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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

OS SETE ANJOS EM APOCALIPSE - CAPITULO 12 - F T Wright

Os Sete Anjos

Capítulo 12


Rejeitado Porquê?

Em 1888, na Conferência Geral em Minneapolis, Minnesota, o Altíssimo Soberano do Universo deu ao povo uma oportunidade de incomensurável magnitude. Ele trouxe-o à fronteira da Terra Prometida, tal como havia trazido Israel a Cades-Barneia. Muito rapidamente podiam ter entrado no repouso eterno no Paraíso restaurado e tê-lo-iam feito se tivessem seguido para onde e como o Senhor estava indicando. O quarto anjo tinha chegado com todo o seu glorioso poder e eficiência a fim de comunicar através dos servos escolhidos pelo Senhor, os pastores E.J. Waggoner e A.T. Jones, a própria luz do Céu que era especificamente necessária para finalizar a obra e trazer o longamente esperado segundo advento.
Porém, a mensagem, que devia ter sido recebida com gratidão e entusiasmo pelo povo do advento, teve na verdade diferentes recepções. Geralmente falando, os dirigentes eram decididamente opostos à luz. Outros gradualmente receberam-na como o pão do Céu, ao passo que no meio, a maioria estava incerta quanto a como se deviam relacionar com ela. A irmã White, a profetiza viva na igreja, deu aos mensageiros todo o seu apoio e aprovação da luz como “... a mensagem do terceiro anjo em verdade.” The Review and Herald, 1 de Abril de 1890.
Apesar das diferentes respostas às revelações enviadas pelo Céu, não se desenvolveu uma separação física de quaisquer consequências. A igreja continuou sem qualquer diminuição de membros. Se alguns saíram, foram tão poucos em número que não foram dignos de menção nas várias histórias desse período. Contudo, houve uma considerável confusão nas fileiras a respeito do modo como os membros se deviam relacionar com estes “novos ensinamentos.” Não seria necessário, porque o mesmo Deus que enviou a mensagem através dos Seus mensageiros, avisou o Seu povo através da irmã White que a obra era d'Ele e que não podiam rejeitá-la ou ignorá-la senão à custa da vida eterna.
As positivas aprovações dadas à obra dos pastores Waggoner e Jones através do Espírito de Profecia teve um efeito restringidor naqueles que ridicularizaram e rejeitaram a luz que brilhava sobre eles com raios claros e firmes. Em muitos casos, este deram a aparência de ter aceite a mensagem, um facto observado e comentado pelo pastor A.T. Jones numa carta citada por R.J. Wieland e D.K. Short na sua publicação, 1888 Re-Examined, 29. “Então quando chegou o tempo da reunião campal nós os três (A.T. Jones, E.J. Waggoner e W.G. White) visitámos as reuniões campais com a mensagem da justiça pela fé ... algumas vezes todos nós estávamos na mesma reunião. Isto inverteu o rumo do povo, e aparentemente de muitos dirigentes....
“Mas para estes últimos foi apenas aparente, nunca foi real, porque durante todo o tempo na Comissão da Conferência Geral e entre outros havia sempre um contínuo antagonismo secreto antagonismo; e que ... por fim ganhou ascendência na denominação, e deu ao espírito de Minneapolis, à disputa e aos homens a supremacia.”
Ninguém pode ter uma avaliação mais correcta da importância crítica do que aconteceu em Minneapolis. A sua contrapartida histórica encontra-se na tragédia de Cades-Barneia quando Israel, pronto como estava para entrar na Terra Prometida, se condenou a si mesmo a uma marcha mortal pelo deserto da qual não encontrou escape. Do mesmo modo, o povo adventista determinou para si próprio uma longa, desnecessária e desperdiçada jornada neste mundo pecador quando podia estar no reino há muito tempo.
Entre 1888 e 1893, a porta da oportunidade permaneceu aberta, porque até aquela altura os que rejeitaram não foram capazes de positivamente estabelecer a sua influência contra a mensagem. Depois disso, tornou-se cada vez mais evidente que o quarto anjo tinha retirado a sua presença a fim de esperar um dia em que o povo adventista tivesse melhor receptividade.
Nas décadas que se seguiram, foi feito todo o esforço para esquecer que o quarto anjo tinha alguma vez vindo à Terra. Porém, de 1950 em diante, a história e a mensagem tornou-se outra vez o ponto fulcral do interesse da parte de muitos quando compreenderam que algo verdadeiramente maravilhoso tinha sido enviado à igreja mas que havia sido rejeitado e cuidadosamente escondido do povo. Minneapolis, argumentaram autor atrás de autor, foi uma convincente história que corrigiu certos erros na igreja e colocou o movimento num caminho seguro de volta ao reino.
Três notáveis obras desta natureza são: By Faith Alone, por Norval F. Pease; Through Crisis to Victory, 1888-1901, por A.V. Olson, publicado em 1966; e The Movement of Destiny,[1] por LeRoy Edwin Froom, publicado em 1971. Os argumentos contidos nestes livros têm sido aceites pela maioria da igreja que foi convencida pelos esforços dos dirigentes em todos os níveis que os adventistas não rejeitaram a mensagem da justiça pela fé enviada entre 1888 e 1893.
Todavia, apesar dos argumentos propostos nestes livros, o facto é que a mensagem não foi aceite nos corações e vidas do povo adventista em Minneapolis ou depois, na forma e extensão necessária para conduzir ao alto clamor e trazer a finalização da obra. Ninguém necessita passar por longos e pormenorizados argumentos envolvendo a leitura de intermináveis testemunhos e relatos de testemunhas oculares para ser persuadido que a mensagem foi rejeitada pela maioria. O facto que a história daquilo que teve lugar entre 1888 e 1893 e a mensagem que foi ensinada nesse período, foi mantido escondida do povo adventista, é prova segura que a luz foi rejeitada e privada de qualquer lugar na igreja. No melhor, ela foi aceite e preservada apenas por alguns poucos.
Quando a igreja aprecia, recebe, acredita e age numa mensagem enviada pelo Céu, os seus dirigentes são diligentes em preservar e exaltar perante os membros a história do que teve lugar e a mensagem que foi ensinada. Os homens através de quem Deus enviou a luz são lembrados e honrados. Um excelente exemplo disto é encontrado na vida e obra de William Miller. Teria sido difícil se mesmo possível, encontrar um informado adventista que não soubesse quem foi William Miller e o que ele ensinou.
Portanto, se uma luz mais brilhante enviada através dos pastores Waggoner e Jones tivesse sido aceite e vivida, a história do que aconteceu, a mensagem ensinada e o papel que aqueles poderosos servos do Altíssimo desempenharam, teria sido mantido perante os membros em todo o lado. Estas coisas seriam ensinadas em todas as disciplinas da história denominacional e os seus livros teriam sido publicados pela imprensa adventista e promovido em todo o mundo adventista.
Mas este não foi o caso, tal como aprendi pela experiência pessoal. Tenho sido sempre um estudante interessado da história da igreja desde os dias da apostasia de Lúcifer até agora. A história da igreja da reforma e adventista captaram particularmente a minha atenção e li relatos destes períodos tanto profundamente como extensivamente. Mas, ao passo que encontro muita informação acerca de William Miller, Joshua V. Himes, Josiah Litch, Charles Fitch, Joseph Bates, James e Ellen White, etc., raramente encontro algo acerca daquilo que teve lugar nas sessões da Conferência Geral em Minneapolis perto do fim do século passado. O pouco que encontrei era de tão pouca relevância com os nomes dos mensageiros apagados, que nem mesmo prendeu a minha atenção. Não foi senão quando depois de estudar no Colégio de Avondale durante três anos, ter trabalhado alguns mais em Sydney e depois de ter sido professor por dois anos no Colégio de Longburn na Nova Zelândia, que despertei para os grandiosos acontecimentos que tiveram lugar em Minneapolis e dos nomes de Waggoner e Jones. Anteriormente nunca tinha visto quaisquer livros destes homens. Eles certamente não haviam sido reproduzidos nas publicadoras adventistas nem promovidos pelas livrarias e casas bíblicas adventistas em todo o mundo.
Além do mais, quando por fim me familiarizei com estes homens, a mensagem e história do movimento do quarto anjo, não foi através de, mas contrariamente aos esforços e influência da igreja adventista. A minha experiência e observação pessoal é que, durante os anos 1950, em que o Senhor reavivou a longamente oculta luz, os dirigentes e obreiros da igreja fizeram tudo o que estava ao seu alcance para evitar que a luz brilhasse. Todo aquele de quem se soubesse possuir e estudar qualquer dos escritos de Waggoner e Jones, era certo que seria rotulado de “fanático”, “extremista”, “perfeccionista”, “de justiça-própria”, “cismático” e acima de tudo “perigoso e a ser evitado a qualquer custo.”
Esta não é a forma que se esperaria que igreja se comportasse com aquele que amasse e ensinasse a mensagem de Deus dada através de Waggoner e Jones. Pelo contrário, deviam honrar em vez de desonrar, encorajar em vez de desencorajar, e promover em vez de esconder da vista tanto tempo quanto possível.
Evidentemente que pode ser argumentado que os adventistas não manifestam hoje uma hostilidade tão aberta em relação à mensagem e mensageiros. É verdade que os livros dos pastores Waggoner e Jones estão a ser publicados pelas publicadoras adventistas e os seus nomes já não são lançados fora e desprezados. Na base destes factos há os que afirmam que a mensagem de Waggoner e Jones se tornou parte vital e integral do adventismo de hoje. Se assim é, então como é que aqueles que estão fora da igreja adventista que amam e promovem essa mensagem não são convidados a regressarem à igreja e ensinarem essa verdade ali? Se os membros da igreja estivessem de facto a regozijar-se nesta maravilhosa revelação do Céu, ninguém seria mais bem vindo na igreja do que os outros que também se alegram nessa mensagem. Mas o fosso que separa as duas partes continua por fechar e cresce cada vez mais em profundidade e largura todos os dias.
Não esqueçais que aqueles que rejeitam a verdade presente mostram grande respeito pelos mensageiros do passado, ao passo que rejeitam e perseguem os filhos de Deus que presentemente defendem os ensinamentos desses mensageiros. Mesmo a igreja católica agora respeita e fala bem de Martinho Lutero uma vez que ele está morto e sepultado e poucos se alguns membros tanto da igreja católica como das igrejas protestantes verdadeiramente sabem o que o grande reformador na verdade ensinou. Quão rapidamente a atitude presente em relação a Lutero mudaria se ele aparecesse outra vez em pessoa e ensinasse as poderosas verdades da justificação pela fé que lhes foi pregada no poder do Espírito Santo no século dezasseis.
Um exemplo frisante disto é dado durante a apresentação da mensagem do primeiro anjo. “Muitos olham com horror para a conduta dos judeus em rejeitar e crucificar a Cristo; e, ao lerem a história dos vergonhosos maus-tratos que Lhe infligiram, pensam que O amam e não O teriam negado como o fez Pedro, ou crucificado como o fizeram os judeus. Mas Deus, que lê o coração de todos, tem colocado à prova esse suposto amor por Jesus. Todo o Céu observou com o mais profundo interesse a receptividade da mensagem do primeiro anjo. Porém, muitos que professavam amar a Jesus, e que derramavam lágrimas ao lerem a história da cruz, ridicularizavam as boas novas de Sua vinda. Em vez de receber a mensagem com alegria, declaravam ser ela um engano. Odiavam os que amavam o Seu aparecimento, e expulsaram-nos das igrejas.” Primeiros Escritos, 260.
Como um cuidadoso estudo do livro de LeRoy Edwin Froom, The Movement of Destiny, mostrará, os membros da actual igreja adventista não sabem o que Waggoner e Jones realmente ensinaram.[2] O que eles apresentaram na realidade à igreja foi a mensagem da justiça pela fé em verdade. Os modernos dirigentes advenstistas também ensinam uma doutrina pelo mesmo nome, contudo, ela não é a mesma mensagem, mas uma inteligente contrafacção tão próxima da verdade que engana mesmo os próprios escolhidos. É contudo uma questão simples persuadir os membros da igreja em geral que as duas mensagens chamadas pelo mesmo nome são idênticas apesar de não serem iguais. Uma vez alcançado isto, é seguro para os dirigentes falarem acerca dos homens como eles os vêem, da história como eles a interpretam e das mensagens como eles acreditam.
Mas todos aqueles que verdadeiramente compreendem a história, a mensagem e os mensageiros, não esqueçam que os dirigentes mantiveram tudo isto escondido tanto tempo quanto podiam, perseguiram com vigor os que se atreveram por fim a trazer tudo à luz e nunca readmitiram os que expulsaram por crerem e ensinarem a mensagem a menos que se tivessem arrependido de o fazerem. Estas são coisas que a igreja nunca faria se tivesse aceite a mensagem e os mensageiros enviados pelo Senhor.
Porém, aparte destas considerações, há irrefutável evidência que a mensagem não foi aceite. Considerai que, se ela tivesse sido recebida e vivida como Deus queria que fosse e a igreja afirma que é, o fim teria vindo muito antes disto e os santos estariam juntos no Céu. O próprio facto de ainda estarmos neste mundo de pecado é prova inegável de que a luz foi rejeitada em favor de um falso evangelho.
É muito pouco provável que se encontre um único testemunho da pena da inspiração apoiando a afirmação que a vontade do Senhor foi feita em Minneapolis ou depois até agora no que respeita ao recebimento da mensagem do quarto anjo. Mas, há numerosos testemunhos do Espírito de Profecia declarando claramente que a luz foi rejeitada. Aqui está um exemplo dos muitos que podem ser apresentados.[3]
“Há entre nós um afastamento de Deus, e ainda não se fez a zelosa obra do arrependimento e volta ao primeiro amor essencial à restituição a Deus e à regeneração do coração. A infidelidade está fazendo suas incursões em nossas fileiras; pois é moda apartar-se de Cristo e dar lugar ao ceticismo. Para muitos, o clamor do coração tem sido: ‘Não queremos que Este reine sobre nós.’ Luc. 19:14. Baal, Baal, é a escolha. A religião de muitos dentre nós será a religião do Israel apostatado, porque amam a seus próprios caminhos, e abandonam o caminho do Senhor. A verdadeira religião, a única religião da Bíblia, que ensina o perdão somente pelos méritos de um Salvador crucificado e ressurreto, que advoga a justiça pela fé no Filho de Deus, tem sido desprezada, contra ela se tem falado, tem sido ridicularizada e rejeitada. É denunciada como levando ao entusiasmo e ao fanatismo. Mas é a vida de Jesus Cristo na alma, é o ativo princípio do amor comunicado pelo Espírito Santo, que, unicamente, podem tornar a alma frutífera para as boas obras. É o amor de Cristo a força e o poder de cada mensagem em prol de Deus que jamais saiu de lábios humanos. Que espécie de futuro estará à nossa frente, se deixarmos de chegar à unidade da fé?” Testemunhos para Ministros, 467, 468.
No parágrafo anterior ao citado acima, somos avisados que “Os preconceitos e opiniões que prevaleciam em Mineápolis de modo algum estão mortos; as sementes ali semeadas em alguns corações estão prestes a saltar para a vida e a dar idêntica colheita. A copa foi cortada, mas as raízes nunca foram desarraigadas, e elas ainda dão o seu fruto profano para envenenar o juízo, perverter a percepção, e cegar o entendimento daqueles com quem vos relacionais, com relação à mensagem e aos mensageiros.”
Foram os preconceitos e a opinião que prevaleceram em Minneapolis. “Prevalecer” é ganhar a vantagem, alcançar a vitória, chegar ao comando e controlo. Preconceitos e opiniões são armas que nunca encontramos no exército de Deus. Eles pertencem ao diabo e aos que o seguem. Portanto, não foi o Senhor, mas Satanás que prevaleceu nessa histórica sessão da Conferência Geral. Para a causa da verdade, foi uma derrota, não uma vitória; um sério atraso, não um triunfante avanço.
O corte da copa sem o arranque e substituição das raízes, efectivamente forneceu a aparência que a mensagem tinha sido aceite, quando na realidade não foi. Pelo contrário, o mesmo espírito de rejeição e oposição estava esperando a ocasião em que pudesse manifestar-se outra vez como já havia feito antes.
Se o encontro de Minneapolis tivesse sido um triunfo como tantos querem que nós creiamos, teria sido a cura do laodiceanismo que estava estabelecido na igreja desde 1857 e que tinha piorado com o passar das décadas anteriores. Mas o testemunho do Espírito divino é que, depois da Conferência Geral de 1888, a condição da igreja deteriorou-se notoriamente. Aqui está esse testemunho:
“Tal como os judeus, muitos têm fechado os olhos para não ver; mas há agora do mesmo                          modo grande perigo, em fechar os olhos à luz, e caminhar separados de Cristo, sentir como se não precisassem de nada, tal como havia quando Ele esteve sobre a Terra. Tem-me sido mostradas muitas coisas que tenho apresentado perante o nosso povo em solenidade e seriedade, mas aqueles cujos corações foram endurecidos pelo criticismo, ciúme e mau pensar, que não sabiam que eram pobres, e miseráveis, e cegos, e nus. Os que resistem às mensagens de Deus através do Seu humilde servo, pensam que estão em desacordo com a irmã White, porque as ideias dela não estão em harmonia com as suas; mas este desacordo não é com a irmã White, mas com o Senhor, que lhe deu a obra que ela tem para fazer.” The Review and Herald, 26 de Agosto de 1890.
Anos mais tarde, a irmã White continuava a expressar o facto que a mensagem nunca tinha sido aceite pela igreja. Assim que a Conferência Geral em Battle Creek, Michigan, foi declarada aberta, a irmã White avançou e fez um testemunho directo para o efeito que a mensagem enviada pelo Senhor não havia sido aceite. Aqui está o primeiro parágrafo da sua alocução:
“Sinto um interesse especial nos movimentos e decisões que serão efectuados nesta Conferência a respeito de coisas que deviam ter sido feitas anos atrás, e especialmente há dez anos, quando estivemos reunidos em Conferência, e o Espírito e poder de Deus vieram à nossa reunião, declarando que Deus estava pronto para trabalhar por este povo se ele estivesse disposto a trabalhar. Os irmãos concordaram com a luz que Deus deu, mas houve os que ligados às nossas instituições, especialmente com os escritórios da Review and Herald e da Conferência, que introduziram elementos de incredulidade, de modo que a luz que foi dada não foi aceite. Houve concordância, mas nenhuma mudança especial foi feita para criar uma tal condição de coisas que o poder de Deus pudesse ser revelado entre o povo.” 1901 General Conference Bulletin, 23.
W.W. Prescott, que foi um ministro que viu e aceitou a luz, fez um testemunho semelhante mais tarde na sessão. Ele disse:
“Mas há muitos nesta audiência que podem lembrar quando o pêndulo começou a balouçar, e que também podem lembrar quando, há trinta anos em Minneapolis, Deus enviou uma mensagem a este povo para os libertar dessa experiência.
“O que tem sido a história deste povo e esta obra desde essa altura? Onde é que estamos agora em relação a esta mensagem? Até onde foi a verdade recebida? Não apenas consentida, mas realmente recebida? Não longe, digo-vos. Até onde foi o ministério desta denominação baptizado nesse Espírito? — Não longe, vos digo. Porque nos últimos trinta anos esta luz tem sido rejeitada e combatida por muitos, e estão a rejeitá-la e afastar-se dela hoje; e digo a esses, ‘Vede, pois, que não venha sobre vós o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores, e espantai-vos e desaparecei; porque opero uma obra nos vossos dias, obra tal que não crereis, se alguém vo-la contar.’1901 General Conference Bulletin, 321.
Desde essa altura, homens dirigentes como os pastores A.G. Daniells, Taylor G. Bunch e E.D. Dick, têm declarado em termos claros que a mensagem não veio para estabelecer a posição da igreja e, por esta razão, o fim não veio, nem ele virá até que as vivas verdades do quarto anjo tenham o lugar no coração e na vida que Deus lhes designou.
Mas qual é a razão para esta enfática e hostil rejeição da maravilhosa, salvadora luz enviada directamente do Céu para finalizar a obra e levar o povo de Deus para o lar? Acrescentai a isso a presença entre eles de um profeta vivo através de quem o Senhor lhes disse onde estava exactamente a verdade. Como e porquê esse povo voltou as suas costas tanto à mensagem como aos mensageiros que Jeová em amor lhes enviou?
Este é um mistério difícil de entender mesmo apesar deste não ser o único exemplo deste género na história. Considerai a recepção hostil do tão longamente esperado Messias pelos judeus! Durante séculos esperaram-n’O. Foram abençoados com muito mais abundante luz do que qualquer outro povo, tinham presenciado poderosas manifestações do poder libertador de Deus em seu favor, estavam familiarizados com as profecias que determinavam o lugar e o tempo do Seu nascimento, a natureza da Sua obra e a justiça que Ele veio reclamar e estabelecer e professavam total aliança à verdade.
Em princípio, o que aconteceu quando o quarto anjo apareceu em Minneapolis não foi diferente do que aconteceu quando Cristo andou entre os homens. A evolução do espírito e resposta foram os mesmos em ambos os casos. Isto tem-se repetido nos movimentos quando os homens caem na armadilha que Satanás tem repetidamente colocado para enredar mesmo os melhores crentes. Em nenhum outro lado está isto melhor ilustrado do que na história de Abraão.
Deus pediu a Abraão que saíssem de Ur dos Caldeus com um grandioso propósito. Estava destinado para ele o alto privilégio de ser o pai dos fiéis, aquele de quem sairia o corpo físico do Salvador dos homens. A este patriarca fez o Senhor a promessa mais específica que ele seria o pai de muitas nações, que a sua semente seria tão numerosa quanto as estrelas.
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
“E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Génesis 12:1-3.
“E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente;
“Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
“E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada.” Génesis 13:14-16.
Ao mesmo tempo quando estas promessas foram feitas, Abraão não tinha filhos. Sem dúvida que no início ele ficou cheio de coragem com elas crendo que se tornaria pai de um filho, mas à medida que os meses se transformavam em anos, um desconfortável sentimento de dúvida começou a entrar na sua mente.
Numa situação desta natureza, tornou-se mais e mais difícil ter repouso no Senhor e deixá-l’O cumprir as promessas que fez. Quanto mais intimamente uma pessoa se envolve na obra do Senhor e quanto mais ansioso fica para vê-la avançar em direcção ao triunfo final, maior é a pressão sobre essa pessoa para voltar às suas próprias obras para avançar a causa. Quando o faz, trabalha com abnegado zelo para realizar aquilo que Deus prometeu, quando devia deixar que o Senhor o fizesse, porque somente o Senhor pode realizar aquilo que prometeu fazer. Isto não significa que o cristão não tem qualquer parte a desempenhar, porque a vida do cristão deve ser uma vida muito activa cheia de boas obras. Mas, esses devem ser deveres divinamente atribuídos, não invenções humanas.
No caso de Abraão, o passar de anos desde que a promessa lhe foi dada, provou ser uma prova da fé incapaz de ser suportada. Ele estava a ficar cada vez mais velho e, com o passar de cada ano, a sua ansiedade aumentou. Sob todas as aparências, o Senhor estava descuidado e por conseguinte indiferente às súplicas de Abraão. Ao fazer a promessa que fez, Deus determinou que o futuro da obra dependia de Abraão ter um filho, todavia parecia que o Senhor havia esquecido tudo isso. Mais e mais, Abraão e Sara se apercebiam que o tempo estava a esgotar-se e que algo tinha que ser feito. De acordo com isto, voltaram-se para as suas próprias obras a fim de fazerem aquilo que somente Deus podia fazer e o resultado foi Ismael, uma contrafacção do cumprimento da promessa.
O nascimento deste filho trouxe grande satisfação e alívio a Abraão e Sara. Deus tinha declarado que Abraão se tornaria pai e agora ele o era. Acreditou que a promessa tinha sido cumprida quando afinal não foi. Em nenhuma circunstância podia o Senhor aceitar este filho como cumprimento do Seu compromisso para com Abraão. Contudo, Abraão e Sara, completamente confiantes que Ismael era o filho prometido, devotaram todo o seu tempo e recursos a educá-lo para o Senhor.
Foi apenas depois de treze anos de dedicada educação ter sido devotada a este maravilhoso filho que o Senhor comunicou de novo a mensagem a Abraão, como está relatado em Génesis 17. Primeiramente, Deus repetiu a promessa ao Seu servo que ele seria extremamente frutífero e que nações e reis nasceriam dele. Quando Abraão ouviu estas palavras, pensou que elas estavam a ser ditas a respeito de Ismael e grande alegria e satisfação devem ter nascido dentro dele.
Mas à medida que o Senhor continuava, declarou ao patriarca que Sara daria à luz o filho prometido. Este anúncio veio como um choque para o idoso patriarca e colocou uma tremenda pressão sobre ele. Instantaneamente viu que a respeito do avanço da obra até agora, os treze anos de dedicado treino dado a Ismael foram um desperdício, (excepto para as lições a aprender disso) e que ele tinha instituído procedimentos errados que deviam ser agora abandonados em favor do modo como Deus faz as coisas. Ao mesmo tempo, foi-lhe pedido que cresse no que lhe parecia ser completamente impossível. Anos de experiência tinham-no convencido totalmente que não podia ter um filho de Sara. Se ela não podia ter um filho quando era mais jovem, certamente não havia esperança agora.
A Abraão, parecia que Deus estava a pedir-lhe que entregasse tudo aquilo que lhe era mais precioso; aquilo que era visível, real e portanto em que era possível crer, em troca daquilo que era nada mais do que uma promessa, o cumprimento daquilo que parecia uma impossível possibilidade. Ele sabia que Deus tinha dado anos antes uma promessa semelhante, à qual, no seu ponto de vista, nunca tinha sido dada substância. O que é que esta última afirmação de Deus tinha que lhe assegurasse que desta vez seria cumprida? Para Abraão era na verdade uma tremenda prova de fé, mas nesta ele subsistiu. Agarrou a palavra de Deus com fé viva e o filho nasceu.
Não pode ser difícil para os cristãos hoje compreender que grande prova foi essa que Abraão enfrentou. Ismael era um filho belo, saudável e forte que Abraão e Sara amavam e adoravam. Nele tinham encontrado alívio para as suas ansiedades a respeito do futuro da obra de Deus se morressem sem terem filhos. Nunca questionaram a convicção que este era na verdade o filho prometido e que o Senhor o aceitaria e o abençoaria. Mas, quando o Senhor tornou claro que não podia aceitar, então Abraão enfrentou a terrível perspectiva de aparentemente lhe ser exigido que abandonasse tudo o que tinha em troca de nada.
Este foi o mesmo teste que os judeus enfrentaram quando o Messias esteve entre eles e os adventistas em 1888 quando o Altíssimo enviou essa preciosa mensagem através dos Seus servos, os pastores Waggoner e Jones. Aquilo que levou à prova foi o mesmo em todos os casos.
Ao povo do advento em 1844, enquanto deixava as igrejas ao receber a nova luz que lhe foi enviada, o Senhor havia prometido uma rápida finalização da obra e um Salvador que viria rapidamente. Creram nessa promessa, mas ao falharem em ver a obra feita em pouco tempo, começaram a perder o efeito da mensagem e a incredulidade estabeleceu-se. Tendo perdido o vivo poder de Deus, começaram a construir o reino à sua própria maneira com o resultado que um poderoso Ismael foi criado.
Através dos Seus escolhidos porta-vozes, o Senhor procurou avisá-los do seu perigo e assim trazê-los de volta aos Seus caminhos, mas, na sua cegueira laodicense, não podiam ver o que Ele estava a tentar comunicar-lhes. Semelhantemente a Abraão, tinham manifestado um tremendo zelo nos seus esforços para evangelizar o mundo. Nenhum sacrifício era demasiado grande, nenhuma obra demasiado difícil, nenhuma separação dos amados demasiado longa ou distante, mas estavam dispostos a fazer tudo isso pela causa. Foi um magnificente esforço do qual se orgulhavam. Nasceram hospitais, escolas, igrejas, postos missionários e postos avançados espalharam-se em todos os países do mundo desde os mais populosos e abastados estados da América às isoladas zonas geladas do Tibete e desolados desertos de África.
Estavam profundamente convencidos que em tudo isto, estavam a dar seguimento ao divino mandado e executando a obra do Senhor, à maneira d’Ele. Pensaram que eram ricos e estavam enriquecidos e de nada tinham falta, e não sabiam quão miseráveis, pobres, cegos e nus eram. Lembrem-se que quase todas as pessoas na igreja adventista em 1888, se tinham juntado à igreja e crescido nela até à entrada do laodiceanismo. Nunca souberam o que o verdadeiro adventismo era. Tal como aquele único filho que Abraão tinha conhecido por altura em que tinha quase cem anos de idade, era Ismael, assim o único adventismo conhecido de muitos que se reuniram em Minneapolis era legalismo, a tentativa de alcançar a justiça pelas obras próprias.
A vinda do quarto anjo trouxe um surpreendente anúncio ao povo do advento. Foi feito muito mais por implicação do que em termos explícitos. O que foi claro foi que o povo estava a ser chamado a substituir o adventismo que conheciam, viam, compreendiam e confiavam, por um que nunca tinham encontrado antes, e que, não lhes sendo familiar, tendia a desencorajá-los. Além do mais, há uma inimizade natural entre a forma como os homens trabalham e a da fé. Muitos que encontraram em si mesmos a tendência para lutar contra a nova luz, cultivaram esta disposição por causa do triste conceito errado que estavam lutando pela fé que havia sido dada aos santos.
Foi extremamente difícil para eles aceitarem a ideia que os seus tremendos sacrifícios na construção da obra, nunca finalizariam a tarefa. Os procedimentos antigos tinham que ser substituídos pelos novos. Ismael tinha que partir. Isaque tinha que tomar o seu lugar. Isto era muito difícil, mas o que o tornou ainda mais difícil foi o facto que tinham de alcançar uma forte fé na palavra de Deus a fim de verem e descansarem no alternativo e melhor caminho que o Senhor tinha para eles. Ismael era real, belo e vivo; mas Isaque ainda não tinha nascido.
Era muito mais fácil para o povo decidir em favor daquilo que tinham feito e podiam ver do que escolher aquilo que podiam ver apenas através dos olhos da fé. Os judeus tinham feito uma escolha idêntica pela mesma razão nos dias de Cristo. Assim nos dias do quarto anjo soou o clamor outra vez: “... Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto!” Génesis 17:18.
Não foi dito apenas nestas palavras, mas foi a mensagem da mesma maneira. Eles escolheram o temporal e o visível em preferência ao eterno e na altura invisível. A tragédia é que eles não souberam realmente o que fizeram, porque, nas suas mentes, eram leais, confiavam e com bravura defendiam a fé.
Assim que esta decisão foi tomada, isto foi manifesto na cruel e implacável perseguição contra aqueles cuja fé alcançaram os vivos princípios e deixaram para trás o velho sistema. Os que rejeitaram obtiveram a vitória. O quarto anjo voltou para o lugar donde viera, enquanto Israel retirou de uma posição mesmo às portas da Terra Prometida a fim morrer sem ver o regresso do Salvador.
O quarto anjo tinha que esperar pacientemente por outra geração, outro tempo e outro lugar, antes de poder ganhar a aceitação necessária para assegurar que a obra avançasse.



[1] Para uma análise dos argumentos errados deste livro, vede The Destiny of a Movement, na Publicadora da Igreja do Advento do Repouso do Sábado.
[2] Para uma análise dos argumentos errados deste livro, vede The Destiny of a Movement, na Publicadora da Igreja do Advento do Repouso do Sábado.
[3] Vede Christ's Coming Delayed, Why, por F.T. Wright, Publicadora da Igreja do Advento do Repouso do Sábado; e 1888 Re-Examined, por R.J. Wieland e D.K. Short.

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