satanás, mesmo depois dele ter caído, era uma poderosa força no seu pensamento. Apesar disto ser totalmente recomendável, também era perigoso, porque, a menos que as suas emoções fossem controladas por uma compreensão iluminada das questões do grande conflito, seriam levados a quebrar a sua aliança a Deus em favor de um pacto com o inimigo.
Eles queriam acreditar que de algum modo ele podia ser corrigido e reintegrado. Eles não podiam ver que ele se tinha destruído a si mesmo ultrapassando qualquer possibilidade de salvação e um regresso ao seu estado perdido. Estes eram problemas acerca dos quais agonizavam e para os quais tinham que ter respostas.
Deus amava Satanás com um amor ainda maior, mas, ao mesmo tempo, podia ver com nítida e compreensiva clareza a verdadeira natureza das falsas acusações de Satanás e o que elas fariam aqueles que as aceitassem. Por conseguinte, enquanto eles retivessem a mais profunda simpatia pelo diabo na sua situação, não havia ligação de simpatia com ele. A rejeição de Jeová de todo o princípio pelo qual o arqui-inimigo operava era total. Ele estava dedicado à total exposição deste ímpio apóstata de modo que através disso todo o ser pudesse fazer uma escolha inteligente sobre o lado a tomar. Até estes objectivos serem alcançados, o grande conflito continua, independentemente de quantos crentes se juntem às fileiras do Senhor. Por outras palavras, se todas as pessoas vivas na Terra aceitassem a salvação de Deus e ficassem aptas para o Céu sem as dúvidas a respeito do carácter e governo de Deus serem esclarecidas, o fim continuava a não vir e Jesus não podia voltar. Isto é assim por causa da segurança do Céu não poder ser assegurada enquanto estas questões não forem resolvidas para completa satisfação de todos. Deus não necessita que elas sejam respondidas para Seu próprio benefício, porque Ele não é enganado por elas. Nem, sendo imortal e indestrutível, está preocupado por causa da sua posição. É por causa dos Seus filhos em todos os ilimitados recessos do Universo, que Ele está determinado a trazer estas coisas à luz.
Levou mais de quatro mil anos a chegar a um parcial esclarecimento destas questões. Na cruz os anjos e os mundos não caídos viram finalmente a verdadeira natureza dos argumentos envolvidos e tomaram a sua decisão irrevogável e irreversível de servir a Deus e a Ele somente. As últimas perguntas estavam respondidas e toda a remanescente dúvida foi apagada para sempre.
“Com dor e espanto contemplou o Céu a Cristo pendente da cruz, o sangue a correr-Lhe das fontes feridas, tendo na testa o sanguinolento suor. O sangue caía-Lhe, gota a gota, das mãos e dos pés, sobre a rocha perfurada para encaixar a cruz. As feridas abertas pelos cravos aumentavam ao peso que o corpo fazia sobre as mãos. Sua difícil respiração tornava-se mais rápida e profunda, à medida que Sua alma arquejava sob o fardo dos pecados do mundo. Todo o Céu se encheu de assombro quando, em meio de Seus terríveis sofrimentos, Cristo ergueu a oração: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.’ Luc. 23:34. E, no entanto, ali estavam homens formados à imagem de Deus, unidos para esmagar a vida de Seu unigênito Filho. Que cena para o Universo celeste!
“Os principados e os poderes das trevas estavam congregados em torno da cruz, lançando no coração dos homens a diabólica sombra de incredulidade. Quando Deus criou esses seres para estar diante de seu trono, eram belos e gloriosos. Sua formosura e santidade estavam em harmonia com a exaltada posição que ocupavam. Enriquecidos com a sabedoria de Deus, cingiam-se com a armadura celestial. Eram os ministros de Jeová. Quem poderia, no entanto, reconhecer nos anjos caídos os gloriosos serafins que outrora ministravam nas cortes celestiais?
“Instrumentos satânicos coligaram-se com homens maus em levar o povo a crer que Cristo era o maior dos pecadores, e torná-Lo objeto de abominação. Os que escarneciam de Cristo, enquanto pendia da cruz, estavam possuídos do espírito do primeiro grande rebelde. Ele os enchia de vis e aborrecíveis expressões. Inspirava-lhes as zombarias. Com tudo isso, porém, nada ganhou.
“Houvesse-se podido achar um só pecado em Cristo, tivesse Ele num particular que fosse cedido a Satanás para escapar à horrível tortura, e o inimigo de Deus e do homem teria triunfado. Cristo inclinou a cabeça e expirou, mas manteve firme a Sua fé em Deus, e a Sua submissão a Ele. ‘E ouvi uma grande voz no Céu, que dizia: Agora chegada está a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do Seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.’ Apoc. 12:10.” O Desejado de Todas as Nações, 760, 761.
Foi na cruz que aquele que havia sido anteriormente lançado fora do Céu, foi lançado nesta Terra, sofreu nessa altura uma terrível limitação das suas actividades. É importante que a diferença entre estes dois acontecimentos sejam claramente compreendidos. Eles estão expostos em Apocalipse 12:7-10.
“E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: ‘Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.’”
A guerra que começou no próprio Céu entre Lúcifer e os seus seguidores dum lado e Cristo e os anjos leais do outro, teve lugar antes deste mundo ser criado.
“Então houve guerra no Céu. O Filho de Deus, o Príncipe do Céu, e Seus anjos leais empenharam-se num conflito com o grande rebelde e com aqueles que se uniram a ele. O Filho de Deus e os anjos verdadeiros e leais prevaleceram; e Satanás e seus simpatizantes foram expulsos do Céu. Todo o exército celestial reconheceu e adorou o Deus da justiça. Nenhuma mácula de rebelião foi deixada no Céu. Tudo voltara a ser paz e harmonia como antes. Os anjos do Céu lamentaram a sorte daqueles que tinham sido seus companheiros de felicidade e alegria. Sua perda era sentida no Céu.
“O Pai consultou Seu Filho com respeito à imediata execução de Seu propósito de fazer o homem para habitar a Terra. Colocaria o homem sob prova a fim de testar sua lealdade, antes que ele pudesse ser posto eternamente fora de perigo. Se ele suportasse o teste com o qual Deus considerava conveniente prová-lo, seria finalmente igual aos anjos. Teria o favor de Deus podendo conversar com os anjos, e estes, com ele. Deus não achou conveniente colocar os homens fora do poder da desobediência.” História da Redenção, 19.
A luta que teve lugar ali naquela altura não foi física. Lúcifer teria escolhido outro caminho do que enveredar por esse tipo de batalha com o Deus cujo poder era incrível e ele conhecia-o bem. Tinha visto o Altíssimo chamar à existência vastas galáxias e estava bem ciente que depender do poder físico em qualquer confronto com Jeová seria fútil. A situação era que Satanás não mais podia operar dentro da estrutura da constituição divina. Ele lutou quanto pôde para conseguir mudá-la, mas quando os seus esforços falharam, não teve alternativa senão partir para qualquer lugar onde ele pudesse ganhar a batalha e estabelecer os seus procedimentos. Quando ele foi “expulso” do Céu, foi para nunca mais voltar. Uma vez fora, como o terrível impacto daquilo que tinha feito a si mesmo e aos seus seguidores se tornou claro para ele, foi assaltado pelo terror e desejou regressar ao seu lugar no Paraíso, mas isso era impossível. Tinha-se magoado sem recuperação.
“Depois que Satanás e os que caíram com ele foram expulsos do Céu, e tendo ele compreendido que perdera para sempre toda a sua pureza e glória, arrependeu-se e desejou ser reintegrado no Céu. Estava disposto a ocupar o seu próprio lugar, ou qualquer posição que lhe fosse designada. Mas não; o Céu não devia ser colocado em risco. Todo o Céu poderia vir a ser maculado se ele fosse recebido de volta; pois o pecado originou-se com ele, e dentro dele estavam as sementes da rebelião. Tanto ele como os seus seguidores choraram e imploraram para serem de novo recebidos no favor de Deus. Mas o pecado deles — o seu ódio, inveja e ciúmes — tinha sido tão grande que Deus não podia apagá-lo. Tinha de permanecer, a fim de receber sua punição final.” Primeiros Escritos, 146.
Deus teria de bom grado aceite de volta ao Céu o querubim cobridor se o arrependimento tivesse sido verdadeiramente genuíno, mas este foi do carácter encontrado em Balaão e Judas — um desejo de escapar às consequências das acções erradas em vez de qualquer sentido de necessidade de ser liberto do mal em si mesmo. No caso de Satanás, isto é provado pelo facto que assim que soube que não seria recebido de volta, a impiedade que estava dentro dele brotou de novo.
Depois de ter sido expulso do Céu, o diabo tinha acesso aos anjos de Deus quando viajavam do Céu para a Terra. Constantemente, apresentava os seus argumentos e agravos perante eles, apelando sempre para a simpatia e amor deles enquanto se apresentava a si próprio como aquele que tinha trabalhado para a bênção e reforma do Céu, apenas para ser recompensado com a expulsão. Mas, quando Jesus morreu na cruz, tudo isto foi cortado e ele perdeu esta audiência angélica para sempre. Na sua desesperada determinação para forçar Cristo a cometer uma acção pecaminosa, ele foi forçado a revelar toda a arma ao seu dispor. Quando se retirou exausto e derrotado perante um morto mas triunfante Cristo, soltou todas as armas que tinha. A sua máscara foi retirada e foi visto como ele realmente é. Nada mais a respeito dele havia para ser aprendido. Os expectantes anjos e habitantes dos mundos espalhados pelo imenso espaço ficaram completamente satisfeitos. Tinham visto no Salvador apenas bondade, amor, piedade, compaixão e justiça brilhando no seu brilho maior, enquanto o diabo tinha aparecido mais e mais maligno, sem remorsos, odioso, cruel e sádico nessa altura.

Diagrama


“Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o Universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse, não mais podia esperar os anjos ao virem das cortes celestiais, nem perante eles acusar os irmãos de Cristo de terem vestes de trevas e contaminação de pecado. Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial.” O Desejado de Todas as Nações, 761.
Esta foi uma tremenda vitória, um passo gigante para a resolução final do grande conflito. Para os anjos e mundos não caídos, o propósito da luta tinha sido alcançado. O carácter de Deus tinha sido manifestado em contraste com o carácter de Satanás. Aquilo que Deus procurou alcançar durante quatro mil anos estava feito. Cristo, as primícias, tinha cumprido a obra que tinha vindo fazer e podia agora dizer, “está consumado”.
Todavia, os homens ainda não tinham visto estas questões. No Calvário um véu estava posto sobre os seus olhos. Nem nessa altura, nem desde então têm os homens realmente compreendido as diferenças entre os princípios de operação divinos nem os de Satanás, mas virá o tempo em que eles verão. Aquilo que os anjos viram na cruz, será visto e compreendido mesmo por aqueles que nessa altura estarão completamente perdidos. A luz brilhará com tal brilho que penetrará as mentes mais envoltas em trevas e convencerá mesmo os mais obstinados que o Senhor é recto e justo.
Para alcançar o que alcançou no Calvário, o Pai eterno tinha que ter ao Seu dispor um instrumento que fosse totalmente e só justo e em quem aquelas virtudes estivessem desenvolvidas ao seu mais elevado grau. Somente pela manifestação do carácter divino no seu melhor brilho podiam as trevas do diabo serem totalmente desmascaradas. Isto será alcançado da mesma forma durante a finalização do grande conflito. Outra vez os Seus instrumentos escolhidos em quem Ele aperfeiçoou a Sua obra da graça, justiça e verdade brilharão com refulgente glória nas mentes obscurecidas dos perdidos e eles verão a perfeição divina e saberão o que rejeitaram.
Cristo não será capaz de fazer a esta obra final em pessoa, porque já não está vestido da carne humana pecadora. Ele realizará isto através dos corpos de carne e sangue dos Seus filhos — os 144,000. Deve ser salientado que não serão eles mas Ele a fazer isto, porque “Essa obra, unicamente um Ser, em todo o Universo, era capaz de realizar.” O Desejado de Todas as Nações, 22.
Os instrumentos através de quem Ele fará isto devem ser tão imaculadamente puros como Ele foi no Calvário, caso contrário Cristo não seria capaz de brilhar na Sua pura luz através deles. Eles serão trazidos a esta medida de perfeição e quando essa obra estiver completa e todas as pessoas vivas na Terra forem levadas às suas próprias convicções pessoais a reconhecerem que Deus é em tudo verdadeiro e justo, o fim virá. Esta é a obra das primícias e, até que ela seja realizada, o grande conflito tem que continuar e continuará e a vinda de Cristo continuará a ser adiada.
Nunca pode haver uma colheita enquanto as primícias não tiverem executado a obra que lhes foi designada.
Entretanto, Satanás está ocupado na contestação de cada passo. Antes da cruz ele dividia a sua atenção entre os homens e os anjos, mas desde essa altura, tendo perdido toda a esperança de seduzir os anjos, concentrou as suas energias no homem. É por esta razão que está escrito para os habitantes do Céu uma vez que a vitória na cruz foi alcançada: “Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais.” Apocalipse 12:12.
Bem podiam eles estar, porque as suas dúvidas e interrogações foram todas respondidas e Satanás já não mais podia tentá-los. Um novo dia tinha começado e podiam saltar de alegria. Mas aquilo que é libertação para os anjos é uma causa de preocupação para a humanidade, como revela o texto seguinte: “Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.” Apocalipse 12:12.
Todavia, apesar dos frenéticos esforços de Satanás, o Senhor reunirá por fim as Suas primícias e a vitória final será ganha, o grande conflito terminará e Cristo regressará para recolher a grande colheita dos séculos. Então os habitantes desta Terra podem juntar-se aos anjos em júbilo. As suas lutas passarão e as suas tentações terminarão.


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