Os Sete Anjos
Capítulo 24
O Vinho da Terra
É dos “cachos da vinha da terra…” que o vinho é pisado no
grande lagar da ira de Deus. Apocalipse
14:18. Então o sangue corre até formar uma inundação que chega aos freios dos
cavalos. A conclusão significativa é que é da vinha da Terra que esta colheita de destruição e desolação corre. A
necessidade de identificar especificamente que vinha está envolvida indica que
tem que haver pelo menos outra vinha além desta.
De facto há. É a vinha que simboliza
Cristo e acerca da qual Ele instruiu os Seus discípulos no caminho da última
ceia para o Getsêmane quando disse:
“Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai
é o lavrador.
“Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a
tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
“Vós já estais limpos, pela palavra que
vos tenho falado.
“Estai em Mim, e Eu em vós; como a vara
de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se
não estiverdes em Mim.
“Eu sou a videira, vós as varas; quem
está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer.
“Se alguém não estiver em Mim, será
lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
“Se vós estiverdes em Mim, e as Minhas
palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
“Nisto é glorificado Meu Pai, que deis
muito fruto; e assim sereis Meus discípulos.” João 15:1-8.
Esta é a verdadeira vinha que não é da
Terra, mas aquela que desceu do Céu.
“Nos montes da Palestina plantou nosso
Pai celestial esta boa Videira, e Ele próprio era o Lavrador. Muitos foram
atraídos pela beleza dessa Videira, reconhecendo-Lhe a origem celeste.” O Desejado de Todas as Nações, 675.
Há uma grande necessidade de uma
apreciação mais clara e mais forte a respeito da diferença entre a vinha da
Terra e a verdadeira Vinha que desceu do Céu. A verdadeira Vinha representa a
forma de vida em que a pessoa é de facto ligada com a Fonte da vida, Jesus
Cristo. Como um ramo não pode viver separado da videira, assim qualquer pessoa
não pode sobreviver e operar eternamente a menos que esteja ligada em íntima e
viva ligação com Cristo o Dador da vida. Sem esta ligação, embora uma pessoa
possa sentir-se segura que está viva e bem, a realidade é que está viva num
tempo de prova. Quando esse tempo se acabar e for verificado que ela recusou
estabelecer uma viva ligação com a Vinha, perecerá eternamente. Assim, a
ligação com Cristo, a Videira viva, é o caminho da vida eterna, mas, ser parte
da vinha da Terra significa separação d’Ele e a certeza da morte eterna.
Infelizmente as verdadeiras diferenças
entre estas duas alternativas não será vista até ao fim no tempo em que tanto o
bem como o mal tenham desenvolvido totalmente o resultado dos seus princípios. Então,
quando for para sempre demasiado tarde para beneficiarem de uma ligação viva
com a Videira, os ímpios verão que a sua união com a vinha da Terra os separou
de qualquer esperança de vida eternamente. Então haverá um tal desapontamento e
ira que a caneta não pode descrever. Emocionalmente abatidos com uma intensa
angústia de alma e pesar que não podem ser experimentados ou conhecido nesta
altura, desejarão ter feito a escolha correcta enquanto ainda havia tempo para
o fazer.
Se fosse possível, pareceria melhor se o
procedimento pudesse ser revertido, isto é, se os homens pudessem primeiramente
experimentar as consequências dos seus pecados antes de os cometerem por um
lado e por outro provarem a bênção do Céu antes de poderem escolher a vida em
justiça. Isto, evidentemente, é impossível excepto quando aprendem através das
consequências que outros têm sofrido por causa dos seus pecados. Não há melhor
fonte para encontrar isto do que as Escrituras nas quais os pecados cometidos
por homens, bons e maus, e os consequentes sofrimentos que caíram em particular
sobre os que não se arrependeram, são tão vivamente ilustrados que, se
correctamente entendidos, surpreenderão as mentes com a verdadeira compreensão
daquilo que o pecado é e com o que isso custará. Nenhuma mera leitura da palavra
de Deus será suficiente para revelar estas simples e terríveis verdades, mas,
um profundo, prolongado e intenso estudo sob a instrução e inspiração do
Espírito Santo, abrirá perante a mente horrorizada a suficiente compreensão
quanto ao horrendo carácter da retribuição do pecado que leva o estudante
profundamente preocupado a odiar e fugir da iniquidade, enquanto, cativado pela
beleza e poder da justiça de Cristo, procurará uma duradoura ligação com a
verdadeira Videira.
Para tornar as coisas ainda mais
difíceis, o inimigo das almas deliberadamente determinou fazer parecer que o
caminho da morte é o caminho da vida, ao passo que o caminho de Deus apenas
oferece derrota, vergonha, rejeição, e, no final, a sepultura. Assim, milhões
são induzidos a escolher o pecado em vez da justiça e morte em vez da vida.
Não há desculpa para fazer isto, uma vez
que o Altíssimo tem dado ampla evidência para a escolha correcta. Em primeiro
lugar, o Senhor tem demonstrado ser um Deus de verdade que pode com exactidão
predizer qual será o resultado futuro do mal. Portanto, quando Ele descreve as
cenas finais em que os homens gemerão em agonia mental por causa daquilo que já
perderam e ainda enfrentam, Ele tem sempre o direito de ser crido. Sobre os que
hoje estudam e atendem as advertências, repousará um receio mortal de tomar uma
decisão incorrecta que os carregará com um desejo intenso de tomar a decisão
correcta.
Uma das muitas ilustrações divinamente
inspiradas predizendo a natureza horrenda do resultado final da iniquidade
humana, é o lançamento dos cachos da vinha da Terra no grande lagar da ira de
Deus. A pisadura dessas uvas é o modo de Deus descrever o resultado completo e
final do mal que se tem desenvolvido desde que o pecado se estabeleceu na
Terra. Ele declara que todos os que são reunidos para a vinha da Terra estarão
envolvidos numa destruição da vida humana sem paralelo na história humana.
Contudo, deve ser recordado que a morte
em si dos ímpios não é a pior fase da sua punição. Isso proporcionar-lhes-á o
alívio para as suas agonias e na realidade desejá-la-ão. É aquilo que são
forçados a suportar precisamente antes da sua destruição que constituirá a mais
horrível e terrível agonia jamais conhecida dos mortais, uma angústia mental
mais temível do que a dor física que estarão a sofrer que dificilmente estarão
conscientes dela. Então, tal como a mente do rei Davi foi desperta para uma
compreensão da terrível culpa que pesava sobre ele por causa do seu pecado com
Batseba e o homicídio do marido dela que a revelação do resultado das suas
pecaminosas escolhas lançarão os ímpios nas inexprimíveis agonias da
consciência culpada.
Somente aqueles sobre quem a culpa
consumidora da alma tem sido lançada por causa dos pecados que cometeram, podem
ter qualquer conceito a respeito do que essa experiência se parecerá. Todavia,
não importa quão vividamente esses tenham experimentado o peso destruidor da
culpa, nunca podem conhecer por antecipação a total extensão do peso esmagador
da condenação que consumirá as forças da vida daqueles que nessa altura não
terão qualquer sangue expiador para os proteger da descontrolada fúria da sua
própria injustiça. Beberão em vez disso o vinho da ira de Deus, pisado da vinha
da Terra, totalmente desprovido de misericórdia. 25/11/2006
Não admira que “…cânticos do templo
naquele dia serão gemidos…” Amós 8:3.
“…Então, … todas as tribos da terra se lamentarão, … E haverá pranto e ranger
de dentes.” Mateus 24:30, 51.
As pessoas rangem os dentes apenas
quando experimentam o mais intenso desapontamento, frustração e ira. Isto é a
expressão da máxima tortura mental. Esta será a terrível sorte dos ímpios da
qual não obterão outra libertação que não o esquecimento da morte eterna.
Mas, embora os justos experimentem a
fome, a espera e a angústia de Jacó, não sofrerão como os ímpios sofrerão. A
certeza disto é dada no facto que o lagar da ira de Deus será pisado “… fora da
cidade ….” Apocalipse 14:20.
Para compreender a expressão “fora da
cidade”, é necessário determinar que cidade é. Em Apocalipse, há duas cidades que são proeminentes. Uma é Babilónia,
a outra é Jerusalém. A primeira é referida uma e outra vez como o centro da
apostasia e iniquidade, a base das operações rebeldes contra o reino de Deus, o
coito de todo o espírito imundo e iníquo e sujeita às sete últimas pragas.
Esta não é uma cidade literal localizada
num local geográfico fixo cruzando o grande rio Eufrates. Essa cidade foi
destruída para sempre na famosa noite em que Belsazar bebeu o vinho de
Babilónia nos vasos sagrados do santuário. Mas, embora a cidade visível fosse
reduzida às eternas ruínas, o sistema de religião que tinha guiado o poder
físico e militar que sustentava Babilónia e emergirá como a força religiosa
mais importante para fazer oposição a Deus e à verdade nestes últimos dias. De
facto, ela não só levará todas as igrejas e todas as nações na sua rebelião
final contra o Altíssimo, mas absorvê-los-á tão completamente que se tornarão
parte dela e a deixarão como o único poder religioso em oposição a Deus e Sua
verdade.
A cidade, Babilónia, é o sistema apóstata
da igreja mundial através de quem Satanás exercerá o seu derradeiro,
desesperado esforço para estabelecer a sua supremacia sobre Cristo e Seu amado
povo. Ela tem consigo muitas marcas identificadoras das quais a principal é a
sua determinação de exaltar a criatura acima do Criador, para procurar
construir o reino de Deus, à maneira do homem.
Não é fora desta cidade que os cachos da
vinha da Terra serão pisados no lagar da ira de Deus sem mistura. Pelo
contrário, na verdade é o oposto porque será inteiramente dentro dessa cidade
que os incríveis sofrimentos ilustrados no pisar do lagar serão experimentados.
Portanto, isto apenas pode significar
que será fora da outra cidade em Apocalipse
que o lagar será pisado. Essa outra cidade é Jerusalém; também chamada Sião. É
preciso cuidado na identificação desta cidade, porque há duas, a cidade literal
geograficamente localizada na Palestina e o corpo de pessoas com inclinação
espiritual que constitui a verdadeira igreja de Deus nesta Terra. A distinção é
claramente feita por Paulo:
“Mas a Jerusalém que é de cima é livre;
a qual é mãe de todos nós.” Gálatas
4:25, 26.
A segunda destas duas cidades é a cidade
fora da qual o lagar será pisado. A consistência da interpretação requer que
esta e não a outra Jerusalém terrestre seja a cidade. No caso de Babilónia, a
escolha está limitada a uma aplicação espiritual da profecia porque a cidade
localizada geograficamente já deixou de existir há muito; para nunca mais ser
reconstruída. Por conseguinte, a única Babilónia do Novo Testamento é o grande
sistema da igreja apostatada através da qual o diabo procura governar a Terra e
todos os que nela habitam.
Se a única interpretação admissível da
grande cidade Babilónia quando se refere a Apocalipse
é a espiritual, então esta é a única interpretação possível para a outra
cidade, Jerusalém. Isto é especificamente assim quando se compreende que nos
últimos dias, a Jerusalém literal está cheia do espírito e obras de Babilónia,
como está a própria mãe das prostitutas.
O oposto, contrapartida natural da
mística cidade das abominações, é a verdadeira igreja de Deus nos dias do sexto
anjo que terá sido tão provada e purificada que não terá qualquer ruga ou
mácula. 2/12/2006
Esta é a cidade fora da qual o vinho
será pisado até o sangue chegar ao nível dos freios dos cavalos. O testemunho
que o vinho será pisado fora da
cidade é a preciosa certeza de Deus que as terríveis pragas e sofrimentos que
destruirão os ímpios não tocarão no povo de Deus. Não entre eles, mas completamente
fora deles como verdadeira cidade, a igreja viva, o grupo cheio de justiça, será
experimentada esta descida de trevas e sofrimento.
Então será cumprida a maravilhosa
promessa escrita em Salmos 91, o
Salmo foi escrito especificamente para o tempo de angústia. “Aquele que habita
no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. ‘Direi do
Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.’
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te
cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade
será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que
voa de dia, Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao
meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a
ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus
anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro
alto, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei;
estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Fartá-lo-ei
com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.” Salmo 91:1-16.
A promessa escrita neste Salmo confirma
a verdade que o lagar será “… pisado fora da cidade….” Notai algumas das
expressões que tornam este facto verdadeiramente claro:
“Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua
direita, mas não chegará a ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás
a recompensa dos ímpios…. nem praga alguma chegará à tua tenda.”
Nenhum destes horrores chegará próximo
dos justos, que são a igreja de Deus, a santa cidade, a Jerusalém de cima, que
é livre, a mãe de todos nós. A tempestade rugirá à volta deles, os ímpios
perecerão por todo o lado, os terrores da morte e das trevas marcharão pela
Terra, mas não tocarão o povo de Deus. Somente com os seus olhos verão a sorte
dos ímpios.
Isto não significa que será um tempo
fácil para eles. Não terão alegria nem satisfação por estes terríveis
sofrimentos pelos quais os seus inimigos estarão a passar. Pelo contrário,
olharão com indescritível tristeza e compaixão a sorte daqueles que podiam ter
gozado a vida eterna juntamente com eles. Se houvesse qualquer coisa que
pudessem fazer para evitar os desastres e a destruição, tê-lo-iam feito, desde
que pudessem obter permissão de Deus para interferir. Isto não acontecerá,
porque, por esta altura, o anjo da misericórdia ter-se-á retirado para sempre.
Ao mesmo tempo as forças da destruição
parecem ameaçar também os justos de morte. Toda a Terra será transformada em
pedaços por aquele poderoso terramoto final, a saraiva estará a pulverizar os
edifícios, florestas, pessoas, animais e tudo o resto na face do globo,
enquanto a onda inundadora de todas as ondas estará a varrer a Terra e a
devorar tudo no seu caminho. Será impossível os justos vivos resistirem no meio
de tudo isso e não se sentirem ameaçados. É então que a fé viva deve repousar
na certeza que o lagar será pisado completamente fora da cidade e que nenhuma
praga chegará perto do lugar onde habitam.
O facto que será um tempo terrível para
os justos é revelado pelas palavras: “E o lagar foi pisado fora da cidade, e
saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e
seiscentos estádios.” Apocalipse
14:20.
Aqui está uma aterradora imagem
ameaçadora de morte. Quando os cavalos estão mergulhados tão fundo num mar de
sangue que chega aos seus freios, não há margem significativa de sobrevivência.
Se a inundação aumentasse um pouco mais de profundidade e o suprimento de ar fosse
cortado quando as narinas submergissem. A morte seria o rápido resultado.
Nem eles são ilustrados como se
estivessem meramente no sangue, mas mostrados com mil e seiscentos estádios
para atravessar. Isso são duzentas milhas ou trezentos e vinte quilómetros. Que
luta teria cada animal para forçar a sua caminhada através do espesso sangue,
as suas cabeças seriam mantidas no alto apenas para romper a superfície e nunca
saberem se os pés mergulhariam num buraco mais fundo que sepultaria as suas
cabeças onde não houvesse ar e vida. Fazer essa viagem através de água
lamacenta já seria suficientemente mau, mas fazê-la através de um mar de sangue
seria muito mais horrível e detestável. Alguém cuja imaginação pudesse
visualizar esta cena e situação, recuaria com horror perante a perspectiva. Contudo,
esta é uma ilustração gráfica muito simbólica das lutas e agonias pelas quais
os santos de Deus serão forçados a viajar durante as fases finais da angústia
de Jacó.
É necessária uma compreensão dos
símbolos usados no versículo antes que a interpretação seja correctamente
desenvolvida. Os símbolos principais são cavalos e sangue. Para determinar a
explicação apropriada destes, a Bíblia deve ser usada como a sua própria
intérprete.
Esta não é a única referência em Apocalipse a cavalos em ligação com a
sagrada obra de Deus. Em primeiro lugar, há quatro que aparecem em Apocalipse 6:1-8 e depois há os que se
encontram no capítulo 9:7 e 19:11-21.
Os quatro cavalos em Apocalipse 6, são branco, vermelho,
preto e amarelo. Estes cavalos e as suas cores são símbolos da declinante
pureza do povo de Deus na sua guerra com os poderes das trevas e ilustram a
progressiva apostasia e crescimento da ineficácia da igreja entre os dias dos
apóstolos e a Idade Média. O primeiro do branco mais puro revela a beleza do
amor e justiça que encheram a igreja durante os primeiros dias da sua história.
Mas, infelizmente isto não se manteve. O branco puro mudou para vermelho, o
símbolo do pecado, como está escrito: “os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como
o carmesim, se tornarão como a branca lã.” Isaías 1:18. Em
seguida o vermelho mudou para preto, as trevas que resultaram da presença do
pecado. Por fim, o cavalo amarelo enche a cena, um símbolo apropriado da
palidez da morte, representando a condição perigosa da igreja em resultado do
pecado desenvolvido.
Este não é o lugar para entrar num
estudo detalhado destes quatro cavalos e três cavaleiros. Tudo o que é
necessário é demonstrar que estes cavalos são de facto símbolos do estado
espiritual da igreja no tempo referido na profecia. Cavalos são símbolos certos
da igreja militante, em guerra com os inimigos dos Senhor. A cavalaria no
passado nos tempos bíblicos era o ataque mais rápido e mais poderoso que o
general podia usar no campo de batalha.
Os cavalos de Apocalipse 9, não são
símbolos de um povo puro e santo, mas dos terríveis destruidores que se
espalharam pela Terra como notável rapidez e poder. O elemento destruidor nesta
aplicação do símbolo é retratado por um segundo símbolo, a locusta, a criatura
mais devastadora e destruidora conhecida no oriente. Assim o cavalo é usado
para descrever o povo de Deus e os seus inimigos. É deixado ao dedicado,
estudante da profecia ensinado pelo Espírito determinar a partir do contexto
qual é a aplicação apropriada. O uso de um símbolo, neste caso cavalos, como
figura tanto das forças do bem como do mal, é bastante consistente com o
sistema de revelação encontrado no livro final da Bíblia. Do mesmo modo, uma
montanha é usada para simbolizar tanto o reino de Deus como o de Satanás. Assim
também acontece com a figura de uma mulher. Se pura e limpa, ela é o símbolo da
verdadeira igreja de Deus como em Apocalipse
12, mas se uma prostituta, então é uma representação da sinagoga de Satanás.
Os cavalos que nos devem interessar mais
são os que se encontram em Apocalipse
19, porque eles são vistos a cavalgar ao mesmo tempo que os de Apocalipse 14; isto é, durante o período
entre o fecho real da provação e a segunda vinda de Cristo. Estes dois
conjuntos de cavalos são de facto o mesmo. Os que seguem o Cordeiro no capítulo
19, estão apenas a seguir na sua vereda sangrenta quando lutam através dos mil
e seiscentos estádios de sangue pela altura dos seus freios no capítulo 14.
O cavaleiro líder em Apocalipse 19:11, não é outro senão o
Filho de Deus, pois, “…e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e
Verdadeiro; e julga e peleja com justiça.” Além do mais, “estava vestido de uma
veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus…. E
no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos
senhores.” Versículos 13, 16.
“E da sua boca saía uma aguda espada,
para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é
o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.” Versículo
15.
Este é o cavaleiro que é seguido pelos
“…exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e
puro….” Versículo 14.
Os exércitos que estão no Céu são de
facto os santos de Deus que por esta altura nunca tinham estado fisicamente no
Céu. Eles são o mesmo grupo de pessoas que são simbolizadas pelo quinto e sexto
anjos de Apocalipse 14:15, 17, dos
quais se diz para saírem do templo de Deus no Céu. Tal como foi explicado atrás
no capítulo três deste livro, eles estão o templo apenas no sentido espiritual.
Assim está estabelecido que os cavalos
simbolizam a pureza e o poder com que o povo que cavalga neles está dotado.
Embora não seja especificamente declarado os cavalos referidos em Apocalipse 14:20 levam cavaleiros, é
evidente que assim devem fazer pois com resolução e sucesso atravessam este mar
de sangue. Cavalos sem cavaleiros não entrariam num banho de sangue. Eles
precisam de cavaleiros para os guiar no caminho que devem seguir, especialmente
quando o caminho que está à sua frente é perigoso. Cavalos sem cavaleiros são
desorganizados e não têm direcção, como tal, não são um símbolo apropriado do
poder organizador que conduz a igreja à vitória. Portanto, cavalos, como
representação da condição da igreja, não podem ser separados dos seus cavaleiros.
Sem a pureza simbolizada pela brancura
dos cavalos e os poderes e rapidez representada pela velocidade e força destes
nobres animais, o último movimento nunca podia fazer a sua obra com sucesso. Satanás
sabe isto e procura privar os santos destes instrumentos. Se ele fosse bem
sucedido, então unicamente a morte seria a porção dos 144,000. O inimigo
chegará tão perto da vitória que pela grossura de um cabelo realmente falhará.
Isto é ilustrado pelo sangue que chega
aos próprios freios dos cavalos. Uma pessoa pode imaginar os cavalos levantando
as suas cabeças para cima a fim de as manter fora do sangue. Contudo, ele
chegará tão alto que não será deixada margem. Um pouco mais fundo e o sangue
cobriria as narinas e cortaria o suprimento de ar. A morte seguir-se-ia
rapidamente. Este triste resultado deixaria o cavaleiro privado da pureza,
rapidez e poder e sepultá-lo-ia na
profundidade do sangue. A morte seria o resultado certo.
Assim, o Senhor está a procurar
transmitir às nossas mentes uma figura de quão próximo os 144,000 chegarão do
fracasso eterno e por quão pouca margem a vitória será ganha.
Como já se viu, o sangue corre do lagar
em que é pisado o vinho da Terra, é uma representação gráfica da morte que
reina nesta altura como resultado inevitável da transgressão da sagrada lei de
Deus. A impiedade do homem completamente desenvolvida e a fúria da natureza,
ambas totalmente ilimitadas, combinar-se-ão para desenvolver uma colheita de
morte e destruição que anteriormente nunca tinha sido produzida. Será um tempo
de terrível tormento, indescritível agonia mental e tremendo sofrimento físico
para os ímpios.
O Senhor deseja que o Seu povo
compreenda que este será um tempo da mais severa prova para eles também. Ele
compreende que é impossível ao Seu povo, antes da experiência real, alcançar
mais do que um ténue começo de uma adequada compreensão daquilo que eles
deverão passar. É por esta razão que Ele usa cavalos forçando o seu caminho
através do mortal, viscoso, denso sangue durante uma terrível distância, para
lhes dar uma noção daquilo que têm de enfrentar nesta hora de teste e prova que
se aproxima. Será tão intenso quanto o mais bem preparado pode suportar e não
será apenas um momento.
Seja qual for o grau de compreensão
desta ilustração da luta final de vida ou morte, o crente entregar-se-á à
diligente obra de preparação necessária para sobreviver a esta agonia. Quando
chegar este tempo, quanto desejará cada um ter devotado mais tempo à oração e
exame das Escrituras enquanto teve oportunidade.
Não é de admirar como o Espírito de
Deus, no Seu conhecimento da batalha que se aproxima, tivesse dito através do
profeta João: “‘Escreve: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no
Senhor.”’ ‘Sim,’ diz o Espírito, ‘para que descansem dos seus trabalhos, e as
suas obras os seguem.’” Apocalipse
14:13.
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